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1
LINGUAGENS, CÓDIGOS
e suas tecnologias
Lucas Limberti, Murilo de Almeida Gonçalves e Pércio Luis Ferreira
Gramática e Literatura
L
ENTRE LETRAS
C
Gramática e Literatura
 para vestibular medicina
1ª edição • São Paulo
2019 
© Hexag Sistema de Ensino, 2018
Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2019
Todos os direitos reservados.
Autores
Lucas Limberti
Murilo de Almeida Gonçalves
Pércio Luis Ferreira
Diretor geral
Herlan Fellini
Coordenador geral
Raphael de Souza Motta
Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa iconográfica
Hexag Sistema de Ensino
Diretor editorial
Pedro Tadeu Batista
Editoração eletrônica
Arthur Tahan Miguel Torres
Claudio Guilherme da Silva
Eder Carlos Bastos de Lima
Fernando Cruz Botelho de Souza
Matheus Franco da Silveira
Raphael de Souza Motta
Raphael Campos Silva
Projeto gráfico e capa
Raphael Campos Silva
Foto da capa
pixabay (http://pixabay.com)
Impressão e acabamento
Meta Solutions
ISBN: 978-85-9542-072-4
Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legislação, tendo por fim único e exclusivo o 
ensino. Caso exista algum texto, a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à disposição 
para o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e localizar os titulares dos direitos sobre 
as imagens publicadas e estamos à disposição para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições.
O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra é usado apenas para fins didáticos, não representando qual-
quer tipo de recomendação de produtos ou empresas por parte do(s) autor(es) e da editora.
2019
Todos os direitos reservados para Hexag Sistema de Ensino.
Rua Luís Góis, 853 – Mirandópolis – São Paulo – SP
CEP: 04043-300
Telefone: (11) 3259-5005
www.hexag.com.br
contato@hexag.com.br
CARO ALUNO
O Hexag Medicina é referência em preparação pré-vestibular de candidatos à carreira de Medicina. Desde 2010, são centenas de aprovações nos 
principais vestibulares de Medicina no Estado de São Paulo, Rio de Janeiro e em todo Brasil. O material didático foi, mais uma vez, aperfeiçoado e seu conteúdo 
enriquecido, inclusive com questões recentes dos relevantes vestibulares de 2019. 
Esteticamente, houve uma melhora em seu layout, na definição das imagens, criação de novas seções e também na utilização de cores.
No total, são 103 livros e 6 cadernos de aula.
O conteúdo dos livros foi organizado por aulas. Cada assunto contém uma rica teoria, que contempla de forma objetiva e clara o que o aluno realmente 
necessita assimilar para o seu êxito nos principais vestibulares do Brasil e Enem, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar. Todo livro é 
iniciado por um infográfico. Esta seção, de forma simples, resumida e dinâmica, foi desenvolvida para indicação dos assuntos mais abordados nos principais 
vestibulares, voltados para o curso de medicina em todo território nacional.
O conteúdo das aulas está dividido da seguinte forma:
TEORIA
Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos, de cada coleção, tem como principal objetivo apoiar o estudante na resolução de questões propos-
tas. Os textos dos livros são de fácil compreensão, completos e organizados. Além disso, contam com imagens ilustrativas que complementam as explicações 
dadas em sala de aula. Quadros, mapas e organogramas, em cores nítidas, também são usados, e compõem um conjunto abrangente de informações para o 
estudante, que vai dedicar-se à rotina intensa de estudos.
TEORIA NA PRÁTICA (EXEMPLOS)
Desenvolvida pensando nas disciplinas que fazem parte das Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Matemática e suas Tecnologias. Nesses 
compilados nos deparamos com modelos de exercícios resolvidos e comentados, aquilo que parece abstrato e de difícil compreensão torna-se mais acessível 
e de bom entendimento aos olhos do estudante.
Através dessas resoluções é possível rever a qualquer momento as explicações dadas em sala de aula.
INTERATIVIDADE
Trata-se do complemento às aulas abordadas. É desenvolvida uma seção que oferece uma cuidadosa seleção de conteúdos para complementar o 
repertório do estudante. É dividido em boxes para facilitar a compreensão, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas e livros para o aprendizado do aluno. 
Tudo isso é encontrado em subcategorias que facilitam o aprofundamento nos temas estudados. Há obras de arte, poemas, imagens, artigos e até sugestões 
de aplicativos que facilitam os estudos, sendo conteúdos essenciais para ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica. Tudo é selecionado com finos 
critérios para apurar ainda mais o conhecimento do nosso estudante.
INTERDISCIPLINARIDADE
Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é elaborada, a cada aula, a seção interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares de 
hoje não exigem mais dos candidatos apenas o puro conhecimento dos conteúdos de cada área, de cada matéria.
Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abrangem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, como biologia e química, 
história e geografia, biologia e matemática, entre outros. Neste espaço, o estudante inicia o contato com essa realidade por meio de explicações que relacio-
nam a aula do dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de outros livros, sempre utilizando temas da atualidade. Assim, o estudante consegue entender 
que cada disciplina não existe de forma isolada, mas sim, fazendo parte de uma grande engrenagem no mundo em que ele vive.
APLICAÇÃO NO COTIDIANO
Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu distanciamento da realidade cotidiana no desenvolver do dia a dia, dificultando o 
contato daqueles que tentam apreender determinados conceitos e aprofundamento dos assuntos, para além da superficial memorização ou “decorebas” de 
fórmulas ou regras. Para evitar bloqueios de aprendizagem com os conteúdos, foi desenvolvida a seção "Aplicação no Cotidiano". Como o próprio nome já 
aponta, há uma preocupação em levar aos nossos estudantes a clareza das relações entre aquilo que eles aprendem e aquilo que eles têm contato em seu 
dia a dia.
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES
Elaborada pensando no Enem, e sabendo que a prova tem o objetivo de avaliar o desempenho ao fim da escolaridade básica, o estudante deve 
conhecer as diversas habilidades e competências abordadas nas provas. Os livros da “Coleção vestibulares de Medicina” contêm, a cada aula, algumas dessas 
habilidades. No compilado “Construção de Habilidades”, há o modelo de exercício que não é apenas resolvido, mas sim feito uma análise expositiva, descre-
vendo passo a passo e analisado à luz das habilidades estudadas no dia. Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a apurá-las na sua 
prática, identificá-las na prova e resolver cada questão com tranquilidade.
ESTRUTURA CONCEITUAL
Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Geramos aos estudantes o máximo de recursos para orientá-los em suas trajetórias. Um deles 
é a estrutura conceitual, para aqueles que aprendem visualmente a entender os conteúdos e processos por meio de esquemas cognitivos, mapas mentais e 
fluxogramas. Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta aos principais conteúdos 
ensinados no dia, o que facilita sua organização de estudos e até a resolução dos exercícios.
A edição 2019 foi elaborada com muito empenho e dedicação, oferecendo ao aluno um material moderno e completo, um grande aliado para o seu 
sucesso nos vestibulares mais concorridos de Medicina.
Herlan Fellini
SUMÁRIO
ENTRE LETRAS
GRAMÁTICA
LITERATURA
Aulas 1 e 2: Formação de palavras 7
Aulas 3 e 4: Artigos, substantivos e adjetivos 17
Aulas 5 e 6: Verbos: noções preliminares e modos indicativo e subjuntivo 29
Aulas 7 e 8: Verbos: modo imperativo e vozes verbais 39
Aulas 9 e10: Advérbios 45
Aulas 1 e 2: A arte literária e o estudo dos gêneros 55
Aulas 3 e 4: Trovadorismo: a literatura da Idade Média 69
Aulas 5 e 6: Humanismo e Classicismo 85
Aulas 7 e 8: Classicismo: Camões épico e lírico 101
Aulas 9 e 10: Quinhentismo e Barroco 115
FA
CU
LD
ADE DE MEDICINA
BOTUCATU
1963
Abordagem de GRAMÁTICA nos principais vestibulares.
FUVEST
Dentre os temas abordados neste caderno, os de maior incidência no vestibular da Fuvest são a 
formação de palavras e os usos de verbos no modo imperativo. Os demais temas são de aplica-
ção esporádica, requerendo atenção o uso de tempos verbais e de advérbios.
UNESP
Dentre os temas abordados neste caderno, os de maior incidência no vestibular da Unesp são a 
formação de palavras e os usos de vozes verbais. Os demais temas são de aplicação esporádica, 
requerendo atenção o uso de tempos verbais.
UNICAMP
Dentre os temas abordados neste caderno, o de maior incidência no vestibular da Unicamp é a 
formação de palavras. Os demais temas são de aplicação esporádica, requerendo atenção o uso 
de tempos verbais.
UNIFESP
Dentre os temas abordados neste caderno, os de maior incidência no vestibular da Unifesp são a 
formação de palavras e os usos de vozes verbais. Os demais temas são de aplicação esporádica, 
requerendo atenção o uso de tempos verbais e a aplicação geral de classes de palavras em certos 
contextos.
ENEM/UFMG/UFRJ
Dentre os temas abordados neste caderno, o de maior incidência no ENEM é o uso de tempos 
verbais. Os demais temas são de aplicação bastante esporádica.
UERJ
Dentre os temas abordados neste caderno, os de maior incidência no vestibular da UERJ são a 
formação de palavras e os usos de vozes verbais. Os demais temas são de aplicação esporádica, 
requerendo atenção o uso de tempos verbais.
COMO EPAS
PAS S
A S SA
AMAR
GOES
ARIA
S A S S
S S I N
S S A A
A M E M
T E M O
A M O R
PARA
AR I A
REST
EINS M E N T
E A M E
e l u z
Q U E A
MEMO
R I A A
F L O R D E M A
M O R I O R I A
I M P A
S S IM
DERA
TANT OAMA
I S Q U
Formação de palavras
Competências
1 e 8
Habilidades
1, 2, 3, 4, 26 e 27
L
ENTRE LETRAS
C
01 02
Competência 1 – Aplicar as tecnologias da comunicação e da informação na escola, no trabalho e em outros contextos relevantes para 
sua vida.
H1 Identificar as diferentes linguagens e seus recursos expressivos como elementos de caracterização dos sistemas de comunicação.
H2 Recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dos sistemas de comunicação e informação para resolver problemas sociais.
H3 Relacionar informações geradas nos sistemas de comunicação e informação, considerando a função social desses sistemas.
H4 Reconhecer posições críticas aos usos sociais que são feitos das linguagens e dos sistemas de comunicação e informação.
Competência 2 – Conhecer e usar língua(s) estrangeira(s) moderna(s) (LEM) como instrumento de acesso a informações e a outras 
culturas e grupos sociais.
H5 Associar vocábulos e expressões de um texto em LEM ao seu tema.
H6 Utilizar os conhecimentos da LEM e de seus mecanismos como meio de ampliar as possibilidades de acesso a informações, tecnologias e culturas.
H7 Relacionar um texto em LEM, as estruturas linguísticas, sua função e seu uso social.
H8 Reconhecer a importância da produção cultural em LEM como representação da diversidade cultural e linguística.
Competência 3 – Compreender e usar a linguagem corporal como relevante para a própria vida, integradora social e formadora da 
identidade.
H9 Reconhecer as manifestações corporais de movimento como originárias de necessidades cotidianas de um grupo social.
H10 Reconhecer a necessidade de transformação de hábitos corporais em função das necessidades cinestésicas.
H11
Reconhecer a linguagem corporal como meio de interação social, considerando os limites de desempenho e as alternativas de adaptação para 
diferentes indivíduos.
Competência 4 – Compreender a arte como saber cultural e estético gerador de significação e integrador da organização do mundo e 
da própria identidade.
H12 Reconhecer diferentes funções da arte, do trabalho da produção dos artistas em seus meios culturais.
H13 Analisar as diversas produções artísticas como meio de explicar diferentes culturas, padrões de beleza e preconceitos.
H14 Reconhecer o valor da diversidade artística e das inter-relações de elementos que se apresentam nas manifestações de vários grupos sociais e étnicos.
Competência 5 – Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus contextos, mediante 
a natureza, função, organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições de produção e recepção.
H15 Estabelecer relações entre o texto literário e o momento de sua produção, situando aspectos do contexto histórico, social e político.
H16 Relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de construção do texto literário.
H17 Reconhecer a presença de valores sociais e humanos atualizáveis e permanentes no patrimônio literário nacional.
Competência 6 – Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de organização cognitiva da 
realidade pela constituição de significados, expressão, comunicação e informação.
H18 Identificar os elementos que concorrem para a progressão temática e para a organização e estruturação de textos de diferentes gêneros e tipos.
H19 Analisar a função da linguagem predominante nos textos em situações específicas de interlocução.
H20 Reconhecer a importância do patrimônio linguístico para a preservação da memória e da identidade nacional
Competência 7 – Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes linguagens e suas manifestações específicas.
H21 Reconhecer em textos de diferentes gêneros, recursos verbais e não-verbais utilizados com a finalidade de criar e mudar comportamentos e hábitos.
H22 Relacionar, em diferentes textos, opiniões, temas, assuntos e recursos linguísticos.
H23 Inferir em um texto quais são os objetivos de seu produtor e quem é seu público alvo, pela análise dos procedimentos argumentativos utilizados.
H24
Reconhecer no texto estratégias argumentativas empregadas para o convencimento do público, tais como a intimidação, sedução, comoção, 
chantagem, entre outras.
Competência 8 – Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e integradora da organização 
do mundo e da própria identidade.
H25 Identificar, em textos de diferentes gêneros, as marcas linguísticas que singularizam as variedades linguísticas sociais, regionais e de registro.
H26 Relacionar as variedades linguísticas a situações específicas de uso social.
H27 Reconhecer os usos da norma padrão da língua portuguesa nas diferentes situações de comunicação.
Competência 9 – Entender os princípios, a natureza, a função e o impacto das tecnologias da comunicação e da informação na sua vida 
pessoal e social, no desenvolvimento do conhecimento, associando-o aos conhecimentos científicos, às linguagens que lhes dão suporte, 
às demais tecnologias, aos processos de produção e aos problemas que se propõem solucionar.
H28 Reconhecer a função e o impacto social das diferentes tecnologias da comunicação e informação.
H29 Identificar pela análise de suas linguagens, as tecnologias da comunicação e informação.
H30 Relacionar as tecnologias de comunicação e informação ao desenvolvimento das sociedades e ao conhecimento que elas produzem
9
MORFOLOGIA: FORMAÇÃO DE PALAVRAS
Neste tópico, estudaremos os processos de estruturação e formação de palavras do português.
 Radical (morfema lexical): é a parte da palavra que contém o significado mais geral e é comum às pa-
lavras chamadas de cognatas (também consideradas da mesma família).
Exemplos: terra; terreiro; terrestre; enterrar
 Vogal temática: é a vogal que aparece logo após o radical, “ajudando” as palavras a receber outro signi-
ficado. Aparece nos verbos, definindo se são de 1a, 2a ou 3a conjugação.
Exemplo: amar = am + a+ r, onde “am” é o radical, “a” é a vogal temática de 1a conjugação e “r” é a 
desinência de infinitivo.
 Tema: é a junção do radical + vogal temática ou desinência nominal.
 Desinências: indicam gênero e número, para desinência nominal, e indicam tempo e pessoa, para desinên-
cia verbal. As desinências nominais caracterizam as variações de substantivos, adjetivos e certos pronomes 
quanto ao gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural). As desinências verbais indicam as va-
riações dos verbos em pessoa (1a, 2a ou 3a), número (singular e plural) e tempo (presente, passado e futuro).
 Afixos: são elementos que se juntam ao radical para formar novas palavras. Podem aparecer antes do 
radical (prefixos) ou depois do radical (sufixos).
 Palavras primitivas: são aquelas que não derivam de outras.
Exemplos: pedra; noite
 Palavras derivadas: são aquelas que derivam de outras.
Exemplos: pedreiro; anoitecer
 Palavras simples: são aquelas que possuem apenas um radical.
Exemplos: couve; flor
 Palavras compostas: são aquelas que possuem mais de um radical.
Exemplo: couve-flor
Processos de formação
Basicamente, as palavras da língua portuguesa são formadas pelos processos de derivação e composi-
ção, mas também por outros como onomatopeia, neologismo e hibridismo.
Formação por derivação
No processo de formação por derivação, a palavra primitiva (primeiro radical) sofre acréscimo de afixos. São 
seis os tipos de formação por derivação.
 Derivação prefixal: acréscimo de prefixo à palavra primitiva.
Exemplo: in-capaz
 Derivação sufixal: acréscimo de sufixo à palavra primitiva.
Exemplo: papel-aria
10
 Derivação prefixal + sufixal: acrescenta-se 
um prefixo e um sufixo a um mesmo radical de 
modo sequencial, ou seja, os afixos não são en-
caixados ao mesmo tempo. Percebe-se facilmen-
te, ao remover um dos afixos, a presença de uma 
palavra com sentido completo.
Exemplo: in-feliz-mente
 Derivação parassintética: acréscimo simultâ-
neo de um prefixo e de um sufixo a um mesmo 
radical ou à palavra primitiva. Em geral, as for-
mações parassintéticas originam-se de substan-
tivos ou adjetivos para formarem verbos.
Exemplo: en-triste-cer
 Derivação regressiva: ocorre redução da pa-
lavra primitiva. Nesse processo, formam-se subs-
tantivos abstratos por derivação regressiva de 
formas verbais.
Exemplo: ajuda (substantivo abstrato da deri-
vação regressiva do verbo ajudar)
 Derivação imprópria: ocorre a alteração da 
classe gramatical da palavra primitiva.
Exemplos: (o) jantar – de verbo para subs-
tantivo; (um) Judas – de substantivo próprio 
para comum
Formação por composição
Nos processos de formação de palavras por 
composição, ocorre a junção de dois ou mais radicais. 
Palavras com significados distintos formam uma nova 
palavra com um novo significado.
Exemplo: guarda (flexão do verbo guardar; 
sentinela) + roupa (vestuário) = guarda-roupa 
(mobiliário)
São dois os processos de formação por compo-
sição:
 Composição por justaposição: quando não 
ocorre a alteração fonética das palavras. A jus-
taposição também pode ocorrer por hifenização. 
Exemplos: girassol (gira + sol); guarda-chuva 
(guarda + chuva)
 Composição por aglutinação: quando ocor-
re alteração fonética, em decorrência da perda 
de elementos das palavras.
Exemplos: aguardente (água + ardente); em-
bora (em + boa + hora)
Outros processos
Hibridismo
No processo de formação por hibridismo, as 
palavras compostas ou derivadas são constituídas por 
elementos originários de línguas diferentes:
 grego + latim: automóvel e monóculo
 latim + grego: sociologia, bicicleta
 árabe + grego: alcaloide, alcoômetro
 tupi + grego: caiporismo
 africano + latim: bananal
 africano + grego: sambódromo
 francês + grego: burocracia
Neologismo
Neologismo é o nome dado ao processo de 
criação de novas palavras ou palavras da própria lín-
gua portuguesa que adquirem um novo significado. 
Exemplos: 
 Originalmente, a palavra bonde significava 
certo veículo utilizado como meio de transpor-
te. Hoje, na variedade linguística utilizada por 
falantes inseridos no estilo do funk carioca, foi 
dado um novo significado para a palavra bonde: 
turma, galera.
 É comum formar verbos a partir de palavras do 
meio da informática, como googlar (procurar 
no Google), twittar (escrever no Twitter) ou re-
setar (de reset).
11
APLICAÇÃO NO COTIDIANO
A tabela abaixo traz os significados de alguns prefixos e radicais, alguns frequentemente usados no 
dia a dia.
Prefixos latinos Significados Exemplos
a–, ab–, abs– afastamento, separação abstenção, abdicar
a–, ad–, ar–, as– aproximação, direção adjunto, advogado, arribar, assentir
ambi– ambiguidade, duplicidade ambivalente, ambíguo
ante– anterioridade anteontem, antepassado
aquém– do lado de cá aquém-mar
bene–, bem– excelência, bem beneficente, benfeitor
bis–, bi– dois, duas vezes, repetição bípede, binário, bienal
com– (con–), co– (cor–) companhia, contiguidade compor, conter, cooperar
contra– oposição controvérsia, contraveneno
cis– posição, aquém de cisandino, cisalpino
de–, des–
separação, privação, negação, 
movimento de cima para baixo
deportar, demente, descrer, decair, decrescer, demolir
dis– separação, negação dissidência, disforme
Prefixos gregos Significados Exemplos
acro– alto acrobata, acrópole
aero– casa aerodinâmica
agro– campo agrônomo, agricultura
antropo– homem antropofagia, filantropo
homo– igual homônimo, homógrafo
idio– próprio idioma, idioblasto
macro–, megalo– grande, longo macronúcleo, megalópole
metra– mãe, útero endométrio, metrópole
meso– meio mesóclise, mesoderma
micro– pequeno micróbio, microscópio
mono– um monarquia, monarca
necro– morto necrópole, necrofilia, necropsia
nefro– rim nefrite, nefrologia
odonto– dente odontalgia, odontologia
oftalmo– olho oftalmologia, oftalmoscópio
onto– ser, indivíduo ontologia
orto– correto ortópteros, ortodoxo, ortodontia
pneumo– pulmão pneumonia, dispneia
12
Prefixos latinos Significados Exemplos
e– ,em– ,em– introdução, superposição engarrafar, empilhar
e–, es–, ex– movimento para fora, privação emergir, expelir, escorrer, extrair, exportar, esvaziar, esconder, explodir
extra– posição exterior, excesso extraconjugal, extravagância
intra–, posição interior intrapulmonar, intravenoso
i–, im–, in– negação, mudança ilegal, imberbe, incinerar
infra– abaixo, na parte inferior infravermelho, infraestrutura,
intra–, intro– movimento para dentro imersão, impressão, inalar, intrapulmonar, introduzir
justa– posição ao lado justalinear, justapor
o–, ob– posição em frente, oposição obstáculo, obsceno, opor, ocorrer
per– movimento através de perpassar, pernoite
pos– ação posterior, em seguida pós-datar, póstumo
pre– anterioridade, superioridade pré-natal, predomínio
pro– antes, em frente, intensidade projetar, progresso, prolongar
preter–, pro– além de, mais para frente prosseguir
re– repetição, para trás recomeço, regredir
retro– movimento mais para trás retrospectivo
Radicais gregos Significados Exemplos
–agogo o que conduz demagogo, pedagogo
–alg, –algia sofrimento, dor analgésico, cefalalgia, lombalgia
–arca o que comanda monarca, heresiarca
–arquia comando, governo anarquia, autarquia, monarquia
–cracia autoridade, poder aristocracia, plutocracia, gerontocracia
–doxo que opina paradoxo, heterodoxo
–dromo corrida, pista hipódromo
–fagia ato de comer antropofagia, necrofagia
–fago que come antropófago, necrófago
–filo, –filia amigo, amizade bibliófilo, xenófilo, lusofilia
–fobia inimizade, ódio, temor xenofobia
–fobo aquele que odeia xenófobo, hidrófobo
–gamia casamento monogamia, poligamia
–gene que gera, origem heterogêneo, alienígena
–gênese geração esquizogênese, metagênese
–gine mulher andrógino, ginecóforo
–grafia descrição, escrita caligrafia, geografia
–gono ângulo pentágono, eneágono
–latria que cultiva idolatria
–log, –logia que trata, estudo psicólogo, andrologia
–mancia adivinhação cartomante, quiromancia
–mani loucura, tendênciamegalomaníaco
–mania loucura, tendência cleptomania
–metro que mede barômetro, termômetro
13
Radicais latinos Significados Exemplos
aristo– melhor aristocracia
arqueo– antigo arqueologia, arqueólogo
anthos– flor antologia, crisântemo, perianto
atmo– ar atmosfera
auto– mesmo, próprio autoajuda, autômato
baro– peso, pressão barômetro, barítono
biblio– livro bibliófilo, biblioteca
bio– vida biologia, anfíbio
caco– mau cacofonia, cacoete
cali– belo caligrafia, calígrafo
carpo– fruto pericarpo
céfalo– cabeça cefalópodes, cefaleia, acéfalo
cito– célula citoplasma, citologia
copro– fezes coprologia, coprófagas
cosmo– mundo microcosmo, cosmonauta
crono– tempo cronômetro, diacrônico
dico– em duas partes dicotomia, dicogamia
eno– vinho enologia, enólogo
entero– intestino enterite, disenteria
etno– povo étnico, etnia, etnografia
filo–, filia– amigo, amizade filósofo, filantropia
fono– som, voz fonética, disfônica
gastro– estômago gastrite, gastronomia
hemo– sangue hemorragia, hemodiálise
hidro– água hidravião, hidratação
Radicais gregos Significados Exemplos
–morfo forma, que tem a forma amorfa, zoomórfico
–onimo nome sinônimo, topônimo
–polis, –pole cidade metrópole
–potamo rio mesopotâmia, hipopótamo
–ptero asa helicóptero
–scopia o que faz ver endoscopia, telescópio
–sofia sabedoria, saber filosofia, teosofia
–soma corpo cromossomo
–stico verso monóstico, dístico
–teca lugar, coleção biblioteca, hemeroteca
–terapia cura, tratamento hidroterapia
–tomia corte, divisão vasectomia, anatomia
–topo lugar topografia, topônimo
–tono tom barítono, monótono
14 14
Radicais latinos Significados Exemplos
higro– úmido higrófito, higrômetro
hipo– cavalo hipódromo, hipopótamo
–ambulo que anda noctâmbulo, sonâmbulo
–cida que mata fraticida, inseticida
–cola que habita arborícola, silvícola
–cultura que cultiva triticultura, vinicultura
–evo idade longeva, longevidade
–fero que contém ou produz mamífero, aurífero
–fico que faz ou produz benéfico, maléfico
–forme que tem a forma cordiforme, uniforme
–fugo que foge vermífugo, centrífugo
–grado grau, passo centígrado
–luquo que fala ventríloquo
–paro que produz ovíparo
–pede pé velocípede, bípede
–sono que soa uníssono
–vago que vaga noctívago
–voro que come carnívoro, herbívoro, onívoro
15
Diversonagens suspersas (Paulo Leminski)
Neste poema, o autor joga com os diferentes sentidos produzidos por morfemas iguais ou semelhantes.
Meu verso, temo, vem do berço. 
Não versejo porque eu quero, 
versejo quando converso 
e converso por conversar. 
Pra que sirvo senão pra isto, 
pra ser vinte e pra ser visto, 
pra ser versa e pra ser vice, 
pra ser a super-superfície 
onde o verbo vem ser mais? 
Não sirvo pra observar. 
Verso, persevero e conservo 
um susto de quem se perde 
no exato lugar onde está. 
Onde estará meu verso? 
Em algum lugar de um lugar, 
onde o avesso do inverso 
começa a ver e ficar. 
Por mais prosas que eu perverta, 
não permita Deus que eu perca 
meu jeito de versejar.
(Paulo Leminski, in: Toda Poesia)
POEMA
 ESTRUTURA CONCEITUAL
GRAMÁTICA
NORMATIVA
ESTUDO DOS PROCESSOS DE 
FORMAÇÃO DE PALAVRAS CLASSES DE
PALAVRAS
ARTIGO
SUBSTANTIVO
ADJETIVO
VERBO
ADVÉRBIO
PRONOME
NUMERAL
PREPOSIÇÃO
CONJUNÇÃO
INTERJEIÇÃO
FORMAÇÃO DE PALAVRASFORMAÇÃO DE PALAVRAS
FORMAÇÃO DE 
PALAVRAS 
A PARTIR DE 
UM ÚNICO RADICAL
SUFIXAL
PREFIXAL
IMPRÓPRIA
REGRESSIVA
PARASSINTÉTICA
JUSTAPOSIÇÃO
AGLUTINAÇÃO
FORMAÇÃO DE 
PALAVRAS
COM MAIS 
DE UM RADICAL
MORFOLOGIA
DERIVAÇÃO COMPOSIÇÃO
16
Artigos, substantivos
e adjetivos
Competências
1 e 8
Habilidades
1, 2, 3, 4, 26 e 27
Ge
ra
lt/
Pi
xa
ba
y
L
ENTRE LETRAS
C
03 04
Competência 1 – Aplicar as tecnologias da comunicação e da informação na escola, no trabalho e em outros contextos relevantes para 
sua vida.
H1 Identificar as diferentes linguagens e seus recursos expressivos como elementos de caracterização dos sistemas de comunicação.
H2 Recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dos sistemas de comunicação e informação para resolver problemas sociais.
H3 Relacionar informações geradas nos sistemas de comunicação e informação, considerando a função social desses sistemas.
H4 Reconhecer posições críticas aos usos sociais que são feitos das linguagens e dos sistemas de comunicação e informação.
Competência 2 – Conhecer e usar língua(s) estrangeira(s) moderna(s) (LEM) como instrumento de acesso a informações e a outras 
culturas e grupos sociais.
H5 Associar vocábulos e expressões de um texto em LEM ao seu tema.
H6 Utilizar os conhecimentos da LEM e de seus mecanismos como meio de ampliar as possibilidades de acesso a informações, tecnologias e culturas.
H7 Relacionar um texto em LEM, as estruturas linguísticas, sua função e seu uso social.
H8 Reconhecer a importância da produção cultural em LEM como representação da diversidade cultural e linguística.
Competência 3 – Compreender e usar a linguagem corporal como relevante para a própria vida, integradora social e formadora da 
identidade.
H9 Reconhecer as manifestações corporais de movimento como originárias de necessidades cotidianas de um grupo social.
H10 Reconhecer a necessidade de transformação de hábitos corporais em função das necessidades cinestésicas.
H11
Reconhecer a linguagem corporal como meio de interação social, considerando os limites de desempenho e as alternativas de adaptação para 
diferentes indivíduos.
Competência 4 – Compreender a arte como saber cultural e estético gerador de significação e integrador da organização do mundo e 
da própria identidade.
H12 Reconhecer diferentes funções da arte, do trabalho da produção dos artistas em seus meios culturais.
H13 Analisar as diversas produções artísticas como meio de explicar diferentes culturas, padrões de beleza e preconceitos.
H14 Reconhecer o valor da diversidade artística e das inter-relações de elementos que se apresentam nas manifestações de vários grupos sociais e étnicos.
Competência 5 – Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus contextos, mediante 
a natureza, função, organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições de produção e recepção.
H15 Estabelecer relações entre o texto literário e o momento de sua produção, situando aspectos do contexto histórico, social e político.
H16 Relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de construção do texto literário.
H17 Reconhecer a presença de valores sociais e humanos atualizáveis e permanentes no patrimônio literário nacional.
Competência 6 – Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de organização cognitiva da 
realidade pela constituição de significados, expressão, comunicação e informação.
H18 Identificar os elementos que concorrem para a progressão temática e para a organização e estruturação de textos de diferentes gêneros e tipos.
H19 Analisar a função da linguagem predominante nos textos em situações específicas de interlocução.
H20 Reconhecer a importância do patrimônio linguístico para a preservação da memória e da identidade nacional
Competência 7 – Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes linguagens e suas manifestações específicas.
H21 Reconhecer em textos de diferentes gêneros, recursos verbais e não-verbais utilizados com a finalidade de criar e mudar comportamentos e hábitos.
H22 Relacionar, em diferentes textos, opiniões, temas, assuntos e recursos linguísticos.
H23 Inferir em um texto quais são os objetivos de seu produtor e quem é seu público alvo, pela análise dos procedimentos argumentativos utilizados.
H24
Reconhecer no texto estratégias argumentativas empregadas para o convencimento do público, tais como a intimidação, sedução, comoção, 
chantagem, entre outras.
Competência 8 – Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e integradora da organização 
do mundo e da própria identidade.
H25 Identificar, em textos de diferentesgêneros, as marcas linguísticas que singularizam as variedades linguísticas sociais, regionais e de registro.
H26 Relacionar as variedades linguísticas a situações específicas de uso social.
H27 Reconhecer os usos da norma padrão da língua portuguesa nas diferentes situações de comunicação.
Competência 9 – Entender os princípios, a natureza, a função e o impacto das tecnologias da comunicação e da informação na sua vida 
pessoal e social, no desenvolvimento do conhecimento, associando-o aos conhecimentos científicos, às linguagens que lhes dão suporte, 
às demais tecnologias, aos processos de produção e aos problemas que se propõem solucionar.
H28 Reconhecer a função e o impacto social das diferentes tecnologias da comunicação e informação.
H29 Identificar pela análise de suas linguagens, as tecnologias da comunicação e informação.
H30 Relacionar as tecnologias de comunicação e informação ao desenvolvimento das sociedades e ao conhecimento que elas produzem
19
ARTIGOS
O artigo é a palavra que se antepõe a um substantivo (é um marcador pré-nominal), com a função inicial de 
determiná-lo, ou indeterminá-lo. São classificados em dois grupos: definidos e indefinidos.
 Artigos definidos: determinam o substantivo de maneira precisa. São eles: o(s), a(s).
Exemplo: Preciso que você me traga a cadeira branca. 
(O artigo definido marca a necessidade de se pegar uma cadeira determinada.)
 Artigos indefinidos: determinam o substantivo de maneira vaga/imprecisa. São eles: um(uns), uma(s).
Exemplo: Preciso que você me traga uma cadeira branca.
(O artigo indefinido marca a necessidade de se pegar uma cadeira qualquer, indeterminada.)
Artigo combinado com preposições
A contração de artigos com preposições é um movimento essencial para demarcação de sentido em cons-
truções textuais. Muitas vezes, fazer ou não fazer a contração do artigo com a preposição pode alterar significativa-
mente o entendimento que se tem de um texto. Esses eventos textuais serão discutidos no próximo tópico (o artigo 
aplicado ao texto). Ficaremos aqui com as possibilidades de contração do artigo com a preposição.
Preposições
Artigos
o, os à, às * um, uns uma, umas
a ao, aos à, às * — —
de do, dos da, das dum, duns duma, dumas
em no, nos na, nas num, nuns numa, numas
por pelo, pelos pela, pelas — —
* A junção de “a” preposição + “a” artigo é o que dá origem ao fenômeno da crase, que será discutido em momento oportuno.
Artigo aplicado ao texto
O artigo talvez seja uma das classes gramaticais mais subestimadas da língua portuguesa, e isso ocorre, 
principalmente, pelo fato de, em âmbito escolar, ser apresentado apenas em suas características estruturais mais 
básicas, sem o devido aprofundamento semântico ou textual que os vestibulares costumam abordar. Por esse mo-
tivo, apresentaremos a seguir as aplicações textuais do artigo.
Artigo como marcador de quantidade
A presença ou ausência do artigo pode servir como quantificador de elementos.
