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Introdução à microeconomia

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Introdução à microeconomia
Prof.ª Mariana Stussi Neves
Descrição
Compreender as escolhas de consumo e produção de consumidores e
firmas para o estudo da determinação das curvas de oferta e demanda
dos diferentes mercados, assim como o processo de formação de
preços e as diferentes dinâmicas de variação na renda, no preço de bens
e no custo de insumos.
Propósito
A escolha do consumidor e as decisões de produção da firma são
problemas básicos da ciência econômica. Entender essas decisões é
fundamental para o estudo de mercados e situações mais complexas
que são estudadas em tópicos de economia mais avançados.
Objetivos
Módulo 1
Escolha do consumidor
Identificar a escolha ótima de um consumidor racional a partir de
suas preferências e renda.
Módulo 2
Introdução à microeconomia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/0028...
1 of 60 18/03/2023 09:04
Curvas de indiferença
Reconhecer as curvas de indiferença e suas propriedades.
Módulo 3
Tipos de custo
Distinguir os tipos de custo da firma e suas aplicações.
Módulo 4
Lucro do produtor
Demonstrar a quantidade de produto para a maximização do lucro do
produtor.
Introdução
Pessoas se deparam todos os dias com escolhas sobre o gasto
da sua renda em bens e serviços. Quando vão a uma pizzaria, por
exemplo, elas devem decidir quantos pedaços querem comer e o
quanto estão dispostas a pagar por uma fatia de pizza ou por
toda a iguaria. Mesmo num rodízio, em que o preço é fixo e uma
fatia extra não tem custo, os fregueses precisam escolher se vale
a pena comer mais um pedaço ou se estão satisfeitos. Depois de
certa quantidade ingerida, comer mais pode despertar náuseas
ou enjoo; nestes casos, a satisfação com a comida diminui ao
invés de aumentar.
Podemos então afirmar que um cliente quer tirar o máximo de
satisfação de sua refeição dada a sua disposição de pagar por
ela. Mas como se mede o nível máximo de satisfação dos
consumidores? Não é tudo uma questão pessoal de gosto?

Introdução à microeconomia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/0028...
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Sim, é uma questão de gosto — e talvez seja o papel da
psicologia (e não da economia) tentar compreender como ele
surge. No entanto, os economistas podem dizer muito sobre
como um indivíduo racional se comporta para satisfazer esses
gostos pessoais e como os produtores ofertam bens e serviços
para atender os consumidores e suas preferências. Nosso
conteúdo gira em torno desses tópicos.
1 - Escolha do consumidor
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car a escolha ótima de um consumidor
racional a partir de suas preferências e renda.
Utilidade e consumo
Quando se fala sobre o comportamento do consumidor, não é uma
tarefa trivial medir o sentimento subjetivo de satisfação gerado ao
consumir uma pizza ou um refrigerante. Muito menos trivial se mostra a
comparação da sua satisfação com a de outros indivíduos. Felizmente,
isso não é necessário.
Para analisarmos esse comportamento, só precisamos supor que cada
pessoa busca maximizar alguma medida própria de satisfação obtida
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por meio do consumo de bens e serviços. A essa medida damos o nome
de utilidade do consumidor. Trata-se de um conceito utilizado pelos
economistas para compreender o comportamento de escolha, cujo
valor, na prática, sequer precisa ser medido. A utilidade do consumidor
depende de tudo aquilo que um indivíduo consome. O conjunto de bens
e serviços consumidos é chamado de cesta de consumo.
Exemplo
Duas fatias de pizza e um refrigerante podem constituir uma cesta de
consumo, enquanto três fatias e nenhum refrigerante podem ser outra.
Existe uma relação entre as cestas de consumo individuais possíveis e o
montante total de utilidade gerado por elas. Essa relação é conhecida
como função utilidade. Ela varia em cada indivíduo, pois trata-se de uma
questão pessoal e subjetiva.
Evidentemente, as pessoas não possuem calculadoras em suas
cabeças para medir exatamente o quanto de utilidade suas escolhas de
consumo irão gerar. Porém, ainda que de forma grosseira, elas tomam
decisões partindo do princípio de qual escolha irá lhes trazer mais
satisfação. Por exemplo, o que te faz mais feliz: viajar no feriado ou
comprar um videogame novo?
Para medir essa utilidade, podemos supor — a fim de simplificar o
processo — que ela possa ser mensurada com uma unidade hipotética
denominada util. Ilustrando um exemplo de função utilidade, o gráfico
(a) que segue mostra a utilidade total que Júlia obtém ao comer (sem
nenhum custo) salgadinhos numa festa:
A função utilidade de Júlia indica uma inclinação positiva em sua maior
parte, mas, à medida que o número de salgadinhos consumidos
aumenta, ela se torna mais achatada. Isso significa que uma iguaria a
mais traz mais utilidade até certo ponto, ou seja, o valor dela diminui
quando mais unidades são consumidas.
Introdução à microeconomia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/0028...
4 of 60 18/03/2023 09:04
A partir do décimo salgadinho, adicionar um a mais demonstra ser algo
ruim para Júlia, piorando a sua situação. Se for racional, ela perceberá
isso e não consumirá o décimo primeiro. Desse modo, quando Júlia for
decidir sobre o número de iguarias a ser consumido, ela tomará essa
decisão considerando a mudança na sua utilidade total proveniente do
consumo de mais um salgadinho.
Resumindo
Isso revela a seguinte ideia geral: para maximizar sua utilidade total, o
consumidor precisa se concentrar na utilidade marginal, ou seja, a
utilidade de se consumir um pouco a mais, como, por exemplo, um
salgadinho adicional.
Utilidade marginal decrescente
O gráfico (b), a seguir, mostra a utilidade marginal gerada para Júlia ao
consumir uma unidade de salgadinho adicional. Ele indica a curva de
utilidade marginal implícita construída a partir da variação de utilidade
gerada por intervalos unitários.
A curva de utilidade marginal, por sua vez, tem inclinação negativa: cada
salgadinho a mais acrescenta menos valor em utilidade que o anterior. O
próprio gráfico informa isto: enquanto o primeiro salgadinho rende 15
utils, o décimo primeiro oferece -1,5 utils. Trata-se, portanto, do primeiro
salgadinho a ter utilidade marginal negativa: o seu consumo diminui a
utilidade total, ou seja, o excesso de salgadinhos começa a cair mal!
Atenção!
Isso não é uma verdade imutável para todos os bens e serviços. Afinal, o
consumo de algo em excesso não vai necessariamente render uma
utilidade marginal negativa no final da curva.
Apesar desse alerta, a suposição de que as curvas de utilidade marginal
sejam negativamente inclinadas é bastante aceita pelos economistas. O
princípio da utilidade marginal decrescente atesta que a primeira
unidade traz mais valor que a segunda; a segunda, por sua vez, possui
mais valor que a terceira unidade; e assim por diante. A intuição por trás
desse princípio é a seguinte:
Introdução à microeconomia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/0028...
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À medida que o montante consumido de um bem ou
serviço aumenta, a satisfação adicional que um indivíduo
obtém de uma unidade a mais diminui.
Quanto mais consumimos algo, mais próximos ficamos do estágio de
satisfação até finalmente atingirmos a saciedade, ponto em que uma
unidade a mais do bem não nos acrescenta em nada em termos de
utilidade. 
Comentário
Embora o princípio da utilidade marginal decrescente nem sempre seja
verdadeiro (você consegue pensar em um exemplo?), ele vale na maior
parte dos casos, sendo o suficiente para embasar a teoria do
comportamento do consumidor.
Orçamento e restrição
Até aqui trabalhamos com a ideia de que uma pessoa pararia de
consumir um bem ao atingir um certo nível de saciedade em que uma
unidade a mais dele não traria satisfação extra ou até mesmo diminuiria
sua utilidade total. Um exemplodisso foi o caso dos salgadinhos.
Temos, então, os seguintes pressupostos implícitos na análise que
fizemos até aqui:

Não há custo adicional
para o consumo de uma
unidade a mais do bem.

Existe dinheiro in�nito;
logo, o indivíduo não
precisa se preocupar
com isso.
A realidade, no entanto, é diferente: consumir mais de um bem requer,
em geral, recursos adicionais — e o consumidor precisa levar em conta
esse fator ao fazer suas escolhas.
O que são esses recursos adicionais? Para simplificar, serão chamados
de custo. O que levamos em consideração é o denominado custo de
oportunidade, isto é, o ganho potencial ao qual se renuncia quando se
opta por uma alternativa. Em outras palavras, trata-se do benefício de
que abrimos mão quando fazemos uma escolha.
Exemplo

