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Metodologia de Pesquisa em Ciência Política

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Indaial – 2020
Metodologia de Pesquisa 
eM CiênCia PolítiCa
Prof. Renan Subtil Torres
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Prof. Renan Subtil Torres.
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
T693m
 Torres, Renan Subtil
 Metodologia de pesquisa em ciência política. / Renan Subtil 
Torres. – Indaial: UNIASSELVI, 2020.
 192 p.; il. 
 ISBN 978-65-5663-130-1
 ISBN Digital 978-65-5663-131-8
1. Pesquisa em ciência política. - Brasil. Centro Universitário Leonardo 
Da Vinci.
CDD 320
III
aPresentação
Saudações, caro acadêmico! O presente material que encontra-se em 
suas mãos ou na tela de seus aparelhos digitais é fruto de um zeloso trabalho 
da UNIASSELVI, que pretende apresentar os fundamentos da Pesquisa em Ci-
ência Política. Já pensou como seria dominar pesquisas sobre assuntos tão im-
portantes e que impactam diretamente a vida de todas as pessoas do mundo? É 
fundamental nos inteirarmos de assuntos políticos, uma vez que estamos todos 
submetidos a diferentes dinâmicas que envolvem poder, Estado e Sociedade. 
Considerando que podemos interferir diretamente nos mais diversos assuntos 
políticos de nosso interesse, preparamos um excelente material para que possa-
mos nos aproximar da realidade a qual estamos inseridos.
Tais assuntos políticos abrangem desde o tipo de alimentos que nos é 
oferecido, o preço de nossas moradias, o tipo de educação que recebemos (ou 
deixamos de receber), os cargos disponíveis para ocuparmos, o tratamento que 
os governantes dão às pessoas que sofrem por falta de oportunidades, a nossa 
saúde e até mesmo assuntos diplomáticos grandes e complexos. Agora sejamos 
sinceros: quem de nós sempre se interessou ou ao menos se interessa em apren-
der sobre política? Acreditamos que muitas pessoas acham o tema chato, siste-
mático ou de difícil compreensão. Pois não é por acaso! Somos condicionados a 
ocupar uma posição passiva em relação aos assuntos que dizem respeito às mais 
diversas instâncias de nossas vidas. 
Não é comum aprendermos na escola sobre o papel preponderante que 
a política assume na sociedade. Saímos do Ensino Básico e muitas vezes adentra-
mos no Ensino Superior sem aprender o que é de fato a Política. É comum não 
sabermos ao certo quais são as funções que os candidatos que elegemos devem 
cumprir quando nomeados. Tanto os governantes quanto as instituições que re-
gem a dinâmica social quase não prestam conta ao povo sobre as transações 
monetárias realizadas com os impostos que de nós é arrecadado. E o mais im-
portante: não sabemos de fato o que é melhor para a vida das pessoas, o melhor 
para a evolução de nossa sociedade, o melhor para o futuro de nossa espécie e 
de nosso planeta. As pesquisas em Ciência Política têm como principal objetivo 
a investigação dos problemas que nos perturbam desde os primórdios de nossa 
civilização da maneira mais coerente e legítima possível.
Para tanto, o livro de Metodologia de Pesquisa em Ciência Política de-
senvolvido pela UNIASSELVI tem o compromisso de introduzir você, acadê-
mico, no universo político da maneira mais clara e prazerosa, orientando-o no 
caminho rumo a uma pesquisa em Ciência Política plena em termos de legitimi-
dade e com um grande potencial de elucidação de nossos problemas, de modi-
ficação de nossa realidade e de contribuição com a sociedade. Apresentaremos 
uma ampla variedade de ferramentas para a sua aproximação em relação às 
IV
problemáticas reais, além do oferecimento de recursos alternativos de estudo 
que facilitam o aprendizado, enriquecem o raciocínio crítico e a criatividade, 
aproximam-nos de nossa realidade e oferecem instigantes desafios que rompem 
com o senso comum e nos ajudam a problematizar tudo aquilo que nos parece 
estável e bem definido. 
A Unidade 1 aborda o conceito de Ciência e é seguido de um breve res-
gate histórico do nascimento das Ciências Sociais, que é o grande campo do sa-
ber no qual a Ciência Política está inserida. Em seguida evidencia os parâmetros 
de produção do conhecimento científico em Ciências Sociais. Ressalta ainda a 
importância do domínio da observação da realidade e da teorização, da ideia do 
que são as coisas. Por fim, apresenta os elementos essenciais a serem pensados 
antes de se colocar a pesquisa em Ciência Política em prática.
Na Unidade 2 encontra-se os principais tipos de abordagem e métodos 
científicos em Ciências Sociais, seguidos dos instrumentos e técnicas de pesquisa 
em Ciência Política estudados separadamente. Feito isso, aprenderemos como 
agregar o máximo possível de legitimidade e consistência às pesquisas, seguido 
de como manipular dados e relacionar elementos que contribuam com a expli-
cação dos fenômenos investigados.
Finalmente, na Unidade 3 discutiremos a construção formal de um pro-
jeto de pesquisa científica, qual o tipo de linguagem que esse tipo de produção 
demanda, as normas nacionais de elaboração de uma pesquisa científica, além 
de como desenvolver e verificar se o trabalho realizado está inteligível e bem 
articulado. Esperamos que aproveite ao máximo a vivência contida no material! 
Bons estudos!
Prof. Renan Subtil Torres.
V
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos 
materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais 
os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais 
que possuem o código QR Code, que é um código 
que permite que você acesse um conteúdo interativo 
relacionado ao tema que você está estudando. Para 
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos 
e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar 
mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!
UNI
VI
VII
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá 
contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, 
entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
LEMBRETE
VIII
IX
UNIDADE 1 – O CONHECIMENTO CIENTÍFICO E A CIÊNCIA POLÍTICA ............................1
TÓPICO1 – PRODUZINDO CIÊNCIAS SOCIAIS............................................................................3
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................3
2 O QUE É CIÊNCIA E COMO SE PRODUZ O CONHECIMENTO CIENTÍFICO ....................3
3 COMO EMERGE O CAMPO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS E COMO SE 
 APRESENTA NOS DIAS ATUAIS .....................................................................................................9
4 COMO PRODUZIR CONHECIMENTO CIENTÍFICO EM CIÊNCIAS SOCIAIS .................16
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................21
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................25
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................26
TÓPICO 2 – OBSERVAÇÃO E TEORIZAÇÃO EM CIÊNCIA POLÍTICA ..................................29
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................29
2 O QUE É EMPÍRICO, OBSERVAÇÃO E PERSPECTIVA .............................................................29
3 O IMPORTANTE PAPEL DA TEORIA POLÍTICA ......................................................................33
4 ARTICULANDO OBSERVAÇÃO E TEORIA .................................................................................37
5 TEORIA X PRÁTICA ...........................................................................................................................40
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................44
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................45
TÓPICO 3 – IDEALIZANDO A PESQUISA EM CIÊNCIA POLÍTICA .......................................47
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................47
2 TESTANDO A RELEVÂNCIA DO TEMA DA PESQUISA .........................................................47
3 IDENTIFICANDO UM PROBLEMA REFERENTE AO TEMA ..................................................51
4 DELIMITANDO OS OBJETOS DE SUA FUTURA PESQUISA .................................................54
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................59
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................60
UNIDADE 2 – MÉTODOS CIENTÍFICOS E A PESQUISA EM CIÊNCIA POLÍTICA .............63
TÓPICO 1 – OS MÉTODOS DE PESQUISA EM CIÊNCIAS SOCIAIS ......................................65
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................65
2 TIPOS DE ABORDAGEM: QUALITATIVO E QUANTITATIVO..............................................65
3 OS TRÊS PRINCIPAIS MÉTODOS CIENTÍFICOS EM CIÊNCIAS SOCIAIS .......................69
3.1 O MÉTODO COMPARATIVO .......................................................................................................69
3.2 O MÉTODO HISTÓRICO ...............................................................................................................72
3.3 O MÉTODO ESTATÍSTICO ............................................................................................................75
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................78
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................79
suMário
X
TÓPICO 2 – INSTRUMENTOS E TÉCNICAS 
 DE PESQUISA EM CIÊNCIA POLÍTICA ....................................................................81
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................81
2 DADOS PRIMÁRIOS E SECUNDÁRIOS: TÉCNICAS DE ........................................................81
INVESTIGAÇÃO FUNDAMENTAIS .................................................................................................81
3 ESTUDO DE CASO E SURVEY .........................................................................................................86
4 PRODUZINDO UMA PESQUISA CONSISTENTE: ARTICULANDO ABORDAGENS, 
MÉTODOS E TÉCNICAS ......................................................................................................................91
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................97
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................98
TÓPICO 3 – DEFININDO E RELACIONANDO OS ELEMENTOS DA PESQUISA ..............101
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................101
2 IDENTIFICANDO OS ATORES ENVOLVIDOS NO PROBLEMA PROPOSTO .................101
3 PROBLEMATIZANDO A RELAÇÃO ENTRE OS ATORES ......................................................105
4 APLICANDO A TEORIA À RELAÇÃO ENTRE OS ELEMENTOS .........................................108
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................113
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................118
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................119
UNIDADE 3 – FORMATAÇÃO E ESCRITA DA PESQUISA EM CIÊNCIA POLÍTICA ........121
TÓPICO 1 – ELABORANDO UM PROJETO DE PESQUISA CIENTÍFICA .............................123
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................123
2 NORMAS ABNT .................................................................................................................................123
2.1 PAPEL ..............................................................................................................................................125