Exemplos: 
 Ele trocou o dinheiro em casa de câmbio da Rua do Ouvidor.
(A ausência de artigo indica que há mais de uma casa de câmbio na rua).
 Ele trocou o dinheiro na casa de câmbio da Rua do Ouvidor.
(A presença de artigo indica que há apenas uma casa de câmbio na rua).
20
Artigo como marcador 
de convívio/intimidade
A presença ou ausência do artigo pode servir como 
algo que marca certos afetos em relação aos indivíduos. 
Exemplos: 
 A gerência será assumida por Gerson Soares, do 
almoxarifado.
(A ausência de artigo indica distanciamento de 
Gerson, marcando o fato de que, possivelmente, 
nem todos o conhecem.)
 A gerência será assumida pelo Gerson Soares, 
do almoxarifado.
(A presença de artigo indica intimidade com Ger-
son, podendo marcar uma conversa entre pesso-
as que conhecem o Gerson.)
Artigo marcando conhecimento ou 
desconhecimento de substantivos
Os artigos definido e indefinido podem marcar o 
conhecimento ou o desconhecimento de certos assun-
tos conduzidos por substantivos.
Exemplos: 
 Foi localizado ontem o jovem serial-killer que 
havia fugido da cadeia.
(O artigo definido nos transmite a ideia de que 
a notícia da fuga do jovem era de conhecimento 
dos leitores; ou seja, o substantivo era conhecido.) 
 Foi localizado ontem um jovem serial-killer que 
havia fugido da cadeia.
(O artigo indefinido nos transmite a ideia de que 
a fuga do jovem era novidade para os leitores; 
ou seja, o substantivo era desconhecido.)
Artigo como particularizador 
ou generalizador
Exemplos: 
 Garfield é um gato.
(O artigo indefinido marca a ideia de que 
Garfield é mais um entre os vários gatos no 
mundo; ou seja, generaliza o substantivo.)
 Garfield é o gato.
(O artigo definido marca a ideia de que Garfield 
é um gato especial em relação a outros gatos; ou 
seja, particulariza e destaca o substantivo.)
Artigo como marcador de coerência textual
Para marcarmos coerência textual, muitas vezes 
nos valemos das capacidades de determinação e inde-
terminação dos artigos.
Exemplo:
 Um rapaz magrinho apareceu em casa ontem 
vendendo umas bíblias. O rapaz era bem simpá-
tico, estava bem vestido, mas me irritou quando...
No exemplo apresentado, constatamos que 
quando precisamos introduzir uma informação que 
nosso interlocutor desconhece, nos valemos primeiro 
de um artigo indefinido, e depois de apresentado o 
substantivo (no caso, o rapaz) começamos a demarcá-
-lo a partir do artigo definido. Há também outra possi-
bilidade de organização:
Exemplos: 
— Então, como é o sítio?
— Bem, é um sítio antigo, retiramos a água do 
poço, mas é bastante tranquilo... 
Nesse segundo exemplo, a coerência textual é 
definida quando é apresentado um substantivo defini-
do que nosso interlocutor conhece. Para satisfazer a de-
manda de explicação, o interlocutor abre sua explicação 
marcando o substantivo com artigo indefinido.
SUBSTANTIVOS
É a classe de palavras variável que dá nome aos 
seres, objetos e coisas em geral.
Classificação
 Próprios: nomeiam a totalidade dos seres de 
uma espécie (designação genérica) ou o indivíduo 
único de determinada designação específica. 
Exemplos: Paulo; Pedro; Roma; Folha de S.Paulo.
 Comuns: nomeiam, sem distinção, todo e 
qualquer ser de uma espécie. 
Exemplos: cadeira; porta; sala.
 Concretos: nomeiam os seres de existência 
concreta, real, palpável (a pedra ou a porta, por 
exemplo) e também seres dos quais já se cons-
tituiu uma imagem histórica (a bruxa ou a fada, 
por exemplo).
 Abstratos: nomeiam sentimentos/sensações, 
elementos não palpáveis. 
Exemplos: maldade; compaixão; beijo.
21
Flexões de substantivos
Número
Os substantivos podem se flexionar por núme-
ro, indicando quantidades de certos termos/elementos. 
Existe, a princípio, uma regra geral, e também algumas 
variantes que são apresentadas a seguir:
 Regra geral: o plural dos substantivos termina-
dos em vogal ou ditongo exige o acréscimo do 
sufixo marcador de plural “–s”. 
Exemplos: cadeira > cadeiras; 
mãe > mães; perna > pernas. 
 Substantivos terminados em ”–ão”
1. Fazem o plural em “–ãos”. 
Exemplos: cidadão > cidadãos;
irmão > irmãos; órgão > órgãos.
2. Fazem o plural em “–ães”. 
Exemplos: escrivão > escrivães;
cão > cães; alemão > alemães.
3. Fazem o plural em “–ões”. 
Exemplos: canção > canções; 
gavião > gaviões; botão > botões.
 Substantivos terminados em consoantes
1. “r“, “z“ e “n“ fazem o plural em “–es“. 
Exemplos: mar > mares; rapaz > rapazes.
2. Substantivos oxítonos terminados em “–s“ e 
“–z“ fazem o plural em “–es“.
Exemplos: país > países; raiz > raízes.
3. Substantivos paroxítonos terminados em “–s“ 
são invariáveis. 
Exemplos: atlas > atlas; lápis > lápis.
4. Substantivos terminados em “–al“, “–el“, “–
ol“ e “–ul“ substituem no plural o “–l“ por 
“–is“. 
Exemplo: animal > animais.
5. Substantivos oxítonos terminados em “–il“ 
fazem o plural em “–s“. 
Exemplos: ardil > ardis; funil > funis.
6. Substantivos paroxítonos terminados em “–
il“ fazem o plural em “–eis“.
Exemplos: fóssil > fósseis.Gênero
Os substantivos podem se flexionar também 
por gênero, indicando quantidades de certos termos/
elementos. Também existe uma regra geral e algumas 
variantes a serem observadas:
 Regra geral: o feminino dos substantivos é 
formado pela substituição da desinência “-o” 
(masculino) pela desinência “–a” (feminino). 
São conhecidos como substantivos biformes, 
pois possuem duas formas diferentes para de-
signação de gênero.
Exemplos: menino > menina; garoto > garota.
Há também substantivos biformes formados por 
radicais diferentes. 
Exemplos: homem > mulher; cavalheiro > dama.
 Substantivos uniformes: são aqueles que 
apresentam uma única forma para marcação de 
gênero:
1. Epicenos: usados para nomes de animais de 
um gênero só que designam ambos os sexo. 
Exemplos: a águia; a mosca; o condor; 
o gavião.
Observação
Caso haja necessidade de especificar 
o sexo do animal, juntam-se aos substanti-
vos os adjetivos macho ou fêmea:
Exemplos: 
gavião macho > gavião fêmea; 
tatu macho > tatu fêmea.
2. Comum de dois: a marcação de gênero é 
feita exclusivamente pelos artigos. O substan-
tivo se mantém. 
Exemplos: o agente > a agente; 
o gerente > a gerente.
3. Sobrecomuns: designam ambos os sexos 
com forma masculina ou feminina. 
Exemplos: a criança; a testemunha; a vítima.
4. Flexão de grau: os substantivos se flexio-
nam por grau, e marcam aumento ou dimi-
nuição:
Grau normal: homem; boca.
Grau aumentativo: homenzarrão; bocarra.
Grau diminutivo: homenzinho; boquinha.
22
Grau diminutivo / aumentativo sintéti-
co: chapeuzinho, chapelão; homúnculo, ho-
menzarrão; boquinha, bocarra.
Grau diminutivo / aumentativo analí-
tico (junta-lhe um adjetivo que indique au-
mento ou diminuição): boca grande; homem 
pequeno.
ADJETIVOS
É a palavra que acompanha e modifica o subs-
tantivo, podendo caracterizá-lo ou qualificá-lo.
Nomes substantivos e 
nomes adjetivos
No contexto de uma frase, é possível identificar 
palavras de outras classes, entre elas os adjetivos, que 
se transformam em nomes (substantivos) desde que 
precedidas de um artigo. Exemplos: o jovem desem-
pregado; um desempregado jovem.
 Adjetivos pátrios e gentílicos
Derivados de substantivos, os adjetivos que in-
dicam a nacionalidade de pessoas e coisas são 
chamados pátrios. Exemplos: brasileiro; minei-
ro; paranaense; paulista; português.
Os que indicam etnias e povos são os adjetivos 
gentílicos. Exemplos: israelita; semita; gaúcho; 
carioca; potiguar; europeu; africano.
 Adjetivos pátrios compostos
Exemplos: luso-brasileiro; euro-asiático; teuto-
-brasileiro; afro-americano; franco-suíço; hispa-
no-americano; austro-húngaro; indo-europeu, 
anglo-americano.
Flexão do adjetivo
 Número: o adjetivo toma a forma singular ou 
plural do substantivo que ele determina. 
Exemplos: aluno estudioso > alunos estudiosos; 
aluna aplicada > alunas aplicadas; 
perfume francês > perfumes franceses.
 Plural dos adjetivos compostos: apenas o 
último elemento vai para o plural. 
Exemplos: clínicas médico-dentárias; institutos 
ítalo-brasileiros.
Observação 1
Há uma exceção: surdo-mudo > surdos-mudos.
Observação 2
São invariáveis os adjetivos referentes a cores, 
se o último elemento ou ambos forem substanti-
vos: blusas vermelho-sangue; vestidos cor de rosa; 
blusas verde-limão.
Grau dos adjetivos
 Comparativo: indica determinada qualidade 
em grau igual, superior ou inferior a outra. 
Exemplos:
Pedro é tão estudioso como (ou quanto) Rodrigo.
Pedro é mais estudioso que Rodrigo.
Pedro é menos estudioso que Rodrigo.
 Superlativo: pode indicar determinada quali-
dade em grau elevado (superlativo absoluto).
Exemplos:
Pedro é inteligentíssimo. 
Rodrigo é muito inteligente.
Pode indicar determinada qualidade em grau 
mais ou menos elevado em comparação à totali-
dade dos seres (superlativo relativo).
Exemplos:
João é o aluno mais estudioso da classe. (su-
perlativo relativo de superioridade)
João é o aluno menos estudioso da classe. 
(superlativo relativo de inferioridade)
SUBSTANTIVOS E ADJETIVOS 
APLICADOS AO TEXTO
Tanto os substantivos quanto os adjetivos têm im-
portantíssimas aplicações textuais, que serão exploradas 
em gêneros textuais variados. Vejamos como funcionam...
Substantivo e texto
A construção de um texto depende essencial-
mente dos substantivos, pois é deles que parte o pro-
cesso de referencialidade. Entende-se por referencia-
lidade a capacidade que os substantivos têm de apontar 
23
para os elementos do mundo que compõem sentido, e 
também de fazer com que esses sentidos sejam cons-
truídos à medida que novos substantivos apareçam no 
texto. O movimento de referencialidade parte de três 
pressupostos importantes:
 Introdução/construção: apresenta um subs-
tantivo no texto, não apenas o introduz, como 
constitui uma ideia. É a partir desse substantivo 
que o texto se constrói.
 Retomada/manutenção: usam-se outros subs-
tantivos muito similares ao primeiro, que permi-
tem retomar a ideia inicialmente apresentada (o 
que contribui para a manutenção de sentido)
 Desfocalização: é o momento do texto em que 
entram em cena novos substantivos que tomam 
o foco para si e ampliam os sentidos do texto.
Adjetivo e texto
Os adjetivos exercem o importante papel de con-
duzir os processos descritivos de um texto. Em termos 
mais claros, os adjetivos são responsáveis por compor 
sentenças que, por exemplo, caracterizem os persona-
gens de uma narrativa (suas roupas, atitudes) ou que 
apresentem detalhes a respeito de uma localização 
(detalhes de uma cidade, ou ambiente florestal), entre 
outras caracterizações. Em textos literários brasileiros 
do período romântico, por exemplo, havia a necessida-
de de se evidenciar características que valorizassem a 
nação, por esse motivo encontramos obras em que há 
grandes processos de adjetivação, caracterizando o am-
biente brasileiro (o livro Iracema, de José de Alencar, é 
um grande exemplo).
INTERATIVIAA DADE
LER
No primeiro, o autor trabalha com os sentidos das palavras “autor” e 
“defunto” em diferentes classes gramaticais.
Capítulo I - ÓBITO DO AUTOR
Algum tempo hesitei se devia estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto 
é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto 
o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me leveram 
a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um 
autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a 
segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que 
também contou a sua morte, não a pôs no introito, mas no cabo: diferença 
radical este livro e o Pentateuco.
2424
INTERDISCIPLINARIDADE
Canção: Esse cara (Caetano Veloso)
A canção, em seu refrão, recorre às propriedades semânti-
cas do emprego dos artigos: “Ele é o homem 
Eu sou apenas uma mulher”.
ESSE CARA
Ah! Que esse cara tem me consumido 
A mim e a tudo que eu quis 
Com seus olhinhos infantis 
Como os olhos de um bandido 
Ele está na minha vida porque quer 
Eu estou pra o que der e vier 
Ele chega ao anoitecer 
Quando vem a madrugada ele some 
Ele é quem quer 
Ele é o homem 
Eu sou apenas uma mulher
Canção: O nome das coisas (Karnak)
A canção é composta por substantivos de diferentes naturezas.
Nomes se dão às coisas
Nomes se dão
Nomes se dão às pessoas
Nomes se dão
Nomes se dão aos deuses na imensidão do céu
Nomes se dão aos barquinhos na imensidão do mar
Nomes se dão às doenças na imensidão da dor
Nomes se dão às crianças na imensidão do amor
You and me
Salame
Batata
Barata
Bigorna
Casa
Comida
Bicho
Paçoca
Tampinha de caneta
Bolinha de sabão
Rabo de galo
Circo
Pão
Conchinha de galinha
Coxinha do mar
Linha
Palito
Terra
Água
Ar
Seriema
Tatu
Merthiolate
Saci
Rocambole de laranja
Revista
Gibi
Pipoca
Margarina
25
Lentilha
Leitão
Carrinho de feira
Terremoto
Furacão
Centopeia
Isqueiro
Cefaleia
Blefarite
Cimento
Colar
Risole
Rinite
Armário
Geladeira
FuradeiraCobertor
Ladeira
Pedreira
Fogueira
Extintor
Jeton
Bazuca
Suporte
Argamassa
Fio de nylon
Lamparina
Chocolate
Queratina
Juliana
Cadarço
Picareta
Beija-flor
Convidados
Esfiha
Chupeta
Fruta-cor
Trompete
Arame
Hepatite
Fax-símile
Chocalho
Geleia
Biga
Mocreia
Apolo
Nostradamus
Filarmônica
Marisa
Biriba
Pelé
Afrodite
José
Filho
Veleiro
Alá
Deus
Salomão
Peixe
Pão
26
 ESTRUTURA CONCEITUAL
GRAMÁTICA
NORMATIVA
MORFOLOGIA
CLASSE DAS
PALAVRAS
ESTUDO DOS PROCESSOS DE 
FORMAÇÃO DE PALAVRAS
ARTIGO
PALAVRA VARIÁVEL
QUE SE ANTEPÕE
AO SUBSTANTIVO,
DETERMINANDO-O
ADJETIVO
PALAVRA VARIÁVEL 
QUE ESPECIFICA 
O SUBSTANTIVO,
CARACTERIZANDO-O
SUBSTANTIVO
PALAVRA VARIÁVEL QUE
DÁ NOME A SERES REAIS,
IMAGINÁRIOS OU IDEIAS
27
Verbos: noções preliminares e 
modos indicativo e subjuntivo
Competências
1 e 8
Habilidades
1, 2, 3, 4, 26 e 27
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y
L
ENTRE LETRAS
C
05 06
Competência 1 – Aplicar as tecnologias da comunicação e da informação na escola, no trabalho e em outros contextos relevantes para 
sua vida.
H1 Identificar as diferentes linguagens e seus recursos expressivos como elementos de caracterização dos sistemas de comunicação.
H2 Recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dos sistemas de comunicação e informação para resolver problemas sociais.
H3 Relacionar informações geradas nos sistemas de comunicação e informação, considerando a função social desses sistemas.
H4 Reconhecer posições críticas aos usos sociais que são feitos das linguagens e dos sistemas de comunicação e informação.
Competência 2 – Conhecer e usar língua(s) estrangeira(s) moderna(s) (LEM) como instrumento de acesso a informações e a outras 
culturas e grupos sociais.
H5 Associar vocábulos e expressões de um texto em LEM ao seu tema.
H6 Utilizar os conhecimentos da LEM e de seus mecanismos como meio de ampliar as possibilidades de acesso a informações, tecnologias e culturas.
H7 Relacionar um texto em LEM, as estruturas linguísticas, sua função e seu uso social.
H8 Reconhecer a importância da produção cultural em LEM como representação da diversidade cultural e linguística.
Competência 3 – Compreender e usar a linguagem corporal como relevante para a própria vida, integradora social e formadora da 
identidade.
H9 Reconhecer as manifestações corporais de movimento como originárias de necessidades cotidianas de um grupo social.
H10 Reconhecer a necessidade de transformação de hábitos corporais em função das necessidades cinestésicas.
H11
Reconhecer a linguagem corporal como meio de interação social, considerando os limites de desempenho e as alternativas de adaptação para 
diferentes indivíduos.
Competência 4 – Compreender a arte como saber cultural e estético gerador de significação e integrador da organização do mundo e 
da própria identidade.
H12 Reconhecer diferentes funções da arte, do trabalho da produção dos artistas em seus meios culturais.
H13 Analisar as diversas produções artísticas como meio de explicar diferentes culturas, padrões de beleza e preconceitos.
H14 Reconhecer o valor da diversidade artística e das inter-relações de elementos que se apresentam nas manifestações de vários grupos sociais e étnicos.
Competência 5 – Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus contextos, mediante 
a natureza, função, organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições de produção e recepção.
H15 Estabelecer relações entre o texto literário e o momento de sua produção, situando aspectos do contexto histórico, social e político.
H16 Relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de construção do texto literário.
H17 Reconhecer a presença de valores sociais e humanos atualizáveis e permanentes no patrimônio literário nacional.
Competência 6 – Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de organização cognitiva da 
realidade pela constituição de significados, expressão, comunicação e informação.
H18 Identificar os elementos que concorrem para a progressão temática e para a organização e estruturação de textos de diferentes gêneros e tipos.
H19 Analisar a função da linguagem predominante nos textos em situações específicas de interlocução.
H20 Reconhecer a importância do patrimônio linguístico para a preservação da memória e da identidade nacional
Competência 7 – Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes linguagens e suas manifestações específicas.
H21 Reconhecer em textos de diferentes gêneros, recursos verbais e não-verbais utilizados com a finalidade de criar e mudar comportamentos e hábitos.
H22 Relacionar, em diferentes textos, opiniões, temas, assuntos e recursos linguísticos.
H23 Inferir em um texto quais são os objetivos de seu produtor e quem é seu público alvo, pela análise dos procedimentos argumentativos utilizados.
H24
Reconhecer no texto estratégias argumentativas empregadas para o convencimento do público, tais como a intimidação, sedução, comoção, 
chantagem, entre outras.
Competência 8 – Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e integradora da organização 
do mundo e da própria identidade.
H25 Identificar, em textos de diferentes gêneros, as marcas linguísticas que singularizam as variedades linguísticas sociais, regionais e de registro.
H26 Relacionar as variedades linguísticas a situações específicas de uso social.
H27 Reconhecer os usos da norma padrão da língua portuguesa nas diferentes situações de comunicação.
Competência 9 – Entender os princípios, a natureza, a função e o impacto das tecnologias da comunicação e da informação na sua vida 
pessoal e social, no desenvolvimento do conhecimento, associando-o aos conhecimentos científicos, às linguagens que lhes dão suporte, 
às demais tecnologias, aos processos de produção e aos problemas que se propõem solucionar.
H28 Reconhecer a função e o impacto social das diferentes tecnologias da comunicação e informação.
H29 Identificar pela análise de suas linguagens, as tecnologias da comunicação e informação.
H30 Relacionar as tecnologias de comunicação e informação ao desenvolvimento das sociedades e ao conhecimento que elas produzem
31
VERBOS
Verbo é a classe de palavras que, do ponto de vista semântico (morfológico), contém as noções de ação, 
processo, estado, mudança de estado e manifestação de fenômenos da natureza. É variável e suas flexões marcam:
 pessoa: indica o emissor, o destinatário ou o ser do qual se fala. Os pronomes pessoais do caso reto indi-
cam as pessoas do verbo – eu, tu, ele(a), nós, vós, eles(as);
 número: indica se o sujeito gramatical está no singular ou no plural;
 tempo: localiza a ação, o processo ou o estado em relação ao momento do enunciado. Os tempos verbais 
são seis – pretérito mais-que-perfeito, pretérito perfeito, pretérito imperfeito, futuro do pretérito, presente 
e futuro (do presente);
 modo: indica a atitude do emissor quanto ao fato por ele enunciado, que pode ser de certeza, dúvida, 
temor, desejo, ordem etc. Os modos verbais são: indicativo, subjuntivo e imperativo (afirmativo e negativo);
 voz: indica se o sujeito gramatical é agente, paciente ou, ao mesmo tempo, agente e paciente da ação.
Conjugações verbais
Conjugar um verbo compreende adicionar ao seu radical a vogal temática da conjugação ou classe a que 
pertence mais os sufixos modo-temporal e número-pessoal que lhe são permitidos. Existem três conjugações ver-
bais na língua portuguesa:
 1a conjugação: indicada pela vogal temática –a– (amar, brincar, falar);
 2a conjugação: indicada pela vogal temática –e– (nascer, crescer, morrer);
 3a conjugação: indicada pela vogal temática –i– (dormir, sorrir, partir).
O verbo pôr e seus derivados são considerados de 2ª conjugação por conta de um processo fonológico que 
suprimiu a vogal temática –e–. Em um estágio anterior da língua portuguesa, a sua forma era poer.
Classificação dos verbos
Verbos regulares
Osverbos regulares não sofrem alteração do radical e das desinências nos diferentes tempos, modos e 
pessoas. O radical do verbo é obtido pela supressão das terminações do infinitivo (–r):
 mand(ar), vend(er), part(ir);
 mand(o), vend(o), part(o).
Verbos irregulares
Os verbos irregulares sofrem alteração do radical e das desinências nos diferentes tempos, modos e pessoas.
 fazer: faço, faria, fazia;
 estar: estou, estive, estarei;
 saber: sei, soubera, saiba.
Verbos anômalos
Os verbos anômalos possuem diferentes radicais:
 ser: sou, é, fomos;
 ir: vou, fui, ia.
32
Verbos defectivos
Os verbos defectivos não possuem todas as formas:
 reaver (composto de haver, tem apenas as for-
mas em “v“): reavemos, reavia, reaverá;
 precaver: precavenho, precavenha, precavinha;
 latir: lates, late, latimos;
 colorir: colores, colore, colorimos, coloris.
Observação
Entre os verbos defectivos estão incluídos os 
chamados verbos impessoais, usados apenas na 
terceira pessoa do singular: chover, trovejar, ventar, 
haver (existir), fazer (refere-se ao clima: faz frio; ao 
tempo: faz dez anos).
Verbos auxiliares
Os verbos auxiliares formam os tempos compos-
tos ou locuções verbais com os verbos principais:
 ser (pago);
 estar (curado);
 ter (estudado);
 haver (prometido).
Verbos abundantes
Os verbos abundantes apresentam mais de uma 
forma, especificamente de particípio:
 cozido e cozinhado;
 morto e morrido;
 imprimido e impresso.
Os particípios abundantes são classificados 
em regulares e irregulares.
a) As formas regulares terminadas em –ado e 
–ido, não contraídas, acompanham os ver-
bos auxiliares ter e haver.
Ele já havia pagado a dívida.
Tínhamos aceitado o convite.
b) As formas irregulares, contraídas, acompa- 
nham os verbos auxiliares ser e estar.
O feijão foi cozido na panela de pressão.
A lâmpada foi acesa.
Formas nominais do verbo
O infinitivo, o particípio (regular e irregular) e o ge-
rúndio são chamados formas nominais do verbo porque 
podem funcionar como nomes – substantivo, adjetivo.
 Infinitivo
O comer demais faz mal. (substantivo)
O viver é bom. (substantivo)
 Gerúndio
Ela bebeu chá fervendo. (advérbio)
Fervendo, desligue. (advérbio)
 Particípio
Problema resolvido. (adjetivo)
A feira foi inaugurada. (adjetivo)
O parque foi inaugurado. (adjetivo)
Locução verbal
A locução verbal é a expressão constituída por 
verbo (ou verbos auxiliares) seguido do verbo principal.
 A Europa vem sendo desgastada pela crise.
O verbo auxiliar “vem” designa a pessoa e o nú-
mero do sujeito “Europa”, bem como o tempo verbal 
designado pelo verbo principal “desgastada” – presen-
te do indicativo. O verbo principal está na voz passiva 
(ser desgastada).
 Hei de fazer algo mais legal.
Trata-se de uma locução verbal constituída pelo 
auxiliar “hei” e o infinitivo impessoal “fazer”, antecedi-
do da preposição “de”.
 Andam falando que tudo aquilo foi falso.
O gerúndio “falando” ou o infinitivo impessoal, 
precedido da preposição “a” confere à locução ideia de 
continuidade, de frequência, reiteração de ação.
Modos verbais
Quando lemos, falamos ou escrevemos, posicio-
namo-nos em um determinado tempo. No momento do 
enunciado, os verbos ocorrem (presente), ocorreram (pas-
sados) ou ocorrerão (futuro), dependendo no modo verbal.
Tempos do modo indicativo
1. Presente
 Indica processo no momento da fala.
Faço minhas escolhas. (atualmente, agora)
33
 Indica processo habitual, constante, fato real, 
verdade.
Ela cumpre seus acordos. (ação habitual)
 Indica processo ocorrido até o momento da 
declaração.
Moro com meus colegas.
 Em narrativas históricas (presente histórico), 
em lugar do pretérito perfeito.
Colombo chega à América e, em 1492, con-
quista o Novo Mundo.
 Em acontecimento próximo no lugar do futuro.
Não posso almoçar contigo amanhã.
 Em expressões condicionais (se...), em lugar 
do subjuntivo.
Se tudo corre bem, podemos viajar.
2. Pretérito perfeito
 Indica um processo, algo já realizado, concluí-
do, terminado, sem necessidade de referência 
à outra ação anterior nem contemporânea.
João saiu ontem.
Fiz as compras.
Cheguei.
 Indica processo ocorrido antes da declaração 
expressa pelo verbo.
Em 1939, Hitler invadiu a Polônia.
 É frequente o emprego do pretérito perfeito 
composto – presente do indicativo do verbo 
auxiliar “ter“ ou “haver“ e particípio do ver-
bo principal.
Pode indicar ato habitual:
Eu tenho lido bastante.
Os alunos têm estudado muito.
Também pode indicar fato ocorrido até o mo-
mento da declaração:
Tenho comprado muitos carros iguais a este.
3. Pretérito imperfeito
 Indica um processo ocorrido anteriormente 
ao momento da declaração, mas contempo-
râneo a outro fato passado.
Eu ouvia samba, quando se deu o estouro.
Ele comia, quando da sua chegada.
 É empregado para indicar processo em desen-
volvimento.
Eu dançava, quando ele entrou.
 Indica processo em continuidade, habitual, 
constante, frequente.
Eu residia nesta casa.
 Indica processo idealizado, não realizado.
Pretendíamos ir à Bahia, mas o frio repenti-
no não permitiu.
 Como manifestação de cortesia, de polidez, 
em lugar do presente do indicativo ou do im-
perativo.
Queria só um abraço.
 Em lugar do futuro do pretérito do indicativo.
Se ele pagasse, já estávamos (em vez de 
“estaríamos“) na França.
4. Pretérito mais-que-perfeito
 Indica uma ação passada, um fato concluído 
que aconteceu antes de outro fato (ambos 
no passado).
O trem partira quando ele enfim chegou.
Ela estivera presente à toda reunião.
Ele dançara muito.
 Em construções exclamativas.
Quem lhe dera tê-la nos braços naquela tarde!
 Em lugar do pretérito imperfeito do subjuntivo.
Nadou como se estivera (estivesse) à beira 
da morte.
 É bastante frequente o emprego do mais-
-que-perfeito composto – imperfeito do ver-
bo auxiliar “ter“ ou “haver“ e particípio do 
verbo principal.
Eu tinha falado bastante.
Já havia ocorrido o pior.
5. Futuro do pretérito
 Exprime ação futura em relação ao passado, 
ação que teria ocorrido em relação a um fato 
já ocorrido no passado.
Eu iria, se você chegasse a tempo.
 Designa ações posteriores à época em que 
se fala.
Ainda ficaria. Esperaria a noite. (Marques 
Rabelo)
 Designa incerteza, probabilidade, dúvida, su-
posição sobre fatos passados.
Seriam mais ou menos dez horas quando 
chegaram. (Lobato)
34
 Forma polida de presente para denotar um 
desejo.
Eu precisaria namorar aquela moça.
 O futuro do pretérito composto expresso – 
verbo auxiliar “ter“ ou “haver“ no futuro do 
pretérito e particípio do verbo principal.
Eu teria dito (diria) umas verdades a você.
 Indica fato que teria acontecido no passado 
mediante certa condição.
Teria sido diferente, se eu a amasse. (Ciro 
dos Anjos)
 Indica possibilidade de um fato passado.
Teria sido melhor não escrever nada. (Ruben 
Braga)
 Indica incerteza sobre fatos passados em cer-
tas frases interrogativas.
Ele só teria falado ou também...?
6. Futuro (do presente)
 Indica a ação ainda não ocorrida, mas já de-
clarada pelo verbo.
Ora (direis) ouvir estrelas!/ (...) E eu vos di-
rei: amai para entendê-las! (Olavo Bilac)
 Empregado para indicar um fato aproximado 
ou para enfatizar uma expressão.
Na África, quantos não estarão mortos de 
fome!
 Indica incerteza, probabilidade, dúvida, supo-
sição.
Há uma várzea em meu sonho, mas não sei 
onde será. (Augusto Meyer)
 Indica fatos de realização provável.
Vem, dizia ele na última carta; se não vieres 
depressa, acharás tua mãe morta. (Machado 
de Assis)
 Como forma polida, em vez do presente.
Mas como foi que aconteceram? E eu lhe di-
rei: sei lá, aconteceram: eis tudo. (Drummond)
 É frequente o emprego do futuro do presente 
composto – futuro do presente do verbo au-
xiliar “ter“ ou “haver“ e particípio do verbo 
principal.
Quando você chegar, eu já terei ido.
 Indica ação futura a ser consumada antes de 
outra.
Quando o guarda chegar, já teremos fugido.
 Indica possibilidade de um fato passado.
Terá passado o furacão dentro de oito dias?Indica certeza de uma ação futura.
Se não voltarmos em algumas horas, tere-
mos perdido a oportunidade.
Tempos do modo subjuntivo
1. Presente
 Expressa hipótese, desejo, suposição, dúvida.
Tomara que você tenha boas festas!
Bons ventos o levem!
2. Pretérito imperfeito
 É empregado nas orações subordinadas da 
oração principal, em que o verbo esteja no 
pretérito imperfeito do indicativo.
Ela desejava que todos morressem.
Esperei que eles fi zessem os trabalhos di-
reito.
Apreciaria que você me beijasse.
3. Pretérito mais-que-perfeito (composto)
 Verbo auxiliar “ter“ ou “haver“ no pretérito 
imperfeito do subjuntivo seguido do particí-
pio do verbo principal.
Imaginei que ele tivesse trazido a grana. 
(Indica fato anterior a outro, ambos no pas-
sado.)
4. Futuro simples
 Designa fato provável, eventualidade futura.
Quando ela vier, encontrará uma bagunça.
5. Futuro composto
 Verbo auxiliar “ter“ ou “haver“ no futuro 
do subjuntivo seguido do particípio do verbo 
principal. Designa fato futuro como encerra-
do em relação a outro também no futuro.
Só deixarei esta casa, quando ele tiver tra-
zido todos os meus pertences.
Quando eu tiver encontrado o vestido, avi-
sarei a você.
35
ASSISTIR
INTERATIVIAA DADE
Vídeo Jornalista - Veja o uso do futuro do pretérito.
Fonte: Youtube
36
Letra e Música Por Você (Barão vermelho)
Por Você (Barão vermelho)
Por você
Eu dançaria tango no teto
Eu limparia
Os trilhos do metrô
Eu iria a pé
Do Rio a Salvador
Eu aceitaria
A vida como ela é
Viajaria a prazo
Pro inferno
Eu tomaria banho gelado
No inverno
Por você
Eu deixaria de beber
Por você
Eu ficaria rico num mês
Eu dormiria de meia
Pra virar burguês
Eu mudaria
Até o meu nome
Eu viveria
Em greve de fome
Desejaria todo o dia
A mesma mulher
Por você! Por você!
Por você! Por você!
Por você
Conseguiria até ficar alegre
Pintaria todo o céu
De vermelho
Eu teria mais herdeiros
Que um coelho
Eu aceitaria
A vida como ela é
Viajaria a prazo
Pro inferno
Eu tomaria banho gelado
No inverno
Eu mudaria
Até o meu nome
Eu viveria
Em greve de fome
Desejaria todo o dia
A mesma mulher
Por você! Por você!
Por você! Por você!
Eu mudaria
Até o meu nome
Eu viveria
Em greve de fome
Desejaria todo o dia
A mesma mulher
LER E OUVIR
37
REFLETIR
Poema / Poesia Epígrafe
Epígrafe
Sou bem nascido. Menino, 
Fui, como os demais, feliz. 
Depois, veio o mau destino 
E fez de mim o que quis. 
Veio o mau gênio da vida, 
Rompeu em meu coração, 
Levou tudo de vencida, 
Rugiu como um furacão, 
Turbou, partiu, abateu, 
Queimou sem razão nem dó – 
Ah, que dor! 
Magoado e só, 
– Só! – meu coração ardeu: 
Ardeu em gritos dementes 
Na sua paixão sombria... 
E dessas horas ardentes 
Ficou esta cinza fria. 
– Esta pouca cinza fria... 
(Manuel Bandeira, In: A cinza das horas, 1917)
Refl ita sobre o emprego dos tempos verbais no poema de Manuel Bandeira. Qual relação semântica eles 
estabelecem?