Introdução à microeconomia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/0028...
6 of 60 18/03/2023 09:04
O custo de oportunidade de jogar uma partida de futebol é o prazer que
você teria ao dar um mergulho na praia no mesmo período.
Um dos pressupostos básicos da economia é que os recursos são
escassos. O custo de oportunidade faz a ponte entre a escassez de
recursos e a escolha. O recurso escasso, neste caso, é o dinheiro, pois o
consumidor tem um orçamento limitado. Vejamos o exemplo a seguir.
Gabriel está fazendo uma dieta especial para treinos, alimentando-se
exclusivamente de frango e batata-doce. Ele recebe em salário,
semanalmente, 30 reais. Dado o seu apetite, a satisfação dele aumenta
ao consumir mais de cada bem; por conta disso, ele gasta toda sua
renda nas duas iguarias. O quilo da batata custa R$3 e o do frango, R$6.
Quais são as possibilidades de escolha para Gabriel? Qualquer que seja
a cesta de consumo escolhida por ele, sabemos que seu custo não pode
ser maior que o seu salário, ou seja, o montante total de dinheiro que ele
possui para gastar.
Assim:
Como Gabriel, os consumidores têm uma renda finita que restringe suas
possibilidades de consumo. Demonstrando que o consumidor deve
escolher uma cesta de consumo menor ou igual à sua renda total, a
condição (1) é chamada de restrição orçamentária. Isso significa que
ele não pode gastar mais do que o total de recursos (renda) de que
dispõe. Desse modo, as cestas de consumo só são factíveis — isto é,
financeiramente viáveis — quando obedecem à restrição orçamentária.
O conjunto de cestas de consumo factíveis de um consumidor recebe o
nome de conjunto de possibilidades de consumo. As pertencentes a
esse conjunto dependem tanto da renda do consumidor quanto dos
preços de bens e serviços.
A seguir, é possível ver as possibilidades de consumo de Gabriel. O
montante de batatas no seu pacote está representado no eixo
horizontal; o de frango, no vertical.
(1) Gasto em batatas + gasto em frango ≤ renda total
Introdução à microeconomia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/0028...
7 of 60 18/03/2023 09:04
Conectando os pontos de A a F, a linha inclinada para baixo divide os
pacotes de consumo entre quais se pode comprar e aqueles em que não
é possível. Os pacotes factíveis ficam abaixo dessa linha (cuja divisória
também deve ser incluída na lista), enquanto os de cima pertecem ao
grupo dos que não são.
No ponto D, há 6kg de batatas e 2kg de frango. Multiplicando-os pelos
preços, temos 6 × R$3 + 2 × R$6 = R$30. Logo, a cesta D satisfaz a
restrição orçamentária, custando exatamente a renda de Gabriel.
Verifique que os demais pontos sobre a linha negativamente inclinada
são as cestas nas quais Gabriel gastaria exatamente o total de sua
renda. Mostrando todas as cestas de consumo disponíveis quando ele
gasta inteiramente sua renda, tal linha recebe o nome de reta
orçamentária.
Como vimos acima, Gabriel precisa escolher um número de batatas (o
que vamos denominar ) e outro de frango ), multiplicando-os por
seus preços respectivos: e . A soma das duas multiplicações deve
ser menor ou igual ao total de sua renda .
Quando Gabriel consome uma cesta sobre a sua reta orçamentária, isto
é, gasta todo o seu salário, seu gasto com batata-doce e frango é
exatamente igual à sua renda. Assim:
Podemos utilizar as equações (2) e (3) para fazer manipulações
algébricas e calcular as cestas possíveis para Gabriel de forma mais
fácil. Supondo que ele queira gastar toda a sua renda e substituindo m =
R$30, podemos testar as diferentes combinações de cesta consumidas
por ele.
Vejamos agora um caso extremo: Gabriel consome apenas frango (isto
é, ): substituindo os valores na equação (3), temos 
. Assim, o máximo de frango que pode ser
consumido é igual a , pois . Desse modo, o intercepto
do eixo vertical da reta orçamentária fica no ponto quando toda a
renda dele é consumida nessa iguaria. Fazendo o exercício análogo para
o ponto , no qual sua renda agora é dedicada inteiramente à batata-
doce, ficamos com uma cesta de dela.
Dica
x
b
(x
f
p
b
p
f
m
(2) x
b
xp
b
+ x
f
xp
f
≤ m
(3) x
b
xp
b
+ x
f
xp
f
= m
x
b
= 0 0 × 3
+x
f
× 6 = 30 x
f
5kg 30 ÷ 6 = 5
A
F
10kg
Introdução à microeconomia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/0028...
8 of 60 18/03/2023 09:04
Podemos repetir este exercício para todos os pontos da reta
orçamentária.
Os demais pontos sobre a linha orçamentária podem ser analisados à
luz da relação de perdas e ganhos com a qual Gabriel se depara ao
gastar todo o seu salário. Essa relação é tipicamente chamada pelo seu
nome em inglês: trade-off.
Vejamos outro exemplo!
Gabriel quer sair do ponto A e consumir 2kg de batata-doce ao mesmo
tempo em que deseja comer a maior quantia possível de frango. Para
ingerir 2kg de batatas, ele precisa renunciar ao equivalente de R$6 em
frango, medida que corresponde exatamente ao valor do quilo dessa
iguaria. Ou seja, para consumir 2kg de batata, Gabriel precisa renunciar
a 1kg de frango, o que o coloca na posição da cesta B de sua reta
orçamentária, ficando com 4kg de frango e 2kg de batata-doce.
Se repetirmos este exercício para os pontos C, D, E e F, isto é, deslizando
sobre a sua reta orçamentária, veremos que Gabriel está sempre
trocando mais batata por menos frango e vice-versa.
A mudança de cestas de consumo sobre essa reta (tanto para cima
quanto para baixo) expressa o custo de oportunidade de um bem em
termos do outro.
A inclinação da reta orçamentária informa, para um
indivíduo, o custo de oportunidade ao consumir uma
unidade a mais de um bem de acordo com a
quantidade a ser renunciada de outro bem pertencente
à cesta de consumo dele.
A inclinação da reta orçamentária de Gabriel é . Trata-se da
variação no eixo vertical (a mudança na quantidade de frango denotada
por ) dividida pela variação no horizontal (modificação na
quantidade de batata denotada por . Ou seja, a razão
 é igual 1/2 (meio), o que significa o seguinte: 0,5kg de
frango tem de ser sacrificado para ele conseguir a mais de batata.
O número de quilos de frango ao qual é preciso renunciar para obter 1kg
a mais de batata é chamado pelos economistas de preço relativo da
−1/2
Δx
f
Δx
b
)
(Δx
f
/Δx
b
)
1kg
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9 of 60 18/03/2023 09:04
batata em termos do frango.
Dica
É possível calcular o mesmo tipo de preço do frango em termos da
batata. Basta fazer a conta inversa: para obter 1kg a mais de frango, é
preciso renunciar a 2kg de batata. Sendo assim, 2 é o preço relativo do
frango em termos da batata.
Desse modo, a inclinação da reta orçamentária não depende da renda
do indivíduo, e sim dos preços de cada bem. Perceba que -1/2 =
-R$3/R$6 = -pb/pf. No entanto, isso não é verdade para a posição da reta
orçamentária: o quanto essa reta está afastada da origem depende da
renda do consumidor.
Exemplo: se a renda de Gabriel aumentasse para R$42 por semana,
então ele poderia comprar um montante maior dessas duas iguarias,
totalizando um máximo de 7kg de frango, ou 14kg de batata, ou
qualquer outra cesta deconsumo intermediária. Como indica esta figura,
a reta orçamentária se desloca para direita ou para fora.
Se, por outro lado, seu salário diminuísse para R$18 por semana, a reta
dele se deslocaria para a esquerda (ou para dentro); neste caso, o
máximo que Gabriel poderia adquirir agora seria o seguinte: 3kg de
frango, ou 6kg de batata-doce, ou novamente uma cesta intermediária.
Nos dois casos, a inclinação da reta orçamentária dele é a mesma da
sua situação inicial, pois os preços relativos dos bens não mudaram.
Reta orçamentária e preços relativos
Entenda a reta orçamentária e aprenda a interpretar a sua inclinação.

