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2019 CB1

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ciclo básico
cursinho da poli  usp
Sumário
Biologia........................................................................................................................................... 3
Ecologia ....................................................................................................................................................5
Citologia e Genética................................................................................................................................35
Evolução e Zoologia................................................................................................................................75
Física............................................................................................................................................. 97
Cinemática..............................................................................................................................................99
Dinâmica...............................................................................................................................................119
Eletricidade ...........................................................................................................................................129
Termologia............................................................................................................................................157
Geografia .................................................................................................................................... 189
Geografia do Brasil ...............................................................................................................................191
Geografia Geral ....................................................................................................................................212
História........................................................................................................................................ 237
História Antiga.......................................................................................................................................239
História Contemporânea .......................................................................................................................255
História do Brasil ...................................................................................................................................275
Matemática ................................................................................................................................. 293
Aritmética I ............................................................................................................................................295
Aritmética II ...........................................................................................................................................307
Álgebra I ...............................................................................................................................................325
Álgebra II ..............................................................................................................................................335
Geometria .............................................................................................................................................355
Português ................................................................................................................................... 367
Literatura...............................................................................................................................................369
Gramática .............................................................................................................................................375
Interpretação de Texto ..........................................................................................................................403
Práticas de Escrita ................................................................................................................................415
Química....................................................................................................................................... 431
Química Estrutural ................................................................................................................................433
Química Qualitativa...............................................................................................................................453
Química Quantitativa.............................................................................................................................501
o
Professor Victor Keller
. 
6
CAPITULO 1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM ECOLOGIA
A ciência da Ecologia
O termo Ecologia deriva de duas palavras gregas: 
oikos (casa, ambiente) e logos (estudo). Sendo as-
sim, temos que a Ecologia é o campo da Biologia 
que se ocupa do estudo das condições de existên-
cia dos seres vivos e das interações entre tais se-
res e com o meio ambiente no qual vivem.
Neste capítulo, iremos nos familiarizar com alguns 
conceitos fundamentais da ecologia que dão su-
porte aos demais conceitos dos capítulos seguin-
tes.
Níveis de organização
Os átomos são a menor parte da matéria. Eles 
compõem tudo o que nos cerca, inclusive nós mes-
mos e os demais seres vivos. Quando tomamos um 
conjunto de átomos, formamos moléculas, cujas 
propriedades passam a ser diferentes das que 
seus átomos isolados tinham. Nos seres vivos, 
exemplos de moléculas são as proteínas, carboi-
dratos, lipídeos e ácidos nucleicos. Essas biomolé-
culas, quando arranjadas de maneira específica, 
formam as organelas, as quais em conjunto consti-
tuem uma célula.
Um organismo formado por mais de uma célula, 
dito pluricelular, tem suas células agrupadas for-
mando os tecidos, que desempenham determina-
das funções. Vários tecidos, por sua vez, formam 
um órgão, que, associado a outros órgãos, formam 
um sistema. Um conjunto de sistemas forma um or-
ganismo.
Ainda é possível agrupar esses organismos a 
partir das semelhanças entre eles, num determi-
nado tempo e num determinado espaço. É a esses 
níveis de organização mais abrangentes que a 
Ecologia dedica seu estudo, preocupando-se com 
as relações entre os organismos e entre os orga-
nismos e o ambiente em que vivem. Os níveis or-
ganizacionais seguintes aos organismos são:
População: Grupo de organismos da mesma espé-
cie que vivem em determinada área no mesmo in-
tervalo de tempo.
Comunidade: Conjunto de populações de determi-
nada área no mesmo intervalo de tempo.
Ecossistema: Constitui-se pelas comunidades e o 
meio ambiente em que elas estão.
Biosfera: Conjunto de todos os ecossistemas do 
planeta.
Níveis de organização.
Ecossistemas, as unidades ecológicas
Ecossistemas são as unidades formadoras da 
biosfera, a qual diz respeito à parte do planeta que 
abriga vida. Ou seja, a biosfera é constituída de 
muitos ecossistemas. Eles podem ser pequenos, 
como uma lagoa, ou muito grandes, como uma flo-
resta tropical. Independente de seu tamanho, sem-
pre há troca de matéria e de energia, seja dentro 
deles ou até entre eles.
É possível dividir um ecossistema em dois com-
ponentes estruturais básicos:
Componentes abióticos. Referem-se 
ao ambiente no qual os seres vivos são 
encontrados, podendo ser geológicos 
7
Ecologia
Capítulo 1
(solo), físicos (temperatura, luminosi-
dade, umidade) ou químicos (quais nu-
trientes estão presentes na água e no 
solo);
Componentes bióticos. Referem-se a 
todos os seres vivos contidos no ecos-
sistema.
Habitat e nicho
Dentro de um 
ecossistema, os orga-
nismos ocupam espa-
ços limitados e defini-
dos. Por exemplo, ao 
pensar num ecossis-
tema de uma lagoa, po-
demos ter caramujos 
que habitam o fundo de 
lama, podemos ter musgos quehabitam uma pedra 
às margens da lagoa, podemos ter peixes que na-
dam próximos à superfície ou aqueles que nadam 
por toda a lagoa. Esses espaços definidos em que 
uma população vive são chamados de habitats.
Esses organismos que habitam o ecossis-
tema apresentam uma série de características 
comportamentais que definem seus hábitos, seus 
papeis ecológicos, suas relações com os outros or-
ganismos e com o meio em que se encontram. Es-
ses fatores que definem o perfil de cada organismo 
recebe o nome de nicho ecológico. Dentro desse 
come, quando ele come, em que quantidade, quem 
são seus predadores, qual é a época do ano em 
que se reproduz, qual é a temperatura adequada 
para isso, se tem hábitos diurnos ou noturnos, 
quanto tempo vive, etc. Ou seja, o nicho engloba 
todas as condições físicas, químicas e biológicas 
necessárias para a sobrevivência, crescimento e 
reprodução de uma população.
Duas ou mais espécies podem ter o mesmo 
habitat, mas não exatamente o mesmo nicho. Jus-
tamente a diferenciação entre os nichos é que per-
mite que espécies coexistam em um mesmo ambi-
ente. Caso os nichos de duas espécies sejam 
muito semelhantes, quando colocadas num mesmo 
habitat, essas espécies irão competir pelos recur-
sos daquele ambiente, fazendo com que uma delas 
desapareça. Essa ideia é a base do princípio de 
Gause, que foi um biólogo russo. Ele cultivava pro-
tozoários de duas espécies, Parameciumaurelia e 
Parameciumcaudatum, e, em um de seus experi-
mentos, colocou as populações dessas duas espé-
cies para viverem juntas num mesmo recipiente. 
Ele observou que o crescimento das populações 
juntas era diferente de quando elas estavam em re-
cipientes separados, e representou isso grafica-
mente, obtendo o seguinte resultado.
Comparando-se as duas populações vi-
vendo separadamente, observa-se que P. aurelia
cresce mais rapidamente que P. caudatum, indi-
cando melhor utilização do alimento. Quando as 
espécies são colocadas juntas, devido à sobrepo-
sição de nichos, ocorre competição pelo alimento, 
que era limitado. Rapidamente, P. aurelia se so-
bressai em relação à P. caudatum, cuja população 
entra em declínio e deixa de existir.
LISTA DE EXERCÍCIOS 1
1. (Enem) O menor tamanduá do mundo é solitá-
rio e tem hábitos noturnos, passa o dia repou-
sando, geralmente em um emaranhado de ci-
pós, com o corpo curvado de tal maneira que 
forma uma bola. Quando em atividade, se lo-
comove vagarosamente e emite som seme-
lhante a um assobio. A cada gestação, gera 
um único filhote. A cria é deixada em uma ár-
vore a noite e é amamentada pela mãe até que 
tenha idade para procurar alimento.
As fêmeas adultas têm territórios grandes e o terri-
tório de um macho inclui o de várias fêmeas, o
que significa que ele tem sempre diversas pre-
tendentes à disposição para namorar!
Ciência Hoje das Crianças, ano 19, n.174, Nov. 
2006. Adaptado.
Essa descrição sobre o tamanduá diz respeito ao 
seu
a) Hábitat
b) Biótopo
c) Nível trófico
d) Nicho ecológico
e) Potencial biótico
2. (Enem) Numa região, originalmente ocupada 
por Mata Atlântica, havia, no passado, cinco 
espécies de pássaros de um mesmo gênero. 
Nos dias atuais, essa região se reduz a uma 
reserva de floresta degradada, onde só se en-
contram duas das cinco espécies.
O desaparecimento das três espécies nas regiões 
degradadas pode ser explicado pelo fato de 
que, nessas regiões, ocorreu
a) Aumento do volume e da frequência das chu-
vas.
b) Diminuição do número e da diversidade de há-
bitats.
c) Diminuição da temperatura média anual.
d) Aumento dos níveis de gás carbônico e de oxi-
gênio na atmosfera.
e) Aumento do grau de isolamento reprodutivo in-
terespecífico.
3. (Fuvest) Em um lago, estão presentes di-
versas espécies de animais, plantas, algas, 
protozoários, fungos e bactérias. O conjunto 
desses seres vivos constitui
a) Uma cadeia alimentar
b) Uma comunidade biológica
c) Um ecossistema
d) Uma população
e) Uma sucessão ecológica
4. (Cesgranrio) O girino do sapo vive na água e, 
após metamorfose, passa a viver em terra 
firme; quando adulto, oculta-se, durante o dia, 
em lugares sombrios e úmidos para proteger-
se dos predadores e evitar a dessecação. Ao 
entardecer, abandona seu refúgio à procura 
de alimento. Como o acasalamento se realiza 
na água, vive próximo a rios e lagoas.
Essa descrição do modo de vida do sapo 
representa o seu:
a) hábitat.
b) ecossistema.
c) nicho ecológico.
d) ecótono.
e) bioma.
5. (Unifesp) Uma certa espécie de anfíbio con-
segue sobreviver em locais entre 18 °C e 30 
°C de temperatura ambiente (1). A tempera-
tura média variando entre 20 °C e 30 °C pre-
sente em algumas matas litorâneas do Su-
deste brasileiro torna o ambiente ideal para 
essa espécie viver (2). Esse anfíbio alimenta-
se de pequenos invertebrados, principal-
mente insetos, que se reproduzem nas pe-
quenas lagoas e poças de água abundantes 
no interior dessas matas (3).
