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CCeennttrroo FFeeddeerraall ddee EEdduuccaaççããoo TTeeccnnoollóóggiiccaa DDeeppaarrttaammeennttoo ddee QQuuíímmiiccaa CCoooorrddeennaaççããoo ddee CCuurrssoo TTééccnniiccoo OOppeerraaççõõeess UUnniittáárriiaass II CCuurrssoo IInntteeggrraaddoo –– 33ªª SSéérriiee CCuurrssoo MMoodduullaarr –– MMóódduulloo IIIIII LLuuzziiaa SSeerrggiinnaa ddee FFrraannççaa NNeettaa BBeelloo HHoorriizzoonnttee 22001111 Condensador R Pt Alimentação Pb Aquecedor Lb Vt Vs Vr Vb Lr Lb A B C D E 2 ÍÍnnddiiccee II –– IInnttrroodduuççããoo aass OOppeerraaççõõeess UUnniittáárriiaass................................................................................0033 IIII –– TTrraannssppoorrttee ddee ssóólliiddooss..........................................................................................................................0044 IIIIII –– RReedduuççããoo ddee ttaammaannhhoo ddee mmaatteerriiaall ssóólliiddoo............................................................1155 IIVV –– PPeenneeiirraammeennttoo IInndduussttrriiaall................................................................................................................2266 VV –– FFiillttrraaççããoo......................................................................................................................................................................3322 VVII –– SSeeddiimmeennttaaççããoo..................................................................................................................................................3399 VVIIII –– CCllaassssiiffiiccaaççããoo cceennttrrííffuuggaa..............................................................................................................4433 VVIIIIII –– FFlloottaaççããoo..................................................................................................................................................................4488 IIXX –– DDeessttiillaaççããoo..............................................................................................................................................................5533 XX –– BBiibblliiooggrraaffiiaa..............................................................................................................................................................6633 3 II –– IInnttrroodduuççããoo aass OOppeerraaççõõeess UUnniittáárriiaass Introdução Os processos de separação constituem uma etapa fundamental nos processos de fabricação em uma indústria química. A noção de processos de separação está intimamente relacionada com as operações unitárias. O termo Operações Unitárias foi introduzido por Arthur D. Little em 1915 nos EUA. O conceito de operações unitárias está baseado na filosofia de uma seqüência amplamente variável de etapas que podem ser reduzidas a operações simples, ou reações que são idênticas independentemente do material que será processado. As operações unitárias têm como objetivo a redução do tamanho de sólidos, transporte de massa e calor, separar ou concentrar componentes de uma mistura, aquecer ou resfriar, entre outras funções. Quanto à classificação as operações unitárias podem ser divididas em quatro grupos: ✓ Operações baseadas na transferência de quantidade de movimento. Ex.: Sedimentação, ciclonagem, moagem, etc. ✓ Operações baseadas na transferência de massa. Ex.: Destilação, extração absorção, adsorção, entre outras. ✓ Operações baseadas na transferência de calor. Ex.: Trocadores de calor. ✓ Operações baseadas na transferência de calor e massa. Ex.: Evaporação e cristalização. Quanto à aplicação das operações unitárias na indústria química pode-se citar: ➢ Indústria produtora de açúcar e álcool. ➢ Indústria produtora de cimento. ➢ Indústria produtora de polímeros. ➢ Indústria petroquímica. 4 IIII –– TTrraannssppoorrttee ddee ssóólliiddooss Introdução O transporte de materiais na indústria engloba o transporte de sólidos, bombeamento de líquidos e a movimentação de gases. Neste módulo será abordado apenas o transporte de sólidos. A importância de se conhecer e estudar o transporte de sólidos está relacionado à economia durante o processo de produção. O custo com transporte durante um processo poderá chegar a valores 80% do custo total da produção. O aumento do custo com mão-de-obra forçou a substituição pelos transportes mecânicos. Outros fatores que contribuíram para mecanização do processo de transporte dos sólidos foi o transporte do sólido em maior ou menor escala variabilidade nas condições de transporte, capacidade, espaço disponível e economia do processo. Especificação do equipamento A seleção e dimensionamento do equipamento de transporte dependem de uma série de fatores como a sua capacidade, distância e desnível da carga e descarga, natureza do material que será transportado e os fatores econômicos. A determinação da capacidade do equipamento é de fundamental importância e envolve uma série de variáveis como o desembarque na fábrica, o armazenamento e a embalagem. A capacidade poderá ser especificada em: capacidade de operação, nominal, de pico e de projeto. A capacidade de operação é aquela que leva em consideração a vida útil do transportador no que diz respeito à instalação, tempo de operação, manutenção e a quantidade média do material que será processado. A capacidade de projeto deverá ser superior a capacidade de operação. 5 A capacidade nominal é a capacidade máxima e mínima que o equipamento deverá operar e que deverá está dentro da capacidade de operação. A capacidade de pico será a maior capacidade que se deve operar o sistema de transporte. Com relação à capacidade de projeto, esta serve para especificar o transportador e realizar os cálculos mecânicos e estruturais, além das capacidades máximas e mínimas de operação. A distância e o desnível entre carga e descarga deverá ser levado em consideração para escolha adequada do equipamento, já que existem equipamento próprios para longas distâncias e isento de inclinação e equipamento para grande inclinações e curtas distâncias. A natureza do material relativa às características físicas e mecânicas dos sólidos interfere diretamente na escolha do transportador. A especificação de um transportador dependerá fundamentalmente da granulometria e forma da partícula, densidade, fragilidade, umidade, mobilidade, dureza, aderência, aglutinação e abrasão. Os fatores econômicos levam em consideração o menor custo inicial, menor custo de manutenção ou menor consumo de energia. Classificação do equipamento. Os equipamentos podem ser classificados em duas categorias. A primeira enquadra os equipamentos cuja posição permanece fixa durante o transporte do sólido, embora possuam partes móveis. A segunda enquadra os equipamentos que se movimentam junto com os sólidos como exemplo pode-se citar as carregadeiras, vagonetas, caminhões, guinchos, empilhadeiras, entre outros. A primeira categoria que engloba os carregadores fixos pode ser classificada de acordo com a ação que desenvolvem o transporte e são divididos em cinco categorias: carregadores, arrastadores, elevadores, alimentadores e pneumáticos. 6 Dispositivos carregadores Os dispositivos carregadores podem ser subdivididos em correia, esteira, corrente, caçamba, vibratório e por gravidade. Todos esses dispositivos possuem o mesmo objetivo que é levar continuamente o sólido de um ponto a outro da indústria. ✓ Transportador de correia: Caracterizado por uma correia sem fim que se movimenta entre um tambor,no ponto de alimentação, e outro de acionamento na extremidade de descarga (Figura 1). A B Figura 1: a) correias transportadoras e b) correia. A correia é apoiada em cima de roletes e há sempre a necessidade de esticadores para manter a correia sob tensão. Esses dispositivos podem ser horizontais ou inclinados, com tamanho variando de poucos metros até quilômetros e operam a uma velocidade que varia de 0,5 a 3m/s. Quanto ao material às correias podem ser de couro, nylon, poliéster, PVC, polietileno, algodão, etc. Durante a instalação deverá ser incluso um dispositivo de carga e descarga do material. Os dispositivos de carga e descarga das correias são geralmente automáticos e o carregamento é feito por meio de bicas, válvulas rotativas, alimentadores agitados, rotativos, vibratórios ou helicoidais. A operação manual é utilizada quando a carga que será transportada são caixas ou fardos. Quanto ao dispositivo de descarga também poderá ser manual ou automático mediante instalação de raspadores. Os transportadores correia variam sua configuração em roletes inclinados, zipper ou tripper. Quanto 7 à inclinação os transportadores correia podem ser horizontais ou inclinados. O ângulo de inclinação não poderá exceder o de repouso natural do material, geralmente é um valor inferior a este e não ultrapassa a inclinação de 45º. O projeto de uma correia transportadora deverá levar em consideração fatores como o ângulo de inclinação, a velocidade de transporte, a largura da correia e a potência consumida. ✓ Transportador de esteira: transportador variante do transportador correia e é aplicado principalmente para o transporte pesado de materiais quentes ou muito abrasivos em curta distância. A esteira é geralmente constituída por material metálico no formato de badejas ou caçambas fixadas numa correia ou corrente (Figura 2). As esteiras possuem uma velocidade média de 5 a 10 m/min. Figura 2: Transportador de esteira. ✓ Transportador de corrente: Os transportadores corrente são montados com elos padronizados de corrente que são montados uns sobre os outros com pinos (Figura 3). Apresentam uma excelente durabilidade e simples manutenção, além de operarem em alta velocidade, capacidade e temperatura. Esse tipo de transportador é pouco utilizado na indústria química. Figura 3: Transportador de correntes. ✓ Transportador de caçamba: Os transportadores caçamba são empregados para o transporte de material em longas distâncias. O transporte ocorre no interior das caçambas suspensas em cabos de aço ou em eixos com roletes nas duas extremidades e que se movimentam em trilhos (Figura 4). 