Introdução à microeconomia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/0028...
10 of 60 18/03/2023 09:04
Escolha ótima de consumo
Vamos supor agora que a renda de Gabriel não mude, mantendo o
orçamento inicial de R$30 por semana. Sabemos que, para aumentar
sua saciedade, ele prefere consumir maiores montantes dos dois bens
já citados. Como podemos identificar qual cesta Gabriel vai escolher?
Em outras palavras, qual escolha traz mais utilidade para ele?
Relembrando
Os consumidores querem escolher cestas de consumo que maximizem
a sua utilidade total dada uma determinada restrição orçamentária.
Este tipo recebe o nome de cesta de consumo ótima. Para
descobrirmos a cesta que satisfaz essa condição para Gabriel,
precisamos analisar, entre as cestas de consumo factíveis, qual delas
conta com a combinação de bens (frango e batata-doce) que lhe rende
mais utilidade.
A tabela a seguir aponta o grau de utilidade que os diferentes consumos
de frango e batata-doce geram para ele. De acordo com ela, quanto mais
Gabriel consumir de cada um dos bens, maior será a sua utilidade. Para
maximizar sua utilidade, ele deve escolher a combinação dos dois bens
que gera maior utilidade total, isto é, a soma das utilidades geradas pelo
consumo de cada bem. Contudo, Gabriel tem uma restrição
orçamentária e deve enfrentar um trade-off entre frango e batata: para
obter mais de um, ele deve consumir menos de outro.
Utilidade do consumo de frango Utilidade do consumo de batata
Quantidade de
frango (kg)
Utilidade do frango
(util)
Quantidade de
batata (kg)
0 0 0
1 20 1
2 30 2
3 35 3
4 37 4
5 38 5
6
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11 of 60 18/03/2023 09:04
7
8
9
10
Mariana Stussi Neves.
A cesta de consumo ótima de Gabriel recai sobre a sua reta
orçamentária, pois ela tem as combinações máximas de consumo dos
dois bens, gastando, assim, toda a renda dele.
Já a próxima tabela indica as cestas sobre a reta orçamentária de
Gabriel conforme ele desliza para baixo nessa reta. Suas colunas
apontam as combinações de quantidade de cada bem em cada cesta e
as respectivas utilidades, além da utilidade total de cada cesta na última
coluna:
Cesta de consumo
Quantidade de
frango (kg)
Utilidade do frango
(util)
A 5 38
B 4 37
C 3 35
D 2 30
E 1 20
F 0 0
Mariana Stussi Neves.
Conforme observamos na tabela, a cesta de consumo que maximiza a
utilidade total dele é a D, com 2kg de frango e 6kg de batata-doce. Com
ela, Gabriel obtém a utilidade total de 87 utils, índice maior que o de
qualquer outra cesta.
Perceba que, nas combinações das cestas à esquerda de D, ou seja,
com menos batata-doce e mais frango, a utilidade cresce à medida que
Gabriel prescinde de frango por mais batata. A partir da cesta D, no
entanto, a utilidade total começa a cair. Assim, podemos dizer que a
cesta de consumo D é a que melhor resolve o trade-off entre o consumo
de frango e o de batata. O pacote D é, portanto, a cesta ótima dele,
maximizando sua utilidade total.
Introdução à microeconomia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/0028...
12 of 60 18/03/2023 09:04
Este gráfico ilustra a relação entre as cestas da reta orçamentária de
Gabriel e a sua utilidade total:
Análise marginal
No exemplo anterior, descobrimos o topo da curva de utilidade total de
Gabriel usando a observação direta. No entanto, a construção dessa
curva pode ser muito trabalhosa. Em geral, a análise marginal é uma
ferramenta mais rápida e eficiente para resolver o problema da escolha
ótima. Sabemos que Gabriel toma uma decisão sobre o montante de
batata a ser consumido levando em conta o seguinte:
Aplicando a análise marginal, podemos verificar que sua decisão passa
a ser em torno do gasto de um real marginal, ou seja, a maneira de
alocar uma unidade adicional de moeda entre as duas iguarias. Para
isso, primeiramente devemos nos perguntar:
Quanto de utilidade adicional ele irá ganhar ao gastar um real a mais em
frango ou batata? Ou melhor, quanto de utilidade marginal por real a
mais isso rende?
Esta tabela indica o cálculo da utilidade marginal (Umg) por real gasto
em frango ou batata:
(a) Frango (pf = R$6 por kg)
Qtd. de frango (kg)
Utilidade do frango
(util)
Umg/kg de frango
(util)
0 0 -
1 20 20
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13 of 60 18/03/2023 09:04
2 30 10
3 35 5
4 37 2
5 38 1
Mariana Stussi Neves.
(b) Batata (pb = R$3 por kg)
Qtd. de batata (kg)
Utilidade da batata
(util)
Umg/kg de batata
(util)
0 0 -
1 15 15
2 27 12
3 37 10
4 45 8
5 52 7
6 57 5
7 61 4
8 63 2
9 64 1
10 64.5 0.5
Mariana Stussi Neves.
A tabela está dividida em dois painéis, um para cada bem. Observemos
as colunas de cada painel:
1ª e 2ª colunas
São idênticas às colunas da tabela apresentadas anteriormente.
3ª coluna
Introdução à microeconomia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/0028...
14 of 60 18/03/2023 09:04
Mostra a utilidade marginal de cada bem, ou seja, o aumento de
utilidade que Gabriel tem ao consumir uma unidade a mais de um dos
bens.
4ª coluna
Exibe a utilidade marginal por real para cada bem.
O valor de Umg é obtido dividindo a utilidade marginal pelo preço de
cada unidade de bem: R$6 por quilo de frango e R$3 pelo de batata.
Como podemos observar, assim como a utilidade marginal de ambos
diminui à medida que ele aumenta o montante consumido de cada bem,
a utilidade marginal por real também decresce.
Isso significa que, em virtude da utilidade marginal decrescente de
Gabriel, cada real a mais gasto lhe rende menos utilidade extra que o
anterior.
Denotando respectivamente por UmgF e UmgB a utilidade marginal por
quilo de batata-doce e de frango, a utilidade marginal por real de cada
bem é igual a:
Veja abaixo as curvas de utilidade marginal por real gasto em cada bem:
Já observamos em outra tabela que D (a cesta ótima de consumo de
Gabriel) é composta por de frango e de batata,
correspondendo aos pontos em cada painel. Repare que,
neste ponto, a utilidade marginal por real gasto para cada bem é igual:
Isso não é apenas uma coincidência. Analisemos outra cesta de
consumo factível para Gabriel.
Na cesta C, a utilidade marginal de cada bem por real está representada
na figura pelos pontos e . Além disso, a Umg de Gabriel por real
gasto em frango é ; já em batata-doce, ela é . Esse dado revela
Utilidade marginal por real gasto em um bem =
utilidade marginal do bem
preço de uma unidade do bem
=
2kg 6kg
D
F
e D
B
Umg
f
/P
f
= Umg
b
/p
b
= 1.7
C
F
C
B
0.8 2.7
Introdução à microeconomia https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/0028...
15 of 60 18/03/2023 09:04
que ele está consumindo muito frango e pouca batata.
Mas por que isso acontece?
Se a Umg por real gasto em batata é maior que a de frango, é um indício
de que ele pode melhorar sua situação respeitando o próprio orçamento.
Basta gastar 1 real a menos em frango e 1 a mais em batata,
adicionando 2.7 utils com esta em sua utilidade total e perdendo 0.8
utils com aquele. Ao todo, Gabriel terá ganhado 1.9 em utilidade fazendo
essa “troca”. Ele procederá dessa maneira até que a utilidade marginal
dos dois bens se iguale. Neste ponto, não será mais vantajoso trocar um
real a mais de um bem pelo outro. Assim,quando Gabriel escolher seu
pacote de consumo ótimo, sua utilidade marginal por real gasto em
frango e batata será igual.
Essa regra constitui um princípio básico da teoria da escolha do
consumidor conhecido como regra de consumo ótimo. Quando um
consumidor maximiza a sua utilidade total segundo a restrição
orçamentária dele, a utilidade marginal por unidade de moeda gasta em
cada bem ou serviço que faz parte da sua cesta de consumo é igual.
De forma matemática, para qualquer um dos bens b e f, a regra do
consumo ótimo frisa que, na cesta ótima de consumo, ocorre o seguinte
cálculo:
Embora seja mais fácil compreender essa regra quando a cesta de
consumo tem apenas dois bens, ela poderá ser aplicada para qualquer
quantidade de bens e serviços que o consumidor comprar. Na cesta
ótima de consumo, as utilidades marginais por real gasto em cada um
dos bens são iguais.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Sobre a função utilidade, assinale a afirmativa falsa:
Umg
b
p
b
=
Umg
f
p
f
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Parabéns! A alternativa B está correta.
O princípio da utilidade marginal decrescente aponta que a
inclinação da função utilidade diminui à medida que a quantidade
de bens aumenta, mas não que essa inclinação é negativa. A curva
de utilidade marginal possui uma inclinação negativa, pois cada
unidade a mais de bem rende uma utilidade menor que a anterior. A
razão por trás dessa inclinação é o princípio da utilidade marginal
decrescente.
Questão 2
Sobre a cesta de consumo ótima, assinale a afirmativa verdadeira:
A
A função utilidade mostra a relação entre a cesta de
consumo e a utilidade total gerada por ela.
B
O princípio da utilidade marginal decrescente
implica que a inclinação da função utilidade é
negativa.
C
Para maximizar a utilidade, o consumidor considera
a utilidade marginal de consumo de uma unidade a
mais de um bem ou serviço.
D
Utilidade é uma medida de satisfação do
consumidor ao consumir, sendo expressa na
unidade chamada de utils.
E
O princípio da utilidade marginal decrescente
implica que a inclinação da função utilidade reduz à
medida que a quantidade aumenta.
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Parabéns! A alternativa D está correta.
A alternativa A é falsa pelo fato de a cesta ótima recair sobre a sua
reta orçamentária para que o consumidor gaste toda a sua renda
disponível. A alternativa B é falsa, já que a cesta ótima maximiza a
sua utilidade total, e não a marginal. A alternativa C não é
verdadeira, pois a definição de cesta ótima de consumo diz que a
cesta é ótima dada uma restrição orçamentária. Para os
consumidores, consumir mais de um bem aumenta a sua utilidade;
portanto, a alternativa E está incorreta.
A
A cesta ótima do consumidor racional recai abaixo
da sua reta orçamentária.
B
A cesta ótima do consumidor racional é a que
maximiza sua utilidade marginal para cada bem.
C
Na cesta ótima do consumidor racional, o
consumidor maximiza a sua utilidade
independentemente de sua restrição orçamentária.
D
Na cesta ótima do consumidor racional, as
utilidades marginais por real gasto em cada um dos
bens são iguais.
E
A cesta ótima do consumidor racional é formada
apenas pelo bem cujo consumo gera mais utilidade.
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2 - Curvas de indiferença
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer as curvas de indiferença e suas
propriedades.
Função de utilidade total
No módulo anterior, introduzimos o conceito de função utilidade, que é
responsável pela determinação da utilidade total do consumidor dada a
sua cesta de consumo. Vimos ainda como a utilidade total de Júlia
variava quando mudávamos o número de salgadinhos consumido, ou
seja, a quantidade consumida de um bem. Entretanto, quando
estudamos o problema de escolha de Gabriel, vimos que a opção pela
cesta de consumo ótimo envolvia o seguinte dilema: como alocar o
último real gasto entre dois bens (frango e batata-doce)? Surge ainda
outra pergunta.
Atividade discursiva
Como é possível expressar a função de utilidade total em termos de
dois bens?

