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1 XVIII Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias (SNBU 2014) RELATO DE EXPERIÊNCIA DA IMPLANTAÇÃO DO REPOSITÓRIO INSTITUCIONAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA Vera Lucia Scotto Leite Vanessa Abreu Dias Marcia Petinga Irala Marcos Paulo Anselmo de Anselmo Doris Souza Santana Andreia Carvalho Pereira Dayse Beatriz Juliano Pestana 2 RESUMO O presente trabalho trata-se de um relato de experiência da implantação do Repositório Institucional da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA). Este tem como principal objetivo contribuir com informações pertinentes a respeito da preservação da memória e identidade institucional através da sua produção intelectual, buscando o aumento da visibilidade e do valor público da instituição via Internet. Para tanto, em um primeiro momento foi realizado o levantamento bibliográfico acerca do assunto abordado e em uma fase seguinte, ocorreram seis atividades principais as quais possibilitaram a preservação da memória institucional da UNIPAMPA. Pelo repositório institucional mostrar-se de suma importância para uma universidade em expansão, que está construindo sua imagem e credibilidade, buscou-se implementar um RI na UNIPAMPA, pretendendo intervir e dar resposta a duas questões estratégicas que as universidades enfrentam: contribuir para o aumento da visibilidade da instituição, servindo como indicador tangível da qualidade dessa universidade e demonstrando a relevância científica; contribuir para a reforma do sistema de comunicação científica, expandindo o acesso aos resultados da investigação, aumentando a competição e reduzindo o monopólio das revistas científicas, o que se traduz como economia para as universidades e seus usuários. Palavras-chave: Bibliotecas universitárias; Repositório Institucional; Preservação digital. ABSTRACT The present paper is an experience report of the Institutional Repository implantation at the Federal Pampa University (UNIPAMPA). It has as main objective to contribute with important information about memory preservation and institutional identity through its intellectual work, trying to increase the visibility and the public value of the institution trough out the internet. In the first moment, a literature review was made, in another moment, six different activities occurred that helped with the institutional memory preservation of UNIPAMPA. As the institutional repository is a great instrument to a new university which is building its image and credibility, an IR was implemented at UNIPAMPA to try to intervene and give a response to two different strategic questions faced by the universities: the contribution to the visibility growth of the institution, helping as an indicator of the its quality and demonstrating the its scientific relevance; the contribution to the reform of the scientific communication system, expanding the access of the investigation results, increasing the competition and, at the same time, decreasing the scientific magazines monopoly, resulting in a cost-cutting to the universities and its users. Keywords: University Libraries; Institutional Repository; Digital Preservation 3 1. INTRODUÇÃO A Universidade Federal do Pampa – Unipampa – faz parte do programa de expansão das universidades federais no Brasil. Originária de um Acordo de Cooperação Técnica entre o Ministério da Educação, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), que previa a ampliação do Ensino Superior na metade sul do estado do Rio Grande do Sul. O Sistema de Bibliotecas da Unipampa – SISBI – é composto pela Coordenação de Bibliotecas e pelas bibliotecas dos 10 campi da universidade, abrangendo as cidades de Alegrete, Bagé, Caçapava do Sul, Dom Pedrito, Itaqui, Jaguarão, Santana do Livramento, São Borja, São Gabriel e Uruguaiana. O presente trabalho tem como objetivo principal mostrar o processo de implantação do repositório institucional na Universidade Federal do Pampa. Através do repositório será possível, o qual tem como objetivos específicos: I. Coletar, organizar, preservar, disseminar e dar acesso ao conhecimento produzido pelo corpo docente, técnico-administrativo e discente através de novas maneiras de armazenagem e recuperação da informação; II. Disponibilizar e divulgar o conhecimento gerado no âmbito da Universidade Federal do Pampa (Unipampa); III. Apresentar os critérios que norteiam a inclusão de teses e dissertações em meio eletrônico; IV - Abordar a expansão dos tipos de documentos a serem incluídos, visando ampliar e qualificar a recuperação de informações; V. Abordar a evolução dos suportes da memória, bem como a “biblioteca sem fronteiras, sem paredes”; VI. Facilitar o acesso às publicações. 