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Prévia do material em texto

A	Arte	da	Guerra
Texto	traduzido	do	inglês	para	o	português.
Título	Original:	The	Art	of	War
©	2017	Ciranda	Cultural	Editora	e	Distribuidora	Ltda.
Diagramação	e	revisão:	Project	Nine	Editorial
Ebook:	Jarbas	C.	Cerino
Dados	Internacionais	de	Catalogação	na	Publicação	(CIP)	de	acordo	com	ISBD
T999a	Tzu,	Sun
A	arte	da	guerra	[recurso	eletrônico]	/	Sun	Tzu	;	traduzido	por	Pedro	Manoel
Soares.	-	Jandira,	SP	:	Principis,	2020.
160	p.	:	ePUB	;	4	MB.	-	(Literatura	clássica	mundial)
Tradução	de:	The	art	of	war
Inclui	índice.	ISBN:	978-65-5552-138-2	(Ebook)
1.	Ciência	militar.	2.	Estratégia.	I.	Soares,	Pedro	Manoel.	II.	Título.	III.	Série.
² ² -²⁵⁷ CDD	355	CDD	355
Elaborado	por	Odilio	Hilario	Moreira	Junior	-	CRB-8/9949
Índice	para	catálogo	sistemático:
1.	Ciência	militar	355
2.	Assuntos	militares	355
1a	edição	em	2020
www.cirandacultural.com.br
Todos	os	direitos	reservados.
Nenhuma	parte	desta	publicação	pode	ser	reproduzida,	arquivada	em	sistema	de
busca	ou	transmitida	por	qualquer	meio,	seja	ele	eletrônico,	fotocópia,	gravação
ou	outros,	sem	prévia	autorização	do	detentor	dos	direitos,	e	não	pode	circular
encadernada	ou	encapada	de	maneira	distinta	daquela	em	que	foi	publicada,	ou
sem	que	as	mesmas	condições	sejam	impostas	aos	compradores	subsequentes.
http://www.cirandacultural.com.br
I	-	Avaliações
Sun	Tzu	disse:
1	–	A	guerra	é	um	assunto	de	importância	vital	para	o	Estado;	o	reino	da	vida	ou
da	morte;	o	caminho	para	a	sobrevivência	ou	a	ruína.	Desse	modo,	é
indispensável	estudá-la	profundamente.
Li	Ch’üan:	As	armas	são	instrumentos	de	mau	agouro.	A	guerra	é	uma	questão
tão	séria	que	deve	haver	toda	a	precaução	para	que	os	homens	não	entrem	nela
sem	a	devida	reflexão.
2	–	Desse	modo,	aprecia-a	nos	termos	dos	cinco	fatores	fundamentais	e	faz	as
comparações	dos	sete	elementos	a	serem	mencionados	mais	adiante.	Assim
poderás	coligir	os	essenciais.
3	–	Desses	fatores,	o	primeiro	é	a	influência	moral;	o	segundo,	a	meteorologia;	o
terceiro,	o	terreno;	o	quarto,	o	comando;	e	o	quinto,	a	doutrina.
Chang	Yü:	O	ordenamento	sistemático	anterior	é	perfeitamente	claro.	Quando
se	concentram	tropas	para	punir	um	transgressor,	o	Conselho	do	Templo
aprecia,	em	primeiro	lugar,	a	capacidade	de	benevolência	do	governante	e	a
confiança	nele	depositada	pela	sua	gente;	em	segundo,	a	conveniência	das
estações	naturais	e,	finalmente,	as	dificuldades	topográficas.	Convenientemente
ponderados	esses	pontos,	nomeia	um	general	para	liderar	o	ataque.	A	partir	do
momento	em	que	as	tropas	tenham	atravessado	a	fronteira,	a	responsabilidade
legal	e	o	gênero	de	ordens	a	dar	são	transferidos	para	esse	general.
4	–	Por	influência	moral	quero	dizer	aquilo	que	provoca	a	harmonia	entre	o	povo
e	os	seus	dirigentes,	tornando-o	capaz	de	o	levar	a	segui-los,	sem	medo	dos
perigos	fatais,	para	a	vida	e	para	a	morte.
Chang	Yü:	Quando	alguém	lida	com	o	povo	com	benevolência	e	retidão	e	nele
confia,	os	exércitos	serão	unos	e	gratos	por	servirem	os	seus	chefes.	O	Livro	das
Mudanças	reza:	“Um	povo	feliz	vence	as	dificuldades,	olvidando	os	perigos
mortais”.
5	–	Por	meteorologia	quero	dizer	a	correlação	das	forças	naturais;	a	influência	do
frio	invernal	ou	do	calor	estival,	bem	como	a	condução	de	operações	militares	de
conformidade	com	as	sazões.
6	–	Por	terreno	quero	dizer	distâncias,	se	o	espaço	pode	ser	fácil	ou	dificilmente
vencido,	se	é	aberto	ou	estreito,	quais	as	suas	hipóteses	de	vida	ou	de	morte.
Mei	Yao-ch’en:	[...]	Quando	se	movimentam	tropas,	é	essencial	conhecer	de
antemão	as	condições	do	terreno.	Conhecendo-se	as	distâncias,	poder-se-ão
elaborar	planos	diretos	ou	indiretos	de	ataque.	Sabendo-se	o	grau	de
dificuldade	de	sua	travessia,	poder-se-á	optar	pelas	vantagens	do	emprego	da
infantaria	ou	pelas	da	cavalaria.	A	ciência	de	que	é	aberto	ou	estreito	permite	a
decisão	quanto	ao	tamanho	da	força	mais	apropriada.	A	compreensão	do	local
onde	a	batalha	vai	ser	travada	indicará	onde	se	devem	concentrar	ou	subdividir
as	forças.
7	–	Por	comando	quero	dizer	os	atributos	do	general	quanto	a	sabedoria,
sinceridade,	humanidade,	coragem	e	exigência.
Li	Ch’üan:	Essas	são	as	cinco	virtudes	do	general.	É	devido	a	elas	que	o
exército	o	conhece	por	“o	Responsável”.
Tu	Mu:	[...]	Se	for	sábio,	o	comandante	será	capaz	de	reconhecer	a	alteração
das	circunstâncias	e,	com	rapidez,	reagir	a	elas.	Se	for	sincero,	os	seus	homens
acreditarão	nas	suas	recompensas	e	nos	seus	castigos.	Se	for	humano,	amará	a
humanidade,	simpatizará	com	os	outros	e	saberá	apreciar-lhes	o	engenho	e	o
esforço.	Se	for	corajoso,	alcançará	a	vitória,	agarrando-se	às	oportunidades
sem	hesitação.	Se	for	exigente,	as	suas	tropas	serão	disciplinadas,	respeitando-o
e	temendo-lhe	as	punições.
She	Pao-hsu	afirmou:	“Se	um	general	não	for	corajoso,	será	incapaz	de	afastar
dúvidas	e	urdir	grandes	planos”.
8	–	Por	doutrina	quero	dizer	organização,	controle,	atribuição	correta	dos	postos
de	comando,	ordenação	das	vias	de	abastecimento	e	fornecimento	do	necessário
às	suas	tropas.
9	–	Não	há	general	que	não	tenha	ouvido	falar	desses	cinco	pontos.	Aqueles	que
os	dominam	são	vencedores;	aqueles	que	não	o	conseguem	são	vencidos.
10	–	Portanto,	ao	estabelecer-se	um	plano,	apreciem-se	os	seguintes	elementos,
sopesando-os	com	o	maior	dos	cuidados.
11	–	Se	me	disserem	qual	o	governante	que	possui	influência	moral,	qual	o	mais
hábil	dos	comandantes,	qual	dos	exércitos	retira	mais	vantagens	das	forças
naturais	e	do	terreno,	quais	os	regulamentos	e	as	instruções	que	melhor	são
executados,	quais	são	as	tropas	mais	robustas.
Chang	Yü:	Carros	resistentes,	cavalos	velozes,	soldados	valentes,	armas	afiadas
–	para	que,	quando	os	tambores	rufarem	ao	ataque,	se	sintam	felizes	e,	quando
os	gongos	mandarem	retirar,	sintam-se	enraivecidos.	Quem	assim	é,	é	forte.
12	–	Qual	tem	os	oficiais	e	soldados	mais	bem	preparados.
Tu	Mu:	[...]	E	por	esse	motivo	o	mestre	Wang	declararia:	“Se	os	oficiais	não
estiverem	rigorosamente	preparados,	preocupar-se-ão	e	hesitarão	no	campo	de
batalha;	se	os	generais	não	o	estiverem	também,	encolher-se-ão	interiormente
frente	ao	inimigo”.
13	–	Qual	concede	prêmios	e	castigos	de	maneira	iluminada.
Tu	Mu:	Nem	uns	nem	outros	deverão	ser	demasiados.
14	–	Saberei	prever	qual	dos	lados	será	o	vitorioso	e	qual	o	derrotado.
15	–	Um	general	que	se	preocupe	em	empregar	a	minha	estratégia	vencerá!
Conservem-no!	Um	general	que	se	recuse	a	empregar	a	minha	estratégia	será,
com	certeza,	derrotado.	Demitam-no!
16	–	Uma	vez	consciente	das	vantagens	dos	meus	planos,	o	general	terá	de	criar
situações	que	conduzam	à	concretização	delas.	Por	situações	quero	dizer	que
deverá	atuar	com	rapidez	e	de	acordo	com	o	que	lhe	é	vantajoso	para	poder
controlar	os	resultados.
17	–	Todo	guerreiro	se	baseia	na	simulação.
18	–	Pelo	que	o	capaz	se	fingirá	incapaz,	e	o	ativo	aparentará	a	inatividade.
19	–	Quando	próximo,	simule-se	o	afastamento;	quando	afastado,	aparente-se
próximo.
20	–	Ofereçam-se	engodos	ao	inimigo	e,	simulando	a	desordem,	ataque-o.
Tu	Mu:	Li	Mu,	general	de	chão,	soltou	gado	acompanhado	pelos	seus	pastores
e,	logo	que	os	Hsing	Nu	avançaram	um	pouco,	simulou	uma	retirada,	deixando
atrás	de	si	alguns	milhares	de	homens,	como	que	os	abandonando.	Quando
essas	novas	chegaram	aos	ouvidos	do	clã,	este	se	mostrou	radiante	e,	à	frente	de
uma	enorme	força,	marchou	para	o	local.	Li	Mu,	que	dispusera	a	maioria	das
suas	tropas	à	direita	e	à	esquerda,	num	movimento	tenaz	esmagou	os	hunos,
matando	mais	de	cem	mil	dos	seus	cavaleiros.
21	–	Quando	se	concentra,	fazem-se	preparações	para	o	enfrentamento.	Evita-se
o	inimigo	onde	ele	se	mostrar	forte.
22	–	Enfureça-se	o	general	confundindo-o.
Li	Ch’üan:	Se	um	general	está	encolerizado,	a	sua	autoridade	pode	facilmente
ser	desfeita.	Não	dispõe	de	firmeza	de	caráter.
Chang	Yü:	Se	o	general	inimigo	é	teimoso	e	dado	a	fúrias,	deve	ser	insultado	e
enfurecido	para	que,	irritado	e	confuso	e	sem	planos,	ataque	sem	precauções.
23	–	Aparente	inferioridade	e	estimule	a	sua	arrogância.
Tu	Mu:	Cerca	do	fim	da	dinastia	Ch’in,	MoTun,	dos	Hsing	Nu,	consolidara	o
seu	poder.	Foi	então	que	os	Hu	Orientais,	que	eram	fortes,	enviaram-lhe
embaixadores	dizendo:	“Desejamos	que	nos	seja	oferecido	o	cavalo	de	mil	li,	de
Tou	Ma”.	Mo	Tun	escutou	os	seus	conselheiros,	que	unanimemente	exclamaram:
“O	cavalo	de	mil	li?	A	coisa	mais	preciosa	da	nossa	terra!	Não	o	deis!”	Mo	Tun
replicou:	“Por	que	regatear	um	cavalo	com	o	vizinho?”.	E	ofereceu-lhes	o
cavalo.
Pouco	depois,	os	Hu	Orientais	mandaram	novos	enviados,	dizendo:	“Desejamos
que	nos	seja	oferecida	uma	das	princesas	do	clã”.	Mo	Tun	pediu	a	opinião	dos
seus	ministros,	que,	irados,	declararam:	“Os	Hu	Orientais	são	injustos!	Agora	já
pedem	uma	princesa.	Imploramo-vos	que	os	ataqueis”.	Mo	Tun	ripostou:	“Como
poderemos	nós	regatear	uma	jovem	com	um	vizinho?”.	E	deixou	que	a	mulher
fosse.
Curto	espaço	decorreu,	e	já	os	Hu	Orientais	tornavam	dizendo:	“Há	um	milhar
de	li	de	terras	vossas	de	que	não	vos	servis.	Queremo-las”.
Mo	Tun	conversou	com	seus	aconselhadores.	Uns	achavam	razoável	ceder
àquele	trato,	outros	eram	contrários.	Mo	Tun	encolerizou-se	e	gritou	a	eles:
“Terras	são	a	base	do	Estado.	Como	é	que	podem	ser	dadas?”.
Fazendo	decapitar	todos	os	que	haviam	recusado	a	sua	oferta,	Mo	Tun	saltou
para	o	seu	cavalo,	bradando	que	quem	não	o	seguisse	perderia	também	a	cabeça,
e	atacou	de	surpresa	os	Hu	Orientais.	Estes,	que	o	tinham	em	baixa	conta,	não	se
haviam	preparado	e	foram	aniquilados.	Mo	Tun	virou	então	para	oeste	e	venceu
os	Yueh	Ti.	A	sul	anexou	Lou	Fan	e,	finalmente,	invadiu	Yen,	recuperando	desta
maneira	todas	as	terras	ancestrais	dos	Hsing	Nu	anteriormente	tomadas	pelo
general	Meng	T’ien,	dos	Ch’in.
Ch’en	Hao:	Deem-se	rapazinhos	e	mulheres	ao	inimigo	para	o	desvairar,	e	jades
e	sedas	para	excitar	as	suas	ambições.
24	–	Mantenham-no	sob	tensão	e	cansem-no.
Li	Ch’üan:	Quando	o	inimigo	descansa,	cansem-no.
Tu	Mu:	Perto	do	fim	do	Han	Final,	após	Ts’ao	Ts’ao	ter	derrotado	Liu	Pei,	este
fugiu	para	junto	dos	Yuan	Shao,	que	na	altura	deslocavam	as	suas	forças	ao
encontro	daquele.	T’ien	Fang,	um	dos	oficiais	do	Estado-maior	dos	Yuan	Shao,
avisou:	“Ts’ao	Ts’ao	é	hábil	na	movimentação	das	suas	tropas.	Não	devemos	ir
ao	seu	encontro	descuidadamente.	Nada	será	melhor	do	que	retardar	as	coisas	e
mantê-lo	a	distância.	O	meu	general	deveria,	se	o	entender,	estabelecer
fortificações	ao	longo	das	montanhas	e	dos	rios	e	conservar	as	quatro
prefeituras.	Fazer	no	exterior	alianças	poderosas	e	no	interior	prosseguir	com	a
política	agropecuária.	Mais	tarde,	selecionaria	elementos	de	sua	escolha	e
constituiria	unidades	de	primeira	categoria.	Aproveitando-se	dos	pontos	nos
quais	ele	menos	preparado	se	vier	a	mostrar,	far-se-ão	surpresas	constantes,
assolando-o	e	perturbando	as	áreas	ao	sul	do	rio.	Quando	vier	em	apoio	da
direita,	ataquemos-lhe	a	esquerda;	quando	socorrer	a	esquerda,	ataquemos-lhe
a	direita.	Esgotemo-lo	fazendo-o	constantemente	andar	de	um	lado	para	o
outro...	Se	recusardes	essa	estratégia	vitoriosa	e	optardes	por	tudo	arriscar
numa	só	batalha,	será	já	tarde	para	remorsos.”	Yuan	Shao	não	seguiu	essas
sugestões	e	foi	irremediavelmente	vencido.
25	–	Quando	o	inimigo	estiver	unido,	divida-o.
Chang	Yü:	Em	alguns	casos,	criai	a	dúvida	entre	o	soberano	e	os	seus	ministros;
noutros,	separai-o	dos	seus	aliados.	Fazei	que,	suspeitando	uns	dos	outros,	se
vão	afastando	e	possais	contra	eles	conspirar.
26	–	Atacai-o	onde	não	estiver	preparado.	Executai	as	vossas	investidas	somente
quando	não	vos	esperar.
Ho	Yen-hsi:	[...]	Li	Ching,	dos	T’ang,	apresentou	dez	planos	a	serem	utilizados
contra	Hsiao	Hsieh,	tendo-lhe	sido	confiado	o	comando	geral	de	todos	os
exércitos.	No	oitavo	mês,	agrupou	as	suas	forças	em	K’uei	Chou.
Sendo	a	estação	das	cheias	outonais,	com	as	águas	do	Iansequião	a	transbordar
das	margens,	e	as	estradas,	ao	longo	das	três	gargantas,	perigosas,	Hsiao	Hsieh
tinha	a	certeza	de	que	Li	Ching	não	avançaria	contra	si,	pelo	que	não	procedeu	a
qualquer	preparação.
No	nono	mês,	Li	Ching	assumiu	o	comando	das	suas	tropas	e	se	dirigiu	a	elas
assim:	“Nada	há	de	maior	importância	na	guerra	do	que	a	rapidez	fora	do
comum.	Estamos	concentrados	aqui	e	Hsiao	Hsieh	ainda	o	desconhece.
Aproveitando-nos	do	fato	de	o	rio	estar	cheio,	aparecemos	inesperadamente
junto	das	muralhas	da	sua	capital.	Tal	como	se	costuma	dizer,	‘quando	o	trovão
ribomba,	não	há	tempo	para	se	taparem	os	ouvidos’,	pelo	que,	mesmo	que	nos
venha	a	descobrir,	já	não	disporá	de	tempo	para	estudar	as	suas	defesas,	e	nós	o
venceremos”.
Prosseguiu	para	I	Ling,	e	Hsiao	Hsieh,	sentindo	os	primeiros	temores,	pediu
reforços	ao	sul	do	rio,	a	que,	todavia,	não	chegaram	a	tempo.	Li	Ching	assediou
a	cidade	e	Hsieh	teve	de	se	render.
“Atacai-o	onde	não	estiver	preparado”	corresponde	ao	que	sucedeu	quando,
quase	no	seu	fim,	a	dinastia	Wei	ordenou	aos	generais	Chung	Hui	e	Teng	Ai	que
atacassem	Shu...	No	inverno,	no	décimo	mês,	Ai	deixou	Yin	P’ing	e	marchou
mais	de	700	li	ao	longo	de	territórios	desabitados,	rompendo	caminho	através
das	montanhas	e	construindo	pontes	pênseis.	As	montanhas	eram	altas;	e	os
vales,	profundos,	tornando	toda	a	obra	muito	difícil	e	perigosa.	As	tropas,	quase
sem	mantimentos,	aproximavam-se	celeremente	da	exaustão.	Teng	Ai	envolvia-
se	em	tapetes	de	veludo	e	deixava-se	rolar	pelas	vertentes	abaixo,	e	os	generais	e
oficiais	subiam-nas	agarrando-se	aos	ramos	das	árvores.	Escalando	os
precipícios	como	fiadas	de	peixes,	o	exército	ia	avançando.
Teng	Ai	surgiu	primeiro	a	Chiang	Yu,	em	Shu,	e	Ma	Mou,	o	general	encarregado
da	sua	defesa,	rendeu-se.	Teng	Ai	decapitou	Chu-ki	Chan,	que	lhe	resistira	em
Mien-chu,	e	prosseguiu	sobre	Cheng	Tu.	O	rei	de	Shu,	Li	Shan,	submeteu-se-lhe.
27	–	São	estas	as	chaves	da	estratégia	para	a	vitória.	Não	tem	qualquer	discussão
possível.
Mei	Yao-ch’en:	Quando	confrontado	pelo	inimigo,	respondei-lhe	alterando	as
circunstâncias	e	servindo-se	de	expedientes.	Como	terão	estes	discussão
possível?
28	–	Se	as	avaliações	realizadas	no	Templo	antes	do	início	das	hostilidades
apontarem	para	a	vitória,	será	porque	os	cálculos	mostram	ser	a	força	própria
superior	à	do	inimigo;	se	apontarem	para	a	derrota,	será	porque	os	cálculos
mostram	ser	a	força	própria	inferior	à	do	inimigo.	Com	muitos	cálculos,	pode-se
vencer,	com	poucos,	não	o	é	possível,	e	quem	nenhum	fizer	terá	ainda	menos
probabilidades!	Com	isso	quero	dizer	que,	examinando-se	a	situação,	os
resultados	surgirão	com	clareza.
II	-	Guerreando
Sun	Tzu	disse:
1	–	De	um	modo	geral,	para	uma	operação	de	guerra,	são	necessários	mil	carros
rápidos,	de	quatro	cavalos;	mil	carroções	de	couro,	também	de	quatro	cavalos;	e
cem	mil	soldados	protegidos	com	cota	de	malha.
Tu	Mu:	[...]	Nas	antigas	batalhas	de	carros,	os	“carros	revestidos	de	couro”
dividiam-se	em	ligeiros	e	pesados.	Os	últimos	destinavam-se	a	carregar
alabardas,	armas	diversas,	equipamento	militar,	valores	e	fardamentos.	No	Ssü-
ma	Fa,	lê-se:	“Um	carro	transporta	três	oficiais	com	cota	de	malha	e	é
acompanhado	por	72	infantes.	Havia,	além	destes,	10	cozinheiros,	os	servos,	5
homens	para	cuidar	dos	uniformes,	5	criados	com	a	forragem	ao	seu	cargo	e
cinco	outros	encarregados	da	recolha	da	lenha	e	de	água.	Setenta	e	cinco
homens	para	cada	carro	ligeiro	e	25	para	cada	carro	de	bagagem,	ou,	juntando
os	dois,	uma	companhia	de	cem	homens.”
2	–	Quando	se	deslocam	provisões,	ao	longo	de	mil	li,	as	despesas	na	base	do
campo,	os	dispêndios	com	a	recepção	de	conselheiros	e	visitantes,	o	custo	de
materiais	como	cola	e	laca,	carros	e	armaduras,	totalizarão	mil	peças	de	ouro	por
dia.	Dispondo-se	desta	importância,	poder-se-á	formar	um	exército.
