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Aula 04
Direito Penal p/ TJ-GO (Analista
Judiciário - Área Judiciária) - 2021 -
Pré-Edital
Autores:
Renan Araujo, Time Renan Araujo
Aula 04
9 de Fevereiro de 2021
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Sumário 
CONCURSO DE PESSOAS .............................................................................................................. 3 
1 Conceito, natureza e características ....................................................................................... 3 
2 Requisitos ............................................................................................................................... 4 
2.1 Pluralidade de agentes .................................................................................................... 4 
2.2 Relevância causal da colaboração ................................................................................... 5 
2.3 Vínculo subjetivo (ou liame subjetivo) .............................................................................. 6 
2.4 Identidade de infração penal ........................................................................................... 6 
2.5 Existência de fato punível ................................................................................................ 7 
3 Modalidades .......................................................................................................................... 7 
3.1 Coautoria ......................................................................................................................... 7 
3.2 Participação ..................................................................................................................... 9 
4 Comunicabilidade das circunstâncias ................................................................................... 11 
5 Cooperação dolosamente distinta ....................................................................................... 12 
6 Concurso de agentes e crimes culposos .............................................................................. 12 
CONCURSO DE CRIMES ............................................................................................................... 13 
1 Conceito e natureza ............................................................................................................. 13 
2 Espécies ............................................................................................................................... 14 
2.1 Concurso material (ou real) de crimes ........................................................................... 14 
2.2 Concurso formal de crimes ............................................................................................ 14 
2.3 Crime continuado .......................................................................................................... 16 
2.4 Aplicação da pena no crime continuado ....................................................................... 18 
2.5 Crime continuado e conflito de leis penais no tempo ................................................... 18 
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2.6 Crime continuado e prescrição ...................................................................................... 19 
2.7 Aplicação da pena de multa no concurso de crimes ..................................................... 19 
EXERCÍCIOS COMENTADOS ........................................................................................................ 19 
EXERCÍCIOS PARA PRATICAR ....................................................................................................... 55 
GABARITO ..................................................................................................................................... 71 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 CONCURSO DE PESSOAS 
1 Conceito, natureza e características 
O concurso de pessoas pode ser conceituado como a colaboração de dois ou mais agentes para 
a prática de um delito ou contravenção penal. 
Mas como compreender a natureza jurídico-penal de uma conduta criminosa praticada por diversas 
pessoas? Três teorias surgiram, de forma a explicar a relação entre os agentes, bem como a 
punibilidade de cada um no concurso de agentes: 
 Pluralista (ou pluralística) - Para esta teoria cada pessoa responderia por um crime próprio, 
existindo tantos crimes quantos forem os participantes da conduta delituosa, já que a cada 
um corresponde uma conduta própria, um elemento psicológico próprio e um resultado 
igualmente particular1. 
 Dualista (ou dualística) – Segundo esta teoria, há um crime para os autores, que realizam a 
conduta típica emoldurada no ordenamento positivo, e outro crime para os partícipes, que 
desenvolvem uma atividade secundária. 
 Monista (ou monística ou unitária) – A codelinquência (concurso de agentes) deve ser 
entendida, para esta teoria, como CRIME ÚNICO, devendo todos responderem pelo 
mesmo crime. É a adotada pelo CP. Isso não significa que todos que respondem pelo 
delito terão a mesma pena. A pena de cada um irá corresponder à valoração de cada uma 
das condutas (cada um responde “na medida de sua culpabilidade). 
O CP brasileiro adotou a teoria monista, estabelecendo que todos aqueles que participam de uma 
empreitada criminosa (em concurso de agentes), respondem pelo mesmo tipo penal (mesmo 
crime). Todavia, existem exceções, como ocorre no caso do aborto provocado por terceiro com o 
consentimento da gestante, no qual o terceiro responde por um crime (art. 126 do CP) e a gestante 
responde por outro (art. 124 do CP). 
Assim, adotamos a teoria monista, com exceções (teoria monista mitigada ou temperada). 
O concurso de pessoas pode ser, basicamente, de duas espécies: 
 EVENTUAL – Neste caso, o tipo penal não exige que o fato seja praticado por mais de uma 
pessoa. Isso não impede, contudo, que eventual ele venha a ser praticado por mais de 
uma pessoa (Ex.: Furto, roubo, homicídio). 
 
1 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal – Parte Geral. Ed. Saraiva, São Paulo, 2015, p. 548 
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 NECESSÁRIO – Nesta hipótese o tipo penal exige que a conduta seja praticada por mais 
de uma pessoa. Divide-se em: a) condutas paralelas (crimes de conduta unilateral): Aqui os 
agentes praticam condutas dirigidas à obtenção da mesma finalidade criminosa 
(associação criminosa, art. 288 do CPP); b) condutas convergentes (crimes de conduta 
bilateral ou de encontro): Nesta modalidade os agentes praticam condutas que se 
encontram e produzem, juntas, o resultado pretendido (ex. Bigamia); c) condutas 
contrapostas: Neste caso os agentes praticam condutas uns contra os outros (ex. Crime de 
rixa) 
2 Requisitos 
2.1 Pluralidade de agentes 
Para que possamos falar em concurso de pessoas, é necessário que tenhamos mais de uma pessoa 
a colaborar para o ato criminoso. É necessário que sejam agentes culpáveis? A doutrina se divide, 
mas prevalece o entendimento de que todos os comparsas devem ter discernimento, de maneira 
que a ausência de culpabilidade por doença mental, por exemplo, afastaria o concurso de agentes, 
devendo ser reconhecida a autoria mediata. 
Assim, se uma pessoa, perfeitamente mental e maior de 18 anos (penalmente imputável) determina 
a um doente mental (sem qualquer discernimento) que realize um homicídio, não há concurso de 
pessoas, mas autoria mediata, pois o autor do crime foi o mandante, que se valeu de uma pessoa 
não culpável como mero instrumento2 parapraticar o crime. Não há concurso, pois um dos agentes 
não era culpável. 
2.1.1 Autoria mediata 
A autoria mediata ocorre quando o agente (autor mediato) se vale de uma pessoa como 
instrumento (autor imediato) para a prática do delito. 
EXEMPLO: José, maior e capaz, entrega uma arma de fogo a uma criança de 05 anos, 
dizendo que ela deve colocar a arma na cabeça de Maria e fazer uma brincadeira, pois 
ao apertar o gatilho, sairá água da arma. A criança aperta o gatilho e Maria morre. Neste 
caso, temos autoria mediata, pois José (autor mediato) se valeu da criança (executor) 
como mero instrumento para a prática do delito 
Todavia, não basta que o executor seja um inimputável, ele deve ser um verdadeiro 
INSTRUMENTO do mandante, ou seja, ele não deve ter qualquer discernimento no caso concreto. 
 
2 WELZEL, Hans. Derecho Penal, parte general. Ed. Roque Depalma. Buenos Aires, 1956, p. 106 
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Ex.: José e Pedro (este menor de idade, com 17 anos) combinam de matar Maria. 
José arma o plano e entrega a arma a Pedro, que a executa. Neste caso, Pedro é 
inimputável por ser menor de 18 anos, mas possui discernimento, não se pode 
dizer que foi um mero “instrumento” de José. Assim, aqui não teremos autoria 
mediata, mas concurso aparente de pessoas. 
Ex.2: José, maior e capaz, entrega a Mauro (um doente mental sem nenhum 
discernimento) uma arma e diz para ele atirar em Maria, que vem a óbito. Neste 
caso há autoria mediata, pois Mauro (o inimputável) foi mero instrumento nas mãos 
de José. 
 Mas esta é a única hipótese de autoria mediata? A resposta é negativa. A melhor Doutrina 
divide a autoria mediata em três hipóteses, basicamente3: 
1 – Autoria mediata por erro do executor – Neste caso, aquele que pratica a conduta foi induzido 
a erro pelo mandante (erro de tipo ou erro de proibição). Ex.: Médico que entrega à enfermeira 
uma injeção contendo determinada substância tóxica, e determina que esta aplique no paciente, 
alegando que se trata de morfina, para aliviar a dor4. A enfermeira, aqui, não atua dolosamente (do 
ponto de vista “finalístico”), pois apesar de dar causa à morte do paciente (causalidade física, pois 
foi ela quem injetou a substância), não dirigiu sua conduta a este resultado. O domínio do fato 
pertencia ao médico, o real infrator. 
2 – Autoria mediata por coação do executor – Aqui o infrator coage uma terceira pessoa a praticar 
um delito. Em se tratando de coação MORAL irresistível, teremos um agente não culpável (a coação 
moral irresistível afasta a culpabilidade). Desta forma, aquele que executa o faz em situação de não 
culpabilidade. A culpabilidade recai apenas sobre o coator, não sobre o coagido. 