2.2 PAGINAÇÃO .................................................................................................................................126
2.3 ALINHAMENTO ...........................................................................................................................126
2.4 MARGENS ......................................................................................................................................126
2.5 ESPAÇAMENTO............................................................................................................................128
2.6 FONTES ...........................................................................................................................................128
2.7 ESPAÇAMENTO............................................................................................................................129
2.8 NUMERAÇÃO PROGRESSIVA ..................................................................................................130
2.9 QUADROS ......................................................................................................................................130
3 ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS, TEXTUAIS E PÓS-TEXTUAIS ...............................................1313.1 CAPA ...............................................................................................................................................133
3.2 FOLHA DE ROSTO .......................................................................................................................134
3.3 FICHA CATALOGRÁFICA ..........................................................................................................136
3.4 FOLHA DE APROVAÇÃO ...........................................................................................................136
3.5 SUMÁRIO .......................................................................................................................................137
3.6 ELEMENTOS TEXTUAIS .............................................................................................................138
3.7 ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS ....................................................................................................139
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................141
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................142
TÓPICO 2 – A DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS ...............................................................................145
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................145
2 O PROJETO DE PESQUISA .............................................................................................................145
2.1 PROBLEMA ....................................................................................................................................145
2.2 HIPÓTESES .....................................................................................................................................146
2.3 OBJETIVOS: GERAL E ESPECÍFICOS ........................................................................................146
2.4 JUSTIFICATIVA .............................................................................................................................147
XI
2.5 REFERENCIAL TEÓRICO ...........................................................................................................147
2.6 METODOLOGIA ..........................................................................................................................147
2.7 CRONOGRAMA ............................................................................................................................147
2.8 REFERÊNCIAS ..............................................................................................................................148
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................162
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................163
TÓPICO 3 – A ESCRITA CIENTÍFICA E A ANÁLISE DOS DADOS ........................................165
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................165
2 ESCREVENDO SUA PESQUISA ....................................................................................................165
3 A LINGUAGEM CIENTÍFICA .........................................................................................................167
4 VERIFICAÇÃO DE COERÊNCIA E COESÃO .............................................................................169
5 A IMPORTÂNCIA DA REVISÃO ..................................................................................................172
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................174
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................178
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................179
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................180
1
UNIDADE 1
O CONHECIMENTO CIENTÍFICO 
E A CIÊNCIA POLÍTICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• compreender o conceito de Ciência; 
• analisar o processo histórico de nascimento das Ciências Sociais; 
• compreender os parâmetros de construção do conhecimento científico;
• ressaltar a importância da observação e da teoria;
• auxiliar a escolha de um tema de pesquisa em Ciência Política;
• evidenciar o processo de delimitação dos objetos de pesquisa.
A primeira unidade está dividida em três tópicos. Ao fim de cada um deles, 
você encontrará um resumo dos conteúdos e autoatividades que contribuirão 
para a reflexão e análise dos temas abordados.
TÓPICO 1 – PRODUZINDO CIÊNCIAS SOCIAIS
TÓPICO 2 – OBSERVAÇÃO E TEORIZAÇÃO EM CIÊNCIA POLÍTICA
TÓPICO 3 – IDEALIZANDO A PESQUISA EM CIÊNCIA POLÍTICA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
PRODUZINDO CIÊNCIAS SOCIAIS
1 INTRODUÇÃO
O primeiro tópico desta unidade abordará o conceito de Ciência como o pro-
cesso de construção do conhecimento científico tal como se apresenta atualmente. Uma 
breve reconstrução histórica situará as Ciências Sociais em um campo do conhecimento 
científico e logo após serão trabalhados os conceitos de conhecimento empírico, pers-
pectiva e teoria. Em seguida, a importância da observação e da teorização na produção 
de conhecimento em Ciência Política. 
Para finalizar, o ajudaremos a pensar em uma pesquisa científica relevante em 
Ciência Política, delimitando um tema e um objeto de pesquisa de acordo com as de-
mandas políticas e interesses do pesquisador. Após trabalharmos os pontos supracita-
dos estaremos prontos para caminhar rumo ao conhecimento dos métodos científicos 
fundamentais e prosseguirmos com os passos para a elaboração de um projeto de pes-
quisa científica no campo da Ciência Política. 
 
2 O QUE É CIÊNCIA E COMO SE PRODUZ O 
CONHECIMENTO CIENTÍFICO
A maneira de produzir conhecimento mais aceita e propagada é a científica. 
Do latim, scientia, pode ser traduzido como “conhecimento” ou “saber”. Ciência é 
algo que reúne diversos conjuntos de saberes. O tipo de Ciência mais amplamente 
aceito nos tempos atuais é o que passa por rigorosos critérios e processos de análises 
de especialistas para ser considerado válido. É a esse tipo de produção de conheci-
mento que daremos ênfase no decorrer da unidade, pois é o mais difundido e legiti-
mado contemporaneamente.
A ciência ocidental nasce em tempos de ascensão do Iluminismo quando as 
verdades estabelecidas, principalmente pela religião, começam a ser contestadas, 
abrindo espaço para um tipo de racionalidade baseada na observação e na experi-
mentação. Os estudos sobre a natureza avançaram muito em tal período, intensi-
ficando-se a partir de meados do Século XVIII, considerado o século das luzes no 
sentido de iluminação intelectual. Emerge a partir daí uma categoria de pensamento 
que resulta na propagação de algumas leis gerais que supostamente explicariam as 
coisas de maneira paralela às crenças teológicas predominantes na época. Rompe-se 
a ideia de que o mundo em que vivemos é fruto da criação de uma entidade superior 
que rege tudo e a todos. Nasce então a era da Ciência e do racionalismo metódico.
UNIDADE 1 | O CONHECIMENTO CIENTÍFICO 
4
Aqui utilizamos as palavras “nascimento”, “emergência” e/ou “gênese” con-
siderando que os processos históricos ocorremde forma fluida, ou seja, as mudanças 
não ocorrem de forma brusca. Como exemplo, não podemos afirmar que o Iluminismo 
simplesmente surgiu da racionalidade humana de um dia para outro, porém podemos 
dizer que as ideias iluministas ganharam força e se espalharam gradativamente no curso 
da História. 
NOTA
Mas o que é Ciência afinal? Essa é uma pergunta que talvez passe por 
boa parte de nossas vidas sem receber a devida atenção. Partindo de tal questio-
namento que intitula a sua obra, Chalmers (1993) nos provoca acerca da defini-
ção de ciência estar reduzida à produção de conhecimento da maneira ocidental 
precisamente com a ciência produzida na Academia. Para o autor, não existe um 
conceito ideal para ciência. É como se o conhecimento, considerado científico, 
necessitasse obrigatoriamente passar por critérios estabelecidos por teóricos que 
estudam o tema. Basta lembrar que teóricos conceituados, filósofos ou pessoas 
consideradas especialistas em determinadas áreas de conhecimento ainda são 
gente como eu e você, seres que foram construídos pelo tempo e pelo espaço nos 
quais nasceram e estão inseridos, condicionados a aprender e reproduzir o que o 
contexto os ensinou. Referindo-se à própria obra, Chalmers (1993, p. 197) afere:
[...] que a pergunta que constitui o título desse livro é enganosa e arro-
gante. Ela supõe que exista uma única categoria “ciência” e implica que 
várias áreas do conhecimento, a física, a biologia, a história, a sociologia 
e assim por diante se encaixam ou não nessa categoria. Não sei como se 
poderia estabelecer ou defender uma caracterização tão geral da ciência. 
Os filósofos não têm recursos que os habilitem a legislar a respeito dos 
critérios que precisam ser satisfeitos para que uma área do conhecimen-
to seja considerada aceitável ou “científica”. Cada área do conhecimento 
pode ser analisada por aquilo que é. Ou seja, podemos investigar quais 
são seus objetivos – que podem ser diferentes daquilo que geralmente se 
consideram ser seus objetivos – ou representados como tais, e podemos 
investigar os meios usados para conseguir estes objetivos e o grau de su-
cesso conseguido. 
Para melhor ilustrar a opinião do referido autor, consideremos o conhe-
cimento que os brasileiros nativos possuíam acerca das plantas que compunham 
nossas florestas antes da chegada dos portugueses. O conhecimento sobre a ma-
nipulação de tais plantas, passado verbalmente de geração em geração, poderia 
compor diversas enciclopédias medicinais, curativas e terapêuticas. Ao conside-
rar esses saberes, lançamos mão de uma pergunta um tanto quanto provocativa: 
levando em conta que o conhecimento produzido por meio da experimentação 
dos povos que aqui habitavam – antes da colonização europeia – alcançava os 
seus objetivos, devemos ou não considerar esses saberes uma ciência? Deixamos 
que você reflita sobre o questionamento.
