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UNIVERSIDADE PAULISTA
RANIERE MOURÃO DAVID
Estudo de Caso dos Aspectos Executivos e Segurança do Trabalho em Barragens de Rejeitos
PIM VI
CATALÃO - GO 
2023
UNIVERSIDADE PAULISTA
RANIEIRE MOURÃO DAVID 
Estudo de Caso dos Aspectos Executivos e Segurança do Trabalho em Barragens de Rejeitos
Projeto Integrado Multidisciplinar IV para a obtenção de título de Tecnólogo em Segurança no Trabalho, apresentado a Universidade Paulista – UNIP
 
 Orientador
Catalão – GO
2023
SUMÁRIO 
1 - INTRODUÇÃO…………………………………………….………………………4
2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA………………….………………………………5
2.1 - TIPOS DE MÉTODOS DE ALTEAMENTO DAS BARRAGENS DE REJEITOS……………………………………………………………..……………….6
2.1.1 - MÉTODO MONTANTE……………………………………………………….6
2.1.2 - MÉTODO JUSANTE….………………………………………………………7
2.1.3 - MÉTODO DE LINHA DE CENTRO…………………………………………8
2.2 - ASPECTOS EXECUTIVOS…………………………………………………….8
2.2.1 - NORMAS QUE REGULAMENTAM A CONSTRUÇÃO DAS BARRAGENS DE REJEITO…………………………………………………………9
2.3 - ACIDENTES EM BARRAGENS..……………………………………………11
2.3.1 - A BARRAGEM DE REJEITOS DE FUNDÃO - BRF (MARIANA - MG)....................................................................................................................11
2.3.2 - SISTEMA DE BARRAGEM I DO CÓRREGO DO FEIJÃO - BRUMADINHO - MG………………………………………………………………..13
3 - METODOLOGIA.…………………………………………………………………15
4 - RESULTADOS……………………………………………………………………16
4.1 - HISTÓRICO E ETAPAS CONSTRUTIVOS…………………………………16
4.2 - PROJETO DE ADEQUAÇÃO GEOMÉTRICA PARA LINHA DE CENTRO………………………………………………………………………………19
4.3 - PREMISSA DE ESPECIFICIDADES DO PROJETO………………………20
CONCLUSÃO...………………………………………………………………………26
REFERÊNCIAS………………………………………………………………………27
 
Resumo
As barragens de rejeitos configuram numa espécie de reservatório nas quais são armazenados os resíduos sólidos, bem como a água originária dos diversos processos de mineração. Uma das suas características é a sua grande dimensão e na forma em que são construídas no intuito de minimizar os impactos ambientais no processo, além de oferecer segurança tanto para a mineradora, quanto às comunidades que vivem ao redor. Com relação a disposição dos rejeitos, tem-se três métodos de alteamento, jusante, montante e linha de centro. Dessa forma, o objetivo nesta pesquisa configura-se no desenvolvimento de uma análise técnica a respeito dos métodos de alteamento existentes, jusante, montante e linha de centro, especificamente da Barragem BR, localizada no complexo de mineração no município de Catalão - GO que atualmente encontra-se no processo de mudança de montante para linha de centro tendo em vista em atender as exigências da Lei 14.066/20. Serão levados em conta para esta análise, dados técnicos oferecidos pela mineradora, além de estabelecer de forma comparativa os acidentes que ocorreram em Mariana e Brumadinho em Minas Gerais. Aspectos teóricos como por exemplo conceitos sobre barragens de rejeito, tipos de alteamento e a legislação são abordados Como metodologia para a elaboração nesta pesquisa estudos bibliográficos a respeito da temática barragens de rejeito, além disso foi feito um estudo de caso numa mineradora abordando aspectos qualitativos com relação a segurança ocasionado pela mudança para o alteamento linha de centro. No que se refere a conclusão os resultados foram alcançados pois melhorou-se a segurança da barragem e outras etapas serão realizadas pela própria mineradora. 
Palavra-Chave: barragem de rejeito; linha de centro; segurança; legislação.
Abstract
The tailings dams are a kind of reservoir in which solid waste is stored, as well as the water originating from the various mining processes. One of its characteristics is its large size and the way in which they are built in order to minimize the environmental impacts in the process, in addition to offering security for both the mining company and the communities that live around it. Regarding the disposal of the tailings, there are three methods of raising, downstream, upstream and center line. Thus, the objective of this article is to develop a technical analysis regarding the existing raising methods, downstream, upstream and center line, specifically of the Tailings BR Dam, located in the mining complex in the municipality of Catalão - GO that currently is in the process of moving from an upside to a center line in order to meet the requirements of Law 14,066 / 20. Technical data offered by the mining company will be taken into account for this analysis, in addition to establishing comparatively the accidents that occurred in Mariana and Brumadinho in Minas Gerais. Theoretical aspects such as concepts about tailings dams, types of elevation and the legislation are approached As a methodology for the elaboration of this article, bibliographical studies about the tailings dams theme, in addition, a case study was made in a mining company addressing qualitative aspects with relation to security caused by the change to the centerline elevation. Regarding the conclusion, the results were achieved because the dam's safety was improved and other steps will be carried out by the mining company itself.
Keywords: taillings dam; center line, security; legislation
1. INTRODUÇÃO
As barragens são estruturas geralmente de grande porte, que podem ter distintos usos e finalidades, conforme sua localização, o que reflete diretamente na necessidade da região de sua implantação. Ao se tratar de barragens, é imprescindível que sejam garantidas condições minuciosas de segurança, pois o rompimento de tais estruturas pode gerar consideráveis prejuízos, direta ou indiretamente.
Reiterando as informações acima mencionadas as barragens de rejeito a começar pelo seu conceito são estruturas devidamente construídas com o objetivo o armazenamento de materiais originários do processo de beneficiamento dos minérios e da lavra chamados de rejeito. Por causa da sua grande diversidade, existem uma infinidade de características, sejam geológicas ou geocêntricas. (SOARES, 2010). 