No texto, as informações 1, 2 e 3, referentes 
a essa espécie, relacionam-se, respectiva-
mente, a:
a) Habitat, habitat, nicho ecológico.
b) Hábitat, nicho ecológico, nicho ecoló-
gico.
c) Habitat, nicho ecológico, hábitat.
d) Nicho ecológico, habitat, habitat.
e) Nicho ecológico, habitat, nicho ecoló-
gico.
6. (Fuvest) A cobra-coral Erythrolamprusaescu-
lapiitem hábito diurno, alimenta-se de outras 
cobras e é terrícola, ou seja, caça e se abriga 
no chão. A jararaca Bothrops jararaca tem há-
bito noturno, alimenta-se de mamíferos e é 
9
Ecologia
Capítulo 1
terrícola. Ambas ocorrem, no Brasil, na flo-
resta pluvial costeira. Essas serpentes:
a) disputam o mesmo nicho ecológico.
b) constituem uma população.
c) compartilham o mesmo hábitat.
d) realizam competição intraespecífica.
e) são comensais.
10
CAPÍTULO 2 - A ENERGIA NOS ECOSSISTEMAS
Cadeias alimentares
As cadeias alimentares, ou cadeias tróficas, 
representam a maneira mais simples de descrever 
as relações alimentares nos ecossistemas. Para 
representar essas relações utilizamos setas, que 
sempre vão no sentido do organismo que serve de 
alimento para aquele que se alimenta.
Três exemplos de cadeias alimentares.
As relações alimentares em um ecossistema 
não são tão simples quanto a figura acima na qual 
vimos três cadeias alimentares independentes 
umas das outras. Na realidade, existem várias ca-
deias alimentares concomitantes que se interligam, 
formando uma complexa rede. A isso damos o 
nome de redes ou teias alimentares.
Exemplo de teia alimentar.
Níveis tróficos
Os componentes bióticos, ou seja, os seres vi-
vos dos ecossistemas, podem ser agrupados de 
acordo com suas posições na cadeia alimentar. 
São definidas três categorias dentro de uma cadeia 
alimentar:
Produtores
Os produtores ocupam o primeiro nível trófico 
em qualquer ecossistema. São organismos autó-
trofos, que são aqueles capazes de sintetizar ma-
téria orgânica a partir de matéria inorgânica. A 
maior parte dos autótrofos é fotossintetizante, os 
quais produzem matéria orgânica a partir da luz 
(como as plantas e algas), mas há ainda os autó-
trofos quimiossintetizantes, que produzem matéria 
orgânica a partir de substâncias químicas encon-
tradas no ambiente (como algumas bactérias).
Consumidores
Os consumidores ocupam os níveis tróficos 
seguintes aos produtores. São ditos como organis-
mos heterótrofos, pois produzem matéria orgâ-
nica a partir da ingestão ou absorção de matérias 
orgânicas. Todos os animais são heterótrofos. De 
acordo com a posição na cadeia alimentar, os con-
sumidores podem ser consumidores primários, que 
são aqueles que se alimentam diretamente dos 
produtores, consumidores secundários, que são os 
que se alimentam de consumidores primários, con-
sumidores terciários, que por sua vez se alimentam 
dos secundários. Em uma teia alimentar, um con-
sumidor que se alimenta tanto de plantas quanto 
de animais é um consumidor primárioe também 
um consumidor secundário, a depender do cami-
nho das setas que se esteja tomando.
Decompositores
Os decompositores são heterótrofos que se ali-
mentam a partir de matéria orgânica morta, degra-
dando-a. Eles sempre são a parte final de uma ca-
deia alimentar, mas podem entrar em seguida de 
qualquer nível trófico, pois decompõem todos os 
seres vivos, e, por isso, não são representados 
num esquema de cadeia ou teia alimentar. Ao de-
gradar os compostos orgânicos, devolvem ao am-
biente sais minerais e outros nutrientes, que podem 
ser utilizados novamente pelos produtores. São 
11
Ecologia
Capítulo 2
exemplos de decompositores algumas bactérias e 
os fungos.
Bioacumulação
A bioacumulação, ou amplificação bioló-
gica, é um fenômeno que ocorre nas cadeias ali-
mentares quando há introdução de substâncias tó-
xicas no ecossistema, como o DDT (inseticida). To-
dos os níveis tróficos serão atingidos, sendo que 
quanto mais elevado for o nível trófico, maior a con-
centração de DDT que se acumulará nos tecidos 
dos organismos.
O esquema mostra que, quanto mais alto o nível trófico, 
maior a concentração de DDT no organismo.
Observe o esquema acima. O peixe carní-
voro come durante sua vida centenas de peixes 
herbívoros e incorpora o DDT que está no corpo de 
todas as suas presas. Como os organismos só con-
seguem excretar o DDT em quantidade muito pe-
quena, essa substância se concentra mais nos 
seus tecidos. A ave que se alimenta do peixe car-
nívoro acumula concentrações ainda maiores, e 
assim por diante.
Fluxo de energia e circulação de mate-
riais
Os animais obtêm a energia e os nutrientes ne-
cessários para seu crescimento, reprodução e 
desempenho de atividades alimentando-se direta 
ou indiretamente de plantas. A entrada de energia 
em um ecossistema se dá por meio da luz solar 
captada pelas plantas e algas durante a fotossín-
tese, sendo tal energia acumulada como energia 
química na forma de moléculas orgânicas (glicose). 
Ao comer plantas e algas, os animais quebram as 
moléculas de glicose e utilizam a energia ali contida 
para o desempenho de suas atividades.
Conforme as leis da termodinâmica, não é pos-
sível criar ou destruir energia, mas sim apenas mo-
dificá-la de uma forma a outra (como vemos na fo-
tossíntese, em que energia luminosa é transfor-
mada em energia química). Ainda, em todo pro-
cesso de transferência de energia ocorre uma 
perda de energia útil, que é liberada em uma forma 
não aproveitável pelos seres vivos. Como conse-
quência prática dessas leis, nenhuma transferência 
de energia em um sistema biológico é totalmente 
eficiente, sempre havendo alguma perda em cada 
transferência. Dessa forma temos um fluxo unidi-
recional de energia.
A quantidade de energia disponível para um 
dado ecossistema é estabelecida pela atividade de 
fotossíntese das plantas, não havendo nenhum ou-
tro ponto de entrada de energia no ecossistema. 
Ainda, devemos considerar que grande parte da 
energia química armazenada em organismos de ní-
vel trófico inferior é perdida para o ambiente, não 
sendo utilizável pelos organismos que ocupam ní-
veis tróficos superiores. Sendo assim, os organis-
mos que ocupam níveis tróficos inferiores têm mais 
energia à disposição do que aqueles que ocupam 
níveis tróficos superiores. É justamente a disponi-
bilidade de energia para o nível trófico seguinte que 
limita o número de níveis tróficos em uma cadeia.
Diferentemente do exposto acima no tocante à 
energia, os materiais não são perdidos nos ecos-
sistemas, mas sim transferidos: os elementos quí-
micos são retirados do ambiente, utilizados pelos 
organismos e novamente devolvidos ao ambiente, 
o que ocorre mediante a ação dos decompositores 
sobre os materiais eliminados por excreção ou con-
tidos nos organismos mortos. A ação dos decom-
positores transformará os compostos orgânicos em 
substâncias mais simples, as quais serão nova-
mente aproveitadas por plantas e animais. Logo, 
temos um fluxo cíclico dos materiais, em con-
traste com o fluxo unidirecional de energia.
Produtividade de ecossistemas
Utilizamos o termo produtividade para refe-
rir-nos à energia captada por cada nível trófico de 
uma cadeia. A produtividade primária bruta de 
um ecossistema corresponde à quantidade total de 
energia luminosa que os produtores conseguiram 
transformar em energia química. A produtividade 
primária líquida (PPL), por sua vez, corresponde 
à quantidade de energia disponível para o próximo 
nível trófico, descontada a energia perdida para o 
ambiente e aquela utilizada na manutenção das 
funções vitais dos produtores. 
A PPL, então, representa a energia disponível 
aos herbívoros na forma de matéria orgânica incor-
porada ao corpo dos produtores. Os herbívoros 
não comem toda a biomassa de produtores (situa-
ção na qual todas as plantas seriam eliminadas) e, 
ainda, grande parte do que foi ingerido não é apro-
veitado (eliminação na forma de fezes) ou é per-
dido para o ambiente na forma de calor. Daquilo 
que foi assimilado pelos herbívoros, parte é elimi-
nada por meio da urina, outra parte é utilizada para 
a manutenção das funções vitais dos animais e, fi-
nalmente, parte é incorporada aos tecidos do orga-
nismo dos herbívoros.
A energia incorporada aos tecidos dos herbívo-
ros na forma de matéria orgânica é a que estará 
disponível para os consumidores secundários, que 
constituem o nível trófico seguinte. Ocorre com os 
referidos consumidores secundários processo se-
melhante ao descrito acima para os consumidores 
primários. Damos o nome de produtividade se-
cundária líquidaà quantidade de matéria orgânica 
acumulada pelos heterótrofos e disponibilizada ao 
nível trófico seguinte.
O esquema abaixo representa um modelo de 
fluxo de energia, ilustrando a explicação acima.
Fonte: CÉSAR DA SILVA JÚNIOR & SEZAR SASSON. Biolo-
gia - Volume Único 4ª Edição. Editora: Saraiva. 2007.
Pirâmides ecológicas
Podemos representar graficamente, na forma 
de pirâmides, as relações entre os diferentes níveis 
tróficos de um ecossistema, referentes ao número 
de indivíduos, biomassa e energia. Nelas, cada ní-
vel trófico é representado por um retângulo cuja di-
mensão horizontal é proporcional ao número de in-
divíduos, à biomassa ou à produtividade (energia). 
Não há variação na dimensão vertical dos retângu-
los.
Um inconveniente das pirâmides ecológicas é o 
fato de os decompositores não estarem represen-
tados nelas, apesar de serem componentes impor-
tantes dos ecossistemas.