TÓPICO 1 | PRODUZINDO CIÊNCIAS SOCIAIS
5
É importante salientar que nós, seres humanos, somos produtos de algo 
maior, de um lugar maior, de um meio e de um dado momento histórico e por 
isso não é lógico pensar que possuímos a capacidade de entender a totalidade das 
coisas. Para melhor compreensão do sentido de tal frase, consideremos que nas-
cemos em uma sociedade que já estava aqui antes nós, que já possuía uma dinâ-
mica de funcionamento, em que já existia pessoas trabalhando e se relacionando 
entre si. A maior parte do que somos é construída por tal contexto histórico-es-
pacial. Portanto, muito conhecimento nos escapa pelo fato da impossibilidade 
de estarmos em todos os lugares ao mesmo tempo e durante muito tempo dada 
a nossa curta expectativa de vida. Portanto, é natural nos sentirmos dotados de 
pouco conhecimento de mundo ou de experiências, uma vez que só aprendemos 
aquilo que está ao nosso limitado alcance. A imagem a seguir dá uma ideia da 
complexidade com a qual nos deparamos durante nosso processo de descobertas.
FIGURA 1 – REFLEXÃO SOBRE APRENDIZADO
FONTE: <http://bit.ly/2PjgIdw>. Acesso em: 25 jul. 2019. 
Apesar do conceito de uma ciência ideal não ser considerado válido para 
alguns autores, a maneira como se produz a ciência contemporânea mais aceita 
continua sendo a produzida no interior de instituições acadêmicas, por meio de 
estudiosos dos mais diversos temas e assuntos pertinentes a nossa realidade. A 
metodologia científica torna-se a mais importante, pois rege nossas instituições, 
nossas impressões e nossos mais íntimos comportamentos. 
Quem nunca se deixou levar por consumir determinado alimento após 
saber que foi comprovado cientificamente que ele é benéfico para a saúde? Quem 
nunca optou por considerar a opinião de um mestre ou doutor em detrimento de 
uma pessoa que não estudou tanto determinado assunto? Pensando nisso, deve-
mos considerar de suma importância o conhecimento científico produzido acade-
micamente, pois é dominando a arte de argumentar, teorizar, comparar opiniões 
UNIDADE 1 | O CONHECIMENTO CIENTÍFICO 
6
e compartilhar conhecimento de forma sistemática da maneira como ele é produ-
zido hoje que se tem como aliada uma poderosa ferramenta capaz de transformar 
a realidade: o conhecimento científico.
Nossos hospitais são regidos pela ciência produzida da maneira ocidental, 
o mesmo direito que dita os padrões de comportamento mais adequados à socie-
dade também sofre influência dos conhecimentos científicos, as propagandas que 
consumimos, da mesma forma, possuem propriedades coercivas estudadas pela 
ciência. Enfim, caso queiramos que nossas ideias sejam bem aceitas e difundidas, é 
preponderante que elas passem pelos critérios acadêmicos de produção científica, 
pois nos dias de hoje é essa ciência que constrói nossa realidade, modifica antigas 
formas de pensar, transforma hábitos, constrói conceitos e teorias que instigam a 
mente humana e influenciam diretamente a evolução da espécie. 
Partindo do pressuposto de que a Ciência tem capacidade para modificar 
a realidade de maneira profunda, devemos tomar alguns cuidados quanto à legi-
timidade e intencionalidade de determinadas informações produzidas no campo 
científico. Considerando que vivemos numa sociedade capitalista, alguns autores, 
como Giannotti (2002), acreditam que o conhecimento científico e/ou tecnológico é 
produzido para a manutenção do referido sistema. Tal fato implicaria a parcialidade 
das pesquisas científicas, ou seja, uma ciência que atende aos interesses de determi-
nado grupo social privilegiado pela dinâmica vigente. Afinal, você e eu somos uma 
minoria que possui o privilégio de entrar em contato com a ciência e seus métodos 
de produção.
Não ignoro que, em geral, as descobertas científicas continuam sendo 
feitas por pequenos grupos de investigadores trabalhando em rede, mas 
esse novo conhecimento somente se torna acessível como prática científi-
ca depois que enormes investimentos o capacitam a virar um instrumento 
eletrônico, um remédio, um objeto de entretenimento e assim por diante. 
Isso abre o caminho para que grandes empresas controlem o movimento 
do complexo científico-tecnológico, visando assegurar vantagens estraté-
gicas no mercado. Em poucas palavras: a ciência se subordina ao movi-
mento do capital na medida em que este se torna processo reflexionante 
inteligente, o que modifica a estrutura concorrencial do mercado capi-
talista, pois importa a cada empresa, antes de simplesmente obter mais 
lucro, ocupar posição estratégica diante de aliados e concorrentes, assim 
como obter conhecimento global do campo de sua atuação (GIANNOT-
TI, 2002, p. 221-222).
É válido afirmar que o processo de produção de conhecimento científico 
em um sistema capitalista implica investimentos financeiros, parcerias com quem 
dispõe de tais recursos e interferência dos mais diversos mercados. Mas podemos 
atribuir à ciência um papel revolucionário? Devemos utilizar a ciência a favor de 
interesses particulares ou coletivos? A ciência deve ser utilizada com que propó-
sito? São perguntas que obedecem às particularidadesde cada pesquisador. 
Ao menos podemos afirmar com segurança que a ciência possui grande ca-
pacidade transformadora, e cabe a você, futuro pesquisador, orientar suas pesquisas 
às demandas que julga de maior importância. Entretanto, um bom pesquisador deve 
TÓPICO 1 | PRODUZINDO CIÊNCIAS SOCIAIS
7
estar sempre atento a diversos desafios, como textos duvidosos e possíveis pesquisas 
tendenciosas. Uma vez que a produção do conhecimento científico atravessa a dinâ-
mica econômica, tomemos sempre o cuidado de verificar a existência ou não de ten-
dências economicistas de determinadas pesquisas, ou seja, pesquisas que objetivam 
estritamente a obtenção de lucro por parte de empresas, entidades ou pessoas. Po-
demos concordar que a produção de conhecimento fica comprometida quando seu 
objetivo principal é a satisfação de anseios pessoais. Convém então, à ciência, a fim 
de garantir maior legitimidade as nossas pesquisas, ser uma importante ferramenta 
utilizada a favor da transformação do mundo em um lugar melhor.
Sugestão de documentário: Doutrina do Choque (The Chock Doctrine), 
baseado no livro da jornalista canadense Naomi Klein, ressalta o poder do conhecimento 
científico produzido em universidades estadunidenses mostrando como uma teoria em 
economia pode transformar drasticamente a política de países sul-americanos inteiros. 
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Y4p6MvwpUeo. 
DICAS
Quanto à produção de conhecimento científico na atualidade, podemos afir-
mar que a ramificação das ciências possui aspectos positivos e negativos. A divisão 
acadêmica dos saberes por disciplinas isoladas como física, química, biologia, histó-
ria, sociologia, e todas as outras matérias que existem e estão em constante processo 
de expansão, ajuda a aprofundar o conhecimento em cada área em particular. Afinal, 
concentrar esforços em determinado campo do saber aprofunda o aparato teórico e 
de informações sobre o segmento tornando a concepção acerca do objeto estudado 
mais próxima de sua real essência. 
Porém, ao mesmo tempo em que se aprofunda em dada área do saber afas-
ta-se da totalidade da realidade, ou seja, analisando as partes separadamente perde-
-se o sentido do todo. Ocorreu algo similar com a ascensão do modelo de produção 
industrial fordista que revolucionou o modo de produção de mercadorias em larga 
escala, limitando os operários a apenas uma etapa da produção de determinada mer-
cadoria para agilizar o processo de fabricação. Os funcionários se aperfeiçoavam em 
apenas uma parte do processo, alienando o mesmo das demais etapas. Por exemplo: 
em uma fábrica de fogões, cada funcionário se incumbiria de uma parte do processo. 
Um deles prepararia o encanamento de gás enquanto, o outro, da montagem, e por 
conseguinte, um outro operário testaria o produto e assim por diante. O funcionário 
que prepara o encanamento não precisa necessariamente possuir conhecimentos do 
operariado responsável pela montagem e vice-versa. A alienação começa a partir do 
momento em que as funções são repartidas e o trabalho como um todo não se torna 
acessível aos membros da equipe de fabricação.
UNIDADE 1 | O CONHECIMENTO CIENTÍFICO 
8
A tirinha a seguir reflete como o conhecimento que é oferecido nas escolas 
modernas não é suficiente para a compreensão do que é de fato importante e urgente 
em nossa sociedade. 
FIGURA 2 – REFLEXÃO SOBRE INFORMAÇÃO E VALORES
FONTE: <http://bit.ly/2Lv17GC>. Acesso em: 25 jul. 2019.
