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Não Adesão ao Tratamento da Hipertensão Arterial

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS 
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE DA FAMÍLIA 
 
 
 
 
 
GUILHERME MOREIRA DIAS 
 
 
 
 
 
ABORDAGEM DA NÃO ADESÃO AO TRATAMENTO 
MEDICAMENTOSO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA EM 
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONSELHEIRO LAFAIETE – MINAS GERAIS 
2013 
 
 
GUILHERME MOREIRA DIAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABORDAGEM DA NÃO ADESÃO AO TRATAMENTO 
MEDICAMENTOSO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA EM 
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de 
Especialização em Atenção Básica em Saúde da Família, 
Universidade Federal de Minas Gerais, para obtenção do 
Certificado de Especialista. 
 Orientadora: Profa. Dra. Palmira de Fátima Bonolo 
 
 
 
 
 
 
CONSELHEIRO LAFAIETE – MINAS GERAIS 
2013 
 
 
GUILHERME MOREIRA DIAS 
 
 
 
 
 
 
 
ABORDAGEM DA NÃO ADESÃO AO TRATAMENTO 
MEDICAMENTOSO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA EM 
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de 
Especialização em Atenção Básica em Saúde da Família, 
Universidade Federal de Minas Gerais, para obtenção do 
Certificado de Especialista. 
Orientadora: Profa. Dra. Palmira de Fátima Bonolo 
 
 
 
 
 
 
Banca Examinadora 
Profa. Dra. Palmira de Fátima Bonolo – orientadora 
Profa. Dra. Maria Rizoneide Negreiros de Araújo - UFMG 
 
Aprovado em Belo Horizonte, em _____/_____/2014 
 
 
 
RESUMO 
A Estratégia de Saúde da Família (ESF) Santa Cruz está situada no bairro Santa 
Terezinha, cidade de Conselheiro Lafaiete-MG. Em relação à hipertensão arterial 
sistêmica (HAS) observa-se que, as complicações são, na sua grande maioria, 
decorrentes da não adesão ao tratamento anti-hipertensivo. Além disso, cerca de 
20% dos atendimentos médicos diários da ESF são voltados a pessoas com níveis 
pressóricos descontrolados. A terapia anti-hipertensiva tem como objetivo primordial 
diminuir os riscos associados à elevação da pressão arterial, promovendo a redução 
da morbidade e da mortalidade cardiovascular do paciente hipertenso, sem afetar 
adversamente a sua qualidade de vida. O objetivo deste trabalho foi proporcionar ao 
paciente hipertenso uma visão prática sobre sua condição de saúde, informando-lhe 
sobre os fatores de risco e as complicações da HAS, visando melhorar as taxas de 
adesão às terapias medicamentosas. Foi realizada uma revisão bibliográfica sobre a 
não adesão do tratamento pelos portadores de HAS. Foi também realizado durante 
os atendimentos médicos diários, dos pacientes com pressão arterial acima de 140 x 
90 mmHg uma investigação quanto ao uso da medicação para tratamento da HAS. 
Após a investigação, foram levantados os principais motivos que levam o paciente a 
não usar corretamente a medicação, apenas o primeiro motivo citado pelo paciente 
foi considerado: doença assintomática (41%), esquecimento (20%), efeitos colaterais 
(17%), falta de receita (12%) e outros motivos (10%). Os dados apontaram que as 
mulheres tinham idade média de 61 anos, sendo 70% afrodescendente. Entre as 
adultas, a maioria obteve classificação de obesidade (68,8%). Entre as idosas, 
35,7% tinham sobrepeso. Cerca de 54% tinha história familiar de hipertensão 
arterial. Ainda, em relação a HAS, 43,3% estavam no estágio 2, sendo que 33,3% 
tinham comorbidades com diabetes e dislipidemia e 23,3% estiveram internadas 
durante o intervalo de um ano. Cerca de 37% eram tabagistas e 53% etilistas. Em 
relação aos homens, a idade média de 64,6 anos, sendo 80% afrodescendente. 
Entre os adultos, metade era obeso e metade normal. Entre os idosos, 50% tinham 
peso normal. Cerca de 70% tinha história familiar de HAS. Em relação a HAS, 50% 
tinham sistólica isolada, sendo que 50% tinham comorbidades com dislipidemia e 
30% estiveram internadas durante o intervalo de um ano. Cerca de 30% eram 
tabagistas e 60% etilistas. Com o Plano de intervenção pretende-se buscar 
estratégia para melhorar a adesão à medicação anti-hipertensiva, por meio projeto 
assistencial às pessoas hipertensas. Os interessados serão cadastrados no projeto 
para que haja um acompanhamento efetivo. A intervenção poderá ser realizada por 
meio de oficinas temáticas com os hipertensos cadastrados e acompanhados pelo 
projeto. As oficinas serão realizadas na ESF Santa Cruz – Conselheiro Lafaiete e 
contará com a parceria do enfermeiro, auxiliar de enfermagem e ACS. A manutenção 
da motivação do paciente em não abandonar o tratamento é talvez uma das 
batalhas mais árduas que profissionais de saúde enfrentam em relação ao paciente 
vivendo com hipertensão. 
 
