Buscar

4 Aplicações da Ferramenta Hidrogeoquímica

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 28 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 28 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 28 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Hidrogeoquímica
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Dra. Marjolly Priscilla Bais Shinzato 
Revisão Textual:
Profa. Dra. Geovana Gentili Santos
Aplicações da Ferramenta Hidrogeoquímica
• Introdução
• Classificação Geoquímica dos Elementos
• Mobilidade dos Elementos Químicos
• Dados Hidrogeoquímicos em Estudos Ambientais
• A Importância da Definição do Objetivo de um Estudo Ambiental
 · Aprimorar seus conhecimentos sobre os elementos químicos no meio 
ambiente.
 · Levantar hipóteses de causa e efeito sobre o comportamento dos 
elementos sob condições naturais e sob alterações antrópicas.
 · Identificar como ações cotidianas das atividades humanas podem 
despejar elementos químicos no ambiente e desencadear reações 
indesejáveis ao homem e ao meio ambiente.
 · Correlacionar casos de poluição ambiental a doenças.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Aplicações da Ferramenta 
Hidrogeoquímica
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também 
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, 
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato 
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Aplicações da Ferramenta Hidrogeoquímica
Introdução
A hidrogeoquímica era uma ciência usada principalmente por geólogos, 
geógrafos e cartógrafos. A princípio, procurava-se compreender o meio físico, 
principalmente para a indústria mineral (jazidas de minérios, fontes de água mineral 
etc.). Nas últimas décadas, o uso desta ciência como ferramenta de pesquisa foi 
ampliado para: fiscalização de órgãos ambientais; indústria de transformação; 
aumentar a produtividade na agropecuária; potencializar o aproveitamento dos 
aquíferos; indústria florestal; examinar relações com a saúde humana; identificar 
fontes de poluição; diagnosticar problemas ambientais; confirmar passivos 
ambientais; monitorar depósitos de resíduos; e planejamento do uso e ocupação 
do solo. Neste sentido, ela passou a ser usada também para compreender e prever 
como as atividades humanas alteram os processos naturais do meio ambiente, 
quais as consequências disso, quais as soluções para mitigá-las, entre outros 
objetivos. A hidrogeoquímica, portanto, transformou-se em uma ferramenta de 
grande potencial para profissionais que trabalham com o meio ambiente.
É muito importante que durante a sua investigação hidrogeoquímica, que é 
sempre complexa, você sempre levante hipóteses variadas, pois alguns resultados 
podem ser somatórios de várias contribuições (naturais ou antrópicas). Os 
processos geoquímicos não ocorrem isolados e livres da influência das variáveis 
físicas ambientais como a pressão, temperatura, presença de gases, da água e de 
atividade biológica, as quais desempenham papel preponderante no seu ritmo e 
na sua intensidade. 
Listo, aqui, algumas perguntas gerais que podem ser respondidas em estudos 
hidrogeoquímicos: 
• Quais minerais estão em contato com a água? 
• Quais são os efeitos de mudanças de temperatura?
• Os minerais irão dissolver ou precipitar? 
• Quais são os efeitos de mudanças de pressão de gases?
• Quais são os efeitos de misturas de fluidos? 
• Quais são os efeitos se houver adição de químicos na água?
• Quais elementos podem ser mobilizados no lançamento de determinado 
efluente no solo, na água e no ar?
Para aprofundar seu conhecimento sobre a evolução histórica do uso da hidrogeoquímica 
com o passar dos anos, estude a compilação de informações presentes na tese de doutorado 
intitulada por “A geoquímica multi-elementar na gestão ambiental: Identificação e 
caracterização de províncias geoquímicas naturais, alterações antrópicas da paisagem, 
áreas favoráveis à prospecção mineral e regiões de risco para a saúde no estado do Paraná, 
Brasil. Disponível em: https://goo.gl/ZHyiRr
Ex
pl
or
8
9
Classifi cação Geoquímica dos Elementos
O conjunto de processos que acontecem no nosso planeta é dinâmico, onde 
os materiais são transportados e modificados pela fusão, cristalização, erosão, 
dissolução, precipitação, vaporização, decaimento radioativo, entre outras ati-
vidades (ROSE et al., 1979). O tempo de residência dos materiais pode variar 
bastante, por exemplo, uma molécula de água pode permanecer 100.000 anos 
numa geleira, 1.000 anos num aquífero, 7 anos num lago, 10 dias numa nuvem 
ou apenas algumas horas no corpo de um animal (MURCK et al., 1995). O pes-
quisador Goldschmidt, um dos pioneiros na padronização dos estudos geoquími-
cos, sugeriu uma classificação baseada no comportamento geoquímico desses 
elementos (Figura 1), dividindo-os em (KRAUSKOPF, 1972): 
1. Siderófilos - com afinidade pelo ferro e se concentrando no núcleo da Terra: 
Co, Ni, Mo, Au, Ge, Sn, C, P;
2. Calcófilos - com afinidade pelo enxofre e concentrados nos sulfetos: Cu, Ag, 
Zn, Cd, Hg, Ga, In, Tl; 
3. Litófilos - com afinidade pela sílica e concentrados na crosta terrestre sob a 
forma de silicatos: Li, Na, K, Rb, Cs, Be, Mg, Ca, Sr, Ba; 
4. Atmófilos - presentes como gases na atmosfera: H, C, N, O, He, Ne, Ar;
5. Biófilos - comumente encontrados nos organismos vivos: C, H, O, N, P, S, 
Cl, I, certos metais traço V, Cu, Mn e B. 
Figura 1 – Classifi cação de Goldschmidt dos elementos químicos
Fonte: Wikimedia Commons
9
UNIDADE Aplicações da Ferramenta Hidrogeoquímica
Esta classificação é considerada eficiente para explicar a distribuição dos elementos 
menores e traço em minerais e rochas principalmente para os elementos litófilos. 
No entanto, pode confundir o investigador quando envolve variáveis consequentes 
de processos antropogênicos (urbanização, agropecuária, indústria etc.)
Sob condições naturais, os elementos químicos agrupam-se segundo regras 
de comportamento e de afinidade. Desses relacionamentos íntimos e previsíveis 
surgiram conceitos como o dos “elementos farejadores”, apresentados como 
“aqueles com propriedades particulares, que fornecem anomalias ou halos mais 
facilmente utilizáveis que os dos elementos procurados aos quais eles estejam 
associados” (WARREN & DELAVAULT, 1958). Entretanto, o conhecimento 
prévio do comportamento destes elementos farejadores é muito bem aplicável sob 
condições naturais, quando se detecta a interferência humana, podemos vivenciar 
comportamentos imprevisíveis e até mesmo absurdos. 