38
ESTRUTURA CONCEITUAL
MORFOLOGIA
VERBOS
VOZES
MODOS
INDICATIVO
TEMPOS
Pretérito
Futuro
Perfeito
Do presente
Do pretérito
Imperfeito
Mais-que-perfeito
SUBJUNTIVO IMPERATIVO
Presente
TEMPOS
Pretérito imperfeito
Futuro
Presente
Verbos: modo imperativo 
e vozes verbais
Competências
1 e 8
Habilidades
1, 2, 3 e 27
te
rim
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ih
0/
Pi
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L
ENTRE LETRAS
C
07 08
Competência 1 – Aplicar as tecnologias da comunicação e da informação na escola, no trabalho e em outros contextos relevantes para 
sua vida.
H1 Identificar as diferentes linguagens e seus recursos expressivos como elementos de caracterização dos sistemas de comunicação.
H2 Recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dos sistemas de comunicação e informação para resolver problemas sociais.
H3 Relacionar informações geradas nos sistemas de comunicação e informação, considerando a função social desses sistemas.
H4 Reconhecer posições críticas aos usos sociais que são feitos das linguagens e dos sistemas de comunicação e informação.
Competência 2 – Conhecer e usar língua(s) estrangeira(s) moderna(s) (LEM) como instrumento de acesso a informações e a outras 
culturas e grupos sociais.
H5 Associar vocábulos e expressões de um texto em LEM ao seu tema.
H6 Utilizar os conhecimentos da LEM e de seus mecanismos como meio de ampliar as possibilidades de acesso a informações, tecnologias e culturas.
H7 Relacionar um texto em LEM, as estruturas linguísticas, sua função e seu uso social.
H8 Reconhecer a importância da produção cultural em LEM como representação da diversidade cultural e linguística.
Competência 3 – Compreender e usar a linguagem corporal como relevante para a própria vida, integradora social e formadora da 
identidade.
H9 Reconhecer as manifestações corporais de movimento como originárias de necessidades cotidianas de um grupo social.
H10 Reconhecer a necessidade de transformação de hábitos corporais em função das necessidades cinestésicas.
H11
Reconhecer a linguagem corporal como meio de interação social, considerando os limites de desempenho e as alternativas de adaptação para 
diferentes indivíduos.
Competência 4 – Compreender a arte como saber cultural e estético gerador de significação e integrador da organização do mundo e 
da própria identidade.
H12 Reconhecer diferentes funções da arte, do trabalho da produção dos artistas em seus meios culturais.
H13 Analisar as diversas produções artísticas como meio de explicar diferentes culturas, padrões de beleza e preconceitos.
H14 Reconhecer o valor da diversidade artística e das inter-relações de elementos que se apresentam nas manifestações de vários grupos sociais e étnicos.
Competência 5 – Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus contextos, mediante 
a natureza, função, organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições de produção e recepção.
H15 Estabelecer relações entre o texto literário e o momento de sua produção, situando aspectos do contexto histórico, social e político.
H16 Relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de construção do texto literário.
H17 Reconhecer a presença de valores sociais e humanos atualizáveis e permanentes no patrimônio literário nacional.
Competência 6 – Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de organização cognitiva da 
realidade pela constituição de significados, expressão, comunicação e informação.
H18 Identificar os elementos que concorrem para a progressão temática e para a organização e estruturação de textos de diferentes gêneros e tipos.
H19 Analisar a função da linguagem predominante nos textos em situações específicas de interlocução.
H20 Reconhecer a importância do patrimônio linguístico para a preservação da memória e da identidade nacional
Competência 7 – Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes linguagens e suas manifestações específicas.
H21 Reconhecer em textos de diferentes gêneros, recursos verbais e não-verbais utilizados com a finalidade de criar e mudar comportamentos e hábitos.
H22 Relacionar, em diferentes textos, opiniões, temas, assuntos e recursos linguísticos.
H23 Inferir em um texto quais são os objetivos de seu produtor e quem é seu público alvo, pela análise dos procedimentos argumentativos utilizados.
H24
Reconhecer no texto estratégias argumentativas empregadas para o convencimento do público, tais como a intimidação, sedução, comoção, 
chantagem, entre outras.
Competência 8 – Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e integradora da organização 
do mundo e da própria identidade.
H25 Identificar, em textos de diferentes gêneros, as marcas linguísticas que singularizam as variedades linguísticas sociais, regionais e de registro.
H26 Relacionar as variedades linguísticas a situações específicas de uso social.
H27 Reconhecer os usos da norma padrão da língua portuguesa nas diferentes situações de comunicação.
Competência9 – Entender os princípios, a natureza, a função e o impacto das tecnologias da comunicação e da informação na sua vida 
pessoal e social, no desenvolvimento do conhecimento, associando-o aos conhecimentos científicos, às linguagens que lhes dão suporte, 
às demais tecnologias, aos processos de produção e aos problemas que se propõem solucionar.
H28 Reconhecer a função e o impacto social das diferentes tecnologias da comunicação e informação.
H29 Identificar pela análise de suas linguagens, as tecnologias da comunicação e informação.
H30 Relacionar as tecnologias de comunicação e informação ao desenvolvimento das sociedades e ao conhecimento que elas produzem
41
MODO IMPERATIVO
O modo imperativo manifesta ordem, conselho, súplica ou exortação do emissor, e pode ser imperativo 
afirmativo ou imperativo negativo.
 Se beber, não dirija!
 Dorme, que já está na hora!
FORMAÇÃO DOS IMPERATIVOS
imperativo afirmativo presente do subjuntivo imperativo negativo
Não existe primeira pessoa. que eu ame Não existe primeira pessoa.
ama (tu) que tu ames não ames (tu)
ame (ele/ela/você) que ele/ela/você ame não ame (ele/ela/você)
amemos (nós) que nós amemos não amemos (nós)
amai (vós) que vós ameis não ameis (vós)
amem (eles/elas/vocês) que eles/elas/vocês amem não amem (eles/elas/vocês)
Embora a palavra “imperativo” esteja ligada à ideia de comando, ordem, não é para comandar ou ordenar 
que, na maioria das vezes, servimo-nos dele. O imperativo também é empregado para designar pedido, convite, 
conselho ou súplica.
 Faça isso agora, amor! (pedido)
 Faça-nos uma visita! (convite)
 Meu filho, faça sempre o melhor! (conselho)
 Senhor, faça-nos esse milagre! (súplica)
VOZES
O fato expresso pelo verbo pode ser representado em três formas, em três vozes.
 João cortou árvores.
O fato (cortou) é praticado pelo sujeito (João). Portanto, o verbo está na voz ativa.
 Árvores foram cortadas por João.
O sujeito (árvores) é alvo, ou seja, sofre a ação de João. Portanto, o verbo está na voz passiva.
 João cortou-se com o machado.
O sujeito (João) é alvo (cortou-se) do machado. Portanto, o verbo está na voz reflexiva.
Voz ativa
 O fato indicado pelo verbo e exercido pelo sujeito (pessoa ou coisa) recai sobre um objeto (pessoa ou coisa).
Os coletores recolhem diariamente toneladas de lixo.
Os caminhões despejam toneladas de lixo.
 As vozes ativa e passiva existem tão somente com verbos transitivos diretos, que necessariamente preveem 
sujeito (agente da ação) e objeto (alvo da ação).
Alberto tirou boas notas.
Os pais amam seus filhos.
42
Voz passiva analítica
 A voz passiva dos verbos é formada pelo verbo auxiliar ser, conjugado no tempo e na pessoa desejados, se-
guido do particípio do verbo principal: A árvore foi cortada pelo lenhador./ Muitas mansões foram alugadas 
em Brasília./ Muita gente ainda vai ser julgada inocente.
 A voz passiva analítica sempre é formada por tempos compostos – ser + verbo principal transitivo direto –, 
bem como com pelos verbos auxiliares ter e haver.
Têm sido (foram) alugadas muitas mansões em Brasília.
Voz passiva sintética
 Formada com o verbo principal transitivo direto na voz ativa, na terceira pessoa do singular ou do plural, 
acompanhado da partícula apassivadora “se“.
Aluga-se casa.
Alugam-se casas.
Compra-se apartamento.
Compram-se apartamentos.
Persuadem-se alunos com muito empenho.
Voz reflexiva
 Necessariamente formada pelos verbos pronominais – acompanhados de “me“, “te“, “se“, “nos“, “vos“, 
“se“ –, cuja ação designada parte do sujeito e volta-se para ele mesmo.
Eu me feri. (O ato e o efeito do ferimento partem e voltam para o “eu”, que é o sujeito.)
Tu te feriste.
Ele se machucou.
Nós nos prejudicamos.
Eles se feriram com faca.
43
ANALISAR
Imagens Anúncios
O imperativo é usualmente empregado no universo publicitário. Procure identifi car em qual pessoa 
gramatical os verbos presentes nas imagens abaixo estão empregados.
INTERATIVIAA DADE
44
ESTRUTURA CONCEITUAL
MORFOLOGIA
VERBOS
VOZES
MODOS
INDICATIVO SUBJUNTIVO IMPERATIVO
NÃO ARTICULA TEMPO
Afirmativo
Negativo
- Passiva
- Reflexiva
- Ativa
Advérbios
Competências
1 e 8
Habilidades
1, 2, 3 e 27
te
rim
ak
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ih
0/
Pi
xa
ba
y
L
ENTRE LETRAS
C
09 10
Competência 1 – Aplicar as tecnologias da comunicação e da informação na escola, no trabalho e em outros contextos relevantes para 
sua vida.
H1 Identificar as diferentes linguagens e seus recursos expressivos como elementos de caracterização dos sistemas de comunicação.
H2 Recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dos sistemas de comunicação e informação para resolver problemas sociais.
H3 Relacionar informações geradas nos sistemas de comunicação e informação, considerando a função social desses sistemas.
H4 Reconhecer posições críticas aos usos sociais que são feitos das linguagens e dos sistemas de comunicação e informação.
Competência 2 – Conhecer e usar língua(s) estrangeira(s) moderna(s) (LEM) como instrumento de acesso a informações e a outras 
culturas e grupos sociais.
H5 Associar vocábulos e expressões de um texto em LEM ao seu tema.
H6 Utilizar os conhecimentos da LEM e de seus mecanismos como meio de ampliar as possibilidades de acesso a informações, tecnologias e culturas.
H7 Relacionar um texto em LEM, as estruturas linguísticas, sua função e seu uso social.
H8 Reconhecer a importância da produção cultural em LEM como representação da diversidade cultural e linguística.
Competência 3 – Compreender e usar a linguagem corporal como relevante para a própria vida, integradora social e formadora da 
identidade.
H9 Reconhecer as manifestações corporais de movimento como originárias de necessidades cotidianas de um grupo social.
H10 Reconhecer a necessidade de transformação de hábitos corporais em função das necessidades cinestésicas.
H11
Reconhecer a linguagem corporal como meio de interação social, considerando os limites de desempenho e as alternativas de adaptação para 
diferentes indivíduos.
Competência 4 – Compreender a arte como saber cultural e estético gerador de significação e integrador da organização do mundo e 
da própria identidade.
H12 Reconhecer diferentes funções da arte, do trabalho da produção dos artistas em seus meios culturais.
H13 Analisar as diversas produções artísticas como meio de explicar diferentes culturas, padrões de beleza e preconceitos.
H14 Reconhecer o valor da diversidade artística e das inter-relações de elementos que se apresentam nas manifestações de vários grupos sociais e étnicos.
Competência 5 – Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus contextos, mediante 
a natureza, função, organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições de produção e recepção.
H15 Estabelecer relações entre o texto literário e o momento de sua produção, situando aspectos do contexto histórico, social e político.
H16 Relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de construção do texto literário.
H17 Reconhecer a presença de valores sociais e humanos atualizáveis e permanentes no patrimônio literário nacional.
Competência 6 – Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de organização cognitiva da 
realidade pela constituição de significados, expressão, comunicação e informação.
H18 Identificar os elementos que concorrem para a progressão temática e para a organização e estruturação de textos de diferentes gêneros e tipos.
H19 Analisar a função da linguagem predominante nos textos em situações específicas de interlocução.
H20 Reconhecer a importância do patrimônio linguístico para a preservação da memória e da identidade nacional.
Competência 7 – Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes linguagens e suas manifestações específicas.
H21 Reconhecer em textos de diferentes gêneros, recursos verbais e não-verbais utilizados com a finalidade de criar e mudar comportamentos e hábitos.
H22 Relacionar, em diferentestextos, opiniões, temas, assuntos e recursos linguísticos.
H23 Inferir em um texto quais são os objetivos de seu produtor e quem é seu público alvo, pela análise dos procedimentos argumentativos utilizados.
H24
Reconhecer no texto estratégias argumentativas empregadas para o convencimento do público, tais como a intimidação, sedução, comoção, 
chantagem, entre outras.
Competência 8 – Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e integradora da organização 
do mundo e da própria identidade.
H25 Identificar, em textos de diferentes gêneros, as marcas linguísticas que singularizam as variedades linguísticas sociais, regionais e de registro.
H26 Relacionar as variedades linguísticas a situações específicas de uso social.
H27 Reconhecer os usos da norma padrão da língua portuguesa nas diferentes situações de comunicação.
Competência 9 – Entender os princípios, a natureza, a função e o impacto das tecnologias da comunicação e da informação na sua vida 
pessoal e social, no desenvolvimento do conhecimento, associando-o aos conhecimentos científicos, às linguagens que lhes dão suporte, 
às demais tecnologias, aos processos de produção e aos problemas que se propõem solucionar.
H28 Reconhecer a função e o impacto social das diferentes tecnologias da comunicação e informação.
H29 Identificar pela análise de suas linguagens, as tecnologias da comunicação e informação.
H30 Relacionar as tecnologias de comunicação e informação ao desenvolvimento das sociedades e ao conhecimento que elas produzem
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ADVÉRBIOS
Advérbio é uma classe de palavras invariável que se associa a verbos, a adjetivos ou a outros advérbios, 
cada qual com intenções bastante específicas.
 Associa-se a verbos para indicar com maior precisão as circunstâncias da ação verbal.
Exemplo: Paula viajou ontem. (O advérbio “ontem” indica com maior precisão quando Paula viajou.)
 Associa-se a adjetivos para intensificar o adjetivo já apresentado.
Exemplo: Roberto ficou bastante preocupado. (O advérbio “bastante” intensifica o adjetivo preocupado.)
 Associa-se a advérbios para intensificar outro advérbio já apresentado. 
Exemplo: O jogador do Corinthians está se recuperando muito bem. (O advérbio “muito” intensifica o 
outro advérbio “bem”.)
Classificação dos advérbios
Os advérbios e as locuções adverbiais estabelecem diferentes relações semânticas, que são as seguintes:
 de lugar: aqui; antes; dentro; ali; adiante; fora; acolá; atrás; além; lá; detrás; aquém; cá; acima; onde; perto; 
aí; abaixo; aonde; longe; debaixo; algures; defronte; nenhures; adentro; afora; alhures; aquém; embaixo; ex-
ternamente; a distância; a distância de; de longe; de perto; em cima; à direita; à esquerda; ao lado; em volta.
 de tempo: hoje; logo; primeiro; ontem; tarde; outrora; amanhã; cedo; depois; ainda; antigamente; an-
tes; doravante; nunca; então; ora; jamais; agora; sempre; já; enfim; afinal; amiúde; breve; constantemente; 
imediatamente; primeiramente; provisoriamente; sucessivamente; às vezes; à tarde; à noite; de manhã; de 
repente; de vez em quando; de quando em quando; a qualquer momento; de tempos em tempos; em breve; 
hoje em dia. 
 de modo: bem; mal; assim; melhor; pior; depressa; debalde; devagar; às pressas; às claras; às cegas; à toa; 
à vontade; às escondidas; aos poucos; desse jeito; desse modo; dessa maneira; em geral; frente a frente; 
lado a lado; a pé; de cor; em vão; e a maior parte dos que terminam em ”–mente”: calmamente; triste-
mente; propositadamente; pacientemente; amorosamente; docemente; escandalosamente; bondosamente; 
generosamente.
 de afirmação: sim; certamente; realmente; decerto; efetivamente; certo; decididamente; deveras; indubi-
tavelmente. 
 de negação: não; nem; nunca; jamais; de modo algum; de forma alguma; tampouco; de jeito nenhum. 
 de dúvida: acaso; porventura; possivelmente; provavelmente; talvez; casualmente; por certo; quem sabe. 
 de intensidade: muito; demais; pouco; tão; em excesso; bastante; mais; menos; demasiado; quanto; quão; 
tanto; que (quão); tudo; nada; todo; quase; de todo; de muito; por completo; extremamente; intensamente; 
grandemente; bem (aplicado a propriedades graduáveis).
 interrogativos: onde; aonde; donde; quando; como; por que; empregadas em interrogações diretas ou 
indiretas – entende-se por interrogações diretas aquelas em que as palavras em destaque iniciam uma frase 
interrogativa. Já as interrogações indiretas são aquelas em que os termos destacados não iniciam a frase.
Interrogação direta Interrogação indireta
Como isso aconteceu? Queria saber como isso aconteceu.
Onde ela mora? Precisava saber onde ela mora.
Por que ela não veio? Quero entender por que ela não veio.
Aonde você vai? Quero saber aonde você vai.
Donde vem esse rapaz? Necessito entender donde vem esse rapaz.
Quando que chega a carta? Quero saber quando chega a carta.
48
Palavras denotativas que se 
assemelham aos advérbios
Existem algumas palavras e locuções que se 
assemelham muito a advérbios, recebendo o nome 
de advérbios impróprios ou palavras com sentido 
denotativo.
 Advérbios de exclusão: apenas; exclusiva-
mente; salvo; senão; somente; simplesmente; só; 
unicamente.
Exemplo: Todos se foram pela manhã; somen-
te ele quis partir mais tarde. 
 Advérbios de inclusão: ainda; até; mesmo; 
inclusivamente; também.
Exemplo: Todos se foram pela manhã, até ele 
que queria partir mais tarde.
 Advérbios de ordem: depois; primeiramente; 
ultimamente. 
Exemplo: Primeiramente, gostaria de agra-
decer a todos os que estiveram presentes.
Locuções adverbiais
Locuções adverbiais são expressões forma-
das a partir de duas ou mais palavras que exercem 
função adverbial. Geralmente, são iniciadas por uma 
preposição, seguida de outra palavra como substan-
tivo, advérbio ou verbo, e que seja capaz de indicar 
a circunstância.
 de lugar: à esquerda; à direita; de longe; de 
perto; para dentro; por aqui. 
 de afirmação: por certo; sem dúvida. 
 de modo: às pressas; passo a passo; de cor; em 
vão; em geral; frente a frente.
 de tempo: à noite; de dia; de vez em quando; à 
tarde; hoje em dia; nunca mais.
Grau dos advérbios
Os advérbios são palavras, por definição, invari-
áveis (não sofrem alterações de gênero ou número). No 
entanto, há algumas variações de grau. 
Grau comparativo 
Formado do mesmo modo que o comparativo do 
adjetivo:
 de igualdade: 
tão + advérbio + quanto (como) 
Exemplo: Sara pulou tão alto quanto Patrícia.
 de inferioridade: 
menos + advérbio + que (do que) 
Exemplo: Ana fala menos alto que João. 
 de superioridade: 
mais + advérbio + que (do que) 
Exemplo: Ana fala mais alto que João.
Grau superlativo
Intensifica a qualidade de uma coisa ou pessoa. 
 Superlativo analítico: vem acompanhado de 
outro advérbio.
Exemplo: 
O rapaz falava muito alto. (”muito” é advérbio 
de intensidade; ”alto”, de modo)
 Superlativo sintético: é formado por sufixos.
Exemplo: 
O rapaz falava altíssimo. (advérbio de modo 
formado pelo acréscimo do sufixo)
Observação: na linguagem afetiva e popular, 
certos advérbios são empregados no diminutivo, 
com valor de superlativo. 
Exemplos:
O homem caminhava devagarinho. 
Amanhã precisarei acordar cedinho. 
Ela mora pertinho daqui.
O advérbio aplicado ao texto
As principais aplicações dos advérbios ao texto e 
que respondem a questões semânticas importantes são 
as dos advérbios frásicos versus advérbios extrafrásicos, 
além da distribuição de advérbios modais (terminados 
em –mente).
 Advérbios frásicos: são aqueles que modifi-
cam um elemento específico da frase. Não apre-
sentam marcas de deslocamento (vírgulas).
Exemplo: O veículo corre muito.
49
 Advérbios extrafrásicos: são aqueles que são exteriores à frase, estão no âmbito da enunciação e, ge-
ralmente, deslocados por vírgula.
Exemplo: Ele, infelizmente, não jogou bem hoje. 
Observação: os advérbios extrafrásicos funcionam como elementos de avaliação do enunciador acerca do 
conteúdo enunciado.
 Distribuição textual de advérbiosmodais (mais de um advérbio terminado em “–mente”) 
Quando temos uma frase que congrega mais de um advérbio terminado em “–mente”, deve-se fazer a con-
tração dos advérbios centrais (retirar o termo “–mente”) e preservar apenas o último advérbio flexionado.
Errado: Ele saiu calmamente, sorrateiramente e rapidamente.
Certo: Ele saiu calma, sorrateira e rapidamente.
50
INTERATIVIAA DADE
LER E OUVIRREFLETIR
Poema / Poesia Poema só para Jaime Ovalle / Você Só... Mente
Procure encontrar os advérbios no poema e na canção abaixo.
Poema só para Jaime Ovalle 
Quando hoje acordei, ainda fazia escuro
(Embora a manhã já estivesse avançada).
Chovia.
Chovia uma triste chuva de resignação
Como contraste e consolo ao calor tempestuoso da noite.
Então me levantei,
Bebi o café que eu mesmo preparei,
Depois me deitei novamente, acendi um cigarro e fi quei pensando...
– Humildemente pensando na vida e nas mulheres que amei.
 (Manuel Bandeira)
Você Só... Mente
Não espero mais você, pois você não aparece
Creio que você se esquece das promessas que me faz
E depois vem dar desculpas, inocentes e banais
É porque você bem sabe
Que em você desculpo
Muitas coisas mais 
O que sei somente
É que você é um ente
Que mente inconscientemente
Mas fi nalmente
Não sei por que
Eu gosto imensamente
De você 
Invariavelmente, sem ter o menor motivo
Em um tom de voz altivo
Você quando fala mente
Mesmo involuntariamente, faço cara de inocente
Pois sua maior mentira, é dizer à gente que você não mente.
(Noel Rosa)
51
51
ESTRUTURA CONCEITUAL
Gramática Normativa
Formação de palavras
Classes de palavras
Advérbio Preposição
Classes 
invariáveis
Classe
 variável
Interjeição Numeral
FUVEST
A maior parte das questões de literatura da Fuvest refere-se às obras obrigatórias. Neste caderno, 
você encontrará alguns desses exercícios de anos anteriores sobre o HUMANISMO, bem como 
questões sobre as estéticas medieval, clássica e barroca.
UNESP
Como a Unesp não possui uma lista obrigatória de livros, os exercícios deste vestibular con-
templam o conhecimentos das escolas literárias, bem como de seus principais representantes. 
Neste caderno, estão presentes questões sobre TROVADORISMO, HUMANISMO, CLASSICISMO 
E BARROCO.
UNICAMP
A maior parte das questões de literatura da Unicamp refere-se às obras obrigatórias. Neste caderno, 
você encontra alguns desses exercícios de anos anteriores sobre o HUMANISMO e o CLASSICISMO.
UNIFESP
Como a Unifesp não possui uma lista obrigatória de livros, os exercícios deste vestibular con-
templam o conhecimentos das escolas literárias, bem como de seus principais representantes. 
Neste caderno, estão presentes questões sobre TROVADORISMO, HUMANISMO, CLASSICISMO 
e BARROCO.
ENEM/UFMG/UFRJ
Como o ENEM não possui uma lista obrigatória de livros, os exercícios deste exame contemplam 
o conhecimentos das escolas literárias, bem como de seus principais representantes. 
UERJ
Neste caderno, você encontrará exercícios da UERJ apenas nas aulas 1 e 2. O Vestibular da UERJ 
não exige os demais conteúdos contidos neste livro.
FA
CU
LD
ADE DE MEDICINA
BOTUCATU
1963
Abordagem de LITERATURA nos principais vestibulares.
A arte literária e 
o estudo dos gêneros
Competência
5
Habilidades
15, 16 e 17
L
ENTRE LETRAS
C
01 02
Competência 1 – Aplicar as tecnologias da comunicação e da informação na escola, no trabalho e em outros contextos relevantes para 
sua vida.
H1 Identificar as diferentes linguagens e seus recursos expressivos como elementos de caracterização dos sistemas de comunicação.
H2 Recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dos sistemas de comunicação e informação para resolver problemas sociais.
H3 Relacionar informações geradas nos sistemas de comunicação e informação, considerando a função social desses sistemas.
H4 Reconhecer posições críticas aos usos sociais que são feitos das linguagens e dos sistemas de comunicação e informação.
Competência 2 – Conhecer e usar língua(s) estrangeira(s) moderna(s) (LEM) como instrumento de acesso a informações e a outras 
culturas e grupos sociais.
H5 Associar vocábulos e expressões de um texto em LEM ao seu tema.
H6 Utilizar os conhecimentos da LEM e de seus mecanismos como meio de ampliar as possibilidades de acesso a informações, tecnologias e culturas.
H7 Relacionar um texto em LEM, as estruturas linguísticas, sua função e seu uso social.
H8 Reconhecer a importância da produção cultural em LEM como representação da diversidade cultural e linguística.
Competência 3 – Compreender e usar a linguagem corporal como relevante para a própria vida, integradora social e formadora da 
identidade.
H9 Reconhecer as manifestações corporais de movimento como originárias de necessidades cotidianas de um grupo social.
H10 Reconhecer a necessidade de transformação de hábitos corporais em função das necessidades cinestésicas.
H11
Reconhecer a linguagem corporal como meio de interação social, considerando os limites de desempenho e as alternativas de adaptação para 
diferentes indivíduos.
Competência 4 – Compreender a arte como saber cultural e estético gerador de significação e integrador da organização do mundo e 
da própria identidade.
H12 Reconhecer diferentes funções da arte, do trabalho da produção dos artistas em seus meios culturais.
H13 Analisar as diversas produções artísticas como meio de explicar diferentes culturas, padrões de beleza e preconceitos.
H14 Reconhecer o valor da diversidade artística e das inter-relações de elementos que se apresentam nas manifestações de vários grupos sociais e étnicos.
Competência 5 – Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus contextos, mediante 
a natureza, função, organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições de produção e recepção.
H15 Estabelecer relações entre o texto literário e o momento de sua produção, situando aspectos do contexto histórico, social e político.
H16 Relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de construção do texto literário.
H17 Reconhecer a presença de valores sociais e humanos atualizáveis e permanentes no patrimônio literário nacional.
Competência 6 – Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de organização cognitiva da 
realidade pela constituição de significados, expressão, comunicação e informação.
H18 Identificar os elementos que concorrem para a progressão temática e para a organização e estruturação de textos de diferentes gêneros e tipos.
H19 Analisar a função da linguagem predominante nos textos em situações específicas de interlocução.
H20 Reconhecer a importância do patrimônio linguístico para a preservação da memória e da identidade nacional
Competência 7 – Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes linguagens e suas manifestações específicas.
H21 Reconhecer em textos de diferentes gêneros, recursos verbais e não-verbais utilizados com a finalidade de criar e mudar comportamentos e hábitos.
H22 Relacionar, em diferentes textos, opiniões, temas, assuntos e recursos linguísticos.
H23 Inferir em um texto quais são os objetivos de seu produtor e quem é seu público alvo, pela análise dos procedimentos argumentativos utilizados.
H24
Reconhecer no texto estratégias argumentativas empregadas para o convencimento do público, tais como a intimidação, sedução, comoção, 
chantagem, entre outras.
Competência 8 – Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e integradora da organização 
do mundo e da própria identidade.
H25 Identificar, em textos de diferentes gêneros, as marcas linguísticas que singularizam as variedades linguísticas sociais, regionais e de registro.
H26 Relacionar as variedades linguísticas a situações específicas de uso social.
H27 Reconhecer os usos da norma padrão da língua portuguesa nas diferentes situações de comunicação.
Competência 9 – Entenderos princípios, a natureza, a função e o impacto das tecnologias da comunicação e da informação na sua vida 
pessoal e social, no desenvolvimento do conhecimento, associando-o aos conhecimentos científicos, às linguagens que lhes dão suporte, 
às demais tecnologias, aos processos de produção e aos problemas que se propõem solucionar.
H28 Reconhecer a função e o impacto social das diferentes tecnologias da comunicação e informação.
H29 Identificar pela análise de suas linguagens, as tecnologias da comunicação e informação.
H30 Relacionar as tecnologias de comunicação e informação ao desenvolvimento das sociedades e ao conhecimento que elas produzem
57
O QUE É ARTE?
Esse é um conceito historicamente muito discutido. Um estudo de Literatura que se pretenda aprofundado 
deve levar em consideração os sentidos da arte e notadamente a análise técnica dela. A palavra literatura é de 
origem latina e significa “arte de escrever”. Portanto, conjugar essa relação entre arte e escrita é o primeiro passo 
para dar corpo à maneira de divulgar os valores culturais que estruturam uma sociedade e uma civilização. Enten-
der os conhecimentos científicos, filosóficos, místicos e artísticos de um dado contexto é de fato conhecer o próprio 
homem e compreender sua identidade.
O filósofo Aristóteles considerava que a arte era uma maneira de “imitar” (mimesis, do grego) a realidade 
do homem, que, em seus vários suportes, cria essa possibilidade de fazê-lo pensar sua própria vida, autoconhecer-
-se, encontrar-se como ser humano, observar criticamente a realidade, divertir-se e sonhar.
Da Antiguidade Clássica às Idades Moderna e Contemporânea, a arte se manifesta em vários suportes – 
música, pintura, literatura, dança, escultura e teatro. Funciona como elemento transformador da consciência huma-
na. O artista, esse criador, cria e recria realidades, expressa valores estéticos com beleza, harmonia e equilíbrio e 
estrutura-se à luz de um contexto de circulação, de transformação, de um agente e de um público.
No decorrer dos tempos, esses conceitos foram se transformando sem perder sua lógica. Seja na perfeição 
e harmonia das formas da Antiguidade Clássica (período greco-latino), seja no teocentrismo medieval, com suas 
relações de vassalagem, seja no século XIX, com suas utopias românticas, seja nas vanguardas artísticas do século 
XX. Emoções humanas, alegrias e angústias, ideologias, religião, luta social e cultura sempre perpassaram e fre-
quentaram os conceitos estéticos da arte e da literatura.
A Literatura é um mundo aberto ao mesmo tempo às múltiplas reflexões sobre a história do mundo, sobre 
as ciências naturais, sobre as ciências sociológicas, sobre a antropologia cultural, sobre os princípios éticos, sobre 
política, economia, ecologia (...) 
MORIN, Edgar. Meus demônios. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997.
O que nos leva a ir ao cinema, a um show, à biblioteca, ao museu e, principalmente, a ler um livro? A res-
posta está no reflexo da própria condição humana, no processo de identificação do homem com a arte. Essa atitude 
transforma só pelo fato de estarmos refletindo, primeira condição da arte. Esse ponto de partida, independente-
mente de sua presumível qualidade, é uma forma de compreender o mundo que nos cerca.
58
É impossível não se identificar com o eu lírico, a 
voz do poema, ao lermos versos como este, de Manuel 
Bandeira:
O bicho (Manuel Bandeira)
Vi ontem um bicho
Na imundice do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
Comunicação e linguagem
A Literatura leva em consideração o emprego de 
imagens criadas a partir das palavras.
A palavra está sempre carregada de um conteú-
do ou sentido ideológico ou vivencial. 
BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. 
São Paulo: Hucitec, 1998.
Essa linguagem artística respeita alguns parâ-
metros, condicionamentos sociais e culturais, que lhe 
oferecem a dimensão de suas verdades e o melhor 
modo de dizê-las. À análise literária cabe construir um 
processo de comunicação segundo o qual “o que” está 
sendo dito tenha estreita relação com o “como” está 
sendo dito. É dessa simbiose que se estabelece uma es-
tética específica, atrelada a um contexto específico, e se 
nomeia uma dada escola literária específica.
Tudo o que nos rodeia e que foi criado pela mão 
do homem, todo o mundo da cultura, diferentemente 
do mundo da natureza, tudo isso é produto da imagina-
ção e da criação humana.
VYGOTSKY, Lev S. Pensamento e linguagem. 
São Paulo: Martins Fontes, 1987.
O essencial em Literatura é estabelecer uma re-
lação de sentido entre as palavras e os leitores, para 
tanto, os escritores se valem de uma série de recursos 
técnicos que elevam essa linguagem ao conceito de 
arte, diferindo, por exemplo, de um texto informativo ou 
instrucional, o texto literário deve explorar o potencial 
significativo e sonoro das palavras, bem como os aspec-
tos ora denotativos, em sua literalidade de dicionário, 
ora conotativos em que as palavras adquirem novo sen-
tido a fim de produzir efeito artístico.
O poder de explorar os sentidos coloca essas 
palavras em situações inusitadas, criando imagens com 
as figuras de linguagem nas quais o escritor “desenha” 
para o leitor comparações que concretizam as emoções. 
Como no uso da metáfora, que aproxima dois elementos 
num contexto específico, transferindo de um para outro 
suas características. Como no exemplo a seguir, de Mário 
Quintana, em que a “inspiração” é comparada, por metá-
fora, a “um pássaro que pousa no livro que lês”.
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam voo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto;
alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...
Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2005, p. 469.
Prosa e poesia
Prosa e poesia são dois elementos constitutivos 
desse processo de comunicação literária que ganha for-
mas diferentes. A prosa é mais referencial e se vale do 
uso do texto corrido organizado da esquerda para a di-
reita no papel ocidental sem preocupação com a forma, 
apenas com o conteúdo e a linhas cheias. 
Já o poema está primordialmente preocupado 
com a forma e adquire, no decorrer da história, várias 
estruturas a partir da lógica do verso, que é a linha do 
poema, e de um conjunto deles, denominado estrofe. Es-
tão imersos num trabalho de ritmo e rimas que podem 
ou não seguir padrões de tamanho e convenção. O termo 
“poesia”, “poética” e “poeta” derivam dos termos dos 
grego poíesis, poiêtikê, poiêtês, que significam criar.
59
O QUE É GÊNERO LITERÁRIO?
