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1 Louyse Jerônimo de Morais Hematologia: série branca. Hematopoiese medular A linhagem linfoide vai dar origem aos linfócitos B e T. • Diferença entre leucemia e linfoma: quando a origem é na medula óssea, chamamos de leucemia, já quando se origina no tecido linfoide é linfoma. • Principal origem de um linfoma: linfonodo. Regiões do linfonodo • Córtex: região mais rica em linfócitos B. • Região paracortical: linfócitos T • Medula: plasmócitos. Normalmente, os linfomas são mais de linfócitos B, ou seja, tem mais origem nos folículos linfáticos. Vamos ter um desenvolvimento celular bem típico. Quanto aos linfócitos B (LB) que tiveram origem na medula, uma hora, alguns vão se alojar nos linfonodos. Vão entrar pela região periférica, ainda virgens, ou seja, sem terem sido apresentados a algum antígeno. No linfonodo, quando recebem o esgoto da circulação, essas células passam a ser apresentadas ao mundo das células adultas. Então, o linfócito B começa a ter que se preparar até ser um soldado efetivo do nosso sistema imune. No centro germinativo, ele vira o centroblasto, tornando-se uma célula maior. Isso é uma fase de preparação. Depois, tem que ser lapidado, sendo transformado em um centrócito. O centrócito é quase uma célula madura, pois passa a reconhecer bem o antígeno, produzir anticorpos etc. Ele vai ser, agora, transformado em um LB que vai ficar de prontidão, chamado de LB de memória. Quando o antígeno estiver por aí, ele vai ser lançado na circulação (quem faz essa orquestra é o linfócito T), sendo agora chamado de plasmócito. No meio do caminho, pode haver o desenvolvimento dos linfomas. Quando é neoplasia de plasmócito, chamamos de mieloma. Linfomas - visão geral São neoplasias de linfócitos B, T ou células NK. O mais comum é ser de linfócitos B. Clínica • Linfonodomegalia não dolorosa: cervical e clavicular. As células tumorais têm uma relação muito grande com a liberação de mediadores e citocinas, que causam reações sistêmicas, parecendo muito com doenças infecciosas, como a tuberculose. 2 Louyse Jerônimo de Morais • Sintomas B: febre ≥ 38°C, sudorese noturna, perda de peso > 10% em 6 meses. • Dois tipos: Hodgkin vs. não Hodgkin Principais características 1. Linfoma de Hodgkin • Centralizado: cadeias cervicais, mediastinais, peri-hilares. • Quando dissemina, ocorre por contiguidade. • Acometimento mediastinal é importante, acometimento extranodal é raro. • Dor no linfonodo com ingestão de álcool • Prurido/eosinofilia • Febre de Pel-Ebstein: padrão irregular. • Acomete mais pacientes jovens e tende a ter um prognóstico melhor. 2. Linfoma Não-Hodgkin • Periférico: linfonodos epitrocleares • Disseminação hematogênica • Acometimento extranodal é mais comum • Sintomas B são mais frequentes • Febre contínua • Acomete mais pacientes idosos e tem um prognóstico pior Diagnóstico • Biópsia excisional • Indicações: > 2 cm, localização supraclavicular ou cervical mais profunda (escalênica), crescimento progressivo, aderido a planos profundos. Estadiamento de Ann-Arbor modificado Doença localizada • Estágio I: uma cadeia linfonodal ou estrutura linfoide (baço, timo). • Estágio II: duas cadeias ou mais no mesmo lado do diafragma Doença avançada • Estágio III: ambos os lados do diafragma. o III1: andar superior do abdome o III2: andar inferior do abdome • Estágio IV: acometimento extranodal à distância (fígado e medula óssea). Enquanto a doença for localizada, tem-se o benefício e a ideia de que a radioterapia (RT) vai ter o seu efeito. Então, além de quimioterapia (QT), associa RT. • Estágio I e II: QT + RT • Estágio III e IV: QT Se não responder, faz transplante de medula óssea (recidiva). • Marcadores de pior prognóstico: > 60 anos, aumento de LDH (significa que tem mais célula sendo destruída), sintomas B, acometimento extranodal (doença mais disseminada). Linfoma de Hodgkin • Origem: linfócito B • Célula em olhos de coruja - célula de Reed- Sternberg (RS). o Não é patognomônica - mononucleose infecciosa, carcinomas e sarcomas. Célula de Reed-Stenberg Deve-se pensar em Hodgkin porque, ao redor da célula, existe uma grande concentração de células inunes ativadas (pano de fundo reacional, composto por histiócitos, plasmócitos etc.). Subtipos 1. LH clássico (CD15, CD30) 3 Louyse Jerônimo de Morais • Esclerose nodular (65%): mais comum em mulheres jovens. • Celularidade mista (25%): mais comum em pacientes com HIV e EBV. • Rico em linfócitos: melhor prognóstico. • Depleção linfocitária: pior prognóstico, mais comum em idosos 2. LH com predomínio linfocitário (CD20): muito raro. O tratamento do linfoma de Hodgkin leva à cura em 60 a 95% dos casos. Linfoma não Hodgkin • Origem: linfócitos B, linfócitos T e células NK. Apesar disso, é mais comum em linfócitos B, com mais de 20 subtipos. Paradoxo prognóstico Vão ter linfomas que são extremamente graves, que de uma hora para outra o paciente morre. Por outro lado, teremos linfomas mais lentos e indolentes, em que o paciente pode viver anos com eles. Aqueles tumores que se replicam de forma muito rápida são os que mais têm chance de curar. A QT é feita para matar o que mais se replica, então os tumores graves respondem melhor. Esse é o paradoxo prognóstico - “vive muito, cura pouco” / “vive pouco, cura muito”. Subtipos 1. Indolente (sobrevida de anos) A taxa de cura é indefinida. Depende muito do estadiamento e muitas vezes faz tratamento paliativo. • Tumor folicular: é o segundo subtipo mais comum, atingindo mais pacientes idosos do sexo feminino e o diagnóstico é tardio (estágio III para IV). 