Pirâmide de número
Indicam a quantidade de organismos em uma 
cadeia alimentar. A quantidade de barras formando 
a pirâmide representa quantos níveis tróficos há na 
cadeia, enquanto o comprimento de cada barra re-
presenta o número de indivíduos em cada um des-
ses níveis. Dessa forma, pirâmides de número po-
dem ter bases largas e topos estreitos, ou podem 
ser invertidas, com bases estreitas e topos largos.
13
Ecologia
Capítulo 2
Pirâmide de número com base larga e topo estreito.
Exemplos de pirâmides de número invertidas.
Pirâmide de biomassa
A biomassa corresponde à massa total de ma-
téria orgânica contida em indivíduos, populações, 
níveis tróficos ou mesmo ecossistemas. Geral-
mente é descrita por valores de massa em relação 
a uma certa área (ou volume) no qual tal massa 
está presente.A quantidade de massa pode ser es-
timada de diferentes formas, como a massa total 
úmida (material fresco) e a massa seca (material 
resultante do material fresco que foi colocado em 
estufa para perder água). 
As pirâmides de biomassa apenas representam 
a massa biológica em um dado instante, e não 
demonstram a velocidade com que a matéria orgâ-
nica é produzida. Quase sempre a massa de pro-
dutores é maior do que a de consumidores. Às ve-
zes, no entanto, uma pirâmide de biomassa pode 
aparecer invertida, justamente por representar ape-
nas um dado instante doecossistema em questão.
Exemplo disso é a pirâmide de massa de um ambi-
ente aquático, em que, no momento da medição, 
a biomassa de fitoplâncton é bem menor do que a 
de zooplâncton, pois a taxa de reprodução do fito-
plâncton é muito mais elevada que a de zooplânc-
ton, e a velocidade de consumo de fitoplâncton 
pelo zooplâncton é muito alta. Dessa forma, 
quando colocados numa pirâmide de massa, uma 
pequena biomassa de produtores aparentemente
sustenta uma grande biomassa de consumidores 
primários.
Exemplo de pirâmide de biomassa com base larga 
e topo estreito.
Exemplo de pirâmide de biomassa com base es-
treita.
Pirâmide de energia
Cada nível trófico representado em uma pirâ-
mide de energia indica a quantidade de energia 
acumulada por unidade de tempo e por unidade 
de superfície ou volume. Tal quantidade independe 
do tamanho dos organismos, uma vez que alguns 
organismos podem ter biomassa pequena, mas a 
energia que têm disponível para o nível trófico 
seguinte pode ser muito maior do que a de um or-
ganismo com biomassa grande (como no caso de 
organismos que gastam muita energia para a ma-
nutenção de suas funções vitais, deixando pouca 
energia disponível para o nível trófico seguinte).
Essas pirâmides nunca são invertidas, pois re-
presentam o princípio da perda de energia que 
ocorre a cada nível trófico de uma cadeia, como já 
mencionado anteriormente. Sua base sempre é 
larga (produtores possuem muita energia acumu-
lada) e seu topo sempre é estreito (níveis tróficos 
altos possuem pouca energia acumulada).
Pirâmide de energia.
LISTA DE EXERCÍCIOS 2
1. (Fuvest-SP) O cogumelo shitake é cultivado em 
troncos, onde suas hifas nutrem-se das moléculas 
orgânicas componentes da madeira. Uma pessoa, 
ao comer cogumelo shitake, está se comportando 
como:
a) Produtor.
b) Consumidor primário.
c) Consumidor secundário.
d) Consumidor terciário.
e) Decompositor.
2. (Uerj/Uenf) O gráfico a seguir é uma pirâmide 
ecológica e demonstra as relações tróficas em uma 
comunidade. A alternativa que indica, respectiva-
mente, o tipo de pirâmide e o aumento que ela re-
presenta, é:
a) de biomassa - do peso seco em função do 
tamanho dos organismos.
b) de energia - do teor de calorias, pela maior 
velocidade de ciclagem.
c) de energia - das populações de consumido-
res primários e secundários
de números - da quantidade de organismos, sem 
considerar a biomassa.
3. (Fuvest-SP) As bactérias diferem quanto à fonte 
primária de energia para seus processos metabóli-
cos. Por exemplo: 
I. Chlorobium sp. utiliza energia luminosa. 
II. Beggiatoa sp. utiliza energia gerada pela 
oxidação de compostos inorgânicos. 
III. Mycobacterium sp. utiliza energia gerada 
pela degradação de compostos orgânicos com-
ponentes do organismo hospedeiro.
Com base nessas informações, indique a alterna-
tiva que relaciona corretamente essas bactérias 
com seu papel nas cadeias alimentares de que par-
ticipam.
Chlorobium 
sp.
Beggiatoa 
sp.
Mycobacte-
rium sp.
a) consumidor produtor consumidor
b) consumidor decompositor consumidor
c) produtor consumidor decompositor
d) produtor decompositor consumidor
e) produtor produtor consumidor
15
Ecologia
Capítulo 2
4. (UFSC) Observe bem a figura abaixo e assinale 
a(s) proposição(ões) CORRETA(S):
01. A figura representa uma cadeia alimentar com 
três níveis tróficos. 
02. Fungos e bactérias são representantes dos se-
res decompositores. 
04. O fluxo de energia é cíclico, sendo renovado 
pelos organismos decompositores. 
08. A onça e o gavião representam os produtores. 
16. O mocho, o lagarto e a cobra são classificados, 
nessa figura, como consumidores terciá- rios ou de 
3a ordem. 
decréscimo energético entre os níveis tróficos.
64. Uma grande parte da energia obtida pelo coe-
lho, ao comer a verdura, é gasta em seu processo 
de respiração celular.
5. (FGV-SP) As figuras apresentam pirâmides eco-
lógicas que expressam, graficamente, a estrutura 
dos níveis tróficos de uma cadeia alimentar em ter-
mos de energia, biomassa ou número de indiví-
duos. A base das pirâmides representa os produto-
res, no primeiro nível trófico.
Das quatro figuras apresentadas, pode-se dizer 
corretamente que:
a) As figuras 1 e 4 podem representar pirâmides de 
energia.
b) A figura 1 é a única que pode representar uma 
pirâmide de biomassa.
c) A figura 2 pode representar uma pirâmide de bi-
omassa na cadeia alimentar fitoplâncton zoo-
plâncton.
d) A figura 3 é característica de uma pirâ-
mide macacos piolhos.
e) A figura 4 pode representar uma pirâmide de 
energia na cadeia alimentar capim ratos co-
bras.
6. (PUC MG 2008) Os conceitos de cadeias ali-
mentares e pirâmides ecológicas foram criados e 
descritos pela primeira vez em 1923 por Charles 
Elton durante suas observações da constituição e 
comportamento alimentar de toda uma comuni-
dade animal em uma ilha do Ártico durante o verão. 
Com as pirâmides ele pode elaborar explica-
ções para o fato observável de que animais 
grandes são raros enquanto animais pequenos, co-
muns.
râmide de energia com 
a) Cada organismo na natureza tem seu próprio ba-
lanço energético, que é o resultado entre energia 
obtida e energia retida na sua massa corporal.
b) Espera-se que o desaparecimento do último ní-
c) Parte da energia perdida por um consumidor 
pode ser decorrente da não-digestão completa dos 
alimentos ingeridos.
d) É esperado que os roedores retenham um per-
centual menor da energia adquirida na alimentação 
do que as cobras quando a temperatura ambiente 
é baixa.
7. (Unesp) Um pesquisador coletou folhas secas do 
solo de uma mata e as colocou em 50 sacos de tela 
de náilon, iguais entre si quanto ao tamanho e diâ-
metro da malha. Cada saco recebeu 100g de fo-
lhas. Em seguida, distribuiu 25 desses sacos na su-
perfície do solo em uma área de mata tratada ex-
perimentalmente com inseticidas e fungicidas. Os 
outros 25 sacos foram distribuídos em outra área 
da mata, não tratada com fungicidas ou inseticidas, 
e se constituíram no grupo controle. A cada se-
mana, por cinco semanas consecutivas, o pesqui-
sador recolhia cinco sacos de cada área, secava e 
pesava os fragmentos de folhas que restavam den-
tro dos mesmos. 
Na figura, as curvas representam as mudanças ob-
servadas no peso seco do material remanescente 
nos sacos de náilon ao longo do experimento.
a) Que processo ecológico está relacionado à su-
cessiva fragmentação e à perda de peso do ma-
terial vegetal colocado nos sacos de náilon ob-
servada durante o experimento?
b) Que curva deve representar a variação de peso 
nos restos vegetais do grupo controle? Justifi-
que sua resposta.
8.(Fuvest) Tendo em vista o conceito de cadeia ali-
mentar, em qual dos casos haverá menor perda da 
energia armazenada na soja: quando uma popula-
ção humana come soja, ou quando ela come carne 
de porco alimentado com soja? Explique.
9. (Fuvest) A tabela a seguir mostra medidas, em
massa seca por metro quadrado (g/m2), dos com-
ponentes de diversos níveis tróficos em um dado 
ecossistema. 
a) Por que se usa a massa seca por unidade 
de rea (g/m2), e n o a massa fresca, para com-
parar os organismos encontrados nos diversos 
n veis tr ficos? 
b) Explique por que a massa seca diminui pro-
gressivamente em cada n vel tr fico.
Nesse ecossistema, identifique os n veis tr fi-
cos ocupados por cobras, gafanhotos, musgos 
e sapos.
17
Ecologia
Capítulo 2
(Fuvest) Recentemente, pesquisadores desco-
briram, no Brasil, uma larva de mosca que se ali-
menta das presas capturadas por uma planta car-
nívora chamada drósera. Essa planta, além do ni-
trogênio do solo, aproveita o nitrogênio proveniente 
das presas para a síntese proteica; já a síntese de 
carboidratos ocorre como nas demais plantas. As 
larvas da mosca, por sua vez, alimentam-se des-
sas mesmas presas para obtenção da energia ne-
cessária a seus processos vitais. Com basenessas 
informações, é correto afirmar que a drósera
a) e a larva da mosca são heterotróficas; a larva da 
mosca é um decompositor. 
b) e a larva da mosca são autotróficas; a drósera é 
um produtor. 
c) é heterotrófica e a larva da mosca é autotrófica; 
a larva da mosca é um consumidor. 
d) é autotrófica e a larva da mosca é heterotrófica; 
a drósera é um decompositor. 
e) é autotrófica e a larva da mosca é heterotrófica; 
a drósera é um produtor.