Por exemplo: Uma situação em que detectamos urânio em formações de 
basalto. Em ambientes naturais, não é possível a associação geoquímicade basalto 
e urânio, entretanto em solos de formação basáltica que sejam submetidos a 
práticas agrícolas com aplicação de fertilizantes fosfatados, estes produzidos com 
matéria-prima naturalmente rica em urânio, faz com que os resultados absurdos se 
transformem em coerentes (SOUZA, 1998). 
Incoerências hidrogeoquímicas podem ser comuns em áreas de passivos 
ambientais, por exemplo em depósitos de resíduos sólidos urbanos. Quanto mais 
avançado for o estágio de industrialização de uma concentração humana, mais 
complexa será a composição química de seus resíduos sólidos, efluentes líquidos e 
emissões atmosféricas. Estudos ambientais de Alves e Bertolo (2012) confirmaram 
que a alteração na composição das águas subterrâneas pelos lixiviados passa, 
ao longo do tempo e do espaço, por diversos processos biogeoquímicos que 
são responsáveis pela formação de diferentes zonas redox no meio ambiente 
subterrâneo. Essas zonas-redox condicionam o comportamento das diversas 
substâncias oriundas do próprio lixiviado e outras que resultam da interação 
entre a água subterrânea, lixiviado e meio geológico. Algumas dessas substâncias 
podem causar riscos à saúde humana e a receptores ecológicos. 
Halo geoquímico é a região que contém teores anormalmente elevados ou reduzidos 
de elementos químicos nas rochas encaixantes, solos, vegetação, águas superficiais e 
subterrâneas, de modo a revelar a presença de um alvo geoquímico. A origem do halo 
geoquímico está relacionada com os processos de formação do alvo (halo geoquímico 
primário), ou de sua destruição supergênica (halo geoquímico secundário) (LICHT, 2001).
Ex
pl
or
Portanto, em áreas de perturbação e de degradação ambiental, os processos 
hidrogeoquímicos acontecem para estabelecer novas relações de equilíbrio, já que 
os materiais se encontram sob condições ambientais diversas daquelas em que foram 
formados. Tentar entender tais processos é importante para o monitoramento e 
para a recuperação de passivos ambientais.
10
11
Mobilidade dos Elementos Químicos
A mobilidade de um elemento pode ser definida como a facilidade com que ele 
se move num certo ambiente. A dispersão hidromórfica de um elemento pode 
ocorrer na forma de íons livres ou íons complexos em solução, adsorvidos ou co-
precipitados em sólidos finos (óxidos hidratados, argilominerais, matéria orgânica) 
ou em coloides.
Algumas características naturais dos elementos contribuem para aumentar ou di-
minuir sua mobilidade, por exemplo: estado de oxidação (valência) e potencial iônico.
O elemento cromo possui diferentes estados de oxidação (+2, +3, +4, +5, +6). 
A mobilidade do cromo é muito baixa em todo o tipo de ambientes (oxidantes, 
redutores, ácidos, neutros ou alcalinos). Nos solos a forma Cr6+ é mais móvel 
que a forma Cr3+, no entanto, aquela reduz-se rapidamente (algumas semanas) 
para esta última. O cromo é um elemento essencial para alguns organismos, 
sob a forma Cr3+ é considerado relativamente inofensivo, mas sob a forma Cr6+ 
é altamente tóxico ao homem e a algumas espécies de fauna e flora (MAHAN & 
MYERS, 1995). 
O potencial iônico é obtido pelo quociente da carga iônica pelo raio iônico. Os 
elementos com baixo potencial iônico como Cu, Pb, Zn, Cd e Ag são solúveis como 
simples cátions. Os elementos com potencial iônico intermediário, como Ti e Sn, 
são imóveis em virtude de sua baixa solubilidade e forte tendência à adsorção em 
superfícies. Aqueles elementos com potenciais iônicos muito elevados combinam-
se com o oxigênio e formam oxiânions solúveis (PO4
2-, SO4
2-, MoO4
2-).
Dispersão hidromórfi ca é a dispersão que acontece por meio de fl uidos líquidos, geral-
mente pela água. 
Coloides são partículas do solo de reduzido tamanho (entre 10-4 e 10-7 cm) que apresentam 
cargas em sua superfície capazes de reter íons de forma trocável. 
Adsorção é defi nida como a atração de íons ou moléculas às superfícies de corpos sólidos 
com os quais entrem em contato.
Ex
pl
or
Algumas características ambientais também contribuem para aumentar ou 
diminuir a mobilidade dos elementos químicos, por exemplo: pH, Eh, presença 
de óxidos hidratados de Fe, Mn, Al, presença de matéria orgânica, de argila, 
permeabilidade e porosidade.
Do grupo de características ambientais que governam a mobilidade dos elementos 
em solução, talvez o conjunto pH e Eh seja o mais importante. Assim, a química 
de muitos elementos no ambiente superficial pode ser representada por meio de 
diagramas Eh/pH (Figura 2).
11
UNIDADE Aplicações da Ferramenta Hidrogeoquímica
Mn++
H2O
H2O
H2H2
O2
Mn2O3
MnO2
Mn3O4
Fe (OH)2
Eh
 (V
)
Fe (OH)3
Fe3(OH)8
Fe++
H2O
O2
M
n(
OH
)2
Eh
 (V
)
+0.7
+0.6
+0.5
+0.4
+0.3
+0.2
+0.1
+0.0
-0.1
-0.2
-0.3
-0.4
-0.5
3 4 5 6 7 8 9 3 4 5 6 7 8 9pH pH
Fe++ solúvel Mn++ solúvel Mn solúvelFe insolúvel
+0.7
+0.6
+0.5
+0.4
+0.3
+0.2
+0.1
+0.0
-0.1
-0.2
-0.3
-0.4
-0.5
H2O
Figura 2 – Diagramas Eh/pH para os elementos químicos ferro e manganês
Para você compreender a leitura desses diagramas, observe nos dois gráficos da 
Figura 2 que os íons Fe2+ e Mn2+ permanecem em solução ou quando o pH é ácido ou 
quando o Eh é negativo (condições redutoras). Mas atenção, o uso desses diagramas 
deve ser criterioso, pois em muitas situações naturais os controles dos estados redox 
e das reações de dissolução/precipitação dependem muito mais da cinética do que 
dos fatores de equilíbrio. Por exemplo, as condições de Eh/pH podem indicar que 
o Fe2+ seja a forma estável, mas, se a taxa de dissolução for baixa o Fe2O3 poderá 
persistir indefinidamente no ambiente considerado. Além disso, diagramas de Eh/
pH são válidos apenas para condições especiais de temperatura e pressão (25°C e 
1 atm) e com concentrações iônicas controladas, desse modo quaisquer variações 
na composição iônica podem alterar os relacionamentos da estabilidade. Outro 
cuidado que você deve ter nas suas investigações ao fazer uso desses diagramas, 
é que essas relações de equilíbrio entre minerais e soluções são mais prováveis 
quando se tratam dos macroelementos. O comportamento dos elementos traços é 
mais complexo, com trocas sutis de fases (sólida, líquida e gasosa). Uma dica é usar 
os diagramas Eh/pH apenas para direcionar o levantamento das suas hipóteses. 