2. REVISÃO DE LITERATURA A preservação digital dos documentos e sua disponibilidade a qualquer pessoa é uma grande preocupação. Por isso, inúmeras universidades, centros de pesquisa, institutos, bibliotecas, entre outros, dispõem de repositórios digitais próprios visando facilitar o acesso livre à informação. 4 Em seu trabalho Institutional repositories: essential infrastructure for scholarship in the digital age, Lynch (2003) aponta dois tipos de repositórios digitais, a saber: temáticos que são aqueles com foco em área do conhecimento específico e os institucionais: coleções que capturam e preservam a produção intelectual de universidades e/ou comunidades. Crow (2002) ainda elenca os repositórios digitais, como um conjunto de serviços que uma universidade oferece aos membros de sua comunidade, com o objetivo de gerenciar e disseminar materiais digitais criados pela instituição e membros da comunidade (LYNCH, 2003). Para tanto: é fundamental a participação de uma equipe multidisciplinar formada de bibliotecários, analistas de informação, administradores de arquivos, administradores de departamentos e da instituição, pesquisadores e pessoal envolvido com a política universitária. (CAFÉ et al, 2003, p.4). Segundo Lynch, os repositórios institucionais, de uma maneira geral, “[...] são sistemas de informação que servem para armazenar, preservar, organizar e difundir os resultados (a produção científica) de uma dada instituição, utilizando um software”. No mesmo sentido, Kuramoto (2006) os vê como “[...] um conjunto de serviços oferecidos por uma instituição aos membros de uma comunidade para a gestão e disseminação da sua produção técnico-científica em meio digital”. E por fim, Crow (2002), os considera como “[...] arquivo digital de produtos intelectuais criados por uma comunidade de pesquisadores, estudantes e professores de uma instituição”. A compreensão dos repositórios institucionais está ligada a percepção da “[...] manifestação visível da importância emergente da gestão do conhecimento na educação superior”. Nesse sentido, é válido ressaltar as palavras de Crow (2002, p.XX), onde os repositórios institucionais constituem “[...] um sistema global de repositórios distribuídos e interoperáveis que fundamentam um novo modelo de publicação científica”. 3. METODOLOGIA E ESTRATÉGIA DE AÇÃO Para a implantação do RI foram utilizadas seis atividades: 1. Política de tratamento de direitos autorais: nesta atividade é definida a política de tratamento dos direitos autorais dos objetos digitais disponibilizados no repositório. A atividade é de realização conjunta com a Consultoria Jurídica da universidade. Uma ideia inicial indica que somente serão disponibilizados os objetos criados sob licença Creative 5 commons ou aqueles que tenham autorização expressa de divulgação assinada pelo autor. 2. Política de tratamento dos objetos digitais: nesta atividade são definidos os formatosde objetos que poderão ser armazenados no repositório, e definidas as formas de conversão para objetos que não estejam nestes formatos. Inicialmente são priorizados tipos de arquivo abertos que permitam a representação de documentos de maneira independente de aplicativo, de hardware e de sistema operacional. Formatos compactados podem ser utilizados, desde que não apliquem em grande perda de qualidade. Dentre os tipos de arquivos aceitos estão enquadrados arquivos do tipo PDF, PNG, MP3 e MP4. Não são aceitos arquivos em formato proprietário, tais como: DOC, XLS, PPS e WAV. 3. Política de tratamento de metadados: esta atividade é definida a política de tratamento dos metadados. Foi escolhida como padrão da biblioteca a definição Dublin Core, sendo também definidos os elementos obrigatórios para os metadados dos objetos armazenados no repositório digital. 4. Criação da infraestrutura da Biblioteca Digital: nesta atividade foi definida a estrutura em termos de hardware e software para atender as necessidades do repositório digital. Foi selecionada a ferramenta DSPACE, integrada com o sistema de gerenciamento de banco de dados PostgreSQL, funcionando sobre o sistema operacional Linux. 5. Configuração da estrutura: nesta atividade foram definidos os parâmetros configuráveis da ferramenta DSPACE. A estrutura das comunidades é apresentada detalhadamente a seguir. Também está sendo realizada a adaptação do layout da ferramenta para que esteja de acordo com a identidade visual da universidade. 