Palavras-chave: Hipertensão. Adesão. Atenção Primária à Saúde. 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The Family Health Strategy (FHS) Santa Cruz is located in Santa Tereza, city of 
Conselheiro Lafaiete - MG. Regarding hypertension is observed that the 
complications are mostly arising from non-adherence to anti- hypertensive treatment. 
In addition, 20% of the daily medical care of the FHS is toward people with 
uncontrolled blood pressure. Antihypertensive therapy has as main objective to 
abolish risks associated with high blood pressure, promoting the reduction of 
cardiovascular morbidity and mortality in hypertensive patients without adversely 
affecting their quality of life. The aim was to provide the hypertensive patient a 
practical view about your health condition, informing him about the risk factors and 
complications of hypertension, to improve rates of adherence therapies. Also, 
improve health status and reduce the impact of injuries resulting from this disease in 
this population. A literature review of non-adherence to treatment by patients with 
SAH was performed. Data collection was conducted through semi structured 
interviews. Patients with blood pressure above 140 x 90 mmHg were investigated 
regarding the use of medication for hypertension. After, were raised the main reasons 
that the patient not properly use the medication, only the first reason cited by patients 
were considered: asymptomatic disease (41%) , forgetfulness (20%) , side effects 
(17%) , lack of prescription (12%) and other reasons (10%). The data showed that 
women had a mean age of 61 years, 70% Afro-American descents. Among adults, 
the majority was classified as obesity (68.8%). Among the elderly, 35.7% were 
overweight. About 54% had a family history of hypertension. Regarding hypertension, 
43.3% were in stage 2, and 33.3% had comorbid diabetes and dyslipidemia and 
23.3% were hospitalized during the interval of one year. About 37% were smokers 
and 53% consumed alcohol. Regarding men, mean age 64.6 years, 80% Afro-
American descents. Among adults half were obese and half had normal weight. 
Among the elderly, 50% had normal weight. About 70% had a family history of 
hypertension. Regarding hypertension, 50% had isolated systolic, and 50% had 
comorbid dyslipidemia, and 30% were hospitalized during the interval of one year. 
About 30% were smokers, and 60% consumed alcohol. The intervention plan has a 
strategy to improve adherence to antihypertensive medication, through care project 
to hypertensive people. Individuals will be registered in the project so that there is 
effective monitoring. The intervention may be undertaken through thematic 
workshops with hypertensive registered and monitored by the project. The workshops 
will be held in the FHS Santa Cruz – Conselheiro Lafaiete and will include the 
partnership of nurses, nursing assistant and health community agents. Maintaining 
the patient's motivation not to abandon treatment is perhaps one of the toughest 
battles that health professionals face in relation to hypertensive patients. 
 
 
Key-words: Hypertension. Adherence. Primary Health Care. 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
 
 
ACS - Agentes Comunitários de Saúde 
 
HAS – Hipertenção Arterial Sistêmica 
 
OMS – Organização Mundial de SaúdeDPOC – Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica 
 
ESF - Estratégia de Saúde da Família 
 
BRA – Bloqueador do Receptor de Angiotensina 
 
BCC- Bloqueador de Canal de Cálcio 
 
IECA – Inibidor da Enzima Conversora de Angiotensina 
 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO..........................................................................................8 
 
2 JUSTIFICATIVA......................................................................................10 
 
3 OBJETIVOS............................................................................................11 
 
4 METODOLOGIA......................................................................................12 
 
5 REVISÃO DA LITERATURA.....................................................................13 
 4.1 Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)...............................................13 
 4.2 Aspectos gerais da adesão à medicação no tratamento 
 de doenças crônicas...........................................................................15 
4.3 Aspectos gerais da não adesão ao tratamento anti-hipertensivo 
......................................................................................................................17 
 
6 PLANO DE INTERVENÇÃO...................................................................20 
 
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................24 
 
REFERÊNCIAS............................................................................................25 
 
 
 