11. (PUC) Em 1953, foi evidenciada, no Japão, 
que as pessoas afetadas apresentavam distúrbios 
de visão, audição e coordenação.
Resíduos como mercúrio foram despejados nas 
águas da baía de Minamata. O mercúrio foi absor-
vido pelo plâncton que servia de alimento para mo-
luscos e para certos peixes. Por sua vez, os molus-
cos eram predados por outros grupos de peixes, e 
os peixes representavam a dieta básica das pes-
soas da região.
Sabendo-se que o mercúrio tem efeito cumulativo, 
espera-se encontrar:
a) Maior concentração dessa substância no ho-
mem e menor concentração no plâncton.
b) Maior concentração dessa substância no 
plâncton e menor concentração no homem.
c) Maior concentração dessa substância no 
plâncton e menor concentração nos peixes e 
nos moluscos.
d) A mesma concentração dessa substância no 
plâncton, nos moluscos e nos peixes e uma 
maior concentração no homem.
e) A mesma concentração dessa substância em 
todos os elos da teia alimentar descrita.
12.(UFSCar) O esquema mostra as relações trófi-
cas entre as espécies A, B, C e D de um ecossis-
tema aquático.
a) Identifique as espécies de decompositores, de 
herbívoros, de carnívoros e de produtores.
b) Se a espécie representada pela letra C for total-
mente dizimada, quais serão as consequências 
imediatas para as populações A e D, respectiva-
mente?
CAPÍTULO 3 - CICLOS BIOGEOQUÍMICOS
Ciclos da matéria
Em nosso planeta, pode-se considerar que 
a matéria existente obedece a um sistema fechado: 
pode sofrer rearranjos, mas a sua quantidade total 
pois situações como a conversão de matéria em 
energia nas reações nucleares, a queda de matéria 
vinda do espaço e a perda para o espaço de maté-
ria sob a forma de foguetes e satélites, por exem-
plo, são exceções a essa regra. Ainda assim, ao 
observarmos os ecossistemas, notamos que a ma-
téria forma ciclos. Isso significa que átomos como 
de carbono, nitrogênio, hidrogênio, oxigênio não 
são criados, destruídos e nem transformados uns 
nos outros, mas sim constantemente reciclados.
Chamamos de ciclos biogeoquímicos os 
ciclos que envolvem retirada de compostos quími-
cos do ambiente por seres vivos, os quais irão uti-
lizar esses compostos em seu metabolismo e de-
volvê-los ao ambiente. Os responsáveis por fazer o 
retorno direto da matéria contida nos organismos e 
nos compostos orgânicos para o ambiente são os 
decompositores, como vimos no Capítulo 1. Iremos 
estudar os seguintes ciclos biogeoquímicos neste 
capítulo: ciclo da água, ciclo do carbono e ciclo 
do nitrogênio.
Ciclo da água
A maior parte da água do planeta fica nos ocea-
nos, ou seja, é salgada. Uma pequena parte se en-
contra nos rios, lagos, lagoas e lençóis freáticos na 
forma de água doce. O sol aquece a água desses 
locais e a faz evaporar constantemente. O vapor 
forma de nuvem e volta a superfície na forma de 
chuva, neve ou granizo, recompondo o volume hí-
A água é fundamental a todos os seres vivos. 
Ela pode ser absorvida pelas plantas e utilizada 
nos processos fotossintetizantes, sendo devolvida 
à atmosfera por meio da transpiração e da respira-
ção. Os animais, por sua vez, retiram água do meio
e devolvem-na ao ambiente na forma de vapor 
(respiração e transpiração) e também na forma lí-
quida, pelas fezes e urina. Damos o nome 
de grande ciclo da água ao ciclo que envolve se-
res vivos. Quando animais ou vegetais não tomam 
parte no ciclo, damos a ele o nome de pequeno ci-
clo da água.
http://www.curso-objetivo.br/vestibular/roteiro_estudos/ima-
gens/re_falta_agua_1.jpg
Ciclo da água.
Ciclo do carbono
O carbono constitui todas as macromolécu-
las dos seres vivos. O principal reservatório de car-
bono é o gás carbônico (CO2) da atmosfera. Ele é 
absorvido pelas plantas, que fazem fotossíntese, e 
produzem compostos orgânicos para a obtenção 
de sua energia. Por meio das cadeias alimentares, 
o carbono percorre os níveis tróficos, indo dos pro-
dutores aos consumidores e aos decompositores. 
Todos esses seres vivos ao respirar devolvem CO2
à atmosfera. No caso de ecossistemas aquáticos, 
esse CO2 é retirado da água, passa pelos níveis 
tróficos das cadeias alimentares, e retorna à água.
Além disso, a queima de combustíveis tam-
bém libera gás carbônico para o ambiente. Exem-
plo 
disso é 
o petró-
leo, que 
NH3 + O2 2 + H2O + Energia
(amônia) (nitrito)
19
Ecologia
Capítulo 3
é um combustível fóssil, cujas moléculas de car-
bono estavam soterradas por milhões de anos e 
são liberadas à atmosfera a partir de sua queima.
http://www.fiec.org.br/portalv2/sites/revista/files/images/ci-
clo_carbono.jpg
Ciclo do carbono.
Ciclo do nitrogênio
O nitrogênio é um elemento essencial à vida, 
pois constitui os aminoácidos (unidades formado-
ras de proteínas) e as bases nitrogenadas (compo-
nentes do DNA e RNA). Cerca de 79% do ar atmos-
férico é composto por nitrogênio na forma molecu-
lar N2, o que faz da atmosfera um enorme reserva-
tório desse gás. Apesar disso, ele não é aprovei-
tado diretamente pela maior parte dos seres vivos, 
pois apenas alguns microrganismos têm a capaci-
dade de fixar o nitrogênio do ar. Mas então como 
os demais seres vivos obtém nitrogênio necessário 
para as suas funções vitais? A resposta para essa 
pergunta está no ciclo do nitrogênio, que envolve 
associações entre esses microrganismos e outros 
seres vivos.
O ciclo do nitrogênio se divide nas seguintes 
etapas:
Fixação:
A fixação de nitrogênio envolve a retirada 
do N2 gasoso da atmosfera e sua incorporação ao 
solo em forma de amônia, NH3. Os seres capazes 
de realizar esse processo são as bactérias fixado-
ras de vida livre no solo, as cianobactérias, de vida 
aquática, e as bactérias fixadoras do gênero Rhizo-
bium, que vivem no interior dos nódulos das raízes 
de plantas leguminosas (como o feijão e a soja).
Essas bactérias que vivem nos nódulos das 
leguminosas, ao transformar o N2 em amônia, per-
mitem que a planta utilize o nitrogênio para a sín-
tese de suas moléculas orgânicas nitrogenadas, 
como mencionado anteriormente. Por sua vez, as 
bactérias utilizam parte da matéria orgânica produ-
zida pela planta, estabelecendo-se assim uma re-
lação proveitosa para ambas as espécies.
http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAwkIAI/ciclo-nitroge-
nio-na-natureza
Raiz de leguminosa com nódulos que abrigam bactérias 
fixadoras.
Nitrificação:
A amônia do solo é produzida tanto pela fi-
xação, realizada pelas bactérias fixadoras, quanto 
pela decomposição de matéria orgânica e pela ex-
creção animal. No solo, as bactérias nitrificantes
transformam a amônia (NH3) em nitritos (NO2
posteriormente, em nitratos (NO3 ni-
tratos no solo também são absorvidos pelas plan-
tas. Ao se alimentar das plantas, os consumidores 
de primeira ordem obtém o nitrogênio necessário 
para as suas funções vitais, e o mesmo ocorre aos 
demais níveis tróficos, conforme se segue a cadeia 
alimentar.
Essa transformação de amônia em nitrito é 
feita pelas bactérias do gênero Nitrosomonas, e 
pode ser descrita pela reação:
Em seguida, o nitrito é transformado em ni-
trato pelas bactérias do gênero Nitrobacter, e pode 
ser descrita pela reação:
Desnitrificação:
Nesta etapa do ciclo do nitrogênio, bacté-
rias desnitrificantes extraem o nitrogênio do ni-
trito (NO2 nitrato (NO3
mosfera sob a forma gasosa N2, fechando o ciclo. 
Exemplos de bactérias que realizam esse processo 
são do gênero Pseudomonas.
Ciclo do nitrogênio.
O nitrogênioé um dos nutrientes mais necessá-
rios à vida das plantas. No entanto, o solo nem 
sempre é capaz de suprir toda a demanda de nitro-
gênio das plantas ali presentes, razão pela qual tal 
NO2 2 3
(nitrito) (nitrato)
21
Ecologia
Capítulo 3
nutriente integra a composição da grande maioria 
dos adubos vendidos no mercado. Segue no qua-
dro abaixo um texto acerca da adubação química e 
da adubação verde, que não utiliza adubos indus-
triais.
ADUBAÇÃO VERDE E ADUBAÇÃO QUÍMICA
Visando melhorar a produção de suas lavouras, 
os agricultores podem utilizar duas formas de adu-
bação para aumentar no solo a taxa de nitrogênio 
assimilável pelas plantas: a adubação verde e a 
química.
Na adubação verde plantam-se leguminosas, 
pois elas têm em suas raízes as bactérias fixadoras 
de nitrogênio. Isso aumenta o teor de nitrogênio no 
solo, constituindo uma forma natural de adubação. 
O plantio de leguminosas para este fim pode ser 
feito basicamente de duas maneiras:
Em períodos alternados com outras cultu-
ras de plantas não leguminosas, como o mi-
lho, o que é chamado rotação de culturas;
Concomitantemente, realizando 
plantações de leguminosas juntamente 
com plantas não leguminosas, o que recebe 
o nome de plantação consorciada.
Na adubação química, adicionam-se ao solo 
adubos sintéticos que contêm nitrogênio fixado por 
meios industriais e transformado em nitrato. Nos 
adubos químicos, além de nitratos, geralmente es-
tão presentes outros produtos, como o fósforo.