As quais serão testadas considerando-se mais variáveis e processos. A Tabela 1 de 
Rose et al. (1979) também pode ser usada para direcionar suas hipóteses quanto a 
mobilidade de alguns elementos químicos.
Tabela 1 – Mobilidade de alguns elementos químicos em relação ao pH e a condições redutoras (Eh negativo)
Condições Ambientais
Mobilidade Relativa pH 5 - 8 pH < 4 Redutoras
Altamente Móveis Cl, Br, I, S, Rn, He, C, N, Mo, B Cl, Br, I, S, Rn, He, C, N, B Cl, Br, I, Rn, He
Moderadamente Móveis Ca, Na, Mg, Li, F, Zn, Ag, U, As, (Sr, Hg, Sb?)
Ca, Na, Mg, Sr, Hg, Cu, Ag, Co, 
Li, F, Zn, Cd, Ni, U, V, As, Mn, P
Ca, Na, Mg, Li, Sr, Ba, Ra, 
F, Mn
Pouco Móveis K, Rb, Ba, Mn, Si, Ge, P, Pb, Cu, Ni, Co, (Cd, Be, Ra, In, W) K, Rb, Ba, Si, Ge, Ra K, Rb P, Si, Fe
Muito pouco Móveis
Fe, Al, Ga, Sc, Ti, Zr, Hf, Th, Sn, 
ETR, Platinóides, Au, (Cr, Nb, 
Ta, Bi, Cs?)
Fe, Al, Ga, Sc, Ti, Zr, Hf, Th, 
Sn, ETR, Platinóides, Au, As, 
Mo, Se
Fe, Al, Ga, Ti, Hf, Th, Sn, ETR, 
Platinóides, Au, Cu, Ag, Pb, 
Zn, Cd, Hg, Ni. Co, As, Sb, Bi, 
U, V, Se, Te, Mo, In, Cr, Nb, Ta
Fonte: Rose et al. (1979)
12
13
Existe uma falta de critérios e, até mesmo, de padroni-
zação de metodologia para realização de análises com 
água, efluentes, solo e resíduos. Por que eu digo isto? 
Apesar de existirem normas, passo a passo sobre téc-
nicas analíticas para laboratório, muitos pesquisadores 
fazem ataque ácido para trabalhar com todos os tipos 
de amostras em estudos hidrogeoquímicos. O que 
acontece com este ataque ácido? Força a mobilização 
de vários elementos químicos, resultando em elevadas 
concentrações de espécies que, muitas vezes, não se-
riam mobilizadas no meio onde estão originalmente. 
Por exemplo, o lixiviado, os resíduos,o solo de um de-
pósito de resíduos antigos, com pH alcalino, com ele-
vada alcalinidade (proporcionando um alto poder de 
tamponamento). Fazer ensaios de lixiviação com tais 
amostras libera quantidades muito maiores de ele-
mentos químicos do que o meio onde eles estão iriam 
liberar naturalmente. Para esses casos, onde a variação 
de pH não é muito variável e não baixa de 7, aconselho 
a fazer ensaios de solubilização.
Os óxidos hidratados de Fe, Mn e Al podem ser derivados do intemperismo de 
minerais formadores de rocha, de minerais-minério ou de resíduos de atividades 
antrópicas. Quantidades importantes de metais podem ser precipitadas, oclusas 
ou adsorvidas a estes óxidos hidratados (LICHT, 2001). A facilidade com que tais 
metais são liberados ou extraídos varia de acordo com a natureza das ligações 
e das condições do óxido hospedeiro. Os metais que foram precipitados ou 
adsorvidos podem ser liberados novamente, quando submetidos a ambientes 
químicos mais ácidos (por exemplo, água da chuva que é levemente ácida, como 
foi visto na Unidade 3). Os óxidos hidratados de Fe e Mn são particularmente 
interessantes pois eles acabam incentivando a adsorção e a precipitação de outros 
elementos químicos, por exemplo o cobre e o zinco. Estes dois são mais móveis, 
principalmente em ambientes ácidos, mas com a presença dos óxidos hidratados 
de Fe e Mn, eles acabam precipitando também. Geralmente, os óxidos de Fe 
e Mn têm uma importância maior que os de Al e Si, pois têm capacidades de 
sorção mais elevadas, se dissolvendo à medida que o potencial redox decresce e 
precipitando novamente à medida que o sistema se torna mais oxigenado. Estes 
óxidos hidratados, principalmente os de Fe e Mn, possuem um importante papel 
na capacidade de autodepuração do solo e das águas, pois são os principais 
controladores da fixação de metais pesados (JENNE, 1968), que são prejudiciais 
ao homem e a algumas espécies de fauna e flora. 
Agora, vamos falar um pouco sobre a matéria orgânica. Os compostos orgâ-
nicos naturais incluem: carboidratos; hidrocarbonetos; álcoois, ácidos orgânicos, 
gorduras e graxas; aminoácidos e proteínas; substâncias húmicas; porfirinas, vi-
taminas, pigmentos e outros complexos. Você deve estar careca de saber que 
uma grande parte dos nossos resíduos e efluentes possui grandes quantidades de 
matéria orgânica. E tudo isso está sendo despejado no meio ambiente, sobre o 
solo e nos corpos hídricos. Em virtude de suas propriedades singulares quando 
13
UNIDADE Aplicações da Ferramenta Hidrogeoquímica
comparada com outros materiais naturais, mesmo quantidades muito reduzidas 
de matéria orgânica podem mostrar efeitos importantes na química dos elemen-
tos traço. Tais efeitos incluem a complexação de íons traço por matéria orgânica 
dissolvida, o que resulta em aumento de mobilidade dos elementos, adsorção ou 
formação de compostos orgânicos, resultando em imobilização e redução a esta-
dos de valência mais baixa, com mudanças nas propriedades químicas.