 
8 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A Unidade Básica de Saúde (UBS) Santa Cruz está situada no bairro Santa 
Terezinha na Rua Hermílio Rodrigues Pereira nº150, cidade de Conselheiro Lafaiete-
MG. A UBS funciona no mesmo local do Centro Regional Barreira, sendo a parte da 
ESF composta por: uma sala de enfermagem, um consultório médico, um consultório 
odontológico, uma recepção uma sala dos ACS, uma copa, uma dispensa, sala de 
vacinas e uma sala utilizada como farmácia. Tem ainda sala de curativos, 
nebulização bem como um hall de entrada e dois banheiros externos que são 
utilizados em conjunto com o Centro Regional Barreira. A equipe multidisciplinar é 
composta por um enfermeiro, um médico, um dentista, um técnica de enfermagem, 
um auxiliar de saúde bucal e sete ACS. 
A UBS Santa Cruz, em sua área de abrangência, atende os bairros Santa Terezinha, 
Santa Luzia, São Benedito, Lima Dias II, Satélite e Santa Cruz. De acordo com o 
IBGE a população de Conselheiro Lafaiete é de 116.512 habitantes. 
Em relação à taxa de urbanização dos bairros atendidos pelo PSF Santa Cruz, 
99,1% são de população urbana. Em relação à população atendida pela ESF Santa 
Cruz, há um total de 1877 famílias cadastradas com 6111 pessoas. 
As principais atividades econômicas da área de abrangência segundo levantamento 
feito pela equipe durante a confecção do perfil sociodemográfico são: mecânico, 
Ajudante mecânico, Motorista, Pedreiro, Auxiliar de serviços gerais, Doméstica, 
Balconista, Servente de pedreiro, Operador de máquinas, Ajudante geral. Em 
relação à renda estima-se que a renda média da população varie entre 1 e 2 salários 
mínimos. No quesito escolaridade, a equipe fez um levantamento considerando a 
população a partir da idade escolar, sendo 99% da população alfabetizada. 
No aspecto ambiental, a rede pública totaliza 99,4% da população adscrita. O 
principal tratamento de água no domicílio é por filtração (99,4%). Sobre o esgoto 
sanitário, 97,3% tem coleta pública, enquanto que o lixo tem 98,3% de coleta 
pública. A coleta do lixo contaminado da unidade de saúde é feita quinzenalmente 
por empresa terceirizada pela Prefeitura Municipal e levado para um local específico 
da empresa onde é incinerado. 
9 
 
Quanto aos aspectos epidemiológicos, os registros dos ACS, das fichas D e SSA2 
obtiveram-se dados em relação à mortalidade e morbidade. Não foram identificados 
dados sobre mortalidade infantil nem mortalidade materna, houve dois casos de 
mortalidade neonatal devido a complicações do parto. Segue abaixo as causas e 
número de casos de óbitos: problemas cardíacos, Infarto agudo do miocárdio e 
Insuficiência cardíaca congestiva (seis); Acidente vascular encefálico (cinco); Câncer 
(três); Pneumonia (dois); Apendicite (dois); Complicações do parto e prematuridade 
(dois). 
Os dados de morbidade também foram levantados pelas ACS. Em relação às 
doenças de notificação compulsória, foram realizadas notificações de dengue e 
varicela. Na lista abaixo as 10 primeiras causas de atendimento 
hospitalares/serviços ambulatoriais: Pneumonia (22); Hipertensão arterial (9); 
Diabetes (8); Insuficiência cardíaca (8); Infecção urinária (7); Dengue (6); Infarto 
agudo do miocárdio (5); Trombose (5); Diarreia e desidratação (4); Insuficiência renal 
(3) e Problemas respiratórios – bronquite e asma (3). 
Pelos dados levantados da notificação, a hipertensão arterial sistêmica (HAS) é um 
dos principais motivos de atendimentos hospitalares/serviços ambulatoriais. Isso se 
dá em parte, pelas complicações advindas da hipertensão arterial em decorrência da 
não adesão ao tratamento anti-hipertensivo. Além disso, cerca de 20% dos 
atendimentos médicos diários da UBS são voltados a pessoas com níveis 
pressóricos descontrolados. Também a maioria dos atendimentos de demanda 
espontânea é constituída por hipertensos com níveis pressóricos elevados. 
Justifica-se, portanto a realização deste projeto de intervenção com a finalidade de 
aumentar a adesão dos hipertensos ao tratamento. 
 
 
 
 
 
10 
 
2 JUSTIFICATIVA 
 
A terapia anti-hipertensiva tem como objetivo primordial abolir os riscos associados à 
elevação da pressão arterial, promovendo a redução da morbidade e da mortalidade 
cardiovascular do paciente hipertenso, sem afetar adversamente a sua qualidade de 
vida. A implementação de medidas de incentivo à adesão medicamentosa no 
combate à hipertensão arterial sistêmica representa um grande desafio para os 
profissionais e os gestores na área da saúde. Considerando a importância de um 
tratamento anti-hipertensivo adequado, a abordagem profissional é de fundamental 
importância no tratamento da hipertensão e na prevenção das complicações 
crônicas. Assim como todas as doenças crônicas, a HAS exige um processo 
contínuo de motivação para que o paciente não abandone o tratamento. 
De acordo com a World Health Organization (2003), os pacientes precisam de 
conselhos, apoio e informação dos profissionais de saúde, para serem capazes de 
entender a importância de manter o controle da pressão arterial, usar os seus 
medicamentos de forma racional, aprender a lidar com doses perdidas e como 
identificar os eventos adversos e o que fazer quando eles ocorrem. 
A ampla orientação da população sobre a importância de um bom controle dos níveis 
pressóricos irá levar a uma melhor qualidade de vida aos hipertensos e também 
desafogará o trabalho de toda a equipe da UBS, uma vez que a mesma dispende 
grande parte de seus esforços e recursos com pacientes refratários ao tratamento 
medicamentoso da HAS. 
 