A tirinha evidencia o fato de não sermos pessoas melhores, mais educa-
das, mais sensíveis em relação ao próximo, em relação à natureza ou mesmo mais 
inteligentes apenas por possuir mais informações que outras pessoas. A vivência 
objetiva e interdisciplinar sim. Quando combinada com o conhecimento e experi-
ência pode ser a chave para completar o indivíduo e, consequentemente, torná-lo 
um sujeito com potencial para modificar o mundo, embora sozinhos não sejamos 
suficientes para realizar mudanças significativas. Fragmentar o conhecimento pode 
significar fragmentar a realidade e fragmentando a realidade também se fragmen-
tam as chances de compreender melhor os mais diversos problemas. Fragmentan-
do a sociedade em meros indivíduos não associados e que não cooperam uns com 
os outros torna-se quase nula a busca por mudanças.
O filme Tempos Modernos é um clássico quando o assunto é Revolução 
Industrial. Estrelado por Charles Chaplin, o longa-metragem nos traz reflexões sobre as 
condições de vida do operariado das mais diversas fábricas que passaram a adotar o modo 
de produção fordista. Trata-se de uma importante obra altamente aconselhada a quem 
ainda não viu. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=HAPilyrEzC4. 
DICAS
Considerando as ponderações anteriores é importante afirmar que a produ-
ção científica é um processo interdisciplinar. Quanto mais aspectos que transcendem 
o segmento a ser pesquisado forem considerados, mais fortemente embasado será o 
conhecimento produzido. Não conseguimos falar de física sem entrar no campo da 
matemática, assim como não conseguimos abordar a Ciência Política sem resgates 
TÓPICO 1 | PRODUZINDO CIÊNCIAS SOCIAIS
9
históricos, sociológicos, econômicos, entre outros aspectos. Busque produzir conhe-
cimento utilizando bases interdisciplinares sólidas, pois não é possível conhecer ple-
namente um objeto sem conhecer ao máximo os fatores que constituem este. 
3 COMO EMERGE O CAMPO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS E 
COMO SE APRESENTA NOS DIAS ATUAIS
Para melhor nos situarmos nos estudos dos métodos de pesquisa em Ciência 
Política torna-se importante conhecermos um pouco sobre o processo de desenvolvi-
mento do conhecimento científico que resultou o campo das Ciências Sociais, grande 
campo que abarca os estudos da Sociologia, Antropologia e Política. É interessante 
saber como a ciência das relações humanas em suas mais diversas categorias con-
quistou seu espaço na produção formal de conhecimento e como se ramificou, tor-
nando-se um amplo campo de pesquisas que nos ajuda a entender melhor a dinâmi-
ca social. Conhecendo melhor as formas de analisar as Ciências Sociais alcançaremos 
uma visão mais completa, tanto das relações mais corriqueiras entre pessoas e/ou 
instituições que não costumamos problematizar cotidianamente, quanto de temas 
que podem transformar o mundo em que vivemos de maneira significativa. 
Você lerá diversas vezes o verbo “problematizar” ao folhear as páginas do 
presente material. Ele é utilizado para expressar um pensamento crítico e aprofundado 
lançado aos objetos de estudo. Problematizar significa pensar o objeto por meio de dife-
rentes perspectivas, buscando sempre um modo de ver e raciocinar diferente, ampliando 
nossa criticidade e criatividade. 
É válido lembrar que as transformações na maneira de pensar do ser humano ao longo da 
História, especialmente a partir do Século XVIII, foram decisivas para o desenvolvimento do 
conhecimento que foge ao teologismo, em outras palavras, que rompe com os discursos 
religiosos que outrora fundamentavam a vida, o mundo e os mais diversos elementos 
com os quais o ser humano se deparou desde os primórdios de sua existência. Emergem 
as Ciências Naturais e a sua busca por fórmulas gerais, que buscavam explicações para 
os inúmeros fenômenos experimentados pela humanidade. Nasciam assim as Ciências 
Humanas e seus primeiros métodos.
NOTA
UNIDADE 1 | O CONHECIMENTO CIENTÍFICO 
10
No início do Século XIX, finalmente, o projecto toma forma. É o tempo 
dos pioneiros, que têm por nome Boucher de Perthes, Alexander von 
Humboldt, Jules Michelet, Lewis Morgan e muitos outros. Alguns, como 
Auguste Comte, Karl Marx ou James Frazer, passaram a vida – em biblio-
tecas – a construir grandes edifícios teóricos: teoria da sociedade, do capi-
talismo, das mitologias da Humanidade inteira. Outros cruzam os ocea-
nos, partindo ao encontro de povos cujos costumes e instituições querem 
compreender. Outros ainda – como Boucher de Perthes ou Edward Tylor 
– coleccionam, reúnem, classificame organizam verdadeiros museus pes-
soais. Cada um a sua maneira participa na construção de um novo saber. 
Enquanto se completa a exploração do Planeta, parece começar a explora-
ção do Homem (DORTIER, 2005, p. 11-12).
Foi com base nas Ciências Naturais que se esboçaram as primeiras tentativas de 
entendimento do comportamento humano, tais como suas relações sociais e a maneira 
com a qual cooperam entre si. A primeira obra que evidencia o esforço dos primeiros 
intelectuais em explicar o comportamento humano baseando-se nos conhecimentos da 
natureza foi elaborada por Augusto Comte. O autor atribui o termo “física social” para 
então classificar os nascentes estudos da sociedade, inicialmente explicada com base 
em leis naturais. Os estudos de Comte, fundamentados na observação e na experimen-
tação, representam para o autor o ápice da evolução intelectual humana.
A obra comteana classifica em três etapas a evolução da mente humana. A 
primeira etapa, a chamada fase “teológica”, consiste em um pensamento que busca 
explicações existenciais com base na religião. Por exemplo: acreditava-se que a cria-
ção da Terra e dos seres humanos seria obra dos deuses, portanto pouco importava a 
obra humana, uma vez que toda a existência se situava em mãos divinas. A segunda 
etapa na evolução da racionalidade é classificada pelo autor como fase “metafísi-
ca”, na qual os seres humanos passariam a usar da abstração para tentar entender o 
mundo e os fenômenos que fazem parte dele, ou seja, utilizavam-se da imaginação 
para tentar entender as coisas. Era considerada a fase de transição entre a teológica 
e a última delas: a positivista. O positivismo, que para Comte é a fase mais evoluída 
do pensamento humano, consiste na explicação dos fatos por meio de leis obtidas na 
observação e na experimentação.
O positivismo é baseado em tudo aquilo que é observável, permitindo aos se-
res humanos a previsão dos acontecimentos em certa medida. A partir da possibilidade 
de prever determinadas coisas por meio da observação, teríamos essa vantagem para 
fortalecer a espécie humana. Ou seja, prevendo o resultado de algumas ações já ob-
servadas antes pelas pessoas, poderíamos evitar ou realizar acontecimentos de acordo 
com nossas necessidades. Comte acredita que a ciência positiva é a mais evoluída e a 
que teria mais capacidade de elevação das condições de vida do ser humano. 
Aproveitando o assunto sobre observação, apresentamos a tirinha a seguir, 
que chama a atenção para a importância da curiosidade e da observação dos interes-
sados em produzir ciência e que tem como objetivo descobrir coisas novas. No 
seguinte caso, o computador orienta as crianças a conceberem os estudos de for-
ma com que produza novas descobertas, e elas, por sua vez, rompam com velhos 
pensamentos e/ou hábitos do passado. Observe:
TÓPICO 1 | PRODUZINDO CIÊNCIAS SOCIAIS
11
FIGURA 3 – REFLEXÃO SOBRE O PODER DO CONHECIMENTO
FONTE: <https://www.instagram.com/p/BpK0o9JhyNC/>. Acesso em: 7 ago. 2019.
Como em todo curso da História, as coisas se transformaram e o pensamento 
lançado à sociedade, considerado ideal, não diferente de todo o resto, também se 
transforma, tornando as leis gerais ultrapassadas em relação às novas formas de pen-
sar o ser humano e suas relações.
Por volta dos anos 1860 iniciou um grande debate a esse propósito. Alguns 
pensam que é preciso aplicar ao estudo dos humanos o método que tanto êxito obte-
ve as Ciências da Natureza: observação, medição, classificação, experimentação, in-
vestigação de leis. Nesse espírito são criados laboratórios de Psicologia. A Economia 
que se quer científica decalca os modelos da Física. “Outros inclinam-se de preferên-
cia para um novo método específico do estudo dos humanos e baseado na reconsti-
tuição dos valores, das visões de mundo e dos universos mentais, pressupondo que 
as acções humanas, sempre mutáveis e singulares, não podem deixar-se encerrar em 
leis […]” (DORTIER, 2005, p. 12).
 Um próximo passo para compreender melhor a realidade seria o rompi-
mento com as leis gerais que orientavam os estudos das Ciências Humanas com 
base na natureza. Na transição entre o fim do Século XIX e o início do Século XX, a 
fragmentação das Ciências Sociais culmina com a formalização da Sociologia por 
Émile Durkheim, na França, e na Alemanha, por Max Weber. Franz Boas (1974) e 
Marcel Mauss (1929) prosseguem com a repartição das Ciências Sociais em sub-
campos e fornecem ao mundo as bases da Antropologia. Junto a tais disciplinas 
que ganharam sólidas delimitações no período, nascem revistas científicas em 
UNIDADE 1 | O CONHECIMENTO CIENTÍFICO 
12
que as pesquisas sobre os campos recém-formados ganharam seus métodos com 
o passar dos anos. Desde então as revistas científicas são os meios mais reconhe-
cidos de se produzir conhecimento científico.
