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ACESSE AQUI O SEU LIVRO NA VERSÃO DIGITAL! PROFESSOR Me. Rodrigo Alkimim Faria Alves Refrigeração e Condicionamento de Ar https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/14038 FICHA CATALOGRÁFICA C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA. ALVES, Rodrigo Alkimim Faria. Refrigeração e Condicionamento de Ar. Rodrigo Alkimim Faria Alves. Maringá - PR: Unicesumar, 2022. 224 P. ISBN: 978-65-5615-866-2 “Graduação - EaD”. 1. Refrigeração 2. Condicionamento 3. Ar. EaD. I. Título. CDD - 22 ed. 697 Impresso por: Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar Diretoria de Design Educacional NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 PRODUÇÃO DE MATERIAIS DIREÇÃO UNICESUMAR NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Cursos Híbridos Fabricio Ricardo Lazilha Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de Design Educacional Paula Renata dos Santos Ferreira Head de Graduação Marcia de Souza Head de Metodologias Ativas Thuinie Medeiros Vilela Daros Head de Recursos Digitais e Multimídia Fernanda Sutkus de Oliveira Mello Gerência de Planejamento Jislaine Cristina da Silva Gerência de Design Educacional Guilherme Gomes Leal Clauman Gerência de Tecnologia Educacional Marcio Alexandre Wecker Gerência de Produção Digital e Recursos Educacionais Digitais Diogo Ribeiro Garcia Supervisora de Produção Digital Daniele Correia Supervisora de Design Educacional e Curadoria Indiara Beltrame Coordenador de Conteúdo Fábio Augusto Gentilin Designer Educacional Ana Claudia Salvadego Curadoria Emerson Viera, Fernanda Feitoza de Brito, Maíra Vanessa da Rocha Revisão Textual Ariane Andrade Fabreti Editoração Juliana Oliveira Duenha, Matheus Silva de Souza Ilustração Bruno Cesar Pardinho, Eduardo Aparecido Alves Realidade Aumentada Maicon Douglas Curriel, , Matheus Alexander de Oliveira Guandalini Fotos Shutterstock. Tudo isso para honrarmos a nossa missão, que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Reitor Wilson de Matos Silva A UniCesumar celebra mais de 30 anos de história avançando a cada dia. Agora, enquanto Universidade, ampliamos a nossa autonomia e trabalhamos diariamente para que nossa educação à distância continue como uma das melhores do Brasil. Atuamos sobre quatro pilares que consolidam a visão abrangente do que é o conhecimento para nós: o intelectual, o profissional, o emocional e o espiritual. A nossa missão é a de “Promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária”. Neste sentido, a UniCesumar tem um gênio importante para o cumprimento integral desta missão: o coletivo. São os nossos professores e equipe que produzem a cada dia uma inovação, uma transformação na forma de pensar e de aprender. É assim que fazemos juntos um novo conhecimento diariamente. São mais de 800 títulos de livros didáticos como este produzidos anualmente, com a distribuição de mais de 2 milhões de exemplares gratuitamente para nossos acadêmicos. Estamos presentes em mais de 700 polos EAD e cinco campi: Maringá, Curitiba, Londrina, Ponta Grossa e Corumbá, o que nos posiciona entre os 10 maiores grupos educacionais do país. Aprendemos e escrevemos juntos esta belíssima história da jornada do conhecimento. Mário Quintana diz que “Livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas”. Seja bem-vindo à oportunidade de fazer a sua mudança! Aqui você pode conhecer um pouco mais sobre mim, além das informações do meu currículo. Me. Rodrigo Alkimim Faria Alves Possui mestrado (2022) na área de Mecânica Computacional pelo pro- grama de pós-graduação de Integridades dos Materiais da Engenharia da Universidade de Brasília (UnB), no qual teve a possibilidade de estudar e investigar as instabilidades de deriva de um propulsor Hall. Graduado (2018) em Engenharia Mecânica pelo Centro Universitário do Distrito Federal (UDF). Atualmente, cursa a segunda graduação, na área de Fí- sica (licenciatura) na Universidade de Brasília (UnB). Tal interesse neste curso começou após o início do mestrado, uma vez que, por meio da pós-graduação, conheceu, de forma mais detalhada, a área de Física de Plasmas. Hoje em dia, tem, como objetivo, aumentar o seu conhecimento nas áreas de Física Nuclear e Física de Plasmas. Teve o seu primeiro contato com a área de refrigeração em 2017, por meio de uma líder mundial neste segmento. Teve a oportunidade de conhecer e aprender, na prática, como elaborar, projetar e adaptar pro- jetos de sistemas de ar-condicionado de grande porte, proporcionando o melhor custo-benefício para os seus clientes. Deixou esta carreira de forma precoce para se dedicar à vida acadêmica, pois, desde o início de sua graduação, apresentava o real desejo de se tornar um pesquisador. https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/9841 Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos on-line. O download do aplicativo está disponível nas plataformas: Google Play App Store Ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e transformar. Aproveite este momento. PENSANDO JUNTOS EU INDICO Enquanto estuda, você pode acessar conteúdos online que ampliaram a discussão sobre os assuntos de maneira interativa usando a tecnologia a seu favor. Sempre que encontrar esse ícone, esteja conectado à internet e inicie o aplicativo Unicesumar Experience. Aproxime seu dispositivo móvel da página indicada e veja os recursos em Realidade Aumentada. Explore as ferramentas do App para saber das possibilidades de interação de cada objeto. REALIDADE AUMENTADA Uma dose extra de conhecimento é sempre bem-vinda. Posicionando seu leitor de QRCode sobre o código, você terá acesso aos vídeos que complementam o assunto discutido PÍLULA DE APRENDIZAGEM Professores especialistas e convidados, ampliando as discussões sobre os temas. RODA DE CONVERSA EXPLORANDO IDEIAS Com este elemento, você terá a oportunidade de explorar termos e palavras-chave do assunto discutido, de forma mais objetiva. https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3881 REFRIGERAÇÃO E CONDICIONAMENTO DE AR A área de refrigeração e condicionamento de ar é de muita importância para a sociedade, uma vez que seria impossível termos grandes edifícios que não tivesse nenhum controle da qualidade e do conforto térmico do ar interno, além disso, há processos industriais que inexistiriam, se não tivéssemos o domínio deste conhecimento. Ao que tange ao(à) engenheiro(a) mecânico(a), a área de área de refrigeração e condicionamento de ar deve ser uma das principais áreas de atuação deste(a) profissional. Isto é tão evidente que, dentre todas as modalida- des de Engenharia, os mecânicos são aqueles com uma das maiores ou a maior carga horária, em seu currículo acadêmico, de disciplinas que envolvem conhecimentos da termodinâmica. Para se torna um bom (ou uma boa) profissional nesta área, é necessário ter domínio dos conhecimentos físicos dos processos termodinâmicos bem como conhecer, consideravelmente, os equipamentos utilizados nesse segmento. A fim de testar o seu conhecimento prévio, veja as perguntas,a seguir, e tente respondê-las de forma mais técnica possível: Qual é a diferença entre usar janelas de camadas simples ou duplas em um prédio comercial? Como tal altera- ção pode afetar o conforto térmico no interior de um prédio? É possível minimizar o consumo de energia elétrica do sistema de climatização, por meio da alteração dessas janelas? Todo projeto de ar-condicionado inicia a partir da análise da carga térmica do ambiente, você imagina quais são os fatores que contribuem para essa carga de um local específico? Será que, de acordo com o projeto, al- gum fator é mais relevante do que o outro? Quais são as normas brasileiras que regulamentam os sistemas de ar-condicionado? Nesta disciplina, você, primeiro, relembrará alguns dos principais conceitos de termodinâmica para, depois, entender o funcionamento dos ciclos de refrigeração. Após adquirir esse conhecimento, você verá, de forma mais detalhada, os principais componentes que formam os sistemas de refrigeração, com a finalidade de entender a sua operação e a sua importância para o funcionamento desse sistema como um todo. Você também aprenderá a efetuar o cálculo de carga térmica de um ambiente específico e conhecerá as prin- cipais normas brasileiras que regulamentam esses projetos. Tais conhecimentos te proporcionarão mais desenvoltura, quando estiver atuando nesse segmento, e possi- bilitarão que você crie soluções inteligentes a alguns problemas enfrentados pelos profissionais desse setor, no dia a dia. 1 2 43 5 6 93 11 69 43 INTRODUÇÃO À REFRIGERAÇÃO E AO CONDICIONAMENTO DE AR 133 CONDENSADORES PSICROMETRIA CICLOS DE REFRIGERAÇÃO CÁLCULO DA CARGA TÉRMICA COMPRESSORES 115 7 8 9 157 191 171 EVAPORADORES FLUIDO REFRIGERANTE E ACESSÓRIOS DISPOSITIVOS DE EXPANSÃO E LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO 1 Nesta unidade, faremos uma revisão dos principais tópicos da ter- modinâmica. O estudo de vocês começará a partir dos conceitos básicos, como: temperatura, pressão e energia. Também, veremos, no decorrer desta unidade, as três formas pelas quais o calor pode se transferir de um corpo para outro, aprenderemos a como calcu- lar este fenômeno. Por fim, veremos alguns dispositivos que têm a finalidade de fazer esta troca térmica, tais equipamentos são cha- mados de trocadores de calor. Porém, antes de começarmos a fazer a nossa revisão, primeiro, veremos um breve apanhado histórico da tecnologia de refrigeração. Introdução à Refrigeração e ao Condicionamento de Ar Me. Rodrigo Alkimim Faria Alves UNICESUMAR 12 Antes de começarmos a estudar os ciclos de re- frigeração, é necessário fazermos uma revisão de alguns conceitos fundamentais