Gênero é o modo como se veicula a mensagem 
literária, o padrão a ser utilizado na composição artís-
tica. Há grandes diferenças entre o conteúdo e a forma 
dos textos. Um poema não se confunde com um conto, 
e um romance segue padrões bastante próprios em re-
lação a uma peça de teatro, por exemplo.
Na Antiguidade Clássica, Aristóteles conceituou 
conteúdo como elemento constitutivo da representação 
das paixões, das ações e do comportamento humano. A 
forma desse conteúdo, a princípio aplicada apenas à po-
esia, compreende três gêneros: épico, lírico e dramático.
Odisseu e Penélope
O gênero épico
Épico é derivado do grego épos que, entre outras 
coisas, significa palavra, verso, discurso. Esse gênero, 
também chamado de epopeia, nasceu com a Ilíada e a 
Odisseia, de Homero. Oriundo das tradições orais, elas 
contam histórias que auxiliam o homem a entender a 
trajetória de seus povos. É característica das narrativas 
mais antigas a simbolização dos ideais coletivos de um 
povo na figura de um herói imerso numa grande aven-
tura, numa guerra ou num acontecimento histórico.O 
eu lírico da epopeia relaciona-se diretamente com a so-
ciedade. A imagem do herói é constituída de uma repre-
sentação de seu povo, cujo comportamento exemplar 
vai caracterizá-lo como figura predestinada a cumprir 
determinada missão.
Narrados de maneira elevada e com vocabulário 
grandiloquente e solene, os assuntos históricos sofrem 
influência do imaginário e não se privam de recorrer à 
imaginação, bem como à mitologia.
Na cena inicial da Odisseia, de Homero, é possí-
vel identificar características primordiais do texto épico, 
como o pedido de inspiração do poeta às musas para 
contar a história de Odisseu, que passou por terríveis 
provações até desfazer as muralhas de Troia:
Musa, reconta-me os feitos do herói astucioso 
que muito peregrinou, dês que esfez as muralhas sa-
gradas de Troia; muitas cidades dos homens viajou, co-
nheceu seus costumes, como no mar padeceu sofrimen-
tos inúmeros na alma,para que a vida salvasse e a de 
seus companheiros a volta.
Homero. Odisseia. Tradução de: Carlos Alberto Nunes. 
5. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 1997. Coleção Universidades.
A estrutura do poema épico 
É dividido em partes, chamadas cantos, que, 
por sua vez, são divididos em:
 Proposição: 
O texto apresenta o tema e o herói.
 Invocação:
O texto pede inspiração à musa (divindade 
inspiradora da poesia).
 Narração:
Narração das aventuras do herói.
 Conclusão ou Epílogo:
Encerramento das aventuras e conclusão 
dos feitos heroicos.
As epopeias são divididas em “clássicas ou pri-
márias” ou de “imitação ou secundárias”.
60
Epopeias clássicas ou primárias
A estrutura dos poemas de Homero serviu de inspi-
ração para outros poetas, como o latino Virgílio, em Eneida 
(19 a.C.), e Camões, em Os Lusíadas (1572). A Odisseia e 
a Ilíada, de Homero, são textos clássicos que inspiraram e 
sistematizaram regras e estruturas formais para os demais.
 
Eneias foge em direção à península Itálica.
Nesse tipo de texto, os deuses são apresentados 
como seres reais que são tomados por sentimentos hu-
manos e podem tanto prejudicar como ajudar o herói, de-
pendendo do seu estado emocional e da preponderância 
do tema narrado. Outro aspecto importante é perceber a 
preocupação do poeta em relacionar as ações do herói 
com o povo a que pertence a fim de criar uma divulgação 
da identidade pátria.
Epopeias de imitação ou secundárias 
Entre os anos 30 e 19 a.C., o poeta latino Virgí-
lio escreveu a Eneida, considerada a “epopeia nacional 
dos romanos”. No classicismo renascentista, o portu-
guês Luís de Camões escreveu Os Lusíadas, um dos 
mais conhecidos poemas épicos de imitação. Nele, são 
reveladas as aventuras e peripécias do herói Vasco da 
Gama, primeiro navegante que cruzou o Cabo da Boa 
Esperança, ao sul da África, e levou os portugueses às 
Índias por uma nova rota comercial.
As transformações do herói
1. Na Ilíada e na Odisseia, o herói é guiado pelas 
divindades.
2. Na Eneida e em Os Lusíadas, o herói é represen-
tante de um povo.
3. Em Robson Crusoé e em O conde de Monte Cris-
to, o herói é humano e individual.
O gênero lírico
Esse gênero nasceu na Grécia antiga, cujos po-
emas eram acompanhados musicalmente pela lira. É o 
gênero centrado na expressão do “eu poético” ou “eu 
poemático” – voz que fala no poema, não necessaria-
mente correspondente à voz do autor.
Menos grandiosos que os da epopeia, seus te-
mas dizem respeito ao mundo interior do eu lírico, aos 
sentimentos, ao individualismo, às relações consigo 
mesmo. Pronomes e verbos vêm normalmente na pri-
meira pessoa do singular e predominam as emoções, 
rimas, ritmo, sonoridade das palavras, metáforas, repeti-
ções, entre outras figuras de linguagem, que trazem aos 
versos musicalidade e suavidade.
O gênero lírico é subdividido em: soneto, elegia, 
ode, madrigal, écloga etc. São formas poéticas mais 
afeitas ao gênero lírico.
 Soneto – forma lírica bastante conhecida, é 
composta de catorze versos, com dois quartetos 
e dois tercetos.
Soneto da fidelidade
(Vinicius de Moraes)
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
61
 Elegia – poema em tom triste e fúnebre origi-
nado na Grécia antiga. Caracterizam as digres-
sões moralizantes destinadas a ajudar ouvintes 
ou leitores a suportar momentos difíceis da vida, 
como a morte de um ente querido ou de uma 
personalidade pública.
Elegia na sombra
Fernando Pessoa (2 jun. 1935)
Lenta, a raça esmorece, e a alegria
É como uma memória de outrem. Passa
Um vento frio na nossa nostalgia
E a nostalgia torna-se desgraça.
Pesa em nós o passado e o futuro.
Dorme em nós o presente. E a sonhar
A alma encontra sempre o mesmo muro,
E encontra o mesmo muro ao despertar.
Quem nos roubou a alma? Que bruxedo
De que magia incógnita e suprema
Nos enche as almas de dolência e medo
Nesta hora inútil, apagada e extrema?
Os heróis resplandecem a distância
Num passado impossível de se ver
Com os olhos da fé ou os da ância.
Lembramos névoa, sombras a esquecer.
Que crime outrora feito, que pecado
Nos impôs esta estéril provação
Que é indistintamente nosso fado
Como o pressente nosso coração?
(...)
Como – longínquo sopro altivo e humano! – 
Essa tarde monótona e serena
Em que, ao morrer, o imperador romano
Disse: Fui tudo, nada vale a pena.
 Ode – poema lírico de exaltação e homenagem, 
também originado na Grécia antiga, destina-
do ao canto. Composto de estrofes e de versos 
iguais em tom alegre, entusiástico e de louvação. 
Ode do gato
(Pablo Neruda)
Os animais foram
imperfeitos,
compridos de rabo, tristes
de cabeça.
Pouco a pouco se foram
compondo,
fazendo-se paisagem,
adquirindo pintas, graça voo.
O gato,
só o gato
apareceu completo
e orgulhoso:
nasceu completamente terminado,
anda sozinho e sabe o que quer.
O homem quer ser peixe e pássaro,
a serpente quisera ter asas,
o cachorro é um leão desorientado,
o engenheiro quer ser poeta,
a mosca estuda para andorinha,
o poeta trata de imitar a mosca,
mas o gato
quer ser só gato
e todo gato é gato
do bigode ao rabo,
do pressentimento à ratazana viva,
da noite até os seus olhos de ouro.
Não há unidade
como ele,
não tem
a lua nem a flor
tal contextura:
é uma coisa
só como o sol ou o topázio,
e a elástica linha em seu contorno
firme e sutil é como
a linha da proa de uma nave.
Os seus olhos amarelos
deixaram uma só ranhura
para jogar as moedas da noite.
Oh pequeno
imperador sem orbe,
conquistador sem pátria,
mínimo tigre de salão, nupcial
sultão do céu
das telhas eróticas,
o vento do amor
na intempérie
reclamas
quando passas
e pousas
quatro pés delicados
no solo,
cheirando, desconfiando
62
de todo o terrestre,
porque tudo
é imundo
para o imaculado pé do gato.
Oh fera independente
da casa, arrogante
vestígio da noite,
preguiçoso, ginástico
e alheio,
profundíssimo gato,
polícia secreta
dos quartos,
insígnia
de um desaparecido veludo,
certamente não há
enigma na tua maneira,
talvez não sejas mistério,
todo o mundo sabe de ti e pertences
ao habitante menos misterioso
talvez todos o acreditem,
todos se acreditem donos,
proprietários, tios
de gato, companheiros,
colegas,
discípulos ou amigos do seu gato.
Eu não.
Eu não subscrevo.
Eu não conheço o gato.
Tudo sei, a vida e o seu arquipélago,
o mar e a cidade incalculável,
a botânica
o gineceu com os seus extravios,
o pôr e o menos da matemática,
os funis vulcânicos do mundo,
a casca irreal do crocodilo,
a bondade ignorada do bombeiro,
o atavismo azul do sacerdote,
mas não posso decifrar um gato.
Minha razão resvalou na sua indiferença,
os seus olhos têm números de ouro.
 Madrigal – composição poéticaelegante cujos 
temas invocam atos heroicos e pastoris.
Madrigal melancólico
(Manuel Bandeira)
O que eu adoro em ti,
Não é a tua beleza.
A beleza, é em nós que ela existe.
A beleza é um conceito.
E a beleza é triste.
Não é triste em si,
Mas pelo que há nela de fragilidade e de incerteza.
O que eu adoro em ti,
Não é a tua inteligência.
Não é o teu espírito sutil,
Tão ágil, tão luminoso,
– Ave solta no céu matinal da montanha.
Nem é a tua ciência
Do coração dos homens e das coisas.
O que eu adoro em ti,
Não é a tua graça musical,
Sucessiva e renovada a cada momento,
Graça aérea como o teu próprio pensamento.
Graça que perturba e que satisfaz.
O que eu adoro em ti,
Não é a mãe que já perdi.
Não é a irmã que já perdi.
E meu pai.
O que eu adoro em tua natureza,
Não é o profundo instinto maternal
Em teu flanco aberto como uma ferida.
Nem a tua pureza. Nem a tua impureza.
O que eu adoro em ti – lastima-me e consola-me!
O que eu adoro em ti, é a vida.
 Écloga – poema ambientado no campo, pastoril 
e bucólico.
Écloga IV (v. 52-59)
(Virgílio)
Vê como, com os séculos por vir, tudo se alegra.
A última parte desta vida seja-me tão longa,
que para dizer os feitos não me falte alento!
O trácio Orfeu não poderá vencer-me nestes cantos,
nem Lino, ainda que a Orfeu a mãe Calíope socorra
e por seu turno a Lino dê assistência o belo Apolo.
Se competir comigo o próprio Pã, por juiz a Arcádia,
dar-se-á por vencido o próprio Pã, por juiz a Arcádia.
63
Natureza das rimas
 Ricas – entre palavras de classes gramaticais 
diferentes:
Cristina e ensina
 Pobres – entre palavras de mesma classe 
gramatical:
Precisava esconder sua afeição...
Na Idade Média, uma imortal paixão
 Toantes – entre sons vocálicos repetidos:
hora e bola; saltava e mata
 Aliterantes – entre sons consonantais idênti-
cos ou semelhantes:
vozes, veladas, veludosas, vozes/
vagam nos velhos vórtices velozes
 Consoantes – entre sons e letras repetidos:
terra e serra;
amoníaco e zodíaco;
rutilância e infância
 Esdrúxulas – entre palavras proparoxítonas:
É um flamejador, dardânico
uma explosão de rápidas ideias,
que com um mar de estranhas odisseias
saem-lhe do crânio escultural, titânico!...
(Cruz e Sousa) 
 Agudas – entre palavras oxítonas:
dó e só; fez e vez; ti e vi
 Preciosas – entre palavras combinadas:
múmia e resume-a; réstea e veste-a;
águia e alague-a; estrela e vê-la
 Versos brancos – verso sem rimas.
Irene no Céu
(Manuel Bandeira)
Irene preta
Irene boa
Irene sempre de bom humor.
Imagino Irene entrando no céu:
– Licença, meu branco! E São Pedro bonachão:
– Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.
Classificação das rimas
 Monossílabos: uma sílaba.
 Dissílabos: duas sílabas.
 Trissílabos: três sílabas.
 Tetrassílabos: quatro sílabas.
 Pentassílabos: cinco sílabas ou redondilha menor.
 Hexassílabos: seis sílabas.
 Heptassílabos: sete sílabas ou redondilha maior.
 Octossílabos: com oito sílabas.
 Eneassílabos: nove sílabas.
 Decassílabos: dez sílabas.
 Hendecassílabos: onze sílabas.
 Dodecassílabos: doze sílabas ou alexandrino.
 Verso bárbaro: mais de doze sílabas.
Disposição das rimas no poema
 Mistas – sem posição regular:
De uma, eu sei, entretanto 1,
Que cheguei a estimar 2
Por ser tão desgraçada 3!
Tive-a hospedada 3 a um canto 1
Do pequeno jardim 4;
Era toda riscada 3
De um traço cor de mar 2
E um traço carmesim 4.
(Alberto de Oliveira) 
 Emparelhadas (AABB):
No rio caudaloso que a solidão retalha A,
na funda correnteza na límpida toalha A,
deslizam mansamente as garças alvejantes B;
nos trêmulos cipós de orvalho gotejantes B...
(Fagundes Varela) 
 Interpoladas ou opostas (ABBA):
Mais de mil anos-luz já separado A,
Naquela hora, do meu pensamento B.
O filme de uma vida, ínfimo momento B,
O derradeiro instante havia impregnado A.
 Alternadas ou cruzadas (ABAB):
Amor, essência da vida A,
é uma expressão de Deus B.
Alma, não fique perdida A!
Ele luz os dias seus B.
64
Classificação dos versos
 Monossílabos – uma única sílaba:
Ru/a
tor/ta
Lu/a
mor/ta
Tu/a
por/ta
 Dissílabos – duas sílabas:
Tu,/ on/tem
na/ dan/ça
que/ can/sa
vo/a/vas
com as/ fa/ces
em/ ro/sas
for/mo/sas
de/ vi/vo
car/mim
(Casimiro de Abreu) 
 Trissílabos – três sílabas:
Vem/ a au/ro/ra
pre/ssu/ro/sa
cor/ de/ ro/sa
que/ se/co/ra
de/ car/mim
as/ es/tre/las
que e/ram/ be/las
têm/ des/mai/os
já/ por/ fim
(Gonçalves Dias) 
 Tetrassílabos – quatro sílabas:
O in/ver/no/ bra/da
for/çan/do as/ por/tas
Oh!/ Que/ re/voa/da
de/ fo/lhas/ mor/tas
o/ vem/to es/pa/lha
por/ so/bre o/ chão/...
(Alphonsus de Guimarães) 
 Pentassílabos ou redondilha menor – cinco 
sílabas:
Meu/ can/to/ de/ mor/te,
Gue/rrei/ros/ ou/vi
Sou/ fi/lho/ das/ sel/vas
Nas/ sel/vas/ cres/ci;
Gue/rrei/ros/ des/cen/do
Da/ tri/bo/ tupi
(Gonçalves Dias) 
 Hexassílabos – seis sílabas:
E o/ ca/va/lei/ro/ pa/ssa
an/te a/ som/bria/ por/ta
da/ lú/gu/bre/ des/gra/ça
(Alphonsus de Guimarães) 
 Heptassílabos ou redondilha maior – sete 
sílabas:
An/tes/ de a/mar,/ eu/ di/zi/a
pa/ra/ cor/tar/ na/ ra/iz
es/ta/ cons/tan/te a/go/ni/a
pre/ci/so a/mar/ al/gum/ di/a
a/man/do,/ se/rei/ fe/liz.
(Menotti del Picchia)
 Octossílabos – oito sílabas:
No ar/ so/sse/ga/do, um/ si/no/ can/ta
Um/ si/no/ can/ta/ no ar/ som/bri/o
(Olavo Bilac) 
 Eneassílabos – nove sílabas:
Ó/ gue/rrei/ros/ da/ ta/ba sa/gra/da,
Ó/ gue/rrei/ros/ da/ tri/bo tu/pi
Fa/lam/ deu/ses/ nos/ can/tos/ de/ pia/ga!
Ó/ gue/rrei/ros,/ meus/ can/tos/ ou/vi!
(Gonçalves Dias) 
 Decassílabos ou Medida Nova – dez sílabas:
A/mo/-te, ó/ cruz, /no/ vér/ti/ce/ fir/ma/da
 Hendecassílabos – onze sílabas:
Não/ te/nho/ na/da/ com i/sso/ nem/ vem/ fa/lar
Eu/ não/ con/si/go en/ten/der/ sua/ ló/gi/ca
Mi/nha/ pa/la/vra/ can/ta/da/ po/de es/pan/tar
E a/ seus/ ou/vi/dos/ pa/re/cer/ e/xó/ti/ca.
(Caetano Veloso)
 Dodecassílabos ou Alexandrinos – doze 
sílabas:
A/ ca/sa/ que/ foi/ mi/nha,/ ho/je é/ ca/sa/ de/ Deus.
Traz/ no/ topo u/ma/ cruz./ A/li/ vi/vi/ com os/ meus
(Aberto de Oliveira)
 Bárbaros – mais de doze sílabas:
Nun/ca /co/nhe/ci /quem/ ti/ve/sse/ le/va/do/ 
po/rra/da.
To/dos os/ meus/ co/nhe/ci/dos/ têm/ si/do/ 
cam/pe/ões/ em/ tudo. 
(Fernando Pessoa) 
65
O gênero dramático
A característica e a finalidade primordiais do 
gênero dramático (do grego drân: agir) é ser levado à 
representação, à “ação”.
Compreende o gênero teatral, cuja encenação, 
no entanto, escapa à alçada da literatura propriamente. 
O eu poético relaciona-se com um tu/vós, segunda pes-
soa do discurso, a plateia. O texto dramático pressupõe 
essa plateia, que o vivencia e tem probabilidade de fruir 
emoções mediante a representação do texto.
Caracterizam o gênero dramático a ausência de 
narrador, o discurso direto – estrutura dialogada – e as 
rubricas – instruções que sinalizam ao diretor e aos ato-
res a postura no palco, o tom de voz etc.
Em vez do narrador, o texto dramático conta a 
história pretendida mediante diálogo entre os persona-
gens, que estabelecem com o público uma relação direta, 
a fim de comprometê-lo emocionalmente com a história 
contada e os personagens dela. O termo teatro deriva do 
grego théatron, que significa “ver”, “contemplar”.
Esse gênero subdivide-se em tragédia, comédia, 
drama, auto e farsa.
 Tragédia
Conta histórias cujos resultados são destrutivos e 
irreversíveis. Em geral baseada em mitos e histó-
rias já conhecidas do público, a tragédia preten-
de causar no espectador terror, piedade, catarse, 
enfim: “descarga de desordens emocionais ou 
afetos desmedidos a partir da experiência estética 
oferecida pelo teatro, música e poesia”. Persona-
gens lutam contra forças mais poderosas que elas, 
que, em princípio, são vencidas regularmente com 
a morte. Sugestão: Édipo Rei, de Sófocles.
 Comédia
Enfatiza o comportamento ridículo do ser hu-
mano mediante exposição e crítica de costu-
mes sociais. Exemplos: O doente imaginário, de 
Molière; A tempestade, de Shakespeare; e Lisís-
trata, de Aristófanes.
 Drama
A peça funde tragédia e comédia sem, no en-
tanto, que a história caminhepara resultados 
irreversíveis. Em geral, trata de fatos do coti-
diano com final feliz ou não, mas com trajetória 
intrigante, de difícil solução. Exemplo: Leonor de 
Mendonça, de Gonçalves Dias; e Macário, de Ál-
vares de Azevedo.
 Auto
Peça teatral curta regularmente com temática 
religiosa e moralizante e com finalidade cate-
quética, que discute conceitos abstratos e sim-
bólicos. Exemplo: O auto da barca do inferno, de 
Gil Vicente.
 Farsa
Peça teatral de crítica social que apresenta per-
sonagens e situações caricaturadas sem preocu-
pação com o questionamento de valores. 
Exemplo: A farsa de Inês Pereira, de Gil Vicente.
66
O gênero narrativo
Oriunda do gênero épico, a narrativa organiza 
uma história levando em consideração aspectos primor-
diais de sua estrutura: apresentação, desenvolvimento, 
clímax e desfecho.
Os gêneros narrativos apresentam-se como:
 Conto
Narrativa curta centrada em um único aconteci-
mento. Apresenta uma ação que se encaminha 
para uma tensão (clímax) entre personagens, 
delimitados num tempo e espaço reduzidos. 
Exemplos: Amor, de Clarice Lispector; O menino 
do boné cinzento, de Murilo Rubião; e A causa 
secreta, de Machado de Assis.
 Novela
Narrativa situada entre a brevidade do conto e 
a longevidade do romance. Exemplos: A hora e 
a vez de Augusto Matraga, de Guimarães Rosa; 
e Os crimes da rua Morgue, de Edgar Allan Poe.
 Crônica
Narrativa breve baseada na vida cotidiana, deli-
mitada por tempo cronológico curto, em lingua-
gem coloquial e leve toque de humor e crítica. 
Exemplos: Comédias da vida privada – 101 crô-
nicas escolhidas, de Luís Fernando Veríssimo.
 Romance
Narrativa longa que discorre sobre um grande con-
flito central que dá origem a outros secundários, com 
preendendo vários personagens em constante 
conflito psicológico, envolvidos pela trama que 
caminha para um clímax. Exemplos: Grande ser-
tão: veredas, de Guimarães Rosa; São Bernardo, 
de Graciliano Ramos; e O senhor dos anéis, de 
J.R.R. Tolkien.
 Anedota
Relato de um acontecimento curioso ou engra-
çado. Como o provérbio, a anedota, além da 
tradição oral, vem inserida em textos literários. 
Exemplos: O asno de ouro, do escritor latino 
Apuleio, é uma constelação de pequenas aven-
turas picantes.
 Apólogo
Historinha entre objetos inanimados com moral 
implícita ou explícita. Um apólogo, de Macha-
do de Assis, trata da conversa entre uma agulha 
e uma linha que discutem sobre a importância 
delas. Observe o último parágrafo em que está 
implícita a moral:
“Parece que a agulha não disse nada; mas um 
alfinete, de cabeça grande e não menor experi-
ência, murmurou à pobre agulha:
– Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir ca-
minho para ela e ela é que vai gozar da vida, 
enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze 
como eu, que não abro caminho para ninguém. 
Onde me espetam, fico.
Contei esta história a um professor de melanco-
lia, que me disse, abanando a cabeça:
– Também eu tenho servido de agulha a muita 
linha ordinária!”
 Fábula
Difere do apólogo, uma vez que seus persona-
gens são animais. Esse gênero teve ilustres cul-
tores na literatura ocidental, como Esopo, Fedro 
e La Fontaine, cujas fábulas estão reunidas em 
doze livros.
tt Livros
O que é literatura – Marisa Lajolo
Definir o que é, o que não é e o que pode ser literatura depende do 
ponto de vista, do sentido que a palavra tem para cada um, da situa-
ção na qual se discute o que é literatura.
Literatura para quê? – Antoine Compagnon
Nesta obra, Antoine Compagnon propõe-se a responder à pergunta 
que intitula sua aula inaugural no Collège de France – ‘Literatura 
para quê?’. O livro pretende ser uma reflexão sobre os poderes da 
literatura que colocam em relevo a convicção de que o texto literário 
ainda cumpre uma função no mundo do início do século XXI.
Gêneros Literários – Angélica Soares
As manifestações poéticas mais remotas já mostram a tendência 
para classificar as obras literárias conforme a realidade que retratam, 
pelo uso de mecanismos de estruturação semelhantes. 
INTERATIVIAA DADE
LER
67
68
ESTRUTURA CONCEITUAL
Contam histórias que 
auxiliam o homem a 
compreender sua
trajetória
Oriundo do gênero 
épico, organiza uma
história a partir de 
características variadas
Conhecido como gênero
teatral, sua produção é
destinada à representação
Gênero centrado na 
expressão do “eu
poético” ou “eu lírico”
(Trabalho com sonetos,
elegias, odes...)
(Trabalho com
romance, conto...)
(Trabalho com
textos teatrais)
(Trabalho com
as epopeias)
Gênero Épico Gênero DramáticoGênero Lírico Gênero Narrativo
Arte LiteráriaArte Literária
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Trovadorismo: a literatura 
da Idade Média
Competência
5
Habilidades
15, 16 e 17
L
ENTRE LETRAS
C
03 04
Competência 1 – Aplicar as tecnologias da comunicação e da informação na escola, no trabalho e em outros contextos relevantes para 
sua vida.
H1 Identificar as diferentes linguagens e seus recursos expressivos como elementos de caracterização dos sistemas de comunicação.
H2 Recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dos sistemas de comunicação e informação para resolver problemas sociais.
H3 Relacionar informações geradas nos sistemas de comunicação e informação, considerando a função social desses sistemas.
H4 Reconhecer posições críticas aos usos sociais que são feitos das linguagens e dos sistemas de comunicação e informação.
Competência 2 – Conhecer e usar língua(s) estrangeira(s) moderna(s) (LEM) como instrumento de acesso a informações e a outras 
culturas e grupos sociais.
H5 Associar vocábulos e expressões de um texto em LEM ao seu tema.
H6 Utilizar os conhecimentos da LEM e de seus mecanismos como meio de ampliar as possibilidades de acesso a informações, tecnologias e culturas.
H7 Relacionar um texto em LEM, as estruturas linguísticas, sua função e seu uso social.
H8 Reconhecer a importância da produção cultural em LEM como representação da diversidade cultural e linguística.
Competência 3 – Compreender e usar a linguagem corporal como relevante para a própria vida, integradora social e formadora da 
identidade.
H9 Reconhecer as manifestações corporais de movimento como originárias de necessidades cotidianas de um grupo social.
H10 Reconhecer a necessidade de transformação de hábitos corporais em função das necessidades cinestésicas.
H11
Reconhecer a linguagem corporal como meio de interação social, considerando os limites de desempenho e as alternativas de adaptação para 
diferentes indivíduos.
Competência 4 – Compreender a arte como saber cultural e estético gerador de significação e integrador da organização do mundo e 
da própria identidade.
H12 Reconhecer diferentes funções da arte, do trabalho da produção dos artistas em seus meios culturais.
H13 Analisar as diversas produções artísticas como meio de explicar diferentes culturas, padrões de beleza e preconceitos.
H14 Reconhecer o valor da diversidade artística e das inter-relações de elementos que se apresentam nas manifestações de vários grupos sociais e étnicos.
Competência 5 – Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus contextos, mediante 
a natureza, função, organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições de produção e recepção.
H15 Estabelecer relações entre o texto literário e o momento de sua produção, situando aspectos do contexto histórico, social e político.
H16 Relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de construção do texto literário.
H17 Reconhecer a presença de valores sociais e humanos atualizáveis e permanentes no patrimônio literário nacional.
Competência 6 – Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de organização cognitiva da 
realidade pela constituição de significados, expressão, comunicação e informação.
H18 Identificar os elementos que concorrempara a progressão temática e para a organização e estruturação de textos de diferentes gêneros e tipos.
H19 Analisar a função da linguagem predominante nos textos em situações específicas de interlocução.
H20 Reconhecer a importância do patrimônio linguístico para a preservação da memória e da identidade nacional
Competência 7 – Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes linguagens e suas manifestações específicas.
H21 Reconhecer em textos de diferentes gêneros, recursos verbais e não-verbais utilizados com a finalidade de criar e mudar comportamentos e hábitos.
H22 Relacionar, em diferentes textos, opiniões, temas, assuntos e recursos linguísticos.
H23 Inferir em um texto quais são os objetivos de seu produtor e quem é seu público alvo, pela análise dos procedimentos argumentativos utilizados.
H24
Reconhecer no texto estratégias argumentativas empregadas para o convencimento do público, tais como a intimidação, sedução, comoção, 
chantagem, entre outras.
Competência 8 – Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e integradora da organização 
do mundo e da própria identidade.
H25 Identificar, em textos de diferentes gêneros, as marcas linguísticas que singularizam as variedades linguísticas sociais, regionais e de registro.
H26 Relacionar as variedades linguísticas a situações específicas de uso social.
H27 Reconhecer os usos da norma padrão da língua portuguesa nas diferentes situações de comunicação.
Competência 9 – Entender os princípios, a natureza, a função e o impacto das tecnologias da comunicação e da informação na sua vida 
pessoal e social, no desenvolvimento do conhecimento, associando-o aos conhecimentos científicos, às linguagens que lhes dão suporte, 
às demais tecnologias, aos processos de produção e aos problemas que se propõem solucionar.
H28 Reconhecer a função e o impacto social das diferentes tecnologias da comunicação e informação.
H29 Identificar pela análise de suas linguagens, as tecnologias da comunicação e informação.
H30 Relacionar as tecnologias de comunicação e informação ao desenvolvimento das sociedades e ao conhecimento que elas produzem
71
CONTEXTO
Todo o imaginário feudal de príncipes, princesas, reis e seus reinados são elementos fundamentais para situar 
o Trovadorismo na história. Os castelos e sua nobreza, os cavaleiros e seus duelos em guerras e torneios compõem o 
cenário da Idade Média, quando se desenvolve essa primeira escola literária após a queda do Império Romano.
Com a tomada de Constantinopla pelos turcos, em 1453, capital do Império Romano do Oriente, tem início 
a Idade Média. Morto o imperador Carlos Magno, em 814, o poder central ficara enfraquecido e a sociedade passa-
ra a se organizar em torno de grandes propriedades de terra, com o poder centralizado na figura do senhor feudal.
A Literatura portuguesa tem início, de fato, com o Trovadorismo. Antes disso, há documentos de produções 
na região e na península Ibérica, mas não de fato portuguesa.
O nascimento da literatura portuguesa
Entre 1139 e 1140, Portugal se separou do reino 
de Leão e Castela para se tornar um estado independen-
te. D. Afonso Henriques assumiu o reinado e lutou pela 
manutenção da independência de Portugal frente aos 
intentos de Castela. Essa separação política não rompeu 
os profundos laços econômicos, sociais e culturais com 
o resto da península Ibérica. O mais forte desses laços 
era a língua: o galego-português. Em 1179, o Papa Ale-
xandre II reconhece a independência do Reino Lusitano.
A origem do Trovadorismo é essencialmente pro-
vençal, do sul da França, e galega, de Castela, em pleno 
feudalismo, precisamente dos séculos XII ao XIII.
O primeiro texto literário galego-português foi 
a Cantiga da Ribeirinha, também conhecida como 
Cantiga da Guarvaia, de Paio Soares de Taveirós. Su-
põe-se ter sido composta em 1198 ou 1189, o mais an-
tigo texto e marca do início do Trovadorismo português.
72
Religião e cultura
A Igreja Católica cresceu, acumulou vastas extensões 
de terra, enriqueceu e concentrou um significativo poder re-
ligioso e secular. Essa herança conviveu com mudanças na 
ordem social que tiveram expressão também significativa na 
literatura do período.
Uma importante manifestação do poder da Igreja me-
dieval foi seu controle quase absoluto da produção cultural. 
Como a circulação dos textos dependia da sua repro-
dução manuscrita, quase sempre feita sob encomenda, a di-
vulgação da cultura tornava-se ainda mais difícil, uma vez que 
o número de cópias em circulação era bem pequeno. 
O uso do latim como língua literária, outra herança 
do longo período de dominação romana na Europa, também 
contribuía para dificultar o acesso aos textos. Poemas e can-
ções eram compostos em latim por monges eruditos que va-
gavam de feudo em feudo para divulgarem suas composições. 
A maior parte dessa produção abordava temas religiosos.
Cantiga da Ribeirinha
No mundo non me sei parelha,
mentre me for’ como me vay,
ca já moiro por vos e ay!
mia senhor branca e vermelha,
queredes que vos retraya
quando vus eu vi em saya!
Mao dia me levantei
que vus enton non vi fea!
E, mia senhor, des aquel di’, jay!
me foi a mi muyn mal,
e vos, filha de don Paay
Moniz, e ben vus semelha
d’aver eu por vós guarvaya
pois eu, mia senhor, d’alfaya
nunca de vos ouve nem ei
valia dua correa.
(Paio Soares de Taveiros)
Cantiga da Ribeirinha (tradução)
Não há no mundo ninguém que se compare
a mim em infelicidade, enquanto a minha vida 
continuar assim, porque morro por vós e, ai, 
minha senhora branca e de faces rosadas, 
quereis que vos retrate quando vos vi sem manto.
Mau dia foi esse em que me levantei,
porque vos vi tão bela! [ou seja: melhor seria 
se vos tivesse visto feia].
E, minha senhora, desde aquele dia, ai,
tudo para mim foi muito mal,
mas vós, filha D. Paio
Moniz, parece-vos muito bem que eu tenha 
e vós uma garvaia [manto de luxo] quando
nunca recebi de vós o simples
valor de uma correia.
O poder feudal
A sociedade medieval organizou-se em torno dos 
grandes proprietários de terra, os senhores feudais.
Uma pequena corte passou a se reunir com esse 
senhor feudal. Dela faziam parte membros da nobreza, ca-
valeiros, camponeses livres e servos. Estavam unidos por 
uma relação de dependência pessoal: a vassalagem. 
O servilismo dos vassalos a seu suserano e dos fiéis 
a Deus deu origem ao princípio básico da literatura medie-
val: a afirmação da total subserviência de um trovador à 
sua dama, em se tratando dos temas da poesia, ou de um 
cavaleiro à sua donzela, no caso das novelas de cavalaria.
73
Circulação e agentes do discurso
O objetivo da maioria das manifestações artísticas 
medievais era persuadir as pessoas a temer a Deus e sub-
metê-las à soberania da Igreja. Teatro, pintura, escultura 
e literatura e toda manifestação artística estava a serviço 
dos ensinamentos religiosos e do comportamento cristão.
