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Aula 1 Vamos falar um pouco de Estatística? Noções básicas de uma disciplina Doriam Borges 2 Aula 1 • Vamos falar um pouco de Estatística? Noções básicas de uma disciplina Aula 1 • Aula 1 • Meta Desenvolver processos cognitivos eaquisição de atitudes, possibilitando criar o hábito de investigação e confiança para enfrentar situações novas e formar uma visão ampla e científica da realidade. Objetivos Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: 1. Reconhecer a utilidade da Estatística no desenvolvimento de ativida- des na Segurança Pública; 2. Definir quais as fases do método estatístico; 3. Descrever as formas de obtenção, reunião e registro sistemático de dados; 4. Apresentar quais os princípios básicos para a elaboração de um questionário. 3 Estatística Aplicada à Segurança Pública Você sabia? As primeiras experiências de contagem de população ocorreram no período dos grandes impérios da Antiguidade. As realizações dessas contagens eram estratégicas dentro dos poderes centrais e tinham como principais objetivos conhecer melhor a extensão ter- ritorial e o número dos súditos, de forma a aperfeiçoar a gestão e a administração dos impérios. Era dessa forma que as civilizações mesopotâmica, egípcia e chinesa desenvolviam pesquisas estatís- ticas para responder àsdemandasadministrativas de seus impérios. As necessidades da administração desses domínios eram varia- das; por isso era importante conhecer o contexto em que estavam inseridas. Por exemplo, durante a construção das pirâmides no Egito, foi fundamental conhecer a demanda de mão de obra e o número de homens disponíveis para o trabalho; o mesmo acon- teceu no desenvolvimento das listagens parao recrutamento mili- tar nesses impérios,ou na distribuição dos habitantes sobre todoo território,tendo em vista a melhor utilização das terras.Entretanto, naquele período, a realização dos levantamentos censitários era muito difícil, seja devido a questões operacionais ou filosóficas.A necessidade de dispor de uma estrutura administrativa ao mesmo tempo incontestada e ativa era um dos principais problemas.Além disso, a população percebia os levantamentos como um instrumen- to de recenseamento parafinsmilitares ou fiscais. No que se refere às limitações filosóficas e religiosas, no mundo cristão ou hebraico, por exemplo, enumerar a população era um costume ímpio por vi- sar a questionar o “segredo da Vida e da Criação”. Apenas Deus poderia ordenar os recenseamentos. Existem referências a um primeiro levantamento das vítimas de crime, realizado na cidade dinamarquesa de Aarhus, em 1730, assim como a investigação sobre o suicídio e o crime, pelos de- partamentos de polícia franceses, realizada durante a primeira metade do século XIX pelo diretor Jean Baptiste Joseph Fourier (Hacking, 1990). 4 Aula 1 • Vamos falar um pouco de Estatística? Noções básicas de uma disciplina Aula 1 • Aula 1 • Figura 1.1: E nos dias de hoje? Como a Estatística tem sido usada? Você sabia que a Estatística tem sido uma ferramenta cada vez mais utilizada em diferentes atividades profissionais da vidamoderna?Emseus diferentes- campos de atuação, as pessoas estão expostas àEstatística, usufruindo com maior ou menor intensidade de seus benefícios. Isto acontece devido às diversas utilidadesque este instrumento proporciona àqueles que dele necessitam e usufruem. Fonte: http://www.sxc.hu/photo/1147438 Existem pessoas que, ao ler qualquer informação estatística, acreditam fielmente nas afirmações, partindo do pressuposto de que “a Estatística é ca- paz de provar qualquer coisa”. Outras, por sua vez, argumentam que “a Esta- tística não prova nada”.Aqueles que acreditam nos dados estatísticos indis- criminadamente, muitas vezes se deixarãoiludir com alguns resultados;já os que rejeitam a Estatística, deixam de gozar os proveitos de uma ferramenta poderosa de análise, e permanecerão dando provade ignorância. Imagino que, ao ler uma notícia de jornal com dados estatísticos, você fique se perguntando se deve ou não confiar nos números. O nosso objetivo neste curso, entre outras coisas, será justamente dar a você sub- sídios para poder avaliar a veracidade de uma informação quantitativa na área de segurança pública, considerando os problemas técnicos das fontes de dados e os de validade nas conclusões estatísticas. Queremos que, ao final desta disciplina, você perceba a necessidade de cuidados especiais no manejo e na interpretação da Estatística. A interpretação de dados quantitativos não é monopólio dos estatísticos. Na realidade, um especialista em segurança pública, por exemplo, ao se debruçar sobre dados desta área, possuindo um maiorconhecimento das técnicas esta- tísticas, naturalmentelevará vantagens no tocante à apreciação, análise e interpretaçãodos dados estatísticos. Por isso, é muito importante que você tenha clareza que os dados estatísticos não falam por si mesmos. O que veremos são técnicas estatísticas deanálise dos dados, bem como procedimentos para avaliar se os dados foram habilmente coletados e criticamenteanalisados. Então, você poderá usar esta ferramenta analí- tica, mas