3 – Autoria mediata por inimputabilidade do agente – Nesta hipótese o infrator se vale de uma 
pessoa inimputável para a prática do delito. A inimputabilidade, aqui, pressupõe que o executor 
(inimputável) não tenha discernimento necessário5. Caso o executor, mesmo inimputável, possua 
discernimento, não haverá autoria mediata. 
2.2 Relevância causal da colaboração 
A participação do agente deve ser relevante para a produção do resultado, de forma que a 
colaboração que em nada contribui para o resultado é um indiferente penal. 
 
3 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.___, p. 560 
4 O exemplo é de Hans Welzel. (cf. WELZEL, Hans. Op. Cit.___, p. 106) 
5 WELZEL, Hans. Op. Cit.___, p. 107-108 
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Além disso, a colaboração deve ser prévia ou concomitante à execução, ou seja, anterior à 
consumação do delito. Se a colaboração for posterior à consumação do delito, como o fato já 
ocorreu, não há concurso de pessoas, podendo haver, no entanto, outro crime (favorecimento real, 
receptação, etc.). 
Porém, se a colaboração for posterior à consumação, mas combinada previamente, há concurso 
de pessoas. Ex: Imagine que Poliana decide matar seus pais, e combina com seu namorado para 
que ele esteja às 20h em ponto na porta de sua casa para lhe ajudar na fuga. Assim, a conduta do 
namorado (auxiliar na fuga) é posterior à consumação, mas fora combinada anteriormente, 
havendo, portanto, concurso de pessoas. Diversa seria a hipótese, no entanto, se o namorado 
tivesse ido à casa da namorada sem saber que deveria lhe ajudar na fuga. Lá chegando, a namorada 
conta o ocorrido e ele, a partir daí, concorda em auxiliá-la na fuga. Nessa hipótese, o namorado 
comete o crime de favorecimento pessoal (nos termos do art. 348 do CP). Cuidado com isso! 
2.3 Vínculo subjetivo (ou liame subjetivo) 
Também é conhecido como concurso de vontades. Assim, para que haja concurso de pessoas, é 
necessário que a colaboração dos agentes tenha sido ajustada entre eles, ou pelo menos tenha 
havido adesão de um à conduta do outro. 
Deste modo, a colaboração meramente causal, sem que tenha havido combinação entre os 
agentes, não caracteriza o concurso de pessoas. Trata-se do princípio da convergência. Caso haja 
colaboração dos agentes para a conduta criminosa, mas sem vínculo subjetivo entre eles, 
estaremos diante da autoria colateral, e não da coautoria. 
2.4 Identidade de infração penal 
Também conhecido como unidade de infração penal para todos os agentes, está fundamentado 
no art. 29 do CP: 
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este 
cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984). 
Daí podemos perceber que, se 20 pessoas colaboram para a prática de um delito (homicídio, por 
exemplo), todas elas respondem pelo homicídio, independentemente da conduta que tenham 
praticado (um apenas conseguiu a arma, o outro dirigiu o veículo da fuga, outro atraiu a vítima, 
etc.). As condutas dos agentes, portanto, devem constituir algo juridicamente unitário6. 
 
6 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.___, p. 553 
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2.5 Existência de fato punível 
Trata-se do princípio da exterioridade. Assim, é necessário que o fato praticado pelos agentes seja 
punível, o que de um modo geral exige pelo menos que este fato represente uma tentativa de 
crime, ou crime tentado. 
Para a caracterização do crime tentado, é necessário que seja dado início à execução do crime. Se 
o fato ficar meramente no plano abstrato, no plano da cogitação, não há fato punível, nos termos 
do art. 31 do CP: 
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição 
expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser 
tentado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). 
 Importante ressaltar que, em alguns casos, os atos preparatórios já configuram fato punível, seja 
porque a lei assim expressamente determina, seja porque eles constituem tipo penal autônomo. 
3 Modalidades 
3.1 Coautoria 
Para entendermos o fenômeno da coautoria, devemos, primeiramente, estudar o que seria a 
autoria do delito. 
Várias teorias, ao longo do tempo, procuraram definir o conceito de AUTOR. 
O conceito extensivo de autor não diferencia autor e partícipe, considerando que todos aqueles 
que concorrem para o crime são autores do delito. Esse conceito é baseado numa premissa 
“causal-naturalista” de que todo aquele que dá causa ao delito (por qualquer forma), deve ser 
considerado autor do crime. 
Como o conceito extensivo apresentou mais problemas que soluções, surgiu o conceito restritivo 
de autor7. Para esta teoria restritiva8, autor e partícipe não se confundem. Alguns serão autores, 
outros agentes serão apenas partícipes. Esta foi a teoria adotadapelo CP. 
Agora que já sabemos que o CP diferencia autor e partícipe, precisamos saber qual é o critério 
para se diferenciar um do outro. O CP adota, conforme doutrina majoritária, a teoria objetivo-
 
7 PIERANGELI, José Henrique. ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Manual de Direito Penal Brasileiro. Ed. RT. São Paulo, 2008, 
p. 572. 
8 Também chamada por alguns de teoria dualista ou objetiva. 
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formal, que estabelece que autor é quem realiza a conduta prevista no núcleo do tipo, sendo 
partícipes todos os outros que colaboraram para isso, mas não realizaram a conduta descrita no 
núcleo do tipo. Para esta teoria, por exemplo, no crime de homicídio, somente seria autor aquele 
que efetivamente praticasse a conduta de “matar” alguém. Todos os outros colaboradores seriam 
partícipes. O grande problema desta teoria é considerar o autor intelectual (mandante) como 
partícipe, e não como autor. Mais que isso: essa teoria não explica o fenômeno da autoria mediata 
(quando alguém se vale de um inimputável para cometer um crime). 
Outras teorias: 
 Teoria objetivo-material - Autor é quem colabora com participação de maior importância 
para o crime, e partícipe é quem colabora com participação reduzida, independentemente 
de quem pratica o núcleo do tipo (verbo que descreve a conduta criminosa – matar, subtrair, 
etc.). Não foi adotada pelo CP. 
 Teoria do domínio do fato - Autor é todo aquele que possui o domínio da conduta 
criminosa, seja ele o executor (quem pratica a conduta prevista no núcleo do tipo) ou não9. 
Para esta teoria, o autor seria aquele que decide o trâmite do crime, sua prática ou não, etc. 
Essa teoria explica, satisfatoriamente, o caso do mandante, por exemplo, que mesmo sem 
praticar o núcleo do tipo (“matar alguém”), possui o domínio do fato, pois tem o poder de 
decidir sobre o rumo da prática delituosa. Para esta teoria, o partícipe existe, e é aquele que 
contribui para a prática do delito, embora não tenha poder de direção sobre a conduta 
delituosa. O partícipe só controla a própria vontade, mas a não a conduta criminosa em si, 
pois esta não lhe pertence. A teoria do domínio do fato, porém, não se aplica aos crimes 
culposos, pois neste não há domínio final do fato, pois o fato final (resultado) não é buscado 
pelos agentes, que pretendiam outro resultado10. 
A teoria adotada pelo CP é a teoria objetivo-formal, considerando autor aquele que realiza a 
conduta descrita no núcleo do tipo, já que denota sua “vontade de autor” (animus auctoris), em 
contraposição à “vontade de colaboração” do partícipe (animus socii). Entretanto, considera-se 
adotada a teoria do domínio do fato para os crimes em que há autoria mediata, autoria intelectual, 
etc., de forma a complementar a teoria adotada. Esta é, portanto, a posição doutrinária a respeito 
da posição do CP sobre a diferença entre autor e partícipe. 
 
 
9 MUÑOZ CONDE, Francisco. Teoría general del delito. Ed. Temis Editorial. Bogotá, 1999, p. 155-156 
10 Idem, p. 558 
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Não confundam coautoria com autoria colateral. Na coautoria, deve haver vínculo subjetivo ligando 
as condutas de ambos os autores. Na autoria colateral, ambos praticam o núcleo do tipo, mas um 
não age em acordo de vontades com o outro. Imaginem que A e B, desafetos de C, sem que um 
saiba da existência do outro, escondem-se atrás de árvores esperando a passagem de C, a fim de 
matá-lo. Quando C passa, ambos atiram, e C vem a óbito. Nesse caso, não houve coautoria, mas 
autoria colateral. Entretanto, aí vai mais uma informação: Imaginem que o laudo identifique que 
apenas uma bala atingiu C, direto na cabeça, levando-o a óbito. Nesse caso, o laudo não conseguiu 
apontar de qual arma saiu a bala que matou C. Nesse caso, como não se pode definir quem efetuou 
o disparo fatal, ambos respondem pelo crime de homicídio TENTADO, pois não se pode atribuir 
a nenhum deles o homicídio consumado, já que o laudo é inconclusivo quanto a isto. Este é o 
fenômeno da autoria incerta. No entanto, se ambos estivessem agindo em conluio, com vínculo 
subjetivo, ou seja, se houvesse concurso de pessoas, ambos responderiam por crime de homicídio 
CONSUMADO, pois nesse caso seria irrelevante saber de qual arma partiu a bala que levou C a 
óbito. 