 
 
11 
 
 
 3 OBJETIVOS 
 
Elaborar um projeto de intervenção com a finalidade de melhorar as taxas de adesão 
de pacientes hipertensos às terapias medicamentosas usadas no tratamento dessa 
doença crônica. E 
Buscar a melhoria do estado de saúde e a redução do impacto dos agravos 
resultantes dessa doença na população por meio de uma assistência mais 
qualificada 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
 
 
4 METODOLOGIA 
 
Utilizou-se dos momentos dos atendimentos médicos diários para anotar todos os 
pacientes com pressão arterial superior a 140 x 90 mmHg e foram investigados 
quanto ao uso da medicação para tratamento da HAS. Além dos dados clínicos 
gerados nas consultas, como medidas antropométricase o Índice de Massa 
Corporal (IMC). Foram também perguntados sobre os motivos que os levavam a não 
usar corretamente a medicação, apenas o primeiro motivo citado pelo paciente foi 
considerado como o problema principal. 
A digitação dos dados foi realizada na planilha do Programa Excel 2013 versão para 
Windows. A análise descritiva foi efetuada no Programa EpiInfo versão 2006. 
 Para a análise dos pacientes hipertensos considerou-se IMC de 18,5 e 21,9 kg/m2 
como de baixo peso para o adulto e idoso, respectivamente; maior que 25,0 como 
sobrepeso para o adulto e 27,1 como sobrepeso para o idoso. Para obesidade tem-
se o IMC maior que 30,1 para o adulto e maior que 32,1 para o idoso. 
 
Realizou-se ainda uma revisão bibliográfica a Biblioteca Virtual em Saúde e nos 
manuais do Ministério da Saúde para buscar as evidências já existentes sobre o 
tema abordado e ainda a aplicabilidade das mesmas na minha prática. 
Para a busca utilizou-se os seguintes descritores: 
Hipertensão; 
Adesão; 
Atenção primária à saúde. 
 
 
 
13 
 
 
 
5 REVISÃO BIBLIOBRÁFICA 
 
5.1 Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) 
A hipertensão arterial é uma condição clínica multifatorial caracterizada por níveis 
elevados e sustentados de pressão arterial (VI DIRETRIZES BRASILEIRAS DE 
HIPERTENSÃO, 2010). É considerado um dos principais fatores de risco para o 
aparecimento das doenças cardíacas e um dos mais importantes problemas de 
saúde pública no Brasil e no mundo. A HAS ocasiona um elevado custo econômico-
social em decorrência das suas complicações, além de ocasionar grande impacto na 
morbimortalidade mundial. 
A HAS raramente causa sintomas nas fases iniciais e muitas pessoas não são 
diagnosticadas. Aqueles que são diagnosticados podem não ter acesso ao 
tratamento e podem não ser capazes de controlar com êxito a sua doença em longo 
prazo (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2013). Uma vez que essa doença está 
associada a alterações funcionais e/ou estruturais dos orgãos-alvo (coração, 
encéfalo, rins e vasos sanguíneos) e a alterações metabólicas, ocorre aumento do 
risco de eventos cardiovasculares fatais e não fatais (WILLIAMS, 2010). Sendo a 
responsável por pelo menos 45% das mortes por doença cardíaca e 51% das 
mortes por acidente vascular cerebral. (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2013). 
A HAS é uma doença crônica com alta prevalência na população brasileira e 
mundial. A WHO estima que hoje em dia um em cada três adultos no mundo sofre 
dessa doença. Em 2008, cerca de 40% dos adultos, em todo o mundo, com idades a 
partir de 25 anos, foram diagnosticados com hipertensão, o número de pessoas com 
a condição subiu de 600 milhões em 1980 para 1 bilhão em 2008 (OMS, 2011). O 
aumento da prevalência de hipertensão é atribuído ao crescimento da população, ao 
envelhecimento e aos fatores de risco comportamentais, como alimentação 
inadequada, uso nocivo do álcool, falta de atividade física, excesso de peso e a 
exposição persistente ao estresse (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2013). 
14 
 
Embora a hipertensão arterial seja considerada uma doença de origem multifatorial, 
alguns fatores de risco são mais relevantes. Dentre estes, destacam-se a faixa 
etária, gênero, cor/etnia, excesso de peso e obesidade, ingestão excessiva de sal e 
álcool, por período prolongado de tempo, sedentarismo, tabagismo, fatores 
socioeconômicos, escolaridade e genética (VI DIRETRIZES BRASILEIRAS DE 
HIPERTENSÃO, 2010). 
A medida da pressão arterial é o elemento chave para o estabelecimento do 
diagnóstico da HAS. De acordo com as VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão 
Arterial, classificamos os níveis de PA para pessoas com mais de 18 anos de 
conforme a Tabela 1. 
 