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Digite sua resposta aqui
Exibir solução
Basta usar o mapa da função utilidade.
Vejamos agora o caso de Ana, que consome apenas cerveja e drinks
(coquetéis) quando vai ao bar. Como seria a função utilidade dela para
esses dois bens? Uma possibilidade (complicada!) é fazer um gráfico
similar ao de Júlia acrescido de um terceiro eixo para o segundo bem.
O gráfico (a), portanto, ilustra um morro de utilidade tridimensional:
Observemos as correspondências dos eixos:
Horizontal
Quantos drinks foram consumidos.
Vertical
Número de latinhas de cerveja que ela consome.
Já a altura do morro, indicada por uma linha de contorno constante por
ponto, mede a quantidade de utilidade gerada por combinações de
consumo ao longo de cada linha de contorno. Todos os pontos ao longo
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de uma linha do tipo geram o mesmo retorno em utilidade para Ana.
Com 4 latinhas de cerveja e 2 drinks, o ponto A gera 20 utils para Ana,
enquanto B, com 1 latinha e 6 drinks, consegue a mesma quantia. No
entanto, não existe apenas uma forma de representar a relação entre
utilidade total e consumo de dois bens. Como na geografia com mapas
topográficos, é possível fazer a representação da superfície
tridimensional em curvas de nível em apenas duas dimensões.
Trata-se do gráfico (b) acima. Nele, as linhas de contorno que mapeiam
as cestas de consumo do gráfico (a) estão representadas como curvas
achatadas num plano cartesiano. Os economistas definem como curvas
de indiferença as que geram a mesma quantidade de utilidade total para
diferentes combinações de bens.
Um indivíduo é indiferente em relação a duas cestas que
estão sobre a mesma curva de indiferença, já que elas lhe
rendem a mesma utilidade.
Dadas as preferências de um consumidor, existe uma curva de
indiferença para cada nível de utilidade total. A curva de indiferença 
destacada no gráfico (b) mostra as cestas que geram 20 utils; as outras
duas curvas e , respectivamente, 10 e 40 utils. Existem ainda
outras infinitas curvas de indiferenças de Ana que não estão
representadas nos gráficos.
Observe com atenção o gráfico (b) e verifique por que o consumidor é
indiferente entre as cestas de consumo A e B: elas estão na mesma
curva de indiferença, gerando, portanto, o mesmo nível de utilidade!
Observaremos agora as propriedades dessas curvas. Embora diferentes
indivíduos tenham preferências únicas e nunca apresentem o mesmo
conjunto de curvas de indiferença, os economistas acreditam que elas
apresentem algumas propriedades gerais. Essas curvas estão ilustradas
a seguir:
Vamos, agora, analisar as curvas.
Se duas curvas de indiferença com diferentes níveis de utilidade
I
2
(I
1
I
3
)
A - Curvas de indiferença nunca se cruzam 
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se cruzassem, qual seria o nível de utilidade da cesta de
consumo em que elas se cruzam? Seria diferente pelas curvas
serem díspares? Ou seria igual por uma cesta de consumo ter
um só nível de utilidade total? Essa inconsistência indica que
curvas de indiferença diferentes não podem de cruzar.
Partimos do princípio de que mais é melhor; assim, quanto maior
a quantidade dos dois bens, mais para “fora" está situada a curva
de indiferença.
Novamente, a razão para isso é a hipótese de que mais é melhor.
O diagrama no painel (c) anterior ilustra o queaconteceria se
uma curva de indiferença tivesse inclinação para cima: à medida
que aumentássemos as quantidades dos dois bens,
permaneceríamos nessa mesma curva. Isso é incompatível com
nosso pressuposto de que mais é melhor.
Geometricamente, isso significa que um segmento de reta
ligando dois pontos da curva de indiferença fica inteiramente em
uma região de utilidade maior. O diagrama (d) atesta que a
inclinação dela diminui à medida que deslizamos para baixo e
para a direita. Desse modo, o arco da curva vai em direção à
origem; além disso, a inclinação dela é maior em cima do que
embaixo. Esse atributo se deve ao princípio da utilidade marginal
decrescente: na prática, indivíduos preferem médias (cestas com
um pouco dos dois bens) a extremos.
Desse modo, o arco da curva vai em direção à origem; além disso, a
inclinação dela é maior em cima do que embaixo. Esse atributo se deve
ao princípio da utilidade marginal decrescente: na prática, indivíduos
preferem médias (cestas com um pouco dos dois bens) a extremos.
B - Quanto mais distante da origem, maior a utilidade total
da curva 
C - Curvas de indiferença são naturalmente inclinadas 
D - Curvas de indiferença são convexas 
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Taxa marginal de substituição
Como vimos, as curvas de indiferença são inclinadas para baixo.
Também observamos que sua inclinação diminui à medida que
deslizamos para baixo delas. A inclinação da curva de indiferença em
cada ponto está diretamente relacionada aos termos do trade-off
enfrentado por um consumidor.
Esta figura representa uma curva de indiferença de Ana:
Na curva I1, se Ana se move da cesta A para a B, ela precisa renunciar a
2 unidades de cerveja por 1 drink adicional para manter a utilidade total.
Porém, estando mais à direita da curva (no ponto C), se renunciar a
apenas 1 cerveja, ela terá de tomar mais 4 drinks para manter a utilidade
total.
Isso ilustra que, quando se move para baixo e para a direita da curva de
indiferença, ocorre o seguinte:
Ana troca mais de um bem por menos de outro.
Os termos desse trade-off, ou seja, a razão entre drinks adicionais
consumidos e cervejas renunciadas, são escolhidos para manter a
sua utilidade total constante.
Reformulando os trade-offs examinados acima em termos de inclinação,
podemos calcular a inclinação em diferentes pontos da mesma curva de
indiferença. A inclinação da curva de indiferença entre A e B da figura
que acabamos de ver é -2 e a inclinação dessa curva entre os pontos C e
D é -1/4. A inclinação da curva de indiferença, portanto, diminui à
medida que deslizamos para a direita e que a curva vai se tornando
mais achatada.
Mas por que os trade-offs mudam ao longo da curva de
indiferença?
Isso se deve ao ponto inicial de Ana e ao princípio da utilidade marginal
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decrescente. Analisando o caso intuitivamente, no ponto A ela tem
muita cerveja e poucos drinks. Quanto à sua utilidade marginal, verifica-
se que:

A utilidade das últimas unidades de cerveja é relativamente pequena se
comparada às primeiras unidades dela.

A utilidade de uma unidade adicional de drinks é relativamente alta, já
que Ana só consome uma unidade deles na cesta A, ou seja, ainda está
nas unidades iniciais de consumo de drinks.

Ao deslizar para a direita da curva, Ana está perdendo em consumo de
cerveja e ganhando no de drinks – e esses dois efeitos precisam se
anular entre si.
Reformulando esse raciocínio, temos que, ao longo da curva de
indiferença: Mudança na utilidade total por causa de menos consumo
de cerveja + Mudança na utilidade total por mais consumo de drinks =
Zero (nível de utilidade estável).
À medida que Ana se move para a direita da curva de indiferença, assim
como o faz sua posição inicial, o trade-off dos dois bens vai mudar, uma
vez que a utilidade marginal do consumo de um bem adicional também
é modificada. No exemplo da mudança do ponto C para o D, a situação
inicial de Ana é inversa à da mudança de A para B: ela já consome
alguns drinks e pouca cerveja. Desse modo, a utilidade marginal que ela
perde renunciando uma unidade de cerveja é relativamente alta,
enquanto a de consumir um drink a mais é relativamente baixa, já que
Ana:
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Está numa posição inicial com pouca cerveja e
muitos drinks
Quer mudar para ainda menos cerveja e mais
drinks
Utilizando as notações UmgC e UmgD para denotar respectivamente as
utilidades marginais de cerveja e drinks e representar as mudanças no
consumo de ambos, podemos formalizar esse mecanismo com o
emprego de equações. De forma geral, a mudança na utilidade total
gerada pela variação no consumo de um bem é igual a essa variação
multiplicada pela utilidade marginal dele. Assim:
Mudança na utilidade total devido à variação no consumo de
cervejas = 
Mudança na utilidade total devido à variação no consumo de
drinks = 
Reescrevendo a equação nos novos termos, fica expresso o seguinte:
Rearranjando-a, ela agora fica assim:
Perceba o sinal de negativo do lado esquerdo da última equação: ele
representa a perda de utilidade total por conta da redução do consumo
de latinhas de cerveja, o qual, por sua vez, deve ser igual ao ganho de
utilidade total proveniente do aumento do número de drinks no lado
direito da equação.
Devemos entender a relação dessas mudanças com a inclinação da
curva de indiferença. Dividindo os dois lados da equação 2 por e
por , encontramos isto:

Umg
C
× ΔQ
C
Umg
D
× ΔQ
D
Umg
C
xΔQ
C
+ Umg
D
xΔQ
D
= 0
−Umg
C
xΔQ
C
= Umg
D
xΔQ
D
ΔQ
D
Umg
C
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Nesta equação, temos:
Lado esquerdo
Menos a inclinação da
curva de indiferença é a
taxa pela qual Ana está
disposta a trocar uma
quantidade de cerveja
por outra de drinks.
Lado direito
Razão entre a utilidade
marginal de drinks e a
de cerveja — ou seja, a
razão entre o que Ana
ganha a mais de
utilidade com aqueles e
com esta.
A razão entre as utilidades marginais do lado direito da equação acima é
conhecida como taxa marginal de substituição (TMS). Substituição, no
caso específico, refere-se aos drinks no lugar das cervejas. Juntando
tudo isso, vemos que a inclinação da curva de indiferença de Ana é
exatamente igual à razão entre a utilidade marginal de um drink e a de
uma cerveja — ou à sua TMS.
Relembrando
A inclinação das curvas de indiferença diminui quando que nos
movemos para baixo e para a direita, tornando-se mais achatadas. Logo,
se o lado esquerdo da equação está diminuindo, essa diminuição deve
acontecer no direito para satisfazer a igualdade. Quando deslizamos
para a direita, o que acontece na prática é o seguinte: a razão entre a
UmgD e a UmgC diminui. Verificamos isso na análise intuitiva da
utilidade marginal decrescente dos bens.
O achatamento das curvas de indiferança a refletir a lógica da utilidade
marginal decrescente é denominado taxa marginal de substiuição
decrescente. Em termos gerais, ela informa que um indivíduo que
consome poucas unidades do bem C e muitas de D está disposto a
trocar uma quantidade grande do bem D por uma unidade a mais do C —
e vice versa.
A condição de tangência
De que forma os conceitos de curva de indiferença e TMS se relacionam
com o que vimos de restrição orçamentária e cesta ótima no módulo 1?
Para ilustrarmos essa relação, indicamos a figura a seguir. Seu diagrama
contém algumas curvas de indiferença de Ana e sua restrição
orçamentária:
−ΔQ
C
/ΔQ
D
= Umg
D
/Umg
C