saiba que a interpretação será mais valiosa, dependendo, tam- bém, do quanto você conheça sobre o tema. Caro aluno, aproveite os 5 Estatística Aplicada à Segurança Pública benefícios analíticos que a Estatística pode trazer, mas sempre se lembre de que a interpretação dos resultados será sua. Outra questão: não acredite em todos os números que você ver. A má utilização da Estatística é tão comum como o uso correto de suas técnicas. É muito importante ficar atento às fontes das informações, a como os dados foram coletados, às técnicas de análise, etc. Você não pode se deixar enganar pelasmás Estatísticas, ainda que os casos de uti- lizaçãoineficaz desta ferramenta sejam tantos que possamcausar a falsa impressão de que os resultados de análisessejamconfiáveis. Existem muitas visõesequivocadassobreocaráter desta disciplina. Por exemplo, a forma como um leigo entende a Estatística é bem diferente daquela concebida por um profissional. Para algumas pessoas, a Estatís- tica é uma atividade que permite a um indivíduo manipular os números de acordo com os seus pontos de vista. Outros já entendem a Estatística como uma forma de converter qualquer tema em um estudo“científico”. Essas percepções acerca dos significados e das potencialidades em torno da Estatística entre os leigos têm provocado sentimentos adversos; entre eles, destacamos apreocupação e o receioem relação à dificuldade de ab- sorção doconteúdo da disciplina, ede expectativa, enquanto ferramenta analítica e peloseupotencialna resolução de problemas. O que deve ficar claro para você é que a Estatística é uma ferramenta poderosa que pode ser empregada por diferentes profissionais em seu cotidiano de trabalho. Além disso, é importante desmistificar a ideia de que esta disciplina só é passível de ser entendida por aqueles que gos- tam de números. Você não precisa ser um expert em Matemática para trabalhar bem com análises estatísticas. Neste curso,você descobrirá o potencial desta ferramenta e desenvolverá um raciocínio analítico e crí- tico na sua leitura de números estatísticos. Mas, para isso, você precisa conhecer algumas das definições de Estatística: a) é uma coleção de métodos para planejar, obter, organizar, resumir,analisar, interpretar e extrair conclusões de dados; b) é a ciência dos dados quantitativos. Compreende a coleta, a classifi- cação, a organização, a análise e ainterpretação da informação numérica; c) é um conjunto de técnicas e processos quantitativos que serve para estudar e medir os fenômenoscoletivos; d) é um método de trabalho que auxilia as outras ciências no seu cam- po de ação; 6 Aula 1 • Vamos falar um pouco de Estatística? Noções básicasde uma disciplina Aula 1 • Aula 1 • e) é um método de se tratar dadosnuméricos. f) Você sabia que vários dos conhecimentos obtidos na Antiguidade foram poracaso e sem a aplicação de nenhum método científico? Hoje em dia, felizmente, quase todo acréscimo de conhecimento resulta da observação edo estudo, ou seja, de um processo científico ou método. • Método científico → observa • Método experimental → faz experiência • Método estatístico → relaciona fatos Atividade 1 Atende ao objetivo 1 Nesta seção, estamos começando a falar sobre o método estatístico. Você acabou de ler algumas definições de Estatística. Provavelmente, você já deve ter visualizado algumas informações e argumentos sendo descritos através de estatísticas também. Então, baseado na sua primeira leitura e na sua experiência, qual é a utilidade da Estatística no desenvolvimento de atividades na Segurança Pública? Resposta comentada: A estatística fornece as técnicas para extrair informação dos dados, os quais são muitas vezes incompletos, na medida em que não dão infor- mações suficientes sobre o problema em estudo. Dentro desta perspec- tiva, um dos objetivos da utilização do conhecimento advindo da aná- lise de dados estatísticos na área de segurança pública é gerir eficaz e eficientemente seus recursos, com o propósito de controlar, e reduzir manifestações da criminalidade e da violência. 7 Estatística Aplicada à Segurança Pública A utilização da estatística também serve para apoiar as áreas estraté- gica, tática e administrativa das organizações de segurança pública, uma vez que pode auxiliar na orientação e planejamento do emprego de recursos humanos e materiais no sentido da prevenção e repressão do fenômeno da criminalidade. Ademais, a estatística também pode contribuir especificamente para as atividades de investigação, prisão de delinquentes e esclarecimento de crimes, além de orientar a gestão das organizações policiais. Em suma, o uso dos dados estatísticos possui um caráter estratégico na segurança pública, tendo em vista que permite dar um significado às diferentes informações que chegam à gestão pública. Vale ressaltar que a sua importância não está apenas na divulgação da informação, mas na sua transformação de informação bruta em algo que possa servir para orientar ações futuras. Mas, afinal, o que é Estatística? Depois do que foi discutido anteriormente, o que você entende por Estatística? E a importância desta ferramenta na sua profissão? A Esta- tística é a ciência que