8 Figura 4: Transportador de caçambas. Os tipos mais simples de transportador de caçambas são os com caçambas suspensas diretamente em roldanas que deslizam em cabos de aço e são amplamente utilizados no transporte de minérios a longas distâncias. Uma variante dos transportadores de caçamba são os transportadores elevadores. Nesta configuração as caçambas basculam num eixo cujas extremidades são presas em correntes laterais. Há superposição das caçambas durante a elevação, porém não há interferência de uma com a outra. ✓ Transportador vibratório: Utilizados no transporte de sólidos densos e de escoamento fácil. Os sólidos são depositados sobre uma calha horizontal ou ligeiramente inclinada que vibra pela ação de excêntricos ou vibradores eletromagnéticos (Figura 5). Figura 5: Transportador vibratório. As partículas realizam um movimento para cima e para frente afastando-se do transportador por um curto intervalo de tempo. Recomenda-se o uso desse transportador para pequenas e médias distâncias e muitas vezes servem como dispositivos alimentadores. ✓ Transportador por gravidade: Essa é uma das configurações mais simples para um transportador de sólidos. O transportador por gravidade escoa o material sobre um plano inclinado em relação à horizontal com um ângulo superior ao de repouso do material. Também se utiliza calhas 9 ou dutos por onde o sólido escoa livremente. Deve-se realizar um controle no ângulo de inclinação do transportador, caso este apresente uma inclinação excessiva, a velocidade de descida do material se elevará e poderá ocorrer a fragmentação do material. A inclinação do ângulo do transportador dependerá da densidade do sólido e da sua aderência. Uma variante do transportador por gravidade que é utilizado para o transporte de caixas, fardos e latas são os roletes fixos em guias laterais denominados de transportadores de rolos (Figura 6) que são instalados tanto na horizontal quanto inclinado. Figura 6: Transportador por gravidade – Transportador de rolos. Dispositivos arrastadores O transporte dos sólidos é realizado por arraste em calhas ou dutos. Esses equipamentos apresentam um baixo custo de aquisição, porém seu custo de manutenção é elevado devido aos desgastes sofridos pelo equipamento. Os transportadores arrastadores são classificados em calha ou helicoidal. ✓ Transportador de calha: Apresenta-se como uma das mais simples configurações e baratas para o transporte de sólidos. Entretanto apresenta um custo elevado de manutenção e energético, dessa forma este equipamento só é utilizado quando se trata de transportar sólidos a curtas distâncias (Figura 7). Figura 7: Transportadores de calhas. Os transportadores constam de uma calha de madeira ou aço. 10 No interior dessas calhas encontram-se raspadores que arrastam consigo o sólido que será transportado. ✓ Transportador helicoidal: Utilizados para pequenas distâncias. Além do transporte do sólido poderá ser utilizado como dispositivo para mistura, lavagem, cristalização, resfriamento, extração ou secagem. Os transportadores helicoidais são compostos por uma canaleta de seção semi-circular onde em seu interior gira uma eixo com uma helicóide (Figura 8). Figura 8: Transportador helicoidal. O grau de inclinação da canaleta pode variar de 10 a 15º, porém caso a mesma seja fechada poderá funcionar como dispositivo elevador. Apresenta custo relacionado ao consumo energético, porém para pequenas distâncias esses valores não são importantes. Há várias configurações para a helicóide que compõe o transportador (Figura 9). Figura 9: Configuração das helicóides. A tabela abaixo apresenta as configurações o seu respectivo uso. Configuração Aplicação Padrão Inclinação até 20º Passo longo Materiais de fácil escoamento Passo duplo Mistura Furada Lavadores Dobrada ou de fita Misturar pastas Dispositivos elevadores Alguns dispositivos como as correias, helicoidais e de calhas, classificados como transportadores poderão ser utilizados como dispositivos elevadores. Esses 11 equipamentos só poderão ser utilizados como elevadores caso o desnível seja pequeno comparado com a distância horizontal de transporte. Os transportadores elevadores classificados em helicoidais, canecas e pneumáticos. ✓ Elevador helicoidal: Idênticos aos transportadores descritos anteriormente. Nesta configuração utiliza-se um tubo cilíndrico em substituição a calha semi-circular e a folga entre a helicóide e o tudo deverá ser limitada. Este equipamento elevador é utilizado para o transporte de sólidos com uma altura máxima de 12m. ✓ Elevador de canecas: Esses elevadores são constituídos de canecas fixas sobre correias verticais ou de grande inclinação. As correis poderão ser substituídas por correntes que se movimentam em uma polia ou roda dentada (Figura 10).A B Figura 10: a) canecas e b) elevador de canecas. As canecas encontram-se no interior de caixa de madeira ou aço e geralmente são empregadas para a elevação de cereais, minérios e reagentes químicos e podem chegar a uma altura de elevação de 100m. A descarga nestes equipamentos pode ser centrífuga, positiva ou contínua. Na descarga centrífuga o transportador opera em alta velocidade (65 a 90 m/min) e o material é descartado sobre o duto inclinado de descarga ao contornar a polia. Para baixas velocidades a descarga centrífuga é inviável e as canecas são invertidas por meio de 12 uma roda dentada para que se possa realizar a descarga, sendo denominado de descarga positiva. Quando as canecas estão próximas uma das outras, a descarga torna- se contínua (Figura 11). Figura 11: Descarga dos elevadores de canecas. a) descarga centrífuga, b) descarga positiva e c) descarga contínua. Dispositivos alimentadores Os dispositivos transportadores também são utilizados como dispositivos alimentadores para determinados processos. Nos processos industriais a alimentação de sólidos a vazão de massa constante é sempre um problema e de difícil resolução devido às características dos sólidos envolvidos no processo. Os alimentadores podem ser classificados em gravimétricos ou volumétricos. Alimentador gravimétrico: são utilizados quando os sólidos apresentam uma granulometria diversificada e necessita-se de uma dosagem precisa e constante. Um dispositivo típico dos alimentadores gravimétricos são as correias dosadoras que são alimentadas por um alimentador helicoidal (Figura 12). Figura 12: Alimentador gravimétrico de correia dosadora. Neste dispositivo o processo de dosagem do material granular ocorre mediante a flexão da correia com a variação da carga que aciona uma alavanca que atua sobre os braços de uma balança de grande sensibilidade. O outro braço da alavanca está ligado a um circuito elétrico que aciona o alimentador helicoidal da correia que aciona um acelerador ou redutor de velocidade. 13 ✓ Alimentador volumétrico: São dispositivos simples e de fácil instalação e alimentação ocorre à vazão volumétrica constante. A vazão é variada alterando-se a rotação da máquina ou a posição da válvula gaveta que geralmente se instala na boca de saída do silo. Quando se opera com sólidos que aderem com facilidade ou apresenta grande variação de densidade deverão ser alimentados utilizando os alimentadores gravimétricos. Os alimentadores com válvulas rotativas possuem um eixo que gira a velocidade constante movimentando as palhetas (Figura 13). A B Figura 13: Válvula rotativa. a) palheta e b) instalação do dispositivo dosador. Quando se pretende aumentar ou reduzir a dosagem modifica-se a freqüência do motor que regula a dosagem dos sólidos. Os alimentadores de mesa dosadora é de fácil regulagem e encontram-se instalados logo após a saída do silo (Figura 14). O silo descarrega diretamente sobre o disco horizontal que gira em velocidade constante e mediante a ação de um raspador o solido é retirado da mesa e dosado a vazão desejada. Este dosador é amplamente utilizado na indústria e necessita de calibração constante. Figura 14: Mesa dosadora. Dispositivos pneumáticos Empregado no transporte ou elevação de sólidos finos na indústria química. Esse dispositivo pode ser empregado em curtas ou 14 longas distâncias e a granulometria pode variar desde um pó fino (cerca de 100µm) até 1cm. Aplica-se para o sólido fino que em outros processos de transportes por arraste se perderiam ao longo do caminho. O transporte ocorre mediante fluidização do sólido mediante uso do ar ou gás inerte. A mistura sólido-fluido escoa pelo interior de dutos do sistema. Quanto ao modo operacional desses sistemas eles podem ser operados de forma direta, quando o sólido passa por um ventilador ou indireto quando o sólido não passa pelo ventilador. O sistema direto é o mais utilizado por ser um pouco mais simples, porém não se aplica quando o sólido puder danificar o ventilador (Figura 15). Figura 15: Dispositivos pneumáticos. 