Complementando a respeito do que vem a ser barragens de rejeito, tem-se características físicas ou químicas dos materiais, na mistura da água com os sólidos ou até mesmo na concentração da polpa apresentando-se assim como comportamento reológico. Dentre os rejeitos que se encontram nas barragens são constituídos de material plástico (argila) e não plásticos (areia) e ambos possuem granulometrias distintas (ESPÓSITO, 2000)
Mediante ao exposto, além de tomar conhecimento a respeito do que seja de fato uma barragem de rejeito. Desse modo é necessário entender a sua funcionalidade, que o próprio nome diz, armazenamento de materiais não aproveitados que são gerados pelo processamento dos mesmos. 
Diante disso existe um fator de bastante relevância que as especificidades dessas barragens, ou seja, os seus três métodos de alteamento, que são método de montante, a segunda jusante e linha de centro. O que irá diferir de cada um dos métodos são as formas de disposição de cada uma que serão apresentadas logo a diante nesta pesquisa. 
Para contemplar a temática proposta para a redação desta pesquisa, tem-se como autoridade no Soares (2010) num capítulo denominado de “Barragens de Rejeito”, este faz parte de um documento elaborado pelo CETEM (Centro de Tecnologia Mineral), neste é realizado um detalhamento sobre o rejeito até chegar a sua destinação final. 
Ainda tratando sobre as barragens de rejeito há uma abordagem realizada pelos autores Thomé & Lago (2017) que refere em fazer uma análise de caráter transdisciplinar, a partir de uma investigação pelo viés jurídico verificando as possibilidades técnicas que possam ser viáveis para a adoção paulatinamente de mecanismos, bem como de tecnologias devendo na substituição das barragens convencionais de rejeito em formas mais alternativas de alteamento dos resíduos da mineração, além da redução da quantidade gerada. 
Outros pontos de vistas serão abordados aqui, a exemplode D’Agostinho (2008) como a avaliação e comparação de rejeitos de mineração em diversas mineradoras principalmente os envolvidos nos alteamentos de barragens de contenção, ainda é preciso considerar que o comportamento do lançamento hidráulico e, por fim a formação da praia de sedimentação. 
Portanto, com base no que foi exposto, nesta pesquisa será elaborada uma análise técnica sobre a construção de barragens de rejeito, tendo em vista seus aspectos técnicos. Para isto, será feito um comparativo nos métodos de alteamento já existentes (montante, jusante e linha de centro). Sendo assim será feito um acompanhamento a partir de estudos de caso referentes as barragens de Mariana e Brumadinho, localizadas no estado de Minas Gerais, em detrimento dos acidentes ocorridos nas mesmas. Dessa forma, será discorrido as mudanças que as mineradoras deverão realizar observando seus próprios métodos de alteamento e efetivando uma troca para o método de linha de centro, que conforme a legislação vigente é a mais adequada para o armazenamento dos rejeitos.
Mediante ao exposto serão levados em conta para a redação nesta pesquisa as modificações dos métodos de alteamento de montante e jusante para a linha de centro conforme a nova Lei 14.066/20, a partir desta legislação as mineradoras precisarão realizar também uma série de outras alterações visando a segurança total das barragens. Além, disso, o presente trabalho trará um acompanhamento real de uma barragem na cidade de Catalão-GO, configurando num estudo de caso, um estudo de caso é evidenciado na situação real. Dessa forma a barragem a ser vistoria compreende a um tamanho de 1000 hectare que será construída próximo de um dos complexos mineradores que existem no município de Catalão – GO. 
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Na mineração existe um crescimento da geração de rejeitos, que de um forma tem aumentado significativamente das estruturas que são armazenadas, que são as barragens de rejeito, com isso passaram ser consideradas uma das mais importantes obras que uma mineradora pode realizar. Ao mesmo tempo, observa-se que com as dimensões das barragens, elas estão sujeitas a acidentes conforme noticiadas pela imprensa. Desse modo, este fato passou a ser uma preocupação da comunidade técnico-científica, incluindo também autoridades governamentais e órgão ligados a segurança. 
Por outro lado, tendo em vista a facilidade na operação sendo realizada de forma segura no meio ambiente é preciso sempre que haja uma associar a viabilidade econômica, constituindo assim requisitos basilares para uma sistema de disposição de rejeitos. A palavra de ordem para que as barragens de rejeitos sejam efetivamente seguras é o controle dos rejeitos, observando os seus custos de produção e seus benefícios a curto prazo para as mineradoras. 
As tecnologias empregadas para os projetos de construção das barragens não conseguem acompanhar a evolução dos projetos de barragens convencionais, desse modo, acaba gerando consequências que são negligenciadas ao longo do processo (SOARES, 2010)
Complementando a discussão anterior verifica-se que a maneira tradicional de armazenamento de rejeitos na mineração é dispor dos mesmos em lagos de decantação, que são denominados também de aterros hidráulicos, que conforme a sua dinâmica são represados por meio de barragens. Diante disso, um dos questionamentos que são levantados no projeto estrutural de construção é a sua dimensão, que mediante a demanda das mineradoras acabaram sendo cada vez mais ampliadas, devido a alta na geração dos resíduos. (SOARES, 2010)
Concomitantemente, veio a necessidade de promover melhorias nos processos e principalmente nas técnicas de construção, observando sempre o seu método de alteamento, além disso, atender às legislações ambientais, tendo em vista o seu impacto , bem como aproveitar, por exemplo de minérios de baixo teor, que neste caso, acaba aumentando consideravelmente a quantidade de rejeitos que são processados em detrimento à massa de alimentação originário da usina. (SOARES, 2010)
Ainda segundo Soares (2010) 
Tais estruturas devem atender às exigências de proteção ambiental e de segurança, além de inserir-se como parte integrante do processo produtivo, atendendo, por exemplo, as necessidades de recuperação e introdução da água no circuito da mina e da usina de concentração. Deve-se também ter como horizonte a possibilidade de, no futuro, reaproveitar este rejeito como um bem mineral, pois o avanço tecnológico e a escassez de bens minerais poderão viabilizar este empreendimento (SOARES, 2010, p. 831)
2.1. TIPOS DE MÉTODOS DE ALTEAMENTO DAS BARRAGENS DE REJEITO 
Segundo Araújo (2006) existem três tipos específicos de métodos de alteamentos em barragens, o montante, o jusante e o de linha de centro conforme observa-se na Figura 1. 
