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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AMBIENTE CONSTRUÍDO E 
PATRIMÔNIO SUSTENTÁVEL 
 
June Elaine Minomi 
 
 
 
 
 
Contribuições para a caracterização da paisagem minerária: 
Mina Córrego do Meio 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Belo Horizonte 
2020 
 
June Elaine Minomi 
 
 
 
 
 
 
Contribuições para a caracterização da paisagem minerária: 
Mina Córrego do Meio 
 
 
 
 
Dissertação apresentada como parte dos requisitos para 
obtenção do título de Mestre em Ambiente Construído e 
Patrimônio Sustentável, do Programa de pós-graduação 
em Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável da 
Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas 
Gerais. 
Linha de Pesquisa: Paisagem e Ambiente 
Orientador: Profa. Staël de Alvarenga Pereira Costa, Dra. 
 
 
 
 
 
 
 
Belo Horizonte 
2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
 
M666 
 
 
Minomi, June Elaine. 
 Contribuições para a caracterização da paisagem minerária 
[manuscrito] : Mina Córrego do Meio / June Elaine Minomi. - 2020. 
 253 f. : il. 
 
 Orientadora: Staël de Alvarenga Pereira Costa. 
 
 Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Minas Gerais, 
Escola de Arquitetura. 
 
 
1. Minas e recursos minerais – Teses. 2. Paisagem - Proteção – 
Teses. 3. Proteção ambiental – Teses. 4. Impacto ambiental – Teses. I. 
Costa, Stael de Alvarenga Pereira. II. Universidade Federal de Minas 
Gerais. Escola de Arquitetura. III. Título. 
CDD 333.72 
 
 
 Ficha catalográfica: Elaborada por Andreia Soares Viana – CRB 6/2650. 
 
June Elaine Minomi 
Contribuições para a caracterização da paisagem minerária: 
Mina Córrego do Meio 
 
O presente trabalho em nível de mestrado foi avaliado e aprovado por banca 
examinadora composta pelos seguintes membros: 
 
Prof. Flávio de Lemos Carsalade, Dr. 
Instituição EA/UFMG 
 
Prof.(a) Luciana Bongiovanni Martins Schenk, Dr.(a) 
Instituição IAU/USP 
 
Prof.(a) Maria Giovana Parizzi, Dr.(a) 
Instituição IGC/UFMG 
 
Prof.(a) Staël de Alvarenga Pereira Costa, Dr.(a) 
Instituição EA/UFMG - Orientadora 
 
Certificamos que esta é a versão original e final do trabalho de conclusão que foi 
julgado adequado para obtenção do título de mestre em Ambiente Construído e 
Patrimônio Sustentável. 
 
 
____________________________ 
Coordenação do Programa de Pós-Graduação 
em Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável 
 
____________________________ 
Prof.(a) Staël de Alvarenga Pereira Costa, Dr.(a) 
Orientador(a) 
 
 
 
Belo Horizonte, 2020. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
"O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de 
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de 
Financiamento 001, e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas 
Gerais – FAPEMIG ". 
 "This study was financed in part by the Coordenação de Aperfeiçoamento de 
Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Finance Code 001, and by the 
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais – FAPEMIG ". 
AGRADECIMENTOS 
 
À Prof. Dra. Stael de Alvarenga Pereira Costa pela cuidadosa orientação, apoio e 
confiança. 
Aos professores que fizeram parte da banca de qualificação e defesa, Flávio de 
Lemos Carsalade, Maria Giovana Parizzi e Luciana Bongiovanni Martins Schenk, 
cujas contribuições enriqueceram esta pesquisa acadêmica. 
À Prof. Dra. Elisangela de Almeida Chiquito pela receptividade na Escola de 
Arquitetura e Urbanismo – UFMG para o desenvolvimento do meu estágio 
acadêmico e incentivo neste desafio. 
Ao Laboratório de Paisagem, corpo docente, corpo discente, coordenação e 
secretaria do PPG-ACPS, por todo o suporte necessário para que este trabalho 
fosse concluído e apresentado. 
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais – FAPEMIG, pela 
bolsa de estudo de Mestrado nos anos de 2019 e 2020. 
Ao diretor Diogo Costa e engenheiros Fabiano Mendanha, Jussara Januário e 
Demetryus Oliveira da Diretoria de Geociências, Planejamento de Longo Prazo e 
Uso Futuro da Vale S.A., pela atenção e disponibilidade em fornecer informações e 
materiais para a pesquisa documental e de campo da Mina Córrego do Meio. 
Ao futuro arquiteto e urbanista Marcus Barbosa pelo profissionalismo e dedicação na 
elaboração dos mapas temáticos desta pesquisa. 
Aos meus familiares e amigos pelo incentivo e apoio neste desafio. Em especial aos 
meus pais, sogra, irmão, Nicholas e Renata. 
Por fim, agradeço ao Branco, Tomás e Bruno, que sempre estiveram ao meu lado e 
entenderam a minha ausência nos momentos em família. 
 
RESUMO 
A presente dissertação compreende paisagem como um fragmento do território, que 
se conforma e se modifica espacialmente de acordo com a dinâmica das relações 
ambientais, econômicas e socioculturais. Esta pesquisa visa compreender como 
caracterizar a paisagem minerária através de uma abordagem interdisciplinar e 
holística, com a finalidade de contribuir com a proposta de novo uso das áreas 
mineradas e também na gestão da paisagem. Para se atingir o objetivo do trabalho, 
foram interpretadas metodologias sobre a paisagem; verificadas possíveis lacunas 
existentes nos instrumentos de ordenamento e gestão do território em relação às 
áreas mineradas; e identificados os fundamentos de práticas de novos usos dessas 
áreas. Esse embasamento teórico permitiu um maior entendimento do conceito de 
caráter da paisagem e das áreas mineradas, proporcionando condições para elencar 
os principais aspectos a serem considerados na caracterização da paisagem 
minerária. Nesta pesquisa, foram analisados trabalhos que adotam métodos 
baseados nas teorias de planejamento da paisagem, tais como, Design with Nature 
de Ian L. McHarg e Ecologia da Paisagem de Richard T.T. Forman, bem como 
trabalhos fundamentados na Landscape Character Assessment (LCA). Diante do 
reconhecimento do valor da paisagem do Quadrilátero Ferrífero, esta pesquisa 
sustenta a hipótese de que a caracterização da paisagem deve estar integrada ao 
processo de elaboração do novo uso da área minerada, viabilizando a sua 
reintegração no território sob a perspectiva ambiental, econômica e sociocultural. 
Espera-se que o resultado desta dissertação contribua para a reflexão sobre o futuro 
das áreas pós-mineradas e, em certa medida, possa auxiliar os envolvidos no 
processo de fechamento de mina a buscarem propostas adequadas para essas 
áreas. 
Palavras-chave: Caracterização da paisagem. Paisagem minerária. Áreas 
mineradas. 
 