Li	Ch’üan:	Quando	o	exército	vai	para	fora,	o	erário	esvazia-se.
Tu	Mu:	Existia	no	exército	o	costume	ritual	das	visitas	de	cortesia	por	parte	dos
vassalos	nobres.	É	essa	a	razão	por	que	Sun	Tzu	cita:	“conselheiros	visitantes”.
3	–	A	vitória	é	o	principal	propósito	na	guerra.	Se	tardar	a	ser	alcançada,	as
armas	embotar-se-ão,	e	o	moral	diminuirá.	As	tropas,	ao	terem	de	atacar	as
cidades,	mostrar-se-ão	exaustas.
4	–	Quando	um	exército	travacampanhas	demoradas,	os	fundos	estatais	nunca
são	suficientes.
Chang	Yü:	[...]	A	campanha	do	imperador	Wu,	dos	Han;	arrastou-se	sem
quaisquer	resultados,	até	que	o	Tesouro,	vazio,	o	levou	a	uma	triste
proclamação.
5	–	Quando	as	vossas	armas	já	estão	embotadas,	o	vosso	ardor	esmorecido;	e	o
Tesouro	gasto,	os	governantes	vizinhos	aproveitar-se-ão	das	vossas	dificuldades
para	agir.	E,	mesmo	que	os	vossos	conselheiros	sejam	bons,	nenhum	deles
conseguirá	estabelecer	planos	acertados	para	o	futuro.
6	–	É	este	o	motivo	por	que	todos	já	ouvimos	falar	de	imprudente	rapidez	em
guerras,	mas	ainda	estamos	para	ver	uma	operação	inteligente	levada	a	cabo	com
delonga.
Tu	Yu:	A	um	ataque	pode	faltar	imaginação,	mas	haveis	sempre	que	executá-lo
com	rapidez	sobrenatural.
7	–	Isso	porque	nunca	houve	uma	guerra	prolongada	com	a	qual	qualquer	país
tenha	se	beneficiado.
Li	Ch’üan:	Os	Anais	da	Primavera	e	do	Outono	contam:	“A	guerra	é	igual	ao
fogo.	Aqueles	que	não	mais	querem	depor	as	armas	acabarão	por	elas
consumidos”.
8	–	Assim,	quem	for	incapaz	de	entender	os	perigos	inerentes	ao	emprego	de
tropas	será	igualmente	incapaz	de	entender	as	formas	de	as	empregar
vantajosamente.
9	–	Aqueles	que	entendem	de	guerra	não	necessitam	de	segunda	mobilização,
nem	de	mais	do	que	um	aprovisionamento.
10	–	Levam	o	seu	equipamento	ao	saírem	e	contam	com	os	abastecimentos	do
inimigo.	Assim,	o	exército	não	terá	falta	de	alimentos.
11	–	Quando	uma	região	se	encontra	empobrecida	por	operações	militares,	há
necessidade	de	transportes	a	grandes	distâncias,	e	o	de	mantimentos	através	de
grandes	distâncias	torna	o	povo	carente.
Chang	Yü:	[...]	Se	um	exército	é	abastecido	com	cereais	ao	longo	de	uma
distância	de	um	milhar	de	li,	os	soldados	ficarão	com	ar	de	famintos.
12	–	Onde	o	exército	estiver,	os	preços	serão	altos.	Quando	os	preços	sobem,	a
riqueza	do	povo	esvai-se.	E,	quando	a	riqueza	se	escoa,	os	camponeses	são
sobrecarregados	com	extorsões	permanentes.
Chia	Lin:	[...]	Quando	se	verificam	concentrações	de	tropas,	os	preços	de	todos
os	artigos	sobem,	já	que	todos	cobiçam	os	lucros	anormais	que	se	podem
conseguir.
13	–	Com	as	forças	esvaídas	e	os	haveres	extintos,	as	aldeias	das	planícies
centrais	cairão	na	miséria,	e	sete	décimos	da	sua	riqueza	dissipar-se-ão.
Li	Ch’üan:	Se	a	guerra	sem	cessar	se	arrastar,	os	homens	e	as	mulheres
ressentir-se-ão	por	não	poderem	se	casar	e	perturbar-se-ão	com	os	esforços	de
carregamentos	contínuos.
14	–	Quanto	a	gastos	estatais,	somente	os	correspondentes	a	carros	destruídos,
cavalos	esgotados,	armaduras	e	elmos,	flechas	e	bestas,	lanças,	escudos,
manápulas,	rebanhos	e	carroções	de	suprimentos	representarão	60%	do	total.
15	–	Por	tal	razão,	o	general	sábio	faz	que	as	suas	tropas	vivam	à	custa	do
inimigo,	já	que	um	alqueire	dos	mantimentos	deste	corresponde	a	20	dos	seus,	e
um	quintal	de	forragem	a	dois	dos	seus.
Chang	Yü:	[...]	Durante	o	transporte,	ao	longo	de	mil	li,	20	alqueires	têm	de	ser
gastos	para	se	poder	entregar	apenas	às	tropas.	[...]	Se	se	deparar	com	terreno
difícil	no	percurso,	a	proporção	aumentará.
16	–	O	motivo	por	que	as	tropas	abatem	o	inimigo	está	no	fato	de	se	sentirem
enraivecidas.
Ho	Yen-hsi:	Quando	o	exército	de	Yen	cercou	Chi	Mo,	no	Ch’i,	foram	cortados
os	narizes	de	todos	os	prisioneiros.	A	gente	de	Ch’i,	enraivecida,	passou	a
oferecer	uma	resistência	desesperada.	T’ien	Tan,	servindo-se	de	um	agente
secreto,	mandou	informar	os	sitiantes	deste	modo:	“Tememos	que	vós,	os	de	Yen,
exumeis	os	vossos	antepassados	das	suas	campas,	o	que	petrificaria	os	nossos
corações”.
Os	soldados	de	Yen	imediatamente	começaram	a	violar	os	túmulos	e	a	queimar
os	cadáveres.	Os	defensores	de	Chi	Mo,	das	muralhas,	presenciaram-no	e,	com
lágrimas	nos	olhos,	evidenciaram	desejo	de	executar	um	ataque	maciço,	pois	a
raiva	tornara	as	suas	forças	dez	vezes	superiores.	T’ien	Tan	percebeu	estarem	as
suas	tropas	no	estado	conveniente	e,	aproveitando-o,	infligiu	uma	tremenda
derrota	a	Yen.
17	–	Tomam	espólio	ao	inimigo	porque	ambicionam	a	riqueza.
Tu	Mu:	[...]	No	período	Han	Final,	Tu	Hsiang,	prefeito	de	Chin	Chou,	atacou	os
revoltosos	de	Kuei	Chou,	entre	os	quais	Pu	Yang,	P’an	Hung	e	outros.	Entrou	em
Nan	Hai,	destruiu	três	dos	acampamentos	e	apoderou-se	de	muitos	tesouros.
Contudo,	P’an	Hung	e	os	seus	seguidores	prosseguiram	numerosos	e	fortes,
enquanto	as	tropas	de	Tu	Hsiang,	arrogantes	e	cheias	de	riquezas,	já	não	tinham
o	mínimo	desejo	de	combater.
Hsiang	disse	então:	“Pu	Yang	e	P’an	Hung	revoltaram-se	há	dez	anos.	Ambos
sabem	muito,	quer	de	ataque,	quer	de	defesa.	O	que	deveríamos	fazer,	nesta
altura,	seria	congregar	as	forças	de	todas	as	prefeituras	e	atacá-los.	Para	já,
porém,	vamos,	antes,	mandá-las	caçar”.	E	as	tropas,	oficiais	e	praças	lá	partiram
para	uma	grande	caçada.
Logo	que	partiram,	Tu	Hsiang,	em	segredo,	ordenou	que	os	quartéis	fossem
queimados	e	destruídos	todos	os	tesouros	lá	acumulados.	Quando	os	caçadores
voltaram,	não	houve	nenhum	que	não	chorasse.
Tu	Hsiang	disse-lhes:	“A	riqueza	e	os	bens	de	Pu	Yang	e	dos	seus	são	o	bastante
para	tornar	ricas	várias	gerações.	Vós,	senhores,	não	haveis	feito	o	vosso	melhor.
O	que	perdestes	não	passa	de	uma	parcela	daquilo	que	eles	têm.	Por	que	vos
haveis	de	se	preocupar?”.
Ao	ouvirem	essas	palavras,	os	soldados	ficaram	enraivecidos	e	desejosos	de
combater.	Tu	Hsiang	mandou	que	os	cavalos	fossem	alimentados	e	ordenou	que
as	tropas	comessem	na	cama.	De	manhã	cedo,	avançou	contra	o	acampamento
adversário.	Yang	e	Hung	não	tinham	feito	preparativos,	e	as	forças	de	Tu	Hsiang,
num	assalto	impetuoso,	destruíram-nos.
Chang	Yü:	[...]	Durante	esta	dinastia	imperial,	quando	o	Eminente	Fundador
ordenou	aos	seus	generais	que	atacassem	Shu,	recomendou-lhes:	“Em	todas	as
cidades	e	prefeituras	que	conquistardes,	devereis,	em	meu	nome,	esvaziar	as
tesourarias	e	os	armazéns	públicos	e	obsequiar	os	soldados	e	oficiais.	O	Estado
apenas	pretende	terra”.
18	–	Em	consequência,	quando	num	combate	de	carros	mais	de	dez	forem
capturados,	presenteiem-se	aqueles	que	capturaram	o	primeiro.	Substituam-se	as
bandeiras	e	os	galhardetes	pelos	nossos,	acrescentem-se	aos	nossos	e	utilizem-se.
19	–	Tratai	e	cuidai	bem	dos	prisioneiros.
Chang	Yü:	Todos	os	soldados	cativos	devem	ser	tratados	com	magnanimidade	e
sinceridade,	para	que	possam	vir	a	servir-nos.
20	–	Chama-se	a	isso	“vencer	uma	batalha	e	tornar-se	mais	poderoso”.
21	–	Resumindo:	o	essencial	na	guerra	é	a	vitória,	e	nunca	as	prolongadas
operações.	Como	consequência,	o	general	que	compreende	a	guerra	é	o	ministro
da	sorte	do	povo	e	árbitro	do	setino	da	nação.
Ho	Yen-hsi:	As	dificuldades	com	a	nomeação	de	um	comandante	são	hoje	iguais
às	dos	tempos	antigos.
III	-	Estratégia	Ofensiva
Sun	Tzu	disse:
1	–	Na	guerra,	de	modo	geral,	a	melhor	política	é	tomar	um	Estado	intacto.
Arruinando-o,	diminui-se-lhe	o	valor.
Li	Ch’üan:	Não	premieis	a	matança.
2	–	É	preferível	capturar	o	exército	inimigo	do	que	destruí-lo.	Aprisionar
intactos	o	batalhão,	uma	companhia	ou	uma	quinta	é	bem	melhor	do	que	destruí-
los.
3	–	Porque	obter	uma	centena	de	vitórias	numa	centena	de	batalhas	não	é	o
cúmulo	da	habilidade.	Dominar	o	inimigo	sem	o	combater,	isso,	sim,	é	o	cúmulo
da	habilidade.
4	–	Portanto,	na	guerra,	é	de	suprema	importância	atacar	a	estratégia	do	inimigo.
Tu	Mu:	[...]	O	grão-duque	disse:	“Aquele	que	se	revela	superior	na	resolução	de
dificuldades	o	faz	antes	de	elas	surgirem.	Aquele	que	se	revela	superior	no
vencer	os	inimigos	triunfa	antes	de	as	ameaças	começarem.”
Li	Ch’üan:	Ataquem-se	os	planos	à	nascença.	Durante	o	Han	Final,	K’ou	Hsün
cercou	Kao	Chun.	Chun	enviou	Huang-fu	Wen,	o	seu	oficial	parlamentar	de
planos.	Huang-fu	Wen	era	teimoso	e	grosseiro,	pelo	que	K’ou	Hsün	o	decapitou,
mandando	comunicar	a	Kao	Chun:	“O	vosso	oficial	de	Estado-maior	era	pouco
delicado.	Decapitei-o.	Se	vos	quereis	render,	fazei-o	desde	já.	Caso	contrário,
defendei-vos.”	Nesse	mesmo	dia,	Chun	abriu	suas	fortificações	e	submeteu-se.
Todos	os	generais	de	K’ou	Hsün	exclamaram:	“Que	nos	seja	permitido
perguntar:haveis	morto	o	seu	enviado	e	mesmo	assim	forçaste-o	a	entregar	a
cidade.	Como	foi	possível?”.
K’ou	Hsün	explicou-lhes:	“Huang-fu	Wen	era	o	coração	e	as	vísceras	de	Kao
Chun.	Era	o	mais	próximo	conselheiro.	Se	eu	o	tivesse	poupado,	ele	teria
concretizado	os	seus	esquemas,	mas,	matando-o,	arranquei	as	tripas	de	Kao
Chun.	Como	se	diz:	‘O	auge	da	excelência	está	em	atacar	os	planos	do
inimigo’.”
Todos	os	generais	bradaram:	“Tal	fica	para	além	da	nossa	compreensão”.
5	–	O	melhor,	a	seguir,	é	desfazer-lhe	as	alianças.
Tu	Yu:	Não	permitais	que	os	vossos	inimigos	se	juntem.
Wang	Hsi:	[...]	Apreciai	as	suas	alianças	e	provocai	o	seu	rompimento	e	sua
dissolução.	Se	um	inimigo	tem	aliados,	o	problema	é	grave,	e	a	sua	posição	é
forte:	se	não	tem	aliados,	o	problema	é	menor,	e	a	sua	posição	é	fraca.
6	–	Logo	depois,	o	melhor	é	atacar-lhe	as	forças	armadas.
Chia	Lin:	[...]	O	grão-duque	disse:	“Aquele	que	tenta	a	vitória	com	espadas
desembainhadas	não	é	um	bom	general”.
Wang	Hsi:	As	batalhas	são	coisas	perigosas.
Chang	Yü:	Quando	não	se	lhe	puder	travar	os	planos	no	começo	e	desfazer-lhe
as	alianças	no	momento	em	que	estiverem	para	ser	consumadas,	então	preparai
as	armas	para	se	alcançar	a	vitória.
7	–	A	pior	das	alternativas	consiste	em	atacar	cidades.
8	–	A	construção	de	carros	couraçados	requer	três	meses,	pelo	menos,	e	a	de
rampas	de	terra	encostadas	às	muralhas	mais	outros	três.
9	–	Se	um	general	for	impaciente	e	ordenar	às	suas	tropas	que,	como	formigas,
trepem	pelas	muralhas,	perderá	um	terço	delas	e	não	tomará	a	cidade.	Tais
ataques	são	sempre	calamitosos.
Tu	Mu:	[...]	No	Wei	Final,	o	imperador	T’ai	Wu	conduziu	cem	mil	soldados
contra	o	general	Tsang	Chih,	de	Sung,	em	Yu	T’ai.	Primeiro,	o	imperador	pediu
um	pouco	de	vinho	a	Tsang	Chih.	Este	mandou	encher	um	jarro	de	urina	e
enviou-lhe.	T’ai	Wu,	transtornado	pela	ira,	atacou	imediatamente	a	cidade,
ordenando	à	sua	gente	que	escalasse	as	muralhas	e	iniciasse	o	corpo	a	corpo.
Os	mortos	foram-se	empilhando	na	base	dos	muros	e,	ao	fim	de	um	mês,	ele	já
perdera	mais	da	metade	dos	seus	soldados.
10	–	Assim,	os	habilidosos	na	arte	de	guerrear	dominam	o	exército	inimigo	sem
lhe	dar	batalha.	Conquistam-lhe	as	cidades	sem	ter	de	as	assaltar,	derrubam-lhe	o
Estado	sem	operações	prolongadas.
Li	Ch’üan:	Vencem	pela	estratégia.	No	Han	Final,	Tsang	Kung,	marquês	de
Tsan,	cercou	os	rebeldes	“Yao”	em	Yüan	Wu,	mas	os	meses	foram	passando	sem
que	conseguisse	tomar-lhes	a	cidade.	Os	seus	oficiais	e	soldados	já	se
mostravam	doentes	e	cobertos	de	chagas.	Foi	então	que	o	rei	de	Tung	Hai	falou
com	Tsang	Kung	deste	modo:	“Concentrastes	tropas	e	cercastes	um	inimigo
decidido	a	lutar	até	a	morte.	Isso	não	é	estratégia	nenhuma!	Devereis	levantar	o
cerco,	fazendo-lhes	ver	que	se	lhes	abriu	uma	via	para	a	fuga.	Fugirão	e
dispersar-se-ão,	após	o	que	qualquer	polícia	de	aldeia	os	poderá	prender”.
Tsang	Kung	acatou	a	sugestão	e	tomou	Yüan	Wu.
11	–	O	intento	deverá	ser	o	tomar-se	Todo-sob-o-Céu,	mas	intacto.	As	tropas	não
se	esgotarão,	e	os	ganhos	serão	integrais.	É	esta	a	arte	da	estratégia	ofensiva.
12	–	Consequentemente,	a	arte	de	se	servir	das	tropas	é	assim:	quando	tiveres
dez	por	cada	um	do	inimigo,	cerca-o.
13	–	Quando	fores	cinco	vezes	maior	do	que	ele,	ataca-o.
Chang	Yü:	Se	a	minha	força	é	cinco	vezes	a	do	inimigo,	assusto-o	à	frente,
surpreendo-o	na	retaguarda,	faço	grande	tumulto	a	leste	e	golpeio	pelo	oeste.
14	–	Se	tens	o	dobro,	fá-lo	dividir-se.
Tu	Yu:	[...]	Se	uma	superioridade	de	dois	para	um	é	insuficiente	para	solucionar
a	situação,	utilizamos	um	grupo	de	diversão	para	lhe	dividir	as	forças.	Já	o
grão-duque	dizia:	“Quem	for	incapaz	de	levar	o	inimigo	a	dividir	as	suas	forças
será	incapaz	de	enfrentar	táticas	fora	do	vulgar”.
15	–	Se	as	forças	forem	iguais,	poderás	arremetê-lo.
Ho	Yen-hsi:	[...]	Nestas	circunstâncias,	vencerá	o	general	mais	competente.
16	–	Se	numericamente	és	o	mais	fraco,	procura	a	retirada.
Tu	Mu:	Se	tens	menos	tropas	do	que	ele,	evita	temporariamente	o	seu	assalto
inicial.	Há	probabilidades	de	mais	tarde	conseguires	atingi-lo	num	ponto	fraco.
Nesse	caso,	anima-te	e,	com	determinação,	busca	a	vitória.
Chang	Yü:	Se	o	inimigo	é	forte,	e	eu	sou	fraco,	retiro	temporariamente	e	não
ataco.	Isso	no	caso	de	as	qualidades	e	a	coragem	dos	generais	e	das	tropas
serem	as	mesmas.	Porém,	se	eu	estiver	organizado	e	o	inimigo	em	desordem,	se
eu	estiver	atento	e	o	inimigo	descuidado,	nesses	casos	poderei	dar-lhe	batalha.
17	–	Se	em	todos	os	aspectos	lhe	és	inferior,	trata	de	o	evitar,	pois	uma	pequena
força	não	passa	de	um	pouco	de	espólio	para	outra	mais	poderosa.
Chang	Yü:	[...]	Mêncio	disse:	“Os	pequenos	não	são,	evidentemente,	iguais	aos
grandes,	nem	os	fracos	podem	lutar	com	os	fortes,	nem	os	pouco	numerosos
contra	os	muito	numerosos”.
18	–	Acontece	que	o	general	é	o	protetor	do	Estado.	Se	a	sua	proteção	tudo
abarca,	o	Estado	é,	certamente,	forte;	se	é	defectiva,	o	Estado	é,	certamente,
fraco.
Chang	Yü:	[...]	O	grão-duque	disse:	“Um	soberano	rodeado	de	pessoas	certas
prospera.	Aquele	que	isso	não	conseguir	cairá	na	ruína”.
19	–	Há	três	formas	pelas	quais	um	governante	pode	levar	o	seu	exército	à
desgraça.
20	–	Quando,	ignorando	que	o	exército	não	deve	avançar,	o	manda	fazê-lo;	e
quando,	ignorando	que	o	exército	deve	se	retirar,	não	dá	ordem	para	que	o	faça.
Isso	pode	ser	descrito	como	o	“enredar	do	exército”.
Chia	Lin:	Os	avanços	e	as	retiradas	do	exército	podem	ser	controlados	pelo
general	de	acordo	com	as	circunstâncias	que	prevaleçam.	Nada	há	de	mais
nefasto	do	que	ordens	dadas	pelo	governante	a	partir	da	corte.
21	–	Quando,	ignorando	os	assuntos	militares,	participar	na	sua	execução,	essa
atitude	perturbará	os	oficiais.
Ts’ao	Ts’ao:	[...]	Um	exército	não	pode	ser	comandado	de	acordo	com	normas
de	etiqueta.
Tu	Mu:	No	que	concerne	a	costumes,	leis	e	decretos,	o	exército	dispõe	do	seu
código	próprio,	que,	normalmente,	acata.	Se	este	for	alterado	para	algo
semelhante	ao	que	se	segue	no	governo	de	um	Estado,	os	oficiais	desorientar-se-
ão.
Chang	Yü:	Benevolência	e	retidão	podem	ser	usadas	quando	do	governo	de	um
Estado,	mas	não	na	condução	de	um	exército.	O	recurso	a	expedientes	e	a
flexibilidade	são	usados	na	condução	de	um	exército,	mas	não	o	podem	ser	no
governo	de	um	Estado.
22	–	Quando,	ignorando	os	problemas	do	comando,	compartilhar	do	exercício	de
responsabilidades,	isso	criará	dúvidas	no	espírito	dos	oficiais.
Wang	Hsi:	[...]	Se	alguém	que	desconhece	questões	militares	é	mandado
participar	na	condução	de	um	exército,	em	todas	as	manobras	se	verificarão
desacordos	e	frustrações	de	modo	que	toda	aquela	força	será	desmembrada.	Foi
esse	o	motivo	pelo	qual	Pei	Tu,	em	memorando,	rogou	ao	trono	que	afastasse	o
supervisor	do	exército.	Só	então	conseguiu	pacificar	Ts’ao	Chou.
Chang	Yü:	Em	tempos	recentes,	têm	sido	utilizados	funcionários	da	corte	como
supervisores	do	exército,	e	é	precisamente	isso	que	está	errado.