Figura 1: Métodos de alteamento 
Espósito (2000)
2.1.1 – Método montante
Considerado um dos métodos de alteamento mais antigo, pelo simples motivo: apresentar no seu processo de construção, mais economia para as mineradoras. Nela consiste algumas etapas de execução que devem ser seguidas como, primeiramente o dique de partida, sendo constituído de um material mais argiloso, ou seja, o enrocamento compactado. Em seguida é realizado o lançamento do rejeito por meio de canhões direcionados ao montante que está localizado na linha de simetria do próprio dique, desse modo terá como característica uma praia de deposição, que posteriormente será a fundação da barragem ou por alguma necessidade será uma fonte de fornecimento de material para construção dos próximos alteamentos. (ARAUJO, 2006).
2.1.2 – Método jusante
O segundo método de alteamento apresentado é o jusante. Nele observa-se que, como visto no anterior a construção de um dique feito de enrocamento compactado ou mesmo de solo, sendo assim um procedimento normal para este tipo de barragem e esse processo difere do montante é primeiro no controle de lançamento, bem como seu processo de compactação conforme técnicas padrões, como por exemplo, na sua construção não é feita sobre o rejeito anteriormente depositado, é feito uma nova do lado. Um outro detalhe importante é com relação a instalação de um sistema de drenagem no seu interior que podem prolongar o seu alteamento, este sistema permite o aumento da estabilidade no controle da linha de saturação localizada na estrutura da barragem. A mesma barragem tem como norma apresentar uma resistência exigida para possíveis forças sísmicas. (KLOHN, 1981)
 
2.1.3 – Método de linha de centro
E por último tem-se o método de linha centro, possui um comportamento geotécnico semelhante ao método jusante, ou seja, é uma variação da mesma, porém oferece mais segurança. O que difere de ambos é que a linha centro, é alteada de forma que a crista está posicionada na forma vertical em que relação aos alteamentos que, por sua vez, coincide com o dique de partida. No referido método, permite-se que sejam utilizadas zonas de drenagem no interior da barragem para todos os processos do alteamento, por isso, é possível a existência de controle de linha de saturação promovendo uma dissipação de poropressões. É considerado um método mais eficaz principalmente no que se refere as áreas de grandes recorrências sísmicas. (ASSIS; ESPÓSITO, 1995)
	
	Método de Montante
	Método de Jusante
	Método de Linha de Centro
	
 Vantagens 
	Menor custo e maior velocidade de alteamento.
	Maior segurança. Compactação de todo o corpo de barragem.
	Variação de volume de underflow em relação ao método à Jusante.
	
Desvantagens 
	Maior probabilidade de instabilidade em virtude da existência de finos não adensados próximo ao corpo da barragem. Baixa capacidade do material. Possibilidade de liquefação. 
	Necessidades de grandes quantidades de underflow (problemas nas primeiras etapas). Deslocamento do talude de Jusante (proteção superficial só no final da construção)
	Pode ser necessário estender os trabalhos de compactação a montante do eixo da barragem.
Quadro 1 – Vantagens e desvantagens nos métodos construtivos de barragensde contenção de rejeitos.
Soares (2010) – Adaptado – Diego 
2.2. ASPECTOS EXECUTIVOS
2.2.1. Normas que regulamentam a construção das barragens de rejeito 
A segurança é um item fundamental para qualquer atividade que se realize, mas para isso é preciso recorrer a um arcabouço de normas que a regem para a construção de barragens de rejeito incluindo a recente modificação proposta e imposta para as mineradoras, visto aos cenários de acidentes nesta última década. 
Dentro desta perspectiva observa-se que a sua legislação atravessou em um curto prazo por modificações conforme nota-se abaixo em sua cronologia
a) 2003: Projeto de Lei 1.181/2003;
b) 2003: criado Grupo de Trabalho no âmbito da Câmara Técnica de Análise de Projetos (CTAP) do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (GT SB CTAP/CNRH) para discutir o tema; 
c) 2004: ao final dos trabalhos, o Grupo de Trabalho encaminhou minuta de substitutivo, que foi discutida e aprovada pela Câmara Técnica de Assuntos Legais e Institucionais (CTIL) e, posteriormente, pelo plenário do CNRH, dando origem ao Projeto de Lei PLC-168/2009;
d) 2010: publicada a Lei nº 12.334/2010, que estabeleceu a Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB), servindo como um marco importante na gestão da segurança de barragens no país.
 e) 2020: publicada a Lei nº LEI Nº 14.066, de 30 de setembro de 2020, que altera Lei nº 12.334, de 20 de setembro de 2010, que estabelece a Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB), a Lei nº 7.797, de 10 de julho de 1989, que cria o Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA), a Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, e o Decreto-Lei nº 227, de 28 de fevereiro de 1967 (Código de Mineração).
 Conforme visto, as leis que se referem as construções de barragens evoluíram as custas de muitos prejuízos de danos causados a própria mineradora quanto para terceiros como os moradores que localizam nas proximidades da barragem e para o meio ambiente. Por isso, a Lei Nº 14.066 institui com mais rigor alguns pontos críticos que existiam. O primeiro deles, que consta no inciso I é quanto a classificação de risco das barragens é estabelecer o Dano Potencial Associado, que deve estar devidamente embasado dentro do Plano de Segurança de Barragens e, a partir deste, será permitido então a determinação ou não do já existente PAE (Plano de Ação e Emergência).
 Outro aspecto é com relação ao próprio método de construção e também a idade do empreendimento, para determinar também o nível de risco e apresentar técnicas que garantirão a vida útil da barragem incluindo a sua conservação. 
Um outro ponto importante que foi acrescido na lei foi os métodos que contemplem avaliar os riscos e definir mesmo que hipoteticamente falando cenários de acidentes e desastre, mapas de inundações levando em conta o pior quadro possível e acima de tudo um estudo rigoroso, minucioso e plenamente obrigatório com relação aos dados técnicos das instalações, equipamentos de monitoramento e estruturas da barragem.
É de ciência de todos aos órgãos ligados a mineração que o PAE é um documento obrigatório para aquelas barragens que estão inseridas dentro do DPA atendendo ao critério de “existência de população a jusante” e “impacto ambiental” ambos se chegasse a 10 pontos era preciso tomar medidas de emergências. Com a nova lei o DPA é obrigatório para toda e qualquer tipo de barragem com nível alto e médio e principalmente as de alto risco. “a todas as barragens de rejeito de mineração, independentemente da classificação quanto ao risco ou dano potencial associado” (parágrafo único, artigo 11). 