ABSTRACT 
 
 
This dissertation defines landscape as a fragment of the territory, which conforms 
and changes spatially according to the dynamics from environmental, economic and 
socio-cultural relationships. This research aims to understand how to characterize the 
mining landscape through an interdisciplinary and holistic approach, with the purpose 
of contributing for new use of mined areas and in landscape management as well. To 
achieve this objective, methodologies on the landscape were interpreted; potential 
existing gaps were verified in the territorial planning and management instruments 
related to the mined areas; and the fundamentals of practices for new uses of these 
areas were identified. This theoretical basis allowed a greater understanding of the 
concept of landscape character and mined areas, making it possible to list the main 
aspects considered in the characterization of the mining landscape. In this research, 
references that adopt methods based on theories of landscape planning were 
analyzed, including Design with Nature by Ian L. McHarg and Landscape Ecology by 
Richard T.T. Forman, as well as works based on the Landscape Character 
Assessment (LCA). Given the recognition of the importance of landscape from 
Quadrilátero Ferrífero, this research supports the hypothesis that the landscape 
characterization must be integrated to the process of elaborating new use of mined 
area, enabling its reintegration into the territory froman environmental, economic and 
socio-cultural perspective. It is expected that the result of this dissertation will 
contribute to the contemplation on the future of post-mined areas and, to a certain 
extent, may assist those involved in the mine closure process in the search for 
appropriate suggestions for these areas. 
Keywords: Landscape characterization. Mining landscape. Mined areas. 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
Figura 1 – Vista da cava, pilhas de estéril, local das unidades operacionais de apoio 
da Mina Córrego do Meio .......................................................................................... 19 
Figura 2 - Vista da cava e pilhas de estéril da Mina Córrego do Meio ...................... 19 
Figura 3 – Vista da Barragem do Galego da Mina Córrego do Meio ......................... 20 
Figura 4 – Vista da Serra da Piedade ....................................................................... 21 
Figura 5 - Mapa geológico simplificado do Quadrilátero Ferrífero, segundo Dorr 
(1969), no destaque a Serra da Piedade .................................................................. 22 
Figura 6 - Mapa síntese dos usos potenciais do solo para Staten Island .................. 26 
Figura 7 - Modelo mancha-corredor-matriz (patch-corridor-matrix) ........................... 28 
Figura 8 - Plano básico ............................................................................................. 32 
Figura 9 - Plano mais promissor ................................................................................ 33 
Figura 10 - Plano mínimo .......................................................................................... 34 
Figura 11 - Identificação de unidades de paisagem .................................................. 36 
Figura 12 - Roda da paisagem (Landscape wheel) ................................................... 41 
Figura 13 - Roda da paisagem marinha (Seascape wheel) ...................................... 41 
Figura 14 - A hierarquia espacial da avaliação do caráter da paisagem - um exemplo 
da relação entre os diferentes níveis ......................................................................... 44 
Figura 15 - Broad types do HLC de Cornwall ............................................................ 48 
Figura 16 - 22 grupos de unidades de paisagem de Portugal Continental à direita. 
Ampliação do grupo M e do grupo N à esquerda. ..................................................... 55 
Figura 17 - 85 unidades de paisagem nas nove ilhas do Grupo Ocidental, Grupo 
Central e Grupo Oriental ........................................................................................... 58 
Figura 18 - Unidades de Paisagem, Elementos Singulares e Pontos Panorâmicos da 
Ilha São Miguel .......................................................................................................... 59 
Figura 19 - Esquema metodológico adotado na investigação ................................... 61 
Figura 20 – Mancha, corredor e matriz da ocupação antrópica na Serra da Piedade
 .................................................................................................................................. 64 
Figura 21 - Arranjo de Gestão da RMBH .................................................................. 69 
Figura 22 - Limite da ZIM Serras e localização da Mina Córrego do Meio ................ 74 
Figura 23 - Porção leste da ZIM Serras e localização da Mina Córrego do Meio ..... 76 
Figura 24 – Zoneamento proposto da ZIM Serras, no destaque a Mina Córrego do 
Meio .......................................................................................................................... 78 
Figura 25 – Unidades Geoambientais, Conjuntos Paisagísticos, Potenciais CAC e 
Complexos Locais ..................................................................................................... 82 
Figura 26 - Grandes áreas degradadas na RMBH .................................................. 104 
Figura 27 - Áreas que compõem a Paisagem cultural minerária da Cornualha e do 
oeste de Devon, no destaque a localização de St. Austell próximo do Eden Project
 ................................................................................................................................ 113 
Figura 28 - Montanha de caulim em St. Austell ....................................................... 114 
Figura 29 - Pilha de resíduos de caulim .................................................................. 114 
Figura 30 - Localização da Bacia Minerária de NPDC nos departamentos Pas-de-
Calais e Nord. .......................................................................................................... 115 
Figura 31 - Vista aérea da sede das minas de Lens com os dois montões de escória 
(140 m de altura) ..................................................................................................... 116 
Figura 32 - Cidade mineira de Pas de Calais construída pela empresa mineradora 
para abrigar funcionários e suas famílias ................................................................ 116 
Figura 33 - Bacia Minerária de NPDC dividida em 20 bacias de exploração, 
pertencentes a 18 empresas mineradoras, na década de 1930.............................. 117 
Figura 34 - Localização do Eden Project em Cornwall, sudoeste da Inglaterra ...... 119 
Figura 35 - Mina de caulim em Bodelva antes da implantação do Eden Project ..... 119 
Figura 36 - Localização das principais atrações do Eden Project ........................... 124 
Figura 37 - Planta de cobertura das estufas (Nicholas Grimshaw & Partners) ....... 126 
Figura 38 - Elevação parcial das estufas (Nicholas Grimshaw & Partners) ............ 126 
Figura 39 - Vista externa das estufas em fase de construção ................................. 127 
Figura 40 - Vista interna da estufa em fase de construção ..................................... 127 
Figura 41 - Vista das estufas finalizadas (direita) e edifício Core (centro) .............. 128 
Figura 42 - Vista geral do Eden Project ................................................................... 130 
Figura 43 - Localização da Bacia Minerária de NPDC na França ........................... 131 
Figura 44 - Vista da cidade de Lens. Ao fundo, pilhas de escória da Base 11/19 e a 
frente, o Parque/Museu Louvre-Lens ...................................................................... 139 
Figura 45 - Planta baixa do Museu Louvre-Lens ..................................................... 140 
Figura 46 - Hall de entrada do Museu do Louvre-Lens ........................................... 141 
Figura 47 - Ao fundo, vista do hall de entrada do Museu Louvre-Lens e a frente, 
vestígios da pilha de escória ................................................................................... 141 
Figura 48 - Vista do Parque/Museu Louvre-Lens .................................................... 143 
Figura 49 - Dispositivos para a implantação da TVA, conforme a escala ............... 145 
Figura 50 - Esquema metodológico para caracterização da paisagem da Mina 
Córrego do Meio ...................................................................................................... 160 
Figura 51 - Escalas de abordagem ao estudo de caso ........................................... 161 
Figura 52 - Localização da Serra da Piedade no Quadrilátero Ferrífero e em MG . 162 
Figura 53 - Mina do Brumado .................................................................................. 163 
Figura 54 - Mina Posse ........................................................................................... 163 
Figura 55 - Mina Córrego do Meio ........................................................................... 164 
Figura 56 - Localização da Mina Córrego do Meio - Sabará-MG ............................ 165 
Figura 57 - Coluna estratigráfica do Quadrilátero Ferrífero ..................................... 167 
Figura 58 - Geologia, geomorfologia e área minerada na Serra da Piedade .......... 168Figura 59 – Unidades hidrogeologias na RMBH ..................................................... 170 
Figura 60 - Entrada da Gruta do Eremita ................................................................ 171 
Figura 61 - Entradas da Gruta dos Monges ............................................................ 171 
Figura 62 - Entrada da Gruta da Piedade ............................................................... 171 
Figura 63 - Interior da Gruta da Piedade ................................................................. 171 
Figura 64 - Cavidades naturais subterrâneas em rochas ferríferas e área minerada 
na Serra da Piedade ............................................................................................... 172 
Figura 65 - Processo erosivo na Mina do Brumado ................................................ 174 
Figura 66 - Processo erosivo na Mina do Córrego do Meio .................................... 174 
Figura 67 - Solos e atividade minerária. .................................................................. 175 
Figura 68 - Hidrografia, ocupação humana e barragem de rejeitos ........................ 176 
Figura 69 - Mancha de inundação da Barragem do Galego .................................... 178 
Figura 70 - Áreas modificadas pela atividade minerária na Mina Córrego do Meio 179 
Figura 71 - Patamares na cava Córrego do Meio .................................................... 180 
Figura 72 - Exposição da formação rochosa na Cava Córrego do Meio ................. 180 
Figura 73 - Indicação da cava Segredinho, parcialmente preenchida ..................... 181 
Figura 74 - Cava Segredinho parcialmente preenchida .......................................... 181 
Figura 75 - Cava Córrego do Meio .......................................................................... 182 
Figura 76 - Divisa entre pilha de estéril e formação rochosa escavada .................. 183 
Figura 77 - Divisa entre pilha de estéril e formação rochosa escavada .................. 183 
Figura 78 - Hidrografia (IGAM) e limites da Mina Córrego do Meio ......................... 184 
Figura 79 - Biomas, vegetação nativa e processos minerários ............................... 186 
Figura 80 - Unidades de Conservação e atividade minerária .................................. 187 
Figura 81 - Cobertura vegetal na Mina Córrego do Meio e do seu entorno ............ 189 
Figura 82 - Ocupação e usos do solo na Serra da Piedade .................................... 192 
Figura 83 - Usos do solo na Mina Córrego do Meio ................................................ 195 
Figura 84 - Reservatório da Barragem do Galego na Mina Córrego do Meio ......... 196 
Figura 85 - Vista da barragem, poste com câmera de monitoramento (ao fundo) e 
reservatório (à esquerda). ....................................................................................... 197 
Figura 86 – Altimetria da Serra da Piedade e localização do Santuário Nossa 
Senhora da Piedade ................................................................................................ 199 
Figura 87 - Status das áreas na Mina Córrego do Meio em 2016 ........................... 200 
Figura 88 - Áreas homogêneas baseadas na geologia e geomorfologia da Mina 
Córrego do Meio ...................................................................................................... 202 
Figura 89 - Áreas homogêneas baseadas no uso antrópico da Mina Córrego do Meio
 ................................................................................................................................ 203 
Figura 90 - Localização dos elementos singulares da paisagem na Serra da Piedade
 ................................................................................................................................ 204 
Figura 91 - Vista do Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade e o Observatório 
da UFMG à esquerda .............................................................................................. 205 
Figura 92 - Basílica Nossa Senhora da Piedade ..................................................... 205 
Figura 93 - Observatório da UFMG Frei Rosário ..................................................... 205 
Figura 94 - Vista da Capela Nossa Senhora da Soledade e a Mina Córrego do Meio 
ao fundo à esquerda ............................................................................................... 206 
Figura 95 - Capela Nossa Senhora da Soledade .................................................... 207 
Figura 96 - Prática do bouldering na Pedra Rachada ............................................. 207 
Figura 97 - Mirante na Pedra Rachada ................................................................... 207 
Figura 98 - Localização dos elementos singulares na paisagem da Mina Córrego do 
Meio ........................................................................................................................ 208 
Figura 99 - Estrutura metálica no mirante da Mina Córrego do Meio ...................... 209 
Figura 100 - Estrutura de concreto .......................................................................... 209 
Figura 101 - Estrutura de concreto .......................................................................... 209 
Figura 102 - Sede administrativa da Mina Córrego do Meio, ocupada pela Polícia 
Civil de Minas Gerais .............................................................................................. 210 
Figura 103 - Crista da Serra da Piedade ................................................................. 211 
Figura 104 - Vista do entorno da Serra da Piedade ................................................ 211 
Figura 105 - Vista de Caeté do alto da Serra da Piedade ....................................... 212 
Figura 106 - Localização do mirante da Mina Córrego do Meio .............................. 213 
Figura 107 - Vista da cava do mirante da Mina Córrego do Meio ........................... 213 
Figura 108 - Vista de Sabará do mirante da Mina Córrego do Meio ....................... 213 
Figura 109 - Vista de Belo Horizonte do mirante da Mina Córrego do Meio ........... 214 
Figura 110 - Restrições ambientais/patrimoniais e potencial minerário .................. 215 
Figura 111 - Parte da Reserva da Biosfera Serra do Espinhaço, Quadrilátero 
Ferrífero e minas existentes .................................................................................... 216 
Figura 112 - Situação das principais estruturas da Mina Córrego do Meio em 2016
 ................................................................................................................................ 218 
Figura 113 - Obra de J.M. Rugendas de 1824 intitulada Comboio de Diamantes, 
passando por Caeté com a Serra da Piedade ao fundo .......................................... 220 
Figura 114 - Mapa topográfico da bacia do Rio do Sabará, delimitada ao norte pela 
Serra da Piedade .................................................................................................... 221 
Figura 115 - Classificação dos instrumentos participativos dos Catálogos da 
Paisagem da Catalunha, segundo a tipologia das técnicas utilizadas .................... 223 
Figura 116 - Esquema da aplicação do Convênio Europeu da Paisagem sob o ponto 
de vista do Observatório da Paisagem da Catalunha ............................................. 228 
Figura 117 - Grande paisagens regionais de Nord-Pas de Calais .......................... 230 
Figura 118 - Entidades paisagísticas das Paisagens Minerárias ............................ 230 
Figura 119 - Fundamentos possíveis para a proposta de uso futuro da área minerada
 ................................................................................................................................ 231 
 