3.2 Participação 
A participação pode ser: 
 Moral – É aquela na qual o agente não ajuda materialmente na prática do crime, mas instiga 
ou induz alguém a praticar o crime. A instigação ocorre quando o partícipe age no 
psicológico do autor do crime, reforçando a ideia criminosa, que já existe na mente deste. 
O induzimento, por sua vez, ocorre quando o partícipe faz surgir a vontade criminosa na 
mente do autor, que não tinha pensado no delito; 
 Material – A participação material é aquela na qual o partícipe presta auxílio ao autor, seja 
fornecendo objeto para a prática do crime, seja fornecendo auxílio para a fuga, etc. É 
também chamada de cumplicidade. Este auxílio não pode ser prestado após a consumação, 
salvo se o auxílio foi previamente ajustado. 
 Já que o partícipe não pratica a conduta descrita no núcleo do tipo penal, como puni-lo? 
Como a conduta do partícipe é considerada acessória em relação à conduta do autor (que é 
principal), o partícipe é punido em razão da teoria da acessoriedade. Porém, existem quatro teorias 
da acessoriedade: 
 Teoria da acessoriedade mínima – Entende que a conduta principal deva ser um fato típico, 
não importando se é ou não um fato ilícito. EXEMPLO: Imagine que Marcio e João 
combinam de matar Paulo. Na data combinada para a execução, Marcio guia o carro até o 
local e fica esperando do lado de fora. João se dirige até Paulo e, após uma discussão, Paulo 
começa a agredir João, que na verdade mata Paulo em legítima defesa. João matou Paulo 
em legítima defesa e não em razão do ajuste com Marcio (não tendo praticado fato ilícito, 
mas apenas típico), mas por esta teoria, mesmo assim Marcio responderia como partícipe 
do crime. Veja que João, de fato, matou Paulo. Contudo, o fato não é ilícito, pois João agiu 
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em legítima defesa. Porém, para esta teoria, ainda que a conduta de João seja considerada 
apenas típica, mas não ilícita, Marcio deveria ser punido. O pior de tudo é que, neste caso, 
Márcio, que não praticou a conduta seria punido, mas João seria absolvido pela legítima 
defesa. 
 Teoria da acessoriedade limitada – Exige que o fato praticado (conduta principal) seja pelo 
menos uma conduta típica e ilícita. Assim, no exemplo dado acima, a conduta do partícipe 
Marcio não é punível, pois a conduta principal, apesar de típica, não é ilícita. Veja que, para 
esta corrente Doutrinária, se o fato praticado pelo autor NÃO FOR ILÍCITO (Ainda que seja 
um fato típico), em razão de legítima defesa, etc., o partícipe não deve ser punido. 
 Teoria da acessoriedade máxima – Para esta teoria, o partícipe só será punido se o fato for 
típico, ilícito e praticado por agente culpável. Essa teoria faz exigência irrazoável, pois a 
culpabilidade é uma questão pessoal do agente, não guardando relação com o fato. Assim, 
imagine que Carlos, maior de idade, seja partícipe de um roubo praticado por Lucas, menor 
de idade. Para esta corrente, Carlos não poderia responder pelo roubo praticado (na 
qualidade de partícipe), pois Lucas (o autor principal) é inimputável (não tem culpabilidade), 
sendo o fato apenas típico e ilícito, sem o complemento da culpabilidade. 
 Teoria da hiperacessoriedade – Exige que, além de o fato ser típicoe ilícito e o agente 
culpável, o autor tenha sido efetivamente punido para que o partícipe responda pelo crime. 
É ainda mais irrazoável que a última. Imagine que José seja partícipe de um roubo praticado 
por Marcelo. No decorrer do processo, Marcelo vem a falecer (o que gera a extinção da 
punibilidade de Marcelo, nos termos do CP). Para esta corrente, como houve extinção da 
punibilidade em relação a Marcelo (o autor do delito), o partícipe (José) não poderá mais 
ser punido. 
A Doutrina entende que a teoria que mais se amolda ao nosso sistema é a teoria da acessoriedade 
limitada11, exigindo que o fato seja somente típico e ilícito para que o partícipe responda pelo 
crime. 
 
Questões interessantes acerca da participação: 
 A lei admite a redução da pena de 1/6 a 1/3 se a participação é de menor importância (art. 
29, § 1° do CP). Isto não se aplica às hipóteses de coautoria, mas apenas à participação; 
 A participação inócua não se pune. Assim, se A empresta uma faca a B, de forma a auxiliá-
lo a matar C, e B mata C usando seu revólver, a participação de A foi absolutamente inócua, 
 
11 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.___, p. 565 
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pois em nada auxiliou no resultado. Da mesma forma, se A instiga B a matar C, e B realiza a 
conduta porque já estava determinado a isso, a instigação promovida por A não teve 
qualquer eficácia, pois B já mataria C de qualquer forma. 
4 Comunicabilidade das circunstâncias 
O art. 30 do CP estabelece que: 
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, 
salvo quando elementares do crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
As condições e circunstâncias podem ser: 
 Subjetivas (de caráter pessoal), quando relativas à pessoa do agente. É o caso da condição 
de funcionário público, que é pessoal, pois se refere ao agente. 
 Objetivas (ou de caráter real), quando se referem ao fato criminoso em si, seu modus 
operandi, etc. Assim, o emprego de violência, no crime de roubo (art. 157 do CP) é uma 
elementar objetiva. 
De acordo com o art. 30, podemos extrair três regras do CP: 
 As circunstâncias de caráter real, ou objetivas, se comunicam – Porém, é necessário que a 
circunstância tenha entrado na esfera de conhecimento dos demais agentes. Imagine que 
A contrata B para matar C. B informa a A que usará de emboscada (portanto, homicídio 
qualificado, nos termos do art. 121, § 2° do CP), e A concorda com isto. Nesse caso, a 
circunstância objetiva “emboscada” (relativa ao meio utilizado), se comunica, pois embora 
A não tenha usado de emboscada, concordou com esta prática por B. Diversamente, se B 
praticasse o crime mediante emboscada sem nada comunicar ao mandante, A, esta 
circunstância não se comunicaria, por não ter entrado na esfera de conhecimento de A; 
 As circunstâncias e condições de caráter pessoal, como regra, não se comunicam – Ex.: José 
e Pedro combinam a morte de Paulo, irmão de José. Nesse caso, a condição pessoal de ser 
“irmão da vítima” é somente de José, e não se comunica com Pedro. Logo, a agravante de 
ter sido o crime praticado contra irmão (art. 61, II, “e”) só se aplica a José, não a Pedro. 
 As condições e circunstâncias elementares do delito sempre se comunicam, sejam objetivas 
ou subjetivas – No entanto, exige-se que tenham entrado no âmbito de conhecimento dos 
demais agentes. Ex.: Júlio, servidor público, e Marcelo subtraem alguns computadores do 
local em que Júlio trabalha, valendo-se da condição de Júlio. Caso Marcelo conheça a 
condição de funcionário público de Júlio, ambos respondem pelo crime de peculato-furto 
(art. 312, § 1° do CP). Caso Marcelo desconheça essa circunstância elementar, responde ele 
apenas pelo crime de furto. 
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5 Cooperação dolosamente distinta 
A cooperação dolosamente distinta, também chamada de “participação em crime menos grave” 
ou “desvio subjetivo de conduta”, ocorre quando ambos os agentes decidem praticar determinado 
crime, mas durante a execução, um deles decide praticar outro crime, mais grave. Nesse caso, 
aplica-se o art. 29, § 2° do CP: 
Art. 29 (...) § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, 
ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na 
hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
EXEMPLO: José narra ao amigo Tiago estar planejando um furto à residência de um 
casal de “bacanas” que estavam viajando para a Europa. Contudo, disse que precisava 
de um veículo maior e mais potente, para poder subtrair mais objetos e fugir mais 
facilmente. Assim sendo, pediu ao amigo Tiago o empréstimo de sua caminhonete. 
Tiago aceitou emprestar o veículo, certificando-se junto a José de que o crime não 
envolveria qualquer tipo de violência ou grave ameaça à pessoa. No dia planejado, José 
se dirigiu à casa das vítimas para realizar o furto, acreditando que a casa estava vazia. 
Todavia, ao chegar ao local, se deparou com os moradores na casa, motivo pelo qual 
rendeu os moradores e exigiu, sob grave ameaça, a entrega dos pertences de maior 
valor, empreendendo fuga logo em seguida. 