investiga os procedimentos de obtenção, organiza- ção e análisede dados sobre uma população, bem como é um conjunto de técnicas para extrairconclusões ou realizarprediçõescom base nesses dados.Esta definição tem um significado mais abrangente do que o que normalmente é empregado para”Estatística”, ou seja, o resultado de con- tagens sobre a ocorrência dedeterminados eventos e a sua representação através de gráficos e tabelas. Este conceito mais simples de Estatística se refere apenasàorganiza- ção e à descrição dos dados relativos a um determinado fenômeno, e não aborda a análise e a interpretação desses dados, que são algumas das técnicas mais ricas desta disciplina. Na realidade, este conceito está relacionado a uma parte da Estatística, que se chama Estatística Descri- tiva. A EstatísticaDescritiva é a parte da Estatística que se preocupa com a organização edescrição de dados. Além da Estatística Descritiva,existe a Estatística IndutivaouInfe- rencial, que consiste nas técnicas de análise e interpretação dos dados. 8 Aula 1 • Vamos falar um pouco de Estatística? Noções básicas de uma disciplina Aula 1 • Aula 1 • Com base em uma parcela de uma população, chamada de amostra, você pode organizar e descrever os dados pela Estatística Descritiva, e analisar, interpretar e tirar conclusões sobre esses dados, e estendê-las para a população, através da Estatística Indutiva. Para que os resultados produzidos a partir de uma Estatística Indutiva sejam válidos, éimprescindívelquese adotemalgumasprecauçõesnaseleção da amostra dos dados a ser utilizada.Essas precauções são determinadas por umatécnicadenominadaamostragem, que você verá na Aula 10. Não adianta apenas definir as técnicas corretas de seleção de amostragem e utilizar as melhores técnicas de organização e descrição dos dados da Es- tatística Descritiva para produzir uma Estatística Indutiva com conclusões válidas. É necessário mais uma ferramenta: o cálculo de probabilidades.A probabilidade é a medida do quão provável é que um evento ocorra den- tro de um número de possíveis resultados. Calcular probabilidades permite que você use a lógica e a razão, até mesmo com algum grau de incerteza. Como mentir com a estatística? Torturando o dado Os números podem ser poderosos. Este poder pode tornar a Estatís- tica um instrumento de convencimento e persuasão, já que muitas vezes não questionamos a sua veracidade e adequação. Benjamin Disraeli, escritor e político britânico, disse que “há três tipos de men- tira: as mentiras, as mentiras sérias e a estatística”, há mais de um século. O que podemos pensar sobre isso hoje? Que não devemos confiar em todas as estatísticas, já que “os números não mentem; mas os mentirosos forjam números” e que “se torturarmosos dados por bastante tempo, eles acabarão por admitir qualquer coisa”.O histo- riador Andrew Lang disse que algumas pessoas usam a estatística “como um bêbadoutiliza um poste de iluminação – para servir de apoio, e não para iluminar”. A ideia que estou querendo passar aqui é a de que existem abusos na Estatística, quando os dados são apre- sentados e analisadosde forma enganosa. O abuso da estatística pode ocorrer porumdescuido ou ignorância; ou por intenção, suprimin- dodadosdesfavoráveise dando ênfase aos favoráveis. 9 Estatística Aplicada à Segurança Pública Fenômeno estatístico O fenômeno em estatística está relacionado com qualquer fenômeno que se almejetrabalhar, de maneira tal que a análise do objeto de estudo viabilize a aplicação detécnicas estatísticas. A Estatística é uma disciplina dedicada ao estudo dos fenômenoscoletivos - e não individuais -, ou seja, aqueles resultantes do agrupamento de um grande número de unidades. Além disso, também pode ser composta por diferentes causas, total ou par- cialmentedesconhecidas, que são chamadas de “fenômenos estatísticos”. As causas podem ser conhecidas através do estudo das manifesta- ções dos fenômenos, desvendando neles algumascaracterísticas globais, sem remontarexatamente àssuas causas. O que diferencia tais fenôme- nos (sociais, políticos, biológicos, etc.) é o fato de eles seremderivados de um conjunto de causas nem sempre conhecidas pelo analista. Você pode classificar os fenômenos em três tipos: Fenômenos Coletivos ou Fenômenos de Massa Os fenômenos coletivos são aqueles que não podem ser concebidos por uma simples observação. A mortalidade violenta, o número de roubos de veículos, o número de presos anualmenteem uma grande cidade são fenômenos coletivos. Fenômenos Individuais ou Particulares Os fenômenos individuais são aqueles que comporão os fenômenos co- letivos. Cada vítima de morte violenta,cada veículo roubado oupessoa presa no decorrer de um ano em uma grande cidade são fenômenos individuais. Fenômenos de Multidão Os fenômenos de multidão se diferenciam dos fenômenos coletivos pelo fato de as característicasverificadas para a coletividade não se cons- tataremnoparticular.Esse tipo de fenômeno pode ser classificado em dois aspectos: 10 Aula 1 • Vamos falar um pouco de Estatística? Noções básicas de uma disciplina Aula 1 • Aula 1 • a) Fenômenos Típicos Os fenômenos típicos são os que se manifestam de