 
LISTA DE QUADROS 
 
 
Quadro 1 - Método do projeto de planejamento do mosaico territorial da RMB ........ 30 
Quadro 2 - Método do Projeto Orla ........................................................................... 36 
Quadro3 - Evolução da LCA..................................................................................... 39 
Quadro 4 - Tipos e áreas de caráter da paisagem .................................................... 49 
Quadro 5 - Método para definição das unidades de paisagem em Portugal 
Continental ................................................................................................................ 52 
Quadro 6 – Conteúdo da ficha da ilha e da ficha de caracterização ......................... 60 
Quadro 7 – Metodologia para definição das subzonas nas ZIMs .............................. 77 
Quadro 8 – Enquadramento da Mina Córrego do Meio nas subzonas propostas da 
ZIM Serras................................................................................................................. 79 
Quadro 9 - Metodologia adotada para identificar e delimitar os CAC ........................ 81 
Quadro 10 – Programas da Política de Gestão da Paisagem e Valorização da 
Diversidade Cultural (PGPVD) .................................................................................. 87 
Quadro 11 – Programas da Política metropolitana integrada para o desenvolvimento 
de territórios minerários (PMIDTM) ........................................................................... 90 
Quadro 12 – Paisagem e áreas mineradas na legislação municipal de Sabará ....... 92 
Quadro 13 – Fases do Sistema de Gestão do GQFe ................................................ 96 
Quadro 14 – Enquadramento das áreas mineradas ................................................ 103 
Quadro 15 – Enquadramento da Mina Córrego do Meio ......................................... 106 
Quadro 16 - Práticas internacionais de uso futuro de áreas mineradas .................. 109 
Quadro 17 - Práticas nacionais de uso futuro de áreas mineradas ......................... 110 
Quadro 18 - Critérios para escolha das práticas de novo uso de áreas mineradas 112 
Quadro 19 - Fases de implantação do Eden Project ............................................... 121 
Quadro 20 - Principais locais de memória do patrimônio industrial minerário ......... 135 
Quadro 21 - Dispositivos para a implantação da TVA e algumas deficiências ........ 145 
Quadro 22 - Síntese da análise das práticas: Eden Project e Bacia Minerária de 
NPDC ...................................................................................................................... 148 
Quadro 23 - Fundamentos do Eden Project e Status/Potencial da Mina Córrego do 
Meio ........................................................................................................................ 151 
Quadro 24 - Fundamentos da Bacia Minerária de NPDC e do GQFe, e potencial do 
Quadrilátero Ferrífero .............................................................................................. 155 
Quadro 25 – Reserva da Biosfera e Unidades de Conservação na Serra da Piedade
 ................................................................................................................................ 188 
Quadro 26 – Formação do Grupamento Mineiro Complexo do Córrego do Meio ... 193 
Quadro 27 - Barragem do Galego conforme Relatório Anual de Segurança de 
Barragens de Mineração 2019 ................................................................................ 196 
Quadro 28 - Síntese das contribuições para caracterização da paisagem da Mina 
Córrego do Meio ...................................................................................................... 225 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
ABAP Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas 
ANM Agência Nacional de Mineração 
CAC Complexos Ambientais Culturais 
CeBio Centro de Pesquisas e Conservação da Biodiversidade do Quadrilátero 
Ferrífero 
Cedeplar Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional 
CEP Convenção Europeia de Paisagem 
CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais 
DNPM Departamento Nacional de Produção Mineral 
DWN Design with Nature 
EIA/RIMA Estudo e Relatório de Impacto Ambiental 
EP Ecologia da Paisagem 
Feam Fundação Estadual do Meio Ambiente 
FPIC Funções públicas de interesse comum 
GQFe Geopark Quadrilátero Ferrífero 
HLC Historic Landscape Characterisation 
IFLA Federação Internacional de Arquitetos Paisagistas 
LCA Landscape Character Assessment 
MONA Monumento Natural da Serra da Piedade 
MZ-RMBH Macrozoneamento da Macrozoneamento da Região Metropolitana de 
Belo Horizonte 
NPDC Nord-Pas de Calais 
PAEBM Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração 
PAFEM Plano Ambiental de Fechamento de Mina 
PDDI-RMBH Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado da RMBH 
PGPVD Política de Gestão da Paisagem e Valorização da Diversidade Cultural 
PMIDTM Política metropolitana integrada para o desenvolvimento de territórios 
minerários 
PMIRUOS Política Metropolitana Integrada de Regulação do Uso e da Ocupação 
do Solo 
PRAD Plano de Recuperação de Áreas Degradadas 
QF Quadrilátero Ferrífero 
RBSB Reserva da Biosfera Serra do Espinhaço 
RGGN Rede Global de Geoparques Nacionais 
RMB Região Metropolitana de Barcelona 
RMBH Região Metropolitana de Belo Horizonte 
RPPN Reserva Particular do Patrimônio Natural 
Sedru Estado de Desenvolvimento Regional e Política Urbana 
Sisema Sistema Estadual de Meio Ambiente 
Unesco Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a 
Cultura 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 13 
2 REFERÊNCIAS METODOLÓGICAS SOBRE A PAISAGEM ...................... 24 
2.1 Planejamento da paisagem ........................................................................ 24 
2.1.1 Design with Nature (DWN) ......................................................................... 24 
2.1.2 Ecologia da paisagem (EP) ........................................................................ 27 
2.1.3 Aplicações do DWN e da EP ...................................................................... 29 
2.1.3.1 Mosaico territorial para a região metropolitana de Barcelona (2003) .... 29 
2.1.3.2 Projeto Orla (2006) ...................................................................................... 35 
2.2 Caráter da paisagem .................................................................................. 37 
2.2.1 Landscape Character Assessment (LCA) ................................................ 38 
2.2.2 Historic Landscape Characterisation (HLC) e a LCA .............................. 46 
2.2.3 Aplicações da LCA ..................................................................................... 51 
2.2.3.1 Identificação de unidades de paisagem em Portugal Continental (2001) . 
 ........................................................................................................ 51 
2.2.3.2 Caracterização e gestão da paisagem dos Açores (2001) ..................... 56 
2.3 Síntese sobre as referências metodológicas .......................................... 62 
3 ÁREAS MINERADAS NO PDDI-RMBH, LEGISLAÇÃO DE SABARÁ E 
GEOPARK QUADRILÁTERO FERRÍFERO. ............................................................ 69 
3.1 Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado da RMBH (PDDI-RMBH) . 69 
3.1.1 Política Metropolitana Integrada de Regulação do Uso e da Ocupação 
do Solo (PMIRUOS) ................................................................................................. 71 
3.1.1.1 Programa Integrado do Macrozoneamento Metropolitano (MZ-RMBH) 71 
3.1.2 Política de Gestão da Paisagem e Valorização da Diversidade Cultural 
(PGPVD) ............................................................................................................... 79 
3.1.3 Política metropolitana integrada para o desenvolvimento de territórios 
minerários (PMIDTM) .............................................................................................. 89 
3.2 Legislação Municipal de Sabará ...............................................................91 
3.3 Geopark Quadrilátero Ferrífero (GQFe) ................................................... 94 
3.4 Síntese do enquadramento das áreas mineradas e da Mina Córrego do 
Meio ............................................................................................................... 101 
4 PRÁTICAS DE NOVOS USOS DE ÁREAS MINERADAS ....................... 108 
4.1 Eden Project ............................................................................................. 118 
4.2 Bacia Minerária de Nord-Pas de Calais (NPDC) .................................... 130 
4.3 Relação fundamentos das práticas com o estudo de caso ................. 147 
4.3.1 Relação Eden Project e Mina Córrego do Meio ..................................... 149 
4.3.2 Relação Bacia Minerária de NPDC e Geopark Quadrilátero Ferrífero . 152 
5. CONTRIBUIÇÕES PARA A CARACTERIZAÇÃO DA PAISAGEM 
MINERÁRIA: MINA CÓRREGO DO MEIO ............................................................. 157 
5.1 Esquema metodológico para caracterizar a paisagem do Mina Córrego 
do Meio ............................................................................................................... 159 
5.1.1 Abordagem paramétrica .......................................................................... 165 
5.1.1.1 Componentes telúricas (escala da Serra) .............................................. 165 
5.1.1.2 Componentes telúricas (escala do Lugar) ............................................. 179 
5.1.1.3 Componentes climáticas (escala da Serra e do Lugar) ........................ 184 
5.1.1.4 Componentes bióticas (escala da Serra) ............................................... 185 
5.1.1.5 Componentes bióticas (escala do Lugar) .............................................. 188 
5.1.1.6 Componentes antrópicas (escala da Serra) .......................................... 190 
5.1.1.7 Componentes antrópicas (escala do Lugar) ......................................... 192 
5.1.2 Abordagem paisagista ............................................................................ 197 
5.1.2.1 Áreas homogêneas (escala da Serra) .................................................... 198 
5.1.2.2 Áreas homogêneas (escala do Lugar) ................................................... 199 
5.1.3 Elementos singulares .............................................................................. 203 
5.1.3.1 Elementos singulares (escala da Serra) ................................................ 204 
5.1.3.2 Elementos singulares (escala do Lugar) ............................................... 208 
5.1.4 Pontos de vista ........................................................................................ 210 
5.1.4.1 Pontos de vista (escala da Serra) ........................................................... 210 
5.1.4.2 Pontos de vista (escala do Lugar) .......................................................... 212 
5.1.5 Dimensão natural e cultural da paisagem ............................................. 214 
5.1.5.1 Dimensão natural e cultural da paisagem (escala da Serra) ................ 214 
5.1.5.2 Dimensão natural e cultural da paisagem (escala do Lugar) ............... 217 
5.1.6 Abordagem fenomenológica .................................................................. 219 
5.1.6.1 Paisagem na perspectiva da autora (escala da Serra e do Lugar) ...... 219 
5.1.6.2 Paisagem por autores (escala da Serra e do Lugar) ............................. 219 
5.1.6.3 Paisagem pela população (escala da Serra e do Lugar) ...................... 222 
5.1.7 Síntese das contribuições para caracterização da paisagem da Mina 
Córrego do Meio .................................................................................................... 224 
5.2 Caracterização da paisagem minerária como subsídio ao ordenamento 
e gestão territorial. ................................................................................................ 227 
5.3 Fundamentos para proposta de uso futuro da área minerada ............ 228 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................... 234 
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 236 
 