No caso acima, como se vê, Tiago aceitou apenas participar de um FURTO (crime previsto no art. 
155 do CP, com pena de reclusão de 01 a 04 anos e multa), embora na prática tenha ocorrido um 
ROUBO por parte de José (crime do art. 157, com pena de 04 a 10 anos de reclusão e multa). 
Assim, Tiago “quis participar de crime menos grave”, de maneira que houve cooperação 
dolosamente distinta. Solução: Tiago responderá pelo crime MENOS GRAVE (furto), mas sua pena 
poderá ser aumentada até metade, se previsível a ocorrência do resultado mais grave. 
A lei diz “até a metade”, logo, o aumento pode não chegar a esse patamar. 
6 Concurso de agentes e crimes culposos 
Existe uma questão muito controvertida no que se refere ao concurso de pessoas. É a possibilidade 
(ou não) de concurso de pessoas em crimes CULPOSOS. 
São muitas, MUITAS ideias diferentes. Resumidamente, podemos definir a Doutrina majoritária da 
seguinte forma: 
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COAUTORIA EM CRIMES CULPOSO – É possível, pois é possível que duas pessoas, de comum 
acordo, resolvam praticar uma conduta imprudente, por exemplo. Ex.: Dois rapazes resolvem atirar 
um móvel do 10º andar de um prédio, sem intenção de atingir ninguém, mas acabam lesionando 
uma pessoa. 
PARTICIPAÇÃO EM CRIME CULPOSO – Depende. Podemos estar falando de participação 
DOLOSA ou participação CULPOSA. 
DOLOSA – Não cabe participação dolosa em crime culposo, pois a Doutrina entende que não há 
“unidade de vontades” entre os agentes (um quer o resultado a título de dolo, e o outro, executor, 
é apenas um descuidado). Assim, não há “vínculo subjetivo” entre eles no que tange ao resultado. 
Logo, cada um responde por sua conduta. 
CULPOSA – É possível, pois é possível que alguém, por culpa, induza, instigue ou preste auxílio ao 
executor de uma conduta também culposa, e haveria “unidade de vontades”. CUIDADO: O STJ 
entende que NÃO cabe nenhum tipo de participação em crime culposo (usar esse entendimento 
na prova). Parte da Doutrina também segue este entendimento. 
 CONCURSO DE CRIMES 
1 Conceito e natureza 
O concurso de crimes pode ser de três espécies: concurso formal, concurso material e crime 
continuado. A exata caracterização de cada um dos institutos é bastante importante, pois isso 
influenciará na adoção do sistema de aplicação da pena. 
Três tambémsão os sistemas de aplicação da pena: 
 Sistema do cúmulo material – Aqui, ao agente é aplicada a pena correspondente ao 
somatório das penas relativas a cada um dos crimes cometidos isoladamente. Foi adotado 
no que tange ao concurso material (art. 69 do CP), no concurso formal impróprio ou 
imperfeito (art. 70, caput, 2° parte) e no concurso de penas de multa (art. 72 do CP); 
 Sistema da exasperação – Aplica-se ao agente somente a pena da infração penal mais grave, 
acrescida de determinado percentual. Foi acolhido no que se refere ao concurso formal 
próprio ou perfeito (art. 70, caput, primeira parte, do CP) e ao crime continuado (art. 71 do 
CP); 
 Sistema da absorção – Aplica-se somente a pena da infração penal mais grave, dentre todas 
as praticadas, sem que haja qualquer aumento. Foi adotado (jurisprudencialmente) em 
relação aos crimes falimentares, quando da legislação falimentar anterior. Não tem previsão 
no CP. 
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2 Espécies 
2.1 Concurso material (ou real) de crimes 
Está regulado pelo art. 69 do CP: 
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois 
ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas 
de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de 
reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa 
de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a 
substituição de que trata o art. 44 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984) 
§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá 
simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais. 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Nesse fenômeno, o agente pratica duas ou mais condutas e produz dois ou mais resultados. Pode 
ser homogêneo, quando todos os crimes praticados são idênticos (ex.: dois homicídios), ou 
heterogêneo, quando os crimes são diferentes (ex.: um homicídio e uma lesão corporal). 
EXEMPLO: José vai à casa de Maria e atira nesta, matando-a. Após, procura o marido 
de Maria, que se banhava. Abre a porta do banheiro e dispara contra o marido de Maria, 
matando-o também. Nesse caso, temos duas condutas e dois resultados, logo, há 
concurso material de delitos. 
A solução neste caso é o sistema do cúmulo material, ou seja, as penas serão somadas. O Juiz irá 
aplicar a pena do crime 1, aplicar a pena do crime 2 e, ao final, irá proceder à soma das duas penas 
fixadas, chegando ao montante final. 
2.2 Concurso formal de crimes 
No concurso formal, ou ideal, o agente, mediante uma única conduta, pratica dois ou mais crimes, 
idênticos ou não. Nos termos do art. 70 do CP: 
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais 
crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se 
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iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até 
metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão 
é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o 
disposto no artigo anterior.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 
69 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Primeiramente, deve ser esclarecido a vocês que deve haver unidade de conduta e pluralidade de 
resultados. No entanto, a unidade de conduta não significa unidade de atos, pois existem condutas 
que podem ser fracionadas em diversos atos, como no caso de alguém que mata outra pessoa 
com diversas pauladas na cabeça. Embora neste caso haja diversos atos, há unidade de conduta. 
O concurso formal será homogêneo se todos os crimes cometidos mediante a conduta única forem 
idênticos, e será heterogêneo se os crimes praticados forem diversos. 
O concurso formal pode ser, ainda, perfeito ou imperfeito: 
 Concurso formal perfeito (próprio) – Aqui o agente pratica uma única conduta e acaba por 
produzir dois resultados, embora não pretendesse realizar ambos, ou seja, não há desígnios 
autônomos (Ex.: agente perde a direção do veículo e acaba atropelando e matando dois 
pedestres que estavam na calçada); 
 Concurso formal imperfeito (impróprio) – Aqui o agente se vale de uma única conduta para, 
dolosamente, produzir mais de um crime (ex.: Agente quer matar duas vítimas. Para poupar 
seu trabalho, amarra as duas vítimas juntas, coloca ambas no porta-malas de um veículo e 
ateia fogo). 
Via de regra, no concurso formal o sistema utilizado é o da exasperação, utilizando-se como base 
a pena do crime mais grave, aumentada (exasperada) de 1/6 até a metade (art. 70, primeira parte, 
do CP). Trata-se, portanto, de uma fórmula de aplicação da pena que visa a beneficiar o réu, em 
razão do menor desvalor de sua conduta. 
Entretanto, se estivermos diante de concurso formal imperfeito (impróprio), aplica-se a regra 
estabelecida pelo art. 70, segunda parte, do CP, ou seja, o sistema do cúmulo material, pois o 
agente se valeu de uma única conduta para praticar diversos crimes de maneira dolosa, agindo 
com intenções autônomas (desígnios autônomos). 
Há, ainda, a figura que se denominou de cúmulo material benéfico, que ocorre quando o sistema 
da exasperação se mostra prejudicial ao réu em relação ao sistema da cumulação. 
EXEMPLO: Imaginem que o agente tenha cometido homicídio doloso simples (pena de 
06 a 20 anos) e tenha, culposamente, com a mesma conduta, lesionado levemente uma 
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terceira pessoa, cometendo o crime de lesões corporais culposas em concurso formal 
com o homicídio (art. 129, § 6° do CP, pena de 02 meses a um ano de detenção). 
Nesse exemplo acima, o sistema da exasperação é muito prejudicial ao réu. Imagine que pelo 
homicídio doloso o agente tenha recebido pena de 10 anos de reclusão, e pelo crime de lesão 
corporal leve, tenha recebido pena de 06 meses de detenção. Nesse caso, aplicar o sistema da 
exasperação será péssimo para o agente, pois resultará em uma pena de 10 anos + 1/6 (pelo 
menos) = 12 anos. Somar as penas se mostra mais benéfico, logo, deverá o Juiz somar as penas 
(ao final, ficará em 10 anos e 06 meses). 
2.3 Crime continuado 
Também conhecido como continuidade delitiva, é a espécie de concurso de crimes na qual o 
agente pratica diversas condutas, praticando dois ou mais crimes, que por determinadas condições 
são considerados pela Lei (por uma ficção jurídica) como crime único. Nos termos do art. 71 do 
CP: 
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois 
ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de 
execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como 
continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, 
ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois 
terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com 
violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, 
os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os 
motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou 
a mais grave, se diversas, até o triplo,observadas as regras do parágrafo único do 
art. 70 e do art. 75 deste Código.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
O nosso CP adotou a teoria da ficção jurídica, pois a consideração dos diversos delitos como um 
único crime se dá apenas para fins de aplicação da pena, tanto que, no que tange à prescrição, 
eles são considerados crimes autônomos, nos termos do art. 119 do CP. 