Outras exigências que o Plano de Ação e Emergência atribuiu responsabilidades ao empreendedor 
(i) realizar  programas de treinamento e divulgação para os envolvidos e para as comunidades potencialmente afetadas, com a realização de exercícios simulados periódicos;
(ii) determinar atribuições e responsabilidades dos envolvidos e fluxograma de acionamento;
(iii) definir  medidas específicas, em articulação com o poder público, para resgatar atingidos, pessoas e animais, para mitigar impactos ambientais, para assegurar o abastecimento de água potável e para resgatar e salvaguardar o patrimônio cultural; 
(iv) delimitação da Zona de Autossalvamento (ZAS) e da Zona de Segurança Secundária (ZSS), a partir do mapa de inundação referido no inciso XI, do caput do art. 8º desta Lei;
(v) levantamento cadastral e mapeamento atualizado da população existente na ZAS, incluindo a identificação de vulnerabilidades sociais;
(vi) previsão de instalação de sistema sonoro ou de outra solução tecnológica de maior eficácia em situação de alerta ou emergência, com alcance definido pelo órgão fiscalizador; 
(vii)  planejamento de rotas de fuga e pontos de encontro, com a respectiva sinalização, entre outros.
	Com a mudança na referida lei passou a ser incluída a Política Nacional de Segurança de Barragens algumas diretrizes com relação as infrações e sanções que passa a responsabilizar mesmo que de maneira administrativa o empreendedor que não cumprir as exigências estabelecidas, levando até a demolição, embargos e apreensão do minério além de equipamentos e bens e multas que variam de R$ 2.000,00 (dois mil reais) a R$ 1.000.000.000,00 (um bilhão de reais), dependendo da gravidade da infração.
Além da exigência da alteração de todos alteamentos para linha de centro, uma outra definição importante estabelecida na lei são as garantias financeiras caso haja um impacto para a vida humana, por isso o órgão que irá fiscalizar deverá levar em consideração 
(i) barragens de rejeito de mineração ou resíduos industriais ou nucleares classificadas como médio e alto risco ou com médio e alto DPA
(ii) barragens de acumulação de água para fins de aproveitamento hidrelétrico classificadas como de alto risco, a apresentação de caução, seguro, fiança ou outra garantia real ou financeira que possa cobrir a necessidade de eventual reparação de danos à vida humana, ao meio ambiente e ao patrimônio público.
 
2.3 ACIDENTES EM BARRAGENS
A mineração no Brasil ao longo de sua história atravessou por grandes desafios que a fizeram aumentar a captação e manipulação dos mais diversos minérios. Porém nem tudo são absolutamente sucessos devido a um fator importante, a segurança, especificamente quanto ao rompimento de barragens. Os acidentes que ocorreram, com destaque as mineradoras localizadas em Minas Gerais, conforme uma cronologia recente (ver Figura ) foram suficientes para ocasionar muitos estragos patrimoniais e perdas humanas mediante os casos de Mariana e Brumadinho que serão apresentados a seguir. 
Figura 2: Alguns exemplos de recentes acidentes em barragens de contenção de
rejeitos e de resíduos industriais em Minas Gerais
Duarte (2008)
2.3.1 A Barragem de Rejeitos de Fundão – BRF (Mariana-MG)
Um dos episódios trágicos e mais conhecidos da história da mineração e amplamente divulgado pelos veículos de imprensa, o referido acidente reacendeu a necessidade de se reforçar o monitoramento e priorizar a segurança não só dos seus colaboradores, mas sim da comunidade em si. Antes de adentrar ao acidente em é preciso resgatar a sua construção. 
A Samarco Mineração S.A, situada no município de Mariana, MG é abrangida por um complexo sistema de barragens de rejeito formada pela Pilha de Rejeitos da Cava do Germano, Barragem de Rejeitos do Germano e a Barragem de Rejeitos do Fundão (BRF), considerada de Categoria II, de acordo com as normas de meio ambiente por oferecer um alto risco, tendo em vista a sua altura do maciço, por possuir também uma ocupação humana em torno das mesmas, possuindo também um grande reservatório caracteristicamente jusante. (FARIA; BOTELHO, 2018) 
Segundo Faria e Botelho (2008) a BRF, começou suas operações no final de 2008, anteriormente já sofria um processo de alteamento seguindo o método montante. Conforme o seu projeto original tinha num total de dois diques, sendo o primeiro destinado ao armazenamento dos resíduos arenosos e o segundoos resíduos de lama, ou seja, os mais finos. Com relação ao material que era depositado tinha como percentual de resíduos em 70% arenoso e 30% de lama e finos, conforme consta num relatório redigido pelos Auditores-Fiscais do Trabalho da Superintendência Regional do Trabalho em Minas Gerais, intitulado de “Relatório de Análise de Acidente – Rompimento da Barragem de Rejeitos Fundão, em Mariana – MG”. 