13 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Paisagem minerária do Quadrilátero Ferrífero 
 
A presente dissertação compreende área minerada como aquela que teve a sua 
paisagem alterada pela atividade minerária, cujos fatores bióticos e abióticos do 
ecossistema foram impactados. Essa área pode estar inserida na área urbana, 
isoladas na área rural, nas franjas urbanas ou zonas periféricas em expansão. Após 
o encerramento da atividade minerária, as áreas pós-mineradas apresentam-se 
como um território distinto do seu entorno, e podem apresentar níveis significativos 
de degradação e modificação da paisagem. 
Antes de abordar as modificações da paisagem ocasionadas pela atividade 
minerária, é essencial a compreensão do conceito de paisagem. Para Meinig (2003, 
p.35) a “paisagem é composta não apenas por aquilo que está à frente dos nossos 
olhos, mas também por aquilo que se esconde em nossas mentes”. Segundo o 
autor, as diferentes formas de percepção da paisagem possibilitam definições 
diversas do conceito sob a perspectiva da natureza, habitat, artefato, sistema, 
problema, riqueza, ideologia, história, lugar e estética. 
Conforme o primeiro tratado internacional dedicado à paisagem, a Convenção 
Europeia da Paisagem (CEP), “paisagem designa uma parte do território, tal como é 
apreendida pelas populações, cujo caráter resulta da ação e da interação de fatores 
naturais e/ou humanos” (CONSELHO DA EUROPA, 2000). Esta definição apresenta 
correspondência com a de Carsalade (2015, p.3), que define paisagem como “um 
sistema integrador constituído por elementos naturais e culturais”, sendo estes 
resultantes da ação antrópica e classificados como paisagens culturais. 
Já Macedo (2000, p.3) conceitua paisagem como “uma estrutura morfológica, 
passível de interpretação e representação gráfica, e resultado do processo de 
transformação do meio ambiente no decorrer do tempo”. Esta conceituação baseia-
se na teoria de planejamento da paisagem de Ian McHarg, na qual paisagem é 
“considerada um produto regional relacionado à geologia, geomorfologia, solos e 
aquíferos e os elementos da superfície: rios, vegetação, clima e as atividades 
antrópicas: as minerações, as áreas agrícolas e as urbanas. ” (McHARG, 1992). 
Considerando os conceitos de paisagem apresentados e compreendendo território 
como uma porção físico-espacial que envolve relações socioeconômicas e culturais 
14 
 
e com elas interage (CARSALADE, 2016, p.151), esta pesquisa adotará a definição 
de paisagem como um fragmento do território, que se conforma e se modifica 
espacialmente de acordo com a dinâmica das relações ambientais, econômicas e 
socioculturais. 
Considerando esta definição, a mineração é responsável por dois momentos de 
impacto na paisagem e no território: o primeiro momento ocorre quando a empresa 
mineradora inicia a exploração do minério e modifica consideravelmente o cenário 
original no qual a população local estava familiarizada; o segundo ocorre no 
encerramento da atividade minerária, quando as relações entre o trabalhador, a 
sociedade e o ambiente se rompem após anos de funcionamento da mina 
(PARANHOS, 2012, p.120). Esses momentos são agravados, respectivamente, 
quando envolvem cenários de valor patrimonial e quando a população, economia e 
cultura local dependem do funcionamento da mina. 
Ao longo da história da mineração no Quadrilátero Ferrífero, localizado no centro-
sudeste do estado de Minas Gerais, a paisagem da região foi sendo modificada e o 
território reconfigurado, principalmente nos métodos de lavra a céu aberto, em que 
as alterações são mais significativas, merecendo a devida atenção em relação à 
recuperação e a proposta de novo uso. Essas alterações no meio ocorremsobre 
uma riqueza singular vinculada à história geoecológica da Terra e à história da 
mineração em Minas Gerais e no Brasil, onde foram identificados cinquenta e cinco 
sítios de interesse natural e cultural, representativos da história geológica e da 
mineração e também de sua ecologia e cultura. (AZEVEDO et al., 2012, p.195). 
A partir desse contexto, verifica-se o conflito entre a necessidade de preservação do 
meio ambiente e do patrimônio cultural e a demanda do desenvolvimento econômico 
pela atividade minerária no Quadrilátero Ferrífero. Em algumas localidades, a 
demanda da atividade imobiliária também se apresenta como outro setor de 
importância econômica. 
Este trabalho pretende estudar a temática das áreas mineradas no Quadrilátero 
Ferrífero, após o encerramento da atividade minerária. Para isso, conhecer os 
principais aspectos legais sobre fechamento de mina e definir um estudo de caso 
que permita a compreensão da temática, foram fundamentais para o embasamento 
inicial do trabalho. 
 
 
15 
 
Base legal sobre fechamento de mina 
 
O conhecimento dos principais aspectos normativos do direito ambiental e minerário, 
que regem o fechamento de mina, são essenciais para a compreensão desse 
processo. Conforme o art. 1º da Deliberação Normativa COPAM Nº 220/2018: 
 
IV - fechamento de mina: processo que abrange toda a vida da mina, desde 
a fase dos estudos de viabilidade econômica até o encerramento da 
atividade minerária, incluindo o descomissionamento, a recuperação e o uso 
futuro da área impactada; 
III – descomissionamento: trabalhos de desativação da infraestrutura e 
serviços associados à produção e de desmobilização da mão de obra do 
empreendimento minerário; 
X - recuperação ambiental de área impactada por atividade minerária: 
processo que deve ser executado ao longo da vida do empreendimento, de 
forma a propiciar à área impactada uma condição estável, produtiva e 
sustentável, com foco no uso futuro; 
XII - uso futuro da área minerada: utilização prevista da área impactada pela 
atividade minerária levando-se em consideração as suas aptidões, a 
intenção de uso pós-operacional, as características dos meios físico, biótico 
e socioeconômico. (MINAS GERAIS, 2018, p.80). 
 
O fechamento de mina destacou-se a partir do advento da Lei nº 6.938/81 e da 
Constituição Federal de 1988 quando o Estudo e Relatório de Impacto Ambiental 
(EIA/RIMA) ganhou importância. Em seguida, o Decreto n° 97.632/89 estabelece a 
apresentação do Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) junto ao 
EIA/RIMA. Para Tonidandel, Parizzi e Lima (2012, p. 36), essas legislações foram 
fundamentais para introduzir o conceito de desenvolvimento sustentável na atividade 
minerária brasileira e relatam que a legislação ambiental de Minas Gerais foi a 
primeira do país sobre a etapa de desativação de empreendimentos minerários, 
antecipando até mesmo a legislação ambiental federal, por meio da publicação da 
DN COPAM Nº 127/2008. Esta deliberação normativa foi revogada e entrou em vigor 
a DN COPAM Nº 220/2018. 
 
[A DN COPAM Nº 220/2018] estabelece diretrizes e procedimentos para a 
paralisação temporária da atividade minerária e o fechamento de mina, 
define critérios para elaboração e apresentação do Relatório de Paralisação 
16 
 
da Atividade Minerária, do [...] PRAD e do Plano Ambiental de Fechamento 
de Mina – PAFEM e dá outras providências. (MINAS GERAIS, 2018, p.80). 
 