15 IIIIII –– RReedduuççããoo ddee ttaammaannhhoo ddee mmaatteerriiaall ssóólliiddoo Introdução A redução de sólidos é utilizada na indústria e visa à obtenção de partículas com tamanhos trabalháveis, bem como, o aumento da superfície de contato. Os processos de fragmentação são altamente consumidores de energia e apresentam uma baixa eficiência energética devido às perdas durante a fragmentação (Figura 1). Energia consumida Calor Atrito Ruído Vibração Produto cominuído Figura 1: Perda de energia ao longo do processo de fragmentação. Como exemplo de redução de tamanho mediante uso da moagem pode-se citar a obtenção de sólidos pequenos que facilitem a sua dissolução, melhore a pega do cimento, de sementes oleaginosas para facilitar a extração com solventes. O processo de redução de tamanho é realizado em duas etapas. A primeira é a redução onde são obtidos os sólidos de maior tamanho, realizada mediante uso de britadores. A segunda etapa é a moagem para obtenção de sólidos de menor tamanho utilizando moinhos. O objetivo principal da moagem é promover a mistura íntima de dois ou mais sólidos e a mistura se torna mais uniforme à medida que se reduz o tamanho da partícula. A técnica de moagem é amplamente utilizada nas indústrias farmacêuticas para obtenção de produtos em pó. O beneficiamento de minério utiliza amplamente a técnica da redução de tamanho para cominuir a rocha e obter o mineral de interesse. 16 Mecanismo de fragmentação Devido à diversidade estrutural dos materiais, bem como os diferentes tamanhos das partículas (da mais grossa a mais fina), pode-se concluir que o mecanismo de fragmentação não poderá ser único. Materiais moles e duros são fragmentados por mecanismos diferentes da mesma forma que a quebra de partículas grandes é diferente da quebra de partículas menores. A redução de tamanho poderá ser realizada mediante mecanismos de compressão, impacto, atrito e corte. Esses são os métodos comumente encontrados nas indústrias para redução de tamanho. As partículas irregulares quando submetida à compressão pode-se observar a obtenção de fragmentos com duas faixas de tamanho, sendo uma grossa resultante da quebra induzida e outra fina da quebra por compressão no local onde a carga foi aplicada (Figura 2). A quantidade de material sólido fino produzido pode ser minimizada reduzindo a área de aplicação da carga. Figura 2: Fratura por britagem. A quebra devido ao impacto ocorre mediante aplicação de esforços sobre o material e a fragmentação ocorre principalmente por tensão não havendo a deformação. O resultado desse processo é a obtenção de partículas com forma e tamanho semelhantes. A redução por atrito produz uma maior quantidade de partículas finas que dependendo da aplicação torna-se indesejável. A redução ocorre devido ao atrito partícula- partícula e poderá ocorrer em um britador se este é alimentado rapidamente provocando um contato maior entre as partículas. Equipamentos utilizados para redução de tamanho O tamanho desejado para a partícula é um critério de 17 fundamental importância para a escolha adequada do equipamento. Os equipamentos que efetuam a fragmentação grosseira são denominados de britadores e as que produzem os finos são os moinhos. O quadro abaixo apresenta a delimitação das sub-classes. Alimentação Produto Britadores Primários ou grosseiros Secundários ou terciários 10cm a 1,5m 0,5 a 5 cm 0,5 a 5cm 0,1 a 0,5 cm Moinhos Finos Coloidais 0,2 a 0,5 cm 80 mesh 200 mesh Até 0,01µm Britadores primários ou grosseiros Os britadores que se classificam nesta categoria são os de grande porte como o britador de mandíbulas, britador giratório, britador de impacto e o de rolos dentado. A operação ocorre sempre em circuito aberto e sem descarte da fração fina contida na alimentação. Esse processo é realizado a seco e a razão de redução é de 8:1. ✓ Britador de mandíbulas: Equipamento utilizado para fazer a britagem primária em blocos de elevada dimensão e dureza. O britador é composto de uma mandíbula fixa e outra móvel ligado a um eixo excêntrico que promove o movimento de aproximação e afastamento. Dessa forma, o bloco que é alimentado vai descendo gradativamente enquanto recebe o impacto responsável pela fragmentação. Os britadores mandíbulas podem ser classificados de acordo com o seu mecanismo de acionamento da mandíbula móvel. Dessa forma, têm-se os britadores de um e dois eixos. Os britadores de um eixo possuem um movimento elíptico e operam com menor capacidade, presta-se para operação intermitente, e entopem com maior facilidade, porém permite trabalhar com uma maior relação de fragmentação e o produto obtido apresenta uma granulometria regular. Nesta categoria se encontram o Dodge (Figura 3). 18 Cunha reguladora Contra cunha Eixo excêntrico Figura 3: Britador de um eixo – Dodge. Os britadores de dois eixos, britador Blake (Figura 4), a mandíbula móvel possui um movimento pendular que permite operar com maior produção e não entope com facilidade, pois na parte inferior ocorre a abertura e a saída do material britado. Figura 4: Britador de dois eixos – Blake. Em termos de custo quando comparado o britador Dodge e o Blake, este último apresenta um custo de 50% maior que o primeiro e é utilizado para a britagem de materiais abrasivos e de difícil fragmentação. ✓ Britador giratório: É utilizado quando existe uma grande quantidade de material a ser fragmentado. Este equipamento apresenta uma melhor autonomia quando comparado ao britador de mandíbulas, pois poderá ser alimentado de qualquer lado além de permitir uma pequena armazenagem em seu topo (Figura 5). Eixo Principal Eixo Motor Cabeça de britamento Alimentação A B Figura 5: a) Britador giratório e b) vista frontal do britador giratório instalado. 19 O britador giratório tem como princípio de funcionamento a aproximação e distanciamento do cone central em relação à carcaça. O movimento circular permite que toda área da carcaça seja utilizada dando capacidade ao britador de operar com elevadas capacidades de material. ✓ Britador de rolo dentado: Este britador consiste em um rolo dentado móvel em conjunto com uma carcaça fixa (Figura 6). Câmara de britagem Figura 6: Britador de rolo dentado. A fragmentação ocorre devido ao movimento giratório do rolo que provoca a compressão e cisalhamento do material. Esse tipo de britador possui um emprego limitado devido aos desgastes dos dentes e sua sensibilidade a abrasão. O seu uso é recomendado para fragmentação de materiais de fácil fragmentação e britagens móveis devido ao seu tamanho. Britadores secundários A britagem secundária é aquela subseqüente a britagem primária e tem como objetivo na maioria dos casos a redução granulométrica do material para encaminhá-lo a moagem. Na britagem secundária é comum realizar o descarte da fração fina para aumentar a capacidade de produção. Os britadores secundários são classificados em britadores martelos, pinos, de barras, rolos lisos ou dentados, cônico, discos, moenda e rotatório. A seguir alguns modelos serão descritos. ✓ Britador de martelos: O britador de martelos opera principalmente por impacto, empregado para fragmentação de materiais frágeis e não abrasivos. Também é empregado para fragmentação de materiais fibrosos como milho, soja e café. Os britadores de maiores portes 20 servem para a fragmentação de carvão, calcário, cal, entre outros. O britador martelo funciona mediante a ação de um rotor que gira em alta velocidade no interior de uma carcaça. No rotor observa- se certo número de martelos periféricos que basculam em torno do seu ponto de fixação (Figura 7). Figura 7: Britador de martelos. A redução de tamanho do material é realizada devido ao impacto do material com os martelos e com as placas de britamento. O produto cominuído é recolhido pela parte inferior do equipamento onde há uma espécie de grelha e a alimentação é realizada na parte superior. A granulometria do produto obtido é determinada pela velocidade da máquina, pelo tamanho dos martelos e pelo tamanho das aberturas de saída. ✓ Britador Cônico: Semelhante ao britador giratório, entretanto opera com uma capacidade muito menor (Figura 8). O britador recebe uma alimentação com uma granulometria fina e produção de fragmentos bem finos. Esse equipamento é utilizado como substituinte ao britador giratório ou de rolos e opera em um único estágio para obtenção do produto cominuído. Alimentação Prato distribuidor da alimentação Conjunto de molas Eixo excêntrico Figura 8: Britador cônico. A diferença existente entre o britador cônico e o giratório está na presença de longas superfícies paralelas que garantem um maior tempo de contato do material com esta região do britador. Outra diferença está na descarga do produto cominuído. No britador cônico a saída está condicionada ao movimento do cone para cima e para baixo controlando a abertura. 