Complexação é uma reação química que une metais a ligantes orgânicos por adsorção na 
superfície sólida. De maneira resumida, na complexação um íon metálico reage com um 
ligante formando um complexo suficientemente estável. 
Ex
pl
or
Os metais ligam-se à matéria orgânica de diversas maneiras:
• Ácidos orgânicos contendo grupos –COOH, –OH ou similares, podem 
formar sais orgânicos nos quais os metais ocupam o local do H+ ionizável, 
geralmente com ligações moderadas;
• Os metais podem ser ligados diretamente ao carbono formando compostos 
organometálicos, ou então ao N, O, P ou S com ligações fortes. Em muitos 
compostos orgânicos os metais são quelados, ou seja, ligado a duas ou mais 
posições na molécula por meio de ligações muito fortes;
• Os metais também podem ser atraídos eletrostaticamente a partículas 
coloidais de matéria orgânica por meio de ligações fracas.
Sobre as argilas, antes de começar a falar sobre suas propriedades geoquímicas, 
é importante mencionar aqui, que as argilas que tratamos em hidrogeoquímica 
não é a parte fina do ensaio de peneiramento de amostras de solo. Quando me 
refiro às argilas, me refiro ao componente argilo-mineral, que nada mais é que 
um aluminosilicato (fase coloidal de solos e águas). As argilas podem ainda ser 
diferenciadas quanto a sua capacidade de troca catiônica (CTC):
• Argilas cauliníticas possuem CTC menor, pois apenas uma camada carregada 
está exposta aos processos de sorção e as posições de troca já estão ocupadas 
por íons hidrogênio;
• Argilas esmectíticas apresentam CTC maior, já que têm duas camadas 
disponíveis e maior deficiência de carga.
Portanto, a capacidade de sorção em ambientes com intemperismo de argilas 
esmectíticas é maior que em ambientes de argilas cauliníticas.
Capacidade de troca catiônica ou capacidade de troca de cátions (CTC) é uma característica 
do solo que representa a quantidade total de cátions retidos à superfície desses materiais 
em condição permutável (Ca2+, Mg2+, K+, Na+, Al3+ e H+).
Ex
pl
or
14
15
Por fim, somente para concluir o raciocínio sobre as características ambientais 
e a mobilidade dos elementos químicos. É importante saber que quanto mais 
permeável um meio, maior a possibilidade de migração dos fluidos contidos e por 
consequência maior a possibilidade de interação desse fluido (água e efluentes) com 
o meio sólido hospedeiro (solo e rochas). A intensidade do intemperismo químico 
do meio sólido pelo fluido circulante e da remoção da carga iônica produzida por 
esse ataque será uma função direta da porosidade e da permeabilidade do meio 
sólido, assim como do poder corrosivo da solução migrante.
A circulação e migração dos fluidos em qualquer 
meio sólido está diretamente relacionada com a 
capacidade desse meio de armazenar fluidos nos 
seus vazios estruturais (porosidade), assim como 
da possibilidade desses fluidos migrarem e circu-
larem através desse meio sólido (permeabilidade). 
Dados Hidrogeoquímicos
em Estudos Ambientais
A importância dos microelementos na saúde humana e na nutrição é bem 
conhecida e não existe mais dúvida quanto à existência de padrões de distribuição 
geográfica na incidência de muitas moléstias (WEBB, 1975). Diversas doenças 
são relacionadas à ingestão desequilibrada dos elementos, dentre as quais estão os 
excessos de cádmio, mercúrio e chumbo e as deficiências em ferro e zinco. Por 
outro lado, apesar da associação de patogenias com o ambiente geoquímico ser 
rara, sabemos que é uma relação de “causa e efeito” que não pode ser descartada. 
Alguns estudos ambientais sugeriram relações entre a dureza da água com doenças 
cardiovasculares; o chumbo com esclerose múltipla; o cádmio com hipertensão e 
aterosclerose; o alumínio com mal de Alzheimer e; uma gama de diversos elementos 
e diversos tipos de câncer (LICHT, 2001). Existem, por isso, diversas razões para 
a produção de mapas geoquímicos no interesse da saúde humana, os quais em 
circunstâncias adequadas podem ser valiosos para um epidemiologista, médico 
sanitarista ou autoridades sanitárias em geral, e no estabelecimento de políticas 
públicas de gestão ambiental.
Bokonbaev et al. (1996) apresentou uma investigação sobre os impactos 
provocados pelas atividades mineiras e industriais da região do complexo mineiro na 
Ásia Central. Os pesquisadores identificaram elevados valores de vários elementos 
químicos (Be, Pb, Zn, Sn, Mo, Th, Cr, Co, V, Cd, Pb, Ni, Y e Mo) no solo, nas 
culturas de batata, cevada e aveia, bem como encontraram elevadas concentrações 
de chumbo no plasma sanguíneo de mulheres e crianças.
15
UNIDADE Aplicações da Ferramenta Hidrogeoquímica
Na China, pesquisadores indicaram uma possível relação da infertilidade endê-
mica (mal de Jashi) com a biogeoquímica. Nas águas potáveis das áreas de ocor-
rência deste quadro clínico, os teores de Mg, SO4, Na, K e Sr são muito elevados, 
contrastando com os de Zn e Mn que são extremamente baixos. Uma importante 
constatação foi que os indivíduos afetados peladoença que mudaram a fonte de 
água ou que migraram para outras regiões tiveram os efeitos da infertilidade atenu-
ados e até mesmo eliminados (JIE & NIANFENG, 1995). 
De Luca et al. (1990) caracterizaram quimicamente a poluição atmosférica 
de Porto Alegre/RS, em uma região onde existe uma refinaria de petróleo, um 
polo petroquímico, siderúrgicas e metalúrgicas, cimenteiras, fábricas de papel e 
celulose, têxteis e curtumes. Constataram uma significativa ocorrência de chuvas 
ácidas, com valores de pH, por vezes, menores que 4,0 e identificaram sulfatos, 
cloretos e amônio como os principais poluentes atmosféricos e fora dos limites 
padrões de qualidade do ar, segundo a resolução CONAMA vigente.