O complexo de barragens, quatro anos depois já tinha um acumulado de 5 milhões de metros cúbicos de rejeitos e em 2014 ultrapassava os 41 milhões ocupando uma área de 1 milhão de metros quadrados. No ano seguinte já constava com 51 milhões. Conforme o projeto tinha-se para 2019 aproximadamente 92 milhões de metros cúbicos, tendo como altura de 130 metros (FARIA; BOTELHO, 2018) 
Ainda para Faria e Botelho (2008) durante o período de foram montados comitês de investigação para analisar as causas do rompimento e segundo um dos seus auditores “investigações de engenharia revelaram mais tarde falhas de construção graves no dreno de fundo (da barragem) e em seus filtros, incluindo um trecho da saída do dreno que nunca tinha sido concluído. Isso permitiu que a pressão de água dentro dele aumentasse até causar erosão e deslizamento do talude; com isso o elemento mais importante do conceito do projeto original tornou-se inoperante”. (FARIA; BOTELHO, 2018) 
Dentro desta perspectiva, Faria e Botelho (2018) dois fatores chamam a atenção em detrimento de um histórico de operação, sendo o primeiro deles foi a construção sem nenhum respaldo técnico de um desvio do eixo em 2012. O segundo, no ano de 2014, o complexo já apresentavam trincas de grandes proporções (200 metros de comprimento e 7 cm de largura) no local do desvio do eixo construído dois anos atrás, especificamente na ombreira esquerda 
No processo de contratação da empresa, uma das exigências foi a redução dos parâmetros de com relação a resistência dos rejeitos arenosos, especificamente o ângulo de atrito destinados a construção da barragem. Entretanto, ao invés de rever as mudanças de parâmetro optou-se manter os parâmetros de resistência mesmo mediante a instabilidade que já era apresentada no maciço. O quesito de segurança incluindo a já citada instabilidade é um item que consta na Norma Brasileira da Associação Brasileira de Normas Técnicas 13.028/2006 é que a estabilidade é de 1,5. (FARIA; BOTELHO, 2018) 
Faria e Botelho (2018), observa que existe uma outra recomendação fundamental é deveria ser de caráter de urgência o preenchimento no local do desvio por isso, de acordo com o documento dos auditores, desta forma, consta que “todos os esforços fossem envidados para completar esse trabalho em regime prioritário”, ou melhor dizendo a tinha-se traçada a necessidade do referido preenchimento. (FARIA; BOTELHO, 2018) 
Porém no ano de 2015 constava que no mesmo ano era para ser preenchido no recuo do eixo e sua demora e infelizmente no dia 5 de novembro as 15h45min, liberando cerca de 34 milhões de metros cúbicos de detritos (correspondente a aproximadamente 68 milhões de toneladas, formando uma onda de 10 metros de altura chegando até a bacia do Rio Doce. 
	A destruição no quesito humano causou a morte de treze trabalhadores, cinco moradores (três adultos e duas crianças) e o desaparecimento de outro trabalhador. Já com relação ao patrimônio destruiu-se por completo o subdistrito de Bento Rodrigues e atingiu fortemente o subdistrito de Paracatu de Baixo.
 Na ocasião a Samarco S.A constava cerca de seiscentos colaboradores que estavam no local de trabalho. A proporção da destruição afetou diretamente os estados de Minas Gerais e também o Espírito Santo, fechando cerca de dez mil postos de trabalhos que acabaram sendo fechados, incluindo de agricultores e pescadores que com a destruição e principalmente com a poluição por metais pesados. Um outro detalhe relatado pelos investigadores a crista a barragem encontrava-se 898 metros e 900 metros, ou seja, altura entre 106 metros e 108 metros a partir de sua base, que ficava na elevação 792 metros.(FARIA; BOTELHO, 2018) 
2.3.2 Sistema da Barragem I do Córrego do Feijão – Brumadinho - MG
O referido sistema Córrego do Feijão pertence ao Complexo Minerador de Paraopebas, desde 1976 e tem como constituição as barragens I e VI denominada de Mina do Feijão, com o objetivo de conter os rejeitos que tem como características finos oriundos do beneficiamento. A sua localização é em Brumadinho – MG, abrangendo o Alto do Curso da Bacia do rio Paraopebas, nas cabeceiras do ribeirão Ferro-Carvão. (LAURINDO; PRETO;JUNIOR, 2020)
No início do seu processo de construção a mineradora teve um entrave por causa do tipo de solo que tem aspecto rochoso e com boa capacidade de suporte e permeabilidade baixa. Especificamente os aterros de numeração 4 e 9 teve como alteamento o método montante, ou seja, o método mais antigo conforme visto nesta pesquisa. 
Com relação ao seu monitoramento era feito por meio de leituras periódicas lançadas em gráficos e tabela para comparação de piezômetros sandpipe ou Casagrande, que correspondem a indicadores para análise de nível d’agua, medidores de vazão, percolação e inclinômetros. Os dados eram para avaliar o nível de segurança voltados para a alerta emergência e atenção. (LAURINDO; PRETO; JUNIOR, 2020)
Segundo Laurindo, Preto e Júnior (2020) entende que seja qual for a barragem tem como princípio a criação de um reservatório, desta maneira compreende-se a importância de construir uma represa, para tanto aspectos como climáticos, topográficos, biológicos, geológicos e socioeconômicos. Partindo para o viés técnico, os seus construtores deve levar em consideração a segurança e os futuros aparecimentos de erosão, trincas, assoreamento e acima de tudo a perda gradual da resistência. (LAURINDO; PRETO; JUNIOR, 2020)
 Do ponto de vista ecológico, toda e qualquer construção de uma barragem interfere no equilíbrio natural da região, principalmente dos de grande proporção, levando a alterar o clima acabando por causar maiores taxas de evaporação e vapo-transpiração aumentando a umidade do ar e, com isso os biomas presentes.
Conforme os pesquisadores, o sistema de barragens encontrava-se inativa desde 2015, e tinha como armazenamento de 12 milhões de metros cúbicos de lama de rejeitos da mineração de ferro. O seu rompimento aconteceu no dia 25 de janeiro de 2019 e espalhou rejeitos chegando ao rio Paraopeba. De acordo com as informações e analises do Serviço Geológico do Brasil o CPRM, notou-se que a velocidade de escoamento originário do rompimento chegou a 1 km/h e abrangeu uma distancia de até 96 km, no município de São José da Varginha no dia 29 de janeiro. (LAURINDO; PRETO; JUNIOR, 2020)
Um fato que prejudicou o rio Paroapeba foram as chuvas e acabou levando os rejeitos até o seu leito, com isso serviços como a captação de água para o abastecimento ficou seriamente comprometido, por exemplo nos municípios como a capital Belo Horizonte e Pará de Minas, além disso, agricultura foi afetada principalmente nas irrigações das plantações. (LAURINDO; PRETO; JUNIOR, 2020)
Ainda Laurindo, Preto e Júnior (2020), na época o acidente causou cerca de 300 vítimas humanas e 11 desaparecidos. Entre outros problemas, 16 municípios forma diretamente prejudicados, houve muitas contaminações nas águas ao longo dos 250 quilômetros, oriundos de elementos químicos e metais pesados presentes nos rejeitos. 