O PAFEM deve ser apresentado dois anos antes da previsão de encerramento da 
atividade minerária, conforme o Termo de Referência disponibilizado pelo órgão 
ambiental. O inciso IV do Art. 9º da DN COPAM Nº 220/2018, solicita a definição das 
ações a serem realizadas durante o processo de fechamento da mina, e após este 
se necessário, visando à continuidade da reabilitação ambiental. Já o inciso V, exige 
“a apresentação de proposta de alternativas para uso futuro da área minerada, 
considerando os aspectos sociais, econômicos e ambientais da área de influência 
direta do empreendimento. ” (MINAS GERAIS, 2018, p.80). 
Apesar dos avanços do direito ambiental e minerário, alguns autores apontaram 
algumas deficiências em relação as suas normativas, o que dificulta a fiscalização 
dos órgãos públicos, como a Agência Nacional de Mineração (ANM) e a secretaria, 
institutos e fundação que compõe o Sistema Estadual de Meio Ambiente (Sisema), e 
comunidades envolvidas. Segundo a DN COPAM Nº 127/2008, o fechamento de 
mina é um processo que abrange a vida toda de uma mina, mas o PAFEM é 
somente exigido dois anos antes da previsão de encerramento das atividades 
(SANTOS; ARAÚJO, 2015, p. 6), o que dificulta a ação conjunta do setor público e 
sociedade na implementação de uma gestão de territórios minerários. 
O Cadastro de Minas Paralisadas e Abandonadas no Estado de Minas Gerais, 
elaborado em 2006 pela Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), apresenta 
um panorama preocupante das áreas pós-mineradas. O cadastro apresenta 
informações sobre 400 minas vistoriadas nos anos de 2014 e 2015, sendo 27% das 
minas (169 minas) classificadas como abandonadas e 73% das minas (231 minas) 
classificadas como paralisadas. Dessas, 42% (97 minas) são classificadas como 
paralisadas com controle ambiental e 58% (134 minas) são classificadas como 
paralisadas sem controle ambiental. (FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO 
AMBIENTE, 2016a, p. 19). 
O resultado obtido no cadastro está relacionado carência de capacidade 
organizacional e de investimentos de algumas empresas mineradoras de pequeno e 
médio porte no Brasil, que, para Luz e Sampaio (2015, p. 43), enfrentam dificuldades 
no acesso às tecnologias convencionais e avançadas utilizadas no processo de 
fechamento de mina. Associada a esta realidade, a deficiência ou ausência do 
17 
 
licenciamento ambiental também contribui para o resultado do cadastro. 
Segundo Tonidandel, Parizzi e Lima (2012, p.36), o conteúdo mínimo do PAFEM é 
especificado de forma geral, sem recomendação de procedimentos, bem como de 
aspectos a serem adotados na fase de descomissionamento. Os autores sugerem a 
definição de diretrizes técnicas, como uma Norma ABNT, que poderia determinar a 
elaboração e execução do PAFEM com a adoção das melhores técnicas disponíveis, 
evitando a elaboração e execução de planos com informações técnicas defasadas. 
Já para Paranhos (2012, p. 57), a maioria dos PAFEMs limitam-se a projetos de 
reconfiguração topográfica e de revegetação da área degradada. A autora ressalta 
que é impossível a requalificação da área com base na reconstituição das 
características originais, pois o minério retirado não pode ser reposto, resultando em 
um falso histórico, na medida em que a paisagem está sempre em constante 
modificação e deve apresentar-se como forma didática de um processo que deveria 
ou não ter acontecido. 
Dessa forma, o PAFEM não consegue contemplar toda complexidade das relações 
territoriais e do processo de fechamento de mina numa visão sistêmica e global, 
articulando os aspectos ambientais, sociais, econômicos e culturais segundo 
Carsalade et al. (2012, n.p). As questões socioculturais, segundo os autores, por 
não serem explicitamente indicadas na legislação, fazem com que o meio ambiente 
seja o único alvo das compensações legais. Além disso, existe a dificuldade de 
negociar com o setor minerador face a sua importância econômica. 
Accioly (2012) sugere nove pontos a serem observados no processo de reabilitação 
e reconversão de áreas pós-mineradas próximas aos centros urbanos como: 
 
- incorporação do fechamento da mina na etapa de planejamento da 
atividade, incluindo seus custos no processo e a visão de uso futuro da 
área; 
- [...] incluir todos os envolvidos diretos no processo [...]; 
- [...] papel de cada entidade ou ator envolvido deve estar muito claro [...]; 
- existência de uma instituição fortalecida e coesa que direcione e articule o 
processo decisório de uso futuro; 
- [...] observância das características urbanísticas da região, das suas 
demandas,infraestrutura, identidade e singularidades [...]; 
- [...] reinserção efetiva do projeto de uso futuro na malha urbana [...]; 
- identificação das principais escalas de influência que o projeto alcançará, 
ou que pretende alcançar; 
18 
 
- [...] planejamento dos territórios minerários [...] como um instrumento de 
base para a busca do aprofundamento das diversas relações existentes, 
bem como conflitos, tendências e interesses quanto ao uso do solo [...]; 
- [...] identificação de fontes de recursos ou de parcerias que possam 
efetivar os projetos de reabilitação e reconversão territorial. (ACCIOLY, 
2012, p.157). 
 
Portanto, as ações pós-mineração “[…] devem incorporar um acompanhamento 
muito próximo do Estado e se integrarem às estratégias de desenvolvimento 
territorial para que se tornem efetivas e […] representem um necessário retorno 
social à exploração de suas riquezas e ao forte impacto” (CARSALADE et al., 2012, 
n.p.) proveniente das atividades mineradoras. 
O direito ambiental e o direito minerário devem ser os preceitos a serem seguidos 
em todas as práticas de recuperação e uso futuro de áreas mineradas, mas nem 
sempre o atendimento de todas as normativas garantirá que a proposta de 
recuperação e uso futuro de áreas mineradas promova o desenvolvimento 
econômico, desenvolvimento social e proteção ambiental. Este trabalho considera 
que o enquadramento legal ainda não garante o alcance da sustentabilidade, 
havendo um tratamento díspar em relação aos aspectos socioculturais. 
A seguir, será apresentada a mina escolhida como estudo de caso, localizada no 
Quadrilátero Ferrífero, mais especificamente no município de Sabará, que pertence 
a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). 
 
Mina Córrego do Meio 
 
O Grupamento Mineiro de Córrego do Meio, pertencente a Vale S.A, será 
referenciado neste trabalho como Mina Córrego do Meio. Esta mina foi escolhida 
como estudo de caso porque apresenta aspectos que favorecem a viabilidade da 
pesquisa, o estudo da temática e contribuições no processo de caracterização da 
paisagem, na qual a mina está inserida. Além disso, a referida mina encontra-se 
paralisada desde julho de 2005 e não há interesse por parte da proprietária de 
retomar a operação no futuro. 
A Mina Córrego do Meio localiza-se no município de Sabará-MG, à noroeste do 
Quadrilátero Ferrífero e na porção sudoeste da Serra da Piedade. As figuras 1 e 2 
19 
 
apresentam a vista da cava, das pilhas de estéril (PE1, PE2 e PE Voçoroca), e local 
onde estavam instaladas as unidades operacionais de apoio da mina: 
 
Figura 1 – Vista da cava, pilhas de estéril, local das unidades operacionais de apoio 
da Mina Córrego do Meio 
 
Fonte: Adaptado pela autora de VALE S.A.,2018. 
 
Figura 2 - Vista da cava e pilhas de estéril da Mina Córrego do Meio 
 
Fonte: Adaptado pela autora de VALE S.A., 2018. 
Cava 
Unid. Op. Apoio 
PE Voçoroca 
PE 2 PE 1 
Cava 
PE Voçoroca 
PE 2 
PE 1 
20 
 
Nesta mina foi adotado o método de lavra a céu aberto e o método de alteamento à 
jusante na barragem de rejeitos. A figuras 3 mostra a Barragem do Galego e o seu 
reservatório, que segundo a Vale S.A. (2019, p.16), os estudos de 
descomissionamento dessa estrutura estão em andamento. 
 
Figura 3 – Vista da Barragem do Galego da Mina Córrego do Meio 
 
Fonte: VALE S.A., 2018. 
 
Três anos após a desativação da Mina Córrego do Meio em 2005, a empresa Vale 
S/A destinou a área para um novo uso, um centro destinado à pesquisa, 
conservação e recuperação ambiental de áreas mineradas e Reservas Particulares 
do Patrimônio Natural (RPPN) no Quadrilátero Ferrífero, além de programas com 
comunidades no fornecimento gratuito de mudas. 
O Centro de Pesquisas e Conservação da Biodiversidade do Quadrilátero Ferrífero 
(CeBio) não necessitou de grandes obras para ser implantado e era composto por 
quatro viveiros com capacidade para produzir até um milhão de mudas por ano; 
quatro mil matrizes (plantas fornecedoras de sementes) de 200 espécies do Cerrado 
e Mata Atlântica, obtidas nas áreas de preservação da empresa; e 60 funcionários 
(10 funcionários no viveiro e 50 no campo para coleta de novos exemplares). (DIAS, 
2011, n.p). 
Dessa forma, a pesquisa do CeBio visava a conservação genética através de um 
21 
 
Banco de Germoplasma, onde as matrizes eram cultivadas para conservar as 
informações genéticas das espécies vegetais (DIAS, 2011, n.p), mas as atividades 
do centro foram encerradas e a estrutura foi transferida para outras unidades, 
principalmente para a unidade de Miguelão (VALE S.A., 2019, p. 39). 
A Mina Córrego do Meio está na Serra da Piedade (FIGURA 4), cuja presença na 
paisagem é marcante, chegando a atingir elevação de 1.746 metros. (IEPHA, 2014, 
n.p.). 
 
Figura 4 – Vista da Serra da Piedade 
 
Fonte: IEPHA, 2014, p. 255. 
 
