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Tecido Linfoide e suas Características

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1 Tutorial 8 – Vitor Benincá 
 
 
 
 
 
 
 
 
Grupo de neoplasias originárias do tecido linfoide. Linfomas 
“nascem” no tecido linfoide e, eventualmente, infiltram a medula 
óssea e outros tecidos, enquanto as leucemias linfocíticas fazem a 
rota inversa. 
É no tecido linfoide onde há as células imunológicas: linfócitos B, 
linfócitos T, células NK. 
A maior parte desse tecido encontra-se nos linfonodos, amígdalas, 
timo e baço. Mas a mucosa do TGI, respiratório, urinário pode 
contar alguns pontos de tecido linfoide sob a forma de nódulos ou 
folículos linfáticos. Sendo assim, quando esse tecido se encontra 
nas mucosas, recebe a denominação de MALT (Mucosa Associated 
Lymphoid Tissue). 
A placa de Peyer no íleo é um grande representante do MALT, pois 
contém numerosos folículos agrupados. 
O tecido MALT pode aparecer e desaparecer de acordo com o 
estímulo antigênico (ex: estados inflamatórios crônicos). Sendo 
assim, qualquer um desses locais pode ser a origem de um linfoma. 
ARQUITETURA DO TECIDO LINFOIDE 
LINFONODOS 
Linfonodos ou gânglios linfáticos são órgãos encapsulados 
constituídos de tecido linfoide, que se espalham pelo organismo 
sempre no trajeto de vasos linfáticos. Constituído de uma capa 
externa (cortical), uma zona intermediária (paracortical), e uma 
camada medular. 
Camada Cortical: formada por inúmeros folículos linfáticos, onde se 
encontra a maior parte dos linfócitos B. Esses linfócitos B são 
produzidos na medula óssea como “células virgens”. Porém, desde 
sua formação na medula, esses linfócitos já possuem anticorpos da 
classe IgM em sua superfície. Os linfócitos B virgens penetram nos 
linfonodos e se encontram nos folículos primários. Quando há 
estimulação antigênica, o folículo cresce e modifica os linfócitos B 
tornando-se folículos secundários. Esses folículos adquirem um 
centro germinativo e são circundados pela zona do manto. O 
contato com o antígeno ativa um grupo de linfócitos B que então se 
transformam em células maiores e proliferativas chamadas de 
centroblastos que dão origem aos centrócitos que ocuparão o centro 
germinativo. Na zona no manto permanecerão linfócitos B virgens. 
Eventualmente, em volta do manto, acumulam-se linfócitos B de 
memória, que geram a zona marginal. 
Camada Paracortical: rica em linfócitos T e os fornece para os 
centros germinativos durante resposta antigênica. 
Camada Medular: rica em plasmoblastos e plasmócitos e pobre em 
linfócitos. Composta de cordões medulares e seios medulares que 
recebem a linfa proveniente de camadas cortical e deságuam nos 
linfáticos eferentes. 
 
 
 
 
 
Linfa: é o excesso de líquido que se acumula no interstício dos 
órgãos com várias proteínas, microrganismos e partículas 
antigênicas. Com a linfa há o contato entre sistema imune e 
antígenos. A linfa sai do linfonodo rica em linfócitos e plasmócitos 
sensibilizados. 
BAÇO 
O tecido linfoide esplênico constitui a sua “polpa branca”. Existem 
folículos linfáticos que contém linfócitos B e região parafolicular que 
contêm linfócitos T. 
Os folículos esplênicos sempre contêm uma zona marginal de 
células B de memória. 
TIMO 
Órgão linfoide subdivido em lóbulos, cada um contendo uma 
camada cortical e uma camada medular. O tecido desses lóbulos é 
basicamente composto de linfócitos T em várias fases de 
maturação. 
Na zona medular há predomínio de linfoblastos, linfócitos jovens e 
células reticulares, e na zona cortical há grande aglomerado de 
linfócitos T maduros. 
ANEL DE WALDEYER 
Formado pelas adenoides, amígdala faríngea, amígdalas palatinas e 
linguais. São agregados de tecido linfoide subepitelial, dispostos 
como um anel imaginário no entorno da garganta. 
TECIDO LINFOIDE DA MUCOSA (MALT) 
Geralmente responsável pelo primeiro contato do sistema imune 
com os antígenos externos, sendo rico em células apresentadoras 
de antígenos, linfócitos T e B de memória. 
Na mucosa intestinal é chamado de GALT→ formado por nódulos 
linfáticos dispersos pela lâmina própria e pela placa de Peyer 
(aglomerado de nódulos linfáticos na mucosa do íleo). 
Na mucosa brônquica (BALT), nasofaríngea (NALT), vulvovaginal 
(VALT), urinária, glandular etc. 
TECIDO LINFOIDE DA PELE 
A derme contém os linfócitos T cutâneos, sendo que essas células 
interagem com as células de Langerhaans (apresentadora de 
antígenos) da epiderme. 
 