A Doutrina entende serem três os requisitos do crime continuado: a) pluralidade de condutas; b) 
pluralidade de crimes da mesma espécie; e c) condições semelhantes de tempo, lugar, modo de 
execução e outras semelhanças. 
A pluralidade de conduta decorre da redação do art. 71, que fala em “mediante mais de uma ação 
ou omissão”. 
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A pluralidade de crimes causa polêmica. O que seriam crimes da mesma espécie? A Doutrina e a 
Jurisprudência não são pacíficas. Parte minoritária entende que crimes da mesma espécie são 
aqueles que tutelam o mesmo bem jurídico. Assim, para essa corrente, furto, estelionato, 
apropriação indébita, etc., seriam todos crimes da mesma espécie, pois seriam todos “crimes 
contra o patrimônio”. 
No entanto, a corrente que prevalece, inclusive no STJ, é a de que crimes da mesma espécie são 
aqueles tipificados pelo mesmo dispositivo legal, na forma simples, privilegiada ou qualificada, 
consumados ou tentados. Assim, seriam crimes da mesma espécie roubo e roubo qualificado. 
Devem, ainda, proteger o mesmo bem jurídico (ex.: Roubo e Latrocínio NÃO são da mesma 
espécie, pois no latrocínio se protege também a vida humana12). 
Por fim, a semelhança entre os delitos deve obedecer à conexão de quatro gêneros: temporal, 
espacial, modal e ocasional. 
A conexão temporal exige que os crimes tenham sido cometidos na mesma época. Mesma época 
não implica mesmo momento. A jurisprudência tem entendido que os crimes não podem ter sido 
cometidos em um lapso temporal superior a 30 dias. No entanto, no que se refere aos crimes 
contra a ordem tributária, o STF já entendeu que pode haver continuidade delitiva desde que os 
delitos tenham sido cometidos em lapso temporal não superior a 03 anos. 
A conexão espacial indica que, para que seja considerada continuidade delitiva, os crimes devem 
ser cometidos no mesmo local. A Jurisprudência entende que a conexão espacial só estará 
presente se os crimes forem cometidos na mesma cidade, ou, no máximo, na mesma região 
metropolitana. 
A conexão modal se verifica quando o agente pratica o crime sempre da mesma maneira, seja pelo 
modo de execução, pela utilização de comparsas, etc. 
A conexão ocasional não possui previsão expressa na Lei, mas parte da Doutrina a entende como 
a necessidade de que os primeiros crimes tenham proporcionado uma ocasião que gerou a prática 
dos crimes subsequentes. 
 
 
12 HC 449.110/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 02/06/2020, DJe 10/06/2020 
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Com relação à unidade de desígnios, ou seja, a necessidade de que todos os crimes praticados na 
verdade tenham sido partes de um único projeto criminoso, a Doutrina é dividida, mas a maioria 
da Doutrina, bem como a Jurisprudência, entendem ser necessária essa unidade de desígnios, de 
forma que a mera reunião dos demais requisitos não configura a continuidade delitiva se os crimes 
foram praticados de maneira isolada, sem nenhum vínculo entre eles. Isso significa que a maioria 
da Doutrina e a Jurisprudência adotam a teoria objetivo-subjetiva, desprezando a teoria objetiva 
pura, que não prevê a necessidade de unidade de desígnios. 
2.4 Aplicação da pena no crime continuado 
Existem três espécies de crime continuado: simples, qualificado e específico. Entretanto, em todos 
os casos se aplica o sistema da exasperação. 
No crime continuado simples, as penas dos delitos parcelares são as mesmas. Exemplo: 10 furtos 
simples praticados em continuidade delitiva. Nesse caso, aplica-se a pena de apenas um deles, 
acrescida de 1/6 a 2/3 (varia conforme a quantidade de delitos). 
No crime continuado qualificado, as penas dos delitos praticados são diferentes, de modo que se 
aplica a pena do mais grave deles, aumentada de 1/6 a 2/3. 
Por fim, o crime continuado específico está previsto no § único do art. 71 do CP, que trata de 
crimes dolosos praticados com violência ou grave ameaça à pessoa, com vítimas diferentes (ex.: 
03 estupros, contra vítimas diferentes, mas em continuidade delitiva). Nesses crimes, havendo 
continuidade delitiva, poderá o Juiz aplicar a pena de um deles (ou a mais grave, se diversas), 
aumentada até o triplo. Vejam que se adotou o mesmo sistema da exasperação, entretanto, o § 
único previu um quantum maior a ser acrescido à pena-base. A lei não estabelece a quantidade 
mínima nesse caso, mas a Jurisprudência, inclusive o STF, entende que o mínimo aqui também é 
de 1/6. 
No crime continuado, é bom frisar, também se aplica a regra do “concurso material benéfico”, ou 
seja, se o sistema da exasperação se mostrar mais gravoso, deverá ser aplicado o sistema do 
cúmulo material. 
2.5 Crime continuado e conflito de leis penais no tempo 
Se durante a execução do crime continuado sobrevir lei nova, mais gravosa ao réu, esta última é 
aplicada, pois se considera que o crime continuado está sendo praticado enquanto não cessa a 
continuidade delitiva. Assim, sendo o tempo do crime o momento em que cessa a continuidade, 
a lei nova chegou a vigorar antes de sua consumação, aplicando-se a este, por ser a lei vigente ao 
tempo do crime. 
Este entendimento está, inclusive, sumulado pelo STF (súmula 711). 
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2.6 Crime continuado e prescrição 
Nos crimes continuados, por haver mera ficção jurídica de crime único, apenas para fins de 
aplicação da pena, a prescrição é calculada em relação a cada crime isoladamente. 
Entretanto, para o cálculo da prescrição RETROATIVA (a que leva em consideração a pena “em 
concreto”), leva-se em conta a pena mínima estabelecida para a pena-base, desprezando-se o 
acréscimo que seria aplicado em decorrência da continuidade delitiva (ex.: José praticou dois 
furtos em continuidade delitiva, tendo recebido pena de 01 ano para cada um, mas o Juiz aplicou 
a exasperação e a pena final ficou em 01 ano + 1/6 = 01 ano e 02 meses. Nesse caso, para fins de 
prescrição, será considerada somente a pena isolada de cada crime, ou seja, 01 ano, sem o 
acréscimo dos “dois meses”). 
Esta previsão consta na súmula 497 do STF. 
2.7 Aplicação da pena de multa no concurso de crimes 
Prevê o art. 72 do CP que, no concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta e 
integralmente. Assim, ainda que se trate de concurso formal, por exemplo, não haverá aplicação 
do sistema da exasperação para a pena de multa. 
Essa aplicação é inquestionável no concurso material e no concurso formal. No entanto, no que se 
refere ao crime continuado, há forte divergência. 
Prevalece na Doutrina e na Jurisprudência, inclusive no STJ, que, nesse caso, não se aplica a regra 
do art. 72, por ter a lei entendido que se trata de crime único, mediante ficção jurídica. Logo, o 
agente receberia somente uma das multas. 
 EXERCÍCIOS COMENTADOS 
1. (FCC – 2018 – ALE-SE – ANALISTA LEGISLATIVO – PROCESSO LEGISLATIVO) É certo que 
um crime pode ser praticado por uma ou mais pessoas. Quando isso acontece, está-se diante da 
hipótese de concurso de pessoas, também conhecido como concurso de agentes. Nesse caso, 
a) ainda que algum dos concorrentes tenha querido participar de crime menos grave,ser-lhe-á, 
obrigatoriamente, aplicada a pena idêntica do crime praticado pelo seu comparsa, ante a adoção 
pelo código penal da teoria monista. 
b) em hipótese alguma se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal na 
coautoria. 
c) o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio são sempre puníveis, ainda que o crime não 
venha a ser tentado. 
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d) os crimes plurissubjetivos não admitem a coautoria e a participação. 
e) se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. 