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Atividade discursiva
Ana só pode gastarR$40 quando sai. O preço da latinha de cerveja é de
R$5 e o de um drink, R$8.
Qual é a cesta ótima de consumo dela?
Digite sua resposta aqui
Exibir solução
Para responder a essa pergunta, devemos analisar as curvas de
indiferença representadas por I1, I2 e I3 no diagrama.
A representada por I3 é a utilidade máxima que Ana gostaria de ter.
No entanto, não é possível alcançá-la, uma vez que todas as
cestas de consumo dessa curva de indiferença estão acima de
sua reta orçamentária. Ela está limitada por sua renda.
Ana tampouco deveria escolher as cestas da curva de indiferença
I1, pois, embora as cestas entre os pontos B e C ao longo dessa
curva sejam factíveis, há outras cestas de consumo que lhe geram
mais utilidade e que cabem na sua renda.
Veja o caso da cesta A: assim como B e C, ela está sobre a sua

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reta orçamentária, porém gera mais utilidade que ambas por estar
na curva de indiferença I2, ou seja, mais afastada da origem que a
curva I1.
De fato, a cesta de consumo A é a escolha ótima de Ana, com 3
latinhas de cerveja e 3 drinks. Ela está na curva de indiferença
mais afastada que Ana pode alcançar dada a sua renda.
Na cesta ótima, a reta orçamentária apenas toca a curva de
indiferença mais afastada, sendo tangente em relação a ela. Essa
é a chamada condição de tangência, sendo aplicada quando as
curvas de indiferença são convexas.
Preços e taxa marginal de
substituição
No ponto de tangência entre a curva de indiferença e a reta
orçamentária, ou seja, a cesta ótima, a curva de indiferença tem a
mesma inclinação da reta orçamentária.
Retomando a equação representada acima, temos que:
Inclinação da curva de indiferança = -UmgD/UmgC
Na cesta ótima, podemos substituir a inclinação dessa curva pela da
reta orçamentária, pois já vimos que ambas são iguais nesse ponto.
Assim:
Inclinação da reta orçamentária = -UmgD/UmgC
Relembrando
O que é a inclinação da reta orçamentária? Como vimos no módulo
anterior, essa inclinação é exatamente a razão de preços — pd/pc.
Juntando as duas equações, chegamos à regra do preço relativo:
Lembrando que a razão entre as utilidades marginais dos bens é
chamada de TMS, obtemos uma regra geral para a cesta ótima de
consumo: a taxa marginal de substituição é igual à razão entre os
Umg
D
Umg
C
=
p
D
p
C
, na cesta ótima de consumo.
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preços dos dois bens.
A condição de tangência
Confira esta análise da condição de tangência entre a reta orçamentária
e a curva de indiferença do consumidor.
Efeitos de uma variação no preço e
na renda
O que vai acontecer se o preço de um dos bens mudar? Suponha que,
por alguma razão, o bar que Ana frequenta resolva aumentar os preços
dos drinks. Agora, em vez de R$8, eles custam R$20. Como essa
mudança vai afetar a escolha de consumo dela?
Com o aumento dos preços dos drinks, ela vai consumir menos
unidades do que antes, mas, como o preço da cerveja se manteve, Ana
ainda pode consumir a mesma quantidade máxima dessa bebida. O
painel (a) desta figura destaca a nova reta orçamentária de Ana (RO2) e
a inicial (RO1):
A inclinação da reta orçamentária de Ana mudou. Isso ocorre porque o
preço relativo dos drinks em termos de cervejas subiu, isto é, a razão
pd/pc aumentou em seu valor absoluto.
A RO de Ana agora intercepta o eixo horizontal em 2, que é o número
máximo de drinks que ela pode consumir. Sua cesta ótima de consumo
inicial consistia em 3 cervejas e 3 drinks, o que agora deixou de ser
factível, já que está acima de sua reta orçamentária.

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29 of 60 18/03/2023 09:04
Para lidar com a nova situação, ela terá de escolher uma nova cesta de
consumo ótima ao eleger um ponto na RO2 que toque a curva de
indeferença mais afastada possível. É o que mostra o painel (b) da
figura: sua nova cesta ótima será de B, com 4 cervejas e 1 drink.
Resta uma dúvida: se o preço dos drinks permanecer
constante, mudando, em vez disso, a renda direta de Ana, o
que acontecerá?
Suponhamos que ela recebeu um aumento de salário, podendo agora
gastar R$80 no bar. A inclinação de sua reta orçamentária não muda,
pois os preços dos bens permaneceram iguais. No entanto, Ana agora
terá mais dinheiro para gastar tanto em cerveja como em drinks.
Os dois interceptos de sua reta orçamentária mudam, pois ela tem mais
poder aquisitivo. Assim, sua reta orçamentária inteira se desloca para
fora, se afastando da origem. Ana pode escolher outra cesta de
consumo, ou seja, uma que toque sua nova reta orçamentária RO2. Isso
consequentemente aumentará o seu consumo.
Ela, portanto, consome mais os dois bens quando sua renda aumenta: o
consumo de drinks sobe de 3 (cesta A) para 6 (B); o de cerveja, de 3
para 6 latinhas. Isso é possível porque, em sua função utilidade, ambos
constituem bens normais, isto é, aqueles cuja demanda varia
positivamente de acordo com a variação na renda.
Substitutos e complementos
perfeitos
Algumas vezes, a preferência pela combinação de dois bens pode ter
algum tipo de relação.
Exemplo
Se Pedro toma exclusivamente café com açúcar e, a cada xícara da
bebida, coloca duas colheres de açúcar, existe uma relação
complementar entre os dois bens. Por outro lado, se gosta tanto de
mate quanto de guaraná, ele pode substituir um pelo outro. Isso resulta
em formatos diferentes da curva de indiferença.
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30 of 60 18/03/2023 09:04
No primeiro caso, quando um consumidor quer consumir dois bens na
mesma proporção, eles são chamados de complementos perfeitos.
Como dissemos, Pedro só gosta de tomar uma xícara de café
acompanhada de duas colheres de açúcar. Uma xícara extra sem açúcar
não lhe oferece utilidade adicional, tampouco uma colher extra sem
café. O gráfico (a) desta figura indica as curvas de indiferença de Pedro
para xícaras de café e colheres de açúcar:
Essas curvas formam ângulos retos, pois uma unidade adicional de
cada bem fora da proporção 1:2 não lhe dá mais utilidade, o que
significa que ele permanece na mesma curva de indiferença. Somente
um aumento dos dois bens na proporção de sua preferência faria Pedro
dar “um salto” nas suas curvas de indiferença. O diagrama (a) ainda
evidencia:
Reta orçamentária de Pedro (em cinza);
Cesta A tangenciando a reta (sua cesta de consumo ótimo).
Note que a inclinação da reta orçamentária aqui não afeta seu consumo
relativo de café e açúcar. Ele consome ambos sempre na mesma
proporção independentemente de seu preço. Repare ainda que, no ponto
A, as curvas de indiferença sofrem uma mudança abrupta de inclinação:
da esquerda para a direita, a curva deixa de ser vertical, passando a ser
horizontal.
O que acontece com a taxa marginal de substituição?
No caso de complementos perfeitos, essa taxa é indefinida, pois o
consumidor não está disposto a fazer qualquer substituição entre os
dois bens.
Já o diagrama (b) da figura acima aponta as curvas de indiferença de
Pedro para o segundo caso: gostar tanto de mate quanto de guaraná, ou
seja, os dois bens lhe conferem a mesma utilidade. Como está sempre
disposto a substituir a mesma quantidade de um item pela de outro,
suas curvas de indiferença são linhas retas e sua taxa marginal de
substituição, constante (afinal, a TMS é a inclinação da CI, que é uma
reta. Logo, trata-se de uma constante).
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31 of 60 18/03/2023 09:04
O painel (b) também destaca a reta orçamentária de Pedro: quando ela
tem inclinação diferente das curvas de indiferença, como é o caso, essa
curva vai encostar na reta em um dos eixos. Desse modo, ele consumirá
apenas o bem:
Mais barato;
O que ele pudercomprar a maior quantidade possível, como o
mate (indicado pela cesta b).
Composta apenas por um dos bens, esse tipo de cesta ótima é
chamada pelos economistas de solução de canto. O que aconteceria se
a inclinação da reta orçamentária de Pedro fosse igual à da própria reta?
Uma de suas curvas de indiferença a tocaria em todos os seus pontos,
de modo que qualquer cesta sobre a reta de Pedro seria uma cesta
ótima.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Sobre as curvas de indiferença, assinale a alternativa falsa:
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32 of 60 18/03/2023 09:04
Parabéns! A alternativa A está correta.
As curvas de indiferença do consumidor racional são convexas. A
inclinação de uma curva de indiferença diminui à medida que
deslizamos para baixo e para a direita. Isso se deve ao princípio da
utilidade marginal decrescente.
Questão 2
Sobre a taxa marginal de substituição, assinale a alternativa falsa:
A
Curvas de indiferença de um consumidor racional
são côncavas.
B
Curvas de indiferença geram a mesma quantidade
de utilidade total para diferentes combinações de
bens.
C
Existe uma curva de indiferença para cada nível de
utilidade total.
D
Curvas de indiferença mais distantes da origem
oferecem mais utilidade.
E
As curvas de indiferença nunca se cruzam no
gráfico.
A
No ponto de tangência entre a curva de indiferença
e a reta orçamentária, a taxa marginal de
substituição é igual à inclinação dessa reta.
B
A taxa marginal de substituição é a razão entre as
utilidades marginais de dois bens.
C
A inclinação da curva de indiferença é igual à taxa
marginal de substituição.
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Parabéns! A alternativa D está correta.
A taxa marginal de substituição será decrescente se os dois bens
tiverem uma utilidade marginal também decrescente. Isso se dá
pelo fato de o trade-off entre ambos mudar ao longo da curva;
assim, um consumidor vai exigir cada vez mais do bem 2 para
compensar cada unidade do 1 ao qual ele renuncia à medida que a
quantidade daquele aumenta em relação à consumida deste.
3 - Tipos de custo
Ao �nal deste módulo, você será capaz de distinguir os tipos de custo da �rma e suas
aplicações.
Custos e insumos
Já verificamos como o consumidor racional toma decisões de
consumo. Agora veremos como a firma realiza as suas decisões de
D
Quando dois bens têm uma utilidade marginal
decrescente, a taxa marginal de substituição é
crescente.
E
Curvas de indiferença de bens perfeitamente
complementares podem ser representadas com
ângulos retos.
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34 of 60 18/03/2023 09:04
produção. Primeiramente, precisamos definir o que é firma.
É a organização que produz bens e serviços com o objetivo
de vendê-los. Para produzi-los, ela precisa de insumos que
envolvem custos.
Já a função de produção da firma é a relação entre a quantidade de
produto feita por ela e seu montante de insumos. Um exemplo de
insumo é o número de trabalhadores da firma. O custo seria o salário
deles.
Para uma compreensão melhor desses conceitos, tomaremos a fábrica
de Vitória como exemplo. Por questão de simplicidade, vamos supor
que ela:
Produz apenas um produto: automóveis.
Usa somente dois insumos: capital (máquinas) e trabalho.
Possui apenas um tipo de máquina.
Conta com trabalhadores da mesma qualidade, isto é, com as
mesmas capacidades para executar o seu trabalho.
Vitória paga o aluguel de 20 máquinas em sua fábrica; no momento, não
tem capacidade de alugar mais máquinas nem menos, pois já assinou
contrato com o locatário delas. Isso é conhecido como insumo fixo, pois
sua quantidade é fixa e não pode variar — ao menos, não no curto prazo.
No entanto, ela pode escolher quantos trabalhadores irá contratar. Esse
outro tipo de insumo é denominado insumo variável; com ele, uma firma
pode variar a sua quantidade a qualquer momento. A rigidez do
montante dos insumos — isto é, se eles são fixos ou variáveis —
depende, na verdade, do horizonte de tempo: no longo prazo, passado
um tempo suficientemente grande, as firmas podem ajustar a
quantidade de qualquer insumo.
Exemplo
Após alguns anos ou o tempo do contrato de aluguel de Vitória, ela
poderia negociar outro contrato com o locatário de máquinas e ajustar
sua quantidade de capital fixo.
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35 of 60 18/03/2023 09:04
Desse modo, não existem insumos fixos no longo, mas apenas no curto
prazo. O número de carros produzido por ela depende de quantos
trabalhadores foram contratados. Cada um — mesmo sem ser muito
eficiente — pode operar as 20 máquinas adquiridas por Vitória.