Conforme Dortier (2005), depois da Segunda Guerra Mundial intensifica-
ram-se os incentivos aos estudos das Ciências Humanas com a criação, especial-
mente a partir dos anos 1950, de inúmeras universidades e revistas que impulsio-
naram o campo. A especialização subdivide tais ciências em diversas sociologias 
e antropologias e a tecnicização eleva o grau de complexidade dos métodos de 
validação das pesquisas. Por sua vez, o processo de profissionalização dá ori-
gem a uma série de trabalhadores que estudam as Ciências Humanas, dentre 
eles: sociólogos, historiadores, antropólogos, demógrafos, psicólogos, geógrafos 
e muitos outros. Foi a partir da especialização dos sociólogos em política social 
que emerge o campo da Ciência Política.
Para refletirmos sobre o dramático momento intelectual que estamos vivendo 
atualmente, sugerimos o livro Biopolítica, Educação e Segurança Pública: Tolerância Zero 
nas Escolas do Espírito Santo (2018). A obra de Ribeiro Júnior, Rosa e Torres trabalha 
a forma com que os governantes estão atacando a educação oferecida aos alunos de 
escolas públicas do Brasil em favor de um modelo educacional no qual principalmente as 
disciplinas mais reflexivas, como as Ciências Sociais, são substituídas por um ensino que 
distancia os alunos da realidade e dificulta a sua ação política. 
DICAS
As Ciências Sociais atuais são constituídas pela Sociologia, Antropologia e 
Política. A ramificação em disciplinas facilitou a compreensão do grande campo das 
Ciências Sociais, cabendo a cada uma delas o aprofundamento dos subcampos se-
paradamente. Mas é válido lembrar que não se explica de forma satisfatória cada 
um dos subcampos sem uma visão ampla de todos eles, agindo em conjunto rumo à 
efetiva compreensão da realidade da vida em sociedade.
A Antropologia estuda basicamente os indivíduos, suas culturas e o proces-
so de formação de cada uma delas em dado contexto histórico-espacial. Em outras 
palavras, estudam-se as pessoas e como se constroem como indivíduos, como se re-
presentam dentro de suas culturas e como elas se adaptam ao contexto no qual estão 
inseridas, ou seja, o objeto de estudo da Antropologia é o principal sujeito das Ciên-
cias Humanas: os seres humanos, seja separadamente ou em suas associações mais 
fundamentais. É comum estudarmos as características dos seres humanos de dife-
rentes tempos e localidades como também suas religiões, a economia, seus costumes 
e de suas tribos, clãs e outras organizações.
Já a Sociologia estuda não só as pessoas e os pequenos grupos aos quais per-
TÓPICO 1 | PRODUZINDO CIÊNCIAS SOCIAIS
13
tencem, mas as interações entre os indivíduos e a sociedade como um todo, como divi-
dem suas funções, como e com qual propósito trabalham além das estruturas formadas 
dentro de dada sociedade. Costuma-se estudar em Sociologia as instituições como a 
igreja, a polícia, o direito, a educação e diversos outros mecanismos que garantem o 
funcionamento da sociedade.
Por fim, a Política trabalha mais precisamente as relações de poder entre Es-
tado e sociedade. A Ciência Política trata de assuntos de interesse de todas as pessoas 
inseridas em dada sociedade. Como citamosanteriormente, todo e qualquer assunto 
pertinente as nossas vidas em sociedade é decidido por meio dela: a educação que re-
cebemos, o tipo de alimentação, como acontece a produção dos nossos alimentos, como 
são distribuídos, o que é considerado crime ou não, as sansões penais direcionadas às 
pessoas que cometem crimes, quanto tempo de nossas vidas dedicamos ao trabalho, 
quando e se vamos realmente nos aposentar etc. 
Para melhor definirmos os conceitos de Antropologia, Sociologia e Ciência Po-
lítica, elaboramos um quadro que evidencia cada um dos subcampos (disciplinas) ao 
qual as Ciências Sociais deram origem separadamente. A primeira coluna do Quadro 1 
apresenta o nome de cada subcampo, enquanto a segunda coluna apresenta alguns dos 
elementos fundamentais de seus respectivos campos de pesquisa. Observe a seguir:
QUADRO 1 – CONCEITOS DE ANTROPOLOGIA, SOCIOLOGIA E CIÊNCIA POLÍTICA
CIÊNCIAS SOCIAIS
Subcampo das Ciências Sociais Elementos estudados
Antropologia - Indivíduos e suas características físicas e 
comportamentais.
- O modelo de suas organizações.
- Cultura: religião, hábitos alimentares etc.
Sociologia - Relações entre Indivíduos e sociedade.
- Instituições.
- Divisão do trabalho.
Ciência Política - Relações de poder entre Estado, Sociedade 
e Indivíduos.
- Organização social.
- Interesses.
FONTE: O Autor
O quadro anterior destaca (em negrito) os elementos centrais de cada 
campo de pesquisa. Em síntese, podemos dizer que o elemento central da pesqui-
sa em Antropologia é o estudo das características físicas e comportamentais dos 
indivíduos. É claro que isso implica um estudo aprofundado de vários elementos 
que constroem os povos estudados. Já a Sociologia tem como foco as relações 
entre as pessoas e a sociedade como um todo, o qual também demanda estudos 
sobre toda a dinâmica social. E, finalmente, concebemos a Ciência Política como 
UNIDADE 1 | O CONHECIMENTO CIENTÍFICO 
14
os estudos aprofundados sobre as relações de poder que nascem em sociedade. 
Tais relações envolvem indivíduos, Estado e Sociedade, concomitantemente.
Considerando a amplitude do Campo das Ciências Sociais, podemos dizer 
que elas abrangem os elementos necessários para conhecermos tudo o que influencia 
a dinâmica das sociedades. Alinhadas à história e demais ciências humanas, as Ciên-
cias Sociais são responsáveis por fornecerem tudo o que já foi registrado e que ainda 
está sendo estudado sobre a humanidade, a forma com que as pessoas se relacionam 
entre si e suas organizações. 
A imagem a seguir apresenta, dentre as diversas interpretações possíveis, a 
ideia da importância do caráter social do ser humano contemporâneo. Sua interde-
pendência foi fator decisivo para a sobrevivência e evolução da espécie que desde os 
primórdios mostra-se preocupado com a forma de organizar e construir uma socie-
dade sólida. Atualmente, em uma sociedade em que o trabalho coletivo se faz mais 
presente do que nunca, fazemos parte de um mecanismo em que somos ensinados e 
ensinamos a desenvolver instrumentos que facilitem nossas vidas, seja por meio de 
pesquisas ou por quaisquer outras formas de cooperação que criem melhores condi-
ções de vida para a espécie. Cada um com sua função específica para que formemos 
uma coletividade de poder ainda mais transformadora. Para tanto, as Ciências So-
ciais são ferramentas fundamentais a favor da evolução da espécie.
FIGURA 4 – REFLEXÃO SOBRE A INTERDEPENDÊNCIA ENTRE OS SERES HUMANOS 
MODERNOS
FONTE: <http://bit.ly/36262Xo>. Acesso em: 2 ago. 2019.
As Ciências Sociais vêm trabalhando a favor da criação de mais ferramen-
tas que auxiliem a lidar com uma infinidade de problemas com os quais os seres 
humanos sempre se depararam e os que ainda estão por vir. Assim, podemos 
utilizar os estudos em Ciências Sociais para criar e avaliar políticas públicas efi-
cientes, uma vez que as pesquisas em tal área nos aproximam de distintas reali-
dades sociais. Conhecer culturas diferentes enriquece a percepção de mundo do 
pesquisador, servindo como ferramenta a favor da descoberta de soluções para 
problemas sociais das mais diversas naturezas.
A partir do estudo das Ciências Sociais conseguimos propor projetos edu-
cacionais que fomentam o conhecimento de toda a sociedade, orientando-a para o 
TÓPICO 1 | PRODUZINDO CIÊNCIAS SOCIAIS
15
futuro das novas gerações. Facilita também a busca por projetos de um mercado mais 
justo para as pessoas, interferindo no modo de trabalhar, e consequentemente, na 
qualidade de vida dos indivíduos. Políticas de todas as naturezas e projetos sociais 
amplos e urgentes também implicam o bom uso das Ciências Sociais.
Atualmente, as Ciências Sociais formam profissionais que atuam como pro-
fessores, pesquisadores, palestrantes, consultores que atuam nas mais diversas áreas 
do mercado, entre outros. O curso de Ciências Sociais ofertado no Brasil, hodierna-
mente, tem a duração média de quatro anos e sua grade curricular engloba outras 
disciplinas como educação, geografia, história, antropologia, economia, estatística, 
sociologia, filosofia, política e metodologia científica. Geralmente, as universidades 
oferecem as modalidades bacharelado e licenciatura. O bacharelado forma um pro-
fissional habilitado para trabalhar com pesquisas e consultoria, enquanto a licencia-
tura forma, além de pesquisadores, profissionais da educação como professores, tu-
tores, dentre outras categorias.