23	–	Quando	o	exército	está	confuso	e	suspeitoso,	os	governantes	vizinhos
causam	problemas.	É	isto	o	que	implica	o	dito:	“Um	exército	confuso	conduz	o
adversário	à	vitória”.
Meng:	[...]	O	grão-duque	disse:	“Quem	estiver	confuso	quanto	aos	seus
propósitos	não	poderá	ripostar	ao	inimigo”.
Li	Ch’üan:	[...]	A	individualidade	errada	não	pode	ser	nomeada	para	o
comando...	Lin	Hsiang-ju,	primeiro-ministro	de	chão,	disse:	“Chao	Kua	é
apenas	capaz	de	ler	os	livros	de	seu	pai	e	ainda	incapaz	de	correlacionar
circunstâncias	em	mutação.	No	entanto,	vossa	majestade,	devido	ao	seu	nome,
nomeou-o	comandante-chefe.	Isso	corresponde	a	afinar	um	alaúde	depois	de	se
lhe	terem	colado	as	cravelhas”.
24	–	Existem	cinco	circunstâncias	que,	a	verificarem-se,	permitem	a	previsão	de
uma	vitória.
25	–	Aquele	que	sabe	quando	pode	combater	e	quando	não	pode	alcançar	a
vitória.
26	–	Aquele	que,	servindo-se	de	grandes	ou	pequenas	forças,	entende	como	se
tornar	vitorioso.
Tu	Yu:	Há	ocasiões,	na	guerra,	em	que	muitos	não	podem	atacar	poucos	e
outras	em	que	os	fracos	podem	dominar	os	fortes.	Quem	tais	circunstâncias
souber	manipularsairá	vitorioso.
27	–	Aquele	cujas	fileiras	estão	cerradas	num	só	propósito	será	vitorioso.
Tu	Yu:	Exatamente	por	isso,	Mêncio	disse:	“A	estação	do	ano	apropriada	é
menos	importante	do	que	as	vantagens	do	terreno,	e	estas	não	tão	importantes
como	relações	humanas	harmoniosas”.
28	–	Aquele	que	é	prudente	e	espera	por	um	inimigo	imprudente	será	vitorioso.
Ch’en	Hao:	Organiza	um	exército	invencível	e	aguarda	o	momento	de
vulnerabilidade	do	teu	inimigo.
Ho	Yen-hsi:	[...]	Um	cavaleiro	afirmou	uma	vez:	“Confiar	nos	incultos	e	não	se
preparar	é	o	maior	dos	crimes.	Preparar-se	de	antemão	para	todas	as
contingências	é	a	maior	das	virtudes”.
29	–	Aquele	cujos	generais	são	hábeis	e	possibilitados	de	atuar	sem
interferências	será	vitorioso.
Tu	Yu:	[...]	Por	isso	o	mestre	Wang	dizia:	“Fazer	as	nomeações	é	atributo	do
soberano;	as	decisões	às	batalhas	respeitantes	pertencem	ao	general”.
Wang	Hsi:	[...]	Um	soberano	de	caráter	e	inteligente	deve	saber	escolher	o
homem	certo,	confiar-lhe	as	responsabilidades	e	aguardar	resultados.
Ho	Yen-hsi:	[...]	Acontece	que,	durante	uma	guerra,	pode	haver	um	cento	de
alterações	para	cada	passo	que	se	dá.	Quando	alguém	vê	o	que	pode	fazer,
avança;	quando	vê	que	as	coisas	estão	difíceis,	recua.	Dizer-se	que	um	general
deveria	aguardar	as	ordens	do	seu	soberano,	nessas	circunstâncias,
corresponderia	a	exigir-se	que	alguém	corresse	a	informar	o	seu	superior	do	seu
desejo	de	extinguir	um	fogo	que	irrompeu.	Bem	antes	de	a	ordem	ter	sido
concedida,	já	tudo	seriam	cinzas	frias.	E	ainda	há	quem	afirme	ser	necessário
consultar-se	o	supervisor	do	exército	em	ocasiões	do	gênero!	Corresponde	a,	ao
construir-se	uma	casa,	ir	pedindo	opiniões	aos	passantes.	A	obra	jamais
findará!
Refrear	um	general	competente	e,	simultaneamente,	exigir-se-lhe	que	elimine
um	inimigo	sagaz	será	como	prender	o	Mastim	Negro	de	Han	e,	a	seguir,
ordenar-lhe	que	apanhe	lebres	ágeis.	Haverá	alguma	diferença?
30	–	É	nesses	cinco	pontos	que	o	caminho	para	a	vitória	se	encontra.
31	–	Direi,	pois:	“Conhece-te	a	ti	e	ao	teu	inimigo,	e	em	cem	batalhas	que	sejam,
nunca	correrás	perigo”.
32	–	“Quando	te	conheces,	mas	desconheces	o	teu	inimigo,	as	tuas	hipóteses	de
perder	ou	de	ganhar	são	iguais”.
33	–	“Se	te	desconheces	e	ao	teu	inimigo	também,	é	certo	que,	em	qualquer
batalha,	correrás	perigo”.
Li	Ch’üan:	Às	pessoas	assim	chamam-se-lhes	“bandidos	loucos”.	Que	mais
podem	esperar	senão	a	derrota?
IV	-	Disposições
Sun	Tzu	disse:
1	–	Desde	os	tempos	antigos,	os	guerreiros	capazes	sempre	se	tornaram
invencíveis	e	aguardaram	o	momento	de	vulnerabilidade	do	inimigo.
2	–	A	invencibilidade	depende	dos	próprios	guerreiros.	A	vulnerabilidade	do
inimigo	do	inimigo	depende.
3	–	Sucede	que	quem	é	hábil	no	guerrear	sabe	como	se	tornar	invencível,	mas
não	consegue,	com	certeza	absoluta,	tornar	o	inimigo	vulnerável.
Mei	Yao-ch’en:	O	que	depende	de	mim	posso	fazer;	o	que	depende	do	inimigo
não	está	nas	minhas	mãos.
4	–	Diz-se,	portanto,	que	há	quem	saiba	como	vencer,	mas	que	não	pode,
necessariamente,	cumpri-lo.
5	–	A	invencibilidade	está	na	defesa;	a	possibilidade	de	vitória	está	no	ataque.
6	–	Aquele	cuja	força	é	insuficiente	defende-se;	ataca	quando	a	sua	força	é
abundante.
7	–	Os	peritos	em	defesa	ocultam-se	como	se	as	nove	camadas	da	Terra	os
cobrissem.	Os	peritos	em	ataque	deslocam-se	como	se	caminhassem	sobre	as
nove	camadas	do	céu.	Quer	uns	quer	outros	conseguem	proteger-se	e	obter
vitórias	completas.
Tu	Yu:	Os	peritos	na	elaboração	de	defesas	entendem	ser	fundamental	o	contar-
se	com	o	poder	de	obstáculos	do	tipo	de	montanhas,	rios	e	sopés	dos	montes.
São	eles	que	tornam	impossível	ao	inimigo	saber	onde	atacar.	Escondem-se	o
mais	secretamente	possível,	como	que	sob	as	nove	camadas	da	Terra.
Os	que	são	peritos	no	ataque	entendem	ser	fundamental	ter	em	conta	as	estações
do	ano	e	as	vantagens	do	terreno.	Servem-se	das	inundações	e	do	fogo	de	acordo
com	a	situação.	Tornam	impossível	ao	inimigo	saber	onde	se	aprontar.	Desferem
os	ataques	como	os	relâmpagos	vindos	das	nove	camadas	dos	céus.
8	–	Prever	uma	vitória	que	um	homem	vulgar	possa	igualmente	prever	não
representa	o	máximo	da	habilidade.
Li	Ch’üan:	[...]	Quando	Han	Hsin	destruiu	o	Estado	de	Chao,	marchou	da
Ravina	do	Poço	ainda	antes	do	desjejum.	“Destruiremos	–	disse	–	o	exército	de
Chao	e	depois	nos	reuniremos	para	comer.”	Os	generais	sentiram-se
desanimados,	mas	fingiram	achar	bem.	Han	Hsin	dispôs	as	suas	tropas	com	o
rio	na	retaguarda.	Os	soldados	de	Chao,	dos	seus	parapeitos,	provocaram-no
com	grande	risota:	“O	general	de	Han	desconhece	como	se	devem	dispor	as
tropas!”.	No	entanto,	Han	Hsin	derrotou-os	e,	após	ter	comido,	fez	decapitar	o
Senhor	Ch’eng	An.
Este	é	um	exemplo	do	muito	que	muitos	não	compreendem.
9	–	Triunfar	em	batalhas	e	por	todos	ser	aclamado	como	“perito”	não	significa	o
máximo	da	habilidade,	já	que	erguer	um	pouco	de	penugem	de	outono	não
requer	grande	força,	distinguir	entre	sol	e	lua	não	pede	grande	visão,	e	escutar	o
ribombar	do	trovão	não	mostra	grande	audição.
Chang	Yü:	Por	penugem	de	outono,	Sun	Tzu	quer	referir-se	à	penugem	outonal
dos	coelhos,	que	é	muito	leve.
10	–	Antigamente,	era	usual	chamarem-se	“peritos”	àqueles	que	na	guerra
venciam	os	inimigos	facilmente	vencíveis.
11	–	Por	isso,	as	vitórias	conseguidas	por	um	mestre	da	guerra	não	lhe	trazem
nem	reputação	de	sapiência	nem	mérito	por	bravura.
Tu	Mu:	Uma	vitória	conseguida	antes	de	a	situação	se	ter	cristalizado	é	uma
daquelas	que	as	pessoas	vulgares	não	compreendem,	de	modo	que	o	seu
executor	não	ganha	qualquer	reputação	de	sagacidade.	Ainda	antes	de
ensanguentar	a	sua	espada,	já	o	Estado	inimigo	se	encontra	dominado.
Ho	Yen-hsi:	[...]	Quando	alguém	vence	o	inimigo	sem	o	combater,	quem	se
lembrará	de	lhe	chamar	de	valoroso?
12	–	Isso	porque	obtém	as	suas	vitórias	sem	errar.	“Sem	errar”	significa	que	tudo
que	faz	lhe	assegura	a	vitória;	domina	um	inimigo	já	dominado.
Ch’en	Hao:	Quando	se	planeja,	nenhuma	manobra	deverá	ser	inútil;	na
estratégia,	nenhum	passo	em	vão.
13	–	Logo,	o	comandante	habilidoso	toma	posições	onde	não	pode	ser	derrotado
e	não	perde	qualquer	ocasião	de	subjugar	o	inimigo.
14	–	Dessa	forma,	o	exército	vitorioso	consegue	as	suas	vitórias	sem	batalhas.
Um	exército	que	espera	vencer	combate	na	esperança	de	vencer.
Tu	Mu:	[...]	O	duque	Li	Ching,	de	Wei,	disse:	“Vejamos.	As	condições	que	se
requerem	de	um	general	são:	percepção	clara,	boa	harmonia	com	o	seu	patrono,
profunda	noção	de	estratégia,	conhecimento	de	planejamento	a	longo	prazo,
compreensão	de	meteorologia	e	capacidade	de	análise	dos	fatores	humanos.
Isso	porque	um	general	que	não	sabe	avaliar	as	suas	capacidades	ou	entender
as	artes	das	conveniências	e	da	flexibilidade,	quando	colocado	perante	a
oportunidade	de	combater	o	inimigo,	fá-lo	atropelada	e	hesitantemente,	olhando
ansiosamente	para	a	direita	e	para	a	esquerda,	sem	seguir	qualquer	plano.	De
forma	crédula,	aceitará	como	boas	informações	sem	crédito	algum,	acreditando
ora	nisto,	ora	naquilo.	Assustadiço	como	uma	raposa,	quer	ao	avançar,	quer	ao
retirar,	levará	os	seus	homens	a	dispersarem-se	por	todos	os	lados.	Qual	será	a
diferença	entre	uma	atitude	dessas	e	a	de	se	jogar	gente	inocente	na	fogueira	ou
na	água	fervendo?	Não	será	o	mesmo	que	tocar	vacas	ou	ovelhas	na	direção	dos
lobos	ou	dos	tigres?”.
15	–	Aqueles	que	são	hábeis	na	guerra	cultivam	o	Tao	e	observam	as	leis.	São,
portanto,	capazes	de	formular	projetos	vitoriosos.
Tu	Mu:	O	Tao	é	o	caminho	da	clemência	e	da	justiça.	As	“leis”	são	os
regulamentos	e	as	instituições.	Aqueles	que	na	guerra	se	distinguem	são	justos	e
clementes	e	respeitadores	das	leis	e	das	instituições.	Assim,	tornam	o	seu
governo	invencível.
16	–	Os	elementos	da	arte	da	guerra	são:	primeiro,	a	noção	de	espaço;	segundo,	a
apreciação	das	quantidades;	terceiro,	os	cálculos;	quarto,	as	comparações;	e
quinto,	as	possibilidades	de	vitória.
17	–	A	noção	de	espaço	é	dependente	do	terreno.
18	–	As	quantidades	resultam	de	medições;	os	números,	das	quantidades;	as
comparações,	dos	números;	ea	vitória,	das	comparações.
Ho	Yen-hsi:	“Terreno”	–	abrange	não	só	as	distâncias,	mas	também	o	relevo;
“medições”	significa	cálculos.	Antes	de	se	movimentar	um	exército,	fazem-se
cálculos	quanto	ao	grau	de	dificuldade	do	terreno	inimigo,	apura-se	se	as
estradas	são	diretas	ou	se	têm	desvios,	o	número	de	homens	de	que	o	adversário
dispõe,	a	quantidade	de	armas	que	tem	e	o	seu	moral.	Fazem-se	cálculos	para	se
saber	se	pode	ser	atacado,	e	só	então	se	mobiliza	a	população	e	se	formam	os
exércitos.
19	–	Um	exército	vitorioso	será	como	um	quintal	comparado	com	uma	grama;
um	exército	vencido,	como	uma	grama	comparada	com	um	quintal.
20	–	É	em	virtude	da	disposição	que	um	general	vitorioso	consegue	fazer	que	a
sua	gente	lute	com	a	força	de	águas	represadas	que	subitamente	se	soltam	e	se
deixam	tombar	num	abismo	sem	fundo.
Chang	Yü:	Está	na	natureza	da	água	evitar	os	altos	e	correr	para	os	pontos
baixos.	Quando	uma	barragem	se	rompe,	a	água,	em	cascata,	adquire	força
irresistível.	Um	exército	é	como	a	água.	Aproveita-se	da	distração	do	inimigo,
ataca-o	onde	não	é	esperado,	evita-lhe	a	força	e	atinge-o	onde	não	pode
defender-se.	Tal	como	a	água,	nada	lhe	resiste.
V	-	Energia
Sun	Tzu	disse:
1	–	De	um	modo	geral,	dirigir	muitos	é	quase	igual	a	dirigir	poucos.	É	somente
uma	questão	de	organização.
Chang	Yü:	Para	se	dirigir	um	exército,	primeiro	confiam-se	responsabilidades
aos	generais	e	seus	auxiliares,	distribuem-se	os	soldados...
Um	homem	é	um	elemento;	dois,	um	par;	três,	um	trio.	Um	par	e	um	trio
constituem	uma	quina;	duas	quinas	formam	uma	seção;	cinco	seções,	um
pelotão;	dois	pelotões,	uma	companhia;	duas	companhias,	um	batalhão;	dois
batalhões,	um	regimento;	dois	regimentos,	um	grupo;	dois	grupos,	uma	brigada;
duas	brigadas,	um	exército.	Cada	um	se	subordina	ao	seu	superior	e	controla	o
seu	inferior.	Dessa	maneira,	apenas	um	pode	dirigir	um	exército	de	um	milhão
exatamente	como	se	de	bem	poucos	se	tratasse.
2	–	E	controlar	muitos	é	o	mesmo	que	controlar	poucos.	É	questão	de	formações
e	sinais.
Chang	Yü:	É	certo	que,	quando	se	empregam	grandes	quantidades	de	tropas,
estas	estão	separadas,	e	os	ouvidos	não	podem	ouvir	perfeitamente,	e	os	olhos
não	podem	ver	claramente.	Os	homens	e	os	oficiais	são,	pois,	mandados	a
avançar	ou	recuar	de	acordo	com	movimentos	de	bandeiras	e	guiões	e	mover-se
ou	estacar	por	meio	de	sinetas	e	tambores.	Assim,	nem	os	valorosos	avançam
isolados	nem	os	covardes	fogem.
3	–	O	fato	de	um	exército	aguentar	um	ataque	do	inimigo	sem	ser	derrotado
depende	dos	movimentos	das	tropas	especiais	e	normais.
Li	Ch’üan:	As	forças	que	enfrentam	o	inimigo	são	as	normais;	as	que	lhe
castigam	os	flancos,	as	extraordinárias.	Nenhum	comandante	poderá	submeter	o
inimigo	sem	unidades	extraordinárias.
Ho	Yen-hsi:	Pessoalmente,	levo	o	inimigo	a	pensar	que	as	minhas	forças
normais	são	as	extraordinárias;	e	as	extraordinárias	são	as	normais.
Além	disso,	as	forças	normais	podem	passar	a	extraordinárias	e	vice-versa.
4	–	As	tropas	lançadas	contra	um	inimigo	mal	concentrado	serão	como	nós
rodando	sobre	ovos.
Ts’ao	Ts’ao:	“Emprega-se	o	mais	concentrado	sobre	o	menos	concentrado”.
5	–	Geralmente,	numa	batalha,	devem	empregar-se	as	forças	normais	para	o
entrechoque	e	as	extraordinárias	para	a	vencer.
6	–	Sucede	que	as	possibilidades	para	aqueles	que	são	peritos	no	uso	de	forças
extraordinárias	são	tão	infinitas	como	os	céus	e	a	Terra,	tão	inesgotáveis	como	o
fluir	dos	grandes	rios.
7	–	Isso	porque	acabam	e	recomeçam;	são	cíclicas	como	o	mover	do	Sol	e	da
Lua.	Nascem	e	renascem;	são	periódicas	como	as	estações,	que	se	sucedem.
8	–	As	notas	musicais	são	cinco	apenas,	mas	as	melodias	que	com	elas	se	podem
compor	são	tantas	que	nunca	as	poderemos	escutar	todas.
9	–	As	cores	primárias	são	cinco	apenas,	mas	as	suas	combinações	são	tantas	que
não	se	podem	visualizar	todas.
10	–	Os	sabores	são	cinco	apenas,	mas	as	suas	misturas	são	tantas	que	de	todas
não	se	pode	gostar.
11	–	Em	batalha,	há	somente	forças	normais	e	forças	extraordinárias,	mas	as	suas
combinações	não	têm	limites.	Nenhum	homem	as	abarca	todas.
12	–	Isso	porque	tais	forças	se	reproduzem	entre	si.	A	sua	interação	é	sem	fim,
como	a	de	aros	interligados.	Quem	poderá	saber	onde	acaba	um	e	outro	começa?
13	–	Quando	a	água	da	torrente	desloca	penedos,	fá-lo	devido	ao	seu	ímpeto.
14	–	Quando	o	choque	do	falcão	esfacela	o	corpo	da	sua	presa,	fá-lo	pela	sua
sincronização.
Tu	Yu:	Choca-te	contra	o	inimigo	como	o	falcão	se	choca	contra	o	seu	alvo,
partindo-lhe	a	espinha,	porque	aguarda	o	momento	preciso	para	bater.	O	seu
movimento	é	sincronizado.
15	–	O	ímpeto	daqueles	que	sabem	de	guerra	é,	portanto,	esmagador;	e	o	seu
ataque,	orientado	com	precisão.
16	–	O	seu	potencial	é	o	de	uma	besta	retesada.	A	sua	precisão	reside	no
momento	de	soltar	o	gatilho.
17	–	No	seu	tumulto	e	ruído,	a	batalha	parecerá	caótica,	mas	nela	a	desordem
não	existirá.	As	tropas	parecerão	andar	às	voltas,	mas	não	poderão	ser	vencidas.
Li	Ch’üan:	Numa	batalha,	tudo	parece	tumulto	e	confusão.	As	bandeiras	e	os
guiões,	porém,	têm	posições	prescritas;	e	os	sons	dos	címbalos,	regras	fixas.
18	–	A	confusão	aparente	corresponde	à	ordem	exata;	a	covardia	aparente,	à
coragem;	e	a	fraqueza	aparente,	ao	vigor.
Tu	Mu:	O	verso	significa	que,	caso	se	queira	simular	desordem	para	atrair	o
inimigo,	ter-se-á	de	ser	altamente	disciplinado.	Só	assim	se	saberá	aparentar
confusão.	Quem	quiser	simular	covardia	e	ficar	aguardando	o	inimigo	terá	de
ser	valente,	pois	só	desse	modo	poderá	imitar	o	medo.	Quem	quiser	parecer
fraco	para	tornar	o	inimigo	arrogante	terá	de	ser	extremamente	forte.	Só	então
poderá	pretender	a	fraqueza.
19	–	A	ordem	e	a	desordem	dependem	de	organização;	a	coragem	e	a	covardia,
das	circunstâncias;	a	força	e	a	fraqueza,	das	disposições.
Li	Ch’üan:	Quando	as	tropas	ocupam	uma	situação	favorável,	o	covarde	torna-
se	bravo.	Se	estão	perdidas,	o	bravo	vira	covarde.	Na	arte	da	guerra,	não
existem	regras	fixas.	Apenas	podem	ser	talhadas	segundo	as	circunstâncias.
20	–	Assim,	os	que	são	hábeis	em	levar	o	inimigo	a	mover-se,	fazem-no	criando-
lhe	uma	situação	com	a	qual	terá	de	se	conformar.	Atraem-no	para	qualquer
ponto	que	esteja	perto	de	poder	tomar	e,	com	tal	engodo	de	ostensivo	proveito,
aguardam-no	em	força.
21	–	Por	consequência,	um	comandante	capaz	busca	a	vitória	na	situação,	sem	a
pedir	aos	seus	subordinados.
Ch’en	Hao:	Os	peritos	guerreiros	dependem	principalmente	de	oportunidades	e
expedientes.	Não	deitam	tudo	somente	para	as	costas	dos	seus	homens.
22	–	Escolhe	os	seus	homens	para	que	explorem	a	situação.
Li	Ch’üan:	[...]	os	valentes	lutam,	os	cautelosos	defendem,	e	os	sábios
aconselham.	De	nenhum	será	de	perder	o	talento.
Tu	Mu:	[...]	Não	se	exigem	realizações	àqueles	de	talento	desprovidos.