da termodinâmica. Pois, estes conhecimentos são a fundação, no que diz respeito às tecnologias de refrigeração e con- dicionamento de ar. Além disso, ao entendermos estes princípios, conseguiremos interpretar diversos acontecimen- tos presentes em nosso dia a dia. Por exemplo, por que o gelo derrete mais rápido em um copo de alumínio do que em um copo de plástico, mesmo se ambos estão sujeitos às mesmas condições de pressão e temperatura? Ao aprendermos os princípios básicos da ter- modinâmica, podemos entender como o calor se propaga e como utilizar esse fenômeno a nosso favor — seja para trazer conforto térmico a certo ambiente, seja para conservarmos determinado alimento —. Também é importante saber quais são os mecanismos de transferência de calor e as suas características, pois, dessa forma, ava- liaremos quais materiais são bons isolantes ou condutores térmicos. Tais conhecimentos são fundamentais para os(as) engenheiros(as), já que eles(as) devem trazer soluções a determinado problema. Para que isso seja possível, é importante que o(a) engenheiro(a) tenha domínio dos princípios básicos daquela área em questão, tal atitude fará com que ele(a) não traga soluções impossíveis. Ao concluir esta unidade, vocês conseguirão responder o porquê de o gelo derreter mais rápi- do em um dos copos, mas também conseguirão dimensionar qual é a espessura de certa manta térmica para determinada condição. Qual é a tem- peratura de saída de um fluido que passou por determinado trocador de calor e como calcular a propagação de calor, por condução ou convecção, em paredes planas ou paralelas. Agora, faremos um pequeno experimento mental. Temos dois corpos sólidos com massas iguais a m m kg1 2 1= = , porém os corpos são constituídos de materiais diferentes, os quais estão sujeitos a mesma temperatura inicial de t Ci � �0 . Foi agregado a esses corpos a mesma quantidade de calor Q J� �3 33 105, , contudo, no final deste processo, um dos dois materiais sofreu uma variação de temperatura de 370 °C, enquanto o outro material não teve alteração em sua temperatura, mas após a absorção desse calor, toda a sua massa sofreu alteração de esta- do de sólido para líquido. Obs.: os dois materiais estão sujeitos à pressão atmosférica. Por que os materiais apresentaram comportamentos di- ferentes? É possível identificar qual o material que compõe cada corpo? Se sim, quais são esses materiais? Para que vocês encontrem as respostas do experimento mental, é importante lembrar dos conceitos de calor específico e calor de transfor- mação (calor latente). Lembre-se que, dependendo da característica do material, este costuma sofrer mudança de temperatura ou mudança de estado físico, de acordo com as condições às quais o ma- terial está sujeito. Vale lembrar que cada material possui deter- minado calor específico e calor latente. Para en- contrar as características desses materiais, façam o uso das equações, no seu Diário de Bordo: Q mc t Q mL = = D onde: Q é a quantidade de calor; m representa a massa do corpo; DT representa a variação de temperatura; c é o calor específico. L é o calor latente. UNIDADE 1 13 Com base no trabalho de Silva (2019), é possível verificar que desde a Pré-História, os seres humanos têm a necessidade de obter temperaturas inferiores às do ambiente, tendo, como objetivo principal, a conservação dos alimentos. Esse processo é conhecido como refrigeração e tem a possibilidade de ser obtido por meios artificiais e naturais. Antigamente, o meio natural era a única técnica utilizada pela humanidade, a qual fazia o uso de substâncias frias encontradas, naturalmente, no ambiente. De modo geral, se utiliza o gelo formado nos altos das montanhas e do congelamento da superfície de lagos e rios, durante o inverno. Com base neste método natural de refrigeração, no ano de 1803, Thomas Moore construiu uma caixa de gelo isolada que possibilitou transportar a manteiga produzida em sua fazenda para diversas locali- dades. Essa caixa foi patenteada com a palavra refrigerator (refrigerador). Outro fato curioso sobre a refrigeração natural é que, diante desta demanda, os Estados Unidos, no período de 1806 até 1860, comercializou o gelo natural extraído de lagoas da Nova Inglaterra e o exportou a diversos países do mundo. Esse gelo era armazenado nos comércios e nas residências em geladeiras de madeiras com isolamento térmico (Figura 1). UNICESUMAR 14 A extração de gelo natural para comercialização é ine- xistente nos dias atuais, já que temos resultados bem mais satisfatórios fazendo o uso dos meios artificiais. Estes reduzem a temperatura de um sistema, por meio do tra- balho de uma fonte externa. Na Tabela 1, são demons- trados alguns processos, jun- tamente com as suas princi- pais aplicabilidades. Como descrito por Stoecker e Jones (1985), a utilização destas téc- nicas só se consolidou após o desenvolvimento dos refri- gerantes cloro-flúor-carbo- no (CFCs) e a criação de um sistema selado de pequeno porte. No decorrer da nossa disciplina, compreenderemos, de forma mais detalhada, os meios artificiais. Descrição da Imagem: desenho de uma geladeira do século XIX, a qual é construída em madeira e revestida, internamente, por algum material que apresentebom isolamento térmico. Ela tem a forma de um paralelepípedo reto com quatro prateleiras internas vaza- das e uma porta frontal. Na prateleira superior, há uma barra de gelo identificada como bloco de gelo. A água gerada pelo derretimento do gelo é eliminada através de um tubo de drenagem que percorre a lateral da geladeira e, em seguida, é depositada na parte inferior do equipamento. Figura 1 - Geladeira usada no século XIX / Fonte: Silva (2019, p. 15). Processo Aplicações típicas Absorção de vapor Doméstica, veículos, hotéis, industrial e condicionamento de ar. Compressão mecânica de vapor Condicionamento de ar de ambientes, para resfriamento e con-gelamento de produtos e em equipamentos frigoríficos. Ejeção de vapor Sistemas de ar-condicionado em navios. Expansão de ar Resfriamento de aeronaves. Tabela 1 - Aplicações de alguns processos de refrigeração / Fonte: o autor. Como visto no trabalho de Stoecker e Jones (1985), as tecnologias de refrigeração e condicionamento de ar são correlatas, porém têm campos específicos de atuação. A aplicação da refrigeração mais conhecida, popularmente, é o ar-condicionado. Outra aplicação bastante importante é a refrigeração industrial, que é voltada para o processamento e a conservação de alimentos, a remoção de calor de substâncias em indústrias químicas e muitas outras aplicações em indústrias de construção e manufatura. UNIDADE 1 15 No que se refere ao condicionamento de ar, tais tecnologias são indispensáveis em edifícios de mé- dio e grande porte, pois eles precisam ser resfriados, a fim de compensar o calor liberado por pessoas, luzes, aparelhos eletrônicos e outras fontes térmicas existentes nestes ambientes. Em veículos, o sistema de ar-condicionado traz mais conforto térmico aos usuários e tem, como função principal, retirar o calor proveniente da radiação solar, tecnologia também empregada nas indústrias e nas residências. Mas, diferentemente da refrigeração convencional ou da refrigeração industrial, o ar-condicionado possibilita o aquecimento e o controle da qualidade do ar. No diagrama da Figura 2, trazemos um apanhado geral dos processos de cada área mencionada. Descrição da Imagem: a figura apresenta um diagrama composto por duas elipses sobrepostas. O lado esquerdo intercala as principais funções dos sistemas de ares-condicionados, sendo eles: aquecimento, umidificação e controle da qualidade do ar. No lado direito, são descritas as principais aplicabilidades do segmento de refrigeração: refrigeração industrial, principalmente, os segmentos alimentícios, químicos e de processos. No centro, onde as duas elipses se sobrepõem, é descrita a aplicabilidade de ambas as tecnologias: operação de refrigeração e manipulação da umidade do ar em condicionadores de ar. Figura 2 - Relação entre as áreas de refrigeração e condicionamento de ar / Fonte: Stoecker e Jones (1985, p. 2). Ar condicionado Refrigeração Aquecimento, umidi�cação e Controle da Qualidade do ar Operações de refrigeração e manipulação da umidade do ar em condicionadores de ar Refrigeração industrial, principalmente o seguimentos de alimentos, químicos e processos de fabricação De fato, o uso da refrigeração e do condicionamento de ar representou um dos mais importantes avanços técnicos da sociedade moderna: possibilitou distribuir e conservar os alimentos por maior período de tempo, como também viabilizou o trabalho em ambientes com climas adversos, proporcionando mais qualidade de vida. Conceitos básicos Nesta unidade, veremos alguns conceitos que são essenciais para a boa compreensão dos sistemas de refrigeração. Dessa forma, elencaremos o conceito e o descreveremos de forma simples e objetiva, com a finalidade de tornar esse processo o mais prático possível. Além de entendermos o conceito, é necessário conhecermos as unidades de medida da proprieda- de em questão, pois é possível compreender algumas características, equações e valores apresentados fazendo, somente, a análise destas unidades de medida. UNICESUMAR 16 Sistemas de unidades: no Brasil, adotamos o Sistema Internacional de Unidades (SI), o qual foi criado na década de 60, durante 11ª Conferência Geral de Pesos e Medidas (CGPM). Esse sistema tem o objetivo de padronizar as grandezas utilizadas em todo o mundo. Para isso, foi definido um grupo de sete grandezas, conhecidas como grandezas básicas, vide Tabela 2. Grandezas básicas Unidade de medida (abreviação) Comprimento Metro (m) Corrente elétrica Ampére (A) Intensidade luminosa Candela (cd) Massa