COMENTÁRIOS 
a) ERRADA: Item errado, pois se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, 
ser-lhe-á aplicada a pena deste (crime menos grave). Todavia, essa pena será aumentada até 
metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave, conforme art. 29, §2º do CP. 
b) ERRADA: Item errado, pois, COMO REGRA, não se comunicam as circunstâncias e as condições 
de caráter pessoal, SALVO quando elementares do crime, conforme art. 30 do CP. 
c) ERRADA: Item errado, pois o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição 
expressa em contrário, NÃO SÃO PUNÍVEIS, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado, nos 
termos do art. 31 do CP. 
d) ERRADA: Item errado, pois crimes plurissubjetivos são aqueles em que há a participação de mais 
de um agente, podendo ser necessariamente plurissubjetivos (necessitam de mais de um agente) 
ou eventualmente plurissubjetivos (podem ser praticados em concurso de agentes, mas isso não é 
indispensável). 
e) CORRETA: Item correto, pois esta é a exata previsão do art. 29, §1º do CP: 
Art. 29 (...) § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser 
diminuída de um sexto a um terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
GABARITO: Letra E 
2. (FCC – 2018 – ALE-SE – ANALISTA LEGISLATIVO – APOIO JURÍDICO) Hamilton resolve 
chamar um táxi pelo aplicativo do celular a fim de conduzi-lo até determinado endereço. Após 
ingressar no veículo, Hamilton recebe uma ligação em seu telefone, ocasião em que diz a pessoa 
que está do outro lado da linha que está se dirigindo até o endereço do amante de sua esposa a 
fim de matá-lo. O motorista do táxi, mesmo após ouvir a conversa de seu passageiro, o conduz até 
seu destino. No dia seguinte, o motorista toma conhecimento pelo noticiário televisivo de que 
Hamilton realmente matou o amante de sua mulher. Diante do caso hipotético, o taxista 
a) responderá pelo crime de homicídio doloso como partícipe. 
b) responderá pelo crime de homicídio doloso como coautor. 
c) responderá pelo crime de homicídio culposo. 
d) responderá pelo crime de favorecimento pessoal. 
e) não responderá por nenhum crime. 
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COMENTÁRIOS 
Neste caso, o taxista não responderá por crime algum, pois não houve coautoria ou participação 
no crime alheio. A conduta do taxista, de levar o agente ao seu destino, havendo participação na 
cadeia causal, sob o aspecto meramente físico, não havia liame subjetivo entre ambos, nem 
podemos dizer que a conduta do taxista, no exercício de seu papel social (transportar pessoas), 
pode ser considerada uma adesão subjetiva à conduta alheia. 
GABARITO: Letra E 
3. (FCC – 2017 – PC-AP – AGENTE DE POLÍCIA) Mário e Mauro combinam a prática de um 
crime de furto a uma residência. Contudo, sem que Mário saiba, Mauro arma-se de um revólver 
devidamente municiado. Ambos, então, ingressam na residência escolhida para subtrair os bens 
ali existentes. Enquanto Mário separava os objetos para subtração, Mauro é surpreendido com a 
presença de um dos moradores que, ao reagir a ação criminosa, acaba sendo morto por Mauro. 
Nesta hipótese 
a) Mário e Mauro responderão pela prática de latrocínio. 
b) Mário e Mauro responderão pela prática de furto. 
c) Mário responderá pela prática de furto simples e Mauro responderá pela prática de furto 
qualificado. 
d) Mário responderá apenas pelo furto e Mauro responderá pela prática dos crimes de porte ilegal 
de arma de fogo, furto e homicídio. 
e) Mário responderá pela prática de furto e Mauro pelo crime de latrocínio. 
COMENTÁRIOS 
Neste caso ocorreu o fenômeno da cooperação dolosamente distinta, ou “participação em crime 
menos grave”, previsto no art. 29, §2º do CP: 
Art. 29 (...) § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, 
ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na 
hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
Neste caso, o agente que quis participar do crime menos grave (furto), no caso, Mário, responderá 
apenas por este crime. O outro agente, Mauro, que acabou praticando um crime mais grave (roubo 
com resultado morte = latrocínio), responderá por este crime. 
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E. 
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4. (FCC – 2013 – TRT1 – JUIZ) Quanto aos demais agentes do crime, o parentesco entre o autor 
e a vítima; 
a) comunica-se, desde que elementar ao tipo. 
b) comunica-se sempre, desde que por aqueles conhecido. 
c) comunica-se para agravamento genérico da pena concreta. 
d) comunica-se para atenuação genérica da pena concreta. 
e) não se comunica em qualquer hipótese. 
COMENTÁRIOS 
O parentesco entre um dos comparsas e a vítima, em regra, não se comunica aos demais 
comparsas, ou seja, é irrelevante em relação a eles. Contudo, em determinados casos, quando este 
grau de parentesco for uma das questões elementares do tipo penal, haverá comunicação com os 
demais comparsas, como ocorre no crime de infanticídio, em que o parentesco de um dos 
comparsas (a mãe) e a vítima (filho) irá se estender aos demais agentes do delito, possibilitando 
sua punição pela conduta de infanticídio, nos termos do art. 123, c/c art. 30 do CP. 
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A. 
5. (FCC – 2014 – METRÔ-SP – ADVOGADO) Joaus, Joseh e Pedrus acertaram, mediante prévio 
ajuste, a prática de um crime de furto qualificado em residência. Pedrus escolheu a residência e 
emprestou seu veículo para o transporte dos objetos furtados. Joaus arrombou a porta da 
residência indicada por Pedrus e entrou. Joseh entrou em seguida. Joaus e Joseh recolheram 
todos os objetos de valor, colocaram no veículo e fugiram do local. Nesse caso, 
a) Joaus, Joseh e Pedrus foram coautores. 
b) Joaus foi autor, Joseh partícipe e Pedrus autor mediato. 
c) Joaus e Joseh foram partícipes e Pedrus foi autor imediato. 
d) Joaus, Joseh e Pedrus foram autores. 
e) Joaus e Joseh foram coautores e Pedrus partícipe. 
COMENTÁRIOS 
Neste caso, Pedrus prestou auxílio material, ao fornecer seu veículo e escolher a residência do 
furto. Contudo, o AUXÍLIO de Pedrus para por aí, ele não tem mais nenhuma participação no crime 
e não detém o domínio final do fato (poder de intervir e fazer cessar a atividade criminosa, por 
exemplo), de maneira que não pode ser considerado autor intelectual. 
Também não pode Pedrus ser considerado “autor”, na concepção formal de autor, segundo a qual 
autor é aquele que pratica a conduta descrita no núcleo do tipo, por uma questão simples: Até o 
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final da atuação de Pedrus o crime sequer havia sido iniciado (estava apenas na fase da cogitatio, 
ou fase de atos preparatórios). Assim, como dizer que ele “praticouo núcleo do tipo”? Impossível. 
Assim, Pedrus NÃO É AUTOR (naturalmente, nem coautor). 
Joaus e Joseh, por sua vez, praticaram a conduta descrita no núcleo do tipo penal, de forma que 
são autores (coautores) do delito. 
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E. 
6. (FCC – 2014 – DPE-CE – DEFENSOR PÚBLICO) No concurso de pessoas, 
a) há autoria colateral quando os concorrentes se comportam para o mesmo fim, conhecendo a 
conduta alheia. 
b) a infração penal não precisa ser igual, objetiva e subjetivamente, para todos os concorrentes. 
c) é necessário que cada concorrente tenha consciência de contribuir para a atividade delituosa de 
outrem, dispensada a prévia combinação entre eles. 
d) os concorrentes devem necessariamente realizar o fato típico. 
e) dispensável a adesão subjetiva à vontade do outro. 
COMENTÁRIOS 
A) ERRADA: Item errado, pois se há liame subjetivo entre eles teremos coautoria, e não autoria 
colateral, que pressupõe o desconhecimento de um em relação à conduta do outro. 
B) ERRADA: Item errado, pois em regra, a infração penal será a mesma para todos os comparsas, 
por força da adoção da teoria monista pelo CP. 
C) CORRETA: Item correto, pois a existência de vínculo subjetivo (liame subjetivo) entre os 
comparsas é indispensável, embora não seja necessário o prévio ajuste entre eles, pois um pode 
aderir à conduta do outro, que já se encontra em andamento, por exemplo. 
D) ERRADA: Embora o termo correto seja “núcleo do tipo”, o item está errado, pois não é 
necessário que todos pratiquem a conduta descrita no núcleo do tipo. Aqueles que o fizerem serão 
autores. Os que apenas prestarem auxílio serão partícipes. 
E) ERRADA: Item errado, pois a existência de vínculo subjetivo entre os comparsas é indispensável 
para a caracterização do concurso de agentes. 
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C. 
7. (FCC – 2014 – TJ-CE – JUIZ) Em tema de concurso de pessoas, é possível afirmar que 
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a) o concorrente, na chamada cooperação dolosamente diversa, responderá pelo crime menos 
grave que quis participar, mas sempre com aumento da pena. 
b) indispensável a adesão subjetiva à vontade do outro, embora desnecessária a prévia 
combinação. 
c) o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio nunca são puníveis, se o crime não chega, pelo 
menos, a ser tentado. 
d) não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, ainda que elementares 
do crime. 
e) a participação de menor importância constitui causa geral de diminuição da pena, incidindo na 
segunda etapa do cálculo. 