Os depósitos de resíduos sólidos são áreas com concentrações elevadíssimas 
de materiais orgânicos e inorgânicos que produzem lixiviados de composição 
química bastante complexa e variável ao longo do tempo (SHINZATO, 2014). 
Alguns desses depósitos foram construídos sem cuidados de proteção do solo e das 
águas, para onde estão lançando contínuas quantidades de lixiviado. O lixiviado de 
aterros novos são quimicamente diferentes do lixiviado de aterros antigos, devido 
às diferentes fases de decomposição e diferentes processos hidrogeoquímicos. De 
maneira geral, em aterros novos podemos procurar por lixiviados com elevada 
temperatura, pH ácido, com alta DBO, elevada concentração de nitratos e de 
metais, incluindo metais pesados. Em aterros antigos encontraremos lixiviados 
com temperatura próxima a temperatura ambiente, pH alcalino ou neutro, baixa 
relação DBO/DQO, elevada concentração de amônia e concentrações traços de 
metais pesados. 
O que podemos esperar para os depósitos de resíduos antigos? É uma ótima per-
gunta para nós, que temos a missão de erradicar os lixões e gerenciar corretamente 
aterros sanitários desativados por um longo período de tempo. Para começar, ao 
saber que o pH é neutro ou alcalino, pode-se esperar pela deposição dos metais no 
próprio maciço dos aterros, no solo do terreno logo abaixo das células de resíduos, 
no fundo de lagoas de lixiviado e nos sedimentos de fundo dos corpos hídricos que 
recebem o lixiviado. Existe a hipótese que devido a abundância de matéria orgânica 
nestes depósitos e em seus efluentes, a quelação de metais é significativa. 
Leia o artigo “Geoquímica de águas subterrâneas impactadas por aterros de resíduos 
sólidos” dos autores Carlos Frederico Castro Alves e Reginaldo Antonio Bertolo (2012), que 
trata sobre estudos hidrogeoquímicos em área de depósito de resíduos. Disponível em: 
https://goo.gl/w7WLbB. 
Leia também o artigo “Geoquímica das águas subterrâneas de um aterro de resíduos sólidos 
urbanos em Araras, SP”, de Alves et al. (2014), que mostra os resultados de maneira gráfica 
e distribuídos espacialmente (Figura 3). Disponível em: https://goo.gl/yX97Ga.
Ex
pl
or
 
16
17
Figura 3 – Exemplo da exposição de dados hidrogeoquímicos em depósitos de
resíduos - isoconcentrações de substâncias dissolvidas em um corte da área de estudo
Fonte: Alves et al, 2014
Efluentes de depósitos de rejeito de atividades de mineração também produzem 
impactos geoquímicos ambientais significativos. Ações como a neutralização do 
pH do efluente para imobilizar os elementos em uma bacia de decantação reduz 
a quantidade de algumas espécies a serem lançadas no ambiente, mitigando os 
prejuízos ambientais. Essas medidas corretivas e de isolamento dos rejeitos são 
fundamentais, pois os recursos minerais são finitos e no momento da exaustão 
da jazida, a empresa mineradora retira-se de cena, não existindo mais qualquer 
responsável que promova as operações paliativas de neutralização da acidez dos 
efluentes (LICHT, 2001). Por outro lado, existe a possibilidade de vazamentos e de 
rompimento dessas barragens de contenção, temos o exemplo atual do rio Doce.
As atividades da agropecuária também são responsáveis por intensos e extensos 
impactos geoquímicos ambientais. Isso ocorre pela adição de fertilizantes para 
suprimento de carências específicas em micronutrientes e macronutrientes, pelo 
uso de calcário visando a neutralização do pH e imobilização do Al3+, e pelo uso 
de agrotóxicos clorados, fosforados, mercuriais e bromados, entre outros, para 
controle e eliminação de pragas, para acelerar a colheita pela secagem das plantas 
e para preservação dos produtos armazenados. 
O tratamento de sementes por pesticidas metil-mercuriais foi muito comum em 
décadas passadas. Na Suécia, essa técnica foi utilizada desde 1940. Na década 
seguinte, foram identificados teores elevados de mercúrio em aves, outros animais 
mortos, e em ovos de produção para consumo humano (TAYLOR, 1978 apud 
EYSINK et al., 1988). Após a proibição do tratamento de sementes por esses 
pesticidas, ocorrida em 1966, o nível de mercúrio nas aves decresceu sensivelmente 
(PETERSON, 1973, apud EYSINK et al., 1988). 
17
UNIDADE Aplicações da Ferramenta Hidrogeoquímica
No Brasil, algumas restrições sobre pesticidas foram incluídas na legislação na 
década de 90. Estimativas baseadas em dados dos receituários agronômicos indicam 
que a agricultura do estado do Paraná consumiu cerca de 20.000 toneladas/
ano de pesticidas dentre os quais se incluem organoclorados e organofosforados 
(ANDREOLI et al., 1997). A identificação de áreas contaminadas por pesticidas 
é algo que preocupa a todos os que se envolvem nas questões ambientais. No 
entanto, a coleta de amostras de solos, sedimentos de fundo e águas com essa 
finalidade, é extremamente complexa e delicada.
Tem sido evidenciado que a presença, no ambiente, de resíduos de pesticidas, pode resultar 
em aumento das taxas de mortalidade por neoplasias, malformações congênitas e suicídio, 
na população exposta. Estudos hidrogeoquímicos para investigações sobre relações de 
causa e efeito por pesticidas usados na agricultura ou de uso doméstico são importantes 
para ações de mitigação de impactos ambientais e de proteção à saúde pública. Leia o 
artigo “Agrotóxicos: é preciso controlar”, de Hess e Porto (2014), que traz uma abordagem 
interessante sobre este tema. Disponível em: https://goo.gl/MSWkBx
Ex
pl
or
As normas brasileiras que tratam sobre calcários agrícolas usados na correção da 
acidez e neutralização do alumínio trocável dos solos, não dão atenção à presença de 
elementos em quantidades traço (LICHT, 2001). Isso ocorre por diversos motivos, 
como o fato da legislação ser de uma época em que as questões ambientais ainda 
não estavam muito claras, as técnicas analíticas eram de baixa sensibilidade para 
elementos traço e o conhecimento da ação dos elementos traço na fisiologia vegetal 
era ainda muito incipiente. O calcário tem complexidade geoquímica, que se não 
avaliada corretamente antes de ser empregada na agricultura, pode contaminar o 
solo, as águas e as culturas com Pb e Cd.