2. Agressivo (sobrevida de meses) • Curativo: 40 a 60% • Difuso de grandes células B: mais comum, atinge pacientes idosos. 3. Altamente agressivo (sobrevida de semanas) • Curativo em 50 a 80% dos casos • Linfoma Burkitt (grandes massas) e linfoblástico pré-T: são típicos da criança. O Burkitt pode dar massa mandibular e abdominal. Córtex (linfócitos B) → centroblastos → centrócitos → plasmócitos • Tumor de linfócitos B de centroblastos: difuso de grandes células B. É o mais prevalente. • Linfoma de linfócitos B menores (centrócitos): linfoma folicular. Mieloma múltiplo É um tumor que infiltra a medula, fazendo isso em múltiplos focos tumorais. Trata-se de uma “neoplasia dos plasmócitos”. Um processo inflamatório ativa várias células imunes. Quando isso acontece, há vários anticorpos liberados. Quando for olhar para os anticorpos liberados, eles não têm uma identidade, mas eles vêm de vários plasmócitos. No mieloma, alguns plasmócitos viram câncer e acontece uma produção excessiva de anticorpos desses plasmócitos. • Pico monoclonal de imunoglobulinas • Eletroforese de proteínas: componente M ≥ 3 g/dl. o A gamaglobulina é a que mais interessa, porque ela é a fração dos anticorpos. o O paciente faz inversão da relação globulina/albumina. • IgG: principal tipo de mieloma, melhor prognóstico. • IgA: segundo lugar • Cadeia leve: isso já ocorre naturalmente, mas quando existe uma neoplasia, passa a produzir muito mais cadeias leves do que o normal. Ela chega ao rim, ultrapassa e pode ter efeito nefrotóxico. • IgD: pior prognóstico. Clínica • Epidemiologia: pessoas > 50-60 anos, homens, negros. Estruturas alvos da doença • C: cálcio (>10,5-11 mg/dL); ocorre por elevação da atividade dos osteoclastos. Pode dar manifestação renal, cardíaca, neurológica etc. 4 Louyse Jerônimo de Morais • A: anemia com Roleaux (empilhamento das hemácias por neutralização de cargas); ocupação medular, inibição da eritropoiese. • R: rim (insuficiência renal). o Aguda: relaciona-se com a hipercalcemia. o Rim do mieloma: associação com a produçãoexcessiva de cadeias leves, que atravessam o glomérulo, promovem proteinúria, sendo encontrada no exame de urina (proteinúria de Bence Jones). Tipicamente, leva a uma alteração no túbulo proximal, conhecida como síndrome de Fanconi - paciente deixa de absorver, por exemplo, a glicose como deveria, assim como aminoácidos etc. o Depósito de proteínas em tecido e glomérulo causam lesão renal. É a famosa amiloidose (“vermelho do congo”); ácido úrico elevado também contribui para o aparecimento de lesão renal. • O: osso. Lesões líticas por ativação de osteoclastos, gerando falhas na continuidade do osso. Por conta disso, predispõe o aparecimento de fraturas. Marcador ósseo normalmente não se altera (fosfatase alcalina, por exemplo, pois ela tem mais a ver com atividade do osteoblasto do que do osteoclasto). Portanto, fosfatase alcalina e cintilografia normais. A grande causa de óbito é a imunossupressão, por redução da imunidade humoral. Mieloma osteoesclerótico: síndrome POEMS • Polineuropatia simétrica: alterações de extremidades, em bota e luva. • Organomegalia: hepatoesplenomegalia • Endocrinopatia: hipogonadismo • Mieloma • Skin: hiperpigmentação cutânea Diagnóstico • Biópsia: ≥ 10% de plasmócitos infiltrando medula óssea e/ou plasmocitoma + o Um dos elementos do “CARO” para provar que tem alteração orgânica o Um dos biomarcadores: plasmócitos na MO ≥ 60%, relação cadeias leves envolvidas / não envolvidas ≥ 100, mais de uma lesão focal na RNM. Atenção • Mieloma indolente ou Smoldering mieloma: paciente que têm plasmócitos elevados, só que não tem nem “CARO” nem biomarcadores presentes. • Gamopatia monoclonal de significado indeterminado (1% da população) o Componente M < 3 g/dl o Plasmócitos na MO < 10% Estadiamento (ISS) • Albumina (<3,5 g/dl) • β2-microglobulina (>3,5-5,5 mg/L): principal fator prognóstico. Tratamento • Imunomoduladores e corticoide como RVd • Pós-QT: transplante autólogo de MO. Obs.: IgM não entra no diagnóstico de mieloma, mas chamamos de macroglobulinemia de Waldenstrom. As características são as seguintes: • Medula com linfócitos plasmocitoides. • Clínica: adeno + hepatoesplenomegalia, síndrome de hiperviscosidade (cefaleia, vertigem, alterações visuais). • Tratamento: se viscosidade, faz plasmaférese. Quanto à atividade da célula imune em si, usa rituximabe (anti-CD20).
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