Além disso, a Serra da Piedade “constitui um importante geossítio, não somente de 
interesse científico (geológico e botânico), mas também pedagógico, turístico, 
paisagístico e cultural, pois apresenta uma paisagem geológico-cultural única.” 
(AZEVEDO et al., 2007, p. 3). 
Localizada nos municípios de Sabará e Caeté, a Serra da Piedade está inserida no 
conjunto da Serra do Curral, delimitando a parte norte do Quadrilátero Ferrífero 
(FIGURA 5) e é “sustentada morfologicamente pelas rochas do Supergrupo Minas” 
(AZEVEDO et al., 2007, p. 206). “A sequência é composta por sedimentos clásticos 
e químicos, os últimos constituem a formação ferrífera do Itabirito Cauê e os 
calcários da Formação Gandarela.” (RENGER et al., 1994 apud AZEVEDO et al., 
2007, p. 206). 
 
22 
 
Figura 5 - Mapa geológico simplificado do Quadrilátero Ferrífero, segundo Dorr 
(1969), no destaque a Serra da Piedade 
 
Fonte: SCLIAR, 1992 apud AZEVEDO et al., 2007. 
 
A presente introdução abordou de forma breve o contexto da paisagem minerária no 
Quadrilátero Ferrífero; as bases legais do fechamento de mina em Minas Gerais; e a 
Mina Córrego do Meio como estudo de caso, para fundamentar a hipótese de que a 
caracterização da paisagem pode contribuir com o processo de elaboração do novo 
uso da área minerada, viabilizando a sua reintegração no território sob a perspectiva 
social, ambiental e econômica. 
Dessa forma, o objetivo deste trabalho é compreender a caracterização da 
paisagem através de uma abordagem interdisciplinar e holística, visando elaborar 
contribuições acerca da caracterização da paisagem da Mina Córrego do Meio, 
visando o seu uso futuro. Pretende-se atingir este objetivo a partir de três objetivos 
específicos, que serão aprofundados nos próximos três capítulos. 
O segundo capítulo apresenta referências metodológicas sobre a paisagem. Os 
trabalhos analisados adotam métodos baseados nas teorias de planejamento da 
paisagem e/ou no seu caráter. O objetivo é adquirir informações e parâmetros para 
subsidiar as contribuições desta pesquisa em relação a caracterização da paisagem 
23 
 
de áreas mineradas. 
O terceiro capítulo aponta como as áreas mineradas são abordadas no 
planejamento metropolitano de Belo Horizonte, na legislação municipal de Sabará e 
no Geopark Quadrilátero Ferrífero (GQFe), dando ênfase as ações onde se encontra 
a Mina Córrego do Meio. Este capítulo objetiva verificar possíveis lacunas presentes 
nesses instrumentos de ordenamento e/ou gestão territorial em relação a 
caracterização das áreas mineradas, e em seguida, serão apresentadas algumas 
contribuições para minimizar tais deficiências. 
O quarto capítulo aborda os fundamentos de duas práticas de novo uso de área 
minerada. Foram escolhidas práticas com abordagens diferentes em relação à 
escala de intervenção e ao resgate da memória da mineração. Este estudo objetiva 
relacionar alguns aspectos dos fundamentos das práticas com a Mina Córrego do 
Meio e o contexto onde está inserida. 
Após o desenvolvimento dos objetivos específicos, no quinto capítulo desenvolve 
contribuições acerca da caracterização da paisagem da Mina Córrego do Meio, 
seguindo a sequênciados temas dos capítulos anteriores, e buscando inter-
relacioná-los com a paisagem minerária em estudo. Por fim, a consideração final da 
pesquisa apresenta uma síntese do trabalho e sugere algumas propostas de 
estudos de metodologias sobre a paisagem e a paisagem minerária. 
O presente trabalho justifica-se pelas contribuições na reflexão sobre o futuro das 
áreas pós-mineradas e possa auxiliar, em certa medida, aos envolvidos no processo 
de fechamento de mina a buscarem soluções adequadas ao contexto da mina e da 
paisagem em que está inserida. 
Em seguida, serão abordadas as referências metodológicas sobre a paisagem, 
relativo ao primeiro objetivo específico. 
 
24 
 
2 REFERÊNCIAS METODOLÓGICAS SOBRE A PAISAGEM 
 
Neste capítulo serão apresentadas referências metodológicas sobre a paisagem, por 
meio de quatro trabalhos escolhidos, e uma análise comparativa entre eles, tendo 
em vista adquirir conhecimentos e parâmetros para contribuir com a caracterização 
da paisagem do recorte em estudo, a Mina Córrego do Meio e o contexto 
paisagístico em que está inserida. Esta pesquisa considera que a caracterização da 
paisagem deve ser considerada na proposta de novo uso da área minerada e 
também na gestão da paisagem minerária. 
Primeiramente, serão abordadas as teorias de planejamento da paisagem: o Design 
with Nature de Ian L. McHarg e a Ecologia da paisagem de Richard T.T. Forman, 
para embasar o entendimento dos trabalhos de Forman (2003) e Macedo (2006). 
Em seguida, será apresentada a abordagem de avaliação do caráter da paisagem: a 
Landscape Character Assessment (LCA) desenvolvida pela Countryside 
Commission no Reino Unido. A LCA contribuiu em alguns aspectos no 
desenvolvimento de outras abordagens, entre elas a Historic Landscape 
Characterisation (HLC), baseada no caráter da paisagem histórica e elaborada pela 
English Heritage. A HLC será discutida de forma complementar à LCA para a 
compreensão do caráter histórico da paisagem, seguida dos trabalhos baseados na 
LCA desenvolvidos pela Universidade de Évora (2001). 
No final do capítulo, os quatro trabalhos serão comparados e relacionados com o 
intuito de buscar contribuições para caracterizar áreas mineradas. 
 
2.1 Planejamento da paisagem 
2.1.1 Design with Nature (DWN) 
Na década de 1960, o arquiteto paisagista e professor Ian McHarg (Universidade da 
Pensilvânia) apresentou abordagens inovadoras na época por meio de 
“metodologias de planejamento e projeto articuladas aos princípios ecológicos e de 
sustentabilidade” (GORSKI, 2008, p. 66). McHarg, em seu livro intitulado Design with 
Nature, publicado em 1969, apresenta o planejamento ecológico fundamentado na 
relação homem e meio ambiente e como cada um está inserido no “mundo” do outro, 
concluindo que ambos possuem uma relação de interdependência e de equilíbrio. 
25 
 
No capítulo intitulado Processes as Values do referido livro, McHarg apresenta um 
estudo para Staten Island, distrito de Nova Iorque, para responder ao seguinte 
questionamento: “que terras são intrinsecamente adequadas para conservação, para 
recreação ativa e passiva, mais adequadas para comércio e indústria, e para uso 
residencial? ” (McHARG, 1992, p. 104, tradução da autora). Portanto, o estudo 
visava apontar alternativas futuras para a referida ilha baseada na seguinte 
proposição: 
 
A proposição básica empregada é que qualquer lugar é a soma dos 
processos históricos, físicos e biológicos, que são dinâmicos, que 
constituem valores sociais, que cada área tem um caráter intrínseco 
adequado a certos usos do solo e, finalmente, que certas áreas se prestam 
a usos múltiplos da terra coexistentes. (McHARG, 1992, p.104, tradução da 
autora). 
 
O método inicia-se com a elaboração de um inventário ecológico da área de estudo, 
contendo os fatores considerados representativos nos processos naturais. Estes 
fatores determinarão a capacidade de cada área para determinado uso. A 
capacidade é apresentada através de mapas temáticos para cada uso onde se 
atribui um “valor” (sistema valorativo que estabelece áreas inaptas para uma 
determinada atividade e áreas aptas, em menor ou maior grau). Um mapa síntese é 
gerado a partir da sobreposição de mapeamentos temáticos (overlay mapping), 
conforme figura 6: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
Figura 6 - Mapa síntese dos usos potenciais do solo para Staten Island 
 
Fonte: McHARG, 1992, p. 114. 
 
Na parte inferior do mapa síntese, verifica-se a legenda em cores graduadas para 
indicar a “favorabilidade” de cada área para um determinado uso e também para 
usos simultâneos e compatíveis. Dessa forma, o mapa síntese dos usos potenciais 
do solo definem critérios para a ocupação, podendo subsidiar decisões políticas e 
urbanas. 
Verifica-se que o método de overlay mapping de McHarg traz uma abordagem 
sistêmica, que permite a leitura e análise da paisagem em diferentes escalas de 
abrangência e ainda é considerado uma referência nas metodologias de 
27 
 
planejamento paisagístico urbano e corresponde a base de trabalho do Sistema 
Informativo Geográfico (S.I.G.). (MOURA, 1993, apud, MOURA, 2014, p.5). 
A teoria de planejamento da paisagem de Forman, que será abordada a seguir, 
também foi influenciada pelo trabalho de McHarg, que já apresentada alguns 
aspectos da ecologia da paisagem. 
2.1.2 Ecologia da paisagem (EP) 
Na década de 1980, os professores e pesquisadores na área de Ecologia da 
Paisagem da Escola de Design da Universidade de Harvard, Richard Forman e 
Michel Godron, apresentaram em seu livro intitulado Landscape Ecology, publicado 
em 1986, “a primeira síntese da ecologia da paisagem moderna e [...] o modelo de 
mancha-corredor-matriz para entender e melhorar o padrão de uso da terra” 
(HARVARD UNIVERSITY GRADUATE SCHOOL OF DESIGN, 2019, n.p, tradução 
da autora). Neste trabalho, os autores conceituam ecologia da paisagem como “o 
estudo da estrutura, função e dinâmica das áreas heterogêneas compostas por 
ecossistemas interativos” (FORMAN; GODRON, 1986, tradução da autora). A 
heterogeneidade de uma paisagem pode ocorrer em gradiente ou em mosaico, 
sendo esta mais comum e com elementos espaciais com limites definidos. 
(MENEGUETTI, 2007, p. 52). 
Forman e Godron (1986) apresentam três elementos da paisagem, que compõem o 
mosaico e podem ser naturais ou de origem humana: 
• Mancha (Patch): elemento da paisagem reconhecido em tipos, de acordo 
com a sua origem: “manchas de perturbação, manchas remanescentes, 
manchas de recursos ambientais, manchas de plantações e habitações” 
(FORMAN; GODRON, 1986, p. 119, tradução da autora). Segundo os 
autores, os tipos de manchas variam muito, exceto a mancha de recursos 
ambientais que são mais permanentes. 
• Corredor (Corridor): elemento da paisagem caracterizado pela conectividade 
das manchas, possui a mesma origem destas e promove o funcionamento da 
rede. “Os corredores são muito importantes na sociedade humana, 
fornecendo rotas de transporte, vários tipos de proteção e recursos 
colhíveis.” (MACEDO, 2000, p.155). 
28 
 