Existem preocupações similares sobre o emprego de fertilizantes e a legislação 
que trata sobre. Os elementos são identificados como macronutrientes primários 
(N, P, K), macronutrientes secundários (Ca, Mg, S) e micronutrientes (B, Co, Fe, 
Mn, Mo, Zn, Co). Materiais naturais ricos nestes macronutrientes e micronutrientes 
podem ser naturalmente enriquecidos de substâncias não tão bem-vindas ao 
ambiente, como Ba, Pb, Al, Cr, As, U entre outras.
Existem estudos ambientais que mostram que os teores de elementos indesejáveis 
na agricultura não são tóxicos ou estão dentro dos limites estabelecidos em 
legislação. Entretanto, devemos considerar que a aplicação dos fertilizantes numa 
lavoura se repete anualmente e a soma dos processos vitais e dos físico-químicos 
inerentes ao solo, vai gradativamente aumentar a biodisponibilidade dos elementos. 
Adicionalmente, os processos erosivos que atuam sobre as camadas aráveis e 
cultiváveis dos solos, transportarão uma grande carga de elementos químicos em 
suspensão ou na forma iônica às águas superficiais e subterrâneas, que irão se 
concentrar nos sedimentos dos locais onde ocorra quebra da energiade transporte 
ou mudança das condições de pH e Eh, como acontece em ambientes lênticos.
18
19
A Importância da Defi nição do
Objetivo de um Estudo Ambiental
Definir o objetivo de um estudo, de uma pesquisa, de um trabalho, de um projeto 
é essencial para o planejamento de amostragem e análises. As variáveis requisitadas 
variam conforme a finalidade proposta. 
As principais variáveis curingas para estudos ambientais que analisam amostras 
líquidas (de água, de esgoto, de lixiviado de depósitos de resíduos, de efluentes 
industriais, dos extratos de lixiviação ou de solubilização etc.) são: pH, temperatura, 
turbidez, condutividade elétrica, alcalinidade, os principais macrocomponentes, os 
principais microcomponentes, coliformes termotolerantes, DBO, DQO, OD, série 
de nitrogênio e fósforo. Para cada tipo de fluido e objetivo, solicita-se a inclusão 
de outras variáveis. Estudos mais específicos para ecotoxicologia, limnologia, 
contaminantes emergentes requerem a avaliação de variáveis diferenciadas.
A seguir, escrevo dicas de variáveis a serem incluídas, além das variáveis curingas, 
para diferentes focos de investigação.
Para identificar ou modelar fenômenos que ocorrem em copos hídricos, pode-se 
por exemplo incluir variáveis como clorofila, toxinas, presença e quantificação de 
determinados microrganismos.
Sobre potabilidade das águas, viabilidade para captação de água para abastecimento 
público, fica até mais fácil, pois temos que incluir todas as variáveis previstas na 
legislação que trata sobre potabilidade das águas para consumo humano.
Quer fazer o enquadramento de um corpo hídrico? Investigue todas as variáveis 
da legislação que trata sobre a classificação de corpos hídricos. 
Você precisa saber se a qualidade do efluente da sua indústria para saber se ele 
pode ser lançado diretamente no corpo hídrico, sem tratamento, ou se precisar de 
tratamento, qual tipo de tratamento escolher. Para isto investigue todas as variáveis 
da legislação que trata sobre padrões para lançamento de efluentes em corpos 
hídricos. Lembre-se que antes disso, você deve saber previamente qual é a classe 
deste corpo hídrico, pois as exigências mudam, conforme a classificação.
Você precisa saber a qualidade da água de um corpo hídrico para diagnosticar se 
está poluído. Quando há suspeita de poluição de um corpo hídrico, normalmente 
já se suspeita sobre quais poluentes poderão estar presentes no mesmo. Logo, 
as variáveis podem ser escolhidas conforme estas suspeitas (observar as possíveis 
fontes de poluição) e algumas variáveis gerais. Caso exista alguma avaliação da 
qualidade da água deste corpo hídrico anterior ao evento de poluição, é bom ter 
os resultados em mãos e repetir as variáveis para fazer a comparação do estado de 
qualidade “antes e depois”.
19
UNIDADE Aplicações da Ferramenta Hidrogeoquímica
Você precisa determinar algum índice ou gerar diagramas de composição (dia-
grama circular de distribuição, diagrama de Piper, diagrama de Stiff, diagrama de 
Schoeller etc.), deve-se providenciar as análises que compõem tais índices e dia-
gramas. Outra observação, quando você irá usar algum software para realizar o 
diagnóstico de qualidade ambiental, procure saber quais são as variáveis de entrada 
para dar certo o uso do programa. E muito importante neste caso, é saber quais as 
unidades de medida que os resultados devem ser inseridos no programa.
O estudo de análises químicas pode ser facilitado através da utilização de gráficos e 
diagramas, principalmente quando se deseja fazer comparações entre várias amostras de 
água, de um mesmo ponto ou de diferentes pontos: https://goo.gl/irh2Eq
O diagrama circular de distribuição, uma das formas mais usadas para análise dos dados, é o 
famoso gráfico de pizza (A), que serve para a visualização das proporções dos conteúdos de 
uma amostra, por exemplo. O diagrama de Piper é um gráfico de proporções em triângulos 
(B) que permite a classificação das águas. É frequentemente usado para classificação e 
comparação de distintos grupos de águas quanto aos íons dominantes. Esta representação 
gráfica pode evidenciar possíveis relações entre íons de uma mesma amostra, ou ressaltar 
variações temporais ou espaciais existentes: https://goo.gl/3sT5ca
O diagrama de Stiff (C) forma figuras geométricas em função das concentrações de cátions 
e de ânions, favorecendo a análise visual da distribuição dos dados no espaço. Facilita a 
identificação de águas de mesma família, por exemplo: https://goo.gl/7E9ybB
No diagrama de Schoeller (D) traça-se sequência de linhas unindo os pontos que 
representam os valores dos cátions e ânions (em meq/L) usando uma escala logarítmica. A 
escala logarítmica não é apropriada para observar pequenas diferenças na concentração de 
cada íon entre diferentes amostras de água, mas é útil para representar e observar a relação 
entre íons associados a inclinação das linhas. Facilmente consegue-se distinguir famílias de 
águas (mesmo padrão): https://goo.gl/RUkTMB
O diagrama radial (E), semelhante ao diagrama de Stiff, é representado por figuras geo-
métricas que relacionam os teores dos principais íons de uma amostra de água. São muito 
úteis para identificar águas com padrões semelhantes na distribuição dos seus elementos. 