21 ✓ Britador de rolos: O britador de rolos geralmente é instalado após o britador de mandíbulas ou giratório. O britador de rolos possui dois rolos que giram a mesma velocidade, porém em sentidos opostos (Figura 9). Este tipo de britador opera com materiais de fácil fragmentação. A alimentação é realizada jogando o material grosseiro entre os rolos. O movimento força a passagem do material grosseiro a passar por entre os rolos. Este britador possui limitações relacionadas à granulometria do material da alimentação que dependerá da distância fixada entre os rolos. Alimentação Figura 9: Britador de rolos. Moinhos Da seqüência das etapas de fragmentação a moagem se encontra no último estágio. Nesta etapa as partículas são reduzidas pela combinação de impacto, compressão, abrasão e atrito. A moagem requer um maior custo de investimento e apresenta um maior gasto de energia quando comparado aos britadores. A moagem requer uma escolha adequada do equipamento ao tipo do material que será cominuído evitando submoagem que a obtenção de um material grosseiro fora de especificação ou da sobremoagem que é a obtenção de um material extremamente fino e fora de especificação. Os moinhos geralmente utilizados são os cilíndricos que podem ser de barras, de molas ou de seixos, moinhos de martelos, entre outros. ✓ Moinhos cilíndricos: Os moinhos cilíndricos são constituídos por uma carcaça cilíndrica revestida que gira sobre mancais e possui em seu interior uma carga solta de barras ou bolas de ferro ou aço (Figura 10). 22 Alimentação Descarga Motor A B Figura 10: a) Moinho cilíndrico e b) Moinho de bolas. O material solto dentro do moinho atua na compressão e atrito do material que se deseja reduzir de tamanho. Os elementos responsáveis pela redução do tamanho (barras e bolas) são elevados pelo movimento da carcaça até certo ponto de onde caem seguindo uma trajetória parabólicae caem sobre o material que será cominuído que ocupa os interstícios das bolas ou das barras. As bolas ou as barras acompanham a trajetória circular da carcaça quando a força centrífuga for maior que a força da gravidade (Figura 11). Trajetória parabólica Trajetória circular Figura 11: Trajetória das barras ou bolas no interior da carcaça. Quando a força da gravidade for superior a força centrípeta as bolas despencarão e realizarão um movimento barabólico. As bolas permanecerão aderidas a superfície da carcaça quando for ultrapassada a velocidade crítica dentro do moinho, ou seja, há uma velocidade máxima que acima da mesma as bolas permanecerão aderidas a superfície da carcaça. Os moinhos deverão operar 60 a 85% abaixo da velocidade crítica, nesta situação as bolas despencarão da parede promovendo a redução por impacto ou atrito. Quanto ao regime operacional os moinhos são classificados em catarata ou cascata. 23 Na operação em catarata a velocidade do moinho carrega as bolas até a região superior da carcaça promovendo a queda das mesmas sobre o material promovendo a sua fragmentação por impacto (Figura 12). Nesta operação devem-se utilizar bolas de maior tamanho e baixo fator de enchimento. Essa operação é adequada para a cominuição de material grosseiro, bem como evitar a produção de material fino. Figura 12: Operação em catarata. A operação em cascata opera a baixa velocidade e alto fator de enchimento que faz com que as bolas atinjam certa altura dentro da carcaça e role uma sobre as outras (Figura 13). Nessa operação a fragmentação ocorre principalmente por abrasão e atrito e as bolas possuem diâmetros inferiores as da operação em catarata resultando em um produto final de granulometria fina. Figura 13: Operação em cascata. ✓ Moinho de martelos: Este moinho consiste de um eixo girando em alta rotação onde se pode observar uma série de martelos fixos (Figura 14). A alimentação chega à parte superior do moinho e ao entrar em contato com o martelo sofre a fragmentação por impacto. O material cominuído é forçado a passar por uma tela inferior que irá especificar a granulometria do material. Os moinhos de martelos são largamente utilizados na indústria química onde as substâncias são menos abrasivas. 24 Alimentação Martelo Eixo de articulação do martelo Grade Descarga Figura 14: Moinho de martelos. ✓ Moinho de discos: Estes moinhos possuem dois discos com ressaltos internos, onde um deles está fixo e outro móvel (Figura 15). A alimentação chega ao equipamento através de uma abertura central entre o disco fixo e o móvel que mediante o movimento excêntrico vai realizando a fragmentação e forçando o material para uma câmara coletora. A granulometria do material poderá ser ajustada mediante regulagem da abertura dos discos. Esses moinhos são empregados para pulverização do material granular desde que a contaminação pelo ferro devido ao desgaste do disco não prejudique a amostra. Alimentação Disco fixo Disco móvel Volante ajuste da abertura da descarga Descarga Mola Figura 15: Moinho de discos. ✓ Moinhos autógenos e semi- autógenos: Esses moinhos utilizam o próprio material para realizar a cominuição. Para que isso ocorra devem-se usar blocos de grandes dimensões e eliminando quando for possível as superfícies metálicas de moagem. Os semi-autógenos operam de forma semelhante ao anterior, porém utiliza cerca de 10% do seu volume em bolas grandes. Modo operacional A moagem poderá ocorrer a seco ou a úmido, em batelada ou contínua, em circuitos abertos ou fechados. A operação de moagem a úmido economiza cerca de 25% em energia além de um melhor controle do pó gerado na operação além da classificação do material na saída do moinho. Entretanto, algumas 25 operações de moagem como a produção do cimento e da cal não poderão ser realizadas a úmido. Quanto ao modo operacional a moagem poderá ocorrer em batelada ou de forma contínua. Já a operação contínua poderá operar em circuitos abertos ou fechados (Figura 16). A operação em batelada ou descontínua ocorre mediante alimentação da carga, o processamento e parada para descarga do produto. Já a operação contínua opera-se em regime permanente, ou seja, tanto a alimentação como a retirada de produtos são realizadas com o moinho em operação. Nos processos contínuos os moinhos poderão ser operados em circuitos abertos quando a alimentação passa uma única vez pelo equipamento ou em circuito fechado quando o material é alimentado e processado passa por um separador e a fração de grossos retorna ao processo e a fina é recolhida. A B C D Figura 16: Modo operacional dos sistemas de moagem. a) Operação em batelada, b) Operação contínua em circuito aberto, c) e d) circuito fechado com reciclo. 26 IIVV –– PPeenneeiirraammeennttoo IInndduussttrriiaall Introdução O peneiramento é tido como uma separação mecânica simples. Esta operação apresenta como necessidade a divisão do sólido granular em frações homogêneas e a obtenção de partículas de mesmo tamanho. No peneiramento, o sólido alimentado é movimentado sobre a peneira e as partículas que passam pela peneira é denominado de finos e as que ficam retidas são os grossos (Figura 1). A fração grossa ou fina poderá ser o produto de interesse da indústria. A G F Figura 1: Frações obtidas em um peneiramento. Uma única peneira separa apenas duas frações e são ditas não classificadas, pois apenas as medidas extremas, maior partícula e menor partícula são conhecidas. A utilização de uma série de peneiras permitirá obter frações classificadas que permitirão a especificação em tamanho máximo e mínimo de partículas. Essa operação com uma série de peneiras passa a ser uma classificação granulométrica. O peneiramento tem como objetivo separar da melhor forma possível a alimentação (A) da fração fina (F) e da grossa (G). Em uma operação ideal a maior partícula da fração fina é a menor do que a menor partícula da fração grossa. No peneiramento há um diâmetro de corte (Dc) que limita o tamanho máximo das partículas da fração fina e o mínimo da fração grossa. O diâmetro de corte é escolhido em função da finalidade visada na operação, podendo ou não coincidir com a abertura da peneira padrão. Para um material (A) cuja análise granulométrica acumulada de retidos é representada pela Figura 2a for submetido a um peneiramento ideal em uma peneira 27 de abertura Dc, o ponto C da curva será o diâmetro de corte e serão obtidas duas frações uma fina e outra grossa (Fi e Gi). A análise granulométrica de acumulados será representada pela Figura 2b. De acordo com a figura, observa-se que este comportamento do acúmulo das frações granulométricas só é possível em peneiramentos ideais, onde é possível separar com precisão a fração fina da grossa. A Figura 2c apresenta o comportamento real da separação de um material granular. Esse comportamento ocorre devido à passagem de sólidos maiores que Dc que passam pela peneira e se incorporam aos finos, enquanto outras partículas menores que Dc ficam retidas nos grossos. A G F F A G DcDcDc Fi Fi Gi GiC Ponto de corte 1,0 1,0 1,0 D D D Figura 2: Curvas granulométricas das frações. A - Fração acumulada de grossos Dc na alimentação, que corresponde à fração do peso total de A constituída de partículas maiores que Dc. F - Fração acumulada de grossos Dc nos finos F que corresponde à fração total de F que é constituída de partículas menores do que Dc. G - Fraçãoacumulada de grossos