“O DESTINO DOS LINFÓCITOS” 
A medula óssea produz e lança na circulação linfócitos B maduros e 
células pré-T. Estas últimas precisam chegar ao timo para se 
transformarem em linfócitos T maduros. 
Sendo assim, a MO e o timo são considerados tecido linfoide 
primários pois produzem linfócitos virgens, ou seja, células que 
ainda não tiveram contato antigênico (apesar de já nascerem com 
receptor específico para determinado antígeno). 
Os linfócitos virgens viajam pela corrente sanguínea e se assentam 
nos tecidos linfoides secundários- linfonodos, baço, anel de 
Waldeyer. Após contato antigênico, eles se transformam em 
linfócitos B e T de memória e vão para corrente linfática e depois 
sanguínea. 
 
Tutorial 8 
Linfomas Não Hodgkin 
 
2 Tutorial 8 – Vitor Benincá 
EPIDEMIOLOGIA 
Os linfomas não Hodgkin são os principais representantes das 
neoplasias linfoides. 
Há vários padrões histológicos devido a existência de uma vasta 
gama de tipos de linfócitos e seus diversos graus de diferenciação e 
maturação. Isso ocorre, pois, cada tipo de LNH se origina de um tipo 
específico de linfócito em um determinado estágio de diferenciação 
e maturação. 
A incidência dos LNH vem aumentando progressivamente nas 
últimas décadas. Isso ocorreu devido a dois fatores importantes: 
AIDS e avanço nas técnicas de transplante de órgãos sólidos. 
Encontrados com maior frequência entre idosos (contradição pois 
geralmente eles não possuem os fatores de risco acima citados). 
Pico de incidência: 50-65 anos. Mas pode aparecer em qualquer 
faixa etária, inclusive em crianças. 
Ligeira prevalência pelo sexo masculino e pela raça branca. 
Predomina nos países da Europa, EUA e Austrália. 
ETIOPATOGENIA 
Agentes ambientais e anormalidades genéticas herdadas participam 
nas alterações irreversíveis sofridas por cromossomos que ativam 
pró-oncogeneses ou inativando antioncogeneses. 
Associação com infecção pelo vírus Epstein Barr, AIDS. 
Anormalidades cromossomiais que promovem deficiências 
imunológicas congênitas na infância também são fatores de risco. 
Porém, a maioria dos LNH não possui etiologia definida. Mas há 
alguns fatores que predispõem: 
AIDS 
A infecção pelo HIV aumenta o risco de LNH em mais de 100 vezes. 
Isso está relacionado exclusivamente à imunodepressão na fase da 
AIDS. 
O LNH relacionado à AIDS são os linfomas B de alto grau de 
malignidade predominando os seguintes tipos: Linfoma B difuso de 
grandes células tipo imunoblástico, Linfoma de Burkitt, Linfoma 
primário do SNC, Linfoma de cavidades serosas. 
Os 2 primeiros são responsáveis por 70% dos casos, sendo que o 
primeiro é o mais comum. 
A queda dos fatores CD4 é o principal fator de risco. 
O linfoma primário do SNC é aquele associado aos menores níveis 
de CD4 (< 50/mm³). Diferente do linfoma de Burkitt que pode ocorrer 
numa faixa menor de CD4. 
O Vírus Epstein Barr possui importante papel na patogênese dos 
linfomas B na AIDS, principalmente no Linfoma do SNC e nas 
formas sistêmicas de LNH. Esse vírus infecta os linfócitos B 
estimulando a proliferação dessas células. Em estados de 
imunodepressão celular, esse vírus pode replicar 
descontroladamente, permitindo a proliferação desordenada dos 
linfócitos B e aumentando a chance de formação de um ou mais 
clones neoplásicos. 
TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS 
O transplante de órgãos sólidos coloca o indivíduo em risco para 
desenvolvimento de LNH. Esse risco aumenta de 30-60 vezes em 
relação à população normal. Isso ocorre principalmente devido ao 
empregode terapias imunossupressoras prolongadas. 