Quilograma (kg) Quantidade de substância Mol Temperatura Kelvin (K) Tempo Segundos (s) Tabela 2 - Grandezas fundamentais e as suas respectivas unidades no SI / Fonte: Çengel e Ghajar (2012, p. 112). Com base nas grandezas fundamentais, são definidas as demais grandezas as quais são conhecidas como grandezas derivadas e, geralmente, possuem unidades próprias de medida, mas também podem ser descritas com base nas unidades básicas do Sistema Internacional. As principais grandezas derivadas que utilizaremos no decorrer de nossa disciplina estão descritas na Tabela 3. Grandezas derivadas Nome e símbolo Unidade na base do SI Coeficiente de transferência de calor - kg/s³ K Condutibilidade térmica - m² kg/s³ K Energia Joule (J) m² kg/s² Força Newton (N) m kg/s² Potência Watt (W) m² kg/s³ Pressão Pascal (Pa) kg/m s² Tabela 3 - Grandezas derivadas e suas unidades no SI / Fonte: Silva (2019, p. 23). É importante, entretanto, lembrar que nem todos os países adotam, de forma única, esse sistema. Por exemplo, os Estados Unidos ainda fazem uso do sistema inglês e, eventualmente, nos deparamos com grandezas escritas com base neste sistema. Como exemplo, a carga térmica (termo, amplamente, uti- lizado pelo segmento de climatização), muitas vezes, é definida em BTU/h, unidade de medida que não advém do SI. Para melhorarmos o entendimento físico, é necessário fazer a conversão de unidades. Na Tabela 4, estão descritos fatores úteis de conversão ao nosso estudo futuro. UNIDADE 1 17 1 lbf = 4,448N 1 BTU = 1055 J 1 lbf/pol² (ou psi) = 6895 Pa 1 kcal = 4,1868 kJ 1 pol = 0,0254 m 1 kW = 3413 BTU/h 1 HP = 745,7 W = 2545 BTU/h 1 litro = 0,001 m³ 1 kcal/h = 1,163 W 1 TR = 3517 W (tonelada de refrigeração) 1 atm = 14,7 lbf/pol² 12000 BTU/h = 1 TR = 3,517 kW Tabela 4 - Fatores úteis de conversões / Fonte: Silva (2019, p. 23). Temperatura: a temperatura ( )T de uma substância indica o grau de agitação molecular dela, como também determina a possibilidade de trocar energia com outra substância que esteja em contato térmico. Como já sabemos, uma substância de temperatura mais elevada é capaz de transferir energia, em forma de calor, para uma substância com menor temperatura. A temperatura é, tradicionalmente, identificada em três escalas distintas. No Brasil, usamos a escala Celsius (°C), que usa a referência de 0 °C para o ponto de fusão do gelo e de 100 °C para o ponto de ebulição da água. Já os Estados Unidos utilizam, normalmente, a escala Fahrenheit (°F), a qual define o ponto de fusão da água como 32 °F e o ponto de ebulição em 212 °F. A escala de temperatura adotada pelo SI, contudo, é a escala Kelvin (K), a qual é uma temperatura absoluta, cujo 0 K representa o menor nível de energia do sistema, caracterizando o fato de as partículas desse sistema estarem mais próximas possível. Para converter as temperaturas de uma escala para outra, é utilizado o esquema, a seguir: T T TC F K 5 32 9 273 5 � � � � onde: TC = temperatura em graus Celsius; TF = temperatura em graus Fahrenheit; TK = temperatura em Kelvin. Pressão: simbolizada por P, a pressão é a força perpendicular, por unidade de área, de uma superfície a qual a força está atuando. Tradicionalmente, trabalhamos com três pressões diferentes, sendo elas: pressão atmosférica, que é definida a partir do peso que o ar exerce sobre a superfície da terra (por isso, a pressão atmosférica diminui com o aumento da altitude, já que,em altitudes mais altas, teremos menor camada de ar sobre a superfície da terra e, consequentemente, menor força-peso); a pressão manométrica, a qual é medida em sistemas fechados, a partir dos instrumen- tos chamados manômetros. Tais equipamentos não consideram a pressão externa provocada pela atmosfera — na Figura 3, é possível ver este instrumento — e a pressão absoluta, que é medida em relação a um vácuo perfeito (com isso, temos que a pressão absoluta é a soma de todas as pressões exercidas sobre um corpo). UNICESUMAR 18 A unidade de medida que representa esta grandeza é o Pa (Pascal), que também é escrita como N/m² (Newtons por metro quadrado). Densidade e volume específico: a densidade é, geralmente, representada pela letra r , ela define a massa que ocupa uma unidade de volume, a dada temperatura e pressão. Já a letra v refere-se ao volume específico, o qual é o inverso da densidade, grandeza que representa o volume ocupado pela unidade de massa. A seguir, temos estas propriedades escritas, de forma matemática. Entre parênteses, estão as suas respectivas unidades de medida. r � � � � � � � � � � �� � � �� m V kg m v V m m kg 3 3 onde: = massa da substância; = volume. Energia: a energia é definida, de maneira mais geral, como a capacidade de um sistema em pro- duzir trabalho. Lembre-se que ela não pode ser vista e não é uma substância, mas é capaz de produzir modificações no aspecto físico ou químico do sistema. Como já sabemos, a energia é uma propriedade que se conserva e, também, existe de diversas formas, como: energia térmica (calor), energia mecânica, energia química, energia elétrica, entre outras. A unidade de medida desta grandeza é o Joule ( )J , também representada no SI como: m kg s 2 2 �� � �� � � �� . Descrição da Imagem: a imagem traz a ilustração de dois manômetros. O da esquerda é um manômetro analógico, o qual possui um formato redondo e um ponteiro que mostrar qual é a pressão do sistema, este equipamento é bastante semelhante com um relógio. No lado direito, está um manômetro digital. Este dotado de uma tela que mostra a pressão do sistema. Figura 3 - Manômetros / Fonte: Silva (2019, p. 10). UNIDADE 1 19 Conservação da massa: outro conceito o qual devemos, sempre, nos lembrar é o da conservação da massa, que é um dos princípios mais fundamentais da natureza. Todos conhecemos esse princípio, e não é difícil percebê-lo, pois, no simples fato de misturarmos duas substâncias distintas, saberemos, de imediato, que a massa resultante é, simplesmente, a soma das massas primárias. Para vermos o funcionamento deste conceito, basta misturar 20 g de sal em 300 g de água, que veremos uma mistura de 320 g de água com sal: independentemente se o sal se dissolveu, ou não, na água, a massa final será a mesma. As equações químicas também são balanceadas com base no princípio de conservação da massa. Veja o simples exemplo descrito na Figura 3: quando 16 kg de oxigênio reagem com 2 kg de hidrogênio, 18 kg de água são formados. Em um processo de eletrólise, a água se decompõe de volta em 2 kg de hidrogênio e 16 kg de oxigênio. A massa, assim como a energia, é uma proprie- dade que se conserva e não pode nem ser criada, nem destruída durante um processo. Entretanto, massa m e energia E são capazes de serem convertidas entre si, de acordo com a famosa fórmula proposta por Albert Einstein (1879-1955): E mc= 2 onde: c = uma constante que representa a velocidade da luz no vácuo, c m s � � � � � � � �2 9979 10 8, . Descrição da Imagem: a figura apresenta um diagrama composto por três cubos. Os dois primeiros cubos representam as massas do hidrogênio de 2 kg e do oxigênio de 16kg. Enquanto o terceiro cubo representa a massa de água de 18 kg, formada após o processo de eletrólise. Figura 4 - Ilustração da composição química da água / Fonte: Çengel, Boles e Buesa (2006, p. 216). 2 kg H2 16 kg O2 18 kg H2O + Vazão mássica e vazão volumétrica: a quantidade de massa que escoa através de uma seção trans- versal de área por unidade de tempo é chamada de vazão mássica ou fluxo de massa, sendo denotada por m . O ponto sobre um símbolo é usado para indicar a taxa de variação com o tempo. UNICESUMAR 20 Já o caso de um fluido que escoa através de uma seção transversal de área por unidade de tempo é chamado de vazão volumétrica, a qual é denotada por V . Estas duas propriedades são relacionadas como descritas: m V= r Calor: é a energia em trânsito, que ocorre naturalmente em um sistema termodinâmico. Essa transferência de energia ocorre no sentido do corpo de maior temperatura para o corpo de menor temperatura. Sua unidade de medida é o Joule. Calor específico ou calor sensível c : esta é uma propriedade inerente a cada material e tem, como principal característica, a variação de temperatura do corpo. Matematicamente, escreveremos esta propriedade como: c Q m T � �D onde: Q = é a quantidade de calor; m = representa a massa do corpo; DT = é a variação de temperatura. Calor latente ou de transformação L : é o calor que varia o estado físico da substância, o processo de transformação acontece sem nenhuma variação da temperatura e costuma ser descrito pela equação: L Q m = onde: Q = é a quantidade de calor; m = é a massa do corpo. • Transformação isotérmica: quando uma transformação ocorre sem que haja variação de temperatura, ou seja, a temperatura se mantém a mesma, durante toda a transformação. • Transformação isobárica: quando a transformação termodinâmica ocorre em uma pressão constante. • Transformação isovolumétrica ou isocórica: quando a transformação termodinâmica se processa em volume constante. • Transformação adiabática: neste tipo de transformação termodinâmica, não há transferência de calor entre o sistema e a vizinhança, então, concluímos que a variação de calor é nula. Entalpia: na análise de determinados tipos de processo, particularmente, na geração de potência e refrigeração, encontramos, com frequência, a combinação das propriedades u Pv+ . No qual u repre- senta a energia interna do sistema, P representa a pressão, e v , o volume. Esta combinação recebe o nome de entalpia, a qual é representada pela letra h . Esta é uma característica inerente aos processos que envolvem mudanças termodinâmicas a uma pressão constante. UNIDADE 1 21 A, seguir, temos as equações da entalpia específica h