Já que entramos em um assunto que envolve trabalho, lembremos do quão 
acirrada está a busca por ocupações no cenário contemporâneo. As vagas de emprego 
estão cada vez mais escassas e o problema que vem se agravando pelo avanço do 
chamado capitalismo neoliberal já se torna mundial. Para refletirmos melhor acerca de 
um problema sobre o qual as Ciências Sociais trazem inúmeras contribuições, sugerimos 
o filme A procura da felicidade (2006). A obra fílmica apresenta um pouco do drama que 
um trabalhador honesto sofre em busca de sua ascensão financeira para sustentar o seu 
filho. Acesse o filme por meio do link: https://www.youtube.com/watch?v=krHi1m5sJuI. 
DICAS
Considerando os múltiplos objetos estudados atualmente pelo campo das 
Ciências Sociais é válido afirmar que constitui uma importante ferramenta a favor 
da compreensão da realidade, seja formando professores, pesquisadores ou sim-
plesmente despertando o interesse de curiosos. Portanto, o espaço que tais ciências 
ocuparam no mundo acadêmico foi decisivo e legítimo. A partir dos estudos dos 
indivíduos e das suas relações sociais ocorreram mudanças importantes no desen-
volver da humanidade. Trabalharemos no próximo subtópico algumas formas de se 
fazer conhecimento científico em Ciências Sociais, além de algumas das principais 
exigências da sociedade acadêmica para produção do referido tipo de conhecimento.
UNIDADE 1 | O CONHECIMENTO CIENTÍFICO 
16
4 COMO PRODUZIR CONHECIMENTO CIENTÍFICO EM 
CIÊNCIAS SOCIAIS
Já mencionamos que não existe um pacote de regras absolutas para fazer 
uma pesquisa considerada ideal. As pesquisas são fruto da curiosidade dos seres 
humanos: animais falhos e parte de um todo que talvez não possa ser plenamente 
compreendido. Porém, é possível que tenhamos capacidade de entender tudo aqui-
lo que teve origem no ser humano, como as relações sociais e políticas, a história da 
humanidade e as suas maneiras de pesquisar, por exemplo.
Richardson (2012) acredita que a pesquisa é um movimento fluido e contínuo 
que está sujeito a mudanças no decorrer do caminho. Ou seja, considerando que as 
pesquisas precisam partir de algum ponto inicial, e que existem poucos ou nenhum 
conhecimento sobre o tema estudado, estão sujeitas a erros e más interpretações que 
são de suma importância para o aperfeiçoamento do conhecimento. Para o autor:
Não existe uma fórmula mágica e única para realizar uma pesquisa ide-
al; talvez não exista nem existirá uma pesquisa perfeita. A investigação 
é um produto humano, e seus produtores são seres falíveis. Isto é algo 
importante queo principiante deve ter 'em mente': fazer pesquisa não é 
privilégio de alguns poucos gênios. Precisa-se ter conhecimento da rea-
lidade, algumas noções básicas da metodologia e técnicas de pesquisa, 
seriedade e, sobretudo, trabalho em equipe e consciência social. Evidente-
mente, é muito desejável chegar a um produto acabado, mas não é motivo 
de frustração obter um produto imperfeito. É melhor ter um trabalho de 
pesquisa imperfeito a não ter trabalho nenhum. Os diversos problemas 
que surgem no processo de pesquisa não devem desencorajar o princi-
piante, pois a experiência lhe permitirá enfrentar as dificuldades e obter 
produtos adequados (RICHARDSON, 2012, p. 15).
O autor evidencia que apesar da inexistência de uma “fórmula mágica” que 
nos leve a uma pesquisa completa e incontestável, além de precisarmos enfrentar erros 
e inconsistências ao buscar um novo conhecimento, existem diversas maneiras de se 
fazer uma pesquisa de forma mais séria, organizada e bem fundamentada. O ser hu-
mano desenvolveu por meio de gerações inúmeras observações, experiências, erros e 
frustrações, alguns meios que facilitam nosso caminho em busca de uma pesquisa que 
acrescente conhecimento aos nossos pares. Para tanto, nós seres humanos desenvol-
vemos métodos e técnicas científicas que abordaremos com mais precisão nos tópicos 
seguintes. Por agora, consideraremos apenas o que é fundamental para a realização de 
pesquisas científicas consideradas consistentes no campo das Ciências Sociais.
Um importante fator que não podemos deixar de considerar em uma pes-
quisa de cunho social é o contexto histórico-espacial. A reconstrução da história é de 
fundamental importância para ampliarmos nossas noções acerca do fenômeno so-
cial estudado. Devemos considerar também que em lugares diferentes os fenômenos 
sociais se desenvolvem de maneiras diferentes. Quanto mais nos aprofundamos na 
história e reconstruímos os contextos espacial e social, melhor conseguimos situar o 
problema investigado na realidade. 
TÓPICO 1 | PRODUZINDO CIÊNCIAS SOCIAIS
17
Outro elemento constituinte de qualquer pesquisa, seja ela social ou não, 
é a teoria. A teoria é basicamente um conjunto de argumentos articulados de 
maneira coerente para explicar determinado fenômeno. Para Richardson (2012), 
as Ciências Sociais possuem tanto a função de criar quanto de contestar teorias 
por meio das pesquisas e da comparação entre elas, além de resolver problemas 
específicos da sociedade. 
Quando o objetivo de uma pesquisa é resolver um determinado tipo de 
problema, ela se limita apenas a isso. A função da pesquisa se limita estritamente à 
resolução de dado problema, abrindo mão da formulação de teorias, porém o pes-
quisador pode utilizar uma ou mais teorias para fundamentar os seus estudos. Por 
exemplo: em uma pesquisa que investiga os motivos da mortalidade infantil em de-
terminada zona periférica de uma cidade, um pesquisador apresenta tanto a teoria 
da fome quanto a da doença. Para resolver aquele problema objetivo, o pesquisador 
associa ambas teorias à miséria vivida naquele contexto e propõe políticas públicas 
que objetivam a assistência àquelas pessoas.
Quando se pesquisa para resolver problemas é comum a utilização de teorias 
já colocadas em evidência para tentar explicar determinados fenômenos ou associar 
a outros. No exemplo do parágrafo anterior não se cria nem se contesta nenhuma 
teoria, apenas utiliza-se uma antecessora, a teoria da fome e da doença associada à 
miséria, para explicar dado fenômeno e logo após propor uma solução com base em 
ambos os estudos.
Agora, quando a pesquisa é feita para criar uma teoria, o pesquisador deve 
buscar a associação entre os fatos observados e uma possível explicação. Como o 
campo das Ciências Sociais é relativamente novo, ainda se cria muita teoria nos dias 
de hoje para tentar explicar alguns fenômenos sociais. Como exemplo, podemos citar 
uma pesquisa sobre os efeitos da utilização de agrotóxicos em hortaliças no número 
de pessoas com câncer que se alimentam desses mesmos vegetais em dada comuni-
dade. Ao considerar que os produtos utilizados nas lavouras causam mutações em 
células humanas, teoriza-se que o número de casos de câncer na comunidade estu-
dada pode estar associado à elevação dos níveis dos produtos químicos nas lavouras 
que alimentam essas pessoas.
Podemos utilizar o mesmo exemplo citado anteriormente para consideramos 
uma contestação de teoria. Imaginando que uma das empresas que fabrica os agro-
tóxicos realiza uma pesquisa argumentando que seus produtos não causam efeito 
nocivo algum em seres humanos, pode-se facilmente negar a teoria da pesquisa an-
terior. A pesquisa torna-se ainda mais legítima se a empresa em questão realizar um 
estudo sobre as possíveis causas da elevação do número de pessoas com câncer na 
dada comunidade.
Considerando tais tipos de pesquisa, o pesquisador pode se enveredar por 
vários caminhos ao desenvolver uma pesquisa, e tal fato demanda uma série de cui-
dados e uma postura por parte do pesquisador. Richardson (2012) acredita que o 
pesquisador deve estar sempre preparado para contestar tudo, inclusive sua própria 
UNIDADE 1 | O CONHECIMENTO CIENTÍFICO 
18
maneira de pensar o problema. A pessoa que estuda alguma afirmação sobre deter-
minado fenômeno social deve sempre ficar atento à veracidade ou falsidade desta e 
como medir o grau de veracidade ou falsidade da afirmação.
Para muitos, tal atitude pode parecer algo estranho, pois o sistema edu-
cacional transmite uma visão absolutista do saber (talvez seja mais fácil 
ensinar dogmaticamente que expressar dúvidas, intranquilidades ou 
inquietudes). Assim, a atitude do pesquisador exige reorganização do 
conceito de saber, nova visão que permita reconhecer a incerteza, falta 
de clareza, relatividade, instrumentalização e ambiguidade do conceito 
"verdade científica". Essa posição pode levar a importantes avanços na 
produção e democratização do saber, muito mais que a simples aceitação, 
não questionada, do que aparece nos livros e mentes dos especialistas (RI-
CHARDSON, 2012, p. 18).