Quando	Ts’ao	Ts’ao	atacou	Chang	Lu	em	Han	Chung,	deixou	os	generais	Chang
Liao,	Li	Tien	e	Lo	Chin	comandando	mais	de	mil	homens	em	defesa	do	Ho	Fei.
Ts’ao	Ts’ao	enviou	instruções	ao	comissário	do	exército,	Hsieh	Ti,	escrevendo
na	borda	do	sobrescrito:	“Para	abrir	somente	quando	os	rebeldes	chegarem”.
Pouco	depois,	Sun	Ch’üan,	de	Wu,	com	cem	mil	homens,	cercou	Ho	Fei.	Os
generais	leram	então	as	instruções:	“Se	Sun	Ch’üan	surgir,	os	generais	Chang	e
Li	sairão	para	o	combate,	e	o	general	Lo	defenderá	a	cidade.	O	comissário	do
exército	não	participará	da	batalha.	Só	os	generais	combaterão	o	inimigo”.
Chang	Liao	exclamou:	“O	nosso	senhor	faz	a	campanha	longe	daqui	e,
enquanto	esperamos	reforços,	os	rebeldes	irão	certamente	destruir-nos.	Segundo
as	instruções,	deveremos,	antes	de	o	inimigo	se	concentrar,	atacá-lo	para	lhe
embotar	a	frente	lacerante	e	levantar	o	moral	das	nossas	tropas.	A	seguir,
defenderemos	a	cidade.	A	oportunidade	de	vitória	está	nessa	única	ação”.
Li	Tien	e	Chang	Liao	surtiram	atacando	e	realmente	vencendo	Sun	Ch’üan,	e
diminuindo	o	valor	do	exército	Wu.	Regressaram,	ordenaram	as	suas	defesas,	e
as	gentes	sentiram-se	seguras.	Sun	Ch’üan	assaltou	durante	dez	dias	a	cidade,
mas,	não	conseguindo	subjugá-la,	retirou-se.
O	historiadorSung	Sheng,	dissertando	acerca	deste	fato,	afirmou:	“Na	verdade,
na	guerra	tudo	é	ludíbrio.	Quanto	às	defesas,	Ho	Fei	estava	na	corda	bamba,
fraco	e	sem	esperança	de	reforços.	Caso	se	confie	apenas	em	generais	valentes,
que	adoram	lutar,	o	resultado	será	mau.	Caso	se	confie	apenas	nos	cautos,	os
seus	corações	temerosos	tornarão	difícil	dominar	a	situação”.
Chang	Yü:	O	melhor	método	para	se	empregarem	homens	consiste	em	utilizar	os
avarentos	e	os	estúpidos,	os	inteligentes	e	os	corajosos,	responsabilizando	cada
um	de	acordo	com	as	situações	que	mais	convenham	às	suas	maneiras	de	ser.
Selecionem-se	segundo	as	suas	capacidades.
23	–	Quem	depende	de	situações	emprega	na	luta	os	seus	homens	exatamente
como	se	fazem	rolar	pedras	ou	toras.	De	acordo	com	a	natureza,	as	pedras	e	as
toras,	quando	em	terreno	plano,	são	estáticas;	mas,	em	terreno	irregular,	se
movem.	Se	têm	arestas,	param;	se	são	arredondadas,	rolam.
24	–	Assim,	o	potencial	de	tropas	habilmente	dirigidas	pode	ser	equiparado	ao	de
penedos	redondos	que	rolarão	desde	o	alto	das	montanhas.
Tu	Mu:	[...]	Logo,	pouca	força	é	necessária	para	muito	se	conseguir...
Chang	Yü:	[...]	Li	Ching	disse:	“Na	Guerra,	há	três	tipos	de	situações:
Quando	um	general	despreza	o	inimigo,	e	os	seus	oficiais	adoram	combater	com
ambições	vogando	muito	acima	do	céu	anil	e	um	estado	de	espírito	tão	feroz
como	o	tufão,	essa	é	uma	situação	ligada	ao	moral.
Quando	alguém	defende	um	desfiladeiro	delgado	como	as	tripas	de	um	carneiro
ou	estreito	como	a	entrada	da	casinha	de	um	cão,	esse	alguém	consegue	deter	um
milhar.	É	uma	situação	decorrente	do	terreno.
Quando	alguém	se	aproveita	da	indolência	do	inimigo,	do	seu	cansaço,	da	sua
fome	ou	sede,	ou	o	ataca	quando	as	suas	guardas	avançadas	ainda	não	estão
estabelecidas,	ou	o	seu	exército	se	encontra	ainda	a	meio	de	um	rio	que	cruza,
essa	será	uma	situação	oferecida	pelo	inimigo”.
Por	conseguinte,	ao	utilizarem-se	tropas,	haverá	que	colher	vantagens	da
situação,	tal	como	para	se	fazer	rolar	abaixo	uma	bola	por	uma	encosta	íngreme.
A	força	necessária	é	mínima,	mas	os	resultados	são	imensos.
VI	-	Fraquezase	Forças
Sun	Tzu	disse:
1	–	De	maneira	geral,	quem	primeiro	ocupar	o	campo	de	batalha	estará	à
vontade.	Quem	chegar	mais	tarde	ao	local	e	imediatamente	se	atirar	para	o
combate	fá-lo-á	já	cansado.
2	–	É	por	isso	que	quem	sabe	guerrear	puxa	o	inimigo	para	o	campo	da	peleja	e
não	se	deixa	para	ali	ser	levado	por	ele.
3	–	Quem	pretender	fazer	o	inimigo	vir	de	boa	vontade	terá	de	lhe	oferecer
vantagens.	Quem	não	desejar	que	ele	venha	terá	de	o	molestar.
Tu	Yu:	[...]	Detendo-se	em	pontos-chave,	nas	estradas	estratégicas,	não	se	pode
atrair	o	inimigo.	O	mestre	Wang	afirmava:	“Quando	um	gato	está	à	saída	da
toca	do	rato,	nem	dez	mil	ratos	se	atreverão	a	sair;	quando	um	tigre	está	de
tocaia	num	vau,	nem	dez	mil	veados	o	atravessam”.
4	–	Quando	o	inimigo	estiver	à	vontade,	deverá	ser	cansado;	quando	bem
alimentado,	dever-se-á	esfaimá-lo;	quando	fresco,	dever-se-á	fazê-lo	mexer-se.
5	–	Surge	em	pontos	que	o	levem	a	apressar-se;	move-se	velozmente	onde	ele	o
não	contar.
6	–	Para	que	se	possam	percorrer	mil	li	sem	se	cansar,	ter-se-á	de	viajar	para
onde	o	inimigo	não	se	encontre.
Ts’ao	Ts’ao:	Busque-se	o	vazio,	ataque-se	nos	espaços	livres,	circunde-se	o	que
está	defendido	e	golpeie-se	onde	não	se	é	esperado.
7	–	Para	se	ter	certeza	de	vir	a	tomar-se	aquilo	que	se	ataca,	ataque-se	um	ponto
que	o	inimigo	não	defende.	Para	se	ter	a	certeza	de	poder	manter-se	o	que	se
defende,	defendam-se	os	pontos	que	o	inimigo	não	atacará.
8	–	Por	essa	razão,	contra	aqueles	que	são	peritos	no	ataque,	o	inimigo	não	sabe
como	se	defender;	contra	os	peritos	na	defesa,	o	inimigo	não	sabe	onde	atacar.
9	–	Sutil	e	imaterial,	o	perito	não	deixa	rastros	e,	divinamente	misterioso,	é
inaudível.	Assim,	transforma-se	no	senhor	do	destino	do	seu	adversário.
Ho	Yen-hsi:	[...]	Apresento	ao	inimigo	as	minhas	forças	como	se	de	fraquezas	se
tratasse,	ao	mesmo	tempo	que	transformo	as	suas	forças	em	fraquezas	e	busco
onde	mais	fraco	será	[...].	Oculto	os	meus	rastros	para	que	ninguém	os	note	e
conservo-me	calado	para	que	ninguém	me	ouça.
10	–	Aquele	cujo	avanço	é	irresistível	mergulha	para	dentro	dos	pontos	fracos	do
inimigo.	Aquele	a	quem	na	retirada	não	convém	ser	perseguido	executa-a	tão
depressa	que	não	possa	ser	alcançado.
Chang	Yü:	[...]	Vem	como	o	vento	e	vai-te	como	o	relâmpago.
11	–	Quando	desejo	travar	uma	batalha,	o	meu	adversário,	mesmo	quando
protegido	por	muralhas	elevadas	e	profundos	fossos,	é	obrigado	a	fazê-lo	porque
o	ataco	em	pontos	que	tem	de	socorrer.
12	–	Quando	desejo	evitar	uma	batalha,	posso	simplesmente	defender-me
traçando	uma	linha	no	solo;	o	inimigo	não	me	ataca	porque	o	afasto	dos	pontos
para	onde	deseja	ir.
Tu	Mu:	Chu-ko	Liang	acampou	em	Yang	Ping	e	mandou	que	Wei	Yen	e	vários
outros	generais	agrupassem	as	suas	forças	e	marchassem	para	leste.	Chu-ko
Liang	deixou	somente	dez	mil	homens	para	a	defesa	da	cidade	e	aguardou
relatórios.	Ssü-ma	I	disse:	“Chu-ko	Liang	está	na	cidade,	as	suas	tropas	são
poucas	e	não	têm	força.	Os	seus	generais	e	oficiais	encontram-se
desmoralizados”.	Nessa	altura,	Chu-ko	Liang,	que,	como	de	costume,	estava
com	ótima	disposição,	mandou	que	os	seus	soldados	baixassem	os	seus
galhardetes,	silenciassem	os	seus	tambores	e	proibiu-os	de	sair.	Abriu	as	quatro
portas	da	cidade	e	fez	que	as	ruas	fossem	varridas	e	regadas.
Ssü-ma	I,	suspeitando	tratar-se	de	uma	emboscada,	conduziu	a	toda	pressa	as
suas	forças	para	as	montanhas	do	norte.
Chu-ko	Liang	observou	para	o	seu	chefe	de	Estado-maior:	“Ssü-ma	I	pensou	que
eu	lhe	armara	uma	cilada	e	fugiu	para	as	serras”.	Ssü-ma	I	veio	a	saber	daquilo
em	que	caíra	e	mordeu-se	de	arrependimento.
13	–	Se	consigo	apurar	as	disposições	do	meu	inimigo	e,	simultaneamente,
oculto-lhe	as	minhas,	então,	posso	concentrar-me,	e	ele	terá	de	se	dividir.	E	se	eu
me	concentro	enquanto	ele	se	divide,	posso,	com	toda	a	minha	força,	atacar	uma
fração	da	sua.	Aí	gozarei	de	superioridade	numérica.	Assim,	com	muitos	contra
poucos,	estes	ficarão	numa	posição	medonha.
Tu	Mu:	[...]	Por	vezes	sirvo-me	de	tropas	ligeiras	e	vigorosos	cavaleiros	para
atacar	onde	o	adversário	não	conta,	outras	vezes	de	besteiros	e	arqueiros	para
tomar	um	ponto-chave,	para	agitar	a	sua	esquerda,	ultrapassar	a	sua	direita,
alarmá-lo	na	vanguarda	e	golpear,	subitamente,	pela	retaguarda.	Durante	o	dia,
confundo-o	com	bandeiras	e	guiões	agitando-se.	De	noite,	perturbo-o	com
tambores.	Temeroso	e	a	tremer,	divide	as	suas	forças	a	fim	de	tomar	precauções.
14	–	O	inimigo	deve	desconhecer	onde	pretendo	dar-lhe	batalha,	porque,	não	o
sabendo,	terá	de	se	preparar	em	muitos	pontos	diferentes,	resultando	que	aquele
que	eu	atacar	disporá	sempre	de	poucos	a	defendê-lo.
15	–	Caso	se	prepare	na	vanguarda,	desguarnece	a	retaguarda;	se	o	fizer	na
retaguarda,	a	sua	frente	enfraquecerá.	Se	preparar	a	ala	esquerda,	na	direita
poucos	ficarão;	se	o	executar	na	direita,	poucos	restarão	à	esquerda.	Finalmente,
caso	se	prepare	em	todos	os	lados,	em	todos	os	lados	ficará	fraco.
Chang	Yü:	Não	descobrirá	onde	surgirão	os	meus	carros,	de	onde	virá	a	minha
cavalaria,	para	onde	irá	a	minha	infantaria,	pelo	que	se	dispersará	e	se
dividirá,	tentando	defender-se	de	mim	em	todos	os	lados.	Com	as	forças
espalhadas	e	enfraquecidas,	a	sua	força	dissipada	e	quebrada,	no	local	onde	eu
o	atacar,	poderei	servir-me	de	um	grande	exército	contra	as	suas	pequenas
unidades	isoladas.
16	–	Quem	de	poucos	dispuser	tem	de	se	preparar	contra	o	inimigo;	quem	muitos
tiver	fará	que	o	inimigo	se	prepare	contra	ele.
17	–	Quem	souber	onde	e	quando	uma	batalha	vai	se	dar,	as	suas	tropas	poderão
marchar	mil	li	e	reagrupar-se	no	campo	da	peleja.	Quem	ignorar	o	local	e	a	data
da	batalha	verá	a	sua	ala	esquerda	incapaz	de	auxiliar	a	direita	e	vice-versa,	a
vanguarda	sem	poder	apoiar	a	retaguarda,	e	esta	sem	poder	servir	aquela.	Se	é
assim	com	separações	de	alguns	li,	como	não	será	com	intervalos	de	dezenas?
Tu	Yu:	Os	conhecedores	da	guerra	têm	de	saber	ondee	quando	será	a	batalha.
Procedem	à	medição	das	estradas	e	marcam	a	data.	Dividem	os	exércitos	e
avançam	em	colunas	separadas.	As	que	estão	mais	afastadas	partem	na	frente,	e
só	depois	as	que	estão	mais	próximas,	para	que	o	encontro	de	tropas,	mesmo	à
distância	de	mil	li,	faça-se	exatamente	ao	mesmo	tempo.	Como	as	pessoas	ao
dirigirem-se	para	uma	feira.
18	–	Embora	eu	calcule	as	tropas	de	Yüeh	em	tal	número,	qual	é	o	benefício	de
tal	superioridade	naquilo	que	está	para	suceder?
19	–	Por	isso	afirmo	que	as	vitórias	podem	ser	criadas.	Mesmo	que	o	inimigo
seja	numeroso,	posso	evitar	chocar-me	com	ele.
Chia	Lin:	Embora	o	inimigo	seja	numeroso,	desconhece	a	minha	situação
militar.	Posso	sempre	obrigá-lo	a	tratar	das	suas	preparações,	roubando-lhe
tempo	para	planejar	como	me	há	de	combater.
20	–	Assim,	descobre	o	plano	do	inimigo	e	logo	saberás	qual	a	estratégia	que	te
convirá	e	a	que	não	te	convirá.
21	–	Agita-o	e	certifica-te	do	esquema	dos	seus	movimentos.
22	–	Localiza	as	suas	posições	para	teres	a	certeza	do	local	do	campo	de	batalha.
23	–	Tenteia-o,	para	conheceres	onde	a	sua	força	é	abundante	e	onde	é
deficiente.
24	–	O	cúmulo	da	perfeição	na	disposição	de	tropas	está	em	fazê-lo	de	modo	que
não	seja	compreensível.	Nem	os	melhores	espiões	a	entenderão,	nem	os	sábios
poderão	elaborar	planos	contra	ti.
25	–	É	de	acordo	com	as	formas	que	crio	planos	para	vitórias,	mas	as	gentes	não
entendem	isso.	Embora	todos	possam	observar	os	aspectos	externos,	nenhum
percebe	como	obtive	a	vitória.
26	–	Assim,	após	ter	conseguido	uma	vitória,	não	lhe	repetirei	a	tática,	mas
corresponderei	às	circunstâncias	em	formas	de	infinita	variedade.
27	–	Pode	comparar-se	um	exército	com	a	água,	pois,	assim	como	a	água
corrente	evita	as	alturas	e	procura	os	pontos	baixos,	um	exército	evita	a	força	e
ataca	os	pontos	fracos.
28	–	Tal	como	a	água	molda	o	seu	correr	de	acordo	com	o	solo,	também	um
exército	consegue	a	vitória	de	acordo	com	a	situação	do	inimigo.
29	–	A	água	não	tem	forma	constante.	Na	guerra,	também	não	existem	condições
constantes.
30	–	Por	isso,	pode	dizer-se	que	quem	obtém	uma	vitória	alternando	as	suas
táticas	de	conformidade	com	a	situação	do	inimigo	é	divino.
31	–	Dos	cinco	elementos,	nenhum	é	predominante;	das	quatro	estações,
nenhuma	dura	para	sempre;	os	dias,	uns	são	longos;	outros,	curtos;	a	lua	enche	e
míngua.
VII	-	Manobras
Sun	Tzu	disse:
1	–	Normalmente,	quando	há	um	exército	a	utilizar,	o	general	recebe	as	ordens
do	seu	soberano,	concentra	tropas	e	procede	a	mobilizações.	Transforma	as	suas
forças	num	todo	e	acampa-as.
Li	Ch’üan:	Recebe	o	mandato	do	soberano	em	conjunto	com	as	vitoriosas
deliberações	do	Conselho	do	Templo:	reverentemente,	executa	os	castigos	pelo
céu	ordenados.
2	–	Nada	é	mais	difícil	do	que	a	arte	das	manobras,	e	mais	difícil	ainda	é	tornar
direto	o	percurso	aparentemente	tortuoso	e	transformar	os	infortúnios	em
vantagens.
3	–	Deste	modo,	marchar	pelo	caminho	indireto,	iludindo	o	inimigo	e	atraindo-o
com	engodos,	permite	partir	depois	dele	e,	mesmo	assim,	precedê-lo	na	chegada.
Quem	isso	souber	fazer	compreende	a	estratégia	do	direto	e	do	indireto.
Ts’ao	Ts’ao:	[...]	Aparenta	afastado.	Podes	partir	depois	do	inimigo	e	chegar	à
sua	frente,	pois	sabes	medir	e	calcular	as	distâncias.
Tu	Mu:	Quem	desejar	obter	vantagens	seguirá	uma	rota	longínqua	e	desviada,
tornando-a	curta.	Transforma	os	infortúnios	em	vantagens.	Engana	e	confunde	o
inimigo,	dispersando-o	e	amolecendo-o,	e,	logo,	marchando	celeremente.
4	–	Tanto	as	vantagens	como	os	perigos	estão	ligados	às	manobras.
Ts’ao	Ts’ao:	Quem	for	hábil	tira	proveitos	delas,	quem	não	o	for	corre	perigo.
5	–	Quem	movimentar	todo	um	exército	para	alcançar	uma	vantagem	não	o
conseguirá.
6	–	Quem,	buscando	vantagens,	abandonar	o	acampamento	perderá	as	suas
provisões.
Tu	Mu:	Quem	se	deslocar	tudo	levando	verá	as	provisões	moverem-se
lentamente	e	não	obterá	a	vantagem.	Se	deixar	para	trás	o	que	é	pesado	e
avançar	com	forças	ligeiras,	somente	correrá	o	perigo	de	perder	as	bagagens.
7	–	Acontece	que	quem	enrolar	as	armaduras	e	arrancar	a	toda	velocidade,	sem
parar	nem	de	dia	nem	de	noite,	em	marchas	forçadas,	por	uma	centena	de	li,	verá
os	seus	três	comandantes	aprisionados.	Os	soldados	vigorosos	serão	os
primeiros,	vindo	os	restantes	a	arrastarem-se	muito	depois	deles,	pelo	que,
segundo	este	método,	somente	um	décimo	do	exército	alcançará	o	seu	objetivo.
Tu	Mu:	[...]	Normalmente,	um	exército	marcha	até	30	li	por	dia,	o	que
representa	um	estádio.	Em	marcha	forçada,	para	cobrir	o	dobro,	faz	dois
estádios.	Somente	se	podem	percorrer	cem	li	se	não	se	descansar,	nem	de	noite,
nem	de	dia.	Fazendo-o,	porém,	as	tropas	serão	aprisionadas.	[...]	Quando	Sun
Tzu	diz	que,	seguindo	este	método,	apenas	um	em	cada	dez	chega	ao	objetivo,
significa	não	haver	outra	alternativa	e	que	terá	de	se	lutar	por	uma	posição	de
vantagem,	escolher	o	mais	robusto	de	cada	grupo	de	dez	homens,	mandando-os
na	frente,	e	ordenando	aos	demais	que	os	sigam.	Dessa	forma,	de	dez	mil
homens	selecionam-se	mil,	que	deverão	chegar	ao	alvorecer.	Os	restantes	irão
seguindo	continuamente,	uns	a	meio	da	manhã,	outros	a	meio	da	tarde,	de	modo
que	nenhum	venha	exausto	e	todos	possam,	sucessivamente,	juntar-se	aos	que	os
precederam.	O	som	dos	seus	passos	será	ininterrupto.	Na	luta	por	uma
vantagem,	aquela	terá	de	o	ser	por	um	ponto-chave	estratégico.	Então,	mesmo
os	mil	iniciais	o	poderão	defender	até	que	os	demais	apareçam.
8	–	Numa	marcha	forçada	de	50	li,	o	comandante	da	vanguarda	tombará,	e	quem
seguir	este	método	verá	chegar	metade	do	seu	exército	somente.	Numa	marcha
forçada	de	30	li,	apenas	dois	terços	chegarão.
9	–	Acontece	que	um	exército	sem	equipamento	pesado,	forragem,	alimentos	e
provisões	irá	perder-se.
Li	Ch’üan:	[...]	A	proteção	com	revestimentos	de	metal	é	menos	importante	do
que	cereais	e	alimentos.
10	–	Aqueles	que	desconhecem	as	condições	das	montanhas	e	das	florestas,	dos
desfiladeiros	perigosos,	dos	sapais	e	dos	pântanos	não	podem	dirigir	um	exército
em	marcha.
11	–	Aqueles	que	não	se	servirem	de	guias	locais	serão	incapazes	de	se
aproveitar	das	vantagens	do	terreno.