Dc no produto grosseiro G. Para um peneiramento ideal tem-se que F = 0 e G = 1. As partículas finas retidas na fração grossa ocorrem devido a aderência do pó as partículas grandes, a aglomeração de várias partículas pequenas, a incidência de várias partículas em uma mesma abertura da peneira dificultando a passagem das mesmas, a irregularidade das malhas e ao modo operacional. A passagem de grossos através das malhas ocorre devido a uma série de causas, uma delas é a irregularidade das malhas e a carga excessiva na peneira que poderão forçar a passagem das partículas grossas. Os equipamentos utilizados no peneiramento são classificados 28 em estacionários, mecânicos ou vibratórios. Equipamentos As peneiras existentes no mercado apresentam aberturas capazes de separar materiais com dimensões que variam de 20 cm a 50μm (400 mesh). Entretanto, o limite inferior apresenta um intervalo de granulometria que varia de 100 a 150μm (150 a 100 mesh), pois abaixo desses valores o método mais indicado é a separação em ciclones, câmaras de poeira e filtros de pano. Quanto ao material às peneiras podem ser fabricadas de ferro, latão, cobre, inox ou arame galvanizado, de seda ou plástico e apresentam configurações quadradas, retangulares, circulares ou tubulares. A área da peneira dependerá da vazão de sólidos alimentado, das características e do modo operacional. As peneiras podem ser classificadas da seguinte forma: Peneiras Estacionárias: Telas e grelhas Mecânicas Vibratórias Rotativas: Tambores rotativos Agitadas Vibradores mecânicos Vibradores eletromagnéticos com agitação simultânea Horizontal Vertical com movimento giratório em uma extremidade ✓ Peneiras estacionárias: Apresentam a configuração mais simples, robustas e econômicas. Entretanto, seu uso é bastante restrito e se prestam quase que exclusivamente para sólidos grosseiros com tamanho superior a 5cm. Quanto ao modo operacional podem operar de forma descontínua, porém entopem com freqüência. Os modelos mais representativos são as telas inclinadas com 1 a 10 cm de abertura, alimentadas manualmente e que servem para separar agregados na construção civil. As grelhas são mais robustas e são empregadas para separar os finos das cargas de britadores. As grelhas consistem numa série de barras paralelas e que são mantidas em posição por meio de espaçadores. Alguns modelos 29 apresentam vibração na extremidade da alimentação e podem ser horizontais ou inclinadas entre 20 e 50° (Figura 3). Seção da barra Disposição das barras Figura 3: Peneira estacionária. ✓ Peneiras rotativas: A configuração mais convencional encontrada é o tambor rotativo. Caracteriza-se por um cilindro longo, inclinado de 5 a 10° em relação à horizontal e que gira a baixa velocidade em torno do eixo. A superfície externa do tambor pode ser uma placa metálica perfurada ou uma tela, com aberturas que variam ao longo do comprimento do tambor. Dessa forma, esta configuração permite separar várias frações do material (Figura 4). Figura 4: Peneira rotativa. Quanto ao modo operacional, as peneiras rotativas podem ser arranjadas em série e existe modelo com tambores concêntricos (Figura 5). Figura 5: Arranjos de peneiras rotativas. 30 ✓ Peneiras agitadas: Nesta configuração de peneira a agitação provoca a movimentação das partículas sobre a superfície de peneiramento. As peneiras agitadas podem ser operadas tanto na horizontal quanto inclinada, de modo que o material é transportado ao mesmo tempo em que é feito o peneiramento. Apresenta uma boa eficiência no processamento de materiais de granulometria superior a 1 cm, mas é baixa para materiais finos. A freqüência de agitação é baixa e a inclinação é geralmente de 15°, podendo ir até 20°. A agitação ocorre mediante a presença de excêntricos que permitem regular a freqüência e a amplitude (Figura 6). Figura 6: Peneiras agitadas. a) Vertical e b) horizontal. ✓ Peneiras vibratórias: Essas peneiras apresentam uma elevada capacidade e eficiência para material fino. Quanto à configuração podem ser de estrutura vibrada ou com tela vibrada (Figura 7). A |B Figura 7: Peneiras vibratórias. a) estrutura vibrada e b) tela vibrada. Nas peneiras vibradas a movimentação ocorre devido à vibração mecânica por meio de excêntricos ou vibração eletromagnética. As peneiras com tela vibrada, como o nome indica, têm eletroímãs que atuam 31 diretamente sobre a tela. Essas peneiras são utilizadas para o peneiramento de finos e não são recomendadas para trabalho pesado. Cálculos de peneiramento Nos cálculos de peneiras estão envolvidas as quantidades de frações produzidas, da eficiência do peneiramento e das dimensões da peneira. A resolução dos cálculos para o peneiramento interessa tanto ao projeto, como na operação. 32 VV -- FFiillttrraaççããoo Introdução A filtração envolve a separação de sólido com um líquido ou de um sólido com gás. O sólido está disperso no líquido ou no gás e com o auxílio de meio filtrante ocorre a separação. A separação ocorre mediante uso de um meio filtrante que separa a suspensão em duas correntes uma denominada de filtrado e a outra de torta que é depositada sobre o meio filtrante. A fração de interesse tanto poderá ser o líquido ou o gás isento de partículas ou a torta depositada sobre o meio filtrante. O meio filtrante poderá ser um papel, um sólido, tecido, membranas, entre outros. Neste capítulo trataremos especificamente da separação sólido-líquido. Durante a filtração o fluxo de líquido atravessa o meio filtrante deixando retidos os sólidos (Figura 1). As partículas sólidas vão se acumulando ao longo do processo formando uma espécie de torta filtrante. A torta formada sobre a superfície do meio filtrante também atua como filtro e à medida que a torta aumenta a sua espessura aumenta a resistência à filtração. Suspensão Meio filtrante Filtrado Suporte para o meio filtrante Torta formada Figura 1: Aparato de filtração. A alimentação de um equipamento de filtração poderá conter uma carga elevada ou baixa de sólidos. Quando se trabalha a baixas concentrações os filtros tendem a operar por um intervalo de tempo maior, isto ocorre devido à formação de uma torta menos espessa que caracteriza em uma menor resistência a filtração. Elevada carga de sólidos resulta na formação de uma camada de torta mais espessa necessitando de 33 paradas constantes para limpeza do filtro. Ao longo do processo de filtração a vazão de filtrado diminui com o tempo e a pressão de operação aumenta. Esse comportamento deve-se a retenção dos sólidos sobre o meio poroso (Figura 2). Tempo (min) V a z ã o d e f il tr a d o ( m L /m in ) P re s s ã o ( b a r) Figura 2: Comportamento da vazão de filtrado e da pressão durante o processo de filtração. Os equipamentos de filtração podem ser operados a pressão constante de forma contínua ou por bateladas. A escolha adequada do equipamento e do modo operacional dependerá fundamentalmente da concentração da suspensão que alimentará o equipamento. A seguir serão descritos os equipamentos utilizados para separação sólido- líquido, os meios e os auxiliares de filtração. Princípios de separação A separação na filtração ocorre mediante uso do meio filtrante, do peso da suspensão, da pressão aplicada sobre a superfície do líquido, da aplicação do vácuo do lado do filtrado ou de uma força centrífuga. A separação dos sólidos com o meio filtrante ocorre medianteexclusão por tamanho, ou seja, as maiores partículas serão retidas no meio poroso permitindo a passagem das de menor tamanho (Figura 3). Meio filtrante Partículas de maior tamanho Partículas de menor tamanho Figura 3: Filtração por exclusão por tamanho. Geralmente a filtração dentro dos processos industriais localiza-se nas últimas etapas de produção, ou seja, em determinados casos finalizada esta etapa o produto deverá está dentro dos padrões de 34 mercado com um filtrado límpido e isento de partículas. Meios de filtração e auxiliares de filtração ✓ Meio filtrante: Semelhante ao processo de filtração realizado em laboratório, os processos de filtração no âmbito industrial se realiza da mesma forma, porém com uma série de cuidados que deverão ser levados em consideração para evitar paradas constantes para limpeza e manutenção do equipamento. Um dos primeiros cuidados está relacionado ao meio poroso que deverá permitir a separação do sólido do líquido e a obtenção de filtrado límpido e isento de material particulado. O meio poroso não deverá apresentar poros extremamente pequenos que permita a rápida obstrução e redução significativa da vazão do filtrado. O meio poroso deverá ser mecanicamente e quimicamente resistente e de fácil remoção da torta. Estas características deverão está associadas para garantir a eficiência do processo e evitar paradas constantes para limpeza do equipamento. Os meios de filtração podem ser malhas de metal, tecidos, fibra de vidro, de lã, de nylon, papel, celulose, entre outros. As fibras e os materiais naturais são mais eficazes para as partículas de menores diâmetros. As primeiras porções de filtrado poderão apresentar pequenos traços de particulado e isso se deve a não formação da torta que também ajuda como meio filtrante dinâmico. Como forma de obter um filtrado límpido e isento de particulado as primeiras frações de filtrado poderão