maneira regular, demonstrandoum comportamento determinado, ou seja, ao longo do tempo,o número de ocorrências do fenômeno não varia muito.Ex.: o número de homicídios dolosos por mês, o número de chamadas à Polí- cia por dia, etc. b) Fenômenos Atípicos Já os fenômenos atípicos referem-se aos fenômenos com um comporta- mento irregular e que não revelam uma tendência definida, ou seja, quando em uma comparação temporal, o fenômeno apresenta uma distorção. Ex.: a distorção no número de homicídios causada por uma chacina; a distorção no número de doentes causada por uma epidemia, etc. FASES DO MÉTODO ESTATÍSTICO Se você tem a intenção de desenvolver um estudo estatístico, é im- portante conhecer quais as etapas do trabalho pelas quais é necessário passar para alcançar os resultados finais do estudo. Essas etapas são co- nhecidas como fases do trabalho estatístico.As fases do trabalho estatís- tico serão apresentadas a seguir: 11 Estatística Aplicada à Segurança Pública Definição do Problema A primeira fase do trabalho estatístico é a definição e formulação do problemaa ser estudado. Além de definir o problema, vocêdeverá examinar se existem outrostrabalhos sobre o tema e realizar umlevan- tamentodos estudos acerca do tema tratado, já que parte da informa- ção de que necessita pode, muitas vezes, ser encontrada nesses últimos. Ex.:Um comandante de um Batalhão de Polícia Militar está interessado em reduzir o número de roubos de rua em um determinado bairro. Para isso, ele precisa conhecer melhor as características deste fenômeno. Não havendoestudos semelhantes, ele deverá formular o problema com base em sua própria experiência.Uma lista de fatores relevantes deverá resul- tar dessa investigação preliminar: 12 Aula 1 • Vamos falar um pouco de Estatística? Noções básicas de uma disciplina Aula 1 • Aula 1 • • número de roubos de rua por dia da semana; • número de roubos de rua por hora do dia; • número de roubos de rua por rua (mapa); • Tipos de roubos de rua; • Etc. Saber exatamente aquilo que se pretende pesquisar é o mesmo que definir corretamente oproblema. Planejamento O passo seguinte que você deverá seguir é o planejamento, que com- preendedeterminar o procedimento necessário para resolver o proble- ma e, em especial, comolevantar informações sobre o assunto objeto do estudo. • Que dados você deverá obter? • Como você vai obter esses dados? • O que será pesquisado? • Quem participará da pesquisa? (critérios de inclusão e exclusão) • Qual é a abrangência geográfica da pesquisa? (rua, bairro, cidade, estado, etc.) • Qual é o grau de precisão da pesquisa? • Qual é o tipo de amostragem que você utilizará na pesquisa? • Qual é o tamanho da amostra? • Quais são os materiais que você vai precisar para realizar a pesquisa? • Quanto tempo você tem para realizar a pesquisa? • Quanto você tem de recursos para a pesquisa? • Estes recursos estão de acordo com o projeto? • Etc. É muito importante que você entenda a importância do planejamento do trabalho estatístico a ser realizado, considerando o objetivo que se pretende alcançar.Nessa fase, você se focaránaescolha e na formulação das perguntas, qualquer que seja a modalidade de coleta de dados. 13 Estatística Aplicada à Segurança Pública O planejamento pode ser dividido em: censitário - que é utilizado quan- do a coleta dos dados for completa; ou por amostragem - quando for parcial. Ex.: Censitário: No Censo Demográfico do IBGE, todos os do- micílios do Brasil são visitados, e uma pessoa responde a um questionário,prestando informações sobre todos os moradores daquela residência; Amostragem:uma parcela (amostra) da população opina so- bre a intenção de voto nas pesquisas eleitorais. Coleta dos Dados O terceiro passo corresponde à coleta de informações. Esta etapa se re- fere à obtenção, reunião e registro sistemáticode dados, com um objetivo determinado.Antes de falar qualquer outra coisa sobre esta fase do método estatístico, gostaria de situaruma distinção entre os dados estatísticos. Origem dos Dados A coleta dos dados é o processo de obtenção e registro sistemático das informações com o objetivo de prepará-las para a análise. As fontes de dados são divididas em dois tipos: a) Dados Primários: são aqueles coletados pelo próprio pesquisador para a realização do seu estudo e análise.Se você mesmo coleta os dados para a sua pesquisa, a sua fonte de dados é primária. Entre as formas de coleta de dados primários, destaco o questionário: a.1) Questionário O questionário é uma das formas mais conhecidas para coletar in- formações de uma população. Uma das vantagens desse instrumento de coleta de dados é a facilidade para sistematizar as informações co- letadas de um número grande de pessoas. O IBGE, por exemplo, em uma de suas pesquisas (Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio – PNAD), aplicou, em 2012, um total de 362.451 questionários. Você imagina como é analisar isso tudo? Como o instrumento utilizado foi o questionário, a sistematização das informações coletadas ficou muito mais simples. Todos os questionários foram digitados em um banco de dados, sendo cada questionário uma linha, e cada pergunta uma colu- na. Sendo