COMENTÁRIOS 
A) ERRADA: Item errado, pois na cooperação dolosamente distinta (ou diversa), o agente responde 
sempre pelo crime menos grave, mas o aumento de pena só é aplicável se o crime mais grave (que 
efetivamente ocorreu) era previsível, nos termos do art. 29, §2º do CP. 
B) CORRETA: Item correto, pois a existência de vínculo subjetivo (liame subjetivo) entre os 
comparsas é indispensável, embora não seja necessário o prévio ajuste entre eles, pois um pode 
aderir à conduta do outro, que já se encontra em andamento, por exemplo. 
C) ERRADA: Item errado. Cuidado! Vejamos a redação do art. 31 do CP: 
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição 
expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser 
tentado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Vejam, assim, que EM REGRA tais condutas não são puníveis, mas a Lei pode dizer o contrário para 
determinadas situações, por isso o item está errado, pois diz que NUNCA SERÃO puníveis. 
D) ERRADA: Se forem elementares do delito, tais condições irão se comunicar, nos termos do art. 
30 do CP. 
E) ERRADA: De fato, a participação de menor importância constitui causa geral de diminuição de 
pena, prevista no art. 29, §1º do CP. Contudo, ela incidirá na TERCEIRA FASE da aplicação da 
pena, e não na segunda. 
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. 
8. (FCC – 2015 – CNMP – ANALISTA) No concurso de pessoas, 
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a) se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste, 
essa pena será aumentada de 1/3 a 2/3, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. 
b) quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida 
de sua periculosidade. 
c) não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares 
do crime. 
d) o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não 
são puníveis, se o crime não chega a ser consumado. 
e) se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída até metade. 
COMENTÁRIOS 
A) ERRADA: O aumento de pena (no caso de ser previsível o crime mais grave) é de “ATÉ A 
METADE” e não de um a dois terços, na forma do art. 29, §2º do CP. 
B) ERRADA: Item errado, pois cada um irá responder na medida de sua CULPABILIDADE, nos 
termos do art. 29 do CP. 
C) CORRETA: Item correto, pois é a exata previsão do art. 30 do CP: 
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, 
salvo quando elementares do crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
D) ERRADA: Tais condutas (ajuste, o auxílio, etc.) não são puníveis se o crime não chega a ser, ao 
menos, tentado (e não consumado, como diz a questão), pois isto é o que prevê o art. 31 do CP: 
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição 
expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser 
tentado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
E) ERRADA: A pena, neste caso, pode ser diminuída de um sexto a um terço, nos termos do §1º 
do art. 29 do CP. 
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C. 
9. (FCC - 2011 - TCE-SP - PROCURADOR) Em matéria de concurso de pessoas, é correto afirmar 
que 
A) coautores são aqueles que, atuando de forma idêntica, executam o comportamento que a lei 
define como crime. 
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B) partícipe é aquele que, também praticando a conduta que a lei define como crime, contribui, 
de qualquer modo, para a sua realização. 
C) é possível a coautoria nos crimes de mão própria. 
D) é admissível a coautoria nos crimes próprios, desde que o terceiro conheça a especial condição 
do autor. 
E) é inadmissível a participação nos crimes omissivos próprios. 
COMENTÁRIOS 
A) ERRADA: Embora seja coautor todo aquele que pratica o comportamento definido como crime, 
não é necessário que a conduta seja idêntica, pois pode haver hipótese de coautoria funcional, na 
qual os agentes praticam condutas diversas, que se complementam. 
B) ERRADA: O partícipe não pratica a conduta descrita no núcleo do tipo; 
C) ERRADA: Nos crimes de mão própria não se admite coautoria, em razão de o crime dever ser 
praticado especificamente por determinada pessoas; 
D) CORRETA: Nos crimes próprios é plenamente possível a coautoria, desde que o outro agente 
tenha pleno conhecimento da condição do outro coautor. 
E) ERRADA: Nos crimes omissivos próprios se admite a participação moral, quando, por exemplo, 
alguém induz outra pessoa a se omitir. 
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D. 
10. (FCC - 2007 - MPU - ANALISTA - PROCESSUAL) Maria, enfermeira, por ordem do médico 
João, ministrou veneno ao paciente, supondo tratar-se de um medicamento, ocasionando-lhe a 
morte. Nesse caso, 
A) não há concurso de agentes, mas apenas um autor mediato, pelarealização indireta do fato 
típico. 
B) há concurso de agentes, sendo João autor principal e Maria co-autora. 
C) há concurso de agentes, sendo João autor principal e Maria partícipe. 
D) há concurso de agentes, figurando tanto João como Maria na condição de autores. 
E) há concurso de agentes, figurando Maria como autora e João como co-autor. 
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Nesse caso, há autoria mediata, pois o Médico João se valeu de uma pessoa sem dolo (em razão 
do erro determinado por terceiro) para praticar um delito. Assim, não há que se falar em concurso 
de agentes. 
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A. 
11. (FCC - 2007 - MPU - ANALISTA ADMINISTRATIVO) José instigou Pedro, agindo sobre a 
vontade deste, de forma a fazer nascer neste a idéia da prática do crime. João prestou auxílio a 
Pedro, emprestando-lhe uma arma para que pudesse executar o delito. José e João são 
considerados, tecnicamente, 
A) co-autores. 
B) autores. 
C) Partícipes. 
D) partícipe e co-autor, respectivamente. 
E) co-autor e partícipe, respectivamente. 
COMENTÁRIOS 
Nesse caso, ambos apenas auxiliaram (moralmente e materialmente) o autor a praticar o delito, 
motivo pelo qual são considerados partícipes do crime. 
Assim, A ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C. 
12. (FCC - 2008 - MPE-CE - PROMOTOR DE JUSTIÇA) Nos chamados crimes monossubjetivos, 
A) o concurso de pessoas é eventual. 
B) o concurso de pessoas só ocorre no caso de autoria mediata. 
C) o concurso de pessoas é necessário. 
D) não há concurso de pessoas. 
E) há concurso de pessoas apenas na forma de participação. 
COMENTÁRIOS 
Nos crimes monossubjetivos, em regra o delito é praticado por um único agente, não sendo 
necessária a pluralidade de agentes. Portanto, nestes crimes (que são a regra), o concurso de 
agentes é meramente eventual. 
Assim, A ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A. 
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13. (FCC - 2011 - TRE-PE - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA) De acordo com o Código 
Penal brasileiro, 
A) não há distinção entre autores, co-autores e partícipes, que incidem de forma idêntica nas penas 
cominadas ao delito. 
B) os autores, co-autores e partícipes incidem nas penas cominadas ao delito na medida de sua 
culpabilidade. 
C) ao autor principal será obrigatoriamente imposta pena mais alta que a dos co-autores e 
partícipes. 
D) ao autor principal e aos co-autores será obrigatoriamente imposta pena mais alta que a dos 
partícipes. 
E) ao autor principal será imposta a pena prevista para o delito, sendo que os co-autores e os 
partícipes terão obrigatoriamente a pena reduzida de um sexto a um terço. 
COMENTÁRIOS 
Com relação à punibilidade de cada um dos participantes do evento criminoso, o CP prevê que 
cada um seja punido de acordo com sua culpabilidade, não estabelecendo, em abstrato, penas 
mais graves para um ou para outro, bem como não estabelecendo que as penas devam ser 
idênticas. Nos termos do art. 29 do CP: 
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este 
cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
Portanto, A ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. 
14. (FCC - 2011 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - TÉCNICO JUDICIÁRIO - SEGURANÇA) João instigou 
José a praticar um crime de roubo. Luiz forneceu-lhe a arma. Pedro forneceu-lhe todas as 
informações sobre a residência da vítima e sobre o horário em que esta ficava sozinha. No dia 
escolhido, José, auxiliado por Paulo, ingressou na residência da vítima. José apontou-lhe a arma, 
enquanto Paulo subtraiu-lhe dinheiro e jóias. Nesse caso, são considerados partícipes APENAS 
A) Luiz e Pedro. 
B) João, Luiz, Pedro e Paulo. 
C) João, Luiz e Pedro. 
D) José, Pedro e João. 
E) João, José, Luiz e Pedro. 
COMENTÁRIOS 
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João e Luiz são partícipes, pois auxiliaram José a cometer o crime, o primeiro, moralmente, e o 
segundo, materialmente. Pedro por sua vez, também é partícipe, pois forneceu informações ao 
autor do crime, auxiliando-o materialmente. Já Paulo e José são autores do crime, pois praticaram 
a conduta descrita no núcleo do tipo e roubo (art. 157 do CP). 
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C. 
15. (FCC - 2011 - TRE-TO - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA) No concurso de pessoas, 
A) se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de metade. 
B) quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida 
de sua culpabilidade. 
C) se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena do 
crime cometido, reduzida de um a dois terços. 