voltar ao sistema para serem corrigidos. ✓ Auxiliar de filtração: Uma forma de melhorar o desempenho de um processo é mediante o uso do auxiliar de filtração. Esses auxiliares poderão ser dosados a suspensão e retidos no meio filtrante neste caso ajuda a aumentar a porosidade da torta formada minimizando a sua resistência. Outra forma de uso do auxiliar é adicioná-lo diretamente sobre o meio poroso impedindo a adesão de compostos gelatinosos 35 evitando a sua obstrução e obtenção de um filtrado mais límpido. O uso do auxiliar de filtração é limitado quando há formação de uma torta que necessite ser descartada com certa freqüência, indicando riscos de poluição ambiental, ou quando mediante uso de agentes químicos precipitam-se com facilidade os sobrenadantes da suspensão. Normalmente, esses auxiliares de filtração são constituídos por terra diatomácea ou diatomito, celulose, asbestos, entre outros. Equipamentos de filtração Os equipamentos de filtração podem ser classificados quanto ao leito, se os processos ocorrem em bateladas com remoção da torta em intervalos de tempo especificados ou de forma contínua quando essa torta é removida à medida que se forma. Outra classificação está relacionada se o filtro pode operar por gravidade, ou seja, o líquido percola devido à ação da gravidade ou se é necessário o uso do vácuo na saída do filtrado. A seguir serão descritos alguns dos equipamentos de filtração que são utilizados nas indústrias químicas. ✓ Leito de filtração: Este tipo de equipamento é utilizado quando se tem pequenas quantidades de sólidos particulados em suspensão, porém em uma vazão elevada de líquido a ser tratado. Os leitos de filtração são formados variando a granulometria dos materiais particulados que o compõe. A base do leito é constituída por uma tela que retém o material particulado de maior granulometria. A medida de caminha para a superfície do leito a granulometria reduz. A menor granulometria na parte superior do leito, geralmente areia fina, atua como meio de filtração real e é responsável pela seleção/retenção do material que percola o leito. O material de maior granulometria facilita a passagem do líquido evitando que o mesmo seja uma barreira resistiva. O líquido clarificado é extraído na parte inferior do equipamento. A Figura 4 apresenta um esquema para esta configuração de leito. 36 Partículas finas Partículas grosseiras Líquido clarificado Tela de retenção Entrada da suspensão Defletor Figura 4: Leito de filtração. Durante o processo de filtração contínua observa-se uma redução da vazão de filtrado devido à obstrução do leito pela deposição das partículas. A limpeza desse leito é realizada invertendo a vazão do filtrado, ou seja, alimenta-se o equipamento de baixo para cima removendo as partículas que estão obstruindo a passagem do líquido. Esse procedimento é denominado de retrolavagem. ✓ Filtro prensa placa e quadro: Estes filtros consistem em uma seqüência de placas e quadros alternados com uma tela filtrante. As placas contêm canais que facilitam a percolação e a drenagem do líquido no interior das placas. A suspensão é bombeada para o interior do conjunto placa e quadro onde ocorrerá a saída do filtrado e a retenção das partículas nas placas (Figura 5). Tela filtrante Filtrado Placas Quadros Entrada da suspensão Formação da torta A B C Figura 5: Filtro placa e quadro. A) Seção transversal do filtro, b) placas que compõe o filtro e c Filtro prensa placa e quadro. O filtro prensa placa e quadro apresenta os inconvenientes de um processo em batelada. O custo de manutenção e de mão de obra é elevado devido a paradas constantes para limpeza e montagem do equipmaneto. 37 Atualmente existem configurações deste equipamento onde é possível utilizar uma parte do filtro para limpeza e manter a outra filtrando. Apesar das limitações devido ao processo em batelada apresenta facilidade operacional, suportam elevadas pressões e são capazes de processar soluções com elevada viscosidade. ✓ Filtros de folhas: Os filtros de folhas apresentam uma maior flexibilidade de operação que os filtros prensa. Nesta configuração, o elemento filtrante é constituído por um tecido que recobre cada quadro do filtro. A suspensão chega paralela a superfície da do quadro e o filtrado é recolhido no interior de cada quadro (Figura 6). Saída do filtrado Entrada da suspensão Formação da torta Figura 6: Filtro de folhas. Semelhante ao exemplo anterior os filtros de folhas apresentam desvantagem por operarem em batelada. Entretanto, são mais flexíveis que a configuração placa e quadro. Nesta configuração o quadro encontra-se envolto em um tecido que facilita a remoção da torta durante a retrolavagem. Em alguns casos, um jato de ar poderá promover o desprendimento da torta evitando a abertura do equipamento para realização das limpezas. ✓ Filtros rotatórios contínuo de tambor a vácuo: Os filtros placa e quadro e de folhas apresentam as desvantagens de serem operados em batelada, bem como não serem utilizados para grande quantidade de suspensão. Os filtros contínuos são capazes de operar realizando limpeza e remoção da torta formada. O filtro rotatório de tambor cilíndrico é recoberto por um meio filtrante e gira continuamente em seu próprio eixo, no interior do tambor há uma corrente de vácuo que promove a separação do sólido com o líquido. O filtrado é recolhido no interior do cilindro (Figura 7). A 38 remoção da torta é ajustada pela liberação do vácuo ou uma pequena pressão positiva próxima a superfície do filtro. Descarga Válvula automática Formaçãoda torta Suspensão Alimentação da suspensão Ciclo de lavagem Secagem Secagem Figura 7: Filtro contínuo de tambor rotativo. Os filtros rotativos contínuos apresentam um elevado desempenho quando comparados aos filtros quadro e placa, porém poderão ser operados continuamente sem que haja paradas constantes para limpeza reduzindo dessa forma o custo com a mão de obra. ✓ Discos rotativos contínuos: Nessa configuração os discos estão dispostos concentricamente na vertical sob um eixo horizontal. Os discos são recobertos por um meio filtrante e funciona semelhante ao filtro tambor rotativo. Os filtros são ocos e parcialmente submersos na suspensão e a filtração é realizada de fora para dentro (Figura 8). A torta formada é lavada e removida continuamente, porém nesta configuração a lavagem é menos eficiente. Figura 8: Filtro de discos rotativos. 39 VVII -- SSeeddiimmeennttaaççããoo Introdução Na filtração a separação do sólido do líquido ocorre mediante a passagem da suspensão por um meio filtrante, ou seja, o líquido se movimenta para que ocorra a separação. Na sedimentação observa-se exatamente o processo contrário. Onde a movimentação ocorre por conta das partículas que se movimentam devido à ação gravitacional (Figura 1). Figura 1: Processo de sedimentação. Alguns processos de sedimentação têm como objetivo remover as partículas de um determinado fluido em outros casos o objetivo está na recuperação das partículas e não no líquido clarificado. Em outros casos a sedimentação é utilizada como técnica para classificação de particulados quanto ao tamanho ou densidade. De acordo com o modo da sedimentação poderemos classificá- la como sedimentação que será a convencional onde mediante ação da gravidade é possível se obter duas fases, uma isenta de sólidos e outra rica em sólidos. O outro tipo de sedimentação é a sedimentação classificação, onde a ação da velocidade de escoamento irá classificar partículas densas de partículas leves. Em alguns processos e dependendo da granulometria da partícula será necessário o uso de coagulantes junto à suspensão. Esses coagulantes atuam como agregador de partículas, promovendo dessa forma a formação de um floco favorecendo a sedimentação. Esses coagulantes podem ser: eletrólitos, coagulantes, agentes tensoativos, polieletrólitos. A sedimentação pode ser empregada no tratamento de 40 efluentes, sedimentação por extração com solvente, sedimentação de partículas na indústria de bebidas, entre outras. As partículas podem ser de gotículas, sólido ou líquido e o fluido pode ser um líquido ou gás e este poderá em repouso ou em movimento. Equipamentos de sedimentação Os equipamentos de sedimentação podem ser classificados em sedimentadores gravitacionais, classificadores ou adensadores. ✓ Sedimentador por gravidade: A Figura 2 apresenta um sedimentador por gravidade para separação de um sólido disperso em uma fase líquida. Líquido Líquido e particulado Particulado Figura 2: Sedimentador gravitacional. ✓ Sedimentador classificador: Os sedimentadores classificadores consistem em tanques sedimentadores com pequenas subdivisões (Figura 3). A alimentação desses equipamentos consiste em uma suspensão líquida que contém partículas sólidas compreendidas em um determinado intervalo de tamanho. As partículas de maior tamanho e mais rápidas caem próximas a entrada do sedimentador. A velocidade linear no interior do tanque diminui à medida que aumenta o comprimento do sedimentador. As subdivisões permitem separar as partículas que adentram no tanque sedimentador. Partículas granulares Partículas intermediárias Partículas finas Entrada da suspensão Saída do fluido Figura 3: Sedimentador classificador. ✓ Espessador sedimentador: Os