Tu	Mu:	O	Kuan	Tzu	diz:	“Usualmente,	o	comandante	terá	de	estudar,
convenientemente	e	com	tempo,	mapas	que	o	ponham	a	par	dos	locais	perigosos
para	os	carros	e	as	carroças,	dos	sítios	onde	a	água	é	demasiado	profunda	para
os	carroções,	das	portelas	em	montanhas	famosas,	dos	principais	rios,	da
localização	das	terras	altas	e	dos	montes,	dos	pontos	onde	os	juncos,	as
florestas	e	os	caniços	mais	densos	são,	dos	comprimentos	das	estradas,	dos
tamanhos	das	cidades	e	vilas,	das	localidades	mais	conhecidas	e	das	que	foram
abandonadas,	de	onde	há	pomares	bem	carregados.	Tudo	isso	terá	de	saber	e
ainda	por	onde	passam	e	repassam	as	raias.	Todos	esses	pormenores	terá	o
general	de	decorar,	e	só	assim	não	perderá	as	vantagens	que	o	terreno	dá”.
Li	Chiang	disse:	“[...]	Devemos	escolher	os	oficiais	mais	valentes,	inteligentes	e
vivos	e,	orientados	por	guias	locais,	atravessaremos	em	segredo	montanhas	e
florestas,	silenciosamente	e	cobrindo	os	nossos	rastros.	Por	vezes,	faremos
cascos	artificiais	de	animais,	com	que	cobriremos	nossos	pés,	noutras	ocasiões
colocaremos	aves	artificiais	nos	nossos	chapéus	e,	o	mais	calados	que	seja
possível,	iremos	deixar-nos	ficar	no	sub-bosque	luxuriante.	Isso	feito,
escutaremos	atentamente	quaisquer	sons	vindos	de	longe	e	semicerraremos	os
nossos	olhos	para	melhor	vermos.	Concentraremos	todas	as	nossas	faculdades
para	agarrar	qualquer	e	toda	oportunidade	que	nos	surja.	Observaremos	as
condições	atmosféricas,	buscaremos	no	fundo	das	águas	sinais	de	terem	sido
vadeadas	pelo	inimigo	e	prestaremos	atenção	aos	movimentos	das	árvores	que
possam	mostrar-nos	a	sua	aproximação”.
Ho	Yen-hsi:	[...]	Se,	com	instruções	para	nos	lançarmos	em	campanha,	nos
apressarmos	através	de	terras	desconhecidas,	onde	a	cultura	ainda	não	chegou
e	as	comunicações	ficam	cortadas,	e	corrermos	pelos	seus	desfiladeiros,	isso
será	tarefa	difícil,	não	é?	Se	sigo	com	um	exército	isolado,o	inimigo	vigilante
aguarda-me.	As	posições	do	atacante	e	do	atacado	são	profundamente	diferentes
e	muito	mais	ainda	quando	o	adversário	se	serve	de	processos	dissuasores,
utilizando	sistemas	que	nos	confundem!	Se	não	tivermos	feito	planos	e
mergulharmos	de	cabeça,	afrontando	perigos	e	metendo-nos	em	locais
traiçoeiros,	arriscar-nos-emos	a	ser	armadilhados	ou	inundados.	Marchando
como	bêbados,	poderemos	ser	obrigados	a	combates	que	não	esperamos.	À
noite,	quando	paramos,	assustamo-nos	com	falsos	alarmes.	Se	nos	apressarmos,
sem	preparação,	cairemos	em	emboscadas.	Corresponde	a	atirar	com	um
exército	de	ursos	e	de	tigres	para	o	campo	da	morte.	Como	poderemos	enfrentar
as	fortificações	dos	rebeldes	ou	varrê-los	das	suas	enganosas	cavernas?	Em
terra	inimiga,	portanto,	as	montanhas,	os	rios,	as	terras	altas	e	baixas	e	os
montes	são	pontos	estratégicos	onde	a	defesa	é	possível.	As	florestas,	os
caniçais,	os	juncais	densos	e	as	ervas	altas	podem	esconder	o	inimigo.	Os
comprimentos	das	estradas	e	dos	caminhos,	o	tamanho	das	cidades	e	das	vilas,
a	importância	das	aldeias,	a	fertilidade	ou	esterilidade	dos	seus	campos,	a
grandeza	dos	seus	sistemas	de	irrigação,	a	quantidade	de	víveres	armazenados,
a	dimensão	das	suas	forças,	o	estado	das	suas	armas	–	tudo	terá	de	ser
conhecido.	Temos	então	uma	noção	do	inimigo	e	com	facilidade	podemos	batê-
lo.
12	–	A	guerra	baseia-se	no	logro.	Move-te	quando	for	vantajoso	e	cria	as
mudanças	de	situação	dispersando	ou	concentrando	as	tuas	forças.
13	–	Em	campanha,	sê	veloz	como	o	vento.	Ao	marchares	à	vontade,	terás	a
majestade	da	floresta.	Nos	ataques	súbitos	e	no	saqueio,	copiarás	o	fogo.	Parado,
imitarás	as	montanhas.	Tão	insondável	como	as	nuvens,	move-te	como	o
corisco.
14	–	Ao	saqueares	terra	inimiga,	divide	as	tuas	forças.	Ao	conquistares	território,
divide	os	proveitos.
15	–	Pondera	a	situação	e	depois	move-te.
16	–	Quem	conhecer	a	arte	das	aproximações	diretas	e	indiretas	vencerá.	Tal	é	a
arte	de	manobrar.
17	–	O	Livro	da	Administração	Militar	lembra:	“Como	durante	as	batalhas	as
vozes	não	podem	ser	ouvidas,	usam-se	tambores	e	sinetas.	Como	durante	as
batalhas	as	tropas	não	se	veem	umas	às	outras,	usam-se	bandeiras	e	guiões”.
18	–	Gongos	e	tambores,	guiões	e	bandeiras	servem	para	chamar	a	atenção	das
tropas.	Com	as	tropas	por	eles	unidas,	os	bravos	não	podem	avançar	sozinhos	e
os	covardes	retirar.	É	essa	a	arte	de	operar	com	um	exército.
Tu	Mu:	[...]	A	lei	militar	estipula:	“Aqueles	que,	mandados	avançar,	não	o
fizerem	e	aqueles	que,	mandados	retirar,	não	o	fizerem,	serão	decapitados”.
Quando	Wu	Ch’i	combateu	contra	Ch’in,	um	oficial	houve	que,	antes	do
combate,	não	se	pôde	conter.	Avançou,	cortou	uma	ou	duas	cabeças	e	regressou.
Wu	Ch’i	ordenou	que	o	decapitassem.
O	comissário	do	exército	admoestou-o:	“Trata-se	de	um	oficial	distinto.	Não	o
deves	decapitar!”.	Wu	Ch’i	contestou-lhe:	“Acredito	que	seja	distinto,	mas	é
desobediente”.
E	mandou	que	a	sentença	seguisse.
19	–	Durante	os	combates	noturnos,	que	os	tambores	e	as	tochas	sejam	muitos.
De	dia,	muitas	as	bandeiras	e	os	guiões.	Assim	se	influenciarão	a	vista	e	a
audição	das	nossas	tropas.
Tu	Mu:	[...]	Exatamente	como	as	grandes	concentrações	abrangem	outras
menores,	também	os	grandes	acampamentos	abrangem	outros	menores.	O
exército	da	vanguarda,	a	retaguarda,	as	alas	direita	e	esquerda,	cada	um	tem	o
seu	campo.	Circundam	o	quartel-general	do	comandante-chefe,	precisamente	no
centro.	Todos	os	arraiais	apontam	para	o	quartel-general,	sendo	todas	as	suas
quinas	engatadas	de	modo	que	o	conjunto	se	assemelhe	à	constelação	Pi	Lei.
As	distâncias	entre	os	campos	não	vão	além	de	cem	passos	e	aquém	de
cinquenta.	As	ruas	e	passagens,	no	seu	conjunto,	permitem	que	as	tropas	se
movam	e	façam	paradas.	As	fortificações	enfrentam-se	para	que	se	possam
ajudar	umas	às	outras	graças	aos	arqueiros	e	besteiros.
Em	cada	cruzamento,	ergue-se	um	pequeno	fortim,	no	topo	do	qual	se	empilha
lenha.	O	seu	acesso	faz-se	por	meio	de	escadas.	Em	cima	sempre	estarão
sentinelas.	Na	escuridão,	se	a	sentinela	escutar	tambores,	vindos	das	quatro
quinas	do	acampamento,	acende	a	fogueira.	Assim,	se	o	inimigo	atacar,	poderá
forçar	as	portas,	mas	defrontar-se-á	por	todos	os	lados	com	pequenos	arraiais,
todos	firmemente	defendidos,	e	ficará	sem	saber	se	deve	atuar	a	leste,	a	oeste,	a
norte	ou	a	sul.
No	arraial	do	comandante-chefe	e	nos	arraiais	menores,	os	que	primeiro	tiverem
conhecimento	de	que	o	inimigo	está	presente	deixá-lo-ão	entrar,	rufando,	logo	de
imediato,	tambores,	para	que	todos	o	saibam	também.	Em	todos	os	fortins	se
atearão	fogos,	que	transformarão	a	noite	em	dia.	Imediatamente,	os	oficiais	e	as
praças	cerrarão	as	portas	e	guarnecerão	as	fortificações,	enfrentando	o
adversário.	Bestas	e	arcos	poderosos	atirarão	para	todos	os	lados	[...].
A	nossa	única	preocupação	será	que	o	inimigo	não	nos	ataque	de	noite,	porque,
se	o	fizer,	já	sabe	que	será	vencido.
20	–	Um	exército	pode	perder	o	seu	ânimo,	e	o	seu	comandante	ficar	sem
coragem.
Ho	Yen-hsi:	[...]	Wu	Ch’i	diz:	“A	responsabilidade	de	um	exército	de	um	milhão
cai	nos	ombros	de	um	só	homem.	Ele	é	o	gatilho	do	seu	ânimo.”
Mei	Yao-ch’en:	[...]	Se	um	exército	se	encontra	sem	moral,	também	o	seu
general	perde	o	ânimo.
Chang	Yü:	Ânimo	é	o	meio	pelo	qual	o	general	domina.	A	ordem	e	a	confusão,	a
bravura	e	a	covardia	são	qualidades	dependentes	do	ânimo.	Aquele	que	sabe
vencer	os	seus	inimigos	provoca-lhes	frustrações	e	atira-se	a	eles.	Impacienta-os
para	confundi-los,	perturba-os	para	os	assustar.	Rouba-lhes	o	ânimo	e	a
capacidade	de	planejar.
21	–	De	manhã	cedo,	a	disposição	é	boa,	durante	o	dia,	abate-se	e,	ao	cair	da
tarde,	há	saudades	do	lar.
22	–	Por	tal	razão,	quem	sabe	guerrear	evita	um	inimigo	bem-disposto	e	ataca-o
quando	ele	está	amolecido	e	com	os	seus	soldados	saudosos.	Assim	se	controla	o
fator	moral.
23	–	Ordenadamente,	espera-se	um	inimigo	desordenado;	serenamente,	um
clamoroso.	Assim	se	controla	o	fator	mental.
Tu	Mu:	Na	serenidade	e	na	firmeza,	ficarão	indestrutíveis	perante	os
acontecimentos.
Ho	Yen-hsi:	Porque	para	o	general	solitário	que	sutilmente	controla	um	milhão
de	homens	contra	um	inimigo	feroz	como	tigres,	as	vantagens	e	as	desvantagens
apresentam-se	interligadas.	Perante	alterações	sem	número,	terá	de	ser	sábio	e
flexível.	A	não	ser	que	seja	duro	de	peito	e	de	mente	e	difícil	de	perturbar,	como
poderia	ele	corresponder	aos	acontecimentos	sem	enlouquecer?	E	como	resolver
problemas	sem	se	confundir?	E	quando	na	frente	de	inesperadas	dificuldades
não	se	alarmar?	Como	poderia	ele	controlar	inúmeros	assuntos	sem	se
desorientar?
24	–	Perto	do	campo	de	batalha,	esperam	um	inimigo	vindo	de	longe;
descansados,	aguardam	um	inimigo	exausto;	bem	alimentados,	preparam-se	para
receber	inimigos	famintos.	Assim	se	controla	o	fator	físico.
25	–	Não	atacam	um	inimigo	que	avança	ordenadamente	com	guiões	drapejando,
nem	outro	cuja	aparência	seja	impressionantemente	aguerrida.	Assim	se	controla
o	fator	das	circunstâncias	mutantes.
26	–	Faz,	pois,	parte	das	artes	da	guerra	não	confrontar	o	inimigo	que	se
encontra	em	terreno	alto	e	a	ele	não	se	opor	quando	tem	a	sua	retaguarda	apoiada
em	encostas	e	montes.
27	–	Quando	procurar	fugir,	não	o	perseguir.
28	–	Não	atacar	as	suas	tropas	de	escol.
29	–	Não	engolir	os	engodos	que	lhe	são	oferecidos.
Mei	Yao-ch’en:	O	peixe	que	cobiça	a	isca	é	fisgado;	as	tropas	que	vão	atrás	de
um	engodo	são	derrotadas.
Chang	Yü:	As	Três	Estratégias	dizem-nos:	“Atrás	de	uma	isca	apetitosa	é	certo
aparecer	um	peixe”.
30	–	Não	contrariar	um	inimigo	que	pretende	voltar	para	casa.
31	–	Deixar	a	um	inimigo	cercado	uma	saída	por	onde	fugir.
Tu	Mu:	Mostra-lhe	haver	um	caminho	para	a	segurança,	criando-lhe	a	ideia	de
existirem	possibilidades	de	escapar	à	morte.	Somente	depois	se	ataca.
Ho	Yen-hsi:	Quando	Ts’ao	Ts’ao	cercou	Hu	Kuan,	proferiu	a	seguinte	ordem:
“Quando	a	cidade	for	tomada,	os	seus	defensores	serão	enterrados”.	Passaram-
se	meses	e	a	cidade	não	caía.	Ts’ao	Jen	disse	então:	“Quando	uma	cidade	está
cercada,	é	essencialdemonstrar	aos	sitiados	que	há	uma	possibilidade	de
sobrevivência.	Portanto,	Senhor,	como	lhes	haveis	dito	terem	de	lutar	até	à
morte,	todos	o	estão	fazendo	para	salvar	a	pele.	A	cidade	é	forte	e	bem
abastecida.	Se	a	atacarmos,	muitos	oficiais	e	soldados	ficarão	feridos.	Se
teimarmos,	perderemos	muitos	dias.	Acampar	junto	das	muralhas	de	uma	cidade
forte	e	atacar	rebeldes	decididos	a	combater	até	a	morte	não	é	um	bom	plano.”
Ts’ao	Ts’ao	acatou-lhe	o	conselho,	e	a	cidade	rendeu-se.
32	–	Não	pressionar	um	inimigo	acossado.
Tu	Yu:	O	príncipe	Ch’ai	disse:	“Os	animais	bravios,	quando	acossados,	lutam
desesperadamente.	Com	os	homens	é	bem	pior	ainda!	Sabendo	não	haver
hipóteses,	combatem	ate	a	morte!”
Durante	o	reinado	do	imperador	Hsian,	de	Han,	Chao	Ch’ung-kuo	foi
encarregado	de	submeter	a	tribo	Ch’iang,	que	se	revoltara.	A	gente	de	Ch’iang,
ao	ver	o	seu	grande	exército,	desfez-se	do	seu	material	pesado	e	partiu	para
vadear	o	Rio	Amarelo.	A	estrada	seguia	ao	longo	de	apertados	desfiladeiros,	e
Ch’ung-kuo	foi-os	deixando	seguir	descontraidamente.
Alguém	exclamou:	“Procuramos	a	vantagem	e,	no	entanto,	não	nos	apressamos”.
Ch’ung-kuo	contestou:	“Eles	estão	desesperados.	Não	os	posso	pressionar.	Se
continuar	procedendo	como	estou,	seguirão	sem	sequer	olhar	para	o	lado;	se	os
pressionar,	atirar-se-ão	contra	nós	e	lutarão	até	a	morte.”
E	todos	os	generais	exclamaram:	“Espantoso!”
33	–	É	este	o	método	de	empregar	tropas.
VIII	-	As	Nove	Variáveis
Sun	Tzu	disse:
1	–	Normalmente,	o	sistema	para	o	emprego	de	tropas	inicia-se	quando	o
comandante	recebe	um	mandato	do	seu	soberano	para	proceder	a	mobilização	e
formar	os	exércitos.
2	–	Não	deverás	acampar	em	terreno	baixo.
3	–	Em	terreno	contíguo,	junta-te	aos	teus	aliados.
4	–	Não	deves	demorar-te	em	terreno	pobre.
5	–	Em	terreno	fechado,	usa	a	imaginação.
6	–	Em	terreno	de	morte,	luta.
7	–	Há	estradas	que	não	devem	ser	percorridas;	tropas	que	não	devem	ser
atacadas;	cidades	que	não	devem	ser	assaltadas;	terrenos	que	não	devem	ser
disputados.
Wang	Hsi:	Na	minha	opinião,	são	as	tropas	de	escol	as	que	devem	servir	de
engodo,	não	se	devendo	atacar	um	inimigo	em	formações	que	se	mostrem
ordenadas	e	impressionantes.
Tu	Mu:	Refere-se,	provavelmente,	a	inimigos	em	posições	estratégicas,	atrás	de
altas	muralhas	e	fossos	profundos,	bem	abastecidos,	cujo	objetivo	é	travar	o
meu	exército.	Se	ataco	a	cidade	e	a	tomo,	não	haverá	grande	vantagem	a
apontar,	mas	se	a	assaltar	e	a	não	tomar,	irei	certamente	desgastar	as	minhas
forças.	Por	consequência,	não	devo	atacar.
8	–	Ocasiões	há	em	que	as	ordens	do	soberano	não	necessitam	ser	obedecidas.
Ts’ao	Ts’ao:	Quando	necessário,	em	campanha,	o	general	não	pode	ficar
amarrado	às	ordens	do	soberano.
Tu	Mu:	O	Wei	Liao	Tzu	diz:	“As	armas	são	instrumentos	funestos;	contender	é
contrário	à	virtude;	o	general,	o	representante	da	morte,	sem	responsabilidade
perante	os	céus	acima	de	si,	a	terra	embaixo,	o	inimigo	à	sua	frente	e	o
soberano	atrás	de	si”.
Chang	Yü:	O	rei	Fu	Ch’ai	disse:	“Quando	vires	o	caminho	certo,	segue-o.	Não
aguardes	ordens”.
9	–	Um	general	versado	nas	vantagens	dos	nove	fatores	variáveis	sabe	como
empregar	as	suas	tropas.
Chia	Lin:	O	general	deve	confiar	na	sua	habilidade	para	controlar
vantajosamente	as	situações	à	medida	que	as	oportunidades	as	forem
oferecendo.	Não	se	sente	preso	por	sistemas	preestabelecidos.
10	–	O	general	que	não	compreende	as	vantagens	dos	nove	fatores	variáveis	não
se	saberá	servir	do	terreno,	ainda	que	o	conheça.
Chia	Lin:	[...]	Um	general	valoriza	alterações	oportunas	das	circunstâncias.
11	–	Na	condução	de	operações	militares,	aquele	que	desconhece	as	táticas
apropriadas	às	nove	situações	variáveis	é	incapaz	de	empregar	com	bons
resultados	as	suas	tropas,	mesmo	que	conheça	as	“cinco	vantagens”.
Chia	Lin:	[...]	As	“cinco	variáveis”	são	as	seguintes:
Uma	estrada,	embora	mais	curta,	não	deve	ser	utilizada,	se	perigosa	ou
apropriada	à	emboscada.
Um	exército,	ainda	que	em	condições	de	ser	atacado,	não	o	deve	ser	caso	se
encontre	em	desespero,	e	logo	disposto	a	lutar	até	a	morte.
Uma	cidade,	mesmo	isolada	e	suscetível	de	ser	atacada,	não	o	deve	ser	se	houver
probabilidades	de	se	encontrar	bem	abastecida,	bem	defendida	por	tropas
capazes,	comandadas	por	um	general	sábio,	cujos	delegados	lhe	sejam	leais	e
com	planos	insondáveis	na	mente.
O	terreno,	embora	possa	ser	contestado,	não	o	deverá	ser	caso	se	souber	que,
uma	vez	tomado,	se	tornará	de	defesa	difícil,	ou	que	a	sua	conquista	não	irá
trazer	vantagens	ou	o	contra-ataque,	com	muitas	baixas,	de	esperar.
As	ordens	do	soberano,	muito	embora	devam	ser	acatadas,	não	são	para	seguir	se
o	general	nelas	notar	perigosa	interferência	a	partir	da	capital.
Essas	cinco	contingências	serão	tratadas	à	medida	que	vão	surgindo	e	as
circunstâncias	as	ditarem,	não	podendo	ser	previamente	estabelecidas.
12	–	E,	precisamente	por	esta	razão,	o	general	sábio,	sempre	que	algo	deliberar,
entrará	em	linha	de	conta	com	os	fatores	favoráveis	e	desfavoráveis.
Ts’ao	Ts’ao:	Pondera	os	perigos	inerentes	às	vantagens	e	as	vantagens	inerentes
ao	perigo.
13	–	Tomando	em	conta	os	fatores	favoráveis,	torna	o	plano	exequível;	levando
em	conta	os	desfavoráveis,	poder-se-ão	solucionar	as	dificuldades.
Tu	Mu:	[...]	Se	desejo	obter	vantagem	sobre	o	inimigo,	tenho	de	conhecê-lo	bem,
mas	também	de	apurar	o	mal	que	ele	me	poderá	vir	a	causar	se	eu	a	obtiver.
Ho	Yen-hsi:	As	vantagens	e	as	desvantagens	reproduzem-se	mutuamente.	Os
iluminados	sempre	deliberam.
14	–	Aquele	que	intimida	os	seus	vizinhos	fá-lo-a	ferindo-os.
Chia	Lin:	Projetos	e	planos	para	se	ferir	um	inimigo	não	são	limitados	a	um
método	apenas.	Por	vezes,	levam-se	os	seus	homens	válidos	e	virtuosos	a
afastar-se	dele	para	que	fique	sem	conselheiros.	Também	se	podem	introduzir
traidores	no	seu	país	para	lhe	arruinar	a	administração.	Outras	vezes,	por	meio
de	intrigas	matreiras,	faz-se	separar	os	ministros	do	soberano.	Mandam-lhe
artesãos	fora	do	comum	para	encorajar	o	seu	povo	a	esbanjar	a	sua	riqueza.
Oferecem-lhe	músicos	e	bailarinos	dissolutos	para	lhe	mudar	os	hábitos.	Dão-
lhe	belas	mulheres	para	o	aturdir.
15	–	Faz-se	cansá-lo	mantendo-o	constantemente	ocupado	e	depois	o	obrigando
a	correr	de	um	lado	para	outro,	oferecendo-lhe	ostensivamente	vantagens.