Esses linfomas predominam em transplantados cardíacos e 
coração-pulmão, sendo mais raros após transplante renal. 
O transplante de medula óssea por exigir um esquema breve de 
imunossupressão, aumenta muito pouco o risco de LNH. 
Predomínio de linfomas de linfócitos B de alto ou médio grau de 
malignidade e quase sempre associada ao vírus Epstein-Barr. 
Recebem a nomenclatura de “Doença Linfoproliferativa Pós-
Transplante”, e podem ser de dois tipos: monomórfico ou 
polimórfico. 
DEFICIÊNCIAS IMUNES CONGÊNITAS 
Principais: ataxia-telangiectasia, Síndrome de Wiskott-Aldrich, 
Imunodeficiência como variável e Síndrome linfoproliferativa ligada 
ao cromossomo X (ex: mononucleose infecciosa). 
AGENTES INFECCIOSOS ESPECÍFICOS 
Epstein Barr: O vírus tem a capacidade de infectar linfócitos B e 
células epiteliais da orofaringe e nasofaringe. É o agente da 
mononucleose infecciosa, causando também hepatite, pneumonite e 
leucoplaquia pilosa. Os principais linfomas B associados a este 
vírus são o linfoma de Burkitt (forma endêmica africana) e os 
linfomas relacionados à AIDS e ao transplante de órgãos. 
A forma endêmica do linfoma de Burkitt predomina em regiões 
equatoriais do continente africano, justamente as áreas endêmicas 
da malária. Sendo assim, acredita-se que a malária crônica 
promova uma disfunção imune que facilite as alterações sofridas 
pelos linfócitos infectados pelos vírus. 
HTLV-I: É o Vírus da Leucemia de Células T humanas do tipo I. É 
um retrovírus que infecta células T maduras. 
Como o próprio nome sugere, encontra-se associado com a 
Leucemia/Linfoma de células T do adulto, um tipo endêmico de 
neoplasia linfoide no Oriente Asiático (Japão) e regiões do Caribe 
(ex: Jamaica). 
Helicobacter pylori: A infecção por H. pylori leva ao aparecimento de 
tecido linfoide em regiões da mucosa do estômago, predispondo ao 
linfoma MALT gástrico (tipo mais comum do linfoma MALT). Sua 
erradicação com a antibioticoterapia é capaz de fazer regredir o 
linfoma. 
Vírus Herpes B: Vírus do Sarcoma de Kaposi em pacientes com 
AIDS e está relacionado ao linfoma de cavidades serosas 
juntamente com o vírus Epstein-Barr. 
DOENÇAS AUTOIMUNES 
Ocorre, pois, levam ao estado de hiperproliferação de linfócitos B. 
Predispõem ao linfoma B especialmente do tipo MALT. 
Síndrome de Sjogren: É uma colagenose autoimune que causa 
infiltração linfocítica nas glândulas lacrimais e salivares do tipo 
sialoadenite mioepitelial. O linfoma B tem uma incidência 40 vezes 
maior nesses pacientes. O linfoma é do tipo MALT e surge em 
glândulas salivares e linfonodos cervicais. Antes do linfoma, alguns 
pacientes evoluem para um quadro de “pseudolinfoma”, sendo que 
alguns desses casos irão se transformar em linfomas verdadeiros. 
Tireoidite de Hashimoto: Quase todos os casos de linfomas 
tireoidiano são do tipo MALT e estão associados à tireoidite de 
Hashimoto (doença autoimune linfocítica da tireoide). 
Outras doenças autoimunes: Há um pequeno aumento da incidência 
de linfomas B em pacientes com artrite reumatoide, LES, esclerose 
sistêmica, polimiosite e doença inflamatória intestinal. 
DOENÇAS INTESTINAIS 
Doença Celíaca: Também chamada de enteropatia por glúten, que 
aumenta em cerca de 40 vezes o risco de linfoma intestinal. O 
linfoma relacionado à enteropatia acomete o jejuno, sendo um 
linfoma de células T abreviado como EATL. Geralmente se 
apresenta entre 40-50 anos de idade, muitas vezes após anos de 
controle clínico de enteropatia. Essa doença ocorre por surgimento 
de população aberrante de linfócitos T da mucosa intestinal que 
eventualmente pode se transformar em clones neoplásicos. 
 