e entalpia total H , entre parênteses, estão descritas as suas respectivas unidades de medidas. h u Pv kJ kg H U PV kJ � � � � � � � � � � � � Entropia: esta propriedade termodinâmica é vista como uma medida da desordem molecular da substância ou também como a medida da probabilidade de ocorrência de um dado estado da substância. Mas, em nos- sos estudos de refrigeração e condicionamento de ar, usaremos este conceito de forma específica e limitada. Para que vocês fiquem mais familiarizados com este conceito, considere uma aplicação dessa pro- priedade: a compressão ou a expansão, sem atrito, de um gás ou vapor, sem intercâmbio de calor, é um processo no qual a entropia se mantém constante. Este conceito estará bastante presente quando você desenvolver os ciclos de refrigeração. Mecanismos de transferência de calor Agora, relembraremos os conceitos de transferência de calor. Como já vimos, o calor é uma forma de energia em trânsito que ocorre, naturalmente, em um sistema termodinâmico. Esta transferência de energia ocorre do corpo de maior temperatura para o corpo de menor temperatura, tal processo finaliza quando os corpos alcançam o equilíbrio térmico. Diferentemente do equilíbrio termodinâmico, que é dependente de diferentes propriedades térmicas, o equilíbrio térmico depende, apenas, da igualdade das temperaturas. Com base no trabalho de Çengel, Boles e Buesa (2006), é possível concluir que o calor se transfere de um corpo para o outro de três maneiras distintas, sendo elas: Condução: a condução é a transferência de calor por contato diretoentre as partículas da matéria. Este fenômeno é possível de ocorrer em sólidos, líquidos ou gases. Nestes dois últimos, a condução é proporcionada pelas colisões e pela difusão das moléculas, no caso dos sólidos, a condução deve-se às vibrações das moléculas e à difusão dos elétrons livres. É um fenômeno inerente aos sólidos, por causa da própria estrutura atômica deste estado da matéria. Para descrever este fenômeno, usamos a equação de Fourier da condução térmica, a qual foi obtida de maneira experimental. Em sua forma diferencial, ela pode ser escrita como: Q k A dT dx Wcond � � � � � onde: A = a área perpendicular à direção da transferência de calor em m²; dT = o gradiente de temperatura (K); dx = a espessura entre os reservatórios de calor (m); k = a condutividade do material (W/m K). UNICESUMAR 22 O sinal negativo, o qual é introduzido nesta equação, tem a finalidade de a adequar à segunda lei da termodinâmica, exigindo que o calor flua na direção da temperatura mais alta para a mais baixa. Você sabia que a condutividade térmica de um material é obtida de forma experimental? Pois esta propriedade sofre consideráveis alterações de um material para outro, tornando impraticável uma solução analítica que descreve esta característica dos materiais. A fim de analisarmos como esta propriedade do material é capaz de ser bastante alterada, veja o exemplo de quando é adicionado 1% de cromo a uma quantidade de ferro, a fim de gerar uma nova liga metálica. A condutividade térmica deste aço com 1% de cromo é de 62 W/m K, enquanto as condutividades térmicas do ferro e do cromo são de 80,2 e 94 W/m K, respectivamente. Porém, de forma intuitiva, concluiríamos, de maneira equivocada, que a liga composta por 99% de ferro e 1% de cromo teria a sua condutividade térmica aumentada, já que foi adicionado ao ferro um material que conduz mais calor. Devido a este comportamento não ter previsibilidade matemática concreta, é necessário o uso das tabelas desenvolvidas a partir de dados experimentais. Outro fato importante sobre a transferência de calor por condução é que podemos fazer uma analogia entre os conceitos de resistência térmica e resistência elétrica, pois os dois sistemas são descritos por equações semelhantes. Com base nisso, reescreveremos a função que descreve o fluxo de calor através de uma parede plana, como: Q TL k A T Rcond � � � D D onde: DT = a variação de temperatura entre a face quente e a face fria; k = o coeficiente de condução térmica; L = a espessura entre essas faces; A = área da superfície dessa face. Com base na equação anterior, é possível definir a resistência térmica da parede como: R L k A � � A resistência térmica que a parede oferece a transferência de calor por condução é dada pela seguinte unidade de medida (K/W). Devido a esta analogia, é muito comum a aplicação de uma notação semelhante àquela usada em circuitos elétricos, quando estudamos sistemas térmicos que possuem associações de materiais com propriedades distintas. A comparação entre os diagramas elétrico e térmico estão descritos na Figura 5: UNIDADE 1 23 Para o caso de paredes planas associadas em sé- rie, temos que a resistên- cia total é a soma direta de todas as resistências térmicas. Para com- preendermos melhor este aspecto, considere uma parede plana com- posta por três materiais distintos, conforme mos- tra a Figura 6. Um lado tem uma fonte quente de calor com temperatura constante e conhecida, do outro lado, existe uma fonte de calor frio tam- bém com temperatura constante e conhecida. V1 - V2 Re Re I = V1 V2 T1 - T2 R R Q = T1 T2 (a) Fluxo de calor (b) Fluxo de corrente elétrica Descrição da Imagem: a ilustração faz a comparação entre a resistência elétrica com a resistência térmica. Na parte superior da imagem, é apresentada a resistência térmica, onde há uma trajetória com algumas oscilações entre dois pontos que representam as diferentes temperaturas. Enquanto que, na parte inferior, há uma trajetória semelhante a anterior, só que entre dois pontos de voltagem que representam o fluxo de corrente elétrica. Figura 5 - Analogia entre resistência térmica e elétrica / Fonte: Çengel e Ghajar (2012, p. 137). Descrição da Imagem: a ilustração representa uma parede composta por três materiais diferentes, com condutividades térmicas k1, k2 e k3, as quais estão alinhadas em série e contam com espessuras L1, L2 e L3. Também é possível verificar que o fluxo de calor ocorre da esquerda para a direita. Figura 6 - Resistência térmica em paredes em série / Fonte: o autor. T1 K1 T2 K2 K3 T3 T4 q L1 L2 L3 UNICESUMAR 24 O fluxo de calor que atravessa a parede composta costuma ser obtido em cada uma das paredes planas, individualmente: Q k A L T T Q k A L T T Q k A L T T � �� � � �� � � �� � 1 1 1 1 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 4 Colocando em evidência as diferenças de temperatura em cada uma das equações anteriores e somando termo a termo, obtemos: QL k A QL k A QL k A T T T T T T1 1 1 2 2 2 3 3 3 1 2 2 3 3 4� � � � � � � � Agora, colocamos o fluxo de calor Q em evidência e usamos o conceito de resistência térmica, então, reescreveremos que o fluxo de calor do sistema é: Q T T R R R � � � � 1 4 1 2 3 Para o caso geral em que temos uma associação de n paredes planas em série, o fluxo de calor tem a chance de ser escrito como: Q T R total T = D onde: R RT i i n � � � 1 = o somatório total de todas as resistências térmicas em série; DTtotal = a variação de temperatura entre as paredes internas. Veremos o caso da resistência térmica de paredes planas associadas em paralelo, igual a representação ilustrada na Figura 7, a qual é sujeita a temperaturas constantes e conhecidas em ambos os lados. UNIDADE 1 25 Para esta situação, temos que o fluxo de calor final é a soma dos fluxos de calor que atravessam as distintas partes da parede analisada: Q Q Q k A L T T k A L T T T T k A L k A L � � � �� � � �� � � �� � �1 2 1 1 1 1 2 2 2 2 1 2 1 2 1 1 1 2 2 22 Fazendo o uso do conceito de resistência térmica, reescreveremos a equação como: Q R R T T� � � � � � � � �� � 1 1 1 2 1 2 Para o caso geral, no qual temos uma associação de n paredes planas em paralelo, o fluxo de calor unidimensional é dado por: Q T R total T = D onde: 1 1 1R RT ii n � � � = a resistência térmica total, na qual é a soma dos inversos da resistência térmica, da mesma maneira que é calculada em circuitos elétricos. Descrição da Imagem: a ilustração representa uma parede composta por dois materiais distintos que apresentam condutividades térmicas k1 e k2, os quais estão distribuídos em paralelo e com espessuras L1 e L2. O fluxo de calor considerado atravessa a parede na direção horizontal, da esquerda para a direita. Figura 7 - Resistência térmica em paralelo / Fonte: o autor. T1 T2 T2T1 L2 L1 K2 K1 A2 A1 q1 q q2 UNICESUMAR 26 01. EXEMPLO Agora, use os conceitos de resistência térmica e calcule o fluxo de calor da parede composta, a qual está sendo representada pela Figura 8. Descrição da Imagem: ilustração de uma parede composta por cinco tipos diferentes de materiais, os quais estão distribuídos em série e em paralelo. Da direita para esquerda, há uma parede feita de um único material a, com dimensões de 30 cm de comprimento e 8 cm de largura na temperatura 500 °C em sua face esquerda, em seu lado direito, há uma parede de 5 cm de largura com três materiais diferentes, os quais estão distribuídos da seguinte maneira: partindo da parte superior, observa-se um material b de 5 cm de altura, depois, um material c com 20 cm de comprimento e, por último, um material d com 5 cm de comprimento. Esta parede composta encontra-se em contato com a última parede e, que apresenta 30 cm de comprimento e 8 cm de largura. Figura 8 - Configuração da parede do exemplo analisado / Fonte: o autor. 