• Matriz (Matrix): elemento da paisagem determinado a partir dos seguintes 
critérios: “ (a) possui uma área relativa maior do que qualquer tipo de mancha 
dentro dela, (b) é a parte mais conectada da paisagem; e (c) desempenha 
um papel predominante na dinâmica da paisagem.” (FORMAN; GODRON, 
1986, p. 186, tradução da autora). 
A figura 7 exemplifica um mosaico formado por elementos da paisagem, em que a 
matrix predomina e apresenta-se como um “pano de fundo” uniforme (cor cinza 
claro), que evidencia a presença das manchas (cor cinza escuro) e dos corredores 
(linha pontilhada), que produzem a heterogeneidade na paisagem: 
 
Figura 7 - Modelo mancha-corredor-matriz (patch-corridor-matrix) 
 
Fonte: RESEARCHGATE, 20161. 
 
O modelo mancha-corredor-matriz pode ser aplicado a diferentes padrões espaciais, 
como por exemplo, “ecossistemas, tipos de comunidade, estágios sucessionais ou 
usos do solo” (MENEGUETTI, 2007, p. 52). 
O trabalho de Forman intituladoMosaico Territorial para La Región Metropolitana de 
Barcelona foi escolhido como um exemplo de trabalho baseado no DWN e na EP, 
por abordar os sistemas naturais e seus usos, e algumas soluções inovadoras. 
Primeiramente será apresentado este trabalho de Forman (2003), seguido do 
trabalho de Macedo (2006), também fundamentado nas mesmas bases 
metodológicas. 
 
1 Disponível em: https://www.researchgate.net/figure/Analogy-of-the-patch-matrix-model-to-a-
city_fig1_309897143. Acesso em out. 2019. 
29 
 
2.1.3 Aplicações do DWN e da EP 
2.1.3.1 Mosaico territorial para a região metropolitana de Barcelona (2003) 
Em 2001, a Barcelona Regional2 solicitou que Forman e a equipe dessa agência 
pública aplicassem o método de análise do mosaico territorial na região 
metropolitana de Barcelona (RMB) e que estabelecesse princípios básicos e 
modelos possíveis para uma reformulação territorial dessa região. O trabalho foi 
finalizado em 2003, tendo como produto a análise macro, global e sintética; a 
definição de diretrizes e pautas de atuações futuras (ACEBILLO, 2004, p. 15). Neste 
trabalho Forman aborda a ecologia urbana e considera que: 
 
[...] as áreas urbanas são como mosaicos dinâmicos de natureza e gente, 
onde a natureza adota diversas formas, desde uns poucos fragmentos 
relativamente naturais até muitos fortemente degradados, e a sociedade 
está organizada em um agregado único e imenso, além de numerosos 
lugares dispersos. O grande mosaico muda a medida que os “fragmentos 
humanos” crescem e os “fragmentos naturais” reduzem. Eles degradam 
ainda mais a natureza, e a dependência humana fundamental dos recursos 
da natureza, se faz cada vez mais problemática, menos sustentável. 
(FORMAN, 2004, p. 20, tradução da autora). 
 
Dessa forma, o objetivo principal do trabalho seria identificar esse mosaico territorial, 
aplicando os princípios e modelos espaciais básicos da ecologia da paisagem na 
RMB (FORMAN, 2004, p. 20). O autor esclarece que a implementação de soluções 
direcionadas aos sistemas naturais possuem vantagens econômicas: 
 
[a] manter a longo prazo as variadas paisagens agrícolas produtivas nos 
solos de maior qualidade; [b] concentrar o crescimento, no lugar de 
dispersá-lo, a fim de reduzir os custos de infraestrutura e serviços; [c] 
intervir em uma área chave para a proteção da natureza e do turismo rural, 
como recurso alternativo aos centros turísticos costeiros; [d] repensar o 
desenho das planícies de inundação, para reduzir os custos dos danos da 
inundação; [e] identificar um conjunto de fontes de contaminação; [f] criando 
também zonas úmidas alimentadas por águas pluviais, com a finalidade de 
 
2 Criada em 1993, a Barcelona Regional é uma agência pública de planejamento estratégico, 
urbanismo e infraestruturas; liderada pela Prefeitura de Barcelona e com a participação de outros 
nove acionistas públicos. 
30 
 
aumentar o escasso suprimento de água potável cara. (FORMAN, 2004, p. 
20, tradução da autora). 
 
Nesta proposta de planejamento, Forman (2004) busca a conciliação da população e 
da natureza, como um todo, diferente do planejamento tradicional, que privilegia a 
população e o crescimento, e do planejamento conservacionista que privilegia a 
natureza. Além disso, o modelo mancha-corredor-matriz de Forman “é uma 
ferramenta para o planejamento de usos do solo, dado que controla fortemente os 
movimentos, fluxos e câmbios dos sistemas naturais e da população. ” (FORMAN, 
2004, p. 23, tradução da autora). 
 
“Em resumo, a ecologia da paisagem traz simplicidade e clareza, um 
enfoque sobre organização espacial, uma perspectiva a uma grande escala, 
uma comunicação fácil entre usuários, harmonia entre os sistemas naturais 
e a população, e é aplicável a qualquer paisagem. E é cada vez mais 
importante, dado que a sociedade está começando a abordar seriamente a 
questão de criar entornos sustentáveis. ” (FORMAN, 2004, p. 23, tradução 
da autora). 
 
A metodologia de trabalho aplicado no projeto de planejamento do mosaico territorial 
da RMB desenvolve-se nas seguintes etapas (QUADRO 1): 
 
Quadro 1 - Método do projeto de planejamento do mosaico territorial da RMB 
Item Etapas Descrição Aspectos 
1 Planejamento e 
métodos 
Entender a região metropolitana no 
momento da análise; hipóteses 
importantes; princípios básicos; esboços 
de uma visão 
Uso do solo; rede 
hidrográfica; espaços de 
interesse natural 
2 Principais pontos Grandes áreas ou manchas de vegetação 
natural, interconectadas mediante 
corredores de vegetação. 
Rede esmeralda 
A proteção dos solos férteis para o cultivo 
é prioritária 
Principais áreas de 
produção de alimentos 
Conjuntos de soluções direcionadas ao 
futuro sustentável 
Água para a natureza e 
para a população 
Corredores verde azul são corredores 
largos de vegetação que protegem um 
riacho ou rio, facilitam a circulação da 
fauna e incluem caminho de pedestre. 
Córregos, rios e corredor 
verde azul 
Orientar o crescimento e a urbanização 
nas áreas que o dano ecológico seja 
menor. 
Crescimento, 
desenvolvimento e 
municípios 
Estratégicas para conter o crescimento do 
trafego de veículos 
Transporte e indústria 
31 
 
Item Etapas Descrição Aspectos 
3 Soluções espaciais 
alternativas 
Plano base; plano mais promissor; plano 
mínimo; comparação entre três planos. 
 
4 Plano de ação e 
recomendações 
específicas 
Características chaves de cada setor do 
plano base; características adicionais de 
cada setor do plano mais promissor e 
plano mínimo. 
 
Fonte: Elaborado pela autora com base em FORMAN, 2004, p. 29. 
 
Segundo Forman (2004, p. 29), o trabalho inicia-se com a compreensão da área de 
estudo, definição dos seus limites e setores, definição de hipóteses 
/princípios/objetivos que direcionarão as próximas etapas. Planos e soluções para a 
RMB são propostos, considerando os principais pontos, que contemplam relações 
ambientais, econômicos e sociais. Em seguida, são apresentadas três soluções 
espaciais, sob a forma de planos mínimo, básico e mais promissor, diferenciados 
pelo nível de atendimento dos objetivos iniciais relacionados aos benefícios aos 
sistemas naturais e à população em geral, conforme figuras 8, 9 e 10: 
 
32 
 
 
 
 
Figura 8 - Plano básico 
 
Fonte: FORMAN, 2004, p. 73. 
 
33 
 
 
 
 
Figura 9 - Plano mais promissor 
 
Fonte: FORMAN, 2004, p. 75. 
 
34 
 
Figura 10 - Plano mínimo 
 
Fonte: FORMAN, 2004, p. 77. 
 