16	–	Na	guerra,	não	é	doutrina	não	esperar	que	o	inimigo	não	venha,	mas	sim,
estar	pronto	para	recebê-lo;	não	o	convencer-se	de	que	não	nos	atacará,	mas	sim,
tornar-se	invencível	a	si	próprio.
Ho	Yen-hsi:	[...]	As	“Estratégias	de	Wu”	dizem:	“Quando	o	mundo	está	em	paz,
o	fidalgo	mantém	a	espada	à	mão”.
17	–	Há	cinco	qualidades	negativas	no	caráter	de	um	general.
18	–	Se	é	ousado,	pode	ser	abatido.
Tu	Mu:	Um	general	estúpido	e	corajoso	é	uma	calamidade.	Wu	Ch’i	disse:
“Quando	as	pessoas	falam	de	um	general,	sempre	dão	grande	importância	à	sua
coragem.	No	entanto,	coragem	é	somente	uma	qualidade.	Acontece	que	um
general	valente	sempre	se	atira	para	o	combate	descuidadamente	e	sem	apreciar
o	que	lhe	trará	vantagens”.
19	–	Se	é	covarde,	capturado.
Ho	Yen-hsi:	O	Ssü-ma	diz:	“Quem	puser	a	própria	vida	acima	de	tudo,	será
vencido	pela	hesitação.	Um	general	hesitante	é	uma	calamidade”.
20	–	Se	é	exaltado,	pode	fazer	figura	de	louco.
Tu	Yu:	Um	homem	impulsivo	é	fácil	de	enraivecer	e	ser	levado	ao	seu	fim.	Quem
facilmente	se	enfurece	é	irascível,	obstinado	e	apressado.	Não	pondera	as
dificuldades.
Wang	Hsi:	O	principal	no	temperamento	de	um	general	é	a	sua	constância.
21	–	Se	tem	um	sentido	de	honra	demasiado	delicado,	pode	ser	caluniado.
Mei	Yao-ch’en:	Quem	está	sempre	preocupado	com	a	defesa	da	sua	reputação
não	olha	a	mais	nada.
22	–	Se	é	de	natureza	misericordiosa,	é	fácil	de	perturbar.
Tu	Mu:	Quem	é	compassivo	e	benigno	teme	as	baixas	e	não	consegue	oferecer
vantagens	para	ganhos	a	longo	prazo	e	é	incapaz	de	perder	isto	para	ganhar
aquilo.
23	–	Essas	cinco	características	são	falhas	graves	num	general	e	sempre
calamitosas	em	operações	militares.
24	–	O	derruir	do	exército	e	a	morte	do	general	são	os	resultados	inevitáveisdessas	limitações.	Há	que	nelas	profundamente	ponderar.
IX	-	Movimentações
Sun	Tzu	disse:
1	–	Regra	geral,	ao	ocupar-se	uma	posição	frente	ao	inimigo,	após	a	travessia	de
montanhas,	mantém-se	próximo	dos	vales.	Acampa	em	terreno	alto	e	voltado
para	o	lado	soalheiro.
2	–	Combate	descendo;	não	subas	para	atacar.
3	–	E	é	quanto	basta	no	que	se	refere	à	ocupação	de	posições	em	montanhas.
4	–	Após	atravessares	um	rio,	afasta-te	um	pouco	dele.
5	–	Quando	um	inimigo	cruza	águas,	não	lhe	dês	encontro	mesmo	nas	margens.
Há	vantagem	em	permitir	que	metade	da	sua	força	atravesse	e	só	então	o	atacar.
Ho	Yen-hsi:	Durante	o	período	da	primavera	e	do	outono,	o	duque	de	Sung	veio
a	Hung	para	combater	as	forças	Ch’u.	O	exército	Sung	tomara	posições	antes
de	as	tropas	Ch’u	terem	cruzado	o	rio,	pelo	que	o	ministro	da	guerra	disse:	“Os
inimigos	são	muitos,	e	nós	somos	poucos.	Peço	autorização	para	atacar	antes
que	completem	a	travessia”.	Ao	que	o	duque	respondeu:	“Não	te	autorizo”.
Quando	o	exército	Ch’u	acabara	a	passagem,	mas	ainda	não	reagrupara,	o
ministro	pediu	de	novo	autorização	para	iniciar	o	combate,	ao	que	o	duque
retorquiu:	“Ainda	não.	Somente	quando	estiverem	em	linha	os	atacaremos”.
O	exército	Sung	foi	vencido;	o	duque,	ferido	numa	coxa;	e	os	oficiais	de
vanguarda,	liquidados.
6	–	Se	quiseres	dar	batalha,	não	confrontes	o	inimigo	junto	de	água.	Toma
posições	em	pontos	altos	e	voltados	para	a	luz	do	Sol.	Não	te	esqueças	a	jusante.
7	–	Isso	refere-se	à	tomada	de	posições	perto	de	rios.
8	–	Atravessa	os	lagos	salgados	rapidamente,	sem	neles	te	demorares.	Se	te
encontrares	com	o	inimigo	no	meio	de	um	desses	lagos,	toma	posições	junto	de
onde	vires	erva	e	em	água	que	tenha	árvores	por	trás.
9	–	É	isso	o	que	há	quanto	a	lagos	salgados.
10	–	Em	terreno	plano,	ocupa	posições	que	te	facilitem	os	movimentos.	Com
alturas	atrás	e	à	direita,	o	campo	de	batalha	estará	na	frente;	e	a	retaguarda,
segura.
11	–	É	essa	a	forma	de	se	tomarem	posições	em	terrenos	planos.
12	–	Regra	geral,	estas	são	vantajosas	para	se	acampar	quando	das	quatro
situações	que	se	mencionaram.	Foi	seguindo-as	que	o	imperador	Amarelo
venceu	quatro	soberanos.
13	–	Um	exército	prefere	as	terras	altas	às	baixas;	gosta	de	luz	e	foge	da	sombra.
Assim,	enquanto	se	vai	revigorando,	ocupa	uma	posição	firme.	Um	exército	que
não	sofra	de	doenças	sem	conta	está,	diz-se,	seguro	da	vitória.
14	–	Perto	de	elevações,	sopés,	diques	ou	barragens,	ocupa	o	lado	do	Sol	e	apoia
nele	a	tua	direita	e	retaguarda.
15	–	Todos	esses	métodos	são	vantajosos	para	o	exército	e	fortalecem	o	auxílio
que	o	terreno	oferece.
16	–	Onde	houver	“torrentes	caudalosas”,	“poços	celestes”,	“prisões	celestes”,
“redes	celestes”,	“armadilhas	celestes”	e	“frestas	celestes”	deverás,	a	toda	pressa,
afastar-te.	Não	te	achegues	a	eles.
Ts’ao	Ts’ao:	As	águas	rugidoras	nas	fundas	montanhas	são	as	“torrentes
caudalosas”.	Um	local	em	terreno	baixo	cercado	de	alturas	é	um	“poço
celeste”.	Quando	cruzares	montanhas	e	o	terreno	se	assemelhar	a	uma	gaiola
cerrada,	trata-se	de	uma	“prisão	celeste”.	Os	pontos	onde	as	tropas	podem	ser
envolvidas	e	postas	sem	comunicações	são	as	“redes	celestes”.	Lá	onde	o
terreno	se	afunda	está	uma	“armadilha	celeste”.	Onde	as	ravinas	são	estreitas	e
a	estrada	se	abaixa	por	muitas	dezenas	de	passos	estão	as	“frestas	celestes”.
17	–	Afasto-me	de	todos	e	atraio	o	inimigo	para	elas.	Enfrento-as	e	obrigo	o
inimigo	a	virar-lhes	as	costas.
18	–	Quando	um	exército	tem	no	seu	flanco	desfiladeiros	perigosos	ou	lagoas
recobertas	de	ervas	aquáticas,	juncos	e	caniços,	ou	montanhas	com	florestas
densas	e	sub-bosque	emaranhado,	tudo	isso	deverá	ser	convenientemente	batido,
já	que	são	esses	os	locais	onde	as	emboscadas	são	armadas	e	os	espiões	se
colocam	de	tocaia.
19	–	Quando	o	inimigo	está	próximo	e	agachado,	ele	depende	de	uma	situação
favorável.	Quando	desafia	de	longe,	quer	convencer-te	a	avançar	porque,	em
terreno	fácil,	encontra-se	em	posição	vantajosa.
20	–	Quando	se	notam	árvores	movendo-se,	é	o	inimigo	que	avança.
21	–	Quando	no	sub-bosque	os	obstáculos	são	muitos,	estes	destinam-se	a
qualquer	logro.
22	–	Aves	levantando	voo	assinalam	o	inimigo	emboscado;	quando	os	animais
bravios	se	espantam	e	fogem,	significa	que	está	tentando	apanhar-te	de	surpresa.
23	–	Poeira	subindo	em	altas	colunas	estreitas	revela	a	aproximação	de	carros.
Quando	o	pó	se	mostra	baixo	e	estendido,	é	a	infantaria	que	avança.
Tu	Mu:	Quando	os	carros	e	a	cavalaria	se	deslocam	rapidamente,	fazem-no	uns
atrás	dos	outros	como	peixes	numa	espetada,	obrigando	a	poeira	a	subir	em
delgadas	colunas	elevadas.
Chang	Yü:	[...]	Quando	um	exército	marcha,	deverá	ter	batedores	à	sua	frente
explorando	o	terreno.	Se	virem	poeira	levantada	pelo	inimigo,	deverão
imediatamente	comunicá-lo	ao	general	comandante.
24	–	Quando	a	poeira	se	ergue	por	áreas	dispersas,	significa	que	traz	lenha
consigo;	se	tratar-se	de	muitas	pequenas	manchas,	que	aparecem	e	desaparecem,
é	porque	o	exército	acampa.
25	–	Quando	o	inimigo,	servindo-se	de	emissários	empregando	termos	humildes,
prossegue	com	as	suas	preparações,	é	porque	avançará.
Chang	Yü:	Quando	T’ien	Tan	defendia	Chi	Mo,	o	general	Ch’i	Che	cercou-o.	O
próprio	T’ien	Tan,	pegando	numa	pá,	auxiliou	os	seus	soldados	nas	defesas.
Ordenou	às	suas	esposas	e	concubinas	que	se	alistassem	e	compartilhou	os	seus
alimentos	com	os	seus	oficiais.	Também	enviou	mulheres	para	que,	do	alto	das
muralhas,	perguntassem	pelas	condições	de	rendição,	o	que	muito	satisfez	o
general	de	Yen.	Igualmente	acumulou	24	mil	onças	de	outro,	obrigando	os
cidadãos	mais	ricos	a	remeter	ao	adversário	uma	carta,	rezando:	“A	cidade
render-se-á	de	imediato.	Apenas	desejamos	que	não	façais	prisioneiras	as
nossas	esposas	e	concubinas”.	O	exército	Yen	relaxou-se	e	tornou-se	negligente,
pelo	que	T’ien	Tan,	numa	surtida,	o	esmagou.
26	–	Quando	a	sua	linguagem	é	feliz,	e	o	inimigo	intenciona	avançar,	mostra	que
retirará.
27	–	Quando	os	adversários	empregam	emissários	com	muitas	justificações,
pretendem	uma	trégua.
28	–	Quando,	sem	qualquer	troca	de	impressões	prévia,	o	inimigo	pede	uma
suspensão	de	hostilidades,	algo	trama.
Ch’en	Hao:	[...]	Se,	sem	razão,	alguém	pede	trégua,	é	com	certeza	porque	as
coisas	não	correm	bem	no	seu	país,	o	que	o	preocupa	a	ponto	de	necessitar	de
uma	paragem	para	melhor	estabelecer	os	seus	planos.	Ou,	então,	sabendo	que	a
nossa	situação	é	receptiva	aos	seus	esquemas,	está	tentando	apagar	as	nossas
suspeitas	com	esse	gênero	de	propostas.	Aproveitar-se-á	de	pronto	da	nossa
descontração.
29	–	Quando	os	carros	ligeiros	saem	primeiro	e	se	deslocam	para	as	alas,	o
inimigo	apronta-se	para	a	batalha.
Chang	Yü:	Na	formação	“em	escama”,	os	carros	vão	na	frente	e	a	infantaria
atrás.
30	–	Quando	as	suas	tropas	se	deslocam	rapidamente,	e	faz	passar	os	seus	carros
para	cá	e	para	lá,	está	aguardando	reforços.
31	–	Quando	metade	das	suas	forças	avança,	e	a	outra	metade	recua,	está	a
lançar-te	uma	isca.
32	–	Quando	as	suas	tropas	se	apoiam	nas	armas,	estão	famintas.
33	–	Quando	os	aguadeiros	bebem	antes	de	servirem	os	soldados,	estão
sequiosos.
34	–	Quando	o	inimigo	vê	uma	vantagem	e	não	corre	a	pegá-la,	está	fatigado.
35	–	Quando,	às	vezes,	se	juntam	sobre	os	locais	de	acampamento,	é	certo	estes
terem	sido	abandonados.
36	–	Quando,	à	noite,	escuta-se	clamor	no	campo	inimigo,	o	adversário	está
temeroso.
Tu	Mu:	As	tropas	estão	aterradas	e	inseguras.	Fazem	barulho	para	espantar	o
medo.
37	–	Quando	as	suas	tropas	se	mostram	desordenadas,	o	seu	general	não	goza	de
prestígio.
Ch’en	Hao:	Quando	as	ordens	do	general	não	são	rigorosas,	e	o	seu
comportamento	é	incorreto,	os	oficiais	mostrar-se-ão	desordenados.
38	–	Quando	as	suas	bandeiras	e	os	seus	guiões	se	agitam	sem	cessar,	é	porque
se	encontra	desorganizado.
Tu	Mu:	Quando	o	duque	de	Chuang,	de	Lu,	derrotou	Ch’i,	em	Ch’ang	Sho,	Tsao
Kuei	pediu	autorização	para	o	perseguir.	Perguntando-lhe	o	duque	por	quê,
respondeu:	“Os	rastros	das	rodas	dos	seus	carros	mostram-se	confusos;	e	as
suas	bandeiras,	caídas.	Por	isso,desejaria	persegui-los.”
39	–	Se	os	oficiais	se	mostram	irritadiços,	é	porque	estão	exaustos.
Ch’en	Hao:	Quando	o	general	se	agarra	a	planos	desnecessários,	todos	ficam
cansados.
Chang	Yü:	Quando	não	existe	consistência	na	administração	e	nas	ordens,	o
moral	dos	homens	vai	para	baixo,	e	os	oficiais	exaltam-se	em	excesso.
40	–	Quando	o	inimigo	dá	grão	aos	seus	cavalos	e	carne	aos	homens,	e	quando
as	tropas	nem	penduram	as	suas	panelas,	nem	voltam	aos	seus	abrigos,	é	porque
se	sente	desesperado.
Wang	Hsi:	O	inimigo	dá	grão	aos	cavalos	e	carne	aos	homens	para	lhes
aumentar	as	forças	e	a	resistência.	Se	um	exército	dispensa	as	suas	panelas	é
porque	já	não	pensa	voltar	a	comer.	Se	as	tropas	não	regressam	aos	abrigos,
isso	mostra	que	deixaram	de	pensar	no	lar	e	estão	dispostas	a	travar	o	combate
decisivo.
41	–	Quando	os	soldados	se	reúnem	em	pequenos	grupos	e	sussurram	entre	si,
tudo	indica	que	o	general	já	não	tem	a	confiança	da	sua	gente.
42	–	Prêmios	demasiado	frequentes	indicam	estar	o	general	no	termo	das	suas
capacidades;	castigos	demasiado	frequentes	indicam	estar	profundamente	aflito.
43	–	Quando	os	oficiais	lidam	com	os	homens	a	princípio	violentamente	e	mais
tarde	deles	se	mostram	temerosos,	o	limite	da	indisciplina	foi	alcançado.
44	–	Quando	as	tropas	inimigas	se	aparentam	muito	bem-dispostas,	não	deverão,
mesmo	estando-se	frente	a	frente,	ser	atacadas,	mas	também	não	se	abandonará	o
terreno	sem	que	a	situação	seja	devidamente	esclarecida.
45	–	Na	guerra,	os	números	em	si	não	dão	vantagens.	Não	avançar	apoiado	em
simples	peso	militar.
46	–	Será	suficiente	apreciar	corretamente	a	situação	do	inimigo	e	depois	se
concentrar	para	o	capturar.	Nada	mais	será	preciso.	Aquele	que	não	tem	o	dom
da	previsão	e	subestima	o	seu	inimigo	será	por	ele	capturado.
47	–	Se	as	tropas	são	castigadas	ainda	antes	de	a	sua	lealdade	poder	ter	sido
demonstrada,	tornar-se-ão	desobedientes.	E,	não	sendo	obedientes,	serão	difíceis
de	manipular.	Igualmente,	se	forem	leais,	mas	nunca	castigadas,	nunca	se	poderá
lidar	com	elas.
48	–	Portanto,	trata-as	com	cortesia	e	incute	em	todos	o	valor	marcial,	e	a	vitória,
quase	certamente,	será	tua.
49	–	Se	as	ordens	dadas	durante	a	instrução	forem	verdadeiramente	positivas,
torná-los-ão	obedientes.	Se	na	instrução	os	comandos	não	forem
verdadeiramente	positivos,	torná-los-ão	desobedientes.
50	–	Quando	as	ordens	forem	verdadeiramente	dignas	de	confiança	e	bem
cumpridas,	a	relação	entre	o	comandante	e	as	suas	tropas	é	de	satisfazer.
X	-	Terreno
Sun	Tzu	disse:
1	–	O	terreno,	conforme	a	sua	natureza,	pode	ser	classificado	como	acessível,
enredante,	indeciso,	apertado,	precipitado	e	distante.
2	–	Terreno	que	tanto	nós	como	o	inimigo	pode	cruzar	com	igual	facilidade	é
chamado	de	“acessível”.	Em	tal	tipo	de	terreno,	quem	ocupar	primeiro	posições
altas,	solheiras	e	convenientes	para	as	suas	linhas	de	comunicação	combaterá
com	mais	vantagens.
3	–	Terreno	de	onde	é	fácil	sair,	mas	difícil	de	lá	se	tornar,	é	“enredante”.	Está	na
natureza	do	terreno	deste	gênero	que,	se	o	inimigo	não	estiver	preparado	e	tu
executares	um	golpe	de	mão,	o	poderás	vencer.	Porém,	se	estiver	atento	e	o
enfrentares,	mas	não	o	venceres,	terás	dificuldade	em	te	livrares.	Não	é	de
aproveitar.
4	–	Terreno	desvantajoso	de	entrar	por	ti	e	pelo	inimigo	é	“indeciso”.	Está	na
natureza	deste	terreno	que,	mesmo	que	o	inimigo	me	ofereça	um	engodo,	eu	não
o	tomo	e,	em	vez	disso,	procuro	atrair	o	inimigo	afastando-me.	Quando	metade
da	sua	força	me	tiver	seguido,	posso	então	atacá-lo	com	vantagem.
Chang	Yü:	[...]	A	Arte	da	Guerra,	de	Li	Ching,	diz:	“Em	terreno	não	oferecendo
vantagens	a	nenhum	dos	lados,	devo	chamar	a	mim	o	inimigo,	mediante	uma
retirada	simulada,	e	esperar	até	que	metade	das	suas	forças	tenha	saído,
interceptando-o	então	com	um	ataque”.
5	–	Se	sou	o	primeiro	a	ocupar	terreno	“apertado”,	deverei	bloquear	as	portelas	e
aguardar	o	inimigo.	Se	é	o	inimigo	o	primeiro	a	chegar	e	bloqueia	os
desfiladeiros,	não	o	devo	seguir;	porém,	se	o	bloqueio	não	estiver	completo,
poderei	fazê-lo.
6	–	Em	terreno	“precipitado”,	tenho	de	ocupar	posições	nos	lados	soalheiros	e
esperar	o	inimigo.	Caso	ele	me	tenha	antecedido,	ocupando-o,	engodo-o
marchando	para	longe.	Não	o	sigo.
Chang	Yü:	Caso	se	deva	ser	o	primeiro	a	ocupar	posições	em	terreno	plano,
quanto	mais	não	é	isto	verdade	em	terrenos	difíceis.	Como	se	pode	ceder	terreno
desse	ao	inimigo?
7	–	Quando	a	distância	de	um	inimigo	de	força	igual	à	nossa	é	grande,	torna-se
difícil	provocá-lo	ao	combate,	não	é	proveitoso	ir	dar-lhe	vantagens	no	terreno
que	escolheu.
8	–	São	esses	os	princípios	referentes	aos	seis	tipos	de	terreno.	É	da	maior
responsabilidade	para	o	general	aprofundá-los	cuidadosamente.
Mei	Yao-ch’en:	A	natureza	do	terreno	é	fator	fundamental	para	que	um	exército
possa	ser	levado	à	vitória.
9	–	Se,	quando	as	tropas	fogem,	mostram-se	insubordinadas,	desorientadas,
desordenadas	ou	arrebanhadas,	a	culpa	cabe	ao	general.	Nenhuma	causa	natural
o	provoca.
10	–	Sendo	todas	as	demais	condições	iguais,	se	uma	força	ataca	outra	que	lhe	é
dez	vezes	maior,	a	fuga	da	primeira	terá	de	ocorrer.
Tu	Mu:	Se	um	é	utilizado	para	atacar	dez,	haverá	que	se	comparar	a	ciência	e	a
estratégia	dos	generais	oponentes,	a	bravura	ou	a	covardia	das	tropas,	o	estado
do	tempo,	as	vantagens	do	terreno,	as	condições	de	alimentação	dos	homens	e
se	ainda	se	encontram	cansados	ou	frescos.
11	–	Quando	os	soldados	são	fortes,	mas	os	oficiais	fracos,	o	exército	é
insubordinado.
Tu	Mu:	Este	verso	refere-se	a	praças	e	cabos	desordenados	e	oprimentes	e
generais	e	comandantes	tímidos	e	fracos.
Na	atual	dinastia,	no	começo	do	período	Ch’ang	Ch’ing,	foi	dado	comando	a
T’ien	Pu	para	que	atacasse	T’ing-ch’ou,	em	Wei.	Pu	crescera	em	Wei,	e	o	povo
dali,	que	o	desprezava,	fez	passar	burros	pelo	seu	acampamento.	Pu	não	os	soube
conter.	Conservou-se,	na	sua	posição	durante	meses,	e	quando	quis	dar	batalha,
os	oficiais	e	as	tropas	dispersaram-se,	espalhando-se	por	todas	as	bandas.	Pu
degolou-se.