Com a adubação verde e especialmente a quí-
mica, o ser humano está interferindo de modo sig-
nificativo no ciclo do nitrogênio, aumentando a taxa 
de aproveitamento desse elemento pelos seres vi-
vos.
Entretanto, o uso de fertilizantes químicos ricos 
em nitrato precisa ser feito com critério, pois, se 
aplicados em excesso, esses fertilizantes são 
transportados pelas chuvas, atingindo rios, mares 
e o lençol freático, que alimenta muitos poços cons-
truídos para abastecimento de água. Alguns tipos 
de verdura, quando cultivados em solos com ex-
cesso de nitrato, absorvem e concentram essa 
substância. A ingestão de água ou verduras com 
excesso de nitrato pode causar uma doença 
chamada metaemoglobinemia, uma forma grave 
de anemia, decorrente da união do nitrogênio com 
a hemoglobina.
Fonte: LOPES, Sônia; ROSSO, Sérgio. Biolo-
gia: volume 1. São Paulo; Saraiva, 2010.
LISTA DE EXERCÍCIOS 3
1. (ENEM) Os ingredientes que compõem uma gotí-
cula de nuvem são o vapor de água e um núcleo de 
condensação de nuvens (NCN). Em torno desse nú-
cleo, que consiste em uma minúscula partícula em 
suspensão no ar, o vapor de água se condensa, for-
mando uma gotícula microscópica, que, devido a 
uma série de processos físicos, cresce até precipi-
tar-se como chuva.
Na floresta Amazônica, a principal fonte natural de 
NCN é a própria vegetação. As chuvas de nuvens 
baixas, na estação chuvosa, devolvem os NCNs, 
aerossóis, à superfície, praticamente no mesmo lu-
gar em que foram gerados pela floresta. As nuvens 
altas são carregadas por ventos mais intensos, de 
altitude, e viajam centenas de quilômetros de seu lo-
cal de origem, exportando as partículas contidas no 
interior das gotas de chuva.
Na Amazônia, cuja taxa de precipitação é uma das 
mais altas do mundo, o ciclo de evaporação e preci-
pitação natural é altamente eficiente.
Com a chegada, em larga escala, dos seres huma-
nos à Amazônia, ao longo dos últimos 30 anos, 
parte dos ciclos naturais está sendo alterada. As 
emissões de poluentes atmosféricos pelas queima-
das, na época da seca, modificam as características 
físicas e químicas da atmosfera amazônica, provo-
cando o seu aquecimento, com modificação do perfil 
natural da variação da temperatura com a altura, o 
que torna mais difícil a formação de nuvens.
Paulo Artaxo et al. O mecanismo da floresta para
fazer chover. In: Scientific American Brasil, ano 1,
n.º 11, abr./2003, p. 38-45 (com adaptações).
Na Amazônia, o ciclo hidrológico depende funda-
mentalmente:
a) da produção de CO2 oriundo da respiração das 
árvores.
b) da evaporação, da transpiração e da liberação de 
aerossóis que atuam como NCNs.
c) das queimadas, que produzem gotículas micros-
cópicas de água, as quais crescem até se precipita-
rem como chuva.
d) das nuvens de maior altitude, que trazem para a 
floresta NCNs produzidos a centenas de quilôme-
tros de seu local de origem.
e) da intervenção humana, mediante ações que mo-
dificam as características físicas e químicas da at-
mosfera da região.
2. (ENEM) Na região semiárida do Nordeste brasi-
leiro, mesmo nos anos mais secos, chove pelo me-
nos 200 mil metros por ano. Durante a seca, muitas 
pessoas, em geral as mães de família, têm de cami-
nhar várias horas em busca de água, utilizando açu-
des compartilhados com animais e frequentemente 
contaminados. Sem tratamento, essa água é fonte 
de diarreias, parasitas intestinais, e uma das respon-
sáveis pela elevada mortalidade infantil da região. 
Os açudes secam com frequência, tornando neces-
sário o abastecimento das populações por carros-
pipa, uma alternativa cara e que não traz solução 
definitiva ao abastecimento de água.
OSAVA, M. Chuva de beber Cisternas para 50 mil 
famílias. Revista Eco21 n. 96 novembro 2004 
(adaptado).
Considerando o texto, a proposta mais eficaz para 
reduzir os impactos da falta de água na região seria
a) subsidiar a venda de água mineral nos estabele-
cimentos comerciais.
b) distribuir gratuitamente remédios contra parasi-
tas e outras moléstias intestinais.
c) desenvolver carros-pipa maiores e mais econô-
micos, de forma a baratear o custo da água trans-
portada.
d) captar água da chuva em cisternas, permitindo 
seu adequado tratamento e armazenamento para 
consumo.
e) promover a migração das famílias mais necessi-
tadas para as regiões Sudeste e Sul, onde as chu-
vas são abundantes.
3. (UEA) Observe o esquema. 
Sobre o esquema, foram feitas as seguintes afirma-
ções: 
23
Ecologia
Capítulo 3
I. O material orgânico presente nos tecidos 
vegetais é proveniente da atmosfera. 
II. O processo indicado em 1 ocorre preferen-
cialmente durante a noite, e corresponde à respira-
ção. 
III. O processo indicado em 2 corresponde à li-
beração de energia dissipada na respiração dos 
animais. 
IV. O processo indicado em 3 é realizado por 
bactérias e fungos, logo, são imprescindíveis para 
a reciclagem da matéria. 
V. A principal contribuição dos países desen-
volvidos para a intensificação do efeito estufa está 
indicado no processo 4. 
Está correto o contido em: 
a) I, apenas. 
b) I e II, apenas. 
c) I e IV, apenas. 
d) I, IV e V, apenas. 
e) I, II, III, IV e V.
4. (PUC) Em 1953, foi evidenciada no Japão, uma 
doença denominada "Mal de Minamata", em que as 
pessoas afetadas apresentavam distúrbios de vi-
são, audição e coordenação.
Resíduos com mercúrio foram despejados nas 
águas da baia de Minamata. O mercúrio foi absor-
vido pelo plâncton que servia de alimento para mo-
luscos e para certos peixes. Por sua vez, os molus-
cos eram predados por outros grupos de peixes e 
os peixes representavam a dieta básica das pes-
soas da região. Sabendo-se que o mercúrio tem 
efeito cumulativo, espera-se encontrar
a) maior concentração dessa substância no ho-
mem e menor concentração no plâncton.
b) maior concentração dessa substância no plânc-
ton e menor concentração no homem.
c) maior concentração dessa substância no plânc-
ton e menor concentração nos peixes e nos molus-
cos.
d) a mesma concentração dessa substância no 
plâncton, nos moluscos e nos peixes e uma maior 
concentração no homem.
e) a mesma concentração dessa substância em to-
dos os elos da teia alimentar descrita.
5. (FGV) A afirmação correta é:
a) Ecossistemas saudáveis são aqueles onde os 
humanos têm intervindo para assegurar que sejam 
aceitáveis à maioria.
b) A introdução de espécies vegetais não-nativasé 
benéfica à saúde do ecossistema.
c) As espécies no topo da cadeia alimentar fre-
quentemente contêm concentrações mais altas de 
substâncias tóxicas do que aquelas na base dessa 
cadeia.
d) Bioconcentração e biomagnificação são sinôni-
mos.
e) Uma vez destruído, um ecossistema não pode 
ser recuperado.
6.
lhas mortas, casca de frutas, restos de alimentos 
quando queimados liberam gases poluentes. [...] 
Use este material para fazer um fertilizante natural. 
Consiga um latão, perfure-o nas laterais e vá inter-
terra. Coloque em local arejado e mantenha sem-
pre úmido, mas não demais. Em poucos meses, o 
material ficará uniforme, escuro, com cheiro de boa 
(informação na Internet: www.meioambi-
ente.org.br/conversa.htm; Jornal Urtiga, Associa-
ção Ituana de Proteção Ambiental, Itu.) a) Que pro-
cesso transforma o lixo em adubo? Explique em 
que consiste esse processo, indicando os organis-
mos envolvidos.
b) Cite dois produtos desse processo presentes no 
fertilizante, que são utilizados como fonte de ma-
cronutrientes pelas plantas.
7. (Fuvest- SP) Após alguns meses de monitora-
mento de uma região de floresta temperada (de ju-
lho a dezembro de 1965), a vegetação de uma área 
foi derrubada e impediu-se o crescimento de novas 
plantas.Tanto a área de floresta intacta quanto a 
área desmatada continuaram a ser monitoradas 
durante os dois anos e meio seguintes (de janeiro 
de 1966 a junho de 1968). O gráfico a seguir mos-
tra as concentrações de nitratos presentes nas 
águas de chuva drenadas das duas áreas para cór-
regos próximos.
a) Se, em 1968, a vegetação da área intacta ti-
vesse sido removida e ambas as áreas tivessem 
sido imediatamente usadas para cultivo de cereais, 
era de se esperar que houvesse maior produtivi-
dade de grãos em uma delas? Por quê?
b) Qual elemento químico do nitrato é fundamental 
para a manutenção de um ecossistema? Por quê?
8. (Fuvest) O esquema representa o ciclo do ele-
mento nitrogênio. 
a) Explique de que maneira os animais obtêm ni-
trogênio para a fabricação de suas substâncias or-
gânicas. 
b) Em quais dos processos indicados por letras (A, 
B, C, D e E) participam bactérias? 
c) Qual a importância do processo E para a conti-
nuidade da vida?
9. (Fuvest )A figura abaixo mostra alguns dos inte-
grantes do ciclo do carbono e suas relações.
a) Complete a figura acima, indicando com setas 
os sentidos das linhas numeradas, de modo a re-
presentar a transferência de carbono entre os inte-
grantes do ciclo.
b) Indique o(s) número(s) da(s) linha(s) cuja(s) 
seta(s) representa(m) a transferência de carbono 
na forma de molécula orgânica.
10. (ENEM) A aplicação excessiva de fertilizantes 
nitrogenados na agricultura pode acarretar altera-
ções no solo e na água pelo acúmulo de compostos 
nitrogenados, principalmente a forma mais oxi-
dada, favorecendo a proliferação de algas e plan-
tas aquáticas e alterando o ciclo do nitrogênio, re-
presentado no esquema. A espécie nitrogenada 
mais oxidada tem sua quantidade controlada por 
ação de microrganismos que promovem a reação 
de redução dessa espécie, no processo denomi-
nado desnitrificação.