6. Treinamento dos usuários: nesta atividade foram definidos os treinamentos a serem ministrados para capacitação de uso da biblioteca digital. Foi definida a oferta de dois cursos, com público-alvo diferenciado, sendo o primeiro para os administradores do sistema, e o segundo para os usuários finais. Os treinamentos estão baseados em vídeo-aulas. A figura 1 detalha a sequência das atividades executadas durante a implementação da biblioteca digital. 6 Figura 1: Descrição do processo de implementação da Biblioteca Digital Fonte: Da autora. A fim de organizar os documentos do repositório digital da Unipampa, sua estrutura está dividida em 5 comunidades principais, conforme mapa mental apresentado na figura 2: Figura 2: Mapa da estrutura de comunidades do repositório digital da Unipampa. Fonte: Da autora . Trabalhos de conclusão de curso, que será subdividida em duas outras comunidades: graduação e pós-graduação. A área de graduação é dividida em uma comunidade para cada um dos cursos de graduação da instituição. Já a comunidade de pós-graduação é subdividida em comunidades de acordo com as áreas de conhecimento da CAPES. Esta diferenciação é feita porque enquanto os cursos de graduação tendem a serem ofertados por muitos anos, as especializações, muitas vezes, são ofertadas uma única vez. A criação de uma comunidade para cada curso de especialização tenderia a multiplicar a quantidade de comunidades, muitas delas com um conjunto reduzido de trabalhos de conclusão de curso. Teses e dissertações, que será subdividida de acordo com as áreas da CAPES. Produção intelectual, que será subdividida em artigos em revistas, propriedade intelectual, livros e capítulos de livro e artigos em anais de conferências. Esta subdivisão segue exatamente a implementada no currículo lattes, que é uma ferramenta amplamente 7 disseminada na ciência brasileira. Eventos Unipampa, que será subdividida em mostras de ensino, mostras de iniciação científica e seminários. Salienta-se que estes eventos são os que não possuem garantia de periodicidade. Anais de eventos regulares serão armazenados no portal de publicações seriadas da universidade, implementado na ferramenta Open Journal System (OJS). Arquivo, cuja finalidade é de manter o histórico da instituição em formato multimídia, incluindo principalmente documentos, fotos, áudio e vídeo. 4. RESULTADOS E IMPACTOS ESPERADOS A preservação vem sendo amplamente disseminadas e adotadas em diversos segmentos culturais, os quais têm consciência de que somente por meio deste trabalho preventivo se efetuará a consolidação da salvaguarda do acervo em ambientes digitais. As novas tecnologias prometem satisfazer as tarefas tradicionais de armazenamento, organização e acesso em bibliotecas, não apenas no que diz respeito a documentos manuscritos ou impressos, mas informações em variados suportes. Os recursos tecnológicos apresentam vantagens, como a economia de espaço e facilidades de leitura, ao reunir documentos dispersos em um mesmo local. Assim, diante de várias soluções tecnológicas atualmente oferecidas, cabe aos profissionais da informação (bibliotecários) avaliar as possíveis vantagens e desvantagens das opções disponíveis no mercado, como também sua eficácia para o atendimento aos usuários, visando a democratização da informação. 5. REFERÊNCIAS CAFÉ, Lígia et al. Repositórios institucionais: nova estratégia para publicação científica na rede. Disponível em: <http://dspace.ibict.br/dmdocuments/ENDOCOM_CAFE.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2014. CROW, R. The case for institutional repositories: a SPARC position paper. [S.l.]: The Scholarly Publishing and Academic Resource Coalition, 2002. Disponível em: <http://www.arl.org/sparc/IR/ir.html>. Acesso em: 10 maio. 2014. KURAMOTO, H. Os open archive e as políticas públicas para a informação científica. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE BIBLIOTECAS DIGITAIS, 3., 2005, São Paulo. [Anais eletrônicos...]. Disponível em: <http://bibliotecascruesp.usp.br/bibliotecas/APRESENT/Helio_Kuramoto.ppt>. Acesso em: 2 8 out. 2012. LYNCH, C. A. Institutional repositories: essential infrastructure for scholarship in the digital age. ARL Bimonthly Report, n. 226, feb. 2003:1-7. no. 226 (February 2003): 1-7. Disponível em: http://www.arl.org/resources/pubs/br/br226/br226ir.shtml. Acesso em: 23 out. 2012.
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