Os diagramas radiais podem ser muito úteis quando as figuras são inseridas em um mapa, 
pois permite observar a existência ou não de uma tendência na região de estudo.
Fonte: https://goo.gl/WgEYP1
Ex
pl
or
Você precisa determinar o estado de decomposição de um efluente, do lixiviado 
de um aterro sanitário, por exemplo. Escolha as variáveis de caracterização do 
processo de decomposição.
A maioria desses objetivos partem da análise de amostras não filtradas, incluindo 
partes coloidais, dissolvidas e suspensas. Para alguns casos de investigação de 
resíduo seco, sólidos voláteis, sólidos fixos, série de sólidos, pode ser necessário 
algum tipo de filtração. Mas depende dos objetivos.
Você quer investigar a origem de uma água, entender misturas de águas, 
condições climáticas ou biológicas de épocas passadas, origem de formações 
rochosas, pode-se usar isótopos estáveis.
20
21
Isótopos estáveis de carbono, nitrogênio, enxofre, hidrogênio e oxigênio são considerados, 
atualmente, ferramentas úteis aos fi siologistas, ecólogos e a outros pesquisadores 
que estudam os ciclos de matéria e energia no ambiente. Nos últimos vinte anos, essa 
técnica vem sendo aplicada em ambientes aquáticos e tem se mostrado muito efi ciente 
e promissora. Os isótopos estáveis de H e O são utilizados na determinação da composição 
da água utilizada pelos vegetais, já os isótopos de C, N e S são utilizados para elucidar 
vias fotossintéticas, processos fi siológicos nos vegetais ou na determinação das fontes de 
alimento para consumidores em teias alimentares aquáticas ou terrestres (PEREIRA, 2007). 
Os isótopos estáveis estão presentes nos ecossistemas e sua distribuição natural refl ete, de 
forma integrada, a história dos processos físicos e metabólicos do ambiente. 
Ex
pl
or
Você quer fazer trabalhos de modelagem hidrogeoquímica, o principal neste 
caso é coletar e filtrar em campo as amostras líquidas, analisar o mais rapidamen-
te possível ou seguir os critérios de preservação das amostras. Além de variáveis 
de qualidade da água, quase sempre é necessário incluir dados mineralógicos nos 
estudos para melhorar a compreensão dos fenômenos, buscando identificar rela-
cionamentos das características naturais do ambiente natural com as alterações 
produzidas pelo homem. 
Importante!
Algumas verifi cações simples podem salvar sua interpretação, pois auxiliam a detecção 
de possíveis erros analíticos, erros de digitação ou erros de interpretação. Dois exemplos 
são: balanço iônico, correlação entre variáveis e análise estatística básica. Em uma 
análise hidrogeoquímica completa, a concentração total, expressa em meq/L, de íons 
positivos (cátions), deve ser aproximadamente igual à concentração de íons negativos(ânions). O desvio percentual desta igualdade é determinado pelo coefi ciente de erro 
da análise. Programas podem calcular este erro automaticamente após a inserção dos 
dados de entrada, mas você também pode calcular manualmente. A correlação entre 
íons ou entre variáveis serve para você visualizar alguma incoerência nos resultados. 
Você previamente sabe qual elemento tem boa correlação direta ou inversa com 
outro elemento, ou qual variável tem correlação com outra variável. Partindo deste 
conhecimento, alguma incoerência nos gráfi cos ou nos índices de correlação (R2) faz 
aparecer um sinal de alerta sobre seus resultados. Ao trabalhar com um banco de dados 
químicos e físicos, é importante elencar alguns valores característicos da estatística 
(média, variância, máximo, mínimo, desvio padrão) para verifi car a representatividade 
e a variação dos seus resultados. 
Importante!
Vou citar dois programas de modelagem geoquímica usados no Brasil: PHREEQC 
(software gratuito) e AQUACHEM (software pago). Para o uso desses softwares, 
além dos resultados de análises laboratoriais ou de sondas, você deve entender 
sobre detalhes mais específicos das reações químicas e físico-químicas, como força 
iônica, energia livre de reação, balanço de massa, correlação entre as variáveis, 
conversão de unidades de medidas, constantes de equilíbrio etc. Principalmente 
para não correr o risco de gerar resultados falsos e laudos inconclusivos. 
21
UNIDADE Aplicações da Ferramenta Hidrogeoquímica
Os modelos geoquímicos mais usados são: (1) modelos de especiação, calcula 
a distribuição de espécies químicas e seus índices de saturação, sendo possível 
avaliar se ao acrescentar algum componente na água, o mesmo será diluído 
ou precipitado; (2) modelos de previsão: simula a nova composição de uma 
solução após uma reação química específica; (3) modelos inversos: determina 
possíveis reações que levam uma água de montante se transformar em uma 
água de jusante; (4) modelos de transportes combinados: calcula as reações e a 
especiação ao longo de linhas de fluxo de um modelo de fluxo.
Queridos alunos, espero não ter assustado vocês com a apresentação de dados sobre estudos 
ambientais. Apesar de buscarmos conforto, aumentar produtividade, melhorar a economia, 
é necessário planejar nossas atividades a fim de garantir que o desenvolvimento sempre 
aconteça de forma sustentável, com pesos iguais de prioridade para o desenvolvimento 
econômico, o equilíbrio ecológico e o progresso social. Quando uma dessas prioridades 
se sobressai a outras, algum desequilíbrio com certeza aparecerá, seja na paralização de 
atividades, seja na destruição de ecossistemas, seja no aumento da desigualdade social. 
Por isso, nossa profissão, apesar de desafiadora, traz uma autossatisfação, pois buscamos o 
equilíbrio em todas as esferas.
Ex
pl
or
22
23
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
 A Geoquímica Multielementar na Gestão Ambiental
LICHT, O.A.B. A geoquímica multielementar na gestão ambiental: Identificação e 
caracterização de províncias geoquímicas naturais, alterações antrópicas da paisagem, 
áreas favoráveis à prospecção mineral e regiões de risco para a saúde no estado do 
Paraná, Brasil. 2001. 236f. Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Paraná, 
Curitiba, 2001.