O processo citado está representado na etapa: 
a) I. 
b) II. 
c) III. 
d) IV. 
e) V.
25
Ecologia
Capítulo 3
11. (ENEM) Os seres vivos mantêm constantes tro-
cas de matéria com o ambiente mediante proces-
sos conhecidos como ciclos biogeoquímicos. O es-
quema representa um dos ciclos que ocorrem nos 
ecossistemas.
O esquema apresentado corresponde ao ciclo bio-
geoquímico do(a) 
A) água. 
B) fósforo. 
C) enxofre. 
D) carbono. 
E) nitrogênio.
12. Ao percorrer o trajeto de uma cadeia 
alimentar, o carbono, elemento essencial e majori-
tário da matéria orgânica que compõe os indiví-
duos, ora se encontra em sua forma inorgânica, ora 
se encontra em sua forma orgânica. Em uma ca-
deia alimentar composta por fitoplâncton, zoo-
plâncton, moluscos, crustáceos e peixes ocorre a 
transição desse elemento da forma inorgânica para 
a orgânica. 
Em qual grupo de organismos ocorre essa transi-
ção? 
a) Fitoplâncton. 
b) Zooplâncton. 
c) Moluscos. 
d) Crustáceos. 
e) Peixes.
CAPÍTULO 4 - INTERAÇÕES ECOLÓGICAS
Interações entre os seres vivos
Os seres vivos de um ecossistema intera-
gem entre si, e, para podermos estudar essas inte-
rações, iremos agrupá-las conforme alguns crité-
rios. Podemos classificar as interações de acordo 
com os indivíduos que as compõem, verificando se 
eles são da mesma espécie ou não, ou ainda po-
demos classificar de acordo com a vantagem ou o 
prejuízo que a interação traz aos indivíduos envol-
vidos.
Interações que ocorrem entre indivíduos de 
uma mesma população, ou seja, entre indivíduos 
da mesma espécie, recebem o nome de intraes-
pecífica. Já interações que ocorrem entre indiví-
duos de populações distintas, ou seja, de espécies 
diferentes, recebem o nome de interespecífica.
Se uma interação não trouxer prejuízo aos 
envolvidos e trouxer vantagem ao menos a um de-
les, chamamos de uma interação harmônica, ou 
positiva. No caso da interação trazer prejuízo ao 
menos a um dos indivíduos envolvidos, chamamos 
de uma interação desarmônica, ou negativa. Utili-
zamos o sinal de (+) para relações harmônicas e o 
sinal de (-) para as relações desarmônicas.
Vejamos quais são essas relações e em 
quais categorias elas se enquadram.
Mutualismo
O mutualismo é uma associação em que am-
bos os indivíduos se beneficiam. Essa associação 
pode ser obrigatória para a sobrevivência dos indi-
víduos ou não, e nesse último caso pode receber o 
nome de protocooperação.
Exemplos dessa interação são os liquens, que 
se constituem de uma associação entre algas e 
fungos. A partir da fotossíntese, a alga produz ma-
téria orgânica, que serve de alimento ao fungo. Por 
sua vez, o fungo retêm umidade e sais e fornece à 
alga certa proteção. Isso permite que os liquens ha-
bitem locais em que nem as algas e nem os fungos, 
isoladamente, sobreviveriam.
Vimos uma relação de mutualismo quando es-
tudamos o ciclo do nitrogênio, entre as bactérias fi-
xadoras de nitrogênio e as raízes de leguminosas. 
As bactérias fixam o nitrogênio atmosférico, permi-
tindo que a planta o utilize na síntese de suas bio-
moléculas, enquanto a planta fornece alimento e 
abrigo às bactérias.
Outro exemplo de mutualismo é o do caran-
guejo paguro e anêmona. O paguro vive dentro de 
conchas de moluscos vazias, que ele carrega ao se 
locomover, e, frequentemente, anêmonas se fixam 
do lado externo dessas conchas, sendo carregadas 
também. Devido à anêmona produzir substâncias 
urticantes, confere certa proteção ao paguro afu-
gentando predadores, enquanto é beneficiada por 
aumentar sua área de alimentação enquanto é 
transportada pelo paguro. Essa associação não é 
obrigatória, como as duas anteriores, mas traz be-
nefícios a ambos.
Líquem no tronco de uma árvore.
Caranguejo paguro com anêmona.
Comensalismo
Nessa interação, um dos participantes é bene-
ficiado enquanto o outro é neutro, sem obter vanta-
gem ou prejuízo. Um exemplo de comensalismo é 
o caso das rêmoras, que são peixes que se fixam 
à superfície ventral de tubarões por uma ventosa 
que têm na cabeça. Elas obtêm transporte e se ali-
mentam de restos de alimentos do tubarão, en-
quanto os tubarões às toleram.
Um tipo de comensalismo entre plantas que re-
cebe um nome específico é o epifitismo
27
Ecologia
Capítulo 4
seja, são plantas que vivem uma sobre a outra. As 
epífitas usam as árvores apenas como suporte, 
sem causar prejuízo, pois não são parasitas, po-
dendo receber raios de sol que não receberiam se 
estivessem mais baixas. Exemplos de epífitas são 
as bromélias e as orquídeas.
Orquídea, uma planta epífita, sobre um tronco.
Rêmoras presas a um tubarão.
Colônias
São associações entre indivíduos de uma 
mesma espécie, que permanecem ligados en-
tre si, podendo ou não apresentar uma divisão 
de trabalhos. São exemplosdisso as caravelas, 
colônias de cnidários (águas vivas). Cada cara-
vela é uma colônia com indivíduos reproduto-
res, alimentadores e protetores. Os protetores 
são os tentáculos da colônia, cotendo células 
que produzem substância urticante. O flutuador 
(bolsa que fica acima do nível da água) é tam-
bém um indivíduo cheio de gás que arrasta os 
outros indivíduos.
Caravela com um peixe preso a seus tentáculos ur-
ticantes.
Sociedades
Uma sociedade é um grupo de indivíduos da 
mesma espécie, não ligados, que se organizam de 
modo cooperativo, com divisão de trabalho, e que 
trocam estímulos sensíveis. São exemplos uma so-
ciedade de formigas ou uma sociedade de cupins.
Competição
Em uma competição, indivíduos competem por 
um mesmo recurso que está em escassez no ecos-
sistema em que vivem. Se o recurso for abundante, 
não faz sentido pensar em competição, uma vez 
que todos os indivíduos podem obtê-lo. Um recurso 
pode ser abiótico (comida, espaço físico) ou biótico 
(fêmeas para acasalamento).
A competição pode ser entre indivíduos de uma 
mesma espécie, intraespecífica, ou entre indiví-
duos de espécies diferentes. Qualquer tipo de com-
petição serve como um regulador do tamanho das 
populações.
Predação
A predação estabelece relação entre um indiví-
duo que é a presa, o qual tem prejuízo, e outro que 
é o predador, o qual tem vantagem. O predador 
mata a presa para se alimentar.
É possível representar graficamente uma rela-
ção de predação, como é mostrado a seguir. Note 
que as curvas mostrando o número de lebres, que 
é a presa, são sempre maiores do que as curvas 
mostrando o número de linces, que é o predador. 
Isso faz sentido, pois a lebre ocupa um nível trófico 
mais baixo do que o lince, e, como vimos nas pirâ-
mides ecológicas, níveis tróficos mais baixos ten-
dem a ter mais biomassa e ser mais numerosos. 
Outro dado interessante é que a curva dos linces 
sempre tem um pico mais tardio do que as curvas 
das lebres, uma vez que o aumento do número de 
predadores depende do aumento de número de 
presas. Por sua vez, o aumento do número de lin-
ces, os predadores, faz decair o número de lebres, 
as presas. Dessa forma, as populações sofrem flu-
tuação e são reguladas por essa interação.
Gráfico de flutuação da população de linces (predador) 
e lebres (presas).
Parasitismo
Ao contrário do que ocorre na predação, geral-
mente no parasitismo o parasita não mata o hospe-
deiro, apesar de se alimentar dele. Os parasitas 
costumam ser específicos aos seus hospedeiros e 
também ocorre regulação entre as populações en-
volvidas. Podem ser ectoparasitas, os quais ata-
cam órgãos externos dos seus hospedeiros, como 
os piolhos, ou endoparasitas, os quais vivem no in-
terior dos hospedeiros, como as lombrigas.
Amensalismo
Nessa interação, uma espécie inibi-
dora impede o crescimento de outra, cha-
mada amensal. Um exemplo é o caso da 
penicilina (utilizada como antibiótico) produ-
zida por fungos e que inibe o crescimento 
de bactérias.
Placa de Petri com fungos (círculo) inibindo o cresci-
mento de colônia de bactérias (zigue-zague).
29
Ecologia
Capítulo 4
Fonte: CÉSAR DA SILVA JÚNIOR, SEZAR SASSON & NEL-
SON CALDINI JÚNIOR. Biologia - Volume Único. 5ª Edição. 
Editora: Saraiva. 2011.
Tabela com os tipos de interações e suas classificações.
LISTA DE EXERCÍCIOS 4
1. (Unifesp) Os cupins que se alimentam da ma-
deira das casas, na verdade, não são capazes de 
digerir a celulose. Para isso, contam com a ação de 
protozoários que vivem em seu aparelho digestó-
rio, que também se alimentam do material ingerido 
pelos cupins. Considerando a relação existente en-
tre ambos e seu nível trófico, podemos afirmar que:
2. (UFPR) Bromélias, orquídeas e ervas-de-passa-
rinho são plantas que habitam as árvores. As pri-
meiras (bromélias e orquídeas) são plantas que de 
fato apenas habitam as árvores, não retirando do 
hospedeiro recurso algum, tais como água e nutri-
entes minerais ou orgânicos. As últimas (ervas-de-
passarinho), no entanto, são plantas que fazem fo-
tossíntese, mas retiram, através de suas raízes, 
água e nutrientes minerais do seu hospedeiro. So-
bre esses dois exemplos de relações entre organis-
mos, é correto afirmar:
(01) Ambos os casos tratam de relações ecológicas 
inter-específicas, já que as partes envolvidas per-
tencem a espécies diferentes.