8 cm 30 cm 25 °C 8 cm5 cm 5 cm 5 cm 500°C b a c e d q A Tabela 5 descreve os valores de condutividade térmica dos materiais que compõem a parede apre- sentada na Figura 8. Material a b c d e condutividade térmica (W/m K) 172 70 18 100 52 Tabela 5 - Dados de condutividade térmica / Fonte: o autor. Usando a analogia de resistência térmica com resistência elétrica, é possível representar o sistema estudado por meio de um diagrama de um circuito elétrico com diversas resistências associadas. UNIDADE 1 27 Neste momento, calculamos as resistências térmicas de cada material, mas não se esqueça de fazer as transformações de unidades necessárias: R R R a b c � � � � � � � � � � 0 08 0 024 172 0 02 0 05 2 5 10 70 0 29 0 05 0 01 18 3 , , , , , , , , �� � � � � � � � � 0 28 0 05 2 5 10 100 0 20 0 08 0 024 52 0 06 3 , , , , , , , R R d e Para o circuito em paralelo composto pelos materiais (b, c, d), temos: 1 1 1 1 1 0 29 1 0 28 1 0 20 12 0 083 R R R R R K W bcd b c d bcd � � � � � � � � � � � � � � , , , , Portanto, temos um circuito térmico, totalmente, em série, igual a representação, a seguir. Temos que a resistência total do sistema costuma ser calculada na forma: Descrição da Imagem: a figura apresenta o diagrama térmico da Figura 8. Nele, é possível ver a resistência térmica da parede a em série com as resistências térmicas das paredes b, c e d, as quais estão em paralelo uma com as outras. Por fim, elas estão em série com a resistência térmica da parede e. Este tipo de reorganização é utilizado com a finalidade de melhorar o entendimento da questão. Figura 9 - Diagrama das resistências térmicas (primeira etapa) / Fonte: o autor. Descrição da Imagem: considerando as resistências térmicas b, c e d como uma resistência térmica equivalente, o diagrama é repre- sentado, então, por uma linha com três resistências térmicas em série, de forma que temos a Ra seguida da resistência equivalente Rbcd e, por fim, a resistência Re . Figura 10 - Diagrama das resistências térmicas (primeira etapa) / Fonte: o autor. Rb Rc Re Rd Ra500 °C 25 °C 500 °C Ra Rbcd Re 25 °C UNICESUMAR 28 R R R R R K W T a bcd e T � � � � � � � � � � � � � 0 02 0 083 0 06 0 163 , , , , Dessa forma, basta substituir os valores da resistência total e do gradiente de temperatura na equação de condução descrita para o caso das resistências térmicas, na qual resultará o fluxo de calor que atra- vessa a parede analisada no exemplo. Q T R Q kW Total T � � � � � � 773 15 298 15 0 163 2969 32 2 9 , , , , , • Convecção: é um mecanismo que também requer a presença de um meio material. Entretanto, o que a difere da condução é o fato de a convecção exigir a presença de movimento de um fluido. De acordo com Çengel e Ghajar (2012), a convecção é classificada como natural ou forçada, dependendo de como o movimento do fluido é iniciado. No caso da convecção forçada, o fluido é submetido a escoar sobre a superfície ou dentro de tubos, por mecanismos externos, como ventilador ou bomba. Já para o caso da convecção natural, o movimento do fluido é ocasionado sem nenhuma presença de meios externos. Um dos efeitos que ocasionam este movimento é o empuxo, o qual se manifesta por meio de fluidos quentes subindo e fluidos frios descendo. A convecção também costuma ser classificada como interna e externa, dependendo de o fluido ser forçado a escoar sobre uma superfície ou dentro de um duto. É visto que a convecção é o mecanismo mais complexo de transferência de calor, pois depende, fortemente, das propriedades dos fluidos, como: viscosidade, condutividade térmica, densidade, calor específico e, até mesmo, a sua velocidade. Também depende das geometria e rugosidade da superfície sólida. Apesar de toda esta complexidade, observa-se que a taxa de transferência de calor por convecção é proporcional à diferença de temperatura da superfície e do fluido, a qual é muito bem expressa pela Lei de Newton do Resfriamento: Q hA T Tconv s� �� �� onde: A = área da transferência de calor (m²); Ts = temperatura da superfície (K); T∞ = temperatura do fluido, suficientemente, longe da superfície (K); h = coeficiente de calor por convecção (W/mK). O conceito de resistência térmica também costuma ser aplicado à transferência de calor por convecção. Esta característica facilita os cálculos de sistemas termodinâmicos que possuem mecanismos combi- nados. A resistência térmica na convecção é dada pela equação: UNIDADE 1 29 R h A � � 1 • Radiação: este mecanismo de transferência de calor difere dos outros dois à medida que não exige a presença de um meio material para a sua propagação. Este método apresenta a maior velocidade de propagação, já que ele se propaga na velocidade da luz e não sofre atenuação no vácuo. A radiação ocorre em líquidos, sólidos e gases, mas é importante lembrar que, na maioria dos casos estudados, os três mecanismos de transferência de calor ocorrem, simultaneamente, em diferentes graus, porém o único mecanismo dessa transferência que ocorre através do espaço é o mecanismo de radiação. Como ressaltado por Çengel, Boles e Buesa (2006), a radiação propaga-se entre dois corpos, os quais estão separados por um meio mais frio. Por exemplo, a radiação emitida pelo sol que chega à superfície da Terra atravessa camadas de ar frio localizadas a altas altitudes. Também o caso de superfícies de absorção de radiação no interior de uma estufa: este ambiente atinge temperaturas elevadas, mesmo quando a sua cobertura de plástico continua, relativamente, fria. A radiação que estamos estudando é um processo eletromagnético, contudo, para o estudo de transferência de calor, estamos interessados, unicamente, no fenômeno que emite energia por causa da temperatura, o qual é conhecido como radiação térmica, que será referido, somente, como radiação. Esta é um evento que depende do formato e da composição das características da matéria. Para facilitar cálculo da radiação, usamos o conceito de corpo negro, o qual é definido como um perfeito emissor e absorvedor de radiação. A taxa de transferência de calor por meio da radiação emitida a partir de uma superfície ideal (corpo negro), com determinada temperatura, é dada pela lei de Stefan-Boltzmann: Q A Trad s s� � �s 4 onde: Ts = temperatura da superfície em (K); As = área da superfície em (m²); s = Constante de Stefan-Boltzmann: s � � � � � � � � � �5 6697 10 8 2 4, W m K Já para o caso de superfícies reais, também conhecidas como superfícies cinzentas, o qual sempre será menor do que o caso ideal (corpo negro), é dado pela equação: Q A Trad s s� � � �ε σ 4 onde: e = a emissividade térmica da superfície analisada, a qual, sempre, assumirá um valor dentro do intervalo I = [0,1], tal propriedade é identificada de forma experimental. Agora, para lembrarmos, ainda mais, os conceitos de transferência de calor, veremos a resolução de alguns exemplos. Aconselho que vocês leiam os enunciados e tente fazê-los com os seus conhecimen- tos prévios, só depois, confiram se obtiveram o resultado parecidos com os exemplos desenvolvidos. UNICESUMAR 30 02. EXEMPLO Um sistema de ar-condicionado deve manter a 23 °C uma sala de 18 m de comprimento, 5 m de largura e 3 m de altura. As paredes têm espessura de 20 cm e condutividade térmica de 0,6 W/m K. O lado externo das paredes pode atingir até 40 °C em um dia de verão. Considere que as janelas têm a mesma troca de calor que as paredes e despreze as trocas de calor devidas ao piso e ao teto. Qual deve ser o calor extraído em HP para que a condição de 23 °C seja atendida? Obs.: 1 HP = 746 W. A área total de parede é a soma das paredes dos quatro lados da sala, já que consideramos que as janelas têm a mesma troca térmica que as paredes, e tanto o piso quanto o teto não serão considerados: A A A onde A m A m A T T � � � � � � � � � � � �� � � � � 2 2 18 3 54 5 3 15 2 54 2 15 1 2 1 2 2 2 ( ) ( ) ��138 2m Considerando que a área dasquinas das paredes, onde deve ser levada em conta a transferência de calor bidimensional, é pequena em relação ao resto, utilizaremos a equação de Fourier da condução térmica para o caso unidimensional. Atenção: para o caso estudado, não era necessário fazer a transformação das unidades de tempe- ratura, já que as duas escalas, Celsius e Kelvin, possuem a mesma variação, mas sempre aconselho a trabalhar com a unidades do Sistema Internacional de Unidades (SI), pois, dessa forma, vocês aumen- tarão a margem de acertos. Q kA T L Q W m K m K cond cond � � � � � � � � � � � � � D 0 6 138 313 15 296 15 0 2, ( , , ) ,22 7038 m Q Wcond � � Agora, para descobrir o valor da potência em (HP), basta efetuar a transformação de unidades. Q HPcond ≈ 9 5, 03. EXEMPLO Um reator de paredes planas com espessura de 50 cm foi construído em aço inox e tem formato cúbico com 2 m de lado interno. A temperatura no interior deste reator é de 600 °C, enquanto o coeficiente de convecção interno é h W m Ki = 52 2( / ) . Tendo em vista o alto fluxo de calor, será necessário isolar o reator, termicamente. Para este feito, foi providenciado um material isolante com condutividade térmica de k W mKiso = 0 05, ( / ) . Considere que o aço inox tem condutividade térmica de k W mKaço =15( / ) e que o coeficiente de película externo é h W m Ke = 5 2( / ) , calcule: UNIDADE 1 31 • Qual é o fluxo de calor sem o isolamento térmico, considerando que o ar externo ao reator se encontra a 20 °C? • A espessura do isolamento a ser usado, sabendo que a temperatura do isolamento, na face ex- terna, não deve ser maior do que 35 °C. • Qual é a redução do fluxo de calor, após o uso da parede de isolamento? Section B-B 3 m 2 m 0, 5 m B B Descrição da Imagem: a ilustração representa o reator analisado. Nesta imagem, é possível verificar que ele tem formato cúbico com aresta externa de 3 m e aresta interna de 2 m, ocasionando uma parede com espessura de 0,5 m. Figura 11 - Representação de um reator em formato cúbico / Fonte: o autor. Para solucionar este problema, devemos considerar a área interna total formada por seis placas, cada uma com uma área de A miT � � �2 2 4 2 , com isso, temos uma área total interna de 24 m². A área externa total é calculada de