Nas cortes dos senhores feudais, centros de ati-
vidade artística da Europa medieval, exibiam-se jograis: 
recitadores, cantores e músicos ambulantes eram contra-
tados pelo senhor para divertir a corte. As cantigas apre-
sentadas pelos jograis eram quase sempre compostas por 
nobres, autodenominados trovadores, uma vez pratican-
tes da arte de trovar. Trovador, do francês trouver, signifi-
ca encontrar, e refere-se ao compositor da cantiga, quem 
encontra a música que se encaixa no poema.
Em razão disso, enquanto nos mosteiros e nas 
abadias circulavam os textos escritos em latim, nos cas-
telos e nas cortes circulava a literatura oral, produzida 
em língua local, voltada para o deleite dos homens e 
das mulheres da nobreza com o intuito de legitimar o 
novo papel social assumido pelos cavaleiros.
O código do amor cortês
Os termos que definiam as relações feudais 
foram transpostos para as cantigas, caracterizando a 
linguagem do Trovadorismo: a mulher era a senhora, o 
homem era o seu servidor. Eram muito prezadasa gene-
rosidade, a lealdade e, acima de tudo, a cortesia.
As cantigas de amor do Trovadorismo desenvolvem 
um mesmo tema: o sofrimento provocado pelo amor não cor-
respondido – a “coita de amor”. Como o princípio do amor 
cortês é a idealização da dama pelo trovador, os textos não 
manifestam a expectativa de correspondência amorosa.
As cantigas satíricas passeiam por muitos temas, 
sempre expressando um olhar crítico sobre a conduta 
de nobres, homens e mulheres, nas esferas individual e 
social. É bastante comum os trovadores ridicularizarem 
um nobre que se envolve com uma serviçal ou que não 
percebe a traição da esposa.
A vassalagem impressa 
na linguagem
Outra característica dessa produção literária ma-
nifesta-se na obediência a regras no uso de termos que 
definiam a vassalagem amorosa. Empregava-se uma sé-
rie de termos e expressões para nomear a dama: senhor, 
mia senhor, senhor fremosa, em razão da posição que 
ela ocupava socialmente.
Além disso, e em razão das castas imóveis e da 
sociedade organizada mediante trocas, os cidadãos não 
ascendiam socialmente e não desenvolviam a intelec-
tualidade. Quase a totalidade da população era anal-
fabeta, o que contribuiu muito para que a literatura se 
vinculasse à tradição oral, unindo poesia e música.
74
TIPOS DE CANTIGA
As cantigas trovadorescas são divididas em dois 
grupos: as líricas, que falam de sentimento e são subdi-
vididas em cantigas de amor e de amigo; e as cantigas 
satíricas, intencionalmente críticas e cômicas, também 
subdivididas em cantigas de escárnio e de maldizer.
Cantigas
LíricasSatíricas
Cantigas
de amor
Cantigas
de amigo
Cantigas 
de escárnio
Cantigas 
de maldizer
Líricas
A poesia lírica diz respeito à lira, instrumento 
musical da Antiguidade clássica que acompanhava as 
canções, expressando sentimentos.
Cantiga de amor
As cantigas de amor são especialmente dedicadas 
à mulher amada pelo trovador, amor esse que não era 
correspondido. Ela pertence a uma classe superior a sua. 
Em função da imobilidade social das castas, esse amor era 
proibido e dava origem à “coita”, que significa sofrimento.
Os trovadores se valem de um eu lírico mas-
culino que é pobre e declara seu amor impossível, 
por isso sofrido e submisso à dama. A chamada 
“vassalagem amorosa”.
Possui poucas repetições de versos e ausência de 
paralelismo por se propor mais elevada e de estrutura 
complexa em linguagem refinada, normalmente de ori-
gem provençal.
O eu lírico apresentado é masculino, ou 
seja, o trovador expressa seus sentimentos em relação 
à mulher amada que é, invariavelmente, de classe supe-
rior à do trovador.
A linguagem usada é mais refinada, evitam-
-se os refrões e as repetições, e, por serem assim mais so-
fisticadas, chamavam-se cantigas de maestria ou mestria.
Os termos usados pelo trovador para se referir 
à mulher amada são sempre no masculino: mia senhor, 
fremosa senhor, mia don (dona).
O trovador se queixa da indiferença da mulher 
amada, coita amorosa.
O amor é sempre cortês, mesmo porque a dis-
tância social entre o amante e a amada não permitia 
que houvesse atrevimentos de qualquer ordem.
Cantiga d’amor
Quantos an gran coita d’amor
eno mundo, qual hoj’ eu ei,
querrían morrer, eu o sei,
o averrian én sabor.
Mais mentr’ eu vos vir’, mia senhor,
sempre m’eu querria viver,
e atender e atender!
Pero já non posso guarir,
ca já cegan os olhos meus
por vos, e non me val i Deus
nen vos; mais por vos non mentir,
enquant’eu vos, mia senhor, vir’,
sempre m’eu querria viver,
e atender e atender!
E tenho que fazen mal-sen
quantos d’amor coitados son
de querer sa morte, se non
ouveron nunca d’amor ben
com’eu faç’. E, senhor, por én
sempre m’eu querria viver,
e atender e atender!
(Garcia de Guilhade)
75
Cantiga de amor (tradução)
Quantos o amor faz padecer
penas que tenho padecido
querem morrer e não duvido
que alegremente queiram morrer.
Porém enquanto vos puder ver,
vivendo assim eu quero estar
e esperar, e esperar!
Sei que a sofrer estou condenado
e por vós cegam os olhos meus.
Não me acudis; nem vós, nem Deus
Mas, se sabendo-me abandonado,
ver-vos, senhora, me for dado.
vivendo assim eu quero estar
e esperar, e esperar!
Esses que veem tristemente
desamparada sua paixão
querendo morrer, loucos estão.
Minha fortuna não é diferente;
porém eu digo constantemente:
vivendo assim eu quero estar
e esperar e esperar!
Cantiga de amigo
As cantigas de amigo falam de uma relação amo-
rosa concreta que aconteceu entre pessoas simples, que 
vivem no campo e partem de um eu lírico feminino. O tema 
central dessas cantigas é o desejo, o que leva a crer que a 
relação amorosa já aconteceu, diferentemente das de amor, 
que são impossibilitadas pelas castas sociais diferentes.
De origem galega (Ibérica), ela é mais popular e 
por isso mais repetitiva, possui muitos refrões e paralelis-
mo com uma estrutura simples e um amor terreno.
Esta voz feminina expressa desejo pela ausência 
do amigo (namorado ou amado) e relaciona-se com ele-
mentos da natureza para clamar seu retorno. O ambien-
te campesino corrobora para construir esse sentimento 
que é sempre compartilhado com a mãe, as amigas e 
damas de companhia. 
Além disso, em função de sua temática, elas são 
também divididas em:
 Alvas
Levantou-s’a velida (a bela)
Levantou-s’à alva;
e vai lavar camisas
e no alto (no rio)
vai-las lavar à alva (de madrugada)
(D. Dinis)
 Bailias
E no sagrado em vigo
bailava corpo velido (uma linda moça) amor ei!
(Martim Codax)
 Romarias
Pois nossas madres van a San Simon de Val
de Prados candeas queimar (pagar promessas)
nós, as menininhas, punhemos d’andar (vamos 
 [passear)
 Barcarolas ou Marinhas
Vi eu, mia madr’, andar
as barcas e no mar,
e moiro de amor!
(Nuno Fernandes Tomeol)
 Pastorelas
Oi (ouvi) oj’eu ua pastor andar.
du (onde) cavalgava per ua ribeira,
e o pastor estava i senlheira. (sozinha)
a ascondi-me póla escuitar...
(Airas Nunes de Santiago)
76
Cantiga de amigo
– Ai flores, ai flores do verde piño,
se sabedes novas do meu amigo?
Ai, Deus, e u é?
Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado?
Ai, Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs comigo?
Ai, Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi á jurado?
Ai, Deus, e u é?
– Vós me perguntades pelo voss’ amigo?
E eu ben vos digo que é san’e vivo
Ai, Deus, e u é?
Vós me perguntades pelo voss’ amado?
E eu ben vos digo que é viv’ e sano:
Ai, Deus, e u é?
E eu ben vos digo que é san’e vivo,
e será vosc’ant’o prazo saído.
Ai, Deus, e u é?
E eu ben vos digo que é viv’e sano,
e será vosc’ant’o prazo passado.
Ai, Deus, e u é?
(Dom Dinis)
Cantiga de amigo (tradução)
– Ai, flores do verde pinheiro,
sabeis notícias do meu namorado?
Ai, Deus, onde está?
Ai flores, ai flores, do verde ramo,
Sabeis notícias do meu amado?
Ai, Deus, onde está?
Sabeis notícias do meu namorado,
Aquele que mentiu sobre o que combinou comigo?
Ai, Deus, onde está?
Sabeis notícias do meu amado,
Aquele que mentiu sobre o que jurou?
Ai, Deus, onde está?
Vós perguntais pelo vosso namorado?
E eu bem vos digo que está são e vivo:
Ai, Deus, onde está?
Vós perguntais pelo vosso amado?
E eu bem vos digo que está vivo e são.
Ai, Deus, onde está?
E eu bem vos digo que está são e vivo
e estará convosco antes do prazo combinado:
Ai, Deus, onde está?
E eu bem vos digo que está vivo e são
e estará convosco antes de terminar o prazo:
Ai, Deus, onde está?
1. O eu lírico das cantigas de amigo é sempre 
feminino, canta a saudade do amado distante.
2. Há uso de repetições de palavras, de ver-
sos inteiros.
3. O homem amado é de classe superior à da 
mulher que canta.
4. O amigo/amado, a que se referem as cantigas, 
deve ser entendido como amante/namorado.
5. A mulher queixa-se [à natureza] de ter perdido o 
amado ou se distanciado dele.
6. Geralmente tais cantigas são dialogadas.
7. A cantiga de amigo se vale de descrição.
Satíricas
As cantigas satíricas fazem críticasao compor-
tamento das pessoas em suas ações sociais, usavam 
o humor e o vocabulário chulo para denunciar alguns 
nobres e damas. 
Além disso, a sátira se estendia a instituições 
sociais, censurava os males da sociedade ou dos indiví-
duos, quase tudo com tom sarcástico, irônico e obsceno. 
Elas podem ser de escárnio ou de maldizer.
Cantigas de escárnio
A principal característica da cantiga de escárnio 
é o fato de ela ser indireta, especialmente por ser de-
clamada no ambiente palaciano. O efeito satírico que 
caracteriza essas cantigas é obtido por meio de ironias, 
trocadilhos e jogos semânticos. De modo geral, ridicu-
larizam o comportamento de nobres ou denunciam as 
mulheres que não seguem o código do amor cortês.
A sátira indireta sublima o nome da pessoa cri-
ticada e sempre explora os duplos sentidos e os tro-
cadilhos. Seus significados normalmente são implícitos, 
velados e comedidos.
 Escárnio (sirventes – moral)
(Airas Nunes, clérigo compostelano)
Por que no mundo mengou a verdade,
punhei un dia de a ir buscar;
e, u por ela fui preguntar
disseron todos: “alhur lá buscade,
ca de tal guisa se foi a perder
que non podemos en novas haver
nen já non anda na irmandade.”
77
Nos mosteiros dos frades regrados
a demandei e disseron-m’assi:
“non busquedes vós a verdad’ aqui,
ca muitos anos havemos passados
que non morou nosco, per boa fé,
nen sabemos ond’ela agora esté
e d’al havemos maiores cuidados.”
E en Cistel, u verdade soía
sempre morar, disseron-me que non
morava i, havia gran sazon,
nen frade d’i já a non conhocia,
nen o abade outro si estar
sol non queria que fôss’i pousar,
e anda já fora da abadia.
En Santiago seend’albergado,
en mia pousada chegaron romeus
preguntei-os e disseron: “par Deus,
muito levade-lo caminh’ errado,
ca, se verdade quiserdes achar,
outro caminho conven a buscar,
ca non saben aqui d’ela mandado.
Cantigas de maldizer
Nas cantigas de maldizer, o trovador utiliza um 
vocabulário agressivo para fazer uma crítica direta e cla-
ra, identificando o nome das pessoas satirizadas. Essa lin-
guagem de baixo calão, palavrões e até vocabulário eró-
tico aconteciam, pois eram proferidas nas ruas, em praças 
públicas e feiras livres. Os significados eram explícitos e 
não poupavam nenhuma instituição social: atacavam o 
clero, as freiras, os fidalgos e toda a sorte de pessoas que, 
dentro de suas classes, indiquem decadência moral.
 Maldizer
(Afonso Eanes do Coton)
Marinha, o teu folgar
tenho eu por desacertado,
e ando maravilhado
de te não ver rebentar;
pois tapo com esta minha
boca, a tua boca, Marinha;
e com este nariz meu,
tapo eu, Marinha, o teu;
com as mãos tapo as orelhas,
os olhos e as sobrancelhas,
tapo-te ao primeiro sono;
com a minha piça o teu cono;
e como o não faz nenhum,
com os colhões te tapo o cu.
E não rebentas, Marinha?
TRÊS CANCIONEIROS
Três cancioneiros concentram boa parte da pro-
dução conhecida dos séculos XII, XIII e XIV: Cancioneiro 
da Ajuda, Cancioneiro da Biblioteca Nacional e Cancio-
neiro da Vaticana.
Os cancioneiros são manuscritos, coletâneas de 
cantigas com características variadas e escritas por di-
versos autores. Os mais importantes são:
Cancioneiro da Ajuda
Coleção de poesias em galego-português do fi-
nal do século XIII, influenciadas pela lírica provençal. 
Recebe o nome de “da Ajuda” por se conservar na bi-
blioteca do Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa.
É o mais antigo de todos e é também o menos 
completo, compreende apenas cantigas anteriores ao 
reinado do “rei trovador”, D. Dinis.
Ondas do mar de Vigo,
Se vistes meu amigo?
E, ai Deus, ele virá cedo?
Ondas do mar levado,
se vistes meu amado?
E ai, Deus ele virá cedo?
Se vistes meu amigo,
aquele por quem suspiro?
E, ai Deus, ele virá cedo?
Se vistes meu amado,
por quem tenho muito cuidado?
E, ai Deus, ele virá cedo?
Cancioneiro da Biblioteca Nacional
Antes chamado de Cancioneiro Colocci-Brancuti 
– foi compilado na Itália por volta de 1525-1526. Ad-
quirido pelo Estado português e depositado na Bibliote-
ca Nacional de Lisboa, em 1924.
Essa coletânea de cantigas trovadorescas é tam-
bém conhecida como Collocci-Brancuti.
Em gram coita, senhor,
que peior que mort’é,
vivo, per boa fé,
e polo voss’amor
esta coita sofr’eu
por vós, senhor, que eu
vi polo meu gran mal;
e melhor mi será
78
de morrer por vós já;
e, pois meu Deus non val,
esta coita sofr’eu
por vós, senhor, que eu
polo meu gran mal vi,
e mais mi val morrer
ca tal coita sofrer
pois por meu mal assi
esta coita sofr’eu
por vós, senhor, que eu
vi por gran mal de mi
pois tan coitad’and’eu.
Cancioneiro da Vaticana
Compilado na Itália no século XV – encontra-se 
na Biblioteca do Vaticano.
Chama-se da Vaticana porque foi encontrado na 
Biblioteca do Vaticano, em Roma, onde foi preservado.
Levad’, amigo, que dormides as manhãas frias;
todalas aves do mundo d’amor dizian:
leda m’ and’ eu.
Levad’, amigo, que dormide’-las frias manhãas;
todalas aves do mundo d’amor cantavan:
leda m’ and’ eu.
Toda-las aves do mundo d’ amor diziam;
do meu amor e do voss’ en ment’ avian:
leda m’ and’ eu.
Toda-las aves do mundo d’ amor cantavan;
do meu amor e do voss’ i enmentavan:
leda m’ and’ eu.
Do meu amor e do voss’ en ment’avian;
vós lhi tolhestes os ramos en que siian:
leda m’ and’ eu.
Do meu amor e do voss’ i enmentavam;
vos lhi tolhestes os ramos en que pousavam
leda m’ and’ eu.
Vós lhi tolhestes os ramos en que siian
e lhis secastes as fontes en que bevian:
leda m’ and’ eu.
Vós lhi tolhestes os ramos en que pousavam
e lhis secastes as fontes u se banhavan:
leda m’ and’ eu.
No final do século XIII, Portugal conheceu os 
“cantares” de D. Dinis (1261-1325), comumente conhe-
cido como “o rei trovador”. Seus poemas encontram-se 
coletados no Cancioneiro da Vaticana e no da Biblioteca 
Nacional. D. Dinis é autor de uma das mais conhecidas 
cantigas medievais portuguesas: Ai flores, ai flores 
do verde pinho.
Existem repetições, expedientes típicos das can-
tigas de amigo: a moça enamorada dirige-se à natureza 
(pinheiros) e essa lhe responde às perguntas sobre o 
namorado.
Esta é a mais famosa cantiga de d. Dinis, tendo 
gerado, inclusive, a epígrafe de Fernando Pessoa.
AS NOVELAS DE CAVALARIA
As novelas de cavalaria são os primeiros ro-
mances, ou seja, longas narrativas em verso, surgidas 
no século XII. Elas contam as aventuras vividas pelos 
cavaleiros andantes e tiveram origem com o declínio do 
prestígio da poesia dos trovadores.
Estão organizadas em três ciclos, de acordo 
com o tema que desenvolvem e com o tipo de herói 
que apresentam:
 Ciclo clássico: novelas que narram a guerra de 
Troia e as aventuras de Alexandre, o Grande. O 
ciclo recebe essa denominação porque seus he-
róis vêm do mundo clássico mediterrâneo.
 Ciclo arturiano ou bretão: histórias envolven-
do o rei Arthur e os cavaleiros da Távola Redonda. 
Nessas novelas, podem ser identificados vários 
núcleos temáticos: a história de Percival, a história 
de Tristão e Isolda, as aventuras dos cavaleiros da 
corte do rei Arthur e a demanda do Santo Graal.
79
 Ciclo carolíngio ou francês: histórias sobre o 
rei Carlos Magno e os 12 pares de frança.
Dos três ciclos, o arturiano permanece como um 
dos temas literários mais explorados, sendo objeto de 
romances, poemas, filmes e óperas até hoje. 
No trecho a seguir, extraído de A demanda do 
Santo Graal, Galaaz chega à Távola Redonda.
Como Galaaz entrou no paço e acabou o 
assento perigoso.
(A demanda do Santo Graal, manuscrito do século XIII)
Eles [...] olharam e viram que todas as portas do 
paço se fecharam e todas as janelas, mas não escureceu 
por isso o paço, porque entrou um tal raio de sol, que por 
toda a casa se estendeu. E aconteceu então uma grande 
maravilha, não houve quem no paço não perdesse a fala; 
e olhavam-se uns aos outros e nada podiam dizer, e não 
houve alguém tão ousado, que disso não ficasse espan-
tado; mas não houve quem saísse do assento, enquanto
isto durou. Aconteceu que entrou Galaaz arma-
do de loriga e brafoneirase de elmo e de suas divisas de 
veludo vermelho; e, após ele, chegou o ermitão, que lhe 
rogara que o deixasse andar com ele, e trazia um manto 
e uma gamacha de veludo vermelho em seu braço.
Mas tanto vos digo que não houve no paço 
quem pudesse entender por onde Galaaz entrara, que 
em sua vinda não abriram porta nem janela. Mas do 
ermitão não vos digo, porque o viram entrar pela porta 
grande. E Galaaz, assim que chegou ao meio do paço, 
disse de modo que todos ouviram:
– A paz esteja convosco.
E o homem bom pôs as vestes que trazia sobre 
um tapete, e foi ao rei Arthur e disse-lhe:
– Rei Arthur, eu trago o cavaleiro desejado, 
aquele que vem da alta linhagem do rei Davi e de José 
de Arimateia, pelo qual as maravilhas desta terra e das 
outras terão fim.
E com isto que o homem bom disse, ficou o rei 
muito alegre. E disse:
– Se isto é verdade, sede bem-vindo. E bem vin-
do seja o cavaleiro, porque este é o que há de dar cabo 
às aventuras do santo Graal. Nunca foi feita nesta corte 
tanta honra como lhe nós faremos; e quem quer que ele 
seja, eu queria que lhe fosse muito bem, pois de tão alta 
linhagem vem como dizeis.
– Senhor, disse o ermitão, cedo o vereis em bom 
começo.
Então fê-lo vestir os panos que trazia e foi assen-
tá-lo no assento perigoso. E disse:
– Filho, agora vejo o que muito desejei, quando 
vejo o assento perigoso ocupado.
[...]
O cavaleiro de quem Merlim e todos os profe-
tas falaram. O rei, assim que viu no assento perigoso o 
cavaleiro de quem Merlim e todos os profetas falaram 
na Grã-Bretanha, então bem soube que aquele era o 
cavaleiro por quem seriam acabadas as aventuras do 
reino de Logres, e ficou com ele tão alegre e tão feliz 
que bendisse a Deus: 
Deus, bendito sejas tu que te aprouve de tanto 
viver eu que, em minha casa, visse aquele de quem to-
dos os profetas desta terra e das outras profetizaram, 
tão longo tempo há já.
[...]
INTERATIVIAA DADE
ASSISTIR
Filme Cruzada - Direção: Ridley Scott - 2005
Balian (Orlando Bloom) é um jovem ferreiro francês, que guarda luto pela morte de 
sua esposa e filho. Ele recebe a visita de Godfrey de Ibelin (Liam Neeson), seu pai, 
que é também um conceituado barão do rei de Jerusalém e dedica sua vida a 
manter a paz na Terra Santa.
Filme O sétimo selo - Direção: Ingmar Bergman - 1959
Após dez anos, um cavaleiro (Max Von Sydow) retorna das Cruzadas e encontra o 
país devastado pela peste negra. Sua fé em Deus é sensivelmente abalada e 
enquanto reflete sobre o significado da vida, a Morte (Bengt Ekerot) surge a sua 
frente querendo levá-lo, pois chegou sua hora.
Filme O nome da rosa - Direção: Jean-Jacques Annaud - 1986
Em 1327, William de Baskerville (Sean Connery), um monge franciscano, e Adso 
von Melk (Christian Slater), um noviço, chegam a um remoto mosteiro no norte da 
Itália. William de Baskerville pretende participar de um conclave para decidir se a 
Igreja deve doar parte de suas riquezas, mas a atenção é desviada por vários assas-
sinatos que acontecem no mosteiro.
80
Sites
LER
cantigas.fcsh.unl.pt 
ACESSAR
tt Livros
A lírica trovadoresca. Segismundo Spina
Seria preciso, segundo Segismundo Spina, retomar o mesmo 
entusiasmo com que o Romantismo abraçou o mundo
encantado da poesia das catedrais e dos duelos sarracenos
da Idade Média, cujos trovadores formam, no século XII, o
primeiro capítulo da história literária da Europa moderna. 
81
O sepultamento de Cristo (iluminura medieval) “Madonna e o Menino” de Duccio, pintor italiano do período gótico
(c.1255-1319)
Artes plásticas
Obras medievais
APLICAÇÃO NO COTIDIANOINTERDISCIPLINARIDADE
82
83
ESTRUTURA CONCEITUAL
Idade Média Idade Moderna
Crescimento da
cultura cristã
Arte literária ainda
vinculada à música
Regime Feudal
Humanismo Classicismo BarrocoTrovadorismoTrovadorismo
©
 P
et
er
 P
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W
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 C
om
m
on
s
Humanismo e Classicismo
Competência
5
Habilidades
15, 16 e 17
L
ENTRE LETRAS
C
05 06
Competência 1 – Aplicar as tecnologias da comunicação e da informação na escola, no trabalho e em outros contextos relevantes para 
sua vida.
H1 Identificar as diferentes linguagens e seus recursos expressivos como elementos de caracterização dos sistemas de comunicação.
H2 Recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dos sistemas de comunicação e informação para resolver problemas sociais.
H3 Relacionar informações geradas nos sistemas de comunicação e informação, considerando a função social desses sistemas.
H4 Reconhecer posições críticas aos usos sociais que são feitos das linguagens e dos sistemas de comunicação e informação.
Competência 2 – Conhecer e usar língua(s) estrangeira(s) moderna(s) (LEM) como instrumento de acesso a informações e a outras 
culturas e grupos sociais.
H5 Associar vocábulos e expressões de um texto em LEM ao seu tema.
H6 Utilizar os conhecimentos da LEM e de seus mecanismos como meio de ampliar as possibilidades de acesso a informações, tecnologias e culturas.
H7 Relacionar um texto em LEM, as estruturas linguísticas, sua função e seu uso social.
H8 Reconhecer a importância da produção cultural em LEM como representação da diversidade cultural e linguística.
Competência 3 – Compreender e usar a linguagem corporal como relevante para a própria vida, integradora social e formadora da 
identidade.
H9 Reconhecer as manifestações corporais de movimento como originárias de necessidades cotidianas de um grupo social.
H10 Reconhecer a necessidade de transformação de hábitos corporais em função das necessidades cinestésicas.
H11
Reconhecer a linguagem corporal como meio de interação social, considerando os limites de desempenho e as alternativas de adaptação para 
diferentes indivíduos.
Competência 4 – Compreender a arte como saber cultural e estético gerador de significação e integrador da organização do mundo e 
da própria identidade.
H12 Reconhecer diferentes funções da arte, do trabalho da produção dos artistas em seus meios culturais.
H13 Analisar as diversas produções artísticas como meio de explicar diferentes culturas, padrões de beleza e preconceitos.
H14 Reconhecer o valor da diversidade artística e das inter-relações de elementos que se apresentam nas manifestações de vários grupos sociais e étnicos.
Competência 5 – Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus contextos, mediante 
a natureza, função, organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições de produção e recepção.
H15 Estabelecer relações entre o texto literário e o momento de sua produção, situando aspectos do contexto histórico, social e político.
H16 Relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de construção do texto literário.
H17 Reconhecer a presença de valores sociais e humanos atualizáveis e permanentes no patrimônio literário nacional.
Competência 6 – Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de organização cognitiva da 
realidade pela constituição de significados, expressão, comunicação e informação.
H18 Identificar os elementos que concorrem para a progressão temática e para a organização e estruturação de textos de diferentes gêneros e tipos.
H19 Analisar a função da linguagem predominante nos textos em situações específicas de interlocução.
H20 Reconhecer a importância do patrimônio linguístico para a preservação da memória e da identidade nacional
Competência 7 – Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes linguagens e suas manifestações específicas.
H21 Reconhecer em textos de diferentes gêneros, recursos verbais e não-verbais utilizados com a finalidade de criar e mudar comportamentos e hábitos.
H22 Relacionar, em diferentes textos, opiniões, temas, assuntos e recursos linguísticos.
H23 Inferir em um texto quais são os objetivos de seu produtor e quem é seu público alvo, pela análise dos procedimentos argumentativos utilizados.
H24
Reconhecer no texto estratégias argumentativasempregadas para o convencimento do público, tais como a intimidação, sedução, comoção, 
chantagem, entre outras.
Competência 8 – Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e integradora da organização 
do mundo e da própria identidade.
H25 Identificar, em textos de diferentes gêneros, as marcas linguísticas que singularizam as variedades linguísticas sociais, regionais e de registro.
H26 Relacionar as variedades linguísticas a situações específicas de uso social.
H27 Reconhecer os usos da norma padrão da língua portuguesa nas diferentes situações de comunicação.
Competência 9 – Entender os princípios, a natureza, a função e o impacto das tecnologias da comunicação e da informação na sua vida 
pessoal e social, no desenvolvimento do conhecimento, associando-o aos conhecimentos científicos, às linguagens que lhes dão suporte, 
às demais tecnologias, aos processos de produção e aos problemas que se propõem solucionar.
H28 Reconhecer a função e o impacto social das diferentes tecnologias da comunicação e informação.
H29 Identificar pela análise de suas linguagens, as tecnologias da comunicação e informação.
H30 Relacionar as tecnologias de comunicação e informação ao desenvolvimento das sociedades e ao conhecimento que elas produzem
87
HUMANISMO
DORÉ, Gustave. Demônios confrontando Dante e Virgílio. Ilustração para o livro A divina Comédia (Inferno), de Dante Alighieri, 
publicado em 1885 – Biblioteca de Artes Decorativas (Paris, França). A ilustração reflete a confiança dos humanistas. 
Dante e Virgílio enfrentam os demônios por meio da razão, que os ajuda a afastar as “trevas” do pensamento vinculado à Idade Média.
[...] os humanistas consideravam a Antiguida-
de afastada deles no tempo (tudo o que fosse ve-
lho tinha para eles um interesse especial), mas es-
piritualmente próxima, ao passo que a Idade Média 
estava mais próxima no tempo, mas extremamente 
distante em muitos aspectos [...].
DRESDEN, Sem. O Humanismo no renascimento. 
Tradução de Daniel Gonçalves. Porto: Inova. p. 55.
Cronologia do Humanismo
Início: nomeação de Fernão Lopes, em 1418, como o cronista-mor da Torre do Tombo.
Fim: em 1527, com a chegada do poeta Sá de Miranda, da Itália, com a Medida Nova (verso decassílabo).
Contexto
O Humanismo foi um movimento artístico e in-
telectual que se estabeleceu como uma transição entre 
o teocentrismo da Idade Média e o pensamento an-
tropocêntrico do Renascimento, que surgiu na Itália no 
final da Idade Média (século XIV). A organização social 
passou por uma reformulação, e nas áreas mais longín-
quas aos feudos medievais passaram a surgir pequenas 
cidades que funcionavam de forma independente do 
poder absoluto dos monarcas, eram os burgos e seus 
habitantes, os burgueses.
A lógica dos humanistas era colocar em primei-
ro plano o próprio ser humano, o que os afastava do Monteriggioni - Burgo (Itália)
88
teocentrismo medieval. Muitos camponeses, atraídos 
pelas promessas de prosperidade, transferiram-se para 
os burgos, estas cidades ou vila medievais normalmente 
muradas e associadas a um mosteiro ou castelo, onde 
começaram a trabalhar como pequenos mercadores.
Em função da substituição da sociedade do es-
cambo e das trocas pelo surgimento do comércio e, pri-
mordialmente, da moeda, o homem se viu rompendo 
com a lógica feudal das castas imóveis. Diante da possi-
bilidade de ascensão social passaram a investir mais em 
si, num individualismo que colocava o próprio homem 
e sua busca por poder e acúmulo em primeiro plano, 
surgindo, assim, a burguesia.
Lucca – Burgo (Itália)
Essas transformações que começaram a ocorrer 
na Europa do fim da Idade Média fizeram com que a 
vida nas cidades fosse retomada e o comércio inten-
sificado, provocando maior interação entre pessoas de 
diferentes segmentos da sociedade. A riqueza passou 
a ser associada ao capital obtido pelo comércio e não 
mais à terra, como ocorria na sociedade feudal.
Com o enriquecimento da burguesia, em função 
do comércio, surge a necessidade de um investimento 
na própria formação cultural, para que se pudesse admi-
nistrar a riqueza acumulada. A arte ganha com isso, pois 
com a formação intelectual, fruto da lógica comercial, 
o burguês passa a investir em cultura, aprende a ler e 
a contar, algo que, até então, só era feito pela Igreja e 
pelos grandes soberanos. Aos poucos, os leigos come-
çam a conquistar um papel importante na produção e, 
principalmente, na circulação de cultura.
A busca por uma formação levou à redescoberta 
de textos e autores da Antiguidade Clássica, considera-
da uma fonte de saber a respeito do ser humano, resga-
tando, assim, a visão antropocêntrica, característica da 
cultura greco-latina.
Projeto literário
O abandono da subordinação ao Clero e o res-
gate dos valores clássicos fazem com que ganhe força 
um olhar mais racional sobre o mundo, buscando na 
Ciência uma explicação para os fenômenos até então 
atribuídos a Deus.
O contexto de produção é o mesmo do Trovado-
rismo, mas em função do desenvolvimento intelectual 
vindo da ampliação cultural promovida pela burguesia, 
os textos passam a ser escritos para ser lidos e não mais 
cantados, como seguia a tradição oral das cantigas. A 
partir do início da produção de livros na Europa, sobre-
tudo com a invenção da gráfica, por Johann Gutenberg, 
por volta de 1450, a Literatura ganha com obras que 
permitem ao escritor se valer de novos recursos técnicos 
de escrita e linguagem, sem ficarem presos à oralidade 
e à memória, como faziam até então. Para se ter uma 
ideia, surge na Alemanha em 1455, o primeiro livro im-
presso por Gutemberg, a Bíblia.
Portugal e sua produção
Os reis e nobres da Dinastia de Avis (1385-1580) 
tornaram Portugal mais poderoso e rico com o início da 
expansão marítima em Portugal, que surge ao mesmo 
tempo em que se funda a Torre do Tombo, em 1418, 
que foi um importante centro de registro e documen-
tação da época. Destaca-se a figura de Fernão Lopes, 
nomeado o cronista-mor da Torre do Tombo, em 1434, 
sendo responsável por escrever e catalogar as Crôni-
cas historiográficas. Surge uma poesia desvinculada da 
música, chamada de Poesia Palaciana, com Garcia de 
Resende e sua compilação de poetas no “Cancioneiro 
Geral”, de 1516.
Destaca-se, também, a figura de Gil Vicente na 
produção teatral, sendo um importante representante 
da cultura e sociedade da época.
Fernão Lopes (Crônica historiográfica)
Fernão Lopes é importante pois é a partir do re-
gistro de suas crônicas historiográficas que se marca o 
início do Humanismo em Portugal. Dezesseis anos após 
ter sido nomeado o guarda-mor da Torre do Tombo, em 
1434, ele é nomeado cronista-mor do reino. Ele foi o 
primeiro grande prosador da Literatura Portuguesa e 
contribuiu decisivamente para o desenvolvimento da 
89
Língua Portuguesa moderna ao criar uma visão de mun-
do independente das imposições do clero.
Lopes escreveu três crônicas:
 Crônica de El-Rei D. Pedro I: compilação e 
crítica dos principais acontecimentos do reino de 
D. Pedro I. Nesse volume, encontra-se o relato 
do episódio da morte de Inês de Castro, amante 
do rei, assassinada a mando de D. Afonso IV, pai 
de D. Pedro.
 Crônica de El-Rei D. Fernando: reconstitui-
ção do período que se inicia com o casamento 
de D. Fernando com Dona Leonor Teles e encer-
ra-se com a Revolução de Avis.
 Crônica de El-Rei D. João: dividida em duas 
partes; a primeira começa com a morte de D. 
Fernando, em 1383, e termina com a revolução 
que leva D. João ao trono português; na segunda 
parte é descrito o reinado de D. João até 1411. 