Quanto mais contestada for a verdade apresentada ao pesquisador, mais ele 
se afastará das “certezas absolutas” que contaminam o mundo científico. A humilda-
de do pesquisador, ao aceitar críticas e novas teorias que contestem as criadas por ele, 
constitui-se como um ponto forte em sua produção científica. Estar aberto a novas 
ideias é de fundamental importância para a evolução da ciência e, consequentemen-
te, da humanidade. Os fatos muitas vezes não condizem com nossas expectativas, ao 
contrário, frustram-nos ou nos aproximam de uma realidade dolorosa. Mas apenas o 
exercício de enfrentar as coisas como elas são é que nos aproximam da resolução de 
nossos problemas cotidianos. Observe a figura a seguir:
FIGURA 5 – REFLEXÃO SOBRE A FUGA DA VERDADE
FONTE: <http://bit.ly/38fUf9B>. Acesso em: 7 ago. 2019.
A imagem anterior reflete a busca humana por conforto diante da dura 
realidade comumente enfrentada em meio à sociedade. As mazelas da rotina, do 
trabalho exploratório, da falta de propósito e muitas outras aflições políticas mui-
tas vezes são confortadas com informações inúteis, entretenimento ou outras ati-
vidades que afastam as pessoas da realidade. Logo, a resolução desses problemas 
torna-se mais distante, o qual nos leva a crer que pesquisar e buscar compreender 
o mundo como ele realmente é apresenta-se como um trabalho fundamental para 
toda a humanidade.
TÓPICO 1 | PRODUZINDO CIÊNCIAS SOCIAIS
19
Atualmente, contesta-se até a afirmação de que todo efeito possui uma causa, 
ou seja, duvidamos que exista uma explicação alcançável para todo tipo de fenômeno 
ou coisa. Porém, a ciência moderna demanda respostas, medições e classificações, e 
ela é, em sua maior parte, indutiva. Ou seja, induz o pesquisador a aceitar uma série 
de ideias de outros autores. Isso se deve pelo simples fato de que algumas afirmações 
só chegaram ao restante das pessoas por meio de suas pesquisas.Ao considerarmos a experiência de um autor estudado, acabamos por consi-
derar uma série de outras suposições que muitas vezes não são válidas. Por isso, apre-
senta-se como uma das melhores maneiras nos aproximarmos da realidade por meio 
de pesquisas científicas, o estabelecimento de um sólido trabalho em grupo, pois o 
conhecimento científico nada mais é do que um grande e contínuo trabalho coletivo, 
levando em consideração que são estudos divulgados por determinado estudioso e 
aperfeiçoado por outros. Pode-se aprender muito por meio de observações, troca de 
experiências entre pesquisadores ou não, leituras não acadêmicas, entre outras fon-
tes de conhecimento não formais. Mas o conhecimento científico produzido no meio 
acadêmico é o que passa por um rigor maior em termos de técnicas e métodos.
O método científico pode ser considerado como um telescópio: diferen-
tes lentes, aberturas e distâncias produzirão formas diversas de ver a 
natureza. O uso de apenas uma vista não oferecerá uma representação 
adequada do espaço total que desejamos compreender. Talvez diversas 
vistas parciais permitam elaborar um 'mapa' tosco da totalidade procu-
rada. Apesar de sua falta de precisão, o 'mapa' ajudará a compreender o 
território em estado (RICHARDSON, 2012, p. 19).
A reflexão anterior ressalta como a produção do conhecimento científico 
é indissociável do trabalho em equipe. Um só ser humano não é o suficiente para 
compreender sozinho toda a complexidade dos problemas sociais. As Ciências So-
ciais foram e sempre serão fruto de um constante trabalho coletivo, tendo em vista 
que um grupo concentra muito mais leituras, experiências de vida, perspectivas, 
sensibilidade e história do que indivíduos trabalhando separadamente.
O filme Capitão Fantástico (2016) apresenta a experiência de uma família que 
vive de forma alternativa os padrões sociais mais comuns. Em meio a uma floresta, um pai 
cria seus filhos ensinando, além do conteúdo de livros, vivências que não se aprendem 
dentro do muro de escolas ou no seio da família. A arte ressalta a importância de colocar 
em prática os conhecimentos e teorias adquiridas no decorrer da vida, porém, explicita a 
incompletude e a falta de sentido de uma existência alheia ao convívio social, uma vez que 
tudo o que aprendemos, produzimos e construímos foram fruto de gerações de trabalho 
humano coletivo. A obra pode ser acessada na plataforma do YouTube por meio do link: 
https://www.youtube.com/watch?v=ZdKtZXNJu9Q. 
DICAS
UNIDADE 1 | O CONHECIMENTO CIENTÍFICO 
20
Temos até aqui que a produção do conhecimento científico se apresenta 
como o possuidor de métodos mais complexos e eficientes de tabulação de dados 
de pesquisa, apesar de não ser a única forma de produzir conhecimento. Termina-
da uma breve explicação sobre os aspectos gerais da produção de conhecimento 
científico no campo das Ciências Sociais, apresentaremos a seguir os principais ele-
mentos de uma pesquisa científica em Ciência Política. 
TÓPICO 1 | PRODUZINDO CIÊNCIAS SOCIAIS
21
PRIMEIRAS PALAVRAS
Paulo Freire 
Gostaria de tecer uns poucos comentários nesta espécie de conversa direta 
com os seus prováveis leitores em torno de dois ou mais pontos de reflexão político-
-pedagógica a eles sempre presente. 
O primeiro a sublinhar é a posição em que me acho, criticamente em paz 
com minha opção política, em interação com minha prática pedagógica. Posição não 
dogmática, mas serena, firme, de quem se encontra em permanente estado de busca, 
aberto à mudança, na medida mesma em que, de há muito, deixou de estar demasia-
do certo de suas certezas. 
Quanto mais certo de que estou certo me sinto convencido, tanto mais corro o 
risco de dogmatizar minha postura, de congelar-me nela, de fechar-me sectariamente 
no ciclo de minha verdade. 
Isto não significa que o correto seja “perambular” irresponsavelmente, receo-
so de afirmar-me. Significa reconhecer o caráter histórico de minha certeza. A histori-
cidade do conhecimento, a sua natureza de processo em permanente devir. Significa 
reconhecer o conhecimento como uma produção social que resulta da ação e reflexão, 
da curiosidade em constante movimento de procura. Curiosidade que terminou por 
se inscrever historicamente na natureza humana e cujos objetos se dão na História 
como na prática histórica e se gestam e se aperfeiçoam os métodos de aproximação 
aos objetos de que resulta a maior ou menor exatidão dos achados. Métodos sem os 
quais a curiosidade, tornada epistemológica, não ganharia eficácia. Mas, ao lado das 
certezas históricas em torno das quais devo estar sempre aberto à espera da possibili-
dade de revê-las, eu tenho certezas ontológicas também. Certezas ontológicas, social 
e historicamente fundadas. Por isso é que a preocupação com a natureza humana 
se acha tão presente em minhas reflexões. Com a natureza humana constituindo-
-se na História mesma e não antes ou fora dela. É historicamente que o ser humano 
veio virando o que vem sendo: não apenas um ser finito, inconcluso, inserido num 
permanente movimento de busca, mas um ser consciente de sua finitude. Um ser 
que vocacionado para ser mais pode historicamente, porém, perder seu endereço e 
distorcendo sua vocação desumanizar-se. A desumanização, por isso mesmo, não 
é vocação, mas distorção da vocação para o ser mais. Por isso, digo num dos textos 
deste volume que toda prática pedagógica ou não que trabalhe contra este núcleo da 
natureza humana é imoral. 
Esta vocação para o ser mais que não se realiza na inexistência de ter, na 
indigência, demanda liberdade, possibilidade de decisão, de escolha, de autonomia. 
Para que os seres humanos se movam no tempo e no espaço no cumprimento de sua 
vocação, na realização de seu destino, obviamente não no sentido comum da palavra, 
LEITURA COMPLEMENTAR
UNIDADE 1 | O CONHECIMENTO CIENTÍFICO 
22
como algo a que se está fadado, como sina inexorável, é preciso que se envolvam 
permanentemente no domínio político, refazendo sempre as estruturas sociais, eco-
nômicas, em que se dão as relações de poder e se geram as ideologias. A vocação para 
o ser mais, enquanto expressão da natureza humana fazendo-se na História, precisa 
de condições concretas sem as quais a vocação se distorce. 
Sem a luta política, que é a luta pelo poder, essas condições necessárias não se 
criam. E sem as condições necessárias à liberdade, sem a qual o ser humano se imobili-
za, é privilégio da minoria dominante quando deve ser apanágio seu. Faz parte ainda e 
necessariamente da natureza humana que tenhamos nos tornado este corpo consciente 
que estamos sendo. Este corpo em cuja prática com outros corpos e contra outros cor-
pos, na experiência social, se tornou capaz de produzir socialmente a linguagem, de 
mudar a qualidade da curiosidade que tendo nascido com a vida se aprimora e se apro-
funda com a existência humana. Da curiosidade ingênua que caracterizava a leitura 
pouco rigorosa do mundo à curiosidade exigente, metodizada com rigor que procura 
achados com maior exatidão. O que significou mudar também a possibilidade de co-
nhecer, de ir mais além de um conhecimento opinativo pela capacidade de apreender 
com rigor crescente a razão de ser do objeto da curiosidade. 