Tabela 1 - Classificação da pressão arterial de acordo com a medida casual no 
consultório (> 18 anos) 
Classificação 
Pressão sistólica 
(mmHg) 
Pressão diastólica 
(mmHg) 
Ótima < 120 < 80 
Normal < 130 < 85 
Limítrofe* 130–139 85–89 
Hipertensão estágio 1 140–159 90–99 
Hipertensão estágio 2 160–179 100–109 
Hipertensão estágio 3 ≥ 180 ≥ 110 
Hipertensão sistólica isolada ≥ 140 < 90 
Quando as pressões 
sistólica e diastólica situam-
se em categorias diferentes, 
a maior deve ser utilizada 
para classificação da 
pressão arterial. 
 
 (Fonte: VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão) 
 
15 
 
Apesar dos conhecidos benefícios da terapia anti-hipertensiva na prevenção das 
complicações cardiovasculares da HAS, o percentual de pacientes hipertensos que 
alcançam os alvos-terapêuticos é baixo. 
As dificuldades de controle da HAS, na concepção de estudiosos, estão 
relacionadas às características da doença, como o caráter assintomático, a evolução 
lenta, a cronicidade, que fazem com que a hipertensão não seja considerada doença 
ou algo que precise ser cuidado. Assim os portadores não sentem necessidade de 
modificar hábitos relacionados ao trabalho, ao meio social e à dinâmica familiar, até 
que surjam as primeiras complicações provocadas pela doença. Nesse aspecto para 
que a doença possa ser controlada é imprescindível a adesão ao tratamento, 
objetivando a manutenção da pressão arterial em valores considerados normais 
(PIERIN; STRELEC; MION, 2004). 
 
5.2 Aspectos gerais da adesão à medicação no tratamento de doenças 
crônicas 
Adesão pode ser definida como o grau em que o paciente segue as orientações dos 
profissionais, ou seja, a conduta de um paciente em relação ao uso do 
medicamento, ao seguimento de uma dieta ou à modificação de hábitos de vida 
(HAYNES et al., 1980). A adesão é um fator-chave associado à eficácia de todas as 
terapias farmacológicas, mas é particularmente crítico para medicamentos prescritos 
para condições crônicas. 
O tratamento de doenças crônicas geralmente inclui o uso da farmacoterapia em 
longo prazo. Embora estes medicamentos sejam eficazes no combate à doença, 
seus benefícios muitas vezes não são alcançados porque aproximadamente 50% 
dos pacientes não tomam os seus medicamentos como prescrito (BROWN e 
BUSSELL, 2011). 
O comportamento relacionado à medicação é extremamente complexo e individual, 
exigindo inúmeras estratégias multifatoriais para melhorar a adesão. Pesquisas na 
área farmacêutica têm resultado no desenvolvimento de medicamentos com 
comprovada eficácia e perfis positivos de risco-benefício. Contudo um aspecto 
16 
 
importante no tratamento de doenças crônica é a adesão à medicação (BROWN e 
BUSSELL, 2011): Tratamento → Adesão → Resultado. 
Existem diversos métodos para medir a adesão dos pacientes ao tratamento 
medicamentoso e todos os métodos apresentam vantagens e desvantagens. Esses 
métodos podem ser diretos ou indiretos. Os métodos diretos incluem observar a 
terapia diretamente, a medição do nível de medicamentos ou metabólito no sangue e 
a medição de marcador biológico no sangue. Métodos indiretos de avaliação da 
aderência incluem aplicar questionários aos pacientes, autorrelatos diários dos 
pacientes, contagem de comprimidos, taxa de recarga da prescrição, avaliação da 
resposta clínica do paciente, dosador eletrônico, medição de marcadores 
fisiológicos. 
Para Osterberg e Blaschke (2005), os pacientes são considerados aderentes a sua 
medicação se a sua percentagem de adesão à medicação, definida como o número 
de comprimidos ausentes num determinado período de tempo ("X") dividido pelo 
número de comprimidos prescritos pelo médico no mesmo período de tempo, é 
maior do que 80%: 
Nº de comprimidos ausentes em um tempo X 
Nº de comprimidos prescritos em um tempo X 
 
Mas de acordo com os autores este método tem limitações, pois se assume que o 
número de comprimidos ausentes realmente foi tomado pelos pacientes. Além disso, 
este método pode não ser representativo dos padrões de adesão em longo prazo, 
porque pacientes podem apresentar aderência do avental branco, ou melhorar o 
comportamento quanto à medicação tomada nos cinco dias antes e cinco dias 
depois de um encontrode cuidados de saúde. 
Para Pierin; Strelec; Mion (2004) existem diferentes níveis de adesão. No nível mais 
elevado estão os aderentes propriamente ditos, aqueles que seguem totalmente o 
tratamento, e no lado oposto classificam-se os desistentes, aqueles que abandonam 
o tratamento. No grupo dos não aderentes estão os pacientes persistentes, que até 
comparecem às consultas, porém não seguem o tratamento. 
17 
 
 
 
5.3 Aspectos gerais da não adesão ao tratamento anti-hipertensivo 
 
Embora seja bem conhecido que terapias anti-hipertensivas reduzem 
significativamente os riscos de eventos isquêmicos, a adesão à medicação é pobre 
até mesmo entre pessoas que sofreram algum evento cardiovascular (GLADER et 
al., 2010). Sales e Tamaki (2007) constataram que a experiência de uma 
complicação da HAS não assegura maior adesão do paciente ao tratamento. E 
apesar do fato de a terapia farmacológica anti-hipertensiva ter um perfil de 
segurança e tolerabilidade positivos e reduzir o risco de acidente vascular cerebral 
em cerca de 30%, e o enfarte do miocárdio em aproximadamente 15%, evidências a 
partir de uma série de estudos sugere que cerca de 50% a 80% dos pacientes 
hipertensos tratados não são aderentes ao seu regime de tratamento (revisado por 
BROWN e BUSSELL, 2011). 
A não adesão ao tratamento anti-hipertensivo constitui um dos maiores problemas 
na área de hipertensão arterial. As razões para a fraca adesão à medicação são 
frequentemente multifatoriais. A não aderência à medicação pode ser intencional ou 
não intencional. A não adesão intencional é um processo ativo em que o paciente 
escolhe desviar-se do regime de tratamento. Isto pode ser um processo de decisão 
racional, em que o indivíduo pesa os riscos e benefícios do tratamento contra 
quaisquer efeitos adversos. A não adesão não intencional é um processo passivo no 
qual o paciente pode ser descuidado ou esquecido sobre a adesão ao tratamento 
(HO; BRYSON; RUMSFELD, 2009). 
Os pacientes deixam de aderir à terapia anti-hipertensiva prescrita por vários 
motivos como ausência de sintomas associados à doença, complexidade do 
esquema de dosagem de medicação ou até mesmo o custo dos medicamentos. 
Outra questão é a não compreensão da doença por parte dos pacientes que pode 
ser vista como o resultado do curso assintomático da HAS. Em um estudo realizado 
por Santos et al. (2005), na amostra investigada, somente 12% dos entrevistados 
revelaram algum conhecimento sobre a hipertensão arterial e (56%) conheciam 
18 
 
parcialmente a suas consequências. Por outro lado, Pucci et al. (2012) mostrou que 
apesar do conhecimento adequado dos hipertensos, as questões sobre 
conhecimento da doença não foram suficientes para exercer influência sobre a 
adesão ao tratamento. Amarante et al. (2010) constataram que um dos motivos mais 
importantes para a não adesão foi o esquecimento de administrar o medicamento. 
Demoner; Ramos; Pereira (2012) constataram uma prevalência de não adesão à 
terapia anti-hipertensiva de 64%. Observou-se que a prevalência de pacientes não 
aderentes foi maior naqueles com faixa etária menor (entre 18 e 40 anos). Em 
relação à ocupação, os pacientes que trabalhavam tendem a ser não aderentes em 
relação àqueles que não possuem ocupação laboral. Pacientes com sobrepeso ou 
obesidade também não foram aderentes. 
A WHO tem categorizado potenciais razões para a não aderência a medicação em 
cinco grandes agrupamentos que incluem paciente, condição da doença, terapia, 
condição socioeconômica e fatores relacionados ao sistema de saúde. Exemplos 
para cada uma dessas categorias são mostrados na tabela 2. 
Tabela 2 – Razões para a não adesão à medicação 
Categorias de não adesão Exemplos 
Sistema de saúde 
Má qualidade da relação provedor-paciente; má 
comunicação, falta de acesso aos cuidados de saúde, 
a falta de continuidade de cuidados. 
Condição Doença crônica assintomática (ausência de sinais físicos), distúrbios mentais (por exemplo, depressão) 
Paciente 
Deficiências físicas (por exemplo, problemas de visão 
ou deficiência de destreza); comprometimento 
cognitivo, psicológico / comportamental, a idade mais 
jovem, de raça não branca. 
Terapia Complexidade do esquema, os efeitos colaterais 
Socioeconômica Baixa alfabetização, os custos mais elevados de medicamentos; pobre apoio social. 
Fonte: Ho; Bryson; Rumsfeld (2009). 
 
19 
 
A adesão do paciente ao regime terapêutico é de suma importância para o controle 
dos sintomas e progressão da doença. Sarquis et al. (1998) enfatizaram que a meta 
primordial das ações das equipes de saúde deve ser a de buscar otimizar a adesão 
do hipertenso ao tratamento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
 
6 PLANO DE INTERVENÇÃO 
 
Os dados colhidos durante os atendimentos diários o consultório médico foram 
embasadores para subsidiar uma análise da situação da hipertensão arterial no 
território da UBS Santa Cruz e ainda possibilitar a busca de estratégias para 
melhorar a qualidade de vida dos pacientes hipertensos. Por meio da computação 
dos dados foi possível fazer uma análise descritiva dos pacientes hipertensos 
atendidos na UBS, a saber: 
Motivos do não uso da medicação 
Motivos Percentual (%) 
Paciente assintomático 41 
Esquecimento 20 
Efeitos colaterais 17 
Falta de receita 12 
Outros motivos 10 
 
Para a análise dos pacientes hipertensos considerou-se IMC de 18,5 e 21,9 kg/m2 
como de baixo peso para o adulto e idoso, respectivamente; maior que 25,0 como 
sobrepeso para o adulto e 27,1 como sobrepeso para o idoso. Para obesidade tem-
se o IMC maior que 30,1 para o adulto e maior que 32,1 para o idoso. 
 
A Quanto à análise sociodemográfica, em relação ao sexo, a maioria era feminina 
(n=30, 75%). A idade média foi de 62 anos, a mediana e a moda de 61 anos, sendo 
a idade mínima de 37 anos e a máxima de 96 anos. Em relação às faixas etárias, 
57,5% tinham de 50 a 69 anos. A maioria, 72,5% era afrodescendente. 
 
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As características clínicas apontaram que 57,5% tinham história familiar de 
hipertensão arterial sistêmica. Em relação ao Índice de Massa Corporal (IMC), a 
 média e a mediana foram 29,30 Kg/m2, a moda de 31,23 Kg/m2, mínimo de 18,9 e 
máximo de 42,27 Kg/m2. Dentre 18 adultos avaliados, houve dois com peso normal 
(11,1%), três com sobrepeso (16,7%) e 13 com obesidade (72,2%). A categoria 
sobrepeso e obeso foi a grande maioria com 83,3%. Dentre os 22 idosos avaliados, 
houve dois com baixo peso (9,0%), oito com peso normal (36,4%), oito com 
sobrepeso (36,4%) e quatro com obesidade (8,2%). Nessa faixa etária existe a 
preocupação com o baixo peso. Ainda, houve o mesmo número de idosos com peso 
normal e sobrepeso. 
 
Em relação às características comportamentais, 55% relataram etilismo e 35% 
tabagistas, sendo que 10 (71,4%) fazem uso concomitante de álcool. Onze pessoas 
(27,5%) relataram internação no ano anterior, sendo que existe somente uma 
informação do motivo – AVE. Nove pacientes com hipertensão relataram lesões de 
órgãos alvo, sendo uma informação de nefropatia. Vinte e um pacientes (52,5%) tem 
comorbidades associadas: dislipidemia (20%), dislipidemia e diabetes (7,5%), 
diabetes (12,5%), doença pulmonar obstrutiva crônica (2,5%) e hipertireoidismo 
(2,5%). 
 
Em relação a classificação da HAS, sete pacientes estavam no estágio 1 (17,5%); 15 
no estágio 2 (37,5%); cinco no estágio 3 (12,5%); 13 foram classificados como 
sistólica isolada (32,5%). 
 
Em relação ao sexo feminino, a idade média foi de 61 anos, a mediana de 58 anos, 
a moda de 56 anos, sendo a idade mínima de 37 anos e a máxima de 96 anos. Vinte 
e um pacientes (70%) eram afrodescendentes. As características clínicas apontaram 
que, em relação ao IMC do adulto, a maioria apresentava obesidade (68,8%), 
enquanto que o IMC do idoso, 35,7% apresentavam sobrepeso e 14,3% baixo peso. 
 
Dezesseis mulheres(53,3%) relataram etilismo; 36,7% relataram tabagismo e 23,3% 
informaram tabagismo e etilismo. Sete pacientes (23,3%) tiveram internação no ano 
anterior. Ainda, sete tiveram lesões de órgãos alvo, sendo uma informação de 
22 
 
nefropatia. Dentre as comorbidades, cinco apresentavam dislipidemia e diabetes 
(33,3%); cinco tinham dislipidemia; quatro apresentavam diabetes somente (26,7%) 
e um apresentava doença pulmonar obstrutiva crônica (6,7%). Em relação à HAS, a 
maioria se encontrava no estágio 2 (43,3%). 
 
Em relação ao sexo masculino, a idade média foi de 64,6 anos, a mediana de 62,5 
anos, a moda de 61 anos, sendo a idade mínima de 55 anos e a máxima de 78 
anos. Oito pacientes (80%) eram afrodescendentes. As características clínicas 
apontaram que, em relação ao IMC do adulto, 50% apresentavam obesidade e 50% 
foram classificados como peso normal, enquanto que o IMC do idoso, 50% 
apresentavam peso normal e 37,5% sobrepeso. 
 
Seis homens (60%) relataram etilismo; 30% relataram tabagismo e 30% informaram 
tabagismo e etilismo. Três pacientes (30%) tiveram internação no ano anterior. 
Ainda, dois tiveram lesões de órgãos alvo, sendo uma informação de nefropatia. 
Dentre as comorbidades, um apresentava dislipidemia e diabetes (16,6%); três 
tinham dislipidemia; um apresentava diabetes somente (26,7%) e um apresentava 
hipertireoidismo. Em relação à HAS, metade se encontrava classificada como 
sistólica isolada (50%). 
 
A partir da análise dos dados foi possível elaborar um plano de intervenção para 
melhorar a adesão dos pacientes hipertensos ao tratamento. 
 
Como estratégia para melhorar a aderência à medicação anti-hipertensiva, a 
proposta será a formulação de um projeto assistencial aos pacientes hipertensos. Os 
pacientes interessados serão cadastrados no projeto para que haja um 
acompanhamento efetivo desses pacientes. A intervenção poderá ser realizada por 
meio de oficinas temáticas com os hipertensos cadastrados e acompanhados pelo 
projeto. As oficinas serão realizadas na ESF Santa Cruz – Conselheiro Lafaiete e 
contará com a parceria do enfermeiro, auxiliar de enfermagem e ACS. 
O planejamento e a realização das oficinas serão baseados na apresentação de 
palestras para levar ao público-alvo informações essenciais sobre a HAS, 
objetivando conscientizar o paciente quanto a sua condição fisiopatológica e 
23 
 
estimular a adesão ao tratamento anti-hipertensivo e a adoção de estilos de vida 
mais saudáveis. As oficinas serão realizadas mensalmente com os seguintes temas: 
 HAS: conceito, ocorrência e consequências; 
 Tratamento medicamentoso e o uso correto da medicação prescrita; 
 Complicações cardiovasculares; 
 Fatores de influência da HAS; 
 Adoção de hábitos de vida saudável; 
 Prevenção e controle da HAS. 
A realização das oficinas terá como objetivo melhorar a educação em saúde e a 
comunicação com os pacientes hipertensos. Durante as palestras será utilizada 
linguagem adequada para o melhor entendimento pelos pacientes. Para incentivar e 
motivar os pacientes, após a palestra será realizada uma discussão da problemática 
pelos próprios pacientes, com o objetivo de fazê-los pensar e falar sobre seus 
problemas. Alguns estudos apontam que ações educativas realizadas em grupo 
fazem com que os integrantes percebam problemas comuns, sendo estimulados a 
desenvolver o autocuidado, aumentando assim a adesão e a eficácia do tratamento. 
Além disso, será apresentado aos pacientes estratégias para evitar o esquecimento 
de tomar a medicação como embalar os medicamentos em recipientes especiais 
e/ou colocar lembretes na embalagem de medicação. Com o intuito de promover a 
permanência no projeto de intervenção e a execução das atividades por parte dos 
pacientes serão realizadas visitas dos agentes de saúde aos hipertensos para 
incentivá-los a permanecer no projeto. 
 
 
 
 
 
24 
 
 
 
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Os profissionais de saúde da rede básica têm importância primordial nas estratégias 
de controle da hipertensão arterial, quer na definição do diagnóstico clínico e da 
conduta terapêutica, quer nos esforços requeridos para informar e educar o paciente 
hipertenso como de fazê-lo seguir o tratamento. É preciso ter em mente que a 
manutenção da motivação do paciente em não abandonar o tratamento é talvez uma 
das batalhas mais árduas que profissionais de saúde enfrentam em relação ao 
paciente hipertenso. 
Como a continuidade do tratamento é parte fundamental para o controle dos 
pacientes em uso de anti-hipertensivo, reduzindo as complicações cardiovasculares 
decorrentes da HAS, tais questões devem ser levadas em conta quando do 
planejamento de gestão dos recursos de saúde, sejam estes públicos ou privados, 
pois muitas vezes abordagens consideradas custo-efetivas podem na verdade 
cobrar no futuro faturas mais altas não só em termos financeiros, mas também em 
número de vidas. 
A fraca adesão aos regimes de medicação é comum, contribuindo para substancial 
agravamento da doença, morte, além do aumento dos custos de cuidados de saúde. 
Os profissionais de saúde devem estar sempre atentos à baixa adesão e buscar 
melhorar a adesão dos pacientes aos tratamentos anti-hipertensivos. Os resultados 
encontrados na literatura demonstram a dificuldade que pacientes com HAS têm em 
adotar medidas de controle e a necessidade de desenvolvimento de trabalhos de 
educação em saúde que permitam a transformação dessa realidade. 
 
 
 
 
25 
 
 
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	ABORDAGEM DA NÃO ADESÃO AO TRATAMENTO MEDICAMENTOSO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA EM ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
	ABORDAGEM DA NÃO ADESÃO AO TRATAMENTO MEDICAMENTOSO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA EM ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
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