Fernão Lopes distinguia-se dos demais cronistas 
pela importância que dava ao povo. Essa opção 
do cronista exemplifica o seu espírito humanista.
Garcia de Resende (Poesia palaciana)
A grande novidade da poesia palaciana é que ela 
se desvinculou da tradição oral das cantigas trovadores-
cas e foi escrita para ser lida e declamada. Ela consistiaem composições coletivas, produzidas para serem apre-
sentadas nos salões da nobreza, onde aconteciam os 
Serões. Do ponto de vista temático, esses poemas ainda 
idealizavam o amor e suas desilusões, mas sem o exage-
ro trovadoresco. Do ponto de vista formal, a mudança é 
nítida no que diz respeito à constituição de uma Língua 
Portuguesa sem tantas influências provençais e galegas, 
fato esse que contribuiu para o aperfeiçoamento da lin-
guagem com técnicas como as aliterações, o jogo de 
palavras, a conotação e a ambiguidade. Além disso, ex-
plorou-se o metro fixo das Redondilhas (Medida Velha).
Inês de Castro, sob o olhar de Garcia de Resende.
Por conta do desenvolvimento do contexto de circu-
lação literária, ou seja, com mais pessoas sabendo ler, mais 
se consumia literatura, portanto surgiram alguns escritores 
como Bernadim Ribeiro, Duarte de Brito, Nuno Pereira, po-
rém o mais importante foi Garcia de Resende, pois ficou 
responsável, além de escrever, por compilar boa parte da 
poesia humanista portuguesa. Esses poemas foram organi-
zados em um único volume, o Cancioneiro Geral, em 1516.
Medida Velha
 Redondilhas maiores: versos com metrifi-
cação de 7 sílabas poéticas.
 Redondilhas menores: versos com metrifi-
cação de 5 sílabas poéticas.
A poesia reunida por Garcia de Resende no 
Cancioneiro Geral traz algumas diferenças importantes 
em relação à lírica dos trovadores galego-portugueses 
quanto ao uso de formas poéticas regulares, como:
 a trova: composta de duas ou mais quadras de 
versos de sete sílabas e rimas ABAB;
90
 o vilancete: composto de um mote (motivo de 
dois ou três versos) seguido de voltas ou glosas 
(estrofes em que o mote é desenvolvido) de sete 
versos;
 a cantiga: composta de um mote de quatro ou 
cinco versos e de uma glosa de oito ou dez ver-
sos, com repetição total ou parcial do mote no 
fim da glosa;
 a esparsa: composta de uma única estrofe de 
oito, nove ou dez versos de seis sílabas métricas.
Exemplo de poema compilado no Cancioneiro 
Geral:
Entre mim mesmo e mim 
não sei que se ergueu 
que tão meu inimigo sou. 
Uns tempos com grande engano 
vivi eu mesmo comigo, 
agora no maior perigo 
se me descobre maior dano. 
Caro custa um desengano, 
embora este não me tenha matado 
quão caro que me custou! 
De mim me sou feito outro, 
entre o cuidado e cuidado 
está um mal derramado, 
que por mal grande me veio. 
Nova dor, novo receio 
foi este que me tomou, 
assim me tem, assim estou. 
(Bernardim Ribeiro) 
O teatro de Gil Vicente
O grande nome do teatro no Humanismo é Gil 
Vicente, considerado o pai do teatro em Portugal. Escrita 
em 1502, sua primeira peça foi Auto da Visitação, em 
homenagem à rainha D. Maria pelo nascimento de seu 
filho, o futuro rei D. João III. Em seus 71 anos de vida, Gil 
Vicente se manteve em cena durante 34 anos e testemu-
nhou muitas modificações ocorridas em Portugal, viu, por 
exemplo, seu país sair de uma sociedade agrária e tornar-
-se uma potência naval, comercial e militar.
Acredita-se que ele tenha nascido por volta de 
1495. Pouco se conhece de sua vida particular e acre-
dita-se que tenha se mantido distante de exageros e 
modismos, mas sabe-se que ele legou à sociedade uma 
vasta obra teatral, com forte caráter moralizante, em 
que a religião aparece como padrão e referência de 
comportamento, a partir da qual se julgam as virtudes e 
os erros dos humanos.
Viveu a transição dos valores medievais para os re-
nascentistas, trazendo, de um lado, a crença teocêntrica na 
providência divina e, de outro, a crítica de costumes, como 
a audácia humanista fundindo o antigo ao moderno.
Ridendo castigat mores
A arte teatral vicentina tem caráter moralizan-
te, pois enfoca os desvios comportamentais inseridos 
num contexto em que a religião católica era o padrão 
de comportamento. No entanto, sua crítica sempre se 
voltava para os sujeitos e não para as instituições, prin-
cipalmente as religiosas.
A evidente intenção na maioria de suas obras 
é criar o riso crítico, usando a máxima latina ridendo 
castigat mores, ou seja, rindo castiga-se a moral 
sem fazer distinção de classe, seja rico, pobre, plebeu 
ou nobre, todos eram sua matéria-prima e recebiam a 
mesma força de suas críticas.
91
O teatro vicentino coloca no centro da cena erros 
de ricos e pobres, nobres e plebeus. O autor denuncia os 
exploradores do povo, como o fidalgo, o sapateiro e o 
agiota no Auto da barca do inferno; e ridiculariza os 
velhos que se interessam por mulheres mais jovens na 
farsa O velho da horta.
Um recurso muito explorado por Gil Vicente é o uso 
de alegorias, ou seja, de representações por meio de perso-
nagens ou objetos, de ideias abstratas, geralmente relacio-
nadas aos vícios e às virtudes humanas. Assim, no Auto da 
barca do inferno, o agiota traz consigo uma bolsa cheia de 
moedas que representa, alegoricamente, a sua ganância.
Outro recurso são os tipos sociais, nos quais são 
elencadas figuras que formam um quadro da socieda-
de portuguesa da época, como papas, fidalgos, juízes, 
onzeneiros, alcoviteiras, prostitutas, espertalhões, tolos, 
mulheres ambiciosas, clérigos, frades etc.
Afastou-se totalmente dos gêneros de grande pres-
tígio no teatro da Antiguidade Clássica, ou seja, a tragédia e 
a comédia são caracterizadas por três unidades: ação, tempo 
e lugar. Gil Vicente, ao contrário, caracteriza sua obra pela 
amplitude temática, maior duração da ação cênica, maior 
número de atores em cena e despreocupação com grande 
cenário para que possa justapor espaços com mais facilida-
de. Além disso, misturava no registro de fala tanto o erudito 
como o popular, o dito “elevado” com o “baixo”.
As obras de Gil Vicente costumam ser divididas 
em três tipos:
 Autos pastoris (éclogas): gênero a que per-
tencem algumas das primeiras obras do autor. 
Algumas dessas peças têm caráter religioso, 
como o auto pastoril português;
 Autos de moralidade: gênero em que Gil Vi-
cente se celebrizou. Suas peças mais conhecidas 
são os da trilogia das barcas (Auto da barca do 
inferno, Auto da barca do purgatório e Auto da 
barca da glória) e o Auto da alma.
 Farsas: peças de caráter crítico, utilizam como 
personagens tipos populares e desenvolvem-se em 
torno de problemas da sociedade. As mais popu-
lares são a Farsa de Inês Pereira, história de uma 
jovem que vê no casamento a sua chance de as-
censão social, e O velho da horta, que ridiculariza a 
paixão de um velho casado por uma jovem virgem.
O velho da horta (1512)
A farsa gira em torno dos amores de um velho e uma 
mocinha que vai até sua horta “buscar cheiros para a panela”.
O velho a corteja e apaixona-se por ela. Uma 
alcoviteira, aproveitando-se da situação, põe-se a tirar a 
fortuna do Velho e o deixa na miséria.
Leia um trecho:
[...]
Entra a moça na horta e diz o velho: Senhora, benza-vos 
Deus!
MOÇA: Deus vos mantenha, senhor.
VELHO: Onde se criou tal flor? Eu diria que nos céus.
MOÇA: Mas no chão.
VELHO: Pois damas se acharão que não são vosso sapato!
MOÇA: Ai! Como isso é tão vão, e como as lisonjas são-
de barato!
VELHO: Que buscais vós cá, donzella, senhora, meu coração?
MOÇA: Vinha ao vosso hortelão, por cheiros para a panella.
VELHO: E a isso vinde vós, meu paraíso. Minha senhora, 
e não a aí?
MOÇA: Vistes vós! Segundo isso, nenhum velho não 
tem siso natural.
VELHO: Ó meus olhinhos garridos, minha rosa, meu arminho!
MOÇA: Onde he vosso ratinho? Não tem os cheiros colhidos?
VELHO: Tão depressa vinde vós, minha condensa, meu 
amor, meu coração!
MOÇA: Jesus! Jesus! Que cousa he essa? E que prá-
tica tão avessa da razão! Falai, falai doutra maneira! 
Mandai-me dar a hortaliça.
VELHO: Grão fogo de amor me atiça, ó minha alma ver-
dadeira!
MOÇA: E essa tosse? Amores de sobreposse serão os da 
vossa idade; o tempo vos tirou a posse.
VELHO: Mais amo que se moço fosse com a metade.
MOÇA: E qual será a desastrada que atende vosso amor?
VELHO: Ó minhaalma e minha dor, quem vos tivesse fur-
tada!
MOÇA: Que prazer! Quem vos isso ouvir dizer cuidará 
que estais vós vivo, ou que estais para viver!
VELHO: Vivo não no quero ser, mas cativo!
[...]
92
A farsa de Inês Pereira (1523)
A farsa de Inês Pereira é considerada a mais com-
plexa peça de Gil Vicente. Ao apresentá-la, o teatrólogo 
português diz:
A seguinte farsa de folgar foi re-
presentada ao muito alto e mui poderoso 
rei D. João, o terceiro do nome em Por-
tugal, no seu Convento de Tomar, na era 
do Senhor 1523. O seu argumento é que, 
porquanto duvidavam certos homens de 
bom saber, se o Autor fazia de si mesmo 
estas obras, ou se as furtava de outros 
autores, lhe deram este tema sobre que 
fizesse: é um exemplo comum que dizem: 
Mais vale asno que me leve 
que cavalo que me derrube. 
E sobre este motivo se fez esta farsa. 
A obra pode ser dividida em cinco partes: a pri-
meira é um retrato da rotina na qual se insere a pro-
tagonista; a segunda reflete a situação da mulher na 
sociedade da época, cujos registros são dados pela mãe 
de Inês, pela própria Inês e por Lianor Vaz; a terceira 
mostra o comércio casamenteiro, representado pelos ju-
deus comerciantes e pelo arranjo matrimonial-mercantil 
de Inês com Brás da Mata; a quarta considera o ca-
samento, o despertar para a realidade, contrapondo-a 
ao sonho que embalava as fantasias da protagonista 
e; finalmente, a quinta parte reflete a realidade brutal 
da qual Inês, experiente e vivida, procura tirar proveito 
próprio. A peça apresenta uma situação concreta, com 
uma personagem bem delineada psicologicamente e 
um fio condutor melhor configurado que as produções 
anteriores de Gil Vicente.
O enredo é simples: uma jovem sonhadora pro-
cura, por meio do casamento com um homem que sai-
ba tanger viola, fugir à rotina doméstica. Despreza a 
proposta de Pero Marques, filho de um camponês rico, 
homem tolo e ingênuo, e aceita se casar com Brás da 
Mata, escudeiro pelintra e pobretão. No entanto, os so-
nhos da heroína são logo desfeitos, porque o marido 
revela sua verdadeira personalidade, maltratando-a e 
explorando-a. Brás da Mata vai para a África e lá vem 
a falecer. Inês, ensinada pela dura experiência, toma 
consciência da realidade e aceita se casar com Pero 
Marques, seu primeiro pretendente. Depressa também 
a jovem aceita a corte de um falso ermitão. A farsa ter-
mina com o marido (cantado por ela como cuco, gamo 
e cervo, tradicionalmente concebidos como símbolos 
do homem traído) levando-a às costas (asno que me 
carregue) até a gruta em que vive o ermitão, para um 
encontro nada ingênuo.
Leia um trecho:
INÊS PEREIRA: Quien con veros pena y muere 
qué hará cuando no os viere? 1
FALADO: Renego deste lavrar e do primeiro que 
o usou 2 ao diabo que o eu dou que tam mau é d’aturar.
Oh, Jesus! Que enfadamento, e que raiva, e que 
tormento, que cegueira, e que canseira! 3 Eu hei-de bus-
car maneira d’algum outro aviamento 4.
Coitada, assi hei-de estar encerrada nesta casa 
como panela sem asa que sempre está num lugar?
E assi hão-de ser logrados 5 dou dias amargura-
dos, que eu possa estar cativa 6 em poder de desfiados? 
7
Antes o darei ao Diabo que lavrar mais nem pon-
tada;8 já tenho a vida cansada de jazer sempre dum 
cabo. 9
Todas folgam e eu não, todas vêm e todas vão 
onde querem, senão eu. Hui! E que pecado é o meu, Oh 
que dor de coração!
Esta vida é mais que morta. Sou eu coruja ou 
corujo, ou sou algum caramujo,10 que não sai senão à 
porta? E quando me dão algum dia licença, como a bu-
gia,11 que possa estar à janela é já mais que a Madane-
la 12 quando achou a aleluia.
1. Quem, vendo-vos, sofre e morre que fará se vos não vir? 
2. Amaldiçoado seja o trabalho doméstico e quem o inventou. 
3. Que trabalho cansativo e sem propósito. 
4. Aviamento: solução. 
5. Lograr: desfrutar, aproveitar. 
6. Ao afirmar que desfruta (aproveita) os dias presa em casa, 
sempre bordando e costurando, Inês ironiza a vida enfadonha a 
que está submetida. 
7. Desfiados: tecidos para bordar e costurar. 
8. Que vá tudo ao Diabo, não darei nem mais um ponto no 
bordado. 
9. Estou cansada de estar sempre cativa, condenada às mesmas 
e repetitivas tarefas, como as panelas que estão sempre depen-
duradas em uma mesma posição. 
10. Ao comparar-se à coruja e ao caramujo, Inês ressalta, 
respectivamente, os seguintes lamentos: não participa da vida 
social e é prisioneira da própria casa. 
11. Bugia: macaca. 
12. Madanela: Madalena, personagem bíblica. 
93
Auto da barca do inferno (1514)
O Auto da barca do inferno representa o juízo 
final católico de forma satírica e com forte apelo moral. 
O cenário é uma espécie de porto, onde se encontram 
duas barcas: uma com destino para o inferno, coman-
dada pelo diabo, e a outra, com destino para o paraíso, 
comandada por um anjo. Ambos os comandantes aguar-
dam os mortos, que são as almas que seguirão para o 
paraíso ou para o inferno.
Os mortos começam a chegar e um fidalgo é o 
primeiro. Ele representa a nobreza, e é condenado ao 
inferno por seus pecados, tirania e luxúria. O diabo or-
dena ao fidalgo que embarque. Este, arrogante, julga-se 
merecedor do paraíso, pois deixou muita gente rezando 
por ele. Recusado pelo anjo, encaminha-se, frustrado, 
para a barca do inferno; mas tenta convencer o diabo a 
deixá-lo rever sua amada, pois esta “sente muito” sua 
falta. O diabo destrói seu argumento, afirmando que ela 
o estava enganando.
Um agiota chega a seguir e é condenado ao in-
ferno por ganância e avareza. Tenta convencer o anjo a 
ir para o céu pedindo ao diabo que o deixe voltar para 
pegar a riqueza que acumulou, mas é impedido e acaba 
na barca do inferno.
O terceiro indivíduo a chegar é o parvo (um tolo, 
ingênuo). O diabo tenta convencê-lo a entrar na barca 
do inferno; quando o parvo descobre qual é o destino 
dela, vai falar com o anjo. Este, agraciando-o por sua 
humildade, permite-lhe entrar na barca do céu.
A alma seguinte é a de um sapateiro, com todos 
os seus instrumentos de trabalho. Durante sua vida en-
ganou muitas pessoas, e tenta enganar também o dia-
bo. Como não consegue, recorre ao anjo, que o condena 
como alguém que roubou do povo.
O frade é o quinto a chegar cantarolando com 
sua amante. Sente-se ofendido quando o diabo o con-
vida a entrar na barca do inferno, pois, sendo represen-
tante religioso, crê que teria perdão. Foi, porém, conde-
nado ao inferno por falso moralismo religioso.
Brísida Vaz, feiticeira e alcoviteira, é recebida 
pelo diabo, que lhe diz que seu o maior bem são “seis-
centos virgos postiços”. Virgo é hímen, representa a 
virgindade. Compreendemos que essa mulher prostituiu 
muitas meninas virgens, e “postiço” nos faz acreditar 
que enganara seiscentos homens, dizendo que tais me-
ninas eram virgens. Brísida Vaz tenta convencer o anjo 
a levá-la na barca do céu inutilmente. Ela é condenada 
por prostituição e feitiçaria.
A seguir, é a vez do judeu, que chega acom-
panhado por um bode. Encaminha-se direto ao diabo, 
pedindo para embarcar, mas até o diabo recusa-se a 
levá-lo. Ele tenta subornar o diabo, porém este, com 
a desculpa de não transportar bodes, o aconselha a 
procurar outra barca. O judeu fala, então, com o anjo, 
porém não consegue aproximar-se dele: é impedido, 
acusado de não aceitar o cristianismo. Por fim, o diabo 
aceita levar o judeu e seu bode, mas não dentro de sua 
barca, e, sim, rebocados.
Durante o reinado de Dom Manuel, de 1495-
1521, muitos judeus foram expulsos de Portugal, e os 
que ficaram tiveram que se converter ao cristianismo, 
sendo perseguidos e chamados de “cristãos novos”. Ou 
seja, Gil Vicente segue, nessa obra, o espírito da época.
O corregedor e o procurador, representantes do 
judiciário, chegam, a seguir, trazendo livros e processos. 
Quando convidados pelo diabo a embarcarem, come-
çam a tecer suas defesas e encaminham-se ao anjo. 
Na barca do céu, o anjo os impede de entrar: são con-
denados à barca do infernopor manipularem a justiça 
em benefício próprio. Ambos farão companhia à Brísida 
Vaz, revelando certa familiaridade com a cafetina – o 
que nos faz crer ter havido trocas de serviços entre eles.
O próximo a chegar é o enforcado, que acredita 
ter perdão para seus pecados, pois em vida foi julgado e 
enforcado. Mas também é condenado a ir para o inferno 
por corrupção.
Por fim, chegam à barca quatro cavaleiros que 
lutaram e morreram defendendo o cristianismo. Estes 
são recebidos pelo anjo e perdoados imediatamente.
O bem e o mal
Todos os personagens que têm como destino o 
inferno chegam trazendo consigo objetos terrenos, re-
presentando seu apego à vida; por isso, tentam voltar. 
Os personagens a quem se oferece o céu são cristãos e 
puros. O mundo aqui ironizado é maniqueísta: o bem e 
o mal, o bom e o ruim são metades de um mundo moral 
simplificado. O Auto da barca do inferno faz parte de 
uma trilogia (Autos da barca da glória, do inferno e do 
94
purgatório). Escrito em versos de sete sílabas poéticas, 
possui apenas um ato, dividido em várias cenas. A lin-
guagem entre os personagens é coloquial – e é através 
das falas que podemos classificar a condição social de 
cada um dos personagens.
Leia um trecho:
[Vêm Quatro Cavaleiros cantando, os quais 
trazem cada um a Cruz de Cristo, pela qual Senhor e 
acrescentamento de Sua santa fé católica morreram em 
poder dos mouros. Absoltos a culpa e pena per privilé-
gio que os que assi morrem têm dos mistérios da Paixão 
d’Aquele por Quem padecem, outorgados por todos os 
Presidentes Sumos Pontífices da Madre Santa Igreja. E 
a cantiga que assi cantavam, quanto a palavra dela, é 
a seguinte:] 
Cavaleiros: À barca, à barca segura, barca bem 
guarnecida, à barca, à barca da vida! Senhores que tra-
balhais pela vida transitória, memória, por Deus, memó-
ria deste temeroso cais! À barca, à barca, mortais, Barca 
bem guarnecida, à barca, à barca da vida! Vigiai-vos, 
pecadores, que, depois da sepultura, neste rio está a 
ventura de prazeres ou dolores! À barca, à barca, se-
nhores, barca mui nobrecida, à barca, à barca da vida!
[E passando per diante da proa do batel dos da-
nados assi cantando, com suas espadas e escudos, disse 
o Arrais da perdição desta maneira:]
Diabo: Cavaleiros, vós passais e não perguntais 
onde vais?
1o CAVALEIRO: Vós, Satanás, presumis? Atentai 
com quem falais!
2o CAVALEIRO: Vós que nos demandais? Sequer 
conhece-nos bem: morremos nas Partes d’Além, e não 
queirais saber mais.
DIABO: Entrai cá! Que cousa é essa? Eu não 
posso entender isto!
CAVALEIROS: Quem morre por Jesus Cristo não 
vai em tal barca como essa!
[Tornaram a prosseguir, cantando, seu caminho 
direito à barca da Glória, e, tanto que chegam, diz o 
Anjo:]
ANJO: Ó cavaleiros de Deus, a vós estou espe-
rando, que morrestes pelejando por Cristo, Senhor dos 
Céus! Sois livres de todo mal, mártires da Santa Igreja, 
que quem morre em tal peleja merece paz eternal.
[E assim embarcam.]
CLASSICISMO
Detalhe do quadro O Nascimento da Vênus, de Botticelli, Galeria degli 
Ufizzi, Florença.
Cronologia do Classicismo
Início (1527): chegada de Sá de Miranda à 
Portugal, com a Medida Nova.
Fim (1580): morte de Camões e união da pe-
nínsula Ibérica.
Contexto
Nos séculos XV e XVI, a visão teocêntrica do 
mundo, que caracterizou a Idade Média, cede lugar ao 
antropocentrismo, ou seja, o Homem e a Ciência vão 
para o centro dos acontecimentos e do universo. O Re-
nascimento marca o apogeu dessa era, que se propõe a 
iluminar com a razão as trevas da civilização medieval. 
Comércio
O fascínio pela vida nos meios urbanos fez com 
que a sociedade buscasse cada vez mais os prazeres 
que o dinheiro podia propiciar. O comércio entre as 
nações da Europa cresceu e a burguesia mercantil não 
aceitava que a produção agrária estivesse voltada ape-
nas para a subsistência e desejava buscar o comércio 
exterior entre as nações.
Renascimento
O Renascimento foi uma decorrência natural 
do Humanismo. O seu significado nas artes é reflexo 
de transformações radicais sucedidas no Oriente, ao se 
95
emancipar do velho sistema feudal. A certeza de que o 
ser humano é uma força racional, capaz de dominar e 
de transformar o Universo, levou o europeu a uma iden-
tificação com a cultura clássica, que valorizava a vida 
terrena. O mundo, as pessoas e a vida passaram a ser 
vistos sob o prisma da razão.
Vista panorâmica de Florença - palco do Renascimento 
O palco
A Itália foi onde essa tendência renascentista 
apareceu com mais intensidade, sendo o palco deste 
retorno ao mundo da Antiguidade Clássica, ou seja, fez 
renascer os ideais de valorização dos gregos e latinos, 
desde meados do século XIII, dos esforços individuais, 
da perfeição, da superioridade humana e da razão como 
parâmetro de observação e interpretação da realidade.
Pintura, escultura e arquitetura
Na pintura, um dos principais traços do Renasci-
mento foi a noção de perspectiva e a tematização de ele-
mentos da Antiguidade Clássica, bem como a humaniza-
ção do tema sacro. A técnica era levada em conta acima de 
tudo, o sombreado realçava a ideia de volume dos corpos. 
Também teve início a utilização da tela e a tinta a óleo.
Na escultura, o que mais chama a atenção é a 
busca pela representação ideal do homem, normalmen-
te retratado nu a fim de exaltar as formas humanas.
A arquitetura também teve influência dos traços 
clássicos, retratando a figura humana e o conceito de 
beleza dos templos construídos de maneira harmônica, 
normalmente coberta por uma cúpula. 
Entre os artistas mais importantes da arte renas-
centista estão Leonardo da Vinci (1452-1519), Miche-
langelo (1475-1564) e Rafael Sanzio (1483-1520).
Monalisa, de Leonardo da Vinci. Museu do Louvre, Paris, França.
Pietà, de Michelangelo.
Literatura
O poeta Dante Alighieri, autor da Divina comé-
dia, introduziu o verso decassílabo – chamado de “a 
medida nova”, em contraponto à redondilha, conside-
rada como “medida velha”. O poeta Francesco Petrarca, 
criador do soneto, influenciou vários poetas europeus, 
entre o quais o inglês William Shakespeare e os portu-
gueses Luís Vaz de Camões e Sá de Miranda.
96
Leia um soneto de Francesco Petrarca:
Se a minha vida do áspero tormento
E tanto afã puder se defender,
Que por força da idade eu chegue a ver
Da luz do vosso olhar o embaciamento,
E o áureo cabelo se tornar de argento,
E os verdes véus e adornos desprender,
E o rosto, que eu adoro, empalecer,
Que em lamentar me faz medroso e lento,
E tanta audácia há de me dar o Amor,
Que vos direi dos martírios que guardo,
Dos anos, dias, horas o amargor.
Se o tempo é contra este querer em que ardo,
Que não o seja tal que à minha dor
Negue o socorro de um suspiro tardo.
Sá de Miranda
Em Portugal, considera-se como marco inicial do 
Classicismo o ano de 1527, data em que o poeta Sá de 
Miranda regressou da Itália, de onde trouxe as inova-
ções literárias do Renascimento italiano, introduzindo-
-as em Portugal. O encerramento desse primeiro perío-
do clássico ocorre em 1580, ano da morte de Camões e 
do domínio espanhol sobre Portugal.
Além do Classicismo, há dois outros períodos 
clássicos: o Barroco, momento em que Portugal é do-
minado e governado pela Espanha, e o Arcadismo, 
que avança até a segunda década do século XIX.
Características do Classicismo
O Classicismo queria recuperar a “classe” dos au-
tores antigos a partir do cultivo dos valores greco-latinos, 
inclusive da mitologia pagã, própria dos antigos. Isso 
levou os poetas renascentistas a recorrer às entidades 
mitológicas para pedir inspiração, simbolizar emoções, 
exemplificar comportamentos. Pastores, deuses, deusas 
e ninfas estão presentes nas obras de arte e na literatura 
renascentista de forma natural, convivendo até mesmo 
com tradições cristãs, herdadas da época medieval.
É hora de o ser humano se orgulhar de suas con-
quistas terrenas. O homem descobre que a Terra é redon-
da e passater um olhar universalista sobre a realidade.
O marco de seu início se dá em 1527, quando o 
poeta Sá de Miranda retorna de sua incursão pela Itália 
renascentista e introduz em Portugal novas formas de 
composição. Ele trouxe a postura amorosa, o soneto e, 
principalmente, a forma fixa do verso decassílabo cha-
mado de Medida Nova, o Dolce Stil Nuovo (o doce estilo 
novo) criado pelo escritor italiano Francesco Petrarca.
Tendências fundamentais
 Criação e imitação
Retomado do princípio aristotélico da mimese, 
ou seja, da reprodução os comportamentos hu-
manos por intermédio da arte.
 Racionalismo
O desenvolvimento de um raciocínio completo 
sobre os temas abordados, inclusive o amor. Na 
poesia, essa tentativa de conciliar razão e emo-
ção se apresentou por meio de uma figura de 
linguagem chamada “paradoxo”.
 Humanismo e ideal de beleza
Recriação da natureza humana por meio de um 
ideal de beleza, proporção, harmonia e simetria.
 Universalismo
A busca por novos territórios, expansão marítima. 
O homem quer se colocar acima da natureza e, 
automaticamente, acima de Deus. O planeta Ter-
ra passa a ser um espaço de dominação humana.
ASSISTIR
INTERATIVIAA DADE
Vídeo Documentário português sobre a obra Os lusíadas
Vídeo Documentário português sobre Camões
Fonte: Ensina RPT
Fonte: Ensina RPT
97
LER
tt Livros
Lírica – Luís de Camões – Massaud Moisés
Considerado o maior poeta lírico português de todos os tempos, sua 
poesia lírica é marcada por uma dualidade: ora revela textos de nítida 
herança tradicional portuguesa, ora sua poesia se enquadra na medida 
nova renascentista.
Os lusíadas – Edição Comentada por Otoniel Mota
Os Lusíadas é uma obra poética do escritor Luís Vaz de Camões, conside-
rada a epopeia portuguesa por excelência.
Dicionário de Luís de Camões – Vítor Aguiar e Silva
O Dicionário de Luís de Camões, obra concebida sob a coordenação do 
prof. Vítor Aguiar e Silva, constitui um vasto e rico Thesaurus da camonís-
tica contemporânea.
98
ARTES PLÁSTICAS
99
Sepultamento de Cristo de Michelangelo, 1507 Madonna, de Rafael, circa 1505-1506 
Obras renascentistas
Morte de Inês ou Drama de Inês de Castro, de Columbano Bordalo Pinheiro, século XIX
Episódio - Inês de Castro
100
ESTRUTURA CONCEITUAL
Idade Média Idade Moderna
Processo de enriquecimento
da burguesia
Maior contato com obras
produzidas na antiguidade
destaque:
- Gil Vicente
Trovadorismo BarrocoHumanismo Classicismo
100
©
 J
os
é 
Ve
lo
so
 S
al
ga
do
Classicismo: 
Camões épico e lírico
Competência
5
Habilidades
15, 16 e 17
L
ENTRE LETRAS
C
07 08
Competência 1 – Aplicar as tecnologias da comunicação e da informação na escola, no trabalho e em outros contextos relevantes para 
sua vida.
H1 Identificar as diferentes linguagens e seus recursos expressivos como elementos de caracterização dos sistemas de comunicação.
H2 Recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dos sistemas de comunicação e informação para resolver problemas sociais.
H3 Relacionar informações geradas nos sistemas de comunicação e informação, considerando a função social desses sistemas.
H4 Reconhecer posições críticas aos usos sociais que são feitos das linguagens e dos sistemas de comunicação e informação.
Competência 2 – Conhecer e usar língua(s) estrangeira(s) moderna(s) (LEM) como instrumento de acesso a informações e a outras 
culturas e grupos sociais.
H5 Associar vocábulos e expressões de um texto em LEM ao seu tema.
H6 Utilizar os conhecimentos da LEM e de seus mecanismos como meio de ampliar as possibilidades de acesso a informações, tecnologias e culturas.
H7 Relacionar um texto em LEM, as estruturas linguísticas, sua função e seu uso social.
H8 Reconhecer a importância da produção cultural em LEM como representação da diversidade cultural e linguística.
Competência 3 – Compreender e usar a linguagem corporal como relevante para a própria vida, integradora social e formadora da 
identidade.
H9 Reconhecer as manifestações corporais de movimento como originárias de necessidades cotidianas de um grupo social.
H10 Reconhecer a necessidade de transformação de hábitos corporais em função das necessidades cinestésicas.
H11
Reconhecer a linguagem corporal como meio de interação social, considerando os limites de desempenho e as alternativas de adaptação para 
diferentes indivíduos.
Competência 4 – Compreender a arte como saber cultural e estético gerador de significação e integrador da organização do mundo e 
da própria identidade.
H12 Reconhecer diferentes funções da arte, do trabalho da produção dos artistas em seus meios culturais.
H13 Analisar as diversas produções artísticas como meio de explicar diferentes culturas, padrões de beleza e preconceitos.
H14 Reconhecer o valor da diversidade artística e das inter-relações de elementos que se apresentam nas manifestações de vários grupos sociais e étnicos.
Competência 5 – Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus contextos, mediante 
a natureza, função, organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições de produção e recepção.
H15 Estabelecer relações entre o texto literário e o momento de sua produção, situando aspectos do contexto histórico, social e político.
H16 Relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de construção do texto literário.
H17 Reconhecer a presença de valores sociais e humanos atualizáveis e permanentes no patrimônio literário nacional.
Competência 6 – Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de organização cognitiva da 
realidade pela constituição de significados, expressão, comunicação e informação.
H18 Identificar os elementos que concorrem para a progressão temática e para a organização e estruturação de textos de diferentes gêneros e tipos.
H19 Analisar a função da linguagem predominante nos textos em situações específicas de interlocução.
H20 Reconhecer a importância do patrimônio linguístico para a preservação da memória e da identidade nacional
Competência 7 – Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes linguagens e suas manifestações específicas.
H21 Reconhecer em textos de diferentes gêneros, recursos verbais e não-verbais utilizados com a finalidade de criar e mudar comportamentos e hábitos.
H22 Relacionar, em diferentes textos, opiniões, temas, assuntos e recursos linguísticos.
H23 Inferir em um texto quais são os objetivos de seu produtor e quem é seu público alvo, pela análise dos procedimentos argumentativos utilizados.
H24
Reconhecer no texto estratégias argumentativas empregadas para o convencimento do público, tais como a intimidação, sedução, comoção, 
chantagem, entre outras.
Competência 8 – Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e integradora da organização 
do mundo e da própria identidade.
H25 Identificar, em textos de diferentes gêneros, as marcas linguísticas que singularizam as variedades linguísticas sociais, regionais e de registro.
H26 Relacionar as variedades linguísticas a situações específicas de uso social.
H27 Reconhecer os usos da norma padrão da língua portuguesa nas diferentes situações de comunicação.
Competência 9 – Entender os princípios, a natureza, a função e o impacto das tecnologias da comunicação e da informação na sua vida 
pessoal e social, no desenvolvimento do conhecimento, associando-o aos conhecimentos científicos, às linguagens que lhes dão suporte, 
às demais tecnologias, aos processos de produção e aos problemas que se propõem solucionar.
H28 Reconhecer a função e o impacto social das diferentes tecnologias da comunicação e informação.
H29 Identificar pela análise de suas linguagens, as tecnologias da comunicação e informação.
H30 Relacionar as tecnologias de comunicação e informação ao desenvolvimento das sociedades e ao conhecimento que elas produzem
103
LUIS VAZ DE CAMÕES
Camões teria nascido em 1524 ou 1525, provavelmente na cida-de de Lisboa (talvez Coimbra ou Santarém), descendente de uma família 
da pequena nobreza. Estudou numa das mais conceituadas instituições de 
Portugal, a Universidade de Coimbra. Em sua juventude, tornou-se um leitor 
voraz de Homero, Virgílio, Ovídio e Petrarca. Lutando contra os mouros em 
1549, acabou por perder a o olho direito.