3 Tutorial 8 – Vitor Benincá 
Doença Intestinal Imunoproliferativa: Considerado um linfoma B de 
baixo grau que infiltra de forma difusa a lâmina própria do duodeno 
e do jejuno proximal. Mais comum em países do mediterrâneo, 
recebendo assim o nome de “Linfoma Intestinal Mediterrâneo”. 
Muito associado às verminoses. 
EXPOSIÇÃO A FATORES AMBIENTAIS 
Exposição a herbicidas na agricultura, radiação ionizante, solventes 
orgânicos e resinas de cabelo aumenta o risco de LNH. 
Curiosamente o tratamento curativo para linfoma de Hodgkin 
aumenta em 20x a chance de desenvolver um LNH. 
CLASSIFICAÇÃO 
Linfoma de padrão folicular: 
proliferação de células 
neoplásicas, no linfonodo, que 
fica praticamente restrita aos 
folículos linfáticos. 
Linfoma de padrão difuso: 
caracterizado por 
comprometimento, pelas células 
tumorais, de toda a arquitetura 
do gânglio, com perda da 
estrutura folicular. 
Atualmente, para classificar os 
linfomas, leva-se em 
consideração a morfologia, 
aspectos clínicos, 
imunofenotípicos e genéticos. 
Ocorre classificação por: 
(1) Comportamento clínico: 
Indolente vs. Agressivo. 
(2) Arquitetura histológica do 
linfonodo: Folicular vs. Difusa 
(3) Tipo celular: pequenas 
células clivadas, pequenas 
células não clivadas, grandes 
células. 
(4) Imunofenotipagem (pelos 
tipos de marcadores de 
membrana ou citoplasmáticos) 
(5) Citogenética: translocações, 
deleções, rearranjos. 
A classificação a seguir divide os 
linfomas em neoplasias de 
células T e NK e linfomas de 
células B. Porém, vale ressaltar 
que 85% dos casos de LNH 
derivam de células B e 15% das 
células T ou NK. 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
A grande maioria dos pacientes com linfoma (tanto Hodgkin ou 
Hodgkin) se apresenta com: Linfadenomegalia periférica não 
dolorosa. 
Essa é a manifestação inicial de 2/3 dos pacientes com LNH. Essa 
adenomegalia predomina nas cadeias cervicais, supraclaviculares 
ou inguinais. Porém, qualquer cadeia pode ser acometida. 
Na LNH indolente a linfadenopatia costuma ser insidiosa, com 
períodos alternados de regressão espontânea e crescimento dos 
gânglios. Sendo assim, o paciente pode não se dar conta do 
aumento linfonodal e acaba demorando para procurar auxílio. 
Já na LNH agressiva, o paciente se apresenta com massas 
linfonodais de crescimento rápido que é logo percebido. 
Um linfoma agressivo pode se manifestar em um paciente portador 
prévio de linfoma indolente – “Transformação neoplásica”. 
Sintomas B: 
 (1) Febre > 38 graus 
 (2) Sudorese noturna 
 (3) Perda Ponderal superior a 10% nos últimos 6 meses. 
Nos casos indolentes, os sintomas B estão presentes em apenas 
25% dos casos, já nos casos de LNH agressivos são encontrados 
em 50%. 
Quanto mais rápido for o crescimento tumoral, maior a chance de 
aparecerem os sintomas B. 
Outros sintomas gerais: fadiga, mal-estar, prurido, tosse seca 
persistente, desconforto torácico e às vezes Síndrome de 
Compressão da Veia Cava Superior. 
O acometimento de linfonodos abdominais geralmente é 
assintomático, mas pode chamar atenção devido à massa palpável 
ou desconforto abdominal. 
Todo linfoma pode acometer o baço, porém apenas alguns subtipos 
cursam com esplenomegalia de grande monta: linfoma B da zona 
marginal esplênico, linfoma T gama/delta hepatoesplênico. 
INDICAÇÕES PARA BIÓPSIA 
• Tamanho superior a 2cm 
• Localização supraclavicular ou escalênica 
• Crescimento progressivo 
• Consistência endurecida, aderido aos planos profundos 
A biópsia deve ser feita em todo o linfonodo – não apenas em um 
fragmento – pois o diagnóstico depende da arquitetura histológica. 
Também é necessário a pesquisa de causas infecciosas: 
tuberculose, micose profunda, mononucleose, toxoplasmose, CMV, 
HIV etc. 
Os linfomas não Hodgkin apresentam padrão de comprometimento 
ganglionar diferente da doença de Hodgkin. Eles acometem mais o 
anel de Waldeyer e linfonodos epitrocleares e os abdominais 
(mesentéricos e retroperitoneais). Já os linfonodos mediastinais são 
comprometidos apenas em 20% dos pacientes (e 60% em casos de 
linfoma Hodgkin). 
ACOMETIMENTO EXTRANODAL 
O comprometimento extranodal é bem mais frequente nos LNH do 
que na doençade Hodgkin, ocorrendo na evolução de até 50% dos 
linfomas, sendo comum nos tipos agressivos e pouco frequente nos 
tipos indolentes. 
O trato gastrointestinal e a medula óssea são os sítios mais 
afetados. Outros locais característicos de acometimento linfomatoso 
são: pele, fígado, pulmão, nasofaringe, órbita, SNC, meninges, rins, 
testículos, glândulas salivares, tireoide e ossos da mandíbula. 
Diversos linfomas também podem ter um órgão extranodal como 
sítio primário (10-35% dos casos de LNH); neste caso, o trato 
gastrointestinal é o principal. Os sintomas costumam ser dor 
crônica, náuseas, vômitos, anorexia, plenitude pós-prandial, diarreia 
e esteatorreia (dependendo da porção do trato gastrointestinal 
acometida). Os casos complicados podem cursar com hemorragia 
digestiva, obstrução intestinal e até perfuração. 
O acometimento hepático é comum, cursando com hepatomegalia, 
mas sem sinais de disfunção hepática. Evidência clínica de 
envolvimento dos rins é registrada em 2-15% dos casos, com 
aumento do órgão, mas sem insuficiência renal. O linfoma testicular 
corresponde a 2% dos casos de acometimento extranodal. 
 