Entre os 12 milhões de metros cúbicos de lama, elevou ainda mais o transporte de sedimentos, levando a um processo de assoreamento do leito, além de comprometer o funcionamento de barragens de hidrelétricas tanto do próprio Paraopeba, quanto do São Francisco, além da contaminação dos mananciais subsuperficiais. Outro fator como a flora e fauna também foram atingidos, pois 51% da área e interferindo nos ecossistemas naturais ricos em biodiversidade, dos quais mais de 65% (98,18 ha) eram matas em estágio ecológico avançado. 
3. METODOLOGIA 
A elaboração desta pesquisa perpassou etapas fundamentais, nas quaissão apresentadas de maneira sequencial. Primeiramente determinou-se na escolha do tema, que a partir das leituras de reportagens e artigos sobre os acidentes de barragens que ocorreram em Mariana e Brumadinho e Mariana, dos riscos que ambas ofereciam e a dimensão que tomou esse assunto na mídia vimos na preocupação com relação ao estado das barragens no município de Catalão – GO. 
Em seguida ao verticalizar a temática proposta, recorremos a internet, principalmente em bases de dados acadêmicos pesquisas relacionadas a construção de barragens de rejeito, seus conceitos e os tipos de alteamentos além de buscar informações mais técnicas sobre os acidentes com barragens. Um outro aspecto importante que se foi percebido foi quanto a legislação criada para assegurar as atividades mineradoras no Brasil até chegar a sua última atualização ocorrida este ano trazendo mudanças especialmente no aumento do rigor ao elaborar e executar um Plano de Ação e Emergência o Dano Potencial Associado e as responsabilidades ao empreendedor caso algum acidente ocorresse. 
De posse das informações que se considerou mais pertinentes ao trabalho foram feitos fichamentos para sinalizar o que deveria compor o texto nesta pesquisa. Neste caso foram redigidas essas informações estabelecendo um diálogo com os autores teóricos e autoridades de texto.
Com relação ao acompanhamento in loco não foram permitidos acessos e uma das justificativas é a pandemia, pois nenhuma pessoa de fora da empresa não pode adentra-la, porém ao tomar conhecimento sobre esta pesquisa, um engenheiro supervisor se prontificou em fornecer os dados necessários para a elaboração nesta pesquisa, visto que, o trabalho que a mineradora tem para concretizar todas as mudanças que a lei exige levará um tempo considerável. 
O material fornecido pelo engenheiro constou essencialmente de fotografias que foram geradas pelo software Rocscience, que fornecem dados em 2D e 3D, verificando estabilidades de inclinações dos taludes e rochas a serem analisadas, projetos de escavações subterrâneas ou mesmo nas superfícies as tensões, pressões das águas e além disso diversas ferramentas geotécnicas de análises mais profundas e detalhadas. 
Valendo-se dos dados gerados pelo software e acesso ao projeto técnico fornecidos pelo engenheiro pode-se apresentar, direcionar e esclarecer a respeito da mudança do alteamento linha de centro, com devidamente comprovado pelas imagens que constam a seguir. 
 
4. RESULTADOS
Conforme a Resolução nº 04/2019 da ANM (Agência Nacional de Mineração) que proíbe a manutenção e o alteamento de barragens construídas pelo método de montante, foi desenvolvido o presente projeto de adequação geométrica para linha de centro da Barragem de Rejeitos em Goiás. A referida barragem, denominada para nesta pesquisa de Barragem BR encontra-se localizada no Complexo de Mineração de Catalão/GO. A Figura 3 apresenta a vista aérea de Barragem BR. 
Figura 3 - Vista Geral Aérea da Barragem BR de Catalão – GO (Google Earth – novembro de 2020).
4.1 HISTÓRICO E ETAPAS CONSTRUTIVAS
A Barragem BR foi construída com a finalidade de contenção de rejeitos e lamas produzidos pelo processo de beneficiamento do minério fosfático e, também, pelo armazenamento de água para a reutilização no sistema industrial. Para ilustrar o sequenciamento construtivo da barragem BR, do seu dique de partida até o projeto de adequação geométrica, foi utilizada a seção típica G-G, locada em planta na Figura 4 a seguir.
Figura 4 – Locação em planta da seção G-G
A Barragem BR teve seu projeto inicial elaborado pela empresa Paulo Abib Engenharia S.A. em 1980, destinada à contenção de rejeitos de flotação. A construção inicial da barragem se deu com a construção do aterro primitivo com solo argiloso e crista na cota 743,00 m, correspondendo ao volume necessário para conter o rejeito gerado por 02 (dois) anos de operação. A Figura 5 a seguir demonstra a seção G-G quando a barragem se encontrava na El. 743,00 m.
Figura 5 – Dique de partida com a crista na El. 743,00 m
O referido projeto de engenharia desenvolvido pela empresa supracitada indicava numa das suas ações a construção da 1ª etapa de alteamento da Barragem BR, mediante a elevação do aterro primitivo até a cota 763,00 m, pelo método de linha de centro, utilizando o próprio material de rejeito gerado no processo como matéria-prima para a sua construção.
Desta maneira, as atividades construtivas foram iniciadas no ano de 1984, tendo sido divididas em quatro (04) fases distintas cada uma com 5,00 m de altura, todas elas sob a responsabilidade da mineradora, em conformidade com as indicações do projeto executivo desenvolvido anteriormente, a época do aterro primitivo.
	Conforme se vê na Figura 6 apresenta a seção G-G com a crista da barragem na elevação 763,00 m e as 04 etapas de alteamento por linha de centro executadas com base no projeto da empresa.
Figura 6 - Barragem BR com a crista na El. 763,00 m
Já a 2ª etapa da barragem, resultou na elevação do aterro em mais 10,00 m de altura, correspondendo o alteamento da crista da cota 763,00 m para a cota 773,00 m, através de um projeto concebido pela empresa Geoconsultoria S/C Ltda, no ano de 1998. 
	Com relação ao alteamento, o mesmo foi executado em duas fases, correspondendo a primeira fase a elevação do aterro para a cota 768,00 m e a segunda para a cota 773,00 m, ambas pelo método de montante, utilizando como material de construção os rejeitos ciclonados (underflow) na formação do talude de jusante com inclinação de 1V:3,05H, concomitante a formação da praia de montante através da aplicação dos rejeitos finos (overflow) e também de rejeitos totais por meio de espigotagem.