Sua biografia é um tanto quanto nebulosa e cheia de confusões. 
Em 1552, foi preso por ter brigado com Gonçalo Jorge, que era oficial 
da corte, e sai perdoado da cadeia conquanto servisse militarmente Por-
tugal na Índia. Em 1556 é nomeado “provedor-mor dos bens de defun-
tos ausentes” em Macau, então colônia de Portugal. Durante os nove 
anos que passou na cadeia, começou a escrever Os Lusíadas. Acusado 
de desviar bens enquanto provedor-mor, vai para Goa a fim de se defen-
der das acusações. Na viagem, seu navio naufraga na foz do Rio Mekong
(Indochina) e diz a lenda que ele se salvou e deixou sua companheira chinesa, Dinamene, morrer afogada, com a 
desculpa de salvar o manuscrito de Os Lusíadas, que já estava em sua fase final. Viveu na miséria, foi preso outra 
vez, agora em Moçambique, por causa de dívidas, e voltou a Lisboa no ano de 1569 com a ajuda de amigos.
Em 1572 publica Os Lusíadas, sua obra prima, e recebe uma pensão anual de 15 mil réis oferecida por Dom 
Sebastião. Morre pobre em 10 de junho de 1580. Curiosamente, o herói da poesia portuguesa expira com o início 
do declínio do poderio imperial de Portugal, mesmo ano da União da Península Ibérica, quando o país fica sob o 
domínio da coroa espanhola.
Em 1595 é publicada a obra Rimas, com uma compilação de sua obra lírica, de versos redondilhos elabora-
dos à maneira medieval, e também seus sonetos decassílabos de influência petrarquiana.
Leia o poema que Camões escreveu por ocasião da morte de Dinamene:
Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no Céu eternamente,
E viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento Etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente,
Que já nos olhos meus tão puro viste.
E se vires que pode merecer-te
Alg’a cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,
Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.
CAMÕES, Luís Vaz de. In: Sonetos.
104
CAMÕES ÉPICO
Engenho e arte
A obra épica Os Lusíadas, publicada no reinado 
de Dom Sebastião em 1572, é a mais importante epo-
peia em língua portuguesa, teve como modelos estru-
turais as epopeias da Antiguidade: a Ilíada e a Odisseia, 
do poeta grego Homero, e a Eneida, do poeta latino 
Virgílio. Entretanto, Camões introduziu uma novidade, 
pois, em Os Lusíadas, o herói é coletivo, ou seja, é 
o povo português; ao contrário do que ocorre nas epo-
peias modelares, em que um relevante herói individual 
se sobressai (a exemplo de Aquiles, Ulisses e Eneias). 
Essa modalidade de escrita passou a ser chamada de 
epopeia secundária.
Na narrativa épica camoniana, o herói, Vasco da 
Gama, comandante da expedição que buscou o cami-
nho marítimo para as Índias, tem seu espaço compar-
tilhado com os portugueses, o povo heroico português, 
como o próprio título da epopeia indica.
Camões era cristão e desejava expressar em seu 
poema a expansão da fé cristã no mundo. Por isso, a 
presença de Deus e a referência a milagres e santos 
do cristianismo são constantes em sua obra. Contudo, 
como nas epopeias que Camões tomou por modelo – 
Odisseia, Ilíada e Eneida –, há nela também a presença 
dos deuses do Olimpo. Eles interferem na narrativa de 
Os Lusíadas procurando auxiliar ou prejudicar os por-
tugueses no cumprimento de seus objetivos. Enquanto 
Vênus e Marte, por exemplo, tentam protegê-los, outros 
deuses, como Netuno e Baco, procuram impedir o cum-
primento da rota planejada – o primeiro porque zela 
pelo seu poderio nos mares, e o segundo, pelo seu do-
mínio no Oriente.
Os Lusíadas conseguiu conciliar, portanto, a mi-
tologia pagã (fruto do gosto renascentista pelo estudo 
da cultura pagã) e a mitologia cristã (ideologia pessoal 
do autor). Isso, porém, valeu a Camões problemas com 
a Inquisição e tratamento com muita reserva por parte 
dos críticos de sua época.
Estátua de Luís de Camões, na praça Luís de Camões, Bairro Alto, Lisboa; 
ao fundo o edifício onde se localiza o Consulado do Brasil em Lisboa
Disponível em:<https://commons.wikimedia.org/wiki/
File:Camoes_2.jpg. 
Acessado em: Dez.2015 
Estrutura da obra
A obra de Camões apresenta 8.816 versos de-
cassílabos, divididos em 1.102 estrofes, todas em oita-
va-rima, organizada em dez cantos. Cada canto, na epo-
peia, corresponde a um capítulo das obras em prosa. 
Além disso, existem outras cinco partes:
1. Proposição (canto I, estrofes 1 a 3)
O poeta apresenta o que vai cantar, ou seja, o 
tema dos feitos heroicos dos ilustres barões de 
Portugal, o herói, Vasco da Gama, e o destino 
da viagem.
As armas e os barões assinalados
Que, da ocidental praia lusitana,
Por mares nunca dantes navegados
Passaram ainda além da Taprobana
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo reina, que tanto sublimaram;
barões = homens ilustres 
ocidental praia lusitana = Portugal 
Taprobana = ilha de Ceilão, limite oriental do mundo conhecido
105
2. Invocação (canto I, estrofes 4 e 5)
O poeta invoca as Tágides, ninfas do rio Tejo, pedin-
do a elas para inspirá-lo na composição da obra.
E vós, Tágides minhas, pois criado
Tendes em mim um novo engenho ardente,
Dai-me agora um som alto e sublimado,
Um estilo grandíloquo e corrente,
3. Dedicatória ou oferecimento 
(canto I, estrofes 6 a 18)
O poeta dedica seu poema a D. Sebastião, rei de 
Portugal na época em que o poema foi publicado, 
visto como a esperança de propagação da fé cris-
tã e continuação dos grandes feitos de Portugal.
Ouvi: vereis o nome engrandecido
Daqueles de quem sois senhor superno
E julgareis qual é mais excelente,
Se ser do mundo rei, se de tal gente.
superno = supremo
4. Narração (canto I, estrofe 19 até canto X, 
estrofe 144)
O poeta relata a viagem propriamente dita dos por-
tugueses ao Oriente. Essa é, portanto, a parte mais 
longa do relato e vários são os episódios que nela 
se destacam. O desenrolar dos fatos começa In Me-
dia Res, ou seja, no meio da ação, quando Vasco da 
Gama e sua esquadra se dirigem ao Cabo da Boa 
Esperança. A seguir, alguns dos mais importantes re-
latos da obra.
No canto II, depois de terem passado por dificulda-
des no mar, os portugueses, com o auxílio da deusa 
Vênus, aportam na África, onde são recebidos pelo 
rei de Melinde, que pede a Vasco da Gama que conte 
a história de Portugal. Esse é o pretexto encontrado 
por Camões para pôr na fala de sua personagem as 
histórias que envolvem a fundação do Estado portu-
guês: a Revolução de Avis, a morte de Inês de Castro 
e a partida dos portugueses para o Oriente.
Esse relato de Vasco da Gama se estende até o canto 
IV, momento em que os portugueses seguem viagem. 
Nele, três episódios merecem destaque:
 o de Inês de Castro, amante do príncipe D. Pe-
dro assassinada a mando do rei (canto III);
 o das críticas do velho da praia do Restelo 
(canto IV); e
 do gigante Adamastor (canto V), que é uma 
personificação dos perigos enfrentados pelos na-
vegantes aos transporem o Cabo das Tormentas.
Por fim, A ilha dos amores (canto IX), com o ero-
tismo de seus símbolos, conclamando os portu-
gueses a contemplarem a “Máquina do Mundo”.
5. Epílogo
É a conclusão do poema (estrofes 145 a 156 do 
canto X), em que o poeta demonstra cansaço e, 
em tom melancólico e pessimista, aconselha ao 
rei e ao povo português que sejam fiéis à pátria 
e ao cristianismo.
Episódio de “Inês de Castro” 
(canto III, estrofes 118 a 135)
A morte de Inês de Castro, de Karl Briullov, século XIX. 
O rei Afonso retorna a sua terra natal, depois do 
intento vitorioso sobre osmouros esperando ser recebido 
com honras de vitória e, principalmente, de paz, mas é 
obrigado a contornar uma revolta popular com o triste e 
memorável caso da desventura de dona Inês de Castro. 
Este é considerado um episódio lírico interno ao 
texto épico, em que uma verdadeira história de amor 
portuguesa é inserida em Os Lusíadas com o claro intui-
to de registrar esta que foi uma das histórias de amor 
mais bonitas e verdadeiras já contadas pela humanida-
de. Leia um trecho:
Traziam-na os horríficos algozes
Ante o Rei, já movido a piedade;
Mas o povo, com falsas e ferozes
Razões, a morte crua o persuade,
Ela, com tristes e piedosas vozes,
Saídas só da mágoa e saudade
Do seu Príncipe e filhos, que deixava
Que mais que a própria morte magoava
106
Episódio do “Velho do Restelo” 
(canto IV, estrofes 90 a 104)
Torre de Belém, Lisboa, Portugal.
O episódio do Velho do Restelo representa um 
conflito ideológico contra os intentos portugueses. 
Como toda lógica narrativa, o desenrolar da aventura 
passa por processos conflituosos e, nesse caso, ele as-
sume forma de um conflito entre a visão conservadora, 
daquele que fica, no caso o velho que com seu cajado 
maldiz as grandes navegações, e os ideias universalistas 
dos argonautas portugueses.
O velho simboliza os ideais medievais e, com suas 
palavras, diz que aqueles que quiserem fama e glória aci-
ma dos valores religiosos e, sobretudo católicos, seriam 
punidos com um futuro negativo. Os portugueses enfren-
tam este posicionamento e conquistam os mares apesar 
das críticas do velho. No entanto, sabe-se que o velho 
tem sua razão quanto à ambição dos reis portugueses, 
que colocam acima de qualquer coisa “fama” e “glória” 
e que levariam Portugal a sua futura derrocada. O velho é 
aquele que fica, que é terra, que conserva posição em de-
trimento da fluidez prática do lançar-se ao mar de Vasco 
da Gama e sua esquadra. Leia um trecho:
Qual vai dizendo: – Ó filho, a quem eu tinha
Só pra refrigério e doce amparo
Desta cansada já velhice minha
Que em choro acabará, penosos e amaro
Por que me deixas, mísera e mesquinha?
Por que de mim te vás, o filho caro,
A fazer o funéreo enterramento
Onde sejas de peixe mantimento?
[...]
Mas um velho, de aspeito venerado,
Que ficava nas praias, entre a gente,
Postos os olhos em nós, meneando
Três vezes a cabeça, descontente,
A voz pesada um pouco alevantando,
Que nós o mar ouvimos claramente,
Co’um saber só de experiências feito,
Tais palavras tirou do experto peito:
Episódio “O gigante Adamastor” 
(canto V, estrofes 37 a 60)
Nesse episódio, a esquadra de Vasco da Gama 
está contornando a África quando um gigante monstru-
oso emerge do mar, proferindo ameaças e profecias de 
naufrágios das naus, em decorrência do atrevimento de 
Vasco da Gama e de sua tripulação ter invadido aquele 
território de domínio do gigante, nunca antes navegado.
Vasco da Gama não se intimida e inicia um diá-
logo com o gigante, que se identifica como Adamastor. 
Ele conta que era um Titã e que um dia se apaixonou 
por Tétis, mulher do deus Peleu. Enganado por ela, caiu 
em uma armadilha, após submetê-la a um “amor for-
çoso”, foi condenado por Netuno e como castigo foi 
transformado em uma enorme e imóvel montanha.
Adamastor é, na verdade, uma personificação do 
Cabo das Tormentas. O episódio representa a superação 
do medo, dos perigos do mar e das crendices medie-
vais pelos portugueses que circulavam socialmente. É 
representativo do ponto de vista do engrandecimento 
do povo português que, apesar do temor e do desco-
nhecimento, enfrentou os obstáculos e os perigos do 
mar, vencendo-os e triunfando.
[...]
Porém já cinco Sóis eram passados
Que dali nos partíramos, cortando
Os mares nunca de outrem navegados,
Prosperamente os ventos assoprando,
Quando uma noite, estando descuidados
Na cortadora proa vigiando,
Uma nuvem, que os ares escurece,
Sobre nossas cabeças aparece.
Tão temerosa vinha e carregada,
Que pôs nos corações um grande medo;
Bramindo, o negro mar de longe brada,
Como se desse em vão nalgum rochedo.
107
– “Ó Potestade (disse) sublimada:
Que ameaço divino ou que segredo
Este clima e este mar nos apresenta,
Que mor cousa parece que tormenta?”
[...]
Não acabava, quando uma figura
Se nos mostra no ar, robusta e válida,
De disforme e grandíssima estatura;
O rosto carregado, a barba esquálida,
Os olhos encovados, e a postura
Medonha e má, e a cor terrena e pálida;
Cheios de terra e crespos os cabelos,
A boca negra, os dentes amarelos.
Tão grande era de membros, que bem posso
Certificar-te que este era o segundo
De Rodes estranhíssimo Colosso,
Que um dos sete milagres foi do mundo.
Cum tom de voz nos fala, horrendo e grosso,
Que pareceu sair do mar profundo.
Arrepiam-se as carnes e o cabelo,
A mi e a todos, só de ouvi-lo e vê-lo!
E disse: – “Ó gente ousada, mais que quantas
No mundo cometeram grandes cousas,
Tu, que por guerras cruas, tais e tantas,
E por trabalhos vãos nunca repousas,
Pois os vedados términos quebrantas
E navegar meus longos mares ousas,
Que eu tanto tempo há já que guardo e tenho,
Nunca arados de estranho ou próprio lenho;
[...]
– “Eu sou aquele oculto e grande Cabo
A quem chamais vós outros Tormentório,
Que nunca a Ptolomeu, Pompónio, Estrabo,
Plínio, e quantos passaram, fui notório.
Aqui toda a Africana costa acabo
Neste meu nunca visto Promontório,
Que para o Pólo Antártico se estende,
A quem vossa ousadia tanto ofende.
cinco sóis = cinco dias; esquálida = suja, desalinhada; 
colosso = uma das setes maravilhas do mundo, a está-
tua do deus Apolo, em Rodes, na Grécia; Tormentório = 
Cabo das Tormentas; Ptolomeu = astrônomo grego; Pom-
pónio = geógrafo romano; Estrabo = geógrafo grego.
Episódio “A Ilha dos Amores” 
(canto IX, estrofes 68 a 95)
As Nereidas (Ninfas) da Ilha dos Amores 
Nos cantos de VI a IX, os portugueses chegam 
a Calicute, na Índia, e têm problemas com os mouros. 
Preparam-se, então, para voltar para Portugal, mas, de-
vido a seus esforços e à sua coragem, são premiados 
por Vênus, que lhes oferece uma passagem pela Ilha 
dos Amores, onde podem livremente amar as ninfas, li-
deradas por Tétis. Além disso, a Ilha dos Amores celebra 
a virilidade dos argonautas portugueses com o erotismo 
de seus símbolos levando-os a refletir sobre a “Máqui-
na do Mundo”. Todo o fervor religioso em defesa dos 
portugueses que tentavam impor aos infiéis mouros sua 
fé cristã não impediu a utilização do erotismo no episó-
dio que foi beneficiado por uma deusa pagã, a Venus, 
que durante todo o poema protege os portugueses, em 
contraposição a Baco (o Dionísio dos gregos), que tinha 
tudo para ser favorável a essa situação, por ser o deus 
do vinho, mas que, na obra, é constituído como inimigo 
dos portugueses, uma vez que seu desregramento e re-
presentação por chifres e rabo o aproximava da imagem 
do diabo utilizada pela Igreja Católica.
Oh, que famintos beijos na floresta!
E que mimoso choro que soava
Que afagos tão suaves! Que ira honesta,
Que em risinhos alegres se tornava!
O que mais passam na manha e na sesta,
Que Vênus com prazeres inflamava,
Melhor é experimentá-lo que julgá-lo,
Mas julgue-o quem não pode experimentá-lo.
A Ilha dos Amores, na visão de Jorge Golaço.
108
CAMÕES LÍRICO
“Tu, só tu, puro amor”
A obra lírica de Camões compreende poemas 
feitos na medida velha e na medida nova. A medida 
velha obedece à poesia de tradição popular, na forma 
e no conteúdo. São exploradas as redondilhas, de cinco 
ou de sete sílabas (menor ou maior, respectivamente).
Quanto à medida nova, os poemas em medida 
nova são relacionados à tradição clássica: sonetos, éclo-
gas, elegias, oitavas, sextinas. Quanto ao conteúdo, a 
poesia lírica clássica se relaciona com o petrarquismo. 
Francesco Petrarca foi o responsável por fixar a forma 
do soneto, no século XIV; o conteúdo de sua poesia 
delineia um lirismo amoroso platônico, relacionado in-
dissoluvelmente a uma mulher inacessível, Laura, a que 
dedicouperto de 360 sonetos, no seu Cancioneiro.
A lírica amorosa
O tema amoroso é explorado na lírica camonia-
na sob dupla perspectiva. Com frequência, aparece o 
amor sensual, próprio da sensualidade renascentista, 
inspirada no paganismo da cultura greco-latina. Predo-
mina, porém, o amor neoplatônico, espécie de exten-
são e aprofundamento da tradição da poesia medieval 
portuguesa ou da poesia humanista italiana, em que 
o amor e a mulher se configuram como idealizados e 
inacessíveis.
Na poesia lírica camoniana, tal qual no modelo 
legado por Petrarca, o amor é um sentimento que eleva o 
homem, tornando-o capaz de atingir o Bem, a Beleza e a 
Verdade, de acordo com a filosofia platônica. Para Platão, 
a realidade se divide em “mundo dos sentidos” e “mundo 
das ideias”. No mundo sensorial, nada é perene; no mun-
do das ideias, tudo é eterno, imutável. O amor ideal, de 
acordo com Platão, é um sentido essencialmente puro e 
desprovido de paixões, ao passo que estas são essencial-
mente cegas, materiais, efêmeras e falsas.
Em Camões, percebe-se o conflito entre o sen-
timento espiritual, idealizado, e o sentimento de ma-
nifestação carnal. O amor é, dessa forma, complexo, 
contraditório. Esse duplo enfoque do amor é bastante 
acentuado no soneto Amor é fogo que arde sem se ver.
Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Amor é fogo que arde sem se ver. 
In: CAMÕES, Luís Vaz de. Lírica. São Paulo: Cultrix, 1976.
Dessa forma, o amor que uma pessoa sente por 
outra não passa de uma manifestação particular e im-
perfeita de algo superior, universal e perfeito: o Amor-
-ideal, grafado com A maiúsculo.
É dessa concepção que advém o amor neopla-
tônico dos humanistas e renascentistas: quanto mais o 
amor por uma pessoa estiver desvinculado de prazeres 
físico-sensoriais e se aproximar do amor-ideal, maior e 
mais puro será. É o que se observa nas 1a e 2a estrofes 
do soneto de Camões:
Transforma-se o amador na cousa amada,
por virtude do muito imaginar;
não tenho, logo, mais que desejar,
pois em mim tenho a parte desejada.
Se nela está minha alma transformada,
que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si somente pode descansar,
pois consigo tal alma está ligada.
Mas esta linda e pura semideia,
que, como um acidente em seu sujeito,
assim como a alma minha se conforma, 
está no pensamento como ideia:
[E] o vivo e puro amor de que sou feito,
como a matéria simples busca a forma.
(Lírica, cit., p.109) 
Nessas estrofes iniciais do poema, a realização 
amorosa se dá por meio de imaginação. Não é preciso 
ter a pessoa amada fisicamente, basta tê-la em pen-
samento. Tendo-a, em si, na imaginação, o eu lírico se 
transforma na pessoa amada, confunde-se com ela e, 
dessa forma, já a tem.
109
Observe, porém, que, nas duas últimas estrofes, o 
poeta abandona o neoplatonismo e, com uma compara-
ção, manifesta seu desejo físico pela mulher amada: do 
mesmo modo que toda matéria busca uma forma, o seu 
amor puro, amor-ideia, busca o objeto desse amor, ou 
seja, a mulher real.
Esses sentimentos contraditórios, bem como certo 
pessimismo existencial que marca a poesia lírica de Ca-
mões, fogem ao espírito harmonioso e racional do Renas-
cimento e prenunciam o movimento literário do século 
XVII: o Barroco. Esse período de transição entre Renasci-
mento e o Barroco é chamado, nas artes plásticas, de Ma-
neirismo; por isso, alguns críticos consideram como traços 
maneiristas certas características da lírica de Camões.
Um amor para sempre
O soneto Sete anos de pastor Jacó servia, é uma 
amostra marcante do amor platônico, que tem duração 
idealizada, independentemente de realização física. 
Esse poema de Camões narra o episódio bíblico em que 
Jacó trabalha para Labão, visando casar-se com sua fi-
lha Raquel, mas acaba recebendo a irmã dela, Lia.
Sete anos de pastor Jacob servia 
Labão, pai de Raquel, serrana bela; 
Mas não servia ao pai, servia a ela, 
E a ela só por prêmio pretendia. 
Os dias, na esperança de um só dia, 
Passava, contentando-se com vê-la; 
Porém o pai, usando de cautela, 
Em lugar de Raquel lhe dava Lia. 
Vendo o triste pastor que com enganos 
Lhe fora assim negada a sua pastora, 
Como se a não tivera merecida; 
Começa de servir outros sete anos, 
Dizendo: – Mais servira, se não fora 
Para tão longo amor tão curta a vida! 
Sete anos de pastor Jacó servia. 
In: CAMÕES, Luis Vaz de. Lírico. São Paulo: Cultrix, 1976.
No primeiro quarteto, o pastor Jacó serve a La-
bão porque deseja Raquel. O segundo quarteto mostra 
o desejo frustrado de Jacó, quando Labão lhe entrega a 
irmã mais velha, Lia. Humilde, por um amor ideal, pla-
tônico, o pastor se dispõe a trabalhar outros sete anos, 
e assim indefinidamente para comprovar sua fidelidade 
amorosa.
A mutabilidade e o mundo 
desconcertante
A perfeição do mundo das ideias é contrastada por 
Camões com as imperfeições do mundo terreno. Em sua obra 
lírica, nota-se que a vida humana está condicionada a essas 
imperfeições, enquanto o espírito busca outros horizontes. 
Desse contraponto, resulta uma visão pessimista da vida, que 
brota dos problemas existenciais do próprio poeta, de suas 
frustrações e atribuições.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o Mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
CAMÕES, Luís Vaz de. 200 Sonetos. Porto Alegre: L&PM. 1998.
Vídeo
ASSISTIR
INTERATIVIAA DADE
Documentário português sobre a obra Os lusíadas
Fonte: Ensina RPT
Vídeo Documentário português sobre Camões
Fonte: Ensina RPT
110
LER
tt Livros
Lírica – Luís de Camões – Massaud Moisés
Considerado o maior poeta lírico português de todos os tempos, sua 
poesia lírica é marcada por uma dualidade: ora revela textos de nítida 
herança tradicional portuguesa, ora sua poesia se enquadra na medida 
nova renascentista.
Os lusíadas – Edição Comentada por Otoniel Mota
Os Lusíadas é uma obra poética do escritor Luís Vaz de Camões, conside-
rada a epopeia portuguesa por excelência.
Dicionário de Luís de Camões – Vítor Aguiar e Silva
O Dicionário de Luís de Camões, obra concebida sob a coordenação do 
prof. Vítor Aguiar e Silva, constitui um vasto e rico Thesaurus da camonís-
tica contemporânea.
111
INTERDISCIPLINARIDADE
112
Os Portugueses e as Ninfas na Ilha dos Amores (ilustração do episódio do Canto IX de Os Lusíadas de Camões, de Bordalo Pinheiro, século XIX.
Nos ombros de um Tritão ... vai Dione, composição alusiva ao Canto II (est. XXI) de 
Os Lusíadas de Camões, figurando Dione e um grupo de ninfas num mar revolto, 
perto do casco de uma caravela de Bordalo Pinheiro, século XIX.
Artes plásticas
ESTRUTURA CONCEITUAL
Idade Média Idade Moderna
Camões
Épico
Trabalho do
autor com a epopeia
Maior produção
de sonetos
Camões
Lírico
Trovadorismo Humanismo BarrocoClassicismo
113
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Quinhentismo e Barroco
Competência
5
Habilidades
15, 16 e 17
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ENTRE LETRAS
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09 10
Competência 1 – Aplicar as tecnologias da comunicação e da informação na escola, no trabalho e em outros contextos relevantes para 
sua vida.
H1 Identificar as diferentes linguagens e seus recursos expressivos como elementos de caracterização dos sistemas de comunicação.H2 Recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dos sistemas de comunicação e informação para resolver problemas sociais.
H3 Relacionar informações geradas nos sistemas de comunicação e informação, considerando a função social desses sistemas.
H4 Reconhecer posições críticas aos usos sociais que são feitos das linguagens e dos sistemas de comunicação e informação.
Competência 2 – Conhecer e usar língua(s) estrangeira(s) moderna(s) (LEM) como instrumento de acesso a informações e a outras 
culturas e grupos sociais.
H5 Associar vocábulos e expressões de um texto em LEM ao seu tema.
H6 Utilizar os conhecimentos da LEM e de seus mecanismos como meio de ampliar as possibilidades de acesso a informações, tecnologias e culturas.
H7 Relacionar um texto em LEM, as estruturas linguísticas, sua função e seu uso social.
H8 Reconhecer a importância da produção cultural em LEM como representação da diversidade cultural e linguística.
Competência 3 – Compreender e usar a linguagem corporal como relevante para a própria vida, integradora social e formadora da 
identidade.
H9 Reconhecer as manifestações corporais de movimento como originárias de necessidades cotidianas de um grupo social.
H10 Reconhecer a necessidade de transformação de hábitos corporais em função das necessidades cinestésicas.
H11
Reconhecer a linguagem corporal como meio de interação social, considerando os limites de desempenho e as alternativas de adaptação para 
diferentes indivíduos.
Competência 4 – Compreender a arte como saber cultural e estético gerador de significação e integrador da organização do mundo e 
da própria identidade.
H12 Reconhecer diferentes funções da arte, do trabalho da produção dos artistas em seus meios culturais.
H13 Analisar as diversas produções artísticas como meio de explicar diferentes culturas, padrões de beleza e preconceitos.
H14 Reconhecer o valor da diversidade artística e das inter-relações de elementos que se apresentam nas manifestações de vários grupos sociais e étnicos.
Competência 5 – Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus contextos, mediante 
a natureza, função, organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições de produção e recepção.
H15 Estabelecer relações entre o texto literário e o momento de sua produção, situando aspectos do contexto histórico, social e político.
H16 Relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de construção do texto literário.
H17 Reconhecer a presença de valores sociais e humanos atualizáveis e permanentes no patrimônio literário nacional.
Competência 6 – Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de organização cognitiva da 
realidade pela constituição de significados, expressão, comunicação e informação.
H18 Identificar os elementos que concorrem para a progressão temática e para a organização e estruturação de textos de diferentes gêneros e tipos.
H19 Analisar a função da linguagem predominante nos textos em situações específicas de interlocução.
H20 Reconhecer a importância do patrimônio linguístico para a preservação da memória e da identidade nacional
Competência 7 – Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes linguagens e suas manifestações específicas.
H21 Reconhecer em textos de diferentes gêneros, recursos verbais e não-verbais utilizados com a finalidade de criar e mudar comportamentos e hábitos.
H22 Relacionar, em diferentes textos, opiniões, temas, assuntos e recursos linguísticos.
H23 Inferir em um texto quais são os objetivos de seu produtor e quem é seu público alvo, pela análise dos procedimentos argumentativos utilizados.
H24
Reconhecer no texto estratégias argumentativas empregadas para o convencimento do público, tais como a intimidação, sedução, comoção, 
chantagem, entre outras.
Competência 8 – Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e integradora da organização 
do mundo e da própria identidade.
H25 Identificar, em textos de diferentes gêneros, as marcas linguísticas que singularizam as variedades linguísticas sociais, regionais e de registro.
H26 Relacionar as variedades linguísticas a situações específicas de uso social.
H27 Reconhecer os usos da norma padrão da língua portuguesa nas diferentes situações de comunicação.
Competência 9 – Entender os princípios, a natureza, a função e o impacto das tecnologias da comunicação e da informação na sua vida 
pessoal e social, no desenvolvimento do conhecimento, associando-o aos conhecimentos científicos, às linguagens que lhes dão suporte, 
às demais tecnologias, aos processos de produção e aos problemas que se propõem solucionar.
H28 Reconhecer a função e o impacto social das diferentes tecnologias da comunicação e informação.
H29 Identificar pela análise de suas linguagens, as tecnologias da comunicação e informação.
H30 Relacionar as tecnologias de comunicação e informação ao desenvolvimento das sociedades e ao conhecimento que elas produzem
117
Observe, na tabela abaixo, os períodos literários do Brasil Colônia.
Quinhentismo (1500-1601) Barroco (1601-1768) Neoclassicismo (1768-1836)
O primeiro documento escrito foi a Carta de 
Pero Vaz de Caminha, destinada a Dom Ma-
nuel, rei de Portugal.
Publicação do poema épico Prosopopeia, de 
Bento Teixeira.
Publicação de Obras Poéticas, de Cláudio 
Manuel da Costa.
Florescimento da chamada literatura de 
informação, cujo objetivo era descrever 
para a Corte portuguesa a terra descoberta.
Poesias lírica, religiosa e satírica, de 
Gregório de Matos, em Salvador, Bahia.
Atuação do Grupo Mineiro em Vila Rica, 
Minas Gerais.
Desenvolvimento da literatura de ca-
tequese, com a finalidade de doutrinar 
os indígenas.
Oratória doutrinária do padre Antônio 
Vieira, em Salvador, Maranhão, e outras 
áreas do Nordeste brasileiro.
Poesia árcade de Cláudio Manuel da Cos-
ta (sonetos).
Textos de teatro com teor catequético. Sermões, do padre Antônio Vieira
Tomás Antônio Gonzaga escreve Marília de 
Dirceu.
Produção de poesia religiosa. Conceptismo e cultismo.
Poesia épica indianista: O Uraguai, de 
Basílio da Gama, e Caramuru, de Santa 
Rita Durão.
José de Anchieta é o principal expoente da 
literatura catequética.
Contexto de reformas religiosas. A natureza é a base temática.
QUINHENTISMO OU LITERATURA COLONIAL
A literatura brasileira 
floresceu em duas fases
O período é didaticamente chamado de Qui-
nhentismo brasileiro e os documentos produzidos 
durante esse tempo não podem ser considerados litera-
tura artística, mas manifestações literárias, uma vez 
que não são criações de caráter artístico, e sim produtos 
de observações ora objetivas, ora subjetivas.
Esse primeiro período da história da nossa lite-
ratura, chamado Quinhentismo, começou em 1500, ano 
em que Pero Vaz de Caminha, escrivão da frota de 
Pedro Álvarez Cabral, enviou a Dom Manuel I a famosa 
Carta. Ela comunica ao soberano o “achamento” (esse 
era o termo usado na época) das terras brasileiras. No 
século XVI, os textos produzidos no Brasil ligam-se a 
duas necessidades práticas principais da empresa colo-
nizadora portuguesa: fornecer informação sobre a nova
terra e converter os indígenas ao cristianismo. Nessa literatura de valor principalmente documental, encontram-se 
elementos importantes para a compreensão das origens históricas e literárias do Brasil.
A primeira fase corresponde ao período do Brasil colonial, durante os séculos XVII e XVIII. Naquela época, 
uma da primeiras vozes da literatura brasileira foi a do poeta Gregório de Matos e Guerra, instalado em Salva-
dor, no século XVII. Durante o século XVIII, Minas Gerais acompanhou a produção de poetas sediados em Vila Rica 
(atual Ouro Preto), Mariana, São João Del-Rei, cidades vinculadas ao ciclo do ouro e pedras preciosas.
A segunda fase da literatura brasileira nasceu na época do Brasil independente, a partir de 1822.
Descobrimento, de Cândido Portinari (1956).
118
Não se podefalar em uma literatura “do Brasil”, 
como característica do país naquele período, mas em 
literatura “no Brasil”, uma literatura ligada ao Brasil, 
que denota as ambições e as intenções do homem eu-
ropeu. Divide-se em literatura informativa e litera-
tura jesuítica. O Quinhentismo serviu de inspiração 
literária para alguns poetas e escritores do Romantismo 
– Gonçalves Dias, José de Alencar – e do Modernismo – 
Oswald de Andrade, Murilo Mendes.
Literatura de informação
A expansão ultramarina europeia levou inúme-
ros viajantes às terras recém-descobertas ou exploradas 
da Ásia, África e América com a missão de produzir re-
latórios informativos sobre essas terras e aspectos exó-
ticos e pitorescos de seus habitantes. Esses relatórios, 
denominados “crônicas de viagem”, têm caráter mais 
histórico do que literário, e a linguagem é predominan-
temente referencial ou denotativa.
A Carta, de Pero Vaz de Caminha, considerada o 
primeiro documento da literatura no Brasil, inaugurou a 
chamada literatura informativa: manifestações literárias 
de considerável valor histórico e profundo caráter docu-
mental sobre o Brasil, escritas por cronistas e viajantes 
estrangeiros. Descrevem e informam sobre a nova co-
lônia portuguesa, salientando a conquista material e a 
exaltação da terra nova. Estes relatos visavam a satisfa-
zer a curiosidade e a imaginação dos europeus.
Índio tapuia. Eckhout, A. (1610-1666)
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Na literatura informativa encontram-se docu-
mentos, cartas e relatórios de navegantes, administrado-
res, missionários e autoridades eclesiásticas. Descrevem 
e exaltam a flora, a fauna e os índios do Brasil, bem 
como o exotismo e a exuberância de um mundo tropical. 
Também predomina o registro referencial da linguagem 
que reflete tal louvor à terra com o emprego exagerado 
de adjetivos no superlativo, bem como modelos clássi-
cos e renascentistas que tendem à erudição. 