assim, fica muito mais fácil, com a utilização de um software apropriado, analisar os resultados da pesquisa. Neste caso, os dados des- ta pesquisa são fonte primária para o IBGE. 14 Aula 1 • Vamos falar um pouco de Estatística? Noções básicas de uma disciplina Aula 1 • Aula 1 • Pergunta 1 Pergunta 2 . . . Questionário 1 Questionário 2 Questionário 3 ⁞ Questionário 362.451 a.1.1) Normas para confecção de um questionário Se você escolher o questionário como ferramenta para a coleta dos seus dados, então é preciso seguir algumas normas para que a compila- ção dos dados primários seja segura. Muitas pessoas imaginam que um questionário é apenas um conjunto uniforme de perguntas, mas a ver- dade é bem diferente. Não adianta incluir uma pergunta após a outra. Existem algumas regras que precisam ser seguidas; em caso contrário, os resultados da sua pesquisa serão enviesados. Em qualquer investigação de pesquisa, é extremamente importante que o questionário seja minuciosamente planejado. Lembre-se de que a redação do questionário vai depender da natureza da pesquisa e dos entrevistados. Suponha que você esteja desenvolvendo uma pesquisa sobre o uso de “ar- mas menos que letais” (termo técnico para armas não letais). Você acha que, nessa pesquisa, poderá utilizar a mesma linguagem no questionário para desenvolver as perguntas para os profissionais de segurança pública e para os profissionais de música sacra? Acho que não. Entretanto, existem certas regras fundamentais que precisam ser aplicadas em todos os questionários: • as perguntas precisam seras mais simples possível; • o texto das perguntas precisa facilitar as respostas dos entrevistados; • as perguntas devem manter a entrevista sobre o assunto da pesquisa, e não incluir outro tema, por mais interessante que ele seja; • o questionário deve ser bem redigido, de maneira que permita a cor- reta análise e a interpretação das respostas. Uma boa pergunta de questionário é aquela em que o entrevistado ouve uma vez e já en- tende o seu objetivo claramente. Tome cuidado na hora de redigir as perguntas do seu questionário. Siga as regras abaixo: • Elaboreas perguntas com clareza. A pergunta deve ser compreendida por qualquer pessoa. O objetivo de cada pergunta deve ser claro e 15 Estatística Aplicada à Segurança Pública exprimir para todos os entrevistados a mesma coisa. Ocorre o mes- mo em relação às palavras. Nunca utilize um termo técnico em uma pergunta. Muitas vezes, o entrevistado pode não conhecer o signifi- cado da palavra. Em alguns casos, mesmo não sabendo o significado da palavra, o entrevistado pode responderà pergunta sem que saiba do que está falando, comprometendo o resultado da sua pesquisa. Lembre-se de uma coisa: em geral, o entrevistado vai querer respon- der aquilo que o pesquisador quer ouvir. Tome cuidado! • Procure facilitar a memória do entrevistado.Ao formular uma per- gunta, você sempre deve evitar que o entrevistado precise fazer qual- quer esforço de memória. As perguntas devem ser formuladas sobre assuntos recentes, de forma que o entrevistado possa responder ime- diatamente, sem necessidade de acionar lembranças antigas. • Não obrigue o entrevistado a fazer contas durante a entrevista.Evite perguntas que obriguem o entrevistado a realizar cálculos ou que provoquem respostas apresentando incertezas. • Evite perguntas suscetíveis a mais de uma resposta. Por exemplo, você não deve perguntar: Onde o(a) senhor(a) trabalha? – O entre- vistado pode responder: na Polícia Militar ou em Niterói. Perguntar: Em que ramo profissional o(a) senhor(a) trabalha? • Nunca inclua a resposta na pergunta. Por exemplo: Não pergun- te – Assistiu à missa no domingo? Esse tipo de pergunta induz o entrevistado, sobretudo se ele for religioso. A pergunta deve ser: O que o(a) senhor(a) fez no domingo?Dessa forma, você poderá obter maior sinceridade nas respostas. • Evite erros de tempo.Não force o entrevistado a recordar de uma série de acontecimentos ou fatos ocorridos a partir de certa época. Exemplo: Desde quando se sente inseguro ao andar na rua do seu bairro à noite? Neste exemplo, o “desde quando” torna a pergunta mais complicada, uma vez que vai fazer o entrevistado entrar em contato com uma memória temporal não exata. • Evite perguntas sugestivas. Por exemplo: O(A) senhor(a) não acha que os lugares iluminados são mais seguros do que os sem iluminação? • Permita uma resposta adicional. Por exemplo: Na sua vizinhança ou proximidades, existem pessoas consumindo ou vendendo drogas ile- gais na rua? Sim Não Não sabe 16 Aula 1 • Vamos falar um pouco de Estatística? Noções básicas de uma disciplina Aula 1 • Aula 1 • • Cuidado com a ordem dasperguntas.Ao preparar o questionário, você deve lembrar que as perguntas formam um conjunto e que não podem ser consideradas em separado. Uma pergunta complementa a outra, bem como a resposta a uma delas determina a seguinte, e assim sucessivamente. Dessa forma, siga os seguintes procedimentos na construção de um questionário: a) a primeira pergunta deve ser simples, para despertar interesse do entrevistado; b) as perguntas devem obedecer a uma sequência, de maneira que aquela