	Na Figura 7, é possível observar a seção G-G com a crista da barragem na elevação 773,00 m, correspondendo a 2 etapas de alteamento por montante executadas com base no projeto da empresa Geoconsultoria. Nesta etapa o eixo da barragem foi deslocado 41 metros para montante.
Figura 7 – Barragem BR com a crista na El. 773,00 m
A 3ª etapa de alteamento da Barragem BR correspondeu a elevação da crista do aterro mais 5,0 m de altura, pelo método de montante, assim utilizando como material de construção novamente rejeitos ciclonados para formação do maciço compactado sobre a crista e a praia de montante, elevando novamente da cota 773,00 m para a cota 778,00 m, correspondendo esta, a situação atual do aterro. A Figura 8 a seguir ilustra a seção G-G ao final desta etapa de alteamento. Nesta, observa que o eixo da barragem foi deslocado mais 32 metros para montante.
Figura 8 – Situação atual da barragem, alteamento por montante da El. 778,00 m
4.2 - PROJETO DE ADEQUAÇÃO GEOMÉTRICA PARA LINHA DE CENTRO
Este projeto consistiu na construção de um aterro de jusante de seção mista, que desloca o eixo atual da crista da barragem de volta para o eixo do dique de partida, de tal forma que os alteamentos a montante passaram a fazer parte do reservatório, não tendo função estrutural para contenção de rejeitos. 
 	Tem-se na Figura 9 que evidencia a seção G-G da Barragem BR após a finalização das obras referentes ao projeto de adequação geométrica. O eixo da barragem é deslocado 73 metros para jusante, voltando para linha de centro.
O novo aterro possui seção mista, composta por enrocamento até a El. 730,00 m, magnetita compactada entre as elevações 730,00 m e 740,00 m e rejeito underflow compactado até a elevação 778,00 m, onde as cristas do atual alteamento por montante será nivelada com a crista por linha de centro. O aterro também possui um sistema de drenagem interna composta por um tapete drenante tipo sanduíche, de duas camadas de 50 cm de areia e uma camada central de 50 cm de brita 0, entre as elevações 730,00 m e 765,00 m.
O aterro de adequação geométrica, por ser um grande paramento de jusante, e o mesmo possui também a função de reforço, já que eleva bastante o fator de segurança da estrutura.
Figura 9 - Situação final do aterro de adequação geométrica, com crista alinha com o eixo do dique de partida4.3 - PREMISSA E ESPECIFICIDADE DO PROJETO
O projeto de adequação geométrica da Barragem BR apresenta duas principais especificidades distintas:
· Implantação de uma escavação de grande profundidade (≤10 metros) para remoção de solo mole no pé da barragem para construção do reforço;
· Garantir o fator de segurança da barragem para a condição não drenada dos rejeitos de acordo com a Resolução nº 13 da Agência Nacional de Mineração (ANM), de 8 de agosto de 2019.
Estas duas particularidades do projeto exigem uma construção criteriosa, conforme os desenhos de sequência construtiva WBH122-17-MOSC057-DES-0045, 0046 e 0051, assim como um monitoramento diário da instrumentação da estrutura.
A Barragem BR, na configuração atual, possui um enrocamento de pé com crista na El. 728,00 m que trabalha como dreno de pé. Entretanto, foi construído um aterro de material argiloso a jusante do enrocamento, que impossibilita a saída livre para jusante da vazão percolada no maciço, sendo que atualmente somente uma tubulação ligada ao enrocamento coleta a vazão percolada, conforme ilustra a Figura 10. Desta forma, existe um desequilíbrio piezométrico/freático no pé da barragem (Figura 11), que não pode ser aliviado de forma brusca na implantação da escavação.
Figura 10 – Enrocamento de pé existente, aterro de jusante e saída da drenagem interna atual
Figura 11 – Níveis freáticos/piezométricos atuais no pé da Barragem BR
Com esse cenário, foram propostas no projeto, desenho WBH122-17-MOSC057-DES-0053, escavações lentas, realizadas em faixas/trincheiras transversais de no máximo 10,0 metros de largura, escavadas de jusante para montante, intercaladas e com confinamento contínuo com enrocamento, conforme mostra a Figura 12 a seguir.
Figura 12 – Sequência de implantação da escavação
A escavação iniciou-se pela ombreira esquerda, região na qual o nível freático/piezométrico encontra-se próximo à cota de fundo da escavação. Simultaneamente poços de rebaixamento estarão em funcionamento na ombreira direita, com o objetivo de igualar a carga freática/piezométrica de toda a escavação para elevações próximas a 720,0 m.
A Figura 13 a seguir ilustra a mancha de solo mole no pé da Barragem BR. Na região destacada na ombreira direita, entre a surgência e o limite do enrocamento, o solo mole avança um pouco sob a barragem. Esta região tornou a escavação crítica, pois o desconfinamento do solo mole pode ocasionar o deslizamento do talude de jusante da barragem nesta região. Desta forma, foi adotado em projeto uma distância mínima de 30,0 metros entre o pé da barragem e a crista da escavação nesta área crítica.
Figura 13 – Solo mole sob a barragem
Após a escavação do solo mole com 30,0 metros de offset e confinamento das trincheiras com enrocamento, restará um platô composto de uma camada superficial de aterro de aproximadamente 4,0 metros de profundidade e uma camada de solo mole de aproximadamente 5,0 metros de espessura, como mostra a Figura 14. Este platô deverá ser escavado até que o nível freático seja atingido e a camada de solo mole fique exposta, com isso será realizado o agulhamento de enrocamento de forma a aumentar a capacidade de suporte da camada e forçar a consolidação do solo mole, com o objetivo de reduzir recalques futuros (Figura 15).
	Como a efetividade do agulhamento não pode ser mensurada em projeto, estão previstos recalques diferidos no tempo na operação da barragem, os quais devem ser acompanhados pelo monitoramento contínuo dos marcos superficiais ou de quaisquer outros instrumentos que permitam o acompanhamento dos deslocamentos do maciço.