Em seguida, Forman (2004, p. 81) apresenta soluções para cada setor da RMB de 
forma mais detalhada, facilitando a compreensão e diferenças entre os planos 
mínimo, básico e o mais promissor. 
Portanto, este trabalho enfatiza a necessidade de harmonia entre os sistemas 
naturais e a população, o que direciona as suas análises e propostas, estas 
apresentadas na escala metropolitana e na escala do setor. Além disso, as 
propostas apresentadas em níveis diferenciados de benefícios aos sistemas naturais 
e à população, oferecem aos envolvidos no planejamento da RMB subsídios para a 
tomada de decisão. 
35 
 
O trabalho seguinte também foi elaborado para subsidiar a tomada de decisão do 
poder público e privado, mas no âmbito municipal, visando o disciplinamento de uso 
e ocupação da zona costeira brasileira. 
2.1.3.2 Projeto Orla (2006) 
Em 2000, o arquiteto paisagista e professor da FAU-USP Silvio Soares Macedo 
elaborou uma versão preliminar intitulada Projeto Orla: Procedimentos de 
classificação paisagística de áreas costeiras. Em 2006, este trabalho foi 
concretizado juntamente com o geógrafo, cientista social e professor Antônio Carlos 
Robert de Moraes e a arquiteta e professora Elisabeth de Siervi, intitulado Projeto 
Orla: Fundamentos para gestão integrada. O Projeto Orla visava “a aplicação de 
diretrizes gerais de disciplinamento de uso e ocupação de um espaço que constitui a 
sustentação natural e econômica da zona costeira, a Orla Marítima”(MMA; MPOG, 
2006, p. 3). Os municípios eram responsáveis pela implementação das diretrizes, 
baseadas em conceitos e metodologias do Projeto Orla. 
No projeto, a paisagem é considerada “como uma estrutura morfológica, cujo 
entendimento demanda a divisão em unidades diversas, as quais podem ser ainda 
subdivididas, permitindo ao técnico, de um modo simples e rápido, o 
estabelecimento de juízos de valor” (MMA; MPOG, 2006, p. 38) em diferentes 
escalas. 
 
Unidade de paisagem é definida como um trecho que apresenta uma 
homogeneidade de configuração, caracterizada pela disposição e dimensão 
similares dos quatro elementos definidores da paisagem: suporte físico, 
estrutura/padrão de drenagem, cobertura vegetal e mancha urbana. Para 
efeito de estudo, qualquer uma das grandes unidades de paisagem 
litorânea pode ser subdividida em subunidades, de modo a permitir um 
aprofundamento do conhecimento. Trata-se, portanto, de uma ótica que 
observa diferentes escalas (MMA; MPOG, 2006, p. 38). 
 
Dessa forma, o termo unidade de paisagem é compreendido “como elemento de 
decodificação e análise de conjuntos paisagísticos expressivos que ocupam grandes 
extensões de território”, conforme ilustrado na figura 11: 
 
36 
 
Figura 11 - Identificação de unidades de paisagem 
 
Fonte: MMA; MPOG, 2006, p. 39. 
 
Macedo (2000, p. 4) esclarece que para compreender a paisagem de um estudo de 
caso, não é suficiente estabelecer o recorte de estudo nas suas áreas adjacentes, 
mas deve recortar no conjunto paisagístico, em que está inserido. Por isso, o método 
do Projeto Orla inicia-se da escala do conjunto paisagístico até a subunidade tecido 
urbanizado, conforme quadro 2: 
 
Quadro 2 - Método do Projeto Orla 
Item Etapa Descrição Aspectos 
1 Identificação da 
unidade de 
paisagem 
Identificar conjunto paisagístico em que a 
área de estudo está inserida considerando 
mancha-corredor-matriz 
Suporte físico; drenagem 
e demais corpos d´água; 
cobertura vegetal; 
mancha ou tecido 
urbanizado 
2 Identificação das 
subunidades de 
paisagem 
Identificar as subunidades de paisagem em 
que a área de estudo está inserida 
considerando mancha-corredor-matriz. 
Suporte físico; drenagem 
e demais corpos d´água; 
cobertura vegetal; 
mancha ou tecido 
urbanizado 
37 
 
Item Etapa Descrição Aspectos 
3 Identificar as 
tipologias de 
cobertura na 
subunidade tecido 
urbanizado 
Identificar as tipologias de cobertura na 
subunidade tecido urbanizado. 
Convencionais (formal e 
informal); portuária; 
industriais. 
4 Formulação de 
cenários 
Constatar os usos praticados e, para cada 
situação indesejável de uso dos espaços e 
recursos, formular uma situação desejada a 
se alcançar. 
 
5 Elaboração do 
plano de 
intervenção 
Documento elaborado pelos agentes 
executivos do Projeto Orla, após o processo 
de diagnóstico, classificação e definição dos 
cenários desejados. Nele estarão 
estabelecidas as estratégias que os 
municípios adotarão para executar a gestão 
desse espaço. 
 
Fonte: Elaborado pela autora com base em MACEDO, 2000 e MMA/MPOG, 2006. 
 
Verifica-se que a identificação da unidade de paisagem até as subunidades de 
paisagem, deve considerar as estruturas de cobertura (drenagem e demais corpos 
d´água; cobertura vegetal; mancha ou tecido urbanizado), baseadas no Design with 
Nature, que por sua vez apresentam-se espacialmente como mancha, corredor e 
matriz, baseadas nas categorias estruturais da Ecologia da Paisagem. 
Em seguida, o trabalho direciona o foco para a subunidade de paisagem de mancha 
ou tecido urbanizado, na qual são identificadas as tipologias de cobertura 
(convencionais, portuárias e industriais), a fim de avaliar de forma preliminar a 
ruptura da dinâmica ecológica pela ação antrópica em determinado local sobre os 
ecossistemas existentes (MACEDO, 2000, p.8). A partir da compreensão dos 
aspectos decorrentes da formalização espacial, é possível formular cenários que 
possam abordar questões como: conforto ambiental urbano, problemas ambientais 
existentes, limitações dos padrões urbanísticos vigentes, conformação 
estrutural/morfológica (MACEDO, 2000, p.14). 
A seguir, serão apresentadas duas abordagens de identificação e interpretação da 
paisagem, baseadas no seu caráter, desenvolvidas no Reino Unido. 
 
2.2 Caráter da paisagem 
 
A Landscape Character Assessment (LCA) e a Historic Landscape Characterisation 
– HLC precederam a Convenção Europeia da Paisagem (CEP), realizada em 
38 
 
Florença em 2000, que demonstrava a importância do caráter na sua definição de 
paisagem3. 
Vale ressaltar que até a década de 1970, a identificação e a conservação das 
paisagens no Reino Unido eram baseadas geralmente em abordagens estritamente 
quantitativas, objetivas e especialistas, resultando na criação áreas protegidas como 
Parques Nacionais e Áreas de Grande Beleza Natural, avaliados pelo valor estético. 
(SWANWICK; FAIRCLOUGH, 2018, p.23). 
Na década de 1990, a LCA e a HLC evidenciavam o foco da abordagem no caráter 
da paisagem e estavam mais desenvolvidos para dar suporte a práticas e políticas 
nacionais do Reino Unido, tornando-se referência para outros países europeus 
(SWANWICK; FAIRCLOUGH, 2018, p.22), que se comprometeram na CEP a: 
 
• Identificar as paisagens no conjunto do seu território; 
• Analisar as suas características bem como as dinâmicas e as pressões 
que as modificam; 
• Acompanhar as suas transformações. (CONSELHO DA EUROPA, 
2000). 
 
Segundo a referida convenção, a identificação e interpretação da paisagem deve 
considerar “valores específicos que lhes são atribuídos pelos intervenientes e pela 
população interessada ” (CONSELHO DA EUROPA, 2000), incorporando a 
abordagem subjetiva no processo. 
2.2.1 Landscape Character Assessment (LCA) 
Em meados da década de 1980, a Countryside Commission4 (antecessor do 
Countryside Agency, que por sua vez antecedeu a vigente Natural England) 
desenvolveu um trabalho de compreensão do caráter do interior da Inglaterra e do 
País de Gales, diante da necessidade de gerir essas extensas áreas, expandindo 
sua atuação além do sistema de áreas protegidas. 
 
3 Paisagem designa uma parte do território, tal como é apreendida pelas populações, cujo carácter 
resulta da ação e da interação de fatores naturais e/ou humanos (CONSELHO DA EUROPA, 2000, 
Art.1). 
4 Órgão estatutário da Inglaterra e do País de Gales (partir de 1991, apenas da Inglaterra) que 
coordenou a atividade do governo em relação ao campo até 1999, quando ocorreu a fusão com a 
Rural Development Commission formando a Countryside Agency. Em 2006, esta passou a fazer parte 
da Natural England. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Countryside_Commission. Acesso 
em: 13 jul. 2020. 
39 
 
Na década seguinte, a referida comissão desenvolveu uma técnica de avaliação da 
paisagem, publicada como Landscape Assessment Guidance (1993) e aplicada no 
programa nacional que identificava, descrevia e analisava o caráter da paisagem 
inglesa, como subsídio para conservá-la ou aprimorá-la. (SWANWICK, 2002b, p. 3). 
Depois a técnica avançou para uma abordagem prática, elaborada por Carys 
Swanwick, Departamento de Paisagismo da Universidade de Sheffield e Land Use 
Consultants5 (LUC), solicitada pela Countryside Agency e Scottish Natural Heritage, 
denominada Landscape Character Assessment: Guidance for England and Scotland 
(2002). 
Segundo Swanwick e Fairclough (2018, p.23), a evolução das abordagens do 
caráter da paisagem (QUADRO 3) ocorreu em um contexto no Reino Unido no qual 
havia um sistema de planejamento espacial bem desenvolvido a nível local e 
nacional, baseado em áreas protegidas; a paisagem era visivelmente marcada pelo 
gerenciamento do homem e havia uma relação sentimental da população com a 
paisagem. 
 
Quadro 3 - Evolução da LCA 
Avaliação da Paisagem 
(Landscape Evaluation) 
Avaliação da Paisagem 
(Landscape Assessment) 
Avaliação do Caráter da 
Paisagem (Landscape 
Character Assessment-LCA)

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