D) as circunstâncias e as condições de caráter pessoal se comunicam, sejam, ou não, elementares 
do crime. 
E) a instigação e o auxílio, em qualquer hipótese, são puníveis mesmo que o crime não ocorra. 
COMENTÁRIOS 
Com relação à punibilidade de cada um dos participantes do evento criminoso, o CP prevê que 
cada um seja punido de acordo com sua culpabilidade, não estabelecendo, em abstrato, penas 
mais graves para um ou para outro. Nos termos do art. 29 do CP: 
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este 
cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
Na participação de menor importância, a pena é diminuída de um sexto a um terço, não de metade 
(art. 29, § 1° do CP). Além disso, quando o agente quis participar de crime menos grave (tendo 
outro agente cometido um crime mais grave), aplica-se ao primeiro a pena do crime previsto (NÃO 
A DO CRIME COMETIDO!), aumentada até a metade, CASO FOSSE PREVISÍVEL A PRÁTICA DO 
CRIME MAIS GRAVE (art. 29, § 2° do CP). 
A cooperação dolosamente distinta, também chamada de “participação em crime menos grave”, 
ocorre quando ambos os agentes decidem praticar determinado crime, mas durante a execução, 
um deles decide praticar outro crime, mais grave. Nesse caso, aplica-se o art. 29, § 2° do CP: 
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este 
cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
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(...) 
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á 
aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter 
sido previsível o resultado mais grave. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
Quanto à comunicabilidade das circunstâncias pessoais, nos termos do art. 30 do CP, elas só se 
comunicam quando elementares do crime. 
A instigação e o auxílio só são puníveis se o crime chegar, pelo menos, a ser tentado (art. 31 do 
CP). 
Assim, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. 
16. (FCC – 2012 – ISS/SP – AFTM) A respeito do concurso de pessoas, é correto afirmar que 
a) a importância da participação não influi na pena a ser imposta. 
b) não é possível participação por omissão em crime comissivo. 
c) é possível a participação em crime omissivo puro. 
d) não pode haver participação em contravenção. 
e) é possível participação dolosa em crime culposo. 
COMENTÁRIOS 
A) ERRADA - A alternativa está errada, pois a participação de cada agente determina na quantidade 
da pena a ser aplicada. Vejamos: 
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a estecominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de 
um sexto a um terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
B) ERRADA - É possível a participação omissiva no crime comissivo, através da omissão de quem 
tenha o dever legal de evitar o resultado. Não agindo, será considerado partícipe, nos termos do 
art. 13, §2º do CP. 
C) CORRETA - De fato, é possível a participação em crime omissivo puro, na modalidade de 
participação moral à prática da omissão. EXEMPLO: Alguém que instiga um funcionário público a 
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deixar de praticar um ato de ofício por sentimento pessoal. Nesse caso estará participando do 
crime de prevaricação (art. 319), na modalidade de participação moral; 
D) ERRADA - Não há qualquer vedação ao concurso de agentes para a prática de contravenções. 
E) ERRADA - A Doutrina majoritária não admite a participação dolosa em crime culposo, por 
entender que como o crime culposo não é direcionado à prática de um delito, impossível o liame 
subjetivo entre autor e partícipe, indispensável à ação mediante concurso de agentes. 
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C. 
17. (FCC - 2013 - TJ-PE - TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS - PROVIMENTO) 
Necessariamente, autores e partícipes recebem 
a) penas idênticas. 
b) penas, respectivamente, mais e menos graves. 
c) penas, respectivamente, menos e mais graves. 
d) penas igualmente graves, mas de espécies distintas. 
e) penas igualmente graves, salvo se diversa for sua culpabilidade. 
COMENTÁRIOS 
Nos termos do art. 29 do CP, cada um será punido na medida de sua culpabilidade: 
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este 
cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
Assim, não há como definir, a princípio, quem receberia pena mais grave e quem receberia pena 
menos grave. Também não podemos afirmar, categoricamente, que receberiam penas idênticas. 
Assim, a alternativa que melhor resolve a questão é a letra E, eis que, de fato, havendo 
culpabilidade igual, receberão penas igualmente graves. Se a culpabilidade for distinta, receberão 
penas distintas. 
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E. 
18. (FCC - 2013 - DPE-AM - DEFENSOR PÚBLICO) Se alguém instiga outrem a surrar inimigo 
comum, mas o instigado se excede e mata a vítima, é correto afirmar que 
a) a conduta do partícipe é atípica. 
b) o partícipe poderá responder por lesão corporal, sem qualquer aumento de pena, se não podia 
prever o resultado morte. 
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c) o partícipe poderá responder por homicídio doloso, mas fará jus, necessariamente, ao 
reconhecimento da participação de menor importância. 
d) o partícipe poderá responder por lesão corporal, com a pena aumentada até um terço, se 
previsível o resultado letal. 
e) o partícipe não poderá responder por homicídio doloso, mesmo que tenha assumido o risco do 
resultado morte. 
COMENTÁRIOS 
Aqui temos o que se chama de cooperação dolosamente distinta, que ocorre quando um dos 
agentes quis participar de CRIME MENOS GRAVE, mas outro dos comparsas acabou praticando 
CRIME MAIS GRAVE. Vejamos: 
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este 
cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
(...) 
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á 
aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter 
sido previsível o resultado mais grave. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
Vejam que, em qualquer caso, o agente que quis praticar o crime menos grave receberá a pena 
DESTE. Entretanto, se o crime mais grave (e que efetivamente ocorreu) era previsível, a pena será 
aumentada até a metade. 
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. 
19. (FCC – 2012 – TRF5 – ANALISTA JUDICIÁRIO) Indivíduos que são alcançados pela lei penal, 
não porque tenham praticado uma conduta ajustável a uma figura delitiva, mas porque, 
executando atos sem conotação típica, contribuíram, objetivamente e subjetivamente, para a ação 
criminosa de outrem 
a) não são punidos por atipicidade da conduta. 
b) são coautores e incidem na mesma pena cabível ao autor do crime. 
c) são concorrentes de menor importância e têm a pena diminuída de um sexto a um terço. 
d) são considerados partícipes e incidem nas penas cominadas ao crime, na medida de sua 
culpabilidade. 
e) podem ser coautores ou partícipes e a pena, em qualquer caso, é diminuída de um terço. 
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COMENTÁRIOS 
Como o CP adotou a teoria objetivo-formal para distinguir autor e partícipe (sendo autor aquele 
que pratica a conduta descrita no núcleo do tipo e partícipe aquele que colabora, de alguma forma, 
com a conduta do autor), temos que a alternativa correta é a letra D, pois tais pessoas são 
consideradas partícipes e incidem nas penas cominadas ao crime, na medida de sua culpabilidade. 
Vejamos: 
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este 
cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D. 
20. (FCC – 2017 – DPE-RS – ANALISTA PROCESSUAL) No concurso de crimes, cuidando-se de 
infrações de espécies diversas cometidos por condutas distintas, ambas com violência física real, 
dos institutos legais abaixo em princípio pode-se postular em favor do imputado 
a) concurso formal heterogêneo. 
b) concurso formal impróprio. 
c) crime continuado genérico. 
d) crime continuado específico. 
e) prescrição isoladamente considerada. 
COMENTÁRIOS 
Neste caso não é possível falar em concurso formal, pois são condutas distintas, ou seja, temos 
mais de uma conduta, não havendo enquadramento no art. 70 do CP. Não se pode falar, também, 
em crime continuado, pois são infrações penais de espécies diversas, ausente, portanto, um dos 
requisitos para o reconhecimento da continuidade delitiva, nos termos do art. 71 do CP. Assim, 
estão erradas as letras A, B, C e D. 
De acordo com o narrado no enunciado, é possível o reconhecimento do concurso MATERIAL de 
crimes, previsto no art. 69 do CP. Em havendo concurso de crimes (qualquer que seja a natureza), 
a prescrição incidirá sobre cada um dos delitos, isoladamente, conforme previsto no art. 119 do 
CP. 
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E. 
21. (FCC – 2015 – TJ-PE – JUIZ) O chamado concurso material benéfico prevalece 
a) sobre o concurso formal próprio e o crime continuado 
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b) apenas sobre o concurso formal impróprio. 
c) apenas sobre o concurso formal próprio 
d) sobre o concurso formal impróprio e o crime continuado específico. 
e) apenas sobre o crime continuado específico. 
COMENTÁRIOS 
O concurso material benéfico (na verdade, CÚMULO MATERIAL benéfico) prevalece na hipótese 
de concurso formal próprio ou crime continuado, quando a soma das penas se mostrar mais 
benéfica ao agente do que o sistema da exasperação. 
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A. 
22. (FCC – 2014 – MPE-PE – PROMOTOR) No concurso formal impróprio ou imperfeito, 
a) aplica-se a mais grave das penas cabíveis

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