espessadores são sedimentadores que podem operar de forma contínua. A suspensão 41 entra no espessador e se distribui radialmente por toda a seção transversal. O líquido deixa o equipamento pela parte superior enquanto os sólidos se movem pela ação da gravidade para região denominada de zona superior (Figura 4). Abaixo da zona de superior de sedimentação encontra- se a zona de transição onde a concentração dos sólidos aumenta de forma significativa. Abaixo da zona de transição encontra-se a zona de compressão onde as velocidades de sedimentação são lentas resultando na compressão dos sólidos. Os espessadores são utilizados quando o objetivo é a obtenção do sólido concentrado. Saída do líquido clarificado Alimentação Zona de compressão e espessamento Zona de transição Saída do lodo espesso Raspador Zona de sedimentação livre Figura 4: Sedimentador espessador. ✓ Decantador de rastelo: Classificado como decantadores contínuos, os decantadores de rastelos são utilizados para o arraste de sólidos grosseiros que decantam facilmente para a parte superior da calha (Figura 5). A suspensão é alimentada num ponto intermediário de uma calha inclinada. Os rastelos se movimentam da parte inferior até a parte superior da calha. Devido ao movimento dos rastelos os sólidos finos permanecem em suspensão e são retidos por um vertedor na parte inferior da calha. Figura 4: Sedimentador de rastelo. ✓ Decantador helicoidal: Semelhante ao sedimentador de rastelos, a suspensão é alimentada em um ponto intermediário de uma calha semicircular inclinada (Figura 5). A helicóide arrasta continuamente os grossos para a extremidade superior da calha e o 42 movimento lento promovido pelo mecanismo transportador evita a decantação dos finos, que permanecem na suspensão sendo retirada através de um vertedor. Figura 5: Sedimentador helicoidal. Modo Operacional A sedimentação industrial pode ser operada de forma contínua ou descontínua em equipamentos denominados tanques de decantação ou decantadores (clarificadores ou espessadores) (Figura 6). Figura 6: Decantador industrial. Nos decantadores contínuos os sólidos sedimentados são removidos continuamente. O decantador em batelada assemelha-se ao contínuo, porém possuem a aberturas para alimentação da suspensão e retirada do produto. O tanque é cheio pela suspensão e fica em repouso, sedimenta e posteriormente é retirado o sólido sedimentado. 43 VVIIII –– CCllaassssiiffiiccaaççããoo CCeennttrrííffuuggaa Introdução Nesta seção será estudado outro método para as separações sólido-líquido ou sólido gás. Nesta operação a força centrífuga atua sobre as partículas promovendo a sua separação. Dessa forma, as partículas que não precipitam ou que possuem uma velocidade de sedimentação muito lenta, na separação centrífuga devido à ação da força essas mesmas partículas são facilmente separadas. Os separadores centrífugos se baseiam no princípio que a rotação de um objeto em torno de um eixo ou ponto central a uma distância radial constante produz uma força que atua diretamente sobre o objeto. Um exemplo prático de separação é mediante uso de separadores centrífugos para separar sólido do líquido. A suspensão líquida entra pela parte superior do equipamento e o líquido é imediatamente direcionado para as paredes do cilindro. Com a ação da força centrífuga, os sólidos migram para a região próxima a parede do equipamento e o líquido ocupa a região central (Figura 1). Neste tipo de equipamento as forças gravitacionais são desprezadas devido à intensidade da força centrífuga. Alimentação da suspensão Líquido Alimentação da suspensão Sólido Figura 1: Separação centrífuga. A separação centrífugatambém é utilizada para separação de líquidos imiscíveis, para separar partículas sólidas ou gotículas em suspensão nos gases, para separar gases finamente dispersos em líquidos e ainda para a classificação hidráulica de mistura de sólidos. No decorrer do capítulo será tratada 44 apenas a separação sólido-líquido e sólido-gás. O processo de separação centrífuga é muito utilizado na indústria alimentícia principalmente na indústria cervejeira, produtoras de óleos vegetais, concentração de proteínas, processamento de sucos de frutas, entre outras. As centrifugas também poderão funcionar como filtros. O diferencial de pressão necessário na filtração convencional na separação centrífuga é substituído pela força centrífuga. As paredes da centrífuga são substituídas por um meio filtrante que retém os particulados. As centrífugas filtrantes competem diretamente com os filtros convencionais. Modo operacional As operações nas separações centrífugas podem ser classificadas em batelada, contínua e semi- contínua. A operação em batelada consiste na alimentação da centrífuga seguido do processamento da solução e posteriormente a descarga. Este é o método mais oneroso, pois requer paradas constantes para carga e descarga do equipamento. O modo semi-contínuo se assemelha ao modo em batelada, porém não há interrupções do equipamento para carga e descarga. Em tempos e tempos o equipamento é alimentado e descarregado quando necessário. Operar o equipamento de centrifugação continuamente significa alimentar e descarregar o equipamento em regime permanente. Este é o método que apresenta um menor consumo energético. Equipamentos de centrifugação Os equipamentos de centrifugação podem ser classificados em duas categorias que são as centrífugas decantadoras e as filtrantes. As centrífugas decantadoras são utilizadas para clarificação ou espessamento de suspensões. Esse equipamento possui um tambor horizontal, vertical ou inclinado que gira em alta velocidade em torno do seu eixo e as partículas são direcionadas para periferia. As centrífugas 45 decantadoras podem ser operadas de forma contínua ou descontinua. Quando operadas de forma descontínua, os sólidos se acumulam na periferia e são retirados periodicamente por meio de uma faca ou raspadores. As centrífugas decantadoras são empregadas para o tratamento de suspensões diluídas, a Figura 2 apresenta uma centrifuga decantadora utilizada para decantação de sólidos e de dois líquidos imiscíveis. Entrada da suspensão Líquido Pesado Líquido leve Sólidos Figura 2: Centrífuga decantadora. As centrífugas filtrantes assemelham-se as anteriores, porém a parede do tambor rotativo é constituída por uma tela ou placa perfurada que retém os sólidos formando uma torta na superfície. A Figura 3 apresenta três configurações para as centrífugas filtrantes. Torta Entrada da suspensão Filtrado A Torta Filtrado Raspador Entrada da suspensão B Filtrado Entrada da suspensão Raspador Saída de sólidos C Figura 3: Centrífugas filtrantes. a) Acionamento superior, b) Acionamento inferior e c) Centrífuga contínua. 46 A espessura da torta aumenta à medida que ocorre a filtração. O líquido filtrado atravessa essa torta e é recolhido no interior de um tambor fixo. A remoção da torta formada pode ocorrer com o auxilio de uma lâmina ou faca de forma contínua ou descontínua. Ciclones: Separação sólido- gás Os ciclones são equipamentos que utilizam a força centrífuga para separação de sólido-gás. Esses equipamentos permitem captar partículas extremamente pequenas. Isso ocorre devido à elevada velocidade fazendo com que as partículas sejam lançadas contra a parede do equipamento. Os ciclones são alimentados com a corrente de gás contendo particulados tangencialmente a região superior do equipamento. A força centrífuga força as partículas para as paredes do equipamento fazendo com que os mesmos sejam recolhidos na parte inferior. O gás isento de partículas deixa o equipamento pela região central superior. A Figura 4 apresenta este equipamento. Entrada da corrente sólido-gás Sólidos Gás isento de Sólidos A B Figura 4: a) Ciclone e b) dimensionamento e linhas de velocidade no interior do equipamento. Como mostrado na Figura 4B o ciclone é construído seguindo uma proporcionalidade entre as suas partes. Essas proporções pré- estabelecidas resultam na eficiência do equipamento e evita a perda de 47 carga devido à construção inadequada. Os ciclones podem ser operados com e sem reciclo, por via seca ou úmida. A combinação do modo com reciclo em conjunto com a via úmida aumenta a eficiência do processo devido à significativa redução de perdas durante o processo de separação. A operação com reciclo ocorre quando parte da saída do gás tratado retorna ao ciclone. O duto de entrada é constituído por uma série de frestas e o gás que retorna é cerca de 5% do total do gás tratado. O gás limpo isento de particulados é recolhido por um duto na entrada em uma posição que permite apenas a saída do gás (Figura 5). Entrada da corrente gás-sólido Saída gás limpo Sólidos Figura 5: Ciclone com reciclo. Outro modelo para esta configuração são os multiciclones (Figura 6). Este equipamento consta de pequenos ciclones em paralelo. O gás contendo o sólido é alimentado pela parte superior do equipamento que contém umas paletas que causam a circulação do gás. A saída é feita pela parte inferior de cada ciclone. A série de ciclones encontra-se dentro de uma seção cilíndrica. As vantagens de se operar com este tipo de equipamento estão relacionadas com a economia de espaço, eliminação dos dutos tangenciais como nos ciclones com reciclo e a eficiência para separação de partículas inferiores a 10 µm. Entrada da corrente gás-sólido Saída gás limpo Sólidos Paletas Figura 5: Multiciclone. 