forma análoga, então, temos: A meT � � � �6 3 3 54 2 . Para calcular o fluxo de calor antes da aplicação do isolamento, utilizaremos a equação de transfe- rência de calor, conjuntamente, com o conceito de resistência térmica. Dessa forma, temos: Q T R T T h A L k A h A Q T i e i iT aço iT e eT � � � � � � � � � � � � D 1 1 600 273 15 20( , ) ( 2273 15 1 52 24 0 5 15 24 1 5 54 580 8 01 10 1 38 10 3 74 3 , ) , , , , � � � � � � � � � �� � Q 00 10 98622 68 98 62 3� � � � Q W kW, , UNICESUMAR 32 Após a aplicação do isolamento térmico, calcularemos o fluxo de calor presente na camada limite externa, como: Q T R T T h A Q W T iso e e eT � � � � � � � � D 1 35 20 1 5 54 4050 A fim de descobrir a espessura necessária de isolamento térmico, basta fazer a análise levando em conta todas as resistências térmicas até a parede externa do isolamento, com relação ao fluxo de calor encontrado, anteriormente: Q T R T T h A L k A L h A T i e iso i iT aço iT iso e eT � � � � � � � � D , 1 Após alguma álgebra, temos: L T T Q h A L k A k iso i e iso iso i iT aço iT is� �� � � � � � � �� � � �� � � � � � � � � �, 1 oo eT iso iso A Q L � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 562 4050 1 52 24 0 5 15 24 0 05 5, , 44 4050 0 3687 37L m cmiso � , Para obtermos o percentual da redução do fluxo de calor, só precisamos calcular a razão entre a taxa de transferência de calor, depois da aplicação de isolamento térmico, em relação ao valor sem o isola- mento térmico. Dessa forma, temos: Q Q Q kW W kW iso� � � � � 98 62 4050 98 62 0 958 96, , , % 04. EXEMPLO No duto de uma indústria, escoa um vapor de água saturado a 44 Mpa e 210 °C. Considere que o tubo possui uma parede fina com diâmetro externo igual a 25 cm. A tubulação atravessa um amplo recinto de 10 m de comprimento, o ar contido neste recinto tem coeficiente de convecção igual a 6 W/m² K e temperatura igual a 25 °C. Deseja-se pintar a superfície externa do duto de maneira que o vapor interno do tubo deixe o recinto com, apenas, 5% de sua massa não condensada. Para isso, a empresa dispõe de três tintas com as respectivas emissividades: tinta A = 0,75; tinta B = 0,67 e tinta C = 0,60. Tem-se que o calor latente de vaporização nestas condições é 404 Kcal/Kg, considerando que não há transferência de calor por meio de condução. Com qual tinta devemos pintar o tubo, sabendo que a vazão de vapor é de 60 kg/h? UNIDADE 1 33 1º passo: calcular a área do tubo no interior do recinto. Como se trata de um tubo cilíndrico, usamos a relação: A rL mT � � � � �2 2 0 125 10 7 85 2p p , , 2º passo: identificar qual é a quantidade de calor liberada no processo de condensação. Para isso, utilizaremos a equação do calor latente: Q m L� � onde: m = o fluxo mássico; L = o calor latente de vaporização. Fazendo a transformação de todas as grandezas para o SI, temos: Q kg s kJ kg W� � � �0 016 0 95 1 690 34 25, , , , 3º passo: analisar o fluxo de calor. O fluxo que encontramos é a soma das contribuições dos mecanis- mos de convecção e radiação. Dessa forma, temos: Q Q Q hA T T A Tcond rad s s s� � � � ��( ) ε σ 4 4º passo: efetuar os cálculos. Ao isolar a emissividade térmica da equação anterior, substituir os res- pectivos valores e aplicar as devidas conversões de unidades, temos: ε σ ε � � � � � � � � � � � � � � � Q hA T T A T kW W m K m s s s s ( ) , ( , 4 2 225 6 7 85 483 15 298,, ) , , ( , ) , 15 7 85 5 6697 10 483 15 0 67 2 8 2 4 K m W m K K � � � � � � � � � � � � � � � � � ε Assim, concluímos que, para atender às premissas do projeto, o duto da indústria deverá ser pintado com a tinta B. • Trocadores de calor: vocês lembram dos trocadores de calor? Na refrigeração e no condi- cionamento de ar, estes dispositivos são de grande valia, pois têm a capacidade de promover a troca térmica entre dois fluidos. Estes devem ter temperaturas distintas, uma vez que o calor UNICESUMAR 34 (energia em trânsito do sistema) é um processo que ocorre, naturalmente, de um corpo com temperatura mais elevada para um corpo com menor temperatura. Este processo é, comple- tamente, explicado pelas três leis da termodinâmica. Como descrito no trabalho de Incropera e Dewitt (2008), o processo de troca de calor ocorre em muitas aplicações da Engenharia. Algumas das aplicações específicas são: aquecimento e condicionamento de ambiente, recu- peração de calor, processos químicos, entre outros. Já no que tange ao equipamento trocador de calor, este costuma ser nomeado como: aquecedor, resfriador, condensador, evaporador, torre de refrigeração, caldeira etc. No processo de transferência de calor, no que tange aos trocadores de calor, é considerado uma combinação entre os métodos de condução e convecção. Dessa forma, os cálculos necessários se tornam mais simples. A fim de facilitar esta análise, é conveniente trabalhar com um coeficiente global (U) de transferência de calor. Dessa forma, escreveremos a equação da transferência de calor como: Q U A T T RT � � � �D D Outro conceito matemático fundamental, no que diz respeito aos trocadores de calor, é a média logarítmica das temperaturas. Este fundamento é usado para descrever as diferenças de temperaturas entre os fluidos quente e frio existentes no interior do trocador de calor, e costuma ser escrito como: D D D D D T T T T T ln ln � � � � � � � � 1 2 1 2 onde: DT1 e DT2 = representam as diferenças de temperatura entre os dois fluidos em ambas extre- midades (entrada e saída) do trocador de calor. É importante ressaltar que não faz nenhuma diferençaqual extremidade do trocador de calor é adotada como entrada ou saída. Agora que vimos os principais conceitos matemáticos relacionados aos trocadores de calor, reveremos alguns dos modelos mais usados e, também, faremos alguns exemplos para facilitar o nosso entendimento em relação a este assunto. Os trocadores de calor são classificados de acordo com o tipo de construção ou em função da configuração do escoamento. UNIDADE 1 35 Serpentina: este trocador de calor é composto por uma ou mais serpentinas enroladas na forma de espiral e introduzidas em uma carcaça, como mostra a Figura 13. A área de troca de calor é a área da serpentina, isso faz com que a transferência de calor associada a um tubo espiral seja mais alta do que para um trocador de calor duplo tubo. Além disso, uma grande superfície pode ser acomodada em determinado espaço, devido à utilização das serpentinas. Este método tem ampla flexibilidade de aplicação, mas o principal problema deste tipo de trocador de calor é a limpeza do sistema, ação que deve ser feita com certa frequência, para manter a eficiência da troca térmica. Esta tem a possibilidade de ser afetada, drasticamente, por causa do aumento da resistência térmica total. Quente entrando Frio entrando Frio entrando Quente entrando Quente saindo Frio saindo Frio saindo Quente saindo (a) Escoamento paralelo (b) Escoamento contracorrente Descrição da Imagem: a figura mostra a ilustração de um trocador de calor tipo casco tubo. No lado esquerdo, é demonstrado um trocador de calor com a configuração de escoamento paralelo, este tem, como característica, fluidos que correm no mesmo sentido. Já no lado direito, é apresentado um trocador de calor com uma configuração. contracorrente. Figura 12 - Trocadores de calor / Fonte: Çengel e Ghajar (2012, p. 144). • Duplo tubo: este é o modelo mais simples de trocador de calor. É composto por dois tubos concêntricos com diâmetros distintos, por isso, recebe este nome de duplo tubo. Ele costuma ter dois tipos de arranjo de escoamento, como visto na Figura 12. O escoamento paralelo acontece quando os fluidos quente e frio entram no trocador de calor na mesma extremidade e avançam no mesmo sentido. No escoamento contracorrente, os fluidos quente e frio en- tram no trocador de calor em extremos opostos e escoam em sentidos opostos. Geralmente, é usado em aplicações de pequenas capacidades. UNICESUMAR 36 Casco e tubo ou multitubular: trata-se do tipo mais comum de trocador de calor, compreendendo diversos subtipos e configurações, os quais dependem da aplicação. O modelo casco tubo também é conhecido pela sigla C-e-T e tem os seguintes componentes: • Casco: elemento metálico de formato cilíndrico cuja função é envolver o feixe tubular. É fabri- cado de diferentes maneiras, de acordo com as suas dimensões. • Bocais: são responsáveis por admitir e ejetar os fluidos. Tradicionalmente, são protegidos por ligas especiais para amenizar o efeito corrosivo dos fluidos. • Tubos: promovem a área de troca térmica entre as duas correntes de fluido. Ou são lisos ou têm aletas de baixo perfil. Os tubos têm o seu movimento restringido pelos espelhos. • Espelhos: são uma espécie de painel circular onde os tubos são fixados. • Chicanas ou defletores: são usados para dar suporte aos tubos contra vibrações e flexões e auxiliam, também, no direcionamento do fluido. Entrada de �uído refrigerante vapor Saída de �uído refrigerante líquido Entrada de água Saída de água quente Descrição da Imagem: a ilustração apresenta um trocador de calor tipo serpentina, no qual temos o fluido passa por dentro da serpentina, enquanto o outro passa por dentro do casco, fazendo contato externo com a serpentina. Figura 13 - Trocador de calor tipo serpentina / Fonte: Silva (2019, p. 87). UNIDADE 1 37 Placa: os trocadores tipo placa estão disponíveis em diversas formas diferentes: espiral, placa e quadro, placa com aletas soldadas, placa com aletas e tubo. Basicamente, eles consistem em um pacote comprimido por parafusos e formado por finas placas metálicas corrugadas. Entre cada par de placas, são usadas gaxetas para formar canais de escoamento, pelos quais os fluidos quente e frio circulam, alternadamente, trocando calor através das placas metálicas. As suas principais vantagens são alto desempenho térmico, bom controle de temperatura, flexibilidade, economia de espaço e versatilidade. Descrição da Imagem: a figura mostra a ilustração de um trocador do tipo caso e tubo, no qual são evidenciados os seus principais componentes. Figura 14 - Trocador casco e tubo / Fonte: Araújo (2002, p. 16). No link, a seguir, há uma montagem de um trocador de calor modelo casco e tubo, em software CAD. Estas ferramentas são essenciais para minimizar erros durante o projeto e a fabricação. Para acessar, use seu leitor de QR Code. Na Figura 14, é possível identificar todas as partes já mencionadas, entre outras. https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/14326 UNICESUMAR 38 A Figura 15, a seguir, traz diferentes modelos de trocadores a placa. Descrição da Imagem: a figura mostra a ilustração de um trocador de calor do tipo placas. Figura 15 - Trocador de calor do tipo placas / Fonte: Silva (2019, p. 88). Com o objetivo de lembrarmos, ainda mais, dos conceitos dos trocadores de calor, veremos a resolução de mais um exemplo. Aconselho que vocês leiam o enunciado e tente solucioná-lo. A posteriori, confira se vocês obtiveram os mesmos resultados desenvolvidos em cada exemplo. 