4 Tutorial 8 – Vitor Benincá 
O acometimento cutâneo decorre da presença na derme de 
infiltrados neoplásicos, traduzindo-se clinicamente por lesões 
eritematoinfiltradas papulosas, nodulares, em placa, tumores e 
ulcerações. 
A meningite linfomatosa (comum no linfoma de Burkitt e no linfoma 
linfoblástico) manifesta-se como um quadro de meningite 
crônica/subaguda. Os linfócitos neoplásicos são encontrados na 
punção liquórica. 
Os exames laboratoriais podem revelar citopenias (anemia, 
leucopenia ou trombocitopenia), especialmente quando há 
acometimento extenso da medula óssea. 
Pode ocorrer hipercalemia e hiperuricemia. 
PROGNÓSTICO 
O prognóstico dos LNH é bastante dependente do tipo histológico, 
muito mais do que do estadiamento (diferente do Linfoma Hodgkin). 
“Paradoxo prognóstico dos LNH”: os linfomas indolentes apesar de 
apresentar uma sobrevida bem maior sem tratamento do que os 
linfomas agressivos, a cura geralmente não é atingida pela 
quimioterapia, enquanto nos agressivos pode ser curada. 
Sendo assim, é possível 
perceber que a curva de 
sobrevida com o 
tratamento dos linfomas 
indolentes e agressivos se 
encontram em torno dos 6 
anos, período em que 
geralmente começa a 
morrer pacientes com LNH 
indolente e a cura pelo 
LNH agressivo. 
Além do tipo histológico, há outros fatores que promovem mau 
prognóstico: 
(1) Idade > 60 anos 
(2) LDH elevado 
(3) status performance >2 (estimativa do estado geral do 
paciente oncológico). 
(4) Estágio Clínico Ann Harbor III ou IV 
(5) Acometimento extranodal > 1 
Cada item de mau prognóstico soma 1 ponto, sendo que o escore 
varia, portanto de 1-5. 
Esse é o chamado escore de IPI, que tem sido utilizado para os 
LNH agressivos. 
Em linfomas B folicular indolente utiliza-se escore semelhante, mas 
trocando o status performance e o acometimento extranodal pelos 
níveis de hemoglobina e pelo número de sítios linfonodais 
acometidos- FLIPI. 
 