Um dos riscos que necessariamente correríamos ao ultrapassar o nível mera-
mente opinativo de conhecer com a metodização rigorosa da curiosidade, era a ten-
tação de supervalorizar a ciência e menosprezar o senso comum. Era a tentação que 
se concretizou no cientificismo que ao absolutizar de tal maneira a força e o papel da 
ciência, terminou por quase magicizá-la. É urgente, por isso mesmo, desmitificar e des-
mistificar a ciência, quer dizer, pô-la no seu lugar devido, respeitá-la, portanto. 
O corpo consciente e curioso que estamos sendo capaz de compreender, de 
inteligir o mundo, de nele intervir técnica, ética, estética, científica e politicamente. 
Consciência e mundo não podem ser entendidos separadamente, dicotomiza-
damente, mas em suas relações contraditórias.Nem a consciência é a fazedora arbitrá-
ria do mundo, da objetividade, nem dele puro reflexo. 
A importância do papel interferente da subjetividade na História coloca de 
modo especial a importância do papel da educação. 
Se os seres humanos fossem puramente determinados e não seres “progra-
mados para aprender” não haveria por que, na prática educativa, apelarmos para a 
capacidade crítica do educando. Não havia por que falar em educação para a deci-
são, para a libertação. Mas, por outro lado, não havia também por que pensar nos 
educadores e nas educadoras como sujeitos. Não seriam sujeitos, nem educadores, 
nem educandos, como não posso considerar Jim e Andra, meu casal de cães pastores 
alemães, sujeitos da prática em que adestram seus filhotes, nem a seus filhotes objetos 
daquela prática. Lhes falta a decisão, a faculdade de, em face de modelos, romper 
com um, optar por outro. 
TÓPICO 1 | PRODUZINDO CIÊNCIAS SOCIAIS
23
A nossa experiência, que envolve condicionamentos, mas não determinismo, 
implica decisões, rupturas, opções, riscos. Vem se fazendo na afirmação, ora da au-
toridade do educador que, exacerbada, anula a liberdade do educando, caso em que 
este é quase objeto, ora na afirmação de ambos, respeitando-se em suas diferenças, 
caso em que são, um e outro, sujeitos e objetos do processo, ora pela anulação da au-
toridade, o que implica um clima de irresponsabilidade. 
No primeiro caso, temos o autoritarismo; no segundo, o ensaio democrático; 
no terceiro, o espontaneísmo licencioso. No fundo, conceitos – autoritarismo, ensaio 
democrático, espontaneísmo – que só fomos capazes de inventar porque, primeiro, 
somos seres programados, condicionados e não determinados; segundo, porque, an-
tes de inventá-los, experimentamos a prática abstratizada por eles. 
Enquanto condicionados nos veio sendo possível refletir criticamente sobre 
o próprio condicionamento e ir mais além dele, o que não seria possível no caso do 
determinismo. O ser determinado se acha fechado nos limites de sua determinação. 
A prática política que se funda na compreensão mecanicista da História, re-
dutora do futuro a algo inexorável, “castra” as mulheres e os homens na sua capaci-
dade de decidir, de optar, mas não tem força suficiente para mudar a natureza mes-
ma da História. Cedo ou tarde, por isso mesmo, prevalece a compreensão da História 
como possibilidade, em que não há lugar para as explicações mecanicistas dos fatos 
nem tampouco para projetos políticos de esquerda que não apostam na capacidade 
crítica das classes populares. 
Neste sentido, aliás, as lideranças progressistas que se deixam tentar pelas 
táticas emocionais e místicas por lhes parecerem mais adequadas às condições his-
tórico-sociais do contexto, terminam por reforçar o atraso ou a imersão em que se 
acham as classes populares devido aos níveis de exploração e submissão a que se 
acham tradicionalmente submetidas pela realidade favorável às classes dominantes. 
Obviamente que seu equívoco não está em respeitar seu estado de preponderante-
mente imersas na realidade, mas em não problematizá-las. 
E assim que se impõe o reexame do papel da educação que, não sendo faze-
dora de tudo é um fator fundamental na reinvenção do mundo. 
Na pós-modernidade progressista, enquanto clima histórico pleno de otimis-
mo crítico, não há espaço para otimismos ingênuos nem para pessimismos acabru-
nhadores. 
Como processo de conhecimento, formação política, manifestação ética, pro-
cura da boniteza, capacitação científica e técnica, a educação é prática indispensá-
vel aos seres humanos e deles específica na História como movimento, como luta. A 
História como possibilidade não prescinde da controvérsia, dos conflitos que, em si 
mesmos, já engendrariam a necessidade da educação. 
O que a pós-modernidade progressista nos coloca é a compreensão real-
mente dialética da confrontação e dos conflitos e não sua inteligência mecanicista. 
UNIDADE 1 | O CONHECIMENTO CIENTÍFICO 
24
Digo realmente dialética porque muitas vezes a prática assim chamada é, de fato, 
puramente mecânica, de uma dialética domesticada. Em lugar da decretação de uma 
nova História sem classes sociais, sem ideologia, sem luta, sem utopia, e sem sonho, 
o que a cotidianidade mundial nega contundentemente, o que temos a fazer é repor 
o ser humano que atua, que pensa, que fala, que sonha, que ama, que odeia, que cria 
e recria, que sabe e ignora, que se afirma e que se nega, que constrói e destrói, que é 
tanto o que herda quanto o que adquire, no centro de nossas preocupações. Restaurar 
assim a significação profunda da radicalidade. A radicalidade de meu ser, enquanto 
gente e enquanto mistério, não permite, porém, a inteligência de mim na estreiteza 
da singularidade de apenas um dos ângulos que só aparentemente me explica. Não 
é possível entender-me apenas como classe, ou como raça ou como sexo, mas, por 
outro lado, minha posição de classe, a cor de minha pele e o sexo com que cheguei ao 
mundo não podem ser esquecidos na análise do que faço, do que penso, do que digo. 
Como não pode ser esquecida a experiência social de que participo, minha formação, 
minhas crenças, minha cultura, minha opção política, minha esperança. 
Me darei por satisfeito se os textos que se seguem provocarem os leitores 
e leitoras no sentido de uma compreensão crítica da História e da educação. 
São Paulo, abril de 1993.
FONTE: FREIRE, Paulo. Política e Educação: ensaios. São Paulo: Cortez, 2001, 4 p.
25
Neste tópico, você aprendeu que:
• O conceito de ciência está relacionado ao conhecimento e ao saber.
• Outros tipos de saberes não metódicos também podem ser considerados válidos, 
porém, o conhecimento mais respeitado contemporaneamente é o conhecimento 
científico.
• O conhecimento científico é uma importante ferramenta utilizada a favor da modi-
ficação da realidade.
• É fundamental considerar o caráter interdisciplinar da ciência para se aproximar o 
máximo possível da realidade.
• São necessários cuidados ao conceber estudos científicos como verdadeiros dada a 
possibilidade de manipulação de informações a favor de interesses privados.
• As Ciências Sociais são um campo do saber relativamente novo e se subdivide em 
Sociologia, Antropologia e Ciência Política.
• Produzir Ciências Sociais demanda forte consideração da História, observação, 
sensibilidade social e sucessivas tentativas de se estabelecer uma pesquisa consis-
tente.
• As Ciências Sociais são um construto coletivo e metódico que colabora com o de-
senvolvimento da humanidade.
RESUMO DO TÓPICO 1
26
1 Desde os seus primórdios, o ser humano produz conhecimentos que são passa-
dos para as posteriores gerações e que garantiram a sobrevivência da espécie. O 
aperfeiçoamento da maneira com a qual aprendemos as coisas culminou com 
o que hoje chamamos de conhecimento científico. Considerando o que você 
aprendeu sobre o processo de produção de conhecimento que o ser humano 
desenvolveu com o passar dos anos, analise as sentenças a seguir, marcando V 
para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
a) ( ) Tudo o que o ser humano produz em termos de informação é considerado 
conhecimento científico.
b) ( ) A ciência produzida pela Academia é o modelo mais respeitado de produ-
ção de conhecimento na atualidade devido ao seu rigor metodológico.
c) ( ) Por meio da ciência, o ser humano tem a capacidade de mudar a realidade 
objetiva do mundo.
d) ( ) Apesar de rigorosamente estruturada, a pesquisa científica não sai do cam-
po da teoria, sendo pouco útil na resolução de problemas reais.
Agora, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) F-V-V-V.
b) ( ) F-V-V-F.
c) ( ) V-V-F-F.
d) ( ) F-V-F-V.
2 As Ciências Sociais constituem o grande campo que abarca a Sociologia, a An-
tropologia e a Ciência Política. Tais áreas se incumbem de estudar o ser humano 
e suas relações em suas mais diversas nuances. Sobre o objeto de estudo de cada 
uma das subáreas das Ciências Sociais, assinale a opção que apresenta a afirma-
tiva INCORRETA:

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