05. EXEMPLO Considere um trocador de calor casco e tubos cujos tubos possuem 1 polegada de diâmetro externo. Este trocador é utilizado para resfriar uma solução que apresenta o calor específico c J kg Ks � �3150( / ) , este fluido entra no trocador de calor com a temperatura de 72 °C e sai com a temperatura de 40 °C, a sua vazão mássica é 6,95 kg/s. O fluido refrigerante utilizado é a água, tem um calor específico de c J kg Ka � �4187( / ) . A água entra no trocador com a temperatura de 10°C e a vazão mássica é 8,5 kg/s. O trocador tem 72 tubos, e o coeficiente global de transferência de calor, o qual se baseia na área externa de um tubo, é igual a 568 (W/m² K). Calcule a área de troca e o comprimento do trocador para cada uma das seguintes configurações: a) Trocador com correntes em paralelo. b) Trocador em contracorrente. 1º passo: analisaremos qual é a taxa de calor que a solução está perdendo para o fluido refrigerante, conside- rando que a solução não sofre nenhuma transformação de estado físico. Usaremos a equação do calor sensível: UNIDADE 1 39 Q m c T Q kg s J kg K s s s � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � D 6 95 3150 345 15 313, ( , ,115 700 5 ) , K Q kWs � 2º passo: identificar qual é a temperatura de saída da água. Para isso, considere que todo calor cedido pela solução a ser resfriada é absorvido pelo fluido refrigerante. Tem-se que: Q Q m c T m c T s a s s s a a a = =D D Isolando a temperatura de saída da água e substituindo os respectivos valores, temos: T kg s J kg K K kg s Asai � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 6 95 3150 32 8 5 4187 , , JJ kg K K K C � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �283 15 302 83 30, ( ) , 3º passo: agora, calcularemos a média logarítmica das temperaturas. Primeiro, consideramos um trocador de calor com correntes em paralelo, onde: D D D T T T C T T T C T p ent ent cc sai sai c S A S A 1 2 72 10 40 30 � � � � � � � � � � ( ) ( ) ln cc C� �28 5, Para o caso do trocador de calor do tipo contracorrente, temos que as temperaturas são: D D D T T T C T T T C T cc ent sai cc sai ent S A S A 1 2 72 30 40 10 � � � � � � � � � � ( ) ( ) lnccc C� �35 66, 4º passo: a fim de descobrir qual é a área de troca térmica e o comprimento dos trocadores de calor para ambas situações, basta isolar a área na equação de transferência de calor, a qual pode ser escrita na forma:A Q U Tp � �D ln Para o caso do trocador de calor com fluxo em paralelo: A kW W m K K mP � � � � � � � � � � � � � � 700 5 568 28 5 43 73 2 2, , , UNICESUMAR 40 Agora, usamos a expressão, a seguir, para identificar qual é o compri- mento necessário do trocador de calor: A rLn= 2p onde: r = o raio do tubo; L = o comprimento; n = a quantidade de tubos. Isolando L e substituindo os respectivos valores, temos: L m m mp � � � � 43 73 0 0254 72 7 62 2, , , p 5º passo: basta efetuar os cálculos referente à área e ao comprimento, para o caso do trocador de calor do tipo contracorrente. Então, temos que: A kW W m K K m L m cc cc � � � � � � � � � � � � � � � � 700 5 568 35 66 34 58 34 58 0 2 2 2 , , , , p ,, , 0254 72 6 01 m m � � Para este caso em específico, verificaremos que o trocador de calor do tipo contracorrente é mais compacto do que o trocador de calor com fluxo paralelo. Esta característica viabilizaria, talvez, um projeto com o qual estamos tendo alguns problemas em relação às dimensões. Por isso, é necessário ter o conhecimento básico deste conteúdo. Durante esta unidade, conseguimos relembrar de diversos tópicos so- bre a termodinâmica, os quais usaremos no decorrer de toda a disciplina. Vimos as propriedades básicas da termodinâmica, conjuntamente, com as suas unidades de medidas bem como os métodos de transferência de calor. Finalizamos com alguns dos principais trocadores de calor, equipa- mentos fundamentais nos ciclos de refrigeração e condicionamento de ar. Após concluir esta unidade, responderemos, com propriedade, o porquê de o gelo derreter mais rápido em um copo de alumínio: é devido à condução térmica do alumínio, a qual consegue transferir o calor do meio externo, mais rapidamente, do que o copo de plástico. Com o intuito de obter uma resposta mais técnica, basta comparar a condutividade térmica dos dois materiais, e veremos que o alumínio tem condutividade muito maior do que o plástico. Olá, aluno(a)! Neste podcast, con- versaremos, um pouco mais, so- bre o assunto que trabalhamos na unidade. Acesse pelo QRCode. https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/9831 41 1. Qual é o mecanismo de transferência de calor sem a necessidade da presença de um meio material para a sua propagação? Assinale a alternativa correta: a) Convecção. b) Difusão térmica. c) Condução. d) Radiação. e) Emissividade térmica. 2. Qual das alternativas representa as temperaturas, a seguir, reescritas, respectivamente, no padrão do Sistema de Internacional de Unidades (SI), 25°C, 72,5°F e 300 K? Assinale a alter- nativa correta: a) 25 °C, 22,5 °C, 27 °C. b) 298,15 K, 295,65 K, 300 K. c) 25 °C, 32 °C, 30°C. d) 298,15 K, 345,5 K, 300 K. e) 77 °F, 72,5 °F, 80,33 °F. 3. O vapor no condensador de uma termoelétrica deve ser condensado a uma temperatura de 30 °C, por meio da água de refrigeração de um lago próximo, a qual entra nos tubos do con- densador a 14 °C e os deixa a 22 °C. A superfície dos tubos tem 45 m², e o coeficiente global de transferência de calor é de 2100 W/m² K. Determine, respectivamente, a vazão mássica necessária da água de resfriamento e a taxa de condensação do vapor no condensador. O calor de vaporização da água a 30 °C é L kJ kgv � � �2431 / , enquanto o calor específico da água fria, na temperatura média de 18 °C, é c J kg Kp � �� �4184 / . Considere o condensador como um trocador de calor contracorrente, já que a temperatura de um dos fluidos (vapor) permanece constante. Após os cálculos, assinale a alternativa correta: a) 32,5 kg/s e 0,45 kg/s. b) 38,7 kg/s e 1 kg/s. c) 7 kg/s e 0,33 kg/s. d) 45,3 kg/s e 0,75 kg/s. e) 17 kg/s e 5 kg/s. 42 2 Nesta unidade, veremos os principais ciclos de refrigeração, como também aprenderemos a calcular o trabalho necessário para o seu funcionamento, o Coeficiente de Performance, entre outras características dos ciclos. Veremos que, para analisar esses, ciclos é muito importante a utilização dos diagramas de pressão x entalpia e temperatura x entropia. Ciclos de Refrigeração Me. Rodrigo Alkimim Faria Alves UNICESUMAR 44 Nesta unidade, analisaremos quais são os ciclos das maquinas de refrigeração. Será que o aparelho de ar-condicionado funciona da mesma maneira de uma geladeira? Qual é a principal diferença entre os ciclos de refrigeração e os ciclos de potências? Como é do conhecimento de vocês, o(a) engenheiro(a) é um(a) solucionador(a) de problemas e, para que ele(a) possa fazer isso, é necessário conhecer o âmago do equipamento. Pensando nisso, nesta unidade, estudaremos, a fundo, alguns dos principais ciclos de refrigeração, pois, dessa forma, vocês entenderão o funcionamento e quais são as características destes sistemas. Assim, no futuro, vocês poderão trabalhar com a manutenção e o aprimoramento desta tecnologia. Você já pensou como é possível retirar calor de um meio e o transportar para outro meio com temperatura mais elevada? Tal feito parece improvável, quando analisamos, somente, a lei zero da termodinâmica, pois, a partir dela, conseguimos demonstrar que o calor se propaga, naturalmente, de uma região mais quente para uma região mais fria. Entretanto, hoje em dia, estamos rodeados de equipamentos que conseguem fazer o calor se pro- pagar do meio mais frio ao meio mais quente: o ar-condicionado, a geladeira, entre tantos outros. Que tal explorar como isso é possível? Para entender o porquê de as máquinas de refrigeração tornarem possível essa transferência de calor, sugiro que você tente imaginar as principais partes do ciclo térmico, isoladamente, e avalie o que é necessário acontecer em cada etapa, para que o processo seja efetuado. Em seguida, anote, no seu Diário de Bordo, as suas conclusões. UNIDADE 2 45 De modo geral, a refrigeração trata-se da transferência de calor de uma região com temperatura mais baixa para outra com temperatura mais alta. Os equipamentos capazes de fazer este processo são chamados de refrigeradores, e os ciclos nos quais eles operam são chamados de ciclos de refrigeração. Nesta unidade, estudaremos os principais ciclos de refrigeração, sendo eles: refrigeração de Carnot, refrigeração