48 VVIIIIII –– FFlloottaaççããoo Introdução A flotação é uma técnica que consiste na introdução de bolhas de ar para separação dos sólidos presentes em uma suspensão. Em algumas suspensões observa-se que os sólidos de menor tamanho podem ser removidos com auxilio de agentes de floculação. A sedimentação poderia ser utilizada para separação dessas partículas, porém o tempo necessário para sedimentação é elevado o suficiente para inviabilizar o processo. A separação das partículas por flotação ocorre devido às características físico químicas das partículas. Alguns materiais apresentam afinidade com líquidos de polaridades diferentes, ou seja, uns tem mais afinidade por líquidos polares e outros por líquidos apolares. Como exemplo, pode-se citar uma suspensão contendo quartzo e negro de fumo em água. A essa suspensão adiciona-se certa quantidade de benzeno. O negro de fumo tem maior afinidade por solventes apolares (orgânicos) enquanto o quartzo tem uma maior afinidade pela água (polar). Dessa forma a mistura será dividida da seguinte forma: o quartzo afundará, pois terá maior afinidade pela água, enquanto o negro de fumo flutuará devido à maior afinidade pelo solvente orgânico. O processo de flotação utilizando líquidos orgânicos como agentes de flotação torna-se economicamente inviável. Uma forma de obter o mesmo resultado de separação é utilizando agentes tensoativos que promoverão a formação das bolhas que terão afinidade por sólidos com características hidrofóbicas que serão carreados até a superfície do líquido e as demais partículas permanecerão em suspensão. Durante a ascensão das bolhas alguns sólidos porosos ou até mesmosólidos pesados poderão flutuar junto com o material separado. Entretanto, a recuperação dos materiais que tem afinidade pela bolha apresenta um 49 rendimento bastante elevado que compensa o uso desta técnica. A Figura 1 apresenta alguns sistemas de flotação. A B C Figura 1: Exemplos de uso da flotação. a) uso da flotação no tratamento de águas e efluentes, b) uso da flotação para recuperação de minério e c) uso da flotação para separação de microrganismos. O processo de flotação é amplamente utilizado na recuperação e concentração de minérios pobres, no tratamento de águas para abastecimento e efluentes, desemulsificação de águas residuárias de águas oleosas oriundas de indústria de refino. O controle do tamanho da bolha é fundamental importância para que se tenha uma boa eficiência do processo. Bolhas que apresentam menor tamanho possuem uma menor velocidade ascensional, maior área de contato com o material particulado. Essas características resultam em um maior tempo de residência da bolha dentro flotador proporcionando uma maior colisão da bolha com o material e conseqüentemente elevando a eficiência do processo. Em alguns casos, ao se trabalhar com partículas que apresentem características semelhantes, a separação por flotação poderá ser ineficiente. Uma forma de contornar esse problema é utilizar um agente de flotação que promova a adsorção preferencial por alguma das partículas. Esses 50 compostos são denominados de coletores. A eficiência do processo de filtração dependerá tanto do agente de floculação como do tamanho da partícula, da densidade da suspensão, da velocidade de aeração, da agitação, da estabilidade da espuma e do pH. Uma operação completa do processo de flotação envolve uma série de etapas. Primeiramente o sólido é cominuido em um moinho de bolas e segue para o condicionamento que nada mais é que um tanque misturador onde são adicionados os agentes de flotação. O material já devidamente misturado segue para uma célula primária de flotação onde é recuperado o sólido desejado. Posteriormente segue para a célula de limpeza onde ocorre a remoção do agente de flotação e obtenção do sólido desejado. A Figura 2 apresenta a seqüência operacional do processo de flotação. Células primárias de flotação Células de limpeza Condicionamento Moagem a úmido e classificação Agente de flotação Ar Ar Produto de cauda de limpeza Produto de cauda Concentrado Figura 2: Fluxograma do processo de flotação. As células de flotação podem ser classificadas em células de Denver, Bethehem Steel Company, Callow, entre outras. A célula de Callow (Figura 3) se apresenta na forma de um tanque fundo sendo a sua base recoberta por um material poroso onde é injetado o ar comprimido de forma contínua. A mistura da suspensão junto com o agente de flotação chega devidamente preparado a célula de flotação. A mistura é direcionada para o tanque e o sólido que não possui afinidade com o agente de flotação sedimenta e é recolhido na base do tanque, enquanto o sólido que possui afinidade com o agente de floculação ascende, transborda e 51 é encaminhado para um espessador. Figura 3: Célula de flotação Callow. A flotação poderá ser utilizada tanto para a separação sólido-líquido quanto líquido-líquido. A Figura 4 apresenta uma esquematização da remoção de gotículas de óleo utilizando o processo de flotação. Figura 4: Estágios do processo de flotação. Aproximação da gotícula e da bolha; início da formação do filme; ruptura do filme e complexo óleo mais bolha de ar ascendendo. Modo operacional dos flotadores. Quanto ao modo operacional os sistemas de flotação podem ser por ar induzido (FAI) ou por ar dissolvido (FAD). A diferença entre os dois processos está no tamanho da bolha formada. A flotação por ar induzido (FAI) é obtida mediante agitação brusca do meio que é responsável pela formação da espuma na superfície da célula de flotação. Esse método é amplamente empregado para o beneficiamento de minério. A flotação por ar dissolvido (FAD) o ar é dissolvido a alta pressão em um saturador e microbolhas são formadas quando a água é lançada na câmara de flotação a pressão atmosférica. As bolhas aderem à superfície do material que se deseja separar e ascende do tanque de flotação. Nesta operação o agente de floculação é utilizado para facilitar à adesão do material a bolha. Esse modo operacional é bastante utilizado para o tratamento de efluentes, remoção de óleos, gorduras, proteínas, substâncias 52 orgânicas e espessamento do lodo (Figura 5). Figura 5: Flotador com ar dissolvido. 53 IIXX -- DDeessttiillaaççããoo Introdução A destilação é uma das operações unitárias mais utilizadas na indústria química e é classificada como uma operação unitária de transferência de massa. Esta operação é um método utilizado para separar componentes de uma mistura líquida mediante ação de uma fonte de calor. A separação ocorre mediante a presença do equilíbrio líquido-vapor, ou seja, a ação do calor sob a mistura líquida promoverá a sua vaporização parcial obtendo-se desta forma uma mistura construídas por duas fases uma líquida e outra vapor. A diferença de composição das duas fases é resultado da diferença de volatilidade dos componentes presentes na mistura líquida inicial. A separação destes componentes será mais fácil quanto maior for à diferença na volatilidade desses componentes. Um exemplo clássico do uso de destilação é na separação de misturas de hidrocarbonetos na indústria petrolífera para o refino do petróleo. Alguns conceitos como transferência de massa, volatilidade relativa e equilíbrio líquido-vapor são necessários para que se tenha um bom entendimento desta operação unitária. Conceitos fundamentais Transferência de massa A transferência de massa ocorre quando duas fases de composição diferentes (Figura 1) são colocadas em contato ocorrendo a transferência de componentes de uma fase para outra, ou vice-versa. A B Figura 1: Fases com componentes distintos. 54 Caso essas duas fases fiquem em contato por certo intervalo de tempo poderão atingir um estado de equilíbrio (Figura 2) e daí por diante não existir mais a transferência de massa entre esses componentes. A B Figura 2: Fases em equilíbrio de componentes. Na maioria dos casos que tem interesse nas operações de transferência de massa, as duas fases se apresentam parcialmente miscíveis de modo que no equilíbrio ainda existam duas fases que possam ser separadas uma da outra. Usualmente essas fases possuem composições distintas e essas composições finais são diferentes das composições iniciais das fases no primeiro contato. Em condições apropriadas o contato e a separação repetida das fases podem levar a uma separação quase que completa dos componentes. Volatilidade relativa Durante o processo de destilação deve-se ter em mente o conceito de volatilidade dos constituintes presentes na mistura líquida inicial em se desprender desta e passar para seu estado vapor. A volatilidade relativa está relacionada com volatilidade de um componente A em relação a um componente B, quanto maior for esta diferença de volatilidade entre A e B mais fácil será a separação destes componentes. Geralmente, a fração mais volátil de uma mistura é aquela que em estado puro possui maior pressão de vapor, ou seja, tem maior tendência a evaporar. Como exemplo, pode-se citar a volatilidade dos seguintes componentes: butano propano etano metano. Equilíbrio líquido-vapor
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