TIPOS ESPECÍFICOS DE LINFOMAS NÃO HODGKIN 
Os linfomas B constituem 85% de todos os LNH, sendo neoplasias 
originárias dos linfócitos B. Durante o seu ciclo de vida, as células B 
sofrem diversas transformações e, portanto, sucessivos estágios de 
maturação, sendo que cada um pode dar origem a um linfoma 
diferente. 
Clinicamente os linfomas são divididos em 3 grupos: 
(1) Linfomas Indolentes (protótipo é o linfoma folicular) 
(2) Linfomas Agressivos (protótipo é o linfoma difuso de 
grandes células) 
(3) Linfomas altamente agressivos (Linfoma de Burkitt e 
Linfoma Linfoblástico). 
O linfoma mais comum: Linfoma difuso de grandes células B 
(representa 30% de todos os linfomas), seguido do linfoma folicular. 
 
 
 
 
 
Linfomas B indolentes 
LINFOMA FOLICULAR DE CÉLULAS B 
Segundo LNH mais comum, após o difuso de grandes células B. 
Corresponde a 70% dos casos de linfomas indolentes. É derivado 
dos linfócitos B dos centros germinativos, que já tiveram contato 
antigênico e encontram-se em fase de transformação. 
A idade média de apresentação é de 60 anos, com um ligeiro 
predomínio no sexo feminino. 
Linfadenomegalia de início insidioso, predominando nos linfonodos 
cervicais, supraclaviculares, axilares e inguinais. Períodos de 
regressão espontânea intercalados com crescimento linfonodal são 
a regra nesses linfoma. 
Linfomas B Indolentes Linfomas B Agressivos 
Linfomas B Altamente Agressivos 
 