que precisa de uma resposta mais simples ou mais breve anteceda a que necessita de uma resposta mais complexa ou mais longa; c) evite, seja na construção ou na ordenação das questões, que uma pergunta influencie a resposta da seguinte. Outro fato relevante que você deve saber é que as perguntas impor- tantes devem ser colocadas no meio do questionário, nunca no final. • extensão. Evite um questionário grande e cansativo, com muitas perguntas para o entrevistado.Você deve estimar o tempo médio de aplicação do questionário. Para isso, faça um pré-teste, ou seja, apli- que o questionário a um grupo aleatório de pessoas e calcule o tem- po gasto em cada entrevista, e depois tire a média do tempo (tempo médio de aplicação do questionário). b) Dados Secundários: são os dados coletados por outra pessoa ou instituição, e que serão aproveitados para a sua pesquisa. Por exemplo, muitas pesquisas são realizadas com base no Censo Demográfico rea- lizado pelo IBGE, ou por registros administrativos, como é o caso das ocorrências de Violência Doméstica registradas em delegacias de Po- lícia Civil (veremos este tema na Aula 2). É óbvio que você deve levar em consideração a qualidade dos dados que vai utilizar. Não acredite em todos os dados. Antes de utilizar os dados, você precisa avaliá-los, para que tenha certeza de que eles reúnem as condições necessárias de fidelidade e exatidão. Os dados são considerados primários ou secundáriosdeacordo com quem coleta a informação. Muitas vezes, é mais fácil trabalhar com da- dos secundários, pois já foram coletados por outros pesquisadores ou instituições;esta opção pode custar menos.Por outro lado, embora possa ser conveniente recorrer a fontes secundárias, é maisseguro trabalhar com fontes primárias, por várias razões: 17 Estatística Aplicada à Segurança Pública 1. quando é você quem coleta os dados (fonte primária) para a aná- lise de uma pesquisa, em geral, as informação são mais detalhadas do que uma fonte secundária, já que você define todas as questões que quer mensurar; 2. ao utilizar fontes primárias, você pode definir as questões que serão trabalhadas na análise de forma coerente com os conceitos do estudo. Com fontes secundárias, nem sempre isso é possível; 3. o uso da fonte secundária traz o risco adicional de erros de transcrição; 4. uma fonte primária poderá vir acompanhada de cópias dos impressos utilizados paracoletar as informações, juntamente com o procedimento adotado na pesquisa, a metodologiaseguida e o tipo e tamanho da amostra. Essas informações proporcionam ao usuário uma ideia do grau de garantia que os dadosoferecem. Tipos de Coleta de Dados a) Coleta Direta Como você pôde ler, a coleta dos dados pode ser classificada como direta, quando é obtida diretamente da fonte, como,por exemplo, no caso de uma empresaque realiza uma pesquisa para saber a preferência dos consumidores pela sua marca.A coleta direta de dados pode ser di- vidida em três fatores de tempo: contínua, periódica e ocasional. a.1) Coleta Contínua: A coleta de dados é classificada como contínua quando estes são obtidos sucessivamente e novigor de um determinado período, ou seja, o registro é feito assim que o fato é verificado. O perí- odo pode ser um ano, por exemplo. Ex.: registros de óbito, de nascimento, de casamento, etc. a.2) Coleta Periódica: A coleta de dados é periódica quando é re- alizada em períodos determinados,de tempos em tempos, com repetições recorrentes. Ex.: o Censo Demográfico do IBGE é realizado a cada dez anos, a Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (PNAD) do IBGE é reali- zada anualmente, os dados de mortalidade são divulgados anualmente pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM-DATASUS) do Ministério da Saúde, etc. 18 Aula 1 • Vamos falar um pouco de Estatística? Noções básicas de uma disciplina Aula 1 • Aula 1 • a.3) Coleta Ocasional: A coleta de dados é ocasional quando os da- dos sãoobtidosesporadicamente,de acordo com um contexto específico. Nesse caso, não há continuidade nem periodicidade na coleta dos dados. Ex.: levantamento do número de pessoas vítimas de roubo e furto nos últimos 12 meses em uma cidade (Pesquisa de Vitimização), coleta de casos fatais em um surto epidêmico, etc. b) Coleta Indireta A coleta de dados pode ser denominadaindireta,se as informações forem obtidas a partir dos elementos adquiridos na coleta direta ou por meio do conhecimento de outros fenômenos que, de certa forma, es- tejam relacionados com o fenômeno que esteja sendo estudado. Dessa forma, a coleta é realizada por deduções e conjeturas, através de quatro possibilidades: analogia, proporcionalidade, indícios ou avaliação. b.1) Coleta por Analogia: A coleta de dados é realizada por analogia quando anoção de um fenômenoé induzida a partir de outro que com ele guarda relações de causalidade, ou seja, um acontecimento influên- cia o outro. Ex.:No feriado de Carnaval do ano passado,a incidência de crimi- nalidade na cidade aumentou; espera-se o mesmoneste ano.Você pode pensar numa abordagem de policiamento estratégico preventivo com esta informação. b.2) Coleta por Proporcionalidade: A coleta de dados é realizada por proporcionalidade, quando o conhecimentodeum fato se mensura por uma parte quantitativa dele. É feita através de uma regrade três, por exemplo, em que se mede um elemento básico. Nada mais é que uma porcentagem. Ex.:Você sabe que em uma determinada localidade X,a população residente é composta por 15 mil habitantes, e o efetivo policial é de 120 policiais, representando uma taxa de 8 policiais para cada 1000 habitan- tes . Na Aula 7, você conhecerá os conceitos de taxas. Caso queira man- ter a mesma taxa de policiais por habitantesda localidade X em outra localidade Y, com uma população diferente, então terá que deduzir pela proporcionalidade. Suponha que a população da nova localidadeYseja composta por 30.000 habitantes; então, para descobrir o efetivo policial que faça com que a taxa seja igual à de X, logo:.Ou seja, com 240 po- liciais na localidade Y, a taxa de policiais será igual a 8 para cada 1000 habitantes, como na localidade X. 19 Estatística Aplicada à Segurança Pública b.3) Coleta por Indícios: A coleta por indícios ocorre quando são es- colhidos fenômenos sintomáticospara discutir um aspecto geral da vida social. Ex.: reunião de elementos como prova de um crime, para a desco- berta dos culpados. b.4) Coleta por Avaliação: A coleta é realizada por avaliação quando, por meio de informações confiáveis ou estimativas cadastrais,prevê-se o quantitativo de um fenômeno. Ex.: Supor que existam 150 mil pessoas em uma passeata. Apuração dos Dados Antes que você comece a analisar os resultados da pesquisa, é im- portante realizar um tratamento prévio nos dados, de maneira tal a torná-los mais expressivos.A quarta etapa do processo será, então, a da apuração dos dados, que consiste em resumir os dados através de sua contagem e agrupamento. Esta etapa tem o objetivo de condensar e ta- bular os dados que estão em um formato desorganizado e impossível de ser apreendido pela simples análise. Pela apuração, você tem a oportunidade de resumir os dados, de modo aobter um conjunto compacto de númerosque permite distinguir melhor o comportamentodo fenômeno na sua totalidade. Contudo, a contrapartida da melhor apreciação dos dados em seu conjunto é a per- da correspondentedeseus detalhes, uma vez que se trata de um processo de sintetização. Crítica dos Dados Tendo obtido os dados, você deve ficar atento à crítica dos mesmos, uma vez que podem existir falhas e imperfeições. Essa etapa tem o ob- jetivo de evitar erros grosseiros ou de vieses que possam influirsensivel- mente nos resultados. As críticas podem ser: Crítica Interna É a crítica feita sobre os dados originais da coleta. Ex.: soma de números. 20 Aula 1 • Vamos falar um pouco de Estatística? Noções básicas de uma disciplina Aula 1 • Aula 1 • Crítica Externa É aquela que visa à causa dos erros por parte do informante, por dis- tração ou má interpretaçãodas perguntas que foram feitas. Ex.: perguntas mal formuladas ou indiscretas, respostas com duplo sentido, etc. Apresentação dos Dados Finalmente, depois de criticar os dados, os resultados podem ser apresentados. No entanto, você deve ter cautela ao realizar esta tarefa. Por mais simples que ela pareça, existem algumas regras que precisam ser seguidas, e os dados devem ser apresentadossobum formato adequa- do, tornando mais fácil e simplesa leitura daquilo que está sendo objeto de tratamentoestatístico.Existem duas formas de apresentação dos da- dos, que não se excluem mutuamente: Apresentação Tabular A apresentação tabular é uma apresentação numérica dos dados. Consiste em disporosdados em linhas e colunas distribuídas de modo ordenado, segundo algumas regras práticasadotadas pelos diversos sis- temas estatísticos.De maneira mais formal, define-se como tabela a dis- posição escrita que se obtém fazendo-se referir uma coleção de dados numéricos a uma determinada ordem de classificação. Apresentação Gráfica A apresentação gráfica dos dados numéricos constitui uma apresen- tação geométrica.Embora a apresentação tabular seja de extrema im- portância, no sentido de facilitar a análisenumérica dos dados, ela não permite ao analista obter uma visão tão rápida, fácil e clara do fenôme- noe sua variação como a conseguida através de um gráfico. 21 Estatística Aplicada à Segurança Pública Atividade 2 Atende aos objetivos 2, 3 e 4 Vamos supor que você precise desenhar um planejamento de pesquisa e, para isso, seja necessário organizar as fases do método estatístico. O tema da pesquisa é a percepção/avaliação da população acerca da in- trodução de um programa de prevenção de crimes de rua em um bairro com 50.000 habitantes. Como os dados serão obtidos? Os dados deve- rão ser primários ou secundários? Será necessária a aplicação de ques- tionário à população? Explique. Resposta comentada: A primeira etapa que deve ser desenvolvida no planejamento de uma pesquisa é a Definição do Problema. Neste caso, o problema de pesquisa é a percepção/avaliação da população de um determinado bairro sobre um programa de prevenção de crimes de rua. A segunda etapa é o pla- nejamento da pesquisa, ou seja, que dados serão utilizados para respon- der a esta pergunta. Como a pergunta da