por compressão de vapor, refrigeração a gás, refrigeração por absorção e refrigeração em cascata. Como estudamos, anteriormente, o processo de transferência de calor ocorre, de forma natural, na direção da temperatura mais elevada até a região de menor temperatura. Já para o caso do processo inverso, da temperatura mais baixa para a temperatura mais alta, é necessário o uso de uma tecnologia externa, conhecida como refrigerador. Dispositivos como o refrigerador têm um funcionamento cíclico, e os fluidos utilizados nesses processos são denominados refrigerantes. Há, também, outro dispositivo com esta mesma função, o qual é conhecido como bomba de calor. Estes dois equipamentos possuem os mesmos princípios de funcionamento, o diferencial de cada um reside no objetivo. Por exemplo, o objetivo de um refrigerador é manter o espaço refrigerado em baixa temperatura, removendo o calor deste ambiente. O calor retirado desse meio é rejeitado em outro meio, o qual se encontra em temperatura mais alta. Já uma bomba de calor visa a manter um espaço aquecido em alta temperatura, quando comparado com o seu exterior. Neste processo, o calor absorvido advém de uma fonte com menor temperatura, por exemplo: retirar calor da água de um poço e ceder esse calor a um meio mais quente, o interior de uma casa. Para avaliarmos o desempenho das bombas de calor e dos refrigeradores, usamos a definição do Coeficiente de Performance (COP), que é análogo ao conceito de eficiência. Este, por sua vez, é bastante empregado nos ciclos de potência. De acordo com Çengel e Ghajar (2012), tal fator pode ser definido como: COP O que você quer O que você fornece Efeito de resfriamen R Carnot, = = tto Entrada de trabalho Q W COP O que você quer O q L liq ent BC Carnot = = , , uue vocêfornece Efeito de aquecimento Entrada de trabalho Q W H liq = = ,,ent É importante ressaltar que o Coeficiente de Performance é um valor que pode ser maior do que 1, diferentemente do que acontece com o conceito de eficiência térmica. Como você já deve ter visto, o ciclo de Carnot é um ciclo ideal, composto por dois processos isotér- micos e dois processos adiabáticos e tem mais eficiência térmica, dentre todos os ciclos funcionando nas mesmas temperaturas. E, por se tratar de um ciclo reversível, todos os quatro processos são passíveis de reversão. Como descrito por Çengel e Ghajar (2012), a reversão do ciclo também reverte as direções das interações de calor e trabalho. O resultado é um ciclo que opera na direção anti-horário, em um diagrama Temperatura-Entropia (T-S), o qual é chamado de ciclo de Carnot reverso. Um refrigera- dor ou uma bomba de calor que operam no ciclo de Carnot reverso são chamados de refrigerador de Carnot ou bomba de calor de Carnot. UNICESUMAR 46 Esse ciclo opera no sentido inverso, transferindo energia do nível mais baixo de temperatura para o mais alto e, para que isso ocorra, é necessária a aplicação de trabalho externo. Na Figura 1 (a), visualizare- mos o esquema de um refrigerador de Carnot, enquanto a Figura 1 (b) representa o ciclo de calor reverso. Os processos representados nas figuras, a seguir, são: • 1-2: recebimento isotérmico de calor da fonte fria; • 2-3: compressão adiabática; • 3-4: rejeição isotérmica de calor para fonte quente; • 4-1: expansão adiabática. Descrição da Imagem: as figuras mostram duas representações do ciclo de refrigeração de Carnot. A Figura 1 (a) ilustra um dia- grama T (linha vertical) e s (linha horizontal), no centro, formando um quadrado com uma conexão em loop, partindo dos pontos 1 (inferior esquerdo), 2 (inferior direito), 3 (superior direito) e 4 (superior esquerdo). No intervalo do ponto 1 para o 2, há uma seta voltada para cima, com denominação “QL”. Entre os pontos 4 e 3, há uma seta, também, para cima, representando “QH”. Uma curva passa nos pontos 4 e 3. A Figura 1 (b) mostra um ciclo de refrigeração onde, no intervalo de 1 para 2, existem ondas paralelas e uma seta apontando para uma nuvem, onde está escrito “Meio frio a TL”, do lado da seta, está escrito “QL” e, em cima da resistência, está escrito “Evaporador TL”. A partir do sentido anti-horário, acima do ponto 2, vê-se um cone na horizontal, denominado “Compressor”, entre os pontos 3 e 4, há um cilindro na horizontal, cuja seta aponta para cima, em direção a uma nuvem, onde está escrito “Meio aquecido a TH”. Do lado da seta, está escrito QH, embaixo do cone, está escrito “TH condensador”. Entre os pontos 4 e 1, vê-se um cone na horizontal, descrito como “Turbina”. Em ambas as figuras, é evidenciado o sentido da propagação do calor. Figura 1 (a) - Diagrama do ciclo de refrigeração de Carnot; Figura 1 (b) - Ciclo de refrigeração de Carnot Fonte: Çengel, Boles e Buesa (2006, p. 89). Os Coeficientes de Performance do refrigerador de Carnot e das bombas de calor de Carnot costumam ser desenvolvidos com base nas temperaturas das fontes quente e fria. Dessa forma, temos: COP Q W Q Q Q T T T T T COP R Carnot L liq ent L H L L H L H L BC , , , | | | | | | � � � � � � � 1 1 CCarnot H liq ent H H L H H L L H Q W Q Q Q T T T T T � � � � � � �, | | | | | | 1 1 UNIDADE 2 47 Observe que ambos os COPs aumentam à medida que a diferença entre as duas temperaturas diminui, ou seja, à medida que TL aumenta ou que TH decai. O ciclo de refrigeração de Carnot tem o maior Coeficiente de Performance dentre todos os ciclos de refrigeração que operam no mesmo intervalo de temperatura. Mas, infelizmente, ele é impossível de ser implementado, na prática. Agora, veremos os quatros processos que esse ciclo possui, a fim de entender a sua impossibili- dade. No que diz respeito aos dois processos iso- térmicos, existe certa viabilidade, afinal, para que esses processos fossem realizados, seria necessário efetuar uma troca térmica a qual, somente, afetasse o calor latente das misturas, processo que manteria as temperaturas constantes para as duas etapas em questão. Assim, os processos 1-2 e 3-4 podem ser muito próximos dos obtidos em evaporadores e condensadores reais. Já para os processos 2-3 e 4-1 existem duas inconsistências: uma, que seria necessário um compressor que trabalhe com duas fases — líquida e vapor — a outra impossibilidade é dada pela necessidade de a turbina trabalhar com alto teor de umidade. O que não é razoável, pois as gotículas de água, dentro da turbina, deteriorariam os seus componentes, inviabilizando o seu uso. Dessa forma, temos que o ciclo de refrigeração de Carnot não pode ser aproximado por dispo- sitivos reais, e não é um modelo realista para os ciclos de refrigeração. Entretanto, o ciclo de Car- not reverso é capaz de servir como um padrão de comparação aos demais ciclos de refrigeração. Como vimos, o ciclo de Carnot apresenta certas inconsistências práticas e, para sanar estes proble- mas, foi idealizado outro ciclo, o qual é conhecido como ciclo ideal de refrigeração por compressão de vapor. Este apresenta, enquanto principal di- ferença, a substituição da turbina por um dispo- sitivo de estrangulamento, como uma válvula de expansão ou um tubo capilar. O esquema desse ciclo é demonstrado na Figura 2 (a). Por meio dele, é possível explicar o funciona- mento de alguns sistemas de ares-condicionados, bombas de calor e refrigeradores. Na Figura 2 (b), temos o diagrama Temperatura-Entropia (T-s) desse ciclo, o qual é constituído pelos respectivos processos termodinâmicos: Processo 1→2: ocorre no compressor, sendo um processo adiabático reversível. O fluido refrigerante entra no compressor à pressão do evaporador P1 , a qual se refere à curva isobárica localizada na parte inferior do diagrama (T-s). O fluido tem o seu título igual a 1 e, vale lembrar que, quando o título é igual a 1, significa que o fluido se encontra no estado de vapor saturado. O refrigerante é, então, comprimido até atingir a pressão de condensação P2 , representada pela curva isobárica de posição mais elevada. Ao sair do compressor, o fluido refrigerante encontra-se no estado de vapor superaquecido à temperatura T2 , a qual é maior do que a temperatura de condensação Tc . Processo 2→3: ocorre no condensador, sendo um processo de dispersão de calor, no qual o fluido refrigerante cede calor para o meio externo, am- biente que não está sendo resfriado. Esse processo acontece à pressão constante, e o refrigerante é res- friado da temperatura T2 até a temperatura de con- densação Tc . Estes fatores fazem com que o fluido refrigerante entre como vapor superaquecido e saia como líquido saturado com temperatura T3 , que é igual à temperatura Tc . Processo 3→4: acontece no dispositivo de expan- são, sendo uma expansão irreversível, a qual ocorre sem alteração da entalpia, processo também conheci- do como isentálpico. Nesta etapa, o líquido saturado sofre descompressão de P2 para P1 bem como a diminuição da temperatura de T3 para T4 . É im- portante lembrar que esta temperatura T4 é menor do que a temperatura do espaço a ser resfriado. Este processo faz o líquido saturado transformar-se em um vapor úmido, isso quer dizer que o fluido, agora, UNICESUMAR 48 é uma mistura de líquido e gás. Outro fato relevante nesta etapa é que, por se tratar de um processo irrever- sível, a entropia do fluido refrigerante na saída do dispositivo de expansão s4 é maior do que a entropia do refrigerante na sua entrada s3 . A linha pontilhada entre os pontos 3 e 4’ representa um processo reversível. Processo 4→1: ocorre no evaporador, sendo um processo de transferência de calor à pressão constante P1 e temperatura constante T4 . Tal evento faz com que o vapor úmido atinja o estado de vapor saturado seco (x = 1). Observe que o calor transferido ao refrigerante, no evaporador,
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