Os textos informativos formam um painel da 
vida dos anos iniciais do Brasil Colônia, dando notícias 
dos primeiros contatos entre os europeus e a realidade 
da nova terra. A opulência da flora e da fauna impres-
sionou vivamente o colonizador, enquanto o modo de 
vida dos indígenas foi motivo de muita curiosidade e de 
incompreensão – os colonizadores nunca abandonaram 
sua concepção de que eram donos de uma cultura supe-
rior no interior do próprio sistema colonial. Esses textos 
cumpriam, acima de tudo, uma finalidade prática. 
 Carta, de Pero Vaz da Caminha, escrita em 1500;
 Diário de navegação, de Pero Lopes de Souza, 
escrito entre 1530 e 1532, durante a expedição 
de Martim Afonso de Sousa;
 História da Província de Santa Cruz e Tratado da 
Terra do Brasil, de Pero de Magalhães Gandavo, 
ou Gândavo, publicados, respectivamente, em 
1576 e 1826;
 Tratado descritivo do Brasil em 1587 ou Notícias 
do Brasil, de Gabriel Soares de Sousa, publicado 
em 1851.
 Diálogos das grandezas do Brasil (1618), atribu-
ídos a Ambrósio Fernandes Brandão, e a História 
do Brasil (1627), de Frei Vicente do Salvador, pu-
blicados no século XVII.
Para a história da literatura brasileira, a literatura 
informativa adquire importância principalmente como 
fonte de temas e formas para momentos literários pos-
teriores: o Romantismo e o Modernismo.
Pero Vaz de Caminha
Escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral, Cami-
nha escreveu a Dom Manuel, rei de Portugal, no dia 1o 
de maio de 1500, a Carta – de inestimável valor histó-
rico e de razoável valor literário –, em que comunica o 
"descobrimento" do Brasil.
119
Lendo a Carta
A Carta enviada ao rei Dom Manuel é uma es-
pécie de “certidão de nascimento” do Brasil, pois foi o 
primeiro documento escrito nestas terras. É o texto que 
marca o princípio da literatura brasileira.
A Carta de Caminha, embora escrita nos primór-
dios da colonização (1500), só veio a ser impressa em 
1817, na Corografia Brasílica, pela imprensa Régia do 
Rio de Janeiro.
Primeiro trecho
Senhor, posto que o Capitão-mor desta vossa 
frota, e assim os outros Capitães escrevam a Vossa Al-
teza a notícia do achamento desta vossa terra nova, 
que nesta navegação agora se achou, não deixarei de 
também dar disso minha conta a Vossa Alteza, assim 
como eu melhor puder, ainda que – para o bem contar 
e falar – o saiba pior que todos faze! [...] Tome Vossa 
Alteza, porém, minha ignorância por boa vontade, e 
creia bem por certo que, para aformosear nem afear, 
não porei aqui mais do que aquilo que vi e me pareceu.
[...]
Então seguimos nosso caminho por este mar de 
longo até terça-feira de Oitavas de Páscoa, que foram 
21 dias de abril, quando topamos alguns sinais de 
terra [...] a saber: Em primeiro lugar um monte gran-
de, muito alto e redondo e outras serras mais baixas 
ao sul dele; e terra rasa, com grandes arvoredos. Ao 
mesmo monte alto pôs o Capitão o nome de Monte 
Pascoal; e à terra – Terra de Vera Cruz.
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Carta original de Pero Vaz de Caminha.
Segundo trecho
Dali avistamos homens que andavam pela praia, 
obra de sete ou oito, segundo disseram os navios pe-
quenos, por chegarem primeiro. Então lançamos fora 
os batéis e esquifes, e vieram logo todos os capitães 
das naus a esta nau do Capitão-mor, onde falaram 
entre si. E o Capitão-mor mandou em terra no batel 
a Nicolau Coelho para ver aquele rio. E tanto que ele 
começou de ir para lá, acudiram pela praia homens, 
quando aos dois, quando aos três, de maneira que, ao 
chegar o batel à boca do rio, já ali havia dezoito ou vin-
te homens. Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma
que lhes cobrisse suas vergonhas. Nas mãos traziam 
arcos com suas setas. Vinham todos rijos sobre o ba-
tel; e Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os 
arcos. E eles os pousaram. 
Ali não pôde deles haver fala, nem entendimen-
to de proveito, por o mar quebrar na costa. Somente 
deu-lhes um barrete vermelho e uma carapuça de li-
nho que levava na cabeça e um sombreiro preto. Um 
deles deu-lhe um sombreiro de penas de ave, com-
pridas, com uma copazinha de penas vermelhas e 
pardas como de papagaio; e outro deu-lhe um ramal 
grande de continhas brancas, miúdas, que querem 
parecer de aljaveira, as quais peças creio que o Ca-
pitão manda a Vossa Alteza, e com isto se volveu às 
naus por ser tarde e não poder haver deles mais fala, 
por causa do mar. [...]
Terceiro trecho
A feição deles é serem pardos, maneira de 
avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem 
feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura. Nem 
estimam de cobrir ou de mostrar suas vergonhas; e 
nisso têm tanta inocência como em mostrar o rosto. 
Ambos traziam os beiços de baixo furados e metidos 
neles seus ossos brancos e verdadeiros, de compri-
mento duma mão travessa, da grossura dum fuso de 
algodão, agudos na ponta como um furador. Metem-
nos pela parte de dentro do beiço; e a parte que lhes 
fica entre o beiço e os dentes é feita como roque de 
xadrez, ali encaixado de tal sorte que não os moles-
ta, nem os estorva no falar, no comer ou no beber.
Os cabelos seus são corredios. E andavam tos-
quiados, de tosquia alta, mais que de sobrepente, de 
boa grandura e rapados até por cima das orelhas. E 
um deles trazia por baixo da solapa, de fonte a fonte 
120
para detrás, uma espécie de cabeleira de penas de 
ave amarelas, que seria do comprimento de um coto, 
mui basta e mui cerrada, que lhe cobria o toutiço e as 
orelhas. E andava pegada aos cabelos, pena e pena, 
com uma confeição branda como cera (mas não o 
era), de maneira que a cabeleira ficava mui redonda 
e mui basta, e mui igual, e não fazia míngua mais 
lavagem para a levantar.
O Capitão, quando eles vieram, estava sentado 
em uma cadeira, bem vestido, com um colar de ouro 
mui grande ao pescoço, e aos pés uma alcatifa por 
estrado. Sancho de Tovar, Simão de Miranda, Nico-
lau Coelho, Aires Correia, e nós outros que aqui na 
nau com ele vamos, sentados no chão, pela alcatifa. 
Acenderam-setochas. Entraram. Mas não fizeram si-
nal de cortesia, nem de falar ao Capitão nem a nin-
guém. Porém um deles pôs olho no colar do Capitão, 
e começou de acenar com a mão para a terra e de-
pois para o colar, como que nos dizendo que ali havia 
ouro. Também olhou para um castiçal de prata e as-
sim mesmo acenava para a terra e novamente para o 
castiçal como se lá também houvesse prata.
CAMINHA, Pero Vaz de. Carta ao rei D. Manuel. 
In: VOGT, Carlos; LEMOS, J.A. Guimarães de. Ironistas e viajantes. 
São Paulo: Abril Educação, s.d. (Coleção Literatura Comentada.)
Pero de Magalhães Gândavo
Autor de O Tratado da Terra do Brasil e da His-
tória da Província de Santa Cruz, compostas em louvor 
ao clima, à terra e à paisagem, e que estimulam a imi-
gração do leitor.
Uma planta se dá também nesta Província, que 
da ilha de São Tomé, com a fruita da qual se ajudam 
muitas pessoas a sustentar a terra. Esta planta é mui 
tenra e não muito alta, não tem ramos senão umas fo-
lhas que serão seis ou sete palmos de comprido. A fruita 
dela se chama banana. Parecem-se na feição com pepi-
nos, criam-se em cachos. Esta fruita é mui saborosa, e 
das boas, que há na terra: tem uma pele como de figo 
(ainda que mais dura) a qual lhe lançam fora quando a 
querem comer: mas faz dano à saúde e causa febre a 
quem se desmanda nela.
GÂNDAVO, Pero de Magalhães. 
História da Província de Santa Cruz.
Leia também este trecho da História da Província 
Santa Cruz, e observe que Gândavo traz aqui uma inver-
tida noção sobre a língua dos indígenas, além de fazer 
uma descrição minuciosa sobre o tipo físico do silvícola.
História da Província
Estes índios são de cor baça, e cabelo corredio; têm 
o rosto amassado, e algumas feições dele à maneira de 
chinês. Pela maior parte são bem dispostos, rijos e de 
boa estatura; gente mui esforçada, e que estima pouco 
morrer, temerária na guerra, e de muito pouca conside-
ração: são desagradecidos em grande maneira, e mui 
desumanos e cruéis, inclinados a pelejar, e vingativos 
por extremo.
Vivem todos mui descansados sem terem outros 
pensamentos senão comer, beber, e matar gente, e por 
isso engordam muito, mas com qualquer desgosto pelo 
conseguinte tornam a emagrecer, e muitas vezes pode 
deles tanto a imaginação que se algum deseja a morte, 
ou alguém lhe mete em cabeça que há de morrer tal dia 
ou tal noite não passa daquele termo que não morra.
São mui inconstantes e mudáveis: creem de ligei-
ro tudo aquilo que lhes persuadem por dificultoso e im-
possível que seja, e com qualquer dissuasão facilmente 
o tornam logo a negar. São mui desonestos e dados à 
sensualidade, e assim se entregam aos vícios como se 
neles não houvera razão de homens: ainda que todavia 
em seu ajuntamento os machos e fêmeas têm o devido 
resguardo, e nisto mostram ter alguma vergonha.
Ilustração que retrata Pero Magalhães de Gândavo 
descrevendo animais novos.
121
A língua de que usam, toda pela costa, é uma: ain-
da que em certos vocábulos difere n’algumas partes; 
mas não de maneira que se deixem uns aos outros de 
entender: e isto até a altura de vinte e sete graus, que 
daí por diante há outra gentilidade, de que nós não te-
mos tanta notícia, que falam já outra língua diferente. 
Esta de que trato, que é geral pela costa, é mui branda, 
e a qualquer nação fácil de tomar. Alguns vocábulos há 
nela de que não usam senão as fêmeas, e outros que 
não servem senão para os machos: carece de três le-
tras, convém a saber, não se acha nela F, nem L, nem R, 
coisa digna de espanto porque assim não tem Fé, nem 
Lei, nem Rei e desta maneira vivem desordenadamen-
te sem terem além disto conta nem peso, nem medida.
GÂNDAVO, Pero de Magalhães. 
In: VOGT, Carlos; LEMOS. J. A. Guimarães de, Op. Cit.
Literatura de formação ou jesuítica
Ao lado da prosa informativa, ocorreram mani-
festações em poesia e teatro escritas por jesuítas, com 
a finalidade de catequizar os índios. A essa produção 
chamamos de literatura de formação, em decorrência 
do aspecto didático que apresenta.
Padre José de Anchieta (1534-1597)
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Padre José de Anchieta
Nessa categoria, merece destaque o padre je-
suíta que veio ao Brasil para desenvolver o trabalho 
missionário de converter os índios ao Cristianismo. Em 
1554, fundou a cidade de São Paulo. Escreveu poemas, 
crônicas, sermões e textos teatrais, ora didáticos, ora 
lírico-religiosos.
Anchieta dominava bem latim, espanhol, portu-
guês e tupi. Sua linguagem era simples e direta. Escre-
veu a primeira gramática tupi-guarani: Arte de gramáti-
ca da língua mais usada na costa brasileira.
Dentre suas obras, sobressaem os autos Quando no 
Espírito Santo, se recebeu uma relíquia das onze mil Virgens;
Na Vila de Vitória; Auto de São Lourenço; e o poema De 
Beata Virgine Dei Madre Maria (À beata Virgem Maria 
Mãe de Deus).
Veio ao Brasil com a segunda leva de jesuítas 
na esquadra de Duarte da Costa, segundo Governador-
-Geral do Brasil. Em 1554, participou da fundação do 
colégio, onde também foi professor, na Vila de São Pau-
lo de Piratininga, núcleo da futura cidade que receberia 
o nome de São Paulo. Exerceu o cargo de provincial dos 
jesuítas, entre os anos de 1577 e 1587. Escreveu cartas, 
sermões, poesias, a gramática da língua mais falada na 
costa brasileira (o tupi) e peças de teatro, tornando-se 
representante do Teatro Jesuítico no Brasil.
Sua obra é considerada a primeira manifesta-
ção literária em terras brasileiras. A coleção das obras 
completas do padre José de Anchieta é dividida em 
três gêneros: poesia, prosa e obras sobre Anchieta, 
que somam um total de dezessete volumes.
Leia abaixo A Santa Inês, um dos poemas 
mais conhecidos de José de Anchieta.
Cordeirinha linda,
como folga o povo
porque vossa vinda
lhe dá lume novo!
Cordeirinha santa,
de Iesu querida,
Vossa santa vinda
o diabo espanta
Por isso vos canta,
com prazer, o povo,
porque vossa vinda
lhe dá lume novo.
Nossa culpa escura
fugirá depressa,
pois vossa cabeça
vem com luz tão pura.
Vossa formosura
honra é do povo,
porque vossa vinda
lhe dá lume novo.
Virginal cabeça
pola fé cortada
com vossa chegada,
já ninguém pereça.
122
Vinde mui depressa
ajudar o povo,
pois com vossa vinda
lhe dais lume novo.
Vós sois, cordeirinha,
de Iesu formoso,
mas o vosso esposo
já vos fez rainha,
Também padeirinha
sois de nosso povo,
pois, com vossa vinda,
lhe dais lume novo.
PORTELA, Eduardo (Org.).
 José de Anchieta: poesia. Rio de Janeiro: Agir, 1959.
Bosques
Todo o Brasil é um jardim em frescura e bosque 
e não se vê em todo o ano árvores nem erva seca. Os 
arvoredos se vão às nuvens de admirável altura e gros-
sura e variedade de espécies. Muitos dão bons frutos e 
o que lhes dá graça é que há neles muitos passarinhos 
de grande formosura e variedade e em seu canto não 
dão vantagem aos rouxinóis, pintassilgos, colorinos, e 
canários de Portugal e fazem uma harmonia quando 
um homem vai por este caminho, que é para louvar 
ao Senhor, e os bosques são tão frescos que os lindos 
e artificiais de Portugal ficam muito abaixo. Há mui-
tas árvores de cedro, áquila, sândalos e outros paus de 
bom olor e várias cores e tantas diferenças de folhas e 
flores que para a vista é grande recreação e pela muita 
variedade não se cansa de ver
José de Anchieta. Cartas, informações, fragmentos históricos e 
sermões. Informação da Província do Brasil para nosso padre – 
1585. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1933, p. 430-431.
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Padre Anchieta, óleo sobre tela, de Cândido Portinari (1954).
O texto revela uma visão exuberante da natureza 
do Brasil, semelhante à manifestada na Carta, de Pero 
Vaz de Caminha. Os aspectos enfatizados contemplam 
a flora e a fauna, a grandeza e a variedade do arvo-
redo e o encantamento pelos pássaros. A riqueza e a 
vitalidade do Brasil contrastam com as paisagens de 
Portugal. Entre as riquezas do Brasil arroladas notex-
to, apenas o sândalo, originário da Índia, provavelmen-
te não existia aqui. O deslumbramento pela natureza 
do Novo Mundo marcou época tanto no período Brasil 
Colônia até o período pós-Independência.
O poema manifesta o confronto entre o bem e 
o mal com bastante simplicidade. A chegada de Santa 
Inês espanta o diabo e, graças a ela, o povo revigora sua 
fé. Os versos de cinco sílabas (redondilha menor) dão 
ritmo ligeiro ao texto, retomando a métrica das cantigas 
medievais. A linguagem é clara, as ideias são facilmente 
compreensíveis e o ritmo traz musicalidade ao poema, o 
que contribui para envolver o leitor/ouvinte, bem como 
sensibilizá-lo para a mensagem religiosa.
Padre Manuel de Nóbrega
A pedido de Dom João III, integrou a escala de 
Tomé de Sousa, primeiro Governador Geral do Brasil, o 
padre Manuel da Nóbrega, que chefiou o primeiro gru-
po de jesuítas vindos ao Brasil, em 1549.
Ferrenho defensor da liberdade dos índios, fa-
voreceu os aldeamentos, cultivou a música como auxi-
liar da evangelização, promoveu o ensino primário nas 
escolas de ler e escrever e fundou, pessoalmente, os 
colégios de Salvador, Pernambuco e São Paulo, origem 
da futura cidade, e do Rio de Janeiro, onde exerceu o 
cargo de reitor. Depois de colaborar com a expulsão dos 
estrangeiros da baía de Guanabara, contribuiu para a 
valorização do poder central e para a unificação política 
do território nacional.
Seus pensamentos estão expressos nas Cartas, 
nos Apontamentos e, sobretudo, no Diálogo sobre a 
conversão do Gentio, de sua autoria.
123
BARROCO OU SEISCENTISMO
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A dúvida de São Tomé, de Caravaggio.
Contexto
Os embates religiosos 
O movimento denominado Barroco ou Seis-
centismo aconteceu no segundo período clássico e de-
signou genericamente todas as manifestações artísticas 
produzidas no século XVII até meados do século XVIII. 
O estilo barroco sucede o movimento religioso conheci-
do como Reforma Protestante, liderado pelo teólogo 
alemão Martinho Lutero (1483-1546).
A Reforma Protestante foi um movimento 
reformista cristão iniciado em 1517 por Martinho 
Lutero. Ele apresentou 95 teses, mediante as quais 
protestava contra a Igreja Católica. À luz delas, pro-
pôs uma reforma baseada em cinco princípios:
1. somente a fé;
2. somente a Escritura;
3. somente Cristo;
4. somente a graça; e
5. somente a glória de Deus.
Lutero denunciou os abusos e equívocos do 
catolicismo da época, entre eles atos de corrupção, 
como venda de indulgências a troco do perdão dos 
pecados e da salvação eterna. O protestantismo nas-
ceu em decorrência da resistência à Igreja Católica
A proposta de reformar ensinos teológicos e 
comportamentos morais da Igreja, baseados exclusiva-
mente no ensino bíblico, provocou a reação da Igreja 
católica, àquelas alturas já sem muito espaço e poder. A 
Reforma dividiu os cristãos. Na tentativa de evitar a per-
da de fiéis, a Igreja fortaleceu o Tribunal da Inquisição, 
que passou a investigar crimes contra a fé católica e deu 
início à Contrarreforma, com a fundação da Compa-
nhia de Jesus pelo espanhol Inácio de Loyola.
Nas artes, em reação ao primeiro período clás-
sico que revolucionou o teocentrismo medieval, à luz 
e sob inspiração dos valores terrenos e humanistas da 
Antiguidade greco-romana, triunfou o Barroco, que se 
opôs ao Humanismo Renascentista em busca do elo 
perdido da tradição cristã.
O contexto português: 
a união da península Ibérica
Em 1580, Portugal foi anexado à Espanha, 
em razão do desaparecimento do rei português 
Dom Sebastião – que não deixou descendentes di-
retos –, na batalha de Alcácer-Quibir, na África, em 
1578. O rei espanhol Felipe II, um dos parentes mais 
próximos de Dom Sebastião, foi proclamado mo-
narca dos lusitanos e deu início à dinastia Filipina 
em Portugal, que se estendeu até 1640.
Sucessivamente, três reis espanhóis adotaram 
o nome Felipe (I, II e III). Foi em dezembro de 1640, 
que Portugal retomou sua independência, quando 
o duque de Bragança foi coroado rei, com o nome 
de Dom João IV, e cujo reinado durou até 1656.
Na Europa seiscentista, Portugal e Espanha confi-
guraram o modelo de absolutismo católico, que patroci-
nou a Contrarreforma, recrudesceu a perseguição aos in-
fiéis pela Inquisição e exigiu obediência ao Index Librorum 
Prohibitorum, uma relação de livros proibidos publicada 
pela Igreja Católica.
Sob dominação filipina, o Barroco português foi 
significativamente influenciado pelo espanhol, principal 
foco irradiador dessa estética que expressa a espirituali-
dade e o teocentrismo medievais misturados ao raciona-
lismo e ao antropocentrismo herdados do Renascimento.
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A arte barroca
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A ceia em Emaús, de Caravaggio.
O barroco português ocorre em uma Europa im-
pactada pelas grandes navegações dos anos 1500, pelas 
grandes conquistas, pela explosão da Reforma Protes-
tante e pelo poder monárquico absolutista. Ele traduz o 
drama do homem “entre o céu e a Terra”, atormentado 
pela fé, pela existência após a morte, pelo julgamento de 
atos praticados durante o “trânsito terreno”.
No final dos anos quinhentos e início dos anos 
seiscentos, conviem dois modos de ver o mundo: o 
paganismo renascentista em decadência e a religiosi-
dade barroca emergente. A expressão plástica barroca 
caracteriza-se pela exacerbação dos tons mais altos e 
mais coloridos e das texturas mais ricas: mais decora-
ção, mais luz e sombra em busca deliberada de efeitos. 
Duas tendências de estilo, no entanto, mani-
festam-se no Barroco: o cultismo e o conceptismo. 
Aquele, mais próprio da poesia, e este, da prosa, sem, 
no entanto, excluírem-se no conjunto da criação lite-
rária. Uma mesma obra tanto pode pender para uma 
delas quanto apresentar traços de ambas as tendências.
Cultismo
É a preferência pelo rebuscamento formal da lin-
guagem em jogos de palavras, figuras de linguagem, 
vernáculo preciosista, efeitos sensoriais – cor, som, 
forma, volume, sonoridade, imagens eloquentes e fan-
tasiosas. Conhecer é descrever mediante sensações 
nada econômicas. Metáforas, antíteses, sinestesias, 
trocadilhos, dicotomias e hipérbatos povoam os textos 
barrocos. A realidade é retratada de forma indireta, cen-
trada na habilidade verbal do escritor.
A tendência do Barroco cultista também recebeu 
o nome de gongorismo, cujo escritor mais eloquente 
foi o poeta espanhol Luis de Gôngora.
O todo sem a parte não é todo,
A parte sem o todo não é parte,
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga que é parte sendo todo.
Em todo sacramento está Deus todo,
E todo assiste inteiro em qualquer parte,
E feito em partes todo em toda a parte,
Em qualquer parte sempre fica o todo.
O braço de Jesus não seja parte,
Pois que feito Jesus em parte todo,
Assiste cada parte em sua parte.
Não se sabendo parte deste todo,
Um braço, que lhe acharam, sendo parte,
Nos disse as partes todas deste todo.
Conceptismo (do espanhol concepto, ideia)
Linguagem pautada no raciocínio e no pensa-
mento lógico, em analogias, histórias ilustrativas etc. 
Argumentos centrados na inteligência e na razão em 
busca da concisão e da coesão, sempre disciplinados 
pela lógica e seus mecanismos oferecidos pelos silogis-
mos e sofismas. Tal tendência também recebeu o nome 
de quevedismo, graças ao estilo marcante do poeta 
espanhol Francisco Gómez de Quevedo.
[...]
Pinta-se o amor sempre menino, porque ainda 
que passe dos setes anos [...] nunca chega à idade 
de uso da razão. Usar de razão e amar são duas 
coisas que não se juntam. A alma de um menino 
que vem a ser? Uma vontade com afetos e um 
entendimento sem uso. Tal é o amor vulgar. Tudo 
conquista o amor, quando conquista uma alma; po-
rém o primeiro rendido é o entendimento. Ninguém 
teve a vontade, febricitante, que não tivesse o en-
tendimento frenético. O amor deixarade variar, se 
for firme, mas não deixara de tresvariar, se é amor. 
Nunca o fogo abrasou a vontade, que o fumo não 
cegasse o entendimento. Nunca houve enfermida-
de no coração, que não houvesse fraqueza no juízo.
Padre Antonio Vieira. Sermão do Mandato
125
Características do Barroco literário
O Barroco se traduz como uma arte tensa que 
oscila entre opostos, marcada pela crise de valores, 
contradições entre o espírito cristão, antiterreno e te-
ocêntrico, e o espírito renascentista, antropocêntrico, 
racionalista e mundano. 
Conflitos e descontentamentos existenciais
A indefinição entre o divino e o terreno traduz-se 
em conflito e descontentamento existencial humano. 
São comuns os temas pessimistas, as advertências so-
bre a brevidade da vida, a ênfase na dor e na vergonha 
de permanecer em pecado. A relação com a vida terrena 
é pessimista, só minorada com a crença na vida celeste. 
O tema da penitência é constantemente enfatizado pelo 
martírio da dor.
Ideias em confronto
No Barroco predomina o gosto pela aproxima-
ção de realidades em oposição; a submissão e a vida 
recatada propostas pela Igreja contrarreformista em 
contraposição aos desejos humanos e materiais, à pos-
sibilidade de ascensão social, propiciada pelo momento 
histórico, contrapõe-se a impossibilidade da estrutura 
social fechada. Temas constantemente contraditórios, 
oscilantes entre matéria e amor, carne e espírito, amor 
ideal e amor humano.
 
Cristo bailarino. Madeira com vestígios de policromia.
Aleijadinho (1781-1790).
Tendência ao dualismo e ao 
culto do contraste
No intuito de aproximar opostos, a visão do uni-
verso dualista é, ao mesmo tempo, mística e sensual, 
religiosa e erótica, espiritual e humana. O homem vive 
em conflito com o mundo. Para traduzi-lo, abundam an-
títeses, metáforas, sinestesias e hipérboles.
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Detalhe preciosista de igreja barroca.
O estilo barroco europeu do século XVII recebeu 
denominações particulares em cada país:
 Espanha – gongorismo, originado do nome do 
poeta Luis de Gôngora (1561-1627).
 Inglaterra – eufuísmo, derivado do nome da 
obra Euphues, or the anatomy of wit, do escritor 
John Lyly (1554-1606).
 Itália – marinismo, derivado do nome de Gian-
battista Marino (1569-1625).
 França – preciosismo, em razão do exagero 
da forma preciosista, afetada e extremamente 
rebuscada na corte do rei Luis XIV.
 Alemanha – silesianismo, estilo característico 
dos escritores da região da Silésia.
O Barroco em Portugal
O Barroco português conviveu com um país que 
vivia uma crise de identidade, uma vez que estava sob o 
domínio político da Espanha. Dois aspectos ressaltam a 
produção literária desse período: o esforço dos portugue-
ses de preservar sua cultura e língua e a Contrarreforma, 
que deu à produção literária amplo caráter religioso, por 
exemplo as obras do padre Antônio Vieira, principal escri-
tor português do século XVII.
Em 1580, dois fatos significativos marcaram a vida 
cultural e política de Portugal: a morte de Camões e a pas-
sagem do país para o domínio espanhol (1580-1640).
126
A literatura e as artes portuguesas foram in-
fluenciadas pelas manifestações culturais espanholas, 
que conheceram nesse período o “século de ouro” – 
Cervantes, Gôngora, Quevedo, Lope de Vega e Calderón 
de La Barca são importantes escritores desse período. O 
florescimento do Barroco em Portugal não se deu com 
a mesma intensidade que na Espanha. Como forma de 
resistência política ao domínio espanhol, os escritores 
portugueses procuraram preservar a língua e a cultu-
ra lusitanas. Assumiram uma postura saudosista, valo-
rizando personagens e escritores do passado heroico 
recente: Vasco da Gama, Dom Sebastião, Camões.
Influenciado pela Contrarreforma, o Barroco 
português também ganhou fortes matizes religiosos, 
bem como em todos os países ibéricos. A atuação da 
Companhia de Jesus e do Tribunal da Inquisição, ins-
taurado em Portugal em meados do século XVI, com-
pletaram o quadro cultural lusitano daquele período 
religioso e austero.
O Barroco no Brasil
O marco inicial do Barroco brasileiro data de 
1601, quando Bento Teixeira publicou o poema épico 
Prosopopeia, com estrofes em oitava rima e versos de-
cassílabos, tal qual Os Lusíadas, de Camões, cujo mode-
lo ele seguiu de perto.
Embora naquela época não houvesse um público 
leitor significativo no Brasil, a poesia barroca ganhou 
impulso com a fundação de várias academias literárias 
entre os anos de 1720 e 1750. Vicejaram por todo o sé-
culo XVII e início do século XVIII, mas foram sufocadas 
pela fundação da academia chamada Arcádia Ultra-
marina, em 1768, e pela ascensão da poesia árcade.
Peculiaridades do Barroco brasileiro
Embora o Barroco brasileiro esteja ligado aos 
modelos lusitano e espanhol, peculiaridades diferen-
ciam-no destes.
Durante todo o século XVII, sob o domínio es-
panhol, continuavam a chegar ao Brasil imigrantes 
atraídos pela riqueza, portugueses e demais euro-
peus, e interessados na exploração da terra. Foi o caso 
dos franceses, que tentaram dominar o Maranhão no 
começo do século XVII.
A presença estrangeira mais marcante, no entan-
to, foi a dos holandeses. Enviado pela Companhia das 
Índias Ocidentais com o fim de controlar o comércio do 
açúcar nordestino, o general de origem alemã Johann 
Maurits, conhecido como conde Maurício de Nassau, 
desembarcou no Brasil, em Recife, em 1637, quando já 
se estabilizara o domínio holandês nas colônias portu-
guesas, iniciado em 1624.
Nassau trouxe consigo uma equipe cultural com 
pintores, arquitetos, escritores, naturistas, médicos, as-
trólogos etc., com o objetivo de documentar as terras 
ocupadas pela Holanda e angariar investimentos euro-
peus para a produção açucareira.
Com Nassau, Recife sofreu uma verdadeira re-
formulação urbana: jardins, lagos, palácio para sua aco-
modação na ilha de Antônio Vaz, uma cidade inteira foi 
modelada a seu gosto. A cidade Maurícia, ao lado de 
Recife, entre a foz do rio Capibaribe e Beberibe, emergiu 
sob sua administração.
As marcas desse tempo ficaram registradas em 
pinturas e desenhos de Frans Post, encarregado das pai-
sagens e feitos do Governador-Geral, e Albert Eckout, 
responsável pelo registro dos tipos humanos, da fauna 
e flora da “Nova Holanda”, nome de Pernambuco na-
quela época.
Frans Post tinha apenas 24 anos quando che-
gou ao Brasil. Morador de Recife entre 1637 e 1644, 
acompanhou a movimentada campanha do governador, 
documentando a paisagem e registrando portos e forti-
ficações do Maranhão à Bahia.
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Aleijadinho
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Um Barroco miscigenado
O mundo colonial brasileiro do século XVII não foi influenciado apenas pelo Barroco português, mas, sobre-
tudo, foi pressionado economicamente, graças à imensa exploração de riquezas naturais, de ouro, principalmente. 
Em razão disso, o Barroco brasileiro tornou-se uma manifestação miscigenada das culturas europeia, negra e 
nativa. Os espaços do Brasil colonial que lhe serviram de cenário foram principalmente o Nordeste e o estado de 
Minas Gerais.
Ligado ao ciclo da cana-de-açúcar, o Barroco nordestino aproximou-se da aristocracia rural, exuberante e 
pomposa, e refletiu-se na riqueza das construções eclesiásticas e nas amplas acomodações das casas-grandes.
A cidade de Salvador, na Bahia, ainda conta com cerca de 80 igrejas e vários solares e casarões inspirados 
no Barroco.
No século XVIII, o Barroco mineiro sobrepujou o da metrópole portuguesa, notadamente nas cidades au-
ríferas de Minas Gerais. Naquela região, sobressaíram as notáveis obras do escultor e arquiteto Antonio Francisco 
Lisboa (1730-1814), o Aleijadinho, cujo trabalho pautou-se pela experiência com materiais locais – pedra-sabão e 
madeira. O pintor Manuel da Costa Ataíde (1762-1830) deixou mostras de seu talento em pinturas e afrescos nos 
tetos e laterais de igrejasmineiras.
Filme
ASSISTIR
INTERATIVIAA DADE
O Brasil de Pero Vaz caminha – Direção: Bruno Laet - 2011
Filme Caravaggio – Direção: Derek Jarman - 1986
Vencedor do Prêmio SESC Rio de Fomento à Cultura, em 
2010 – na categoria Novos Talentos, Cinema Documen-
tário –, O Brasil de Pero Vaz caminha se baseia naquele 
que é considerado o primeiro documento histórico e 
literário do Brasil: a carta de Pero Vaz de Caminha.
Filme 1492 - A CONQUISTA DO PARAÍSO
Vinte anos da vida de Colombo, desde quando se convenceu de que o 
mundo era redondo, passando pelo empenho em conseguir apoio financei-
ro da Coroa espanhola para sua expedição, o descobrimento em si da Amé-
rica, o desastroso comportamento que os europeus tiveram com os habi-
tantes do Novo Mundo e a luta de Colombo para colonizar um continente 
que ele descobriu por acaso, além de sua decadência na velhice.
A curta vida do pintor italiano Michelangelo Merisi da Caravaggio (Nigel 
Terry) desde a infância e decepções do início da carreira até os últimos 
sucessos, a amizade com um cardeal e a relação destrutiva com um 
lutador (Sean Bean) e sua namorada (Tilda Swinton).
128
LER
tt Livros
Dialética da colonização – Alfredo Bosi
Em capítulos que vão de Anchieta à indústria cultural, Alfredo Bosi, o 
conceituado autor da clássica História concisa da Literatura Brasileira, 
persegue com sensibilidade as formas históricas que enlaçaram coloniza-
ção, culto e cultura. Dialética da colonização é o resultado deste percurso 
sui generis na história do pensamento brasileiro.
O barroco – Victor Lucien Tapié
Dividido em duas seções, "Concepções Barrocas" e "Experiências Barro-
cas", o volume examina esse fenômeno de arte notadamente nos séculos 
XVII e XVIII, sem esconder do leitor observações realmente novas e suges-
tivas concernentes ao estilo, que muitos reputam ser de glória, outros 
digno dos períodos de decadência, mas que, todavia, emprestou às 
cidades históricas de Minas o seu fausto e o ar sempiterno que ressumam. 
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ARTES PLÁSTICAS
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Retábulo da capela-mor da Igreja de São Francisco, em São João del-Rei (Aleijadinho)
Projeto para a fachada da Igreja de São Francisco, em São João del-Rei (Aleijadinho)
ESTRUTURA CONCEITUAL
Idade Média Idade Moderna
Trovadorismo Humanismo Classicismo
Barroco
Quinhentismo
Cultismo e conceptismo
Movimento vinculado a
conflitos de cunho religioso
Pero Vaz de Caminha e
José de Anchieta
Literatura de informação
e literatura jesuítica
Uso de antíteses
e paradoxos
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