Quando um trabalhador adicional é contratado, as máquinas são
divididas igualmente entre os funcionários.

Quando há dois trabalhadores, cada um opera dez máquinas.

Se forem três, cada um mexe em 6 e se reveza nas 2 restantes.
E assim por diante. Se Vitória empregar um número maior de
trabalhadores, as máquinas serão operadas de forma mais intensiva;
assim, mais carros estarão sendo produzidos. A função de produção da
firma é a relação entre a quantidade de trabalho e a de produto (carros)
para um dado montante de insumo fixo (máquinas). A figura a seguir
informa a função de produção da fábrica de Vitória em dois formatos
(gráfico e tabela):
Denominada curva de produto total da fábrica, essa função de produção
revela como uma quantidade de produto depende do montante de
insumo variável para uma dada quantidade de insumo fixo. O eixo
vertical exibe o número de carros produzidos (Y); o eixo horizontal, por
sua vez, o montante de insumo variável, ou seja, o número de
trabalhadores empregados (L).
A curva de produto total está positivamente inclinada, mas sua
inclinação não é constante: à medida que se acrescentam trabalhadores
empregados, o número de carros produzido aumenta, mas esse
acréscimo na produção é cada vez menor. Ou seja: ao deslizarmos para
a direita da curva, ela se tornará mais achatada.
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Para entendermos essa mudança na inclinação, observemos a tabela da
figura acima: ela mostra o produto marginal do trabalho (PMgL), isto é, a
variação na quantidade de produto ao se acrescentar uma unidade de
trabalho. Já possuímos as informações sobre a quantidade dele para
todas as unidades de trabalho, isto é, para 1, 2, 3 trabalhadores — e
assim por diante.
Dica
Nem sempre é necessário haver uma informação individualizada dessa
maneira: muitas vezes, a quantidade de produto para a variação do
trabalho é conhecida em dezenas (para empresas com 10 ou 20
trabalhadores, por exemplo) ou outros intervalos possíveis.
Para calcularmos o PMgL nesses casos, podemos usar a seguinte
equação:
Ou, mais formalmente, esta:
A inclinação na curva de produto total é igual ao produto marginal do
trabalho. Podemos observar que ele diminui quando mais trabalhadores
são empregados; portanto, a curva se achata à medida que outros mais
são contratados.
A razão para isso é simples: em geral, ocorrem retornos decrescentes
de um insumo quando se registra um aumento em sua quantidade.
Mantido constante o montante dos demais insumos, reduz-se o produto
marginal dele.
Exemplo
Pense numa sorveteria: se só houver uma máquina de sorvete e um
trabalhador operando, pode-se aumentar bastante a produção ao
contratar um empregado extra para eles se revezarem entre duas
atividades: fazer sorvete e atender os clientes. Mas não se ganha muito
em produção contratando 10 empregados com apenas uma máquina:
não é possível que todos eles a operem ao mesmo tempo.
O mesmo ocorre com a fábrica de Vitória. Cada trabalhador adicional
passa a dividircom mais trabalhadores o insumo fixo de 20 máquinas.
Isso faz com que ele não consiga produzir tanto quanto o anterior;
portanto, o produto marginal por trabalhador diminui.
Produto marginal do trabalho =
variação na quantidade de produto
variação na quantidade de trabalho
PMgL = ΔY /ΔL
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Atenção!
A hipótese dos retornos decrescentes só é válida caso tudo mais seja
mantido de maneira constante. Se os demais insumos pudessem mudar
também, as curvas de produto total e marginal se deslocariam.
Veja as curvas de produto total (PT) e marginal por trabalhador (PMgL)
na fábrica de Vitória na situação inicial (20 máquinas) e na atual (10):
Observemos os dois gráficos:
Grá�co (a)
A menos que sejam empregados 0 trabalhadores, PT10, que representa
a produção com 10 máquinas, está situada abaixo de PT20 (20
máquinas), pois, com menos unidades disponíveis, qualquer número de
trabalhadores produz menos carros.
Grá�co (b)
Mostra o exposto no gráfico anterior em termos de produto marginal.
Embora as duas curvas tenham inclinação para baixo, já que o número
de máquinas em cada situação é fixo, PMgL20 fica acima de PMgL10 em
todos os pontos, refletindo, assim, que o PMgL é mais alto quando há
mais insumo fixo.
Curvas de custo
Mostramos que Vitória pode conhecer sua função de produção
verificando a relação entre insumos de trabalho e capital e produção de
automóveis. Mas nada falamos sobre suas escolhas de produção. Em
geral, os produtores vão escolher uma produção que maximize seus
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lucros. A definição formal de lucro é: Lucro = receita total - custo total
Ou, em notação, ele é expresso da seguinte forma:
A receita total (RT) é o que um produtor obtém pela produção vendida,
ou seja, o preço daquele bem multiplicado pelo montante vendido dele.
Se estamos falando do número de automóveis (qA) e do seu preço (pA),
a receita total é dada pela igualdade:
E o custo total? Como vimos neste módulo, insumos são custosos e
apresentam dois tipos: fixos e variáveis. Cada insumo vai ter seu custo
ao ser empregado na produção. O do aluguel de máquinas — insumos
fixos, ou seja, que não variam — recebe o nome de custo fixo (CF).
O CF não depende do montante produzido, uma vez que o produtor já
incorre nele quando toma a decisão de produzir, não podendo mudar
sua quantidade — ao menos, não no curto prazo. Já o custo do insumo
variável é denominado custo variável (CV).
Exemplo
Os trabalhadores da fábrica de Vitória são um exemplo de custo
variável.
O CV consiste no número de trabalhadores multiplicado pelo seu salário
(que é o custo por unidades de trabalho). Como a quantidade produzida
depende desse número, o custo variável também depende dele. A soma
dos custos fixo e variável para um determinado montante de produto
configura, portanto, o custo total (CT) dela. Essa relação pode ser
expressa pela equação:
Custo total = custo fixo + custo variável
OU
CT = CF + CV
A tabela a seguir indica como é calculado o custo total da fábrica de
Vitória. Perceba que o CT sobe conforme o número de unidades
produzida aumenta. Isso ocorre por conta do CV: quanto maior for o
montante produzido, maior será o custo total da fábrica.
Quantidade de
carros Y
Quantidade de
trabalho L
Custo variável CV
π = RT − CT
RT = p
A
× q
A
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0 0 R$0
13 1 1 000
24 2 2 000
33 3 3 000
40 4 4 000
45 5 5 000
48 6 6 000
50 7 7 000
50 8 8 000
Mariana Stussi Neves.
Custo marginal e médio
Imaginemos agora que Vitória queira fazer uma análise na margem
sobre seus custos e compreender o custo de cada unidade a mais de
carro em sua produção. Assim como acontece no caso do produto
marginal, será mais fácil entender o custo adicional de uma unidade a
mais de produto se tivermos as informações detalhadas para cada
unidade dele. Infelizmente, este não é o caso: ela só dispõe desses
dados em intervalos de produção. Exemplo: Zero, 13, 24 carros.
Vamos analisar então a sorveteria de Mateus. A tabela a seguir detalha,
na primeira coluna, a produção dela e os seus custos. Ele possui um
custo fixo: diariamente, são gastos R$125 com aluguel, máquina etc.
Mateus precisa pagar seus funcionários e os insumos para a feitura do
produto, como açúcar, leite e outros ingredientes. Eles representam o
seu custo variável (expresso na coluna 3) e dependem de quantos
sorvete são produzidos. Já o custo total, ou seja, a soma dos custos fixo
e variável, figura na coluna 4:
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Quantidade de
sorvete Y
Custo fixo CF Custo variável CV
0 125 0
1 125 5.00
2 125 20.00
3 125 45.00
4 125 80.00
5 125 125.00
6 125 180.00
7 125 245.00
8 125 320.00
Mariana Stussi Neves.
Já apresentamos esses conceitos neste módulo. Além dessas medidas
de custo, existem ainda outras duas muito usadas pelos economistas:
Custo marginal (CMg);
Custo médio (CMe).
Assim como observamos no produto marginal, o custo marginal é a
variação no custo total ao se acrescentar uma unidade de trabalho (por
exemplo, um trabalhador a mais ou um dia a mais de trabalho). Sua
forma de cálculo também é parecida com a que vimos antes:
O custo médio, por sua vez, possui um cálculo ainda mais simples:
como o próprio nome diz, ele é uma média. Para calculá-lo, basta dividir
o custo total pela quantidade de produto.
Custo médio ou
Custo marginal =
variação no custo total
variação na quantidade de produto
ou
CM
g
= ΔCT/ΔY
=
custo total
quantidade de produto
CMe = CT/Y .
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As colunas 5 e 6 da tabela anterior oferecem respectivamente os custos
médio e marginal da sorveteria de Mateus. O marginal aumenta com o
número produzido de sorvetes, enquanto o médio começa alto e diminui
à medida que mais unidades são produzidas. No entanto, a partir da 5ª
unidade de sorvete, ele volta a crescer. Para compreendermos o
comportamento das duas curvas, devemos observar os gráficos desta
figura:
Vamos, agora, analisar esses gráficos.
Mostra a curva de CT da sorveteria de Mateus, indicando o
aumento dela com o número de unidades produzida. A
inclinação da curva de CT também não é constante, pois ela se
torna cada vez mais inclinada à medida que se desliza para a
direita. Os retornos decrescentes do insumo variável são a razão
para isso.
No segundo gráfico, vemos a curva de custo marginal (CMg) da
sorveteria. Como pudemos ver anteriormente no caso da curva
de produto marginal, que corresponde à inclinação da de produto
total, o custo marginal é igual à inclinação da curva de CT. Como
ela é positivamente inclinada, a inclinação da própria curva de
custo total aumenta. Novamente, os retornos decrescentes de
insumos justificam a inclinação da CMg. Como o produto
marginal do insumo declina, cada vez mais insumo variável será
necessário para produzir qualquer unidade adicional de produto.
Como cada unidade adicional de insumo variável tem de ser
paga, o custo por unidade adicional de produto também
aumenta.
Gráfico (a) 
Gráfico (b) 
Gráfico (c) 
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Indica o custo médio. Conforme apontamos, ele não tem
inclinação constante: a curva de CM tem um formato de “U”. Isso
ocorre por dois efeitos acontecerem simultaneamente na curva
de custo médio.
Atenção!
Lembre-se de que o produto marginal é decrescente.
Recordemos que o custo total é composto por dois tipos de custo:
variável e fixo. Assim, o médio também pode ser decomposto em dois
componentes:
Custo fixo médio(CFM);
Custo variável médio (CVM).
O cálculo de ambos é direto: divide-se cada um pela quantidade de
produto produzida.
Custo fixo médio ou
No início da produção, quando há poucas unidades, o custo total médio
(CME) é alto por conta do peso grande que o componente do custo fixo
tem sobre ele. Conforme se produz mais, esse componente de custo
fixo vai sendo “diluído”. Em outras palavras, assim que o denominador
aumenta, o CFM diminui, de modo que a inclinação da curva também
diminui, tornando-a mais achatada. Isso ocorre até ela atingir um ponto
mínimo e voltar a crescer.
O crescimento do custo médio depois do ponto de mínimo ocorre por
conta do outro efeito: o do custo variável. Se, por um lado, o CFM cai, o
CVM sobe. Esse crescimento do custo variável se deve ao efeito dos
retornos decrescentes dos insumos, fazendo com que, quanto maior for
a quantidade de produto, mais insumo variável será necessário para
produzir unidades adicionais, aumentando, por sua vez, o custo variável.
Veja a seguir o gráfico com essa dinâmica dos custos, ilustrando, para
tal, cada uma das curvas. Como se pode observar, o CME e o CMg se
cruzam no ponto mínimo de custo total médio. A partir deste ponto
(destacado pela letra M na figura), o CVM ultrapassa o CFM; dessa
(CFM) =
custo fixo
quantidade de produto
CFM = CF/Y
Custo variável médio (CFM) =
custo variável
Quantidade de produto
ou CV M = CV /Y
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43 of 60 18/03/2023 09:04
forma, o custo variável passa a ser maior que o custo fixo. O ponto em
que a curva de custo marginal intercepta a de custo médio é o ponto
custo total médio mínimo. A quantidade de produto desse ponto recebe
o nome de produto de custo mínimo.
Curvas de custo
Confira as diversas curvas de custo da firma e a relação entre elas.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Sobre função de produção da firma, assinale a afirmativa falsa:

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Parabéns! A alternativa B está correta.
No curto prazo, os produtores não conseguem modificar o
montante de alguns insumos. Trata-se dos chamados insumos
fixos. Eles só podem alterar a sua produção mudando a quantidade
de insumos variáveis. No longo prazo, não existem insumos fixos:
todos eles são variáveis.
Questão 2
Sobre as curvas de custo do produtor, assinale a afirmativa falsa:
A
É a relação entre a quantidade de produto que uma
firma irá produzir e a de insumos.
B
Os insumos da função de produção de curto prazo
são fixos.
C
A curva que mostra como a quantidade de produto
depende do montante de insumo variável para uma
dada quantia de insumo fixo é chamada de curva de
produto total.
D
A inclinação da curva de produto total é igual ao
produto marginal do insumo variável.
E
A hipótese de retornos decrescentes implica que a
função de produção da firma terá inclinação
decrescente.
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Parabéns! A alternativa A está correta.
Tal definição corresponde ao custo marginal.
4 - Lucro do produtor
Ao �nal deste módulo, você será capaz de demonstrar a quantidade de produto para a
maximização do lucro do produtor.
A
O custo variável é a variação no custo total ao se
acrescentar uma unidade de insumo variável.
B
O custo fixo médio é o custo fixo dividido pela
quantidade total produzida.
C A curva de custo marginal é crescente.
D O custo total é a soma dos custos fixo e variável.
E
O custo médio é a soma do custo variável médio e o
custo fixo médio.
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46 of 60 18/03/2023 09:04
Oferta e competição perfeita
No módulo anterior, estudamos as curvas de custo do produtor e
enunciamos os conceitos de lucro e receita. Mas resta saber ainda
como esses conceitos estão relacionados entre si e de que forma
afetam as escolhas de produção e oferta das firmas. Isso depende do
tipo de mercado em que uma firma se encontra. Analisaremos neste
módulo a seguinte situação: competição perfeita.
Se você já foi a uma feira, deve ter notado que, em geral, existe mais de
um feirante vendendo batatas ou tomates. Também já deve ter
percebido que o preço desses produtos repetidos costuma ser muito
parecido ou igual entre as barracas. O barulho alto característico das
feiras é um sintoma da competição que os feirantes enfrentam entre si.
Para vender produtos que não oferecem muitas diferenças entre uma
barraca e outra, competir é inevitável. Para isso, recorre-se à voz. Mas
por que eles não usam outros recursos, como alterar o preço e a
quantidade ofertada, para tentar vender mais?
José e Sônia são dois feirantes que vendem batatas. Ambos
comercializam o seu produto na mesma feira aos domingos. Suponha
também que suas batatas sejam da mesma qualidade. Na prática, eles
competem entre si ao disputarem potenciais compradores.
Será que um dos dois devia impedir o outro de vender
batatas? Ou eles deveriam fazer um acordo para aumentar
o preço dela?
É provável que a resposta seja não. Há centenas de outros feirantes
vendendo esse item, seja na mesma feira ou em outra talvez não muito
distante. Sônia e José definitivamente estão competindo com todos
esses vendedores de batata.
Se ambos tentassem aumentar o preço da batata, provavelmente não
conseguiriam vender muito, pois os consumidores encontrariam outra
mais barata a apenas algumas barracas de distância. Desse modo,
podemos dizer que José e Sônia são produtores tomadores de preço.
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47 of 60 18/03/2023 09:04
Um produtor é chamado assim quando suas ações não afetam o preço
de mercado do bem que ele vende. O raciocínio análogo vale para os
consumidores tomadores de preço: eles não podem influenciar esse
preço por meio de suas ações. Em um mercado perfeitamente
competitivo, consumidores e produtores são tomadores de preço. Com
isso, decisões individuais, de quem quer que elas partam, não afetam o
preço de mercado de determinado bem. Além disso, há duas condições
necessárias para a competição perfeita:
 A indústria deve possuir um número relativamente
grande de produtores e nenhum deles pode ter
grande participação no mercado.
A participação de mercado de um produtor é a
fração do produto total da indústria pela qual ele é
responsável. Se possuir uma parcela muito grande
dele, ele passará a influenciar o preço de mercado
do bem que produz. Por exemplo, na crise do
petróleo da década de 1970, a Organização dos
Países Exportadores de Petróleo (OPEP) tinha
quase um terço de fatia da produção total de
petróleo mundial. Ao diminuir a quantidade
ofertada, ela influenciou diretamente no preço do
barril. Este não é o caso de José nem de Sônia.
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48 of 60 18/03/2023 09:04
Livre entrada e saída
Além das duas condições enunciadas acima, os mercados
perfeitamente competitivos têm ainda outra característica: a livre
entrada e saída de firmas e produtores. Dito de outra forma, não há
barreiras para seu acesso ao mercado.
Tampouco existem custos adicionais associados à saída do mercado,
como tarifas associadas ao fechamento de uma firma. Contudo, a livre
entrada e saída não é uma condição necessária para a competição
perfeita, e sim uma característica comum na maioria dos mercados
competitivos.
Exemplo
Acesso limitado a recursos, obstáculos legais e regulamentações
governamentais.
-->
Como funcionam os mercados perfeitamente
competitivos?
Quando um produtor aumenta o montante dele em uma unidade, sua
receita cresce, mas, infelizmente, acontece o mesmo com seu custo.
Também vimos que esse aumento no custo por unidade extra de
produto éconhecido como custo marginal. Analisemos agora outro
conceito relativo a esse tópico: receita marginal (RMg). Analogamente,
ela é a receita adicional gerada com a venda ao se aumentar o produto
em uma unidade. Formalmente, temos a seguinte equação:
Para responder a essa pergunta, primeiramente examinaremos de que
modo um produtor maximiza o seu lucro individualmente em uma
indústria perfeitamente competitiva. Em seguida, entenderemos o
significado de lucro econômico a partir da análise dos lucros e prejuízos
de um negócio hipotético.
Imagine que João e Maria administrem um cultivo de café. Suponha que
o preço de mercado da saca seja R$40 e que eles sejam tomadores de
preço, podendo, assim, vender o montante que quiserem com esse
preço. Quantas sacas eles devem produzir para maximizar seu lucro?
 Os consumidores devem considerar os produtos de
todos os produtores equivalentes.
Isso não seria verdade se os compradores
acreditassem que as batatas de Sônia são de
melhor qualidade que as de José. Caso realmente