Geoquímica de Águas Subterrâneas
MERKEL, B.J. Geoquímica de águas subterrâneas: um guia prático de modelagem 
de sistemas aquáticos naturais e contaminados / Broder J. Merkel, Britta Planer-
Friedrich; Darrell Kirk Nodstrom (org.); tradutor: Jacinta Enzweiler – Campinas, SP: 
Editora da Unicampo, 2012. 245p.
Mobilidade de Elementos Químicos no Perfil de Solo e seu Controle na Prospecção Geoquímica
SANTOS, C.C. Mobilidade de elementos químicos no perfil de solo e seu controle 
na prospecção geoquímica: Aplicação na região de Santa Maria da Vitória, BA. 
2014. 132f. Dissertação (Mestrado) – Instituto de Geociências – Universidade de 
Brasília, Brasília, 2014.
Mobilização de Poluentes no Maciço de Resíduos de Lixão Desativado
SHINZATO, M.P.B. Mobilização de poluentes no maciço de resíduos de lixão 
desativado. 2014. 151f. Tese (Doutorado) - Escola de Engenharia de São Carlos, 
Universidade de São Paulo, São Carlos, 2014.
23
UNIDADE Aplicações da Ferramenta Hidrogeoquímica
Referências
ALVES, C.F.C.; BERTOLO, R.A. Geoquímica de águas subterrâneas impactadas 
por aterros de resíduos sólidos. Águas Subterrâneas (2012) 26(1): 43-64.
ALVES, C.F.C.; BERTOLO, R.A.; ALVES, F.M.; OLIVEIRA, L.B. Geoquímica 
das águas subterrâneas de um aterro de resíduos sólidos urbanos em Araras, 
SP. Geol. USP, Sér. cient., São Paulo, v. 14, n. 2, p.3-22, Junho 2014.
ANDREOLI, C.V.; BONNET, B.R.P.; LARA, A.I.; WOLTER, F.R. Proposição de 
plano de monitoramento da reciclagem agrícola de lodo de esgoto no Estado 
do Paraná. SANARE, Curitiba, v. 7, n. 7, p., 1997.
BOKONBAEV, K.J.; KOSTENKO, L.S.; BOKONBAEVA, S.J. Ecological 
geochemistry of Kemin Mining Complex of Kyrgystan. In: INTERNATIONAL 
GEOLOGICAL CONGRESS (30: 1996: Beijing). Documents of the 30th Internat. 
Geol. Cong. Beijing. 1996. 
DE LUCA, S.J.; CASTRO, C.B.; IDE, C.N. Contaminação da chuva e da 
drenagem pluvial. Ambiente, v. 4, n. 1, p. 49-53, 1990. 
EYSINK, G.J.; DE PÁDUA, H.B.; MARTINS, M.C. Presença do mercúrio no 
ambiente. Ambiente, v. 2, n. 1, p. 43-50, 1988.
HESS, S.C.; PORTO, M.F.S. Agrotóxicos: É preciso controlar. Boletim ténico. CNPq 
outubro 2014. Universidade Federal de Santa Catarina, Curitibanos, SC. 2014.
JENNE, E.A. Controls on Mn, Fe, Co, Ni, Cu and Zn concentrations in soils 
and water: the significant role of hydrous Mn and Fe oxides. Amer. Chem. 
Soc., v. 73, p. 337-387, 1968. (Advances in Chemistry Series).
JIE, T.; NIANFENG, L. Some problems of ecological environmental geology 
in arid and semiarid areas of China. Environmental Geology, Berlin, v. 26, n. 
1, p. 64-67, 1995. 
KRAUSKOPF, K.B. Introdução à geoquímica. São Paulo: Ed. Polígono: Ed. 
USP, 1972. 
LICHT, O.A.B. A geoquímica multielementar na gestão ambiental: Identificação 
e caracterização de províncias geoquímicas naturais, alterações antrópicas da 
paisagem, áreas favoráveis à prospecção mineral e regiões de risco para a saúde 
no estado do Paraná, Brasil. 2001. 236f. Tese (Doutorado) – Universidade Federal 
do Paraná, Curitiba, 2001.
MAHAN, B. H.; MYERS, R. J. Química: Um curso universitário. 4. ed. São Paulo: 
Editora Edgard Blücher Ltda., 1995. 582p.
MURCK, B.W.; SKINNER, B.J.; PORTER, S.C. Environmental geology. New 
York: John Willey & Sons, 1995. 
24
25
PEREIRA, A.L. Isótopos estáveis em estudos ecológicos: métodos, aplicações e 
perspectivas. Rev. biociên., Taubaté, v.13, n.1-2, p.16-27, jan/jun. 2007.
ROSE, A.W.; HAWKES, H.E.; WEBB, J.S. Geochemistry in mineral exploration. 
2ed. New York: Academic Press, 1979.
SANTOS, C.C. Mobilidade de elementos químicos no perfil de solo e seu 
controle na prospecção geoquímica: Aplicação na região de Santa Maria da 
Vitória, BA. 2014. 132f. Dissertação (Mestrado) – Instituto de Geociências – 
Universidade de Brasília, Brasília, 2014.
SHINZATO, M.P.B. Mobilização de poluentes no maciço de resíduos de lixão 
desativado. 2014. 151f. Tese (Doutorado) - Escola de Engenharia de São Carlos, 
Universidade de São Paulo, São Carlos, 2014.
SOUZA, J.L. Anomalias aerogamaespectrométricas (K, U e Th) na quadrícula 
de Araras (SP) e suas relações com processos pedogenéticos e fertilizantes 
fosfatados. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 1998. 
WARREN, H.V.; DELAVAULT, R.E. Pathfinding elements in geochemical 
prospecting. In: CONGRESO GEOLOGICO INTERNACIONAL (20: 1958: 
Ciudad de Mexico). SIMPOSIO DE EXPLORACION GEOQUIMICA (1958: Ciudad 
de Mexico). Anais.... Ciudad de Mexico, 1958. v. 1, p. 255-260.
WEBB, J.S. Environmental problems and the exploration geochemist. In: 
ELLIOT, I.L.; FLETCHER, W.K. (ed.) Geochemical Exploration 1974. Amsterdam: 
Elsevier, 1975. p 5-17. (Developmentsin Economic Geology, 1). 
WHITE, W.M. Geochemistry. Oxford: Blackwell-Wiley, 2005. 672p.
25

Continue navegando