12	–	Quando	os	oficiais	são	valentes,	mas	as	tropas	ineficazes,	o	exército	está	em
apuros.
13	–	Quando	os	oficiais	superiores	estão	irados	e	insubordinados	e,	ao
defrontarem	o	inimigo,	a	ele	se	lançam	sem	considerarem	se	o	encontro	é	ou	não
de	se	fazer,	e	sem	aguardarem	ordens	do	comandante,	o	exército	entrou	em
colapso.
Ts’ao	Ts’ao:	“Oficiais	superiores”	são	os	generais	subordinados.	Se
enraivecidos	atacam	o	inimigo	sem	medir	as	forças	de	cada	lado,	então	o
exército	entrou	realmente	em	colapso.
14	–	Quando	o	general	é	moralmente	fraco;	e	a	disciplina	que	impõe,	pouco
rígida,	quando	as	suas	instruções	e	indicações	não	são	claras,	quando	não
existem	regras	firmes	para	a	orientação	de	oficiais	e	soldados	e	quando	as
formações	se	apresentam	desalinhadas,	o	exército	está	em	desordem.
Chang-Yü:	[...]	Caos	autoimposto.
15	–	Quando	um	comandante	é	incapaz	de	fazer	as	suas	estimativas,	o	inimigo
emprega	uma	pequena	força	para	atacar	outra	grande,	ou	tropas	fracas	para
baterem	outras	fortes;	quando	não	dispõe	de	tropas	de	choque,	selecionadas	para
a	vanguarda,	o	resultado	será	a	derrota.
Ts’ao	Ts’ao:	Nestas	condições,	está	a	comandar	tropas	“prontas	a	fugir”.
Ho	Yen-hsi:	[...]	Em	Han,	“Os	Valentes	dos	Três	Rios”	eram	“Irmãos	nas
Espadas”,	de	talento	fora	do	comum.	Em	Wu,	as	tropas	de	choque	eram
denominadas	as	“Resolve	Dificuldades”;	em	Ch’i,	“Os	Orientadores	do
Destino”;	e	em	T’ang,	“Os	Saltadores	e	Agitadores”.	Eram	esses	alguns	dos
nomes	dados	às	tropas	de	choque.	Nada	é	mais	importante	para	se	vencerem
batalhas	do	que	o	seu	emprego	correto.
Normalmente,	quando	todas	as	tropas	estão	acampadas,	o	general	seleciona,	de
cada	campo,	os	oficiais	mais	animosos	e	valentes,	que	se	distinguiram	pela	sua
agilidade,	pela	sua	força	e	pelos	seus	feitos	marciais	para	além	do	exigido,
agrupando-os	para	a	formação	de	unidades	especiais.	De	cada	dez,	só	um	é
escolhido.	De	cada	dez	mil,	mil	apenas.
Chang	Yü:	[...]	Usualmente,	nas	batalhas,	é	necessário	empregar	tropas	de
escol	como	vanguarda	em	cunha.	Primeiroporque	tal	decisão	fortalece	a	nossa
própria	determinação,	segundo	porque	embotará	a	lâmina	adversária.
16	–	Quando	alguma	dessas	seis	ocorrências	prevalece,	o	exército	marcha	para	a
derrota.	Examiná-las	é,	pois,	da	mais	alta	responsabilidade	para	o	general.
17	–	A	conformação	do	terreno	é	de	grande	importância	nas	batalhas.	Assim
sendo,	apreciar	a	situação	do	inimigo,	calcular	as	distâncias	e	o	grau	de
dificuldades	do	terreno,	quanto	à	forma	de	se	poder	controlar	a	vitória,	são
virtudes	do	general	de	categoria.	Quem	combate	com	inteiro	conhecimento
desses	fatores	vence,	com	certeza;	quem	não	o	faz	é,	certamente,	derrotado.
18	–	Se	uma	situação	apontar	para	a	vitória,	mas	houver	ordens	do	soberano	para
não	lutar,	o	general	pode	resolver-se	a	fazê-lo.	Se	a	situação	apontar	para	a
derrota,	mas	houver	ordens	do	soberano	para	se	lutar,	poderá	não	o	fazer.
19	–	Assim,	o	general	que	avançando	não	busca	renome	para	si	e	recuando	não
teme	castigos,	tendo	como	únicos	objetivos	proteger	o	povo	e	cuidar	dos	bens	do
soberano,	é	uma	joia	preciosa	para	o	Estado.
Li	Ch’üan:	[...]	Tal	general	não	é	interesseiro.
Tu	Mu:	[...]	Desses,	poucos	há.
20	–	Porque	esse	general	considera	os	seus	homens	como	crianças,	e	eles
marcharão	a	seu	par	até	aos	mais	profundos	vales.	Trata-os	como	filhos	amados,
e	eles	morrerão	a	seu	lado.
Li	Ch’üan:	Se	lhes	quiser	deste	modo,	deles	obterá	toda	a	sua	força.	Tal	como	o
visconde	de	Ch’u,	a	quem	bastava	uma	palavra	para	que	os	seus	soldados	se
sentissem	como	que	envoltos	em	roupagens	de	seda.
Tu	Mu:	No	tempo	dos	Estados	Guerreiros,	sendo	Wu	Ch’i	o	general,	comia	a
mesma	comida	e	usava	as	mesmas	roupas	que	os	menos	classificados	dos	seus
soldados.	Na	sua	cama	não	havia	esteira,	quando	marchava,	fazia-o	a	pé	e	não
no	seu	cavalo,	e	ele	próprio	carregava	as	suas	rações	de	combate.
Compartilhava	a	exaustão	e	o	esforço	com	os	seus	homens.
Chang	Yü:	[...]	É	por	isso	que	o	Código	Militar	diz:	“No	exército,	o	general
deve	ser	o	primeiro	quanto	a	esforços	e	fadigas.	Durante	o	calor	do	verão,	não
se	protege	com	guarda-sóis	e	no	frio	do	inverno	não	enverga	roupa	quente.	Nos
pontos	perigosos,	desmonta	e	caminha.	Espera	que	os	poços	para	as	tropas
tenham	sido	abertos	e	só	depois	bebe,	que	as	tropas	tenham	comido	para,	então,
comer,	que	as	defesas	estejam	prontas	antes	de	se	abrigar”.
21	–	Se	um	general	é	condescendente	com	as	suas	tropas,	mas	incapaz	de	as
empregar,	se	as	ama,	mas	não	as	sabe	fazer	obedecer-lhe,	se	as	vê	em	desordem
e	não	as	consegue	ordenar,	esses	soldados	serão	comparáveis	a	meninos
mimados	e	inúteis.
Chang	Yü:	[...]	Se	apenas	se	utiliza	condescendência,	as	tropas	tornam-se	como
que	crianças	arrogantes,	com	as	quais	nada	se	pode	fazer.	Foi	por	esta	razão
que	Ts’ao	Ts’ao	cortou	o	próprio	cabelo,	castigando-se.	[...]	Os	bons
comandantes	são	amados	e	temidos.
E	mais	não	há.
22	–	Se	sei	que	as	minhas	tropas	podem	enfrentar	o	inimigo,	mas	ignoro	ser	ele
invulnerável,	a	minha	hipótese	de	vencer	é	somente	metade.
23	–	Se	sei	que	o	inimigo	é	vulnerável	ao	meu	ataque,	mas	ignoro	que	as	minhas
tropas	não	estão	em	condições	para	o	levar	a	cabo,	a	minha	hipótese	de	vencer	é
apenas	de	metade.
24	–	Se	sei	que	o	inimigo	pode	ser	atacado,	e	as	minhas	tropas	estão	em
condições	para	o	fazerem,	mas	desconheço	que,	por	motivos	de	disposição	do
terreno,	o	não	devo	fazer,	a	minha	hipótese	de	vencer	é	apenas	de	metade.
25	–	Em	consequência,	aqueles	que	têm	experiência	das	movimentações	em
guerra	não	cometem	erros.	As	suas	possibilidades	não	têm	limites.
26	–	E,	por	isso,	digo:	“Conhece	o	teu	inimigo	e	conhece-te	a	ti	mesmo	e	nunca
porás	a	vitória	em	dúvida.	Conhece	o	terreno,	conhece	o	tempo,	e	a	tua	vitória
será	total”.
XI	-	As	Nove	Variedadesde	Terreno
Sun	Tzu	disse:
1	–	No	que	concerne	ao	emprego	de	tropas,	o	terreno	pode	ser	classificado	como
“dispersivo”,	“fronteiriço”,	“chave”,	“comunicante”,	“focal”,	“sério”,	“difícil”,
“cercado”	e	“mortal”.
2	–	Quando	um	senhor	feudal	combate	no	seu	próprio	território,	encontra-se	em
terreno	dispersivo.
Ts’ao	Ts’ao:	Os	oficiais	e	os	soldados	anseiam	por	regressar	aos	seus	lares,	que
estão	próximos.
3	–	Quando	efetua	uma	curta	penetração	em	território	inimigo,	está	em	terreno
fronteiriço.
4	–	Terreno	igualmente	vantajoso	para	mim	e	para	o	inimigo	é	terreno-chave.
5	–	Terreno	igualmente	acessível	por	mim	e	pelo	inimigo	é	comunicante.
Tu	Mu:	Trata-se	de	terreno	plano	e	vasto,	em	que	o	deslocamento	é	fácil,	com
tamanho	bastante	para	uma	batalha	e	para	a	construção	de	fortificações.
6	–	Quando	um	Estado	está	rodeado	por	três	outros	Estados,	é	focal.	Quem
primeiro	o	controlar	terá	o	apoio	do	Todo-sob-o-Céu.
7	–	Quando	um	exército	já	penetrou	profundamente	em	território	inimigo,
deixando	para	trás	de	si	muitas	cidades	e	vilas	inimigas,	encontra-se	em	terreno
sério.
Ts’ao	Ts’ao:	Trata-se	de	um	terreno	de	onde	é	difícil	regressar.
8	–	Quando	um	exército	atravessa	montanhas,	florestas,	zonas	de	precipícios	ou
marcha	ao	longo	de	desfiladeiros,	alagadiços	ou	pântanos,	ou	qualquer	outro
terreno	onde	o	deslocamento	é	árduo,	está	em	terreno	difícil.
9	–	O	terreno	cujo	acesso	é	apertado,	cuja	saída	é	tortuosa	e	onde	uma	pequena
força	inimiga	pode	atacar	a	minha,	embora	maior,	é	cercado.
Tu	Mu:	[...]	Aqui	as	emboscadas	são	simples	de	armar,	e	é	fácil	ser	vencido.
10	–	Terreno	no	qual	um	exército	somente	sobrevive	se	lutar	corajosamente	é
terreno	mortal.
Li	Ch’üan:	Preso	com	montanhas	pela	frente,	rios	à	retaguarda	e	mantimentos
esgotados	é	situação	em	que	é	vantajoso	agir	com	rapidez	e	perigoso	protelar-
se.
11	–	Não	combatas,	portanto,	em	terreno	dispersivo,	não	te	demores	em	terras
raianas.
12	–	Não	ataques	o	inimigo	ocupando	terreno-chave.	Em	terreno	comunicante,
não	permitas	que	as	tuas	unidades	se	separem.
13	–	Em	terreno	focal,	estabelece	alianças	com	os	Estados	vizinhos.	Se	tiveres
penetrado	profundamente	em	terreno	adverso,	saqueia-o.
14	–	Em	terreno	difícil,	apressa-te;	em	terreno	cercado,	inventa	estratagemas;	em
terreno	mortal,	combata.
15	–	Em	terreno	dispersivo,	unifica	o	exército	na	tua	decisão.
16	–	Em	terreno	fronteiriço,	mantém	as	forças	bem	juntas.
Mei	Yao-ch’en:	Durante	a	marcha,	as	diversas	unidades	mantêm	contato	entre
si;	quando	paradas,	os	acampamentos	e	as	fortificações	estão	também
interligados.
17	–	Em	terreno-chave,	faço	apressar	a	minha	retaguarda.
Ch’en	Hao:	O	verso	que	significa	que	se	o	inimigo,	baseado	em	números
superiores,	vem	me	contestar	esse	terreno,	deverei	deslocar	rapidamente	uma
grande	força	para	a	sua	retaguarda.
Chang	Yü:	[...]	Alguém	disse	que	a	frase	significa	“movimentar-se	depois	do
inimigo	e	chegar	antes	dele”.
18	–	Em	terreno	comunicante,	presto	a	maior	atenção	às	minhas	defesas.
19	–	Em	terreno	focal,	fortaleço	as	minhas	alianças.
Chang	Yü:	Ofereço	aos	meus	aliados	em	perspectiva	coisas	valiosas	e	sedas	e
amarro-os	com	acordos,	que	sigo	rigorosamente,	após	o	que,	certamente,	me
auxiliarão.
20	–	Em	terreno	sério,	asseguro	linhas	contínuas	de	abastecimento.
21	–	Em	terreno	difícil,	apresso-me	pelas	estradas	afora.
22	–	Em	terreno	cercado,	bloqueio	acessos	e	saídas.
Tu	Mu:	Faz	parte	da	doutrina	militar	as	forças	sitiantes	deixarem	uma	saída
mostrando	às	tropas	sitiadas	a	existência	de	uma	linha	de	fuga,	sem	a	qual	se
atirariam	para	a	luta	até	a	morte.	Apoiando-se	nisso,	ataca-se.	Quanto	a	mim,
se	me	encontro	em	terreno	cercado,	e	o	inimigo	oferece	uma	porta	de	saída	para
tentar	os	meus	oficiais	e	homens,	tapo-a	para	que	toda	a	minha	gente	lute	até	a
morte.
23	–	Em	terreno	mortal,	posso	tornar	evidente	não	haver	possibilidade	de
sobrevivência,	já	que	está	na	maneira	de	ser	dos	soldados	o	resistirem	quando
cercados,	combater	até	a	morte	quando	não	há	alternativas	e,	quando
desesperados,	seguir	cegamente	os	seus	comandantes.
24	–	As	variações	táticas	inerentes	aos	nove	tipos	de	terreno,	as	vantagens	em	se
desdobrar	muito	ou	pouco	e	os	princípios	da	natureza	humana	são	pontos	que	o
general	tem	de	estudar	com	o	maior	dos	cuidados.
25	–	Antigamente,	aqueles	que	eram	tidoscomo	mestres	na	arte	de	guerrear
tornavam	impossível	aos	seus	inimigos	unir	as	suas	vanguardas	e	retaguardas;
aos	seus	elementos,	grandes	ou	pequenos,	de	cooperar	uns	com	os	outros;	às
tropas	fortes,	de	auxiliarem	as	fracas;	e	aos	superiores	e	mandados,	de	se
entenderem.
26	–	Quando	as	forças	inimigas	se	apresentavam	dispersas,	impossibilitavam-
lhes	a	concentração.	Quando	concentradas,	eram	atiradas	para	a	confusão.
Meng:	Executa	operações	enganosas.	Mostra-te	a	oeste	e	marcha	para	leste;
atrai-o	para	norte	e	ataca	a	sul.	Enlouquece-o	e	perturba-o	até	que,	em
confusão,	faça	dispersar	as	suas	forças.
Chang	Yü:	Apanha-o	desprevenido	com	golpes	de	surpresa	onde	ele	menos
preparado	estiver.
Golpeia-o	subitamente	com	tropas	de	choque.
27	–	Concentravam-se	e	deslocavam-se	quando	isso	lhes	era	vantajoso.	Quando
não	o	era,	estacionavam.
28	–	Se	alguém	perguntasse:	“Como	enfrento	um	inimigo	bem	ordenado,	pronto
a	atacar-me?”,	responderia:	“Apanha-lhe	algo	que	muito	representa	para	ele	e
aos	teus	desejos	se	submeterá”.
29	–	A	velocidade	é	a	essência	da	guerra.	Aproveita-te	da	falta	de	preparação	do
inimigo.	Viaja	por	estradas	onde	não	sejas	esperado	e	ataca-o	onde	não	está
precavido.
Tu	Mu:	Está	aqui	resumida	a	natureza	da	guerra...	e	do	máximo	no	generalato.
Chang	Yü:	É	aqui	que	Sun	Tzu	de	novo	explica...	que,	se	há	algo	merecedor	de
ser	apreciado,	será	a	velocidade	divina.
30	–	O	princípio	geral	aplicável	a	um	exército	invasor	que	tenha	penetrado
profundamente	em	território	inimigo	é	o	de	que,	se	as	tuas	forças	estiverem
unidas,	o	defensor	não	te	pode	bater.
31	–	Saqueia	as	terras	férteis	para	que	as	provisões	não	te	faltem.
32	–	Presta	grande	atenção	à	alimentação	das	tropas	e	não	as	estafa	inutilmente.
Incute-lhes	espírito	coletivo	e	conserva-lhes	as	forças.	Projeta	planos
insondáveis	para	os	teus	movimentos.
33	–	Coloca	as	tuas	forças	em	posições	das	quais,	mesmo	em	perigo	de	morte,
não	possam	fugir.	Dispostas	a	morrer,	quanto	não	conseguirão	elas?	Oficiais	e
soldados	cometerão	então	o	impossível.	Em	situação	desesperada,	nada	temerão.
Quando	não	há	saídas,	agarram-se	às	suas	posições	e	ali,	sem	alternativas,
combaterão	corpo	a	corpo.
34	–	Assim,	e	com	tropas	dessas,	não	haverá	necessidade	de	recomendações	para
se	manterem	vigilantes.	Sem	exaltar	o	seu	apoio,	o	general	tem-no;	sem	pedir	a
sua	dedicação,	tem-na;	sem	pedir	a	sua	confiança,	tem-na.
35	–	Embora	não	desprezem	os	valores	mundanos,	os	meus	oficiais	não	dispõem
de	bens	demasiados;	ainda	que	não	desprezem	a	longevidade,	não	esperam	viver
por	muito	tempo.
Wang	Hsi:	[...]	Quando	oficiais	e	soldados	prezam	apenas	as	coisas	terrenas,
apreciam	as	suas	vidas	acima	de	tudo.
36	–	No	dia	em	que	a	ordem	de	marcha	é	dada,	as	lágrimas	dos	que	estão
sentados	encharcam-lhes	as	lapelas.	As	dos	que	estão	deitados	correm-lhes	pelos
rostos.
Tu	Mu:	Todos	têm	uma	aliança	com	a	morte.	Antes	de	a	batalha	se	iniciar,	é
dada	a	seguinte	ordem:	“O	dia	de	hoje	depende	deste	golpe.	Os	corpos	daqueles
que	não	arriscarem	a	vida	fertilizarão	os	campos	e	servirão	de	carniça	para	as
aves	e	outros	bichos”.
37	–	Mas,	colocados	em	situação	para	a	qual	não	há	saída,	exibirão	a	coragem
imortal	de	Chuan	Chu	e	Ts’ao	Kuei.
38	–	As	tropas	que	sabem	guerrear	são	empregadas	como	a	cobra
“Simultaneamente	Respondente”	do	monte	Ch’ang.	Quando	batida	na	cabeça,
atacava	com	o	rabo;	quando	batida	no	rabo,	atacava	com	a	cabeça;	quando	batida
ao	meio,	atacava	com	a	cabeça	e	com	o	rabo.
39	–	Se	alguém	perguntar:	“Podem	tropas	ser	treinadas	a	responder	com	tal
coordenação	instantânea?”,	responderei:	“Podem.	Porque,	ainda	que	os	homens
de	Wu	e	de	Yüeh	se	odeiem	mutuamente,	caso	se	encontrarem	juntos	num	barco
batido	pela	ventania,	cooperarão	entre	si	como	a	mão	direita	coopera	com	a
esquerda”.
40	–	Não	é	portanto	suficiente	o	confiar-se	em	cavalos	coxos	e	carros	com	as
rodas	atoladas.
41	–	Conservar	um	nível	uniforme	de	valor	é	papel	da	administração	militar.
Assim	como	a	vantagem	está	no	bom	aproveitamento	do	terreno	e	das	tropas	de
choque	e	móveis.
Chang	Yü:	Se	se	goza	de	vantagens	no	terreno,	até	tropas	fracas	e	moles	podem
vencer	o	inimigo.	Se	forem	fortes	e	duras,	muito	mais	se	consegue!	O	fato	de
ambas	poderem	ser	empregadas	deve-se	à	sua	disposição	de	conformidade	com
as	condições	do	terreno.
42	–	É	obrigação	do	general	manter-se	sereno	e	inescrutável,	imparcial	e	com
autodomínio.
Wang	Hsi:	Se	for	sereno,	não	se	enfada;	se	inescrutável,	é	insondável;	se
aprumado,	nunca	é	incorreto;	se	autodominado,	nunca	é	perturbado.
43	–	Deve	manter	os	oficiais	e	homens	no	desconhecimento	dos	seus	planos.
Ts’ao	Ts’ao:	[...]	As	suas	tropas	podem	juntar-se-lhe	na	comemoração	de	um
feito,	mas	nunca	para	o	estabelecimento	de	um	plano.
44	–	Proíbe	práticas	supersticiosas,	evitando	indecisões	ao	seu	exército.	Então,	e
até	o	“momento	da	morte”,	não	surgirão	problemas.
Ts’ao	Ts’ao:	Proíbam-se	conversas	acerca	de	agouros	e	poderes	sobrenaturais.
Limpem-se	os	planos	de	dúvidas	e	incertezas.
Chang	Yü:	O	Ssü-ma	Fa	diz:	“Extermine-se	a	superstição”.
45	–	Muda	os	seus	métodos	e	altera	os	seus	planos	para	que	ninguém	saiba	o	que
está	fazendo.
Chang	Yü:	Ações	já	executadas	e	planos	já	utilizados	têm	de	ser	alterados.
46	–	Muda	de	locais	de	acampamento	e	serve-se	de	caminhos	tortuosos,
tornando	impossível	aos	outros	preverem	os	seus	intentos.
47	–	Formar	o	exército	e	lançá-lo	numa	posição	de	desespero	compete	ao
general.
48	–	Conduz	o	exército	bem	dentro	do	território	do	inimigo	e	aí	solta	o	gatilho.
49	–	Queima	os	seus	barcos	e	quebra	as	suas	panelas.	Conduz	o	exército	como	se
fosse	um	rebanho	de	carneiros,	ora	numa	direção,	ora	noutra,	de	modo	que
ninguém	entenderá	para	onde	se	dirige.