fossem melhores, ainda que ela aumentasse um
pouco o seu preço, os consumidores continuariam
comprando em virtude de sua melhor qualidade.
No caso de commodities (ou produtos
padronizados), os consumidores costumam
considerar o produto de um produtor como
perfeitamente substituível pelo de outro. Temos
como exemplo um produtor de batatas como José
ou Sônia. Eles não podem aumentar o preço de
suas batatas sem perder todas as suas vendas para
outros vendedores. Assim, para que uma indústria
seja perfeitamente competitiva, é necessário que
seu produto seja padronizado.
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49 of 60 18/03/2023 09:04
Já vimos que o lucro é igual à receita total menos o custo total, assim
como a receita total é o preço de mercado multiplicado pela quantidade
de produto. Como fizemos no caso do consumidor, recorreremos agora
à análise marginal para encontrar a quantidade ótima de produto (que
maximiza o lucro) a ser vendida.
Quando um produtor aumenta o montante dele em uma unidade, sua
receita cresce, mas, infelizmente, acontece o mesmo com seu custo.
Também vimos que esse aumento no custo por unidade extra de
produto é conhecido como custo marginal. Analisemos agora outro
conceito relativo a esse tópico: receita marginal (RMg). Analogamente,
ela é a receita adicional gerada com a venda ao se aumentar o produto
em uma unidade. Formalmente, temos a seguinte equação:
Mas como isso ajuda a descobrir a quantidade ótima de sacas de café
que João e Maria devem produzir para maximizar os lucros de sua
produção?
A tabela a seguir aponta a receita total, o custo total e o lucro total por
unidade de saca de café do cultivo de ambos, além dos cálculos de
custo e receita marginais. A última coluna, por sua vez, exibe o ganho
líquido por saca, isto é, a receita marginal menos o custo marginal.
Quantidade de café
Y (sacas)
Custo variável CV Custo total CT
0 0 20.00
1 25.00 45.00
2 55.00 75.00
3 65.00 110.00
4 75.00 150.00
5 85.00 195.00
6 95.00 245.00
Mariana Stussi Neves.
receita marginal =
variąção na receita total
variação no produto
ou RMg = ΔRT/ΔY
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50 of 60 18/03/2023 09:04
Como vimos no módulo 3, esta tabela evidencia que o custo variável e o
total crescem à medida que a produção aumenta. O custo marginal
também sobe a cada unidade de café por conta dos retornos
decrescentes dos insumos. A RMg, no entanto, permanece constante,
uma vez que o preço do produto não muda (afinal, João e Maria são
tomadores de preço).
Examinemos agora a última coluna, a de ganho líquido por saca: até a
quarta saca de café produzida, ambos registram um ganho líquido
positivo. Produzir, portanto, gera mais receita do que custos. Na quarta
saca, o ganho líquido já é zero; a partir da quinta, ele passa a ser
negativo, pois o custo marginal é maior que a receita marginal.
Podemos observar essas curvas graficamente para a melhor absorção
desse conceito:
A curva de custo marginal (CMg) apresenta uma inclinação positiva e
permanece abaixo da de receita marginal (RMg) até o ponto E, onde ela
intercepta a RMg. Até E (ou até a quarta saca), João e Maria
contabilizam um ganho líquido positivo por saca.
A partir de E, a CMg ultrapassa a curva de receita marginal, enquanto o
ganho líquido se torna negativo, ou seja, eles passam a perder dinheiro
com a produção de unidades adicionais de sacas de café.
Desse modo, o ponto que maximiza o lucro de ambos é o E, com uma
produção de quatro sacas de café. Note que, neste ponto, a receita
marginal é exatamente igual ao custo marginal. Isso é chamado de
regra de produto ótimo do produtor. Na quantidade ótima de produto,
RMg = CMg.
Atividade discursiva
Sabemos então que, no ponto indicado, João e Maria não encontram
incentivos para produzir mais nem menos, pois ele se trata da
quantidade de produto ótima deles. Mas este é o único ponto no qual a
produção dele e sua manutenção no mercado fazem sentido?

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51 of 60 18/03/2023 09:04
Digite sua resposta aqui
Exibir solução
A resposta é não.
A decisão de uma firma permanecer ou não em um mercado
depende de seu lucro econômico, medida que considera o custo
de oportunidade dos recursos de um negócio além de suas
despesas explícitas.
Se fôssemos pensar no lucro econômico de João e Maria,
poderíamos incluir como custo de oportunidade de investir na
produção de café o quanto esse dinheiro renderia no banco.
Lembremos que custo de oportunidade é o que você deixa de
obter (rendimento do banco) ao optar por outra atividade
(produção de café).
O que diferencia o lucro econômico do contábil é o custo implícito, isto
é, os benefícios dos quais se abdica no uso dos recursos da firma.
Vamos supor que todos os custos (implícitos e explícitos) estejam
incluídos na tabela a seguir, mostrando, portanto, o lucro econômico.
Para saber se Maria e João operam em lucro ou prejuízo, devemos olhar
para:
Custo total médio mínimo de sua produção.
Preço de mercado do café.
Esta tabela calcula o custo variável médio e o total médio para a
produção de ambos. Consideramos o custo fixo como dado; portanto,
são valores de curto prazo:
Quantidade de café
Y (sacas)
Custo variável CV Custo total CT
0 0 20.00
1 25.00 45.00
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52 of 60 18/03/2023 09:04
2 55.00 75.00
3 65.00 110.00
4 75.00 150.00
5 85.00 195.00
6 95.00 245.00
Mariana Stussi Neves.
Como se pode observar, o custo total médio é minimizado na terceira
saca no valor de R$36,67, que corresponde ao produto de custo mínimo.
No módulo anterior, frisamos que o lucro π é igual à receita total (RT)
menos o custo total (CT).
Logo:
Se RT > CT
A firma é lucrativa.
Se RT < CT
A firma tem prejuízo.
Se RT = CT
A firma possui custo e receita iguais e lucro zero.
Também é possível manipular essas equações dividindo os dois lados
pelo produto Y e expressar essa ideia em termos de receita e custo por
unidade de produto:
O primeiro termo do lado direito da equação (RT/Y) representa a receita
média, que é igual ao preço de mercado das sacas de café, uma vez que
o preço é constante. Já o segundo termo constitui o custo total médio.
Dessa maneira, uma firma será lucrativa se o preço de mercado de seu
produto exceder o custo total médio da quantidade que ela produz e terá
prejuízo se o preço de mercado for inferior.
Reescreveremos essas relações a seguir:
Se P > CTM
π/Y = RT/Y − CT/Y
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53 of 60 18/03/2023 09:04
A firma é lucrativa.
Se P < CTM
A firma tem prejuízo.
Se P = CTM
A firma possui custo e receita iguais e lucro zero.
Também podemos observar essa relação graficamente. Esta figura
apresenta

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