(02) Duas espécies de plantas não são capazes de 
estabelecer uma relação ecológica, tendo em vista 
que plantas não se deslocam e, portanto, não inte-
ragem. Relações ecológicas ocorrem sempre en-
tre animais ou entre animais e plantas.
(04) As bromélias e as orquídeas são plantas epífi-
tas e utilizam o hospedeiro apenas como suporte. 
Dessa forma, elas não causam dano ao hospe-
deiro, à exceção de possíveis quebras devido ao 
seu peso, quando presentes em grande quanti-
dade.
(08) As ervas-de-passarinho são plantas parasitas, 
explorando recursos retirados do hospedeiro. 
Dessa forma, elas causam dano ao hospedeiro, já 
que este perderá recursos importantes que pode-
riam ser utilizados para o seu crescimento ou re-
produção.
(16) A relação das bromélias e orquídeas com seu 
hospedeiro é do tipo "mutualismo", visto que am-
bas as partes (epífitas e hospedeiro) beneficiam-se 
dessa relação.
(32) As relações ecológicas têm uma importância 
muito grande na manutenção da biodiversidade. 
Ambientes com representantes que interagem atra-
vés de relações ecológicas complexas têm mais ni-
chos a serem explorados e, portanto, maior riqueza 
de espécies.
3. (ENEM) O controle biológico, técnica empregada 
no combate a espécies que causam danos e preju-
ízos aos seres humanos, é utilizado no combate à 
lagarta que se alimenta de folhas de algodoeiro. Al-
gumas espécies de borboleta depositam seus ovos 
nessa cultura. A microvespa Trichogramma sp. in-
troduz seus ovos nos ovos de outros insetos, inclu-
indo os das borboletas em questão. Os embriões 
da vespa se alimentam do conteúdo desses ovos e 
impedem que as larvas de borboleta se desenvol-
vam. Assim, é possível reduzir a densidade popu-
lacional das borboletas até níveis que não prejudi-
quem a cultura.
A técnica de controle biológico realizado pela mi-
crovespa Trichogramma sp. consiste na:
a) introdução de um parasita no ambiente da 
espécie que se deseja combater.
b) introdução de um gene letal nas borboletas, 
a fim de diminuir o número de indivíduos.
c) competição entre a borboleta e a micro-
vespa para a obtenção de recursos.
d) modificação do ambiente para selecionar in-
divíduos melhor adaptados.
e) aplicação de inseticidas a fim de diminuir o 
número de indivíduos que se deseja combater.
31
Ecologia
Capítulo 4
4. (Fuvest) Que tipo de interação biológica pode ser 
representada pelo gráfico?
a) Predação
b) Protocooperação
c) Inquilinismo
d) Mutualismo
5. (FUVEST) O gráfico a seguir representa o cres-
cimento de uma população de herbívoros e da po-
pulação de seus predadores: 
a) Pela análise do gráfico, como se explica o ele-
vado número de predadores nos pontos I, II e III? 
Justifique sua resposta. 
b) Se, a partir de 1935, os predadores tivessem 
sido retirados da região, o que se esperaria que 
acontecesse com a população de herbívoros? Jus-
tifique sua resposta.
6. (Fuvest) As mariposas da espécie Diataea sac-
charalis colocam seus ovos na parte inferior de fo-
lhas de cana-de-açúcar. Esses ovos desenvolvem-
se em larvas que penetram no caule e se alimen-
tam do parênquima ali presente. 
As galerias feitas por essas larvas servem de porta 
de entrada para fungos da espécie Colleotrichum 
falcatum. Esses fungos alimentam-se da sacarose 
armazenada no caule. As usinas de açúcar e álcool 
combatem as mariposas, liberando pequenas ves-
pas (Cofesia flavipes), cujos ovos são depositados 
sobre as larvas das mariposas. Quando os ovos 
eclodem, as larvas da vespa passam a se alimentar 
das larvas da mariposa.a) Com base nas informações contidas no texto 
acima, indique os organismos que ocupam os se-
guintes níveis tróficos: 
a1) produtor; 
a2) consumidor primário; 
a3) consumidor secundário. 
b) Dentre as interações descritas nesse texto, 
indique uma que você classificaria como parasi-
tismo, justificando sua resposta.
7. (Unicamp) A distribuição de uma espécie em 
uma determinada área pode ser limitada por dife-
rentes fatores bióticos e abióticos. Para testar a in-
fluência de interações bióticas na distribuição de 
uma espécie de alga, um pesquisador observou a 
área ocupada por ela na presença e na ausência 
de mexilhões e/ou ouriços-do-mar. Os resultados 
do experimento estão representados no gráfico 
abaixo:
a) Que tipo de interação biótica ocorreu no ex-
perimento? Que conclusão pode ser extraída do 
gráfico quando se analisam as curvas B e C?
b) Cite outros dois fatores bióticos que podem 
ser considerados como limitadores para a distribui-
ção de espécies.
8. (UFRJ) Na China, os pulgões da espécie Toxop 
Toxoptera aurantii causam grandes prejuízos às 
plantações de Chá Preto (Camellia sinensis). O 
gráfico a seguir mostra os resultados de duas ex-
periências, feitas em laboratório, nas quais foi me-
dida a capacidade de as folhas de chá danificadas 
por pulgões e as folhas íntegras atraírem insetos 
carnívoros predadores; na experiência 1, os preda-
dores usados foram joaninhas (Coccinella septem-
punctata) e, na experiência 2, neurópteros 
(Chrysopa sinica)
Explique como o fenômeno evidenciado pelas ex-
periências contribui para a sobrevivência das plan-
tas de chá.
9. (Vunesp) As curvas da figura representam, uma, 
a relação existente entre a probabilidade de encon-
tro de uma planta jovem em diferentes distâncias a 
partir da árvore-mãe e, outra, a probabilidade de 
sobrevivência dessas plantas jovens.
a) Que curva deve representar a probabilidade de 
sobrevivência das plantas jovens em relação à dis-
tância da árvore-mãe? Cite duas relações interes-
pecíficas que podem ser responsáveis pela tendên-
cia observada nessa curva. 
b) Cite um exemplo de mutualismo entre a árvore-
mãe e animais que pode contribuir para o estabe-
lecimento de plantas jovens em pontos distantes 
dessa árvore.
33
Ecologia
Capítulo 4
10. (UERJ) Os gráficos adiante apresentam as dis-
tribuições de freqüência percentual dos indivíduos 
de duas espécies de moluscos fitófagos, em rela-
ção ao comprimento de suas conchas, nas condi-
ções de alopatria e de simpatria. Na simpatria, ao 
contrário da alopatria, as espécies ocupam o 
mesmo espaço geográfico.
a) Identifique o tipo de interação existente entre as 
espécies que explica as diferenças observadas nos 
gráficos. Justifique sua resposta.
b) Cite dois fatores relacionados ao nicho ecológico 
que permitem, às duas espécies mencionadas, 
permanecer em simpatria.
11.(Fuvest) Num determinado lago, a quantidade 
dos organismos do fitoplâncton é controlada por 
um crustáceo do gênero Artemia, presente no zoo-
plâncton. Graças a esse equilíbrio, a água perma-
nece transparente. Depois de um ano muito chu-
voso, a salinidade do lago diminuiu, o que permitiu 
o crescimento do número de insetos do gênero Tri-
chocorixa, predadores de Artemia. A transparência 
da água do lago diminuiu. Considere as afirma-
ções: 
I. A predação provocou o aumento da população 
dos produtores. 
II. A predação provocou a diminuição da população 
dos consumidores secundários. 
III. A predação provocou a diminuição da popula-
ção dos consumidores primários. 
Está correto o que se afirma apenas em 
a) I. 
b) II. 
c) III. 
d) I e III. 
e) II e III.
Existem bactérias que inibem o cresci-
mento de um fungo causador de doenças no toma-
teiro, por consumirem o ferro disponível no meio. 
As bactérias também fazem fixação de nitrogênio, 
disponibilizam cálcio e auxinas, substâncias que 
estimulam diretamente o crescimento do tomateiro. 
PELZER, G. Q. et al. Mecanismos de controle da 
murcha-de-esclerócio e promoção de crescimento 
em tomateiro mediados por rizobactérias. Tropical 
PlantPathology, v. 36, n. 2, mar.-abr. 2011 (adap-
tado). 
Qual dos processos biológicos mencionados indica 
uma relação ecológica de competição? 
a) Fixação de nitrogênio para o tomateiro. 
b) Disponibilização de cálcio para o tomateiro 
c) Diminuição da quantidade de ferro disponível 
para o fungo. 
d) Liberação de substâncias que inibem o cresci-
mento do fungo. 
e) Liberação de auxinas que estimulam o cresci-
mento do tomateiro.
34
Citologia e Genética
Capítulo 1
Professora Beatriz Folchini
36
CAPITULO 1 CITOLOGIA COMPARADA: PROCARIONTES X EUCARIONTES
A vida é um fenômeno celular
O biofísico norte-americano Harold Mo-
rowitz (1927 - 2016) enfatizou que, no meio aquoso 
em que surgiu a vida, era necessária uma barreira 
não-aquosa para separar a vida da não vida (figura 
1). Era necessária uma entidade mínima contida 
em uma membrana que a separava do meio ex-
terno, formando uma individualidade interna que 
poderia vir a ser chamada de vida. A célula é então 
formada e delimitada por uma membrana celular 
comum a todos os seres vivos autopoéticos, e é 
necessária que esteja intacta nos mesmos seres. É 
uma precondição de metabolismo, que discutire-
mos inteiramente no capítulo.
Figura 1 Primeiras barreiras delimitadoras dos possíveis 
primeiros seres vivos
Seres autopoéticos são aqueles que se repro-
duzem e formam novos seres vivos por conta 
própria, ou seja, são seres que geram novas vi-
das a partir deles, que também são seres vivos.
Metabolismo são todos os processos de cons-
trução e destruição de moléculas com o intuito 
de fornecer energia e matérias para a manuten-
ção, crescimento e proliferação celular e, em úl-
tima instância, dos seres vivos.