pesquisa diz respeito à opinião e avaliação da população acerca de um tema em um determinado local, a única forma mais adequada para coletar os dados seria a partir da aplicação de um questionário. Isso significa que você deveria trabalhar 22 Aula 1 • Vamos falar um pouco de Estatística? Noções básicas de uma disciplina Aula 1 • Aula 1 • com dados primários, em que você constrói o questionário e coleta as informações (junto com uma equipe). Considerando o tamanho da po- pulação do bairro, você vai realizar uma pesquisa amostral. Na construção do questionário, você deverá incluir perguntas sobre o perfil sociodemográfico dos entrevistados, como variáveis de controle, ou seja, muitos pesquisadores mostram que os mais jovens tendem a ser mais críticos às políticas públicas e aos programas sociais do que os mais velhos; por isso, é sempre importante considerar o perfil do entre- vistado. Além disso, serão incluídas questões relacionadas ao programa de prevenção a crimes de rua. Vale lembrar que essas últimas perguntas devem ser elaboradas com muito cuidado, para não gerar viés nas res- postas. Por exemplo, não pode haver respostas nas perguntas, as ques- tões não podem ser induzidas, as opções também devem ser escolhidas cuidadosamente, deve-se evitar perguntas com negativas, etc. Qualquer problema na elaboração do questionário pode gerar um resultado en- viesado na pesquisa e, por consequência, na avaliação do programa. Conclusão As estatísticas são uma ferramenta útil e poderosa que, quando lida- das corretamente,podem proporcionar ao público uma forma especial de compreender os fenômenos. Os pesquisadores coletam dados para descobrir diversos padrões do pensamento e do comportamento social. Alguns dados servem para descrever condições: o número de mulheres vítimas de violência doméstica; a média de tempo entre a chamada e o atendimento do Corpo de Bombeiros, etc. Mais frequentemente, os pesquisadores lidam com questões sobre relações entre duas ou mais características de pessoas ou grupos: a esco- laridade leva a ganhos mensais maiores? Crianças que sofrem abuso têm desempenho pior na escola que aquelas que não sofrem? Pesquisas que visam a responder perguntas como aquelas últimas devem fazer comparações entre diferentes variáveis. Para tanto, os pes- quisadores começam uma pesquisa empírica (com uso e/ou coleta de dados empíricos) com uma relação ou um conjunto de relações, oriun- das da teoria, as quais lhes interessam investigar. 23 Estatística Aplicada à Segurança Pública A Estatística é uma disciplina muito intuitiva, e são raros os casos difíceis de compreender. Se você for trabalharcom algum projeto de análise estatística, deve ficar atento a algumas questões: • Descobrir quem apresenta a informação e quais os seus objetivos; • Se possível, deve procurar saber qual é o método de amostragem – verificar se os dados provêm de uma amostra representativa da população e se os métodos são aplicados de forma justa. Existem comparações justas e imparciais? Será que a pergunta é colocada de forma correta? • Deve questionar qualquer média ou percentagem apresentadas e considerar quão extremas as estatísticas podem ser, além do que se- ria de esperar para cada valor extremo. Principalmente, nunca deve assumir que os valores médios sejam os valores típicos. Resumo No mundo moderno de computadores e tecnologia da informação, a importância da estatística é muito bem reconhecida por todas as disci- plinas. A Estatística teve origem como uma ciência de soberania, sen- do aplicada progressivamente em diferentes áreas, como Agricultura, Economia, Ciência Política, Biologia, Medicina, Sociologia, Geografia, Violência, etc. Até o momento, não há nenhuma ocupação humana em que a Estatística não possa ser aplicada. O uso dos métodos quantitativos para análise de problemas darealidade social serve para três propósitos básicos, os quais podem estar presentes nummesmo estudo ou separadamente em estudos diferentes: 1. Descrever e/ou comparar características de grupos sociais, realidades,contextos ou instituições; 2. Estabelecer relações de causalidade. Isto é, verificar os efeitos de vari- áveis em outras,suas magnitudes particulares e o efeito em bloco de uma série de variáveisindependentes em outra que é a dependente; 3. Inferir resultados para uma população, a partir de resultados obtidos numa amostra (estatisticamente representativa). 24 Aula 1 • Vamos falar um pouco de Estatística? Noções básicas de uma disciplina Aula 1 • Aula 1 • Informações sobre a próxima aula Na Aula 2 vamos discutir sobre as principais fontes de dados em segu- rança pública no Brasil. Você vai conhecer as vantagens e desvantagens desses dados, bem como os problemas e dificuldades em trabalhar com esse tipo de informação. Depois desse módulo, você verá que a maioria dos exercícios estará centrada nessas fontes de dados, para facilitar a discussão da Estatística na Segurança Pública. Leitura Recomendada AGRESTI, Alan; Barbara FINLAY. Métodos Estatísticos para Ciências Sociais. Ed. Penso, 2012 BABBIE, Earl. Métodos de Pesquisas de Survey. Ed. da UFMG, 1999.
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