50	–	Marca	a	data	do	encontro	e,	uma	vez	as	tropas	reunidas,	corta-lhes	o
caminho	do	regresso,	como	que	lhes	retirando	uma	escada	de	debaixo	dos	pés.
51	–	Quem	ignorar	os	planos	dos	Estados	vizinhos	não	pode	preparar	alianças	a
bom	tempo;	quem	ignorar	as	condições	das	montanhas,	das	florestas,	dos
desfiladeiros	perigosos,	dos	alagadiços	e	dos	pântanos	não	pode	comandar	o
avanço	de	um	exército.	Se	não	se	servir	de	guias	locais,	não	usufruirá	das
vantagens	do	terreno.	Um	general	que	ignore	um	que	seja	desses	pontos	é
incompetente	para	comandar	os	exércitos	do	rei	hegemônico.
Ts’ao	Ts’ao:	Estes	três	pontos	já	foram	analisados.	Sun	Tzu	volta	a	eles	por
estar	profundamente	em	desacordo	com	aqueles	que	não	sabem	servir-se
corretamente	de	tropas.
52	–	Quando	um	rei	hegemônico	ataca	um	Estado	poderoso,	tudo	faz	para	tornar
impossível	ao	inimigo	o	concentrar-se.	Intimida-o	e	evita	que	nos	seus	aliados	se
lhe	juntem.
Mei	Yao-ch’en:	Quando	do	ataque	a	um	grande	Estado	se	lhe	conseguir	dividir
as	forças,	a	sua	própria	força	será	suficiente.
53	–	Segue-se	que	não	pugnarás	contra	poderosas	coligações,	nem	alimentarás	o
poder	dos	demais	Estados.	Para	atingir	os	seus	objetivos,	baseia-se	somente	na
tua	capacidade	de	derrubar	os	teus	oponentes.	Desta	forma,	podes	tomar	as
cidades	inimigas	e	derrubar	o	Estado	adverso.
Ts’ao	Ts’ao:	Por	“rei	hegemônico”	quer	dizer-se	um	rei	que	não	se	alia	a
senhores	feudais.	Quebra	as	alianças	do	Todo-sob-o-Céu	e	apodera-se	da
posição	de	autoridade.	Serve-se	de	prestígio	e	de	virtudes	para	alcançar	os	seus
fins.
Tu	Mu:	Este	verso	diz-nos	que,	se	não	se	ajustar	o	auxílio	dos	vizinhos,	e	não	se
criarem	planos	baseados	em	conveniências,	mas	sim	em	benefício	dos	próprios
objetivos,	ter-se-á	de	contar	apenas	com	a	força	militar	própria	para	intimidar	a
nação	inimiga,	após	o	que	as	suas	cidades	podem	ser	capturadas;	e	o	seu
Estado,	derrubado.
54	–	Concede	prêmios	para	além	da	prática	usual.	Dá	ordens	sem	olhar	a
precedentes.	Desse	modo,	servir-te-á	do	exército	inteiro,	como	se	de	um	só
homem	se	tratasse.
Chang	Yü:	[...]	Se	o	código	aos	prêmios	e	castigos	vigente	for	claro	e	com
celeridade	aplicado,	é	então	fácil	de	lidar	com	muitos	como	se	de	poucos	se
tratasse.
55	–	Encarrega	as	tropas	das	respectivas	tarefas	sem	lhes	revelar	os	seus
objetivos.	Fá-las	ganhar	vantagenssem	lhes	apontar	os	perigos.	Coloca-as	em
posição	de	perigo	e	sobreviverão.	Leva-as	para	o	terreno	da	morte	e	viverão.
Tropas	colocadas	em	tais	situações	arrancam	vitórias	das	garras	da	derrota.
56	–	O	ponto	mais	alto	das	operações	militares	consiste	em	simular-se	a
aceitação	dos	desígnios	do	adversário.
57	–	Concentra	as	tuas	forças	contra	o	inimigo	e,	a	partir	de	uma	distância	de	mil
li,	poderás	matar-lhe	o	general.	Isso	se	denomina	como	capacidade	para	atingir
objetivos	de	forma	hábil	e	engenhosa.
58	–	No	dia	em	que	a	decisão	de	atacar	é	executada,	encerra	as	passagens,
rescinde	os	passaportes,	deixa	de	contatar	com	os	enviados	do	inimigo	e	exorta	o
Conselho	do	Templo	a	executar	os	planos.
59	–	Quando	o	inimigo	te	der	uma	oportunidade,	aproveita-a	com	vantagem	para
ti.	Antecipa-te	a	ele	para	lhe	apanhares	algo	a	que	dê	valor	e	desloca-te	dentro	de
datas	secretamente	fixadas.
60	–	Faz	parte	da	doutrina	da	guerra	o	seguir-se	a	situação	do	inimigo	para	se
decidir	quando	travar	a	batalha.
61	–	A	princípio,	sê	tímido	como	uma	donzela.	Quando	o	inimigo	te	der	uma
abertura,	sê	veloz	como	a	lebre,	e	ele	não	te	aguentará.
XII	-	Ataques	com	o	Emprego	de	Fogo
Sun	Tzu	disse:
1	–	Há	cinco	métodos	de	se	atacar	com	o	fogo.	Com	o	primeiro,	queima-se
gente;	com	o	segundo,	as	provisões;	com	o	terceiro,	o	equipamento;	com	o
quarto,	os	arsenais;	e	com	o	quinto	servimo-nos	de	mísseis	incendiários.
2	–	Para	se	empregar	o	fogo,	ter-se-á	de	contar	com	um	intermediário	qualquer.
Ts’ao	Ts’ao:	Conta	com	traidores	entre	o	inimigo.
Chang	Yü:	Todos	os	ataques	com	o	fogo	dependem	da	estação	do	ano.
3	–	O	equipamento	necessário	para	se	atearem	fogos	deve	estar	sempre	à	mão.
Chang	Yü:	Os	instrumentos	e	materiais	inflamáveis	devem	estar	preparados	de
antemão.
4	–	Há	tempos	convenientes	e	dias	apropriados	para	se	atearem	fogos.
5	–	“Tempos”	significa	quando	há	calor	escaldante;	“dias”,	quando	a	Lua	está
nas	constelações	de	Sagitário,	Alpharatz,	I	ou	Chen,	alturas	em	que	se	levantam
ventos.
6	–	Com	ataques	por	meio	de	fogo,	responde-se	a	uma	situação	que	se	modifica.
7	–	Quando	o	fogo	irrompe	no	campo	adversário,	imediatamente	agirás	a	partir
de	fora.	Porém,	se	as	tuas	tropas	se	conservarem	calmas,	deixa-te	estar	e	não
ataques.
8	–	Quando	o	fogo	atinge	o	seu	ponto	mais	alto,	segue-o,	se	puderes.	Caso	o	não
possas	fazer,	aguarda.
9	–	Se	ateares	fogos	fora	do	campo	do	inimigo,	não	haverá	necessidade	de
esperar	que	se	iniciem	do	lado	de	dentro.	Ateia	os	fogos	nos	tempos	apropriados.
10	–	Se	ateaste	o	fogo	a	barlavento,	não	ataques	de	sotavento.
11	–	Quando	o	vento	sopra	durante	o	dia,	à	noite	cairá.
12	–	O	exército	deve	conhecer	as	cinco	situações	de	ataque	por	meio	do	fogo	e	a
elas	estar	constantemente	atento.
13	–	Quem	emprega	o	fogo	como	auxiliar	nos	seus	ataques	é	inteligente;	quem
se	serve	de	inundações	é	poderoso.
14	–	A	água	pode	isolar	um	inimigo,	mas	não	lhe	destrói	os	abastecimentos	e
equipamentos.
15	–	Vencer	batalhas	e	tomar	objetivos	sem	explorar	esses	acontecimentos	é
lamentável,	podendo	chamar-se-lhe	“um	atraso	dispendioso”.
16	–	É	por	isso	que	se	diz	que	os	governantes	iluminados	deliberam	quanto	aos
planos,	e	os	bons	generais	os	executam.
17	–	Não	ajas	a	não	ser	no	interesse	do	Estado.	Se	não	podes	vencer,	não
empregues	tropas.	Se	não	estiveres	em	perigo,	não	combatas.
18	–	Um	soberano	não	pode	armar	um	exército	somente	porque	se	sente
enraivecido,	e	um	general	não	pode	lutar	apenas	por	se	sentir	ressentido,	porque
um	homem	enraivecido	pode	tornar	a	ser	feliz	e	um	homem	ressentido	tornar	a
ficar	agradado,	enquanto	um	Estado	que	pereceu	não	retorna,	e	os	mortos	não
voltam	para	junto	dos	vivos.
19	–	Portanto,	o	governante	iluminado	é	prudente;	e	o	bom	general,	contrário	à
ação	irrefletida.	Assim	se	conserva	o	Estado	e	se	mantém	o	exército.
XIII	-	Utilização	de	Agentes	Secretos
Sun	Tzu	disse:
1	–	Quando	se	equipa	um	exército	de	cem	mil	homens	e	se	envia	para	uma
campanha	distante,	as	despesas	compartilhadas	pelo	povo	e	pelo	Tesouro
ascendem	a	mil	peças	de	ouro	diárias.	Haverá	nervosismo	na	terra	e	no	exterior,
as	pessoas	esgotar-se-ão	com	as	constantes	requisições	para	trabalhos	de	carga,	e
a	vida	de	setecentos	mil	lares	alterar-se-á.
Ts’ao	Ts’ao:	Antigamente,	oito	famílias	constituíam	uma	comunidade.	Quando
um	homem	de	uma	família	ia	para	a	tropa,	os	outros	sete	contribuíam	para	a
sua	manutenção.	Portanto,	quando	se	constituía	um	exército	de	cem	mil,	os	que
desfalcados	ficavam	para	semear	e	arar	os	seus	campos	correspondiam	a	700
mil	lares.
2	–	Aquele	que	durante	anos	confronta	o	inimigo	em	busca	de	vitória	numa
batalha	decisiva,	mas	que,	por	cobiçar	postos,	honrarias	e	peças	de	ouro,
mantém-se	na	ignorância	da	situação	do	adversário,	é	destituído	de	qualquer	tipo
de	humanidade.	Tal	homem	não	é	um	general,	nem	qualquer	apoio	para	o	seu
soberano,	ou	“mestre	da	vitória”.
3	–	A	razão	por	que	o	príncipe	iluminado	e	o	general	sábio	vencem	o	inimigo
sempre	que	se	deslocam	e	os	seus	feitos	ultrapassam	os	dos	homens	vulgares
está	na	sua	presciência.
Ho	Yen-hsi:	A	seção	dos	Ritos	de	Chou,	designada	“Oficiais	Militares”,	nomeia
o	“diretor	da	espionagem	nacional”.	Esse	oficial,	possivelmente,	dirigia	as
operações	secretas	nos	outros	países.
4	–	Aquilo	que	se	chama	“presciência”	não	advém	nem	de	espíritos	ou	deuses,
nem	da	analogia	com	ocorrências	passadas	ou	de	cálculo.	É	obtido	por	meio	de
homens	conhecendo	a	situação	do	adversário.
5	–	Há	cinco	tipos	de	agentes	secretos	que	podem	ser	empregados:	nativos,
internos,	duplos,	dispensáveis	e	vivos.
6	–	Quando	esses	cinco	tipos	de	agentes	atuam	simultaneamente,	e	ninguém	lhes
conhece	o	modo	de	operar,	são	chamados	a	“meada	divina”,	constituindo	um	dos
tesouros	do	soberano.
7	–	Os	agentes	nativos	são	os	naturais	da	própria	terra	inimiga	que	nos	servem.
8	–	Os	agentes	internos	são	os	oficiais	inimigos	que	nos	servem.
Tu	Mu:	Entre	os	oficiais,	há	homens	de	valor	a	quem	foram	retirados	comandos;
outros,	tendo	cometido	faltas,	que	foram	castigados.	Há	também	os	bajuladores
e	aduladores,	que	só	ambicionam	riquezas.	Há	ainda	outros	injustamente	em
postos	baixos,	os	que	não	conseguiram	lugares	de	responsabilidade	e	aqueles
cujo	único	fito	é	o	de	se	aproveitarem	dos	tempos	perturbados	para	pôr	em
prática	as	suas	capacidades.	Há,	ademais,	indivíduos	de	duas	caras,	dúbios	e
enganosos,	sempre	à	espera	de	oportunidades.	Quanto	a	esses,	ser-te-á	fácil
indagar	da	sua	situação	econômica,	pagando-lhes	a	seguir	generosamente	com
ouro	e	seda	e	submetê-los	à	tua	vontade.	Poderás	então	encarregá-los	de
indagar	da	verdadeira	situação	no	seu	país	e	vires	a	conhecer	os	planos	que
contra	ti	existem.	Podem	igualmente	abrir	brechas	entre	o	soberano	e	os	seus
ministros,	quebrando-lhes	a	harmonia.
9	–	Os	agentes	duplos	são	espiões	inimigos	que	nos	servem.
Li	Ch’üan:	Quando	o	inimigo	envia	espiões	para	observar	o	que	faço	e	o	que
não	faço,	suborno-os	com	largueza,	viro-os	para	o	meu	lado	e	torno-os	meus
agentes.
10	–	Os	agentes	dispensáveis	são	espiões	nossos	aos	quais	são	deliberadamente
fornecidas	informações	erradas.
Tu	Yu:	Fazemos	constar	informações,	na	realidade	falsas,	que	deixamos	os
nossos	agentes	dar	a	conhecer.	Estes,	atuando	em	território	inimigo,	serão
capturados	e	transmiti-las-ão	certamente.	O	inimigo	aceitá-las-á	como	boas	e
procederá	de	conformidade	com	elas.	As	nossas	ações,	evidentemente,	não	lhes
corresponderão	e	os	espiões	serão	condenados	à	morte.
Chang	Yü:	[...]	Durante	a	nossa	dinastia,	o	chefe	do	Estado-maior,	Ts’ao,
perdoou	um	homem	condenado,	disfarçou-o	de	monge,	obrigou-o	a	engolir	uma
bola	de	cera	e	mandou-o	para	Tangut.	Mal	o	falso	frade	lá	chegou,	foi	logo
aprisionado.	Contou	aos	seus	captores	a	história	da	bola	de	cera	e,	pouco
depois,	evacuou-a.	Abrindo-a,	os	Targuts	encontraram	lá	dentro	uma	carta	do
chefe	do	Estado-maior,	Ts’ao,	para	o	seu	dirigente	de	planejamento	estratégico.
O	chefe	bárbaro	ficou	altamente	enfurecido	e	mandou	matar	não	só	o	ministro,
como	o	suposto	monge.	Era	este	o	esquema.	É	evidente	que	os	agentesdispensáveis	apenas	podem	ser	empregados	uma	vez.	Por	vezes,	o	envio	de
agentes	ao	inimigo	para	tratarem	de	alianças	cobre	um	ataque	que	efetuo	pouco
depois.
11	–	Os	agentes	vivos	são	aqueles	que	voltam	com	informações.
Tu	Yu:	Escolhem-se	homens	espertos,	talentosos,	inteligentes	e	com	fácil	acesso
àqueles	que	privam	com	o	soberano	ou	elementos	da	nobreza.	Poderão	assim
ficar	a	conhecer	o	que	fazem	e	quais	os	seus	planos.	Uma	vez	conhecida	a
situação	real,	regressam	e	informam-nos.	Por	isso	são	chamados	agentes
“vivos”.
Tu	Mu:	Trata-se	de	pessoas	que	podem	ir	e	voltar,	apresentando	relatórios.	Para
agentes	vivos,	temos	de	contratar	homens	inteligentes	que	pareçam	estúpidos,
que	se	mostrem	moles,	mas	sejam	de	coração	duro,	e	ainda	ágeis,	vigorosos,
resistentes	e	corajosos,	conhecedores	de	coisas	baixas,	capazes	de	aguentar	a
fome,	o	frio,	a	sujeira	e	a	humilhação.
12	–	No	exército,	entre	todos	os	que	estão	próximos	do	comandante,	nenhum	lhe
será	mais	íntimo	do	que	os	agentes	secretos.	Ninguém	terá	melhores	prêmios	do
que	eles.	De	todos	os	assuntos,	nenhum	será	mais	confidencial	do	que	aqueles
com	as	operações	secretas	correlacionadas.
Mei	Yao-ch’en:	Os	agentes	secretos	recebem	as	suas	instruções	na	própria	tenda
do	general,	a	quem	são	chegados	e	íntimos.
Tu	Mu:	Trata-se	de	assuntos	“segredados	ao	ouvido”.
13	–	Quem	não	for	sábio	e	esperto,	humano	e	justo	não	pode	servir-se	de	agentes
secretos.	Também	quem	não	for	delicado	e	sutil	nunca	conseguirá	deles	toda	a
verdade.
Tu	Mu:	Começa-se	por	estudar	o	caráter	do	espião	para	se	apurar	se	é	sincero,
verdadeiro	e,	de	fato,	inteligente.	Só	depois	poderá	ser	empregado...	Entre	os
agentes,	alguns	há	que	apenas	querem	riqueza,	sem	perderem	tempo	a	avaliar	a
verdadeira	situação	do	inimigo,	e	se	limitam	a	usar	palavras	ocas.	Em	tais
alturas,	tenho	de	ser	sutil	e	profundo	para	poder	separar	a	verdade	da	falsidade
nos	seus	relatos	e	discriminar	o	que	é	válido	daquilo	que	o	não	é.
Mei	Yao-ch’en:	Cuidado,	não	tenha	o	espião	virado	a	casaca.
14	–	Requintada!	Verdadeiramente	requintada!
Nada	existe	onde	a	espionagem	não	seja	aplicada.
15	–	Se	os	planos	relativos	a	operações	secretas	são	prematuramente	divulgados,
o	agente	e	todos	com	quem	ele	falou	devem	ser	executados.
Ch’en	Hao:	[...]	Devem	ser	mortos	para	se	lhes	tapar	a	boca	e	evitar	que	o
inimigo	os	ouça.
16	–	Regra	geral,	em	relação	aos	exércitos	que	queres	bater,	às	cidades	que
queres	tomar	e	às	pessoas	que	queres	assassinar,	pretendes	conhecer	os	nomes	do
comandante	da	guarnição,	dos	oficiais	de	Estado-maior,	dos	escudeiros,	dos
zeladores	das	entradas	e	dos	guarda-costas.	Tens	de	instruir	o	teu	agente
minuciosamente	quanto	a	esses	pormenores.
Tu	Mu:	Se	desejas	praticar	uma	guerra	ofensiva,	tens	de	conhecer	os	homens	do
inimigo.	São	sábios	ou	estúpidos,	espertos	ou	tapados?	Conhecedor	das	suas
qualidades,	tomas	medidas	adequadas.	Quando	o	rei	de	Han	mandou	Han	Hsin,
Ts’ao	Ts’an	e	Kuan	Ying	atacarem	Wei	Pao,	perguntou-lhes:	“Quem	é	o
comandante-chefe	de	Wie?”	A	resposta	foi:	“Pó	Chih”.	O	rei	declarou	então:
“A	sua	boca	ainda	cheira	a	leite	materno.	Não	se	pode	comparar	com	Han
Hsin.	E	quem	comanda	a	cavalaria?”.	A	resposta	foi:	“Feng	Ching.”	O	rei
declarou:	“É	filho	do	general	Feng	Wu-che,	de	Ch’in.	Tem	valor,	mas	não	se
iguala	a	Kuan	Ying.	E	quem	comanda	a	infantaria?”	A	resposta	foi:	“H’siang
T’o.”	O	rei	declarou:	“Não	está	à	altura	de	Ts’ao	Ts’an.	Nada	tenho	com	que
me	preocupar”.
17	–	É	fundamental	desmascarar	os	agentes	inimigos	que	te	espiam	e	tentar,
subornando-os,	fazê-los	passar	para	o	teu	campo.	Dá-lhes	instruções	e	cuida-os
bem.	Assim	se	recrutam	e	utilizam	agentes	duplos.
18	–	É	por	intermédio	de	agentes	duplos	que	se	recrutam	e	empregam	os	agentes
nativos	e	internos.
Chang	Yü:	Isso	porque	o	agente	duplo	sabe	quais	são	os	seus	conterrâneos	com
ambições	e	quais	os	oficiais	que	têm	sido	esquecidos	nos	seus	postos.	Estes
podem	ser	atraídos	para	o	nosso	serviço.
19	–	E	é	por	este	meio	que	podes	enviar	agentes	dispensáveis,	munidos	de	falsas
informações,	para	o	seio	do	inimigo.
Chang	Yü:	Sabendo	os	agentes	duplos	em	que	pontos	o	inimigo	pode	ser	iludido,
somente	com	o	seu	apoio	nos	podemos	servir	dos	dispensáveis	com	falsos	dados.
20	–	É	também	pelo	mesmo	meio	que	nas	ocasiões	próprias	usamos	agentes
vivos.
21	–	O	soberano	deve	conhecer	completamente	todas	as	atividades	dos	cinco
tipos	de	agentes.	O	conhecimento	deve	nascer	dos	agentes	duplos,	que
necessariamente	serão	tratados	com	toda	a	prodigalidade.
22	–	No	passado,	o	crescimento	de	Yin	deveu-se	a	I	Chih,	que	primeiramente
servira	Hsia.	Chou	atingiu	o	poder	através	de	Lu	Yu,	um	criado	de	Yin.
Chang	Yü:	I	Chih	era	um	ministro	de	Hsia	que	se	passou	para	Yin.	Lu	Wang,	um
ministro	de	Yin	que	se	passou	para	Chou.
23	–	Assim	sendo,	apenas	o	soberano	iluminado	e	o	general	de	valor	são	capazes
de	se	servir	das	pessoas	cuja	inteligência	as	torna	próprias	para	atuar	como
agentes	e	realizar	grandes	feitos.	As	operações	secretas	são	básicas	na	guerra,
pois	delas	dependem	todos	os	movimentos	dos	exércitos.
Chia	Lin:	Um	exército	sem	agentes	secretos	é	como	um	homem	sem	olhos	e	sem
ouvidos.
	Cover Page
	A arte da guerra
	I - Avaliações
	II - Guerreando
	III - Estratégia Ofensiva
	IV - Disposições
	V - Energia
	VI - Fraquezase Forças
	VII - Manobras
	VIII - As Nove Variáveis
	IX - Movimentações
	X - Terreno
	XI - As Nove Variedadesde Terreno
	XII - Ataques com o Emprego de Fogo
	XIII - Utilização de Agentes Secretos

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