O que é uma célula
De modo mais direto, podemos definir as 
descobertas a partir do surgimento de aparelhos 
capazes de ampliar imagens de pequenos objetos 
centenas de vezes: os microscópios. Acredita-se
que o microscópio tenha sido inventado em 1591 
por Hans Janssen e seu filho Zacharias, dois ho-
landeses fabricantes de óculos. Tudo indica, po-
rém, que o primeiro a fazer uso do mesmo, de 
modo sistemático com materiais biológicos, foi ou-
tro holandês, Antonie van Leeuwenhoek (1632 
1723)
Leeuwenhoek, a partir dos microscópios, 
pôde observar embriões de plantas, glóbulos ver-
melhos de sangue e espermatozóides de sêmem 
de animais. Além disso pode observar microorga-
nismos.
Influenciado por ele, o inglês Robert Hooke 
(1635 1703) aprimorou a tecnologia microscópica 
e observou fatias finas de cortiça, que nada mais 
são do que pedaços finos da casca de árvores (fi-
gura 2). Constatou que essas fatias eram constitu-
ídas de caixinhas microscópicas vazias, as quais 
ele chamou de , termo em inglês que significa 
cela ou cavidade, dando origem, mais tarde, ao 
termo célula.
A partir daí, observou-se outros tecidos da 
planta, constatando-se que existiam as mesmas 
caixinhas, só que agora preenchidas por líquidos 
que se movimentavam (figura 3). Posteriormente, 
descobriu-se que as células da cortiça são mortas, 
e portanto vazias de conteúdo, enquanto que as 
células mais internas são vivas, e portanto preen-
chidas por líquidos e outros componentes.
37
Citologia e Genética
Capítulo 1
FIGURA 2
mortas e, portanto, ocas
FIGURA 3 Células vegetais vivas e preenchidas com 
líquido
Novos estudos mostraram que outros gru-
pos de seres vivos, como animais, fungos e algas, 
também eram constituídos por tipos celulares, só 
que com algumas pequenas diferenças que foram 
sendo traçadas ao longo do tempo, principalmente 
com o aprimoramento contínuo dos microscópios.
Em 1833, o botânico escocês Robert Brown 
(1773 1858) descobriu que a maioria das células, 
tanto animais quanto vegetais, apresentavam uma 
estrutura ovóide ou esférica em seu interior, a qual 
ele deu o nome de núcleo.Outras observações de-
ram conta da existência de uma fina película deli-
mitando as células, a qual é hoje denominada 
como membrana plasmática (a mesma estrutura 
imaginada por Morowitz). No caso mais específicos 
das células vegetais, há ainda uma parede celular, 
que é um envoltório externo a membrana plasmá-
tica e confere mais rigidez a células de plantas.
Com o tempo, novas pequenas estruturas 
intracelulares (no interior das células) foram desco-
bertas e estudadas: as organelas. Mitocôndias, clo-
roplastos, centríolos, retículos endoplasmáticos ru-
gosos e lisos, complexos de golgi, ribossomos, en-
tre outros, permitiram concluir que cada células 
apresenta seu próprio aparato interno para a reali-
zação de tarefas específicas, como respiração, di-
visão celular, síntese, transporte e armazenamento 
de substância.
A Teoria Celular
O botânico alemão Mathias Schleiden 
(1804 1881) e o zoólogo também alemão Theo-
dor Schwann (1810 1882) solidificaram ainda 
mais a ideia de que todos os seres vivos são 
constituídos por células,
Essa teoria pode ser planificada de modo 
sucinto em três premissas:
A Todos os seres vivos são formados por células 
e por estruturas que elas produzem; as células são, 
portanto, as unidades morfológicas (relacionadas a 
forma) dos seres vivos
B As atividades essenciais que caracterizam a 
vida ocorrem no interior das células; estas são, por-
tanto, as unidades funcionais ou fisiológicas dos 
seres vivos.
C Novas células formam-se apenas pela repro-
dução de células preexistentes, por meio de um 
processo denominado de divisão celular.
O grande divisor celular
Considerando que o primeiro ser vivo deve-
ria ter características semelhantes as bactérias atu-
ais. Entre outras características, uma delas bem 
evidenciada é a existência de um material genético 
disperso no interior celular sem uma proteção ex-
tra. Ou seja, o DNA bacteriano é disperso no líquido 
intracelular, que denominados de citoplasma (ou 
hialoplasma, para ser mais preciso). Se imagina-
mos que TODAS as informações necessárias para 
o funcionamento de um ser vivo e sua reprodução 
estão presentes nessa molécula, vemos de forma 
38
clara sua importância. Assim, dependendo do grau, 
qualquer estrutura danificada no organismos pode 
ser regenerada pelo fato de que a informação para 
sua regeneração está contida no DNA celular. Con-
sequentemente, quanto maior a proteção desse 
DNA, melhor, o que nos dá a entender a fragilidade 
do DNA bacteriano, relativamente exposto (embora 
esses seres apresentem também uma parede ce-
lular específica ao redor da mesma membrana 
plasmática). Essa proteção extra e interna a célula 
do material genético foi outro evento evolutivo im-
portante que ocorreu no curso da história.
Teorias dão conta de que, há cerca de dois 
bilhões de anos, um novo tipo celular apareceu a 
partir de interações bacterianas. A alimentação 
bacteriana (e de muitos seres atuais, como amebas 
figura 4) se dá, também, através do engloba-
mento de partículas através da membrana plasmá-
tica, processo denominado como fagocitose. 
Nesse processo, a estrutura englobada é digerida 
(quebrada) no interior celular, formando pedaços 
minúsculos que a bactéria utiliza para a formação 
de novas estruturas para ela própria ou para a pro-
dução de energia, necessária para a efetuação dos 
processos vitais do ser unicelular.
Figura 4 Processo de fagocitose amebiano
No entanto, no momento citado há dois bi-
lhões de anos, provavelmente alguma coisa deu er-
rado. Uma fagocitose de uma bactérias sobre ou-
tra, que deveria ser finalizada tragicamente para a 
bactérias menor que seria digerida, não ocorreu. 
No meio do processo, depois de ter sido englo-
bada, por algum erro, algum acaso, tal bactéria não 
foi digerida. Permaneceu viva simbioticamente no 
interior o do seu, até então, algoz. 
um mútuo b
A simbiose nada mais é do que um processo de 
interação muito próxima entre dois ou mais se-
res vivos na qual há um mútuo benefício para 
ambos.
Essa interação, ao longo do tempo, resultou 
em células nucleadas, nas quais o material gené-
tico (DNA) está contido no interior de uma segunda 
membrana protetora, conferindo um benefício evo-
lutivo a seus portadores.
Ou seja, por mais inacreditável que possa 
parecer, uma explicação muito plausível para o sur-
gimento do núcleo é uma digestão não completada 
que beneficiou ambos os seres, que ganharam pro-
teção mútua. Como o astrofísico, cientista e divul-
gador científico norte americano Carl Sagan (1934-
mente extraordinários para termos que buscar ex-
Esse tipo de vida celular, com a presença 
do núcleo, formou um grupo de seres denominados 
protoctistas (no qual atualmente classificamos as 
algas e os protozoários) os quais, ao longo da evo-
lução, deram origem a nós humanos e nossas cé-
lulas, bem como as células vegetais e de fungos. 
ivos denominados 
Os 5 reinos de seres vivos denominados atual-
mente: bactérias (Reino Monera); protozoários 
e algas (Reino Protoctista); fungos (Reino 
Fungi); plantas (Reino Plantae) e animais 
(Reino Animallia).
Essa divisão quanto a organização celular 
fez com que dois grupos fossem criados, aqueles 
com núcleo celular, no qual há uma membrana in-
terna na célula envolvendo o DNA (portanto, mais 
seguro), e aquele sem a membrana interna, no qual 
o DNA se encontra disperso no meio intratracelular 
(portanto, menos seguro). A membrana nuclear de-
nominada carioteca foi responsável pelos nomes 
provenientes daí: seres procariontes e seres euca-
riontes (figura 5). 
39
Citologia e Genética
Capítulo 1
Procariontes, originado do latim pro primi-
tivo e carionte carioteca, são os seres desprovi-
dos do envoltório nuclear, portanto, as bactérias. 
Eucariontes, também do latim eu bom/perfeito e 
carionte carioteca, é composto pelos seres que 
apresentam a membrana nuclear envolvendo o 
DNA, portanto, os animais, plantas, fungos, algas e 
protozoários (lembrando que protozoários e algas 
constituem um único grupo, os protoctistas)
Conclusão
Vimos então como se descobriu e se definiu 
as unidades básicas da vida, utilizando-se de 
tecnologias de lentes que viriam a dar origem aos 
primeiros microscópios.
Passamos rapidamente por cima sobre 
como uma célula é constituída internamente e tam-
bém delimitada. Tais estrutuas serão bem estuda-
das nos capítulos 2 e 3, quando falaremos sobre 
membrana plasmática e organelas citoplasmáticas.
Por fim, vimos a importância de um evento 
simbiótico quase mágico e inimaginável, a endos-
simbiose (simbiose interna) entre duas células bac-
terianas como a explicação para o surgimento do 
núcleo, estrutura presente em eucariontes delimi-
tadora do DNA celular nesse grupo via carioteca 
(em contraposição aos procariontes bactérias 
sem carioteca).
Figura 5 Célula procariótica (sem núcleo definido) x célula eucariótica (com núcleo definido)
40
Exercícios
1. Qual a importância de se separar o meio interno 
celular do meio externo?
2. Qual a explicação para o fato de que as células 
mais externas das plantas (cortiça) são vazias em 
conteúdo, mas as células mais internas são preen-
chidas?
3. Quais as bases da teoria celular?
4. Como podemos diferenciar os dois grandes gru-
pos de seres vivos a partir do núcleo?
5. (Vunesp) Os procariontes diferenciam-se dos 
eucariontes porque os primeiros, entre outras 
características:
a) não possuem material genético.
b) possuem material genético como os eucariontes, 
mas são anucleados.
c) possuem núcleo, mas o material genético 
encontra-se disperso no citoplasma.
d) possuem material genético disperso no núcleo, 
mas não em estruturas organizadas denominadas 
cromossomos.
e) possuem núcleo e material genético organizado 
nos cromossomos.
6. (Unifor) A Teoria celular, proposta por Schleiden 
e Schwann, afirmava que
a) toda célula provém de uma célula pré-existente.
b) todas

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