Figura 14 – Solo mole restante após a escavação 1
Figura 15 – Enrocamento agulhado no solo mole e situação final de escavação
	
Com intuito de conferir uma maior segurança a atividade de limpeza de fundação, recomenda-se a instalação de um sistema de poços de explotação de água da fundação. A implantação desses poços permitirá reduzir a freática na região da ombreira direita da barragem, aonde foi detectado uma diferença no nível freático de até 6,0m, quando comparado com a ombreira esquerda. 	Essa etapa visa o rebaixo no nível de água e a equalização da freática evitando o risco do desenvolvimento de fenômenos instabilzadores na região durante a escavação da área.	A princípio foram implantados 5 poços, que deverá ser escavados com espaçamento de 20,0 a 30,0m de acordo com as orientações do engenheiro de obras da contratada (WALM). Esses poços deverão ser instalados previamente ao início das obras de modo a possibilitar o rebaixamento da freática na região da fundação. A primeira etapa é a de escavação, com uso de escavadeira hidráulica sobre esteira (CAT 320 ou similar), com profundidade variando entre 6,0 a 10,0m e com diâmetro superior a 2,0m, para possibilitar a locação de aduelas retangulares de concreto com 2,0 x 2,0 x 1,0m (Figura 16).
Figura 16 - Aduela Concreto 2,0m x 2,0m
Antes de instalar as aduelas nas escavações dos poços deverá ser lançado uma camada de 1,0 m de brita 3 para facilitar a percolação de água para dentro das aduelas. Após o acentamento das aduedas deverá ser lançado um cinturão de areia nas bordas das aduelas com espessura de 0,5 m até 1,0 m abaixo do nível do terreno. Esse último metro deverá ser preenchido por solo de modo a selar as imediações do poço. Dentro do poço de rebaixamento está previsto a instalação do sistema de bombeamento de água com acionamento e desarme automático (sensor de nível). Com base na experiência da equipe envolvida recomendasse a instalação de bombas submersível do tipo Flygt ou similares. 
Figura 17: Bomba Flygt 2620 - K 233MT
Conforme a necessidade do projeto foi previsto instalação de uma bomba com todos acessórios (bomba, tubulações, conexões, painéis elétricos, etc.) necessários para o funcionamento da bomba, por poço.Como referência foi dimensionado uma bomba Flygt, da Xylem, modelo 2620.172 – K 233 MT (2,4hp) ou similar (Figura 18).’Com relação a escavação em trincheiras, baixa velocidade de escavação, alívio de pressões, estabilidade da escavação, rebaixamento freático, vibração compactação, agulhamento, subida da freática e não atendimento FS (monitoramento diário), instrumentação controle escavação, surgência OD, praia mínima de rejeitos, stop log, período de chuva. Efetivo pequeno pelas condições climáticas e natureza da escavação lenta.
Com o rebaixamento do nível freático da região central/ombreira direita da área de escavação, não se sabe em nível de projeto qual serão os parâmetros drenados de resistência ao cisalhamento dos taludes de escavação, desta maneira, recomenda-se que a escavação seja realizada lentamente com taludes bem abatidos (inclinação sugerida de 1V:3H, conforme o desenho WBH122-17-MOSC057-DES-0052) de forma a evitar desestabilizações da escavação. De qualquer forma é recomendável a presença de caminhões carregados com enrocamento próximos à escavação que permitam um rápido confinamento dos taludes de solo mole caso necessário. Os taludes de escavação deverão ficar sempre protegidos com uma camada de enrocamento, conforme a Figura 18.
Figura 18 – Proteção dos taludes de escavação com enrocamento
Uma advertência que estava prevista no projeto é que não é recomendável que escavação seja feita em período chuvoso, diante dos riscos operacionais associados as atividades de implantação. As Figuras 19 a 22 a seguir apresentam as análises de estabilidade da seção G-G para a condição não drenada dos rejeitos ao longo das etapas construtivas e superfície freática atual registrada pela instrumentação.
Figura 19 – Análise de estabilidade da seção G-G para a condição não drenada dos rejeitos saturados
Figura 20 - Análise de estabilidade da seção G-G para a condição não drenada dos rejeitos saturados, com a construção do enrocamento.
Figura 21 - Análise de estabilidade da seção G-G para a condição não drenada dos rejeitos saturados, com a construção do enrocamento e magnetita.
Figura 22 - Análise de estabilidade da seção G-G para a condição não drenada dos rejeitos saturados,na configuração final da obra .
	Nas figuras anteriores pode se perceber a estabilidade necessária da seção G-G com relação aos rejeitos saturados pela mineradora. A princípio a imagens se auto explicam o ocorrido na Barragem BR
 CONCLUSÃO
	
Nesta pesquisa desenvolvido vemos conceitualmente o que vem a ser uma barragem de rejeitos, sua função e os tipos de alteamento seja montante, jusante ou linha de centro. Nota-se que cada um deles possuem suas vantagens e desvantagens com relação a sua função em si, dependendo do investimento que se faça, localização e principalmente segurança. 
	Observa-se que na história da mineração houve vários incidentes e acidentes envolvendo rompimento de barragens de rejeito impactando diretamente um grande número de envolvidos que vão dos empreendedores da mineração, as comunidades locais, e o meio ambiente. Tendo em vista a frequência de acidentes e sua grande proporção, o legislativo viu a necessidade de tomar medidas mais rigorosas quanto a minimizar o que se é possível para garantir a segurança nas atividades ligadas ao armazenamento dos resíduos sólidos, levando em conta a dimensão que se toma a formação de uma barragem de rejeito. 
	Com relação a Barragem BR, o projeto técnico desenvolvido pela mineradora, já leva em conta as exigências de mudança de jusante ou montante para linha de centro. Este processo encontra-se em andamento e até a redação desta pesquisa tem-se gerado resultados satisfatórios conforme os estudos feitos pela própria mineradora e evidenciado nas imagens que integram esta pesquisa. Com a finalização das obras de adequação geométrica da Barragem BR, a estrutura estará totalmente descaracterizada como montante, passando a ser enquadrada como barragem alteada por linha de centro.
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KLOHN, E. J. The development of current tailing dam design and construction methods. In: WILSON, D. (Ed.) Design and construction of tailing dams. Golden: Colorado School of
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THOMÉ, Romeu; LAGO, Talita Martins Oliveira; AMBIENTAL, UNA Engenheira. Barragens de rejeitos da mineração: o princípio da prevenção e a implementação de novas alternativas. Revista dos Tribunais, p. 17-39, 2017.

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