5 Tutorial 8 – Vitor Benincá 
O baço e o fígado são acometidos em quase metade dos casos, 
com hepatoesplenomegalia difusa. A medula óssea está envolvida 
em 60-70% dos casos. 
2/3 dos pacientes já encontram em estágio III ou IV por ser 
indolente. 
Os sintomas B são relatados em apenas 20% dos casos, bem como 
a elevação do LDH sérico. 
Sobrevida média (nos estágios III ou IV) oscila entre 5-10 anos. 
A terapia não influi muito no prognóstico e deve ser reservada para 
os poucos casos de doença localizada (terapia curativa) ou na 
presença de sintomas ou complicações (terapia paliativa), como dor, 
obstrução linfática (ex.: linfedema) ou compressão orgânica (ex.: 
intestinal, ureteral). A grande maioria dos casos não tem cura e 
virtualmente todos morrem do próprio linfoma. 
Muitos pacientes com linfoma folicular indolente, após alguns anos, 
sofrem uma complicação clássica da doença: a transformação em 
um linfoma B agressivo, geralmente um linfoma difuso de grandes 
células. O curso clínico então muda para linfadenopatia de 
crescimento rápido, sintomas B e infiltração de órgãos extranodais 
(além do fígado e medula óssea). A transformação ocorre numa 
média de 5-10% ao ano. 
LINFOMA LINFOCÍTICO PEQUENO 
É a forma linfomatosa da Leucemia Linfocítica crônica (LLC). 
Portanto, é derivado de um subgrupo de linfócitos B maduros 
“virgens” recirculantes, sem competência imunogênica (anérgicos) e 
carreando na superfície anticorpos autorreativos. Esses linfócitos 
não se convertem em plasmócitos. 
A idade média deste linfoma é semelhante à da LLC (por volta dos 
65 anos). 
Linfadenopatia generalizada de longa data, associada ou não à 
hepatoesplenomegalia. Os sintomas B são relatados em menos de 
30% no momento do diagnóstico 
Por ser o mais indolente dos linfomas sistêmicos, o paciente demora 
para procurar atendimento médico. O resultado é que 80% dos 
casos são encontrados no estágio IV, com 70% de extensão para a 
medula óssea, com infiltração maciça. 
Um número significativo de pacientes evolui com transformação 
para um linfoma difuso de grandes células B, uma grave 
complicação que recebe o nome de síndrome de Richter. O 
paciente apresenta grandes massas linfonodais de crescimento 
rápido, sintomas B e sobrevida de alguns meses. 
LINFOMA LINFOPLASMÁTICO 
É exatamente a mesma doença da macroglobulinemia de 
Waldenström 
Acomete frequentemente a medula óssea, o baço e o fígado. A 
linfadenopatia é generalizada e a evolução é bem insidiosa. A idade 
média de apresentação é de 63 anos. Mais de 70% dos casos 
apresentam-se em estágio IV. 
LINFOMA B DA ZONA MARGINAL NODAL 
Raro proveniente dos linfócitos B de memória da zona marginal dos 
linfonodos. 
Histologia: presença de folículos linfáticos com uma zona do manto 
e uma zona marginal proeminentes. 
Idade média de apresentação é de 55 anos. Manifesta-se com 
linfadenopatia generalizada e segue um curso bastante indolente, 
com sobrevida média superior a 12 anos. 
LINFOMA B DA ZONA MARGINAL ESPLÊNICO 
Derivado dos linfócitos B de memória da zona marginal da polpa 
branca do baço. O infiltrado linfomatoso também atinge a polpa 
vermelha. 
O paciente possui geralmente uma esplenomegalia (algumas vezes 
de grande monta), na ausência de linfadenopatia, a não ser nos 
linfonodos do hilo esplênico e pancitopenia (em ¼ dos casos). A 
queixa inicial costuma ser dorou desconforto abdominal, associado 
ou não os sintomas B. Cerca de 90% dos casos encontram-se no 
estágio IV, devido ao acometimento do fígado e da medula óssea. 
Existe uma forte associação com o vírus da hepatite C, que é 
implicado na patogênese deste linfoma em alguns pacientes. A 
sobrevida média é superior a dez anos e o tratamento de escolha é 
a esplenectomia, frequentemente seguida de remissão da doença. 
Não tem boa resposta à quimioterapia, mas o rituximab tem 
mostrado boas taxas de resposta em casos refratários. 
LINFOMA MALT 
Grande importância clínica, pois é um linfoma indolente primário das 
mucosas. Corresponde a 5% dos LNH, o gástrico é o mais comum. 
O linfoma MALT geralmente surge como complicação de algumas 
doenças inflamatórias benignas. Tais patologias estimulam a 
formação de tecido linfoide na mucosa do órgão acometido, 
predispondo ao linfoma MALT deste mesmo órgão. 
Exemplo de linfomas MALT: Linfoma MALT gástrico, linfoma 
tireoidiano, linfoma na síndrome de Sjögren. 
Linfomas B Agressivos 
LINFOMA DIFUSO DE GRANDES CÉLULAS B 
Corresponde a mais de 90% dos casos de linfomas agressivos e a 
30% de todos os LNH. 
É derivado dos linfócitos B em transformação blástica dos centros 
germinativos, que já tiveram contato antigênico. Estas células são 
representadas pelos centroblastos 
A idade média de apresentação é de 64 anos, mas pode ser visto 
numa ampla faixa etária entre 40-70 anos, com um ligeiro 
predomínio no sexo masculino. 
A doença se manifesta geralmente com uma massa linfonodal de 
crescimento rápido na região cervical ou no abdome. Em 40% dos 
casos, a apresentação é extranodal, com preferência pelo trato 
gastrointestinal. 
Os sintomas B são relatados na apresentação em 30-40% dos 
casos e o LDH está elevado em metade dos pacientes. 
Por ser agressivo, os pacientes procuram médico precocemente. A 
maioria é diagnosticado localizados (estágio I e II). A MO está 
infiltrada em apenas 10-20% dos casos. A disseminação para o 
SNC (incluindo meninges) é mais comum quando há acometimento 
medular ou extranodal. 
O linfoma B difuso de grandes células possui algumas variantes: 
(1) linfoma imunoblástico; (2) forma anaplásica; (3) forma 
mediastinal primária; (4) forma rica em células T/histiócitos; (5) 
granulomatose linfomatoide; (6) linfoma B intravascular 
Linfomas B Altamente Agressivos 
LINFOMA DE BURKITT 
É o segundo linfoma mais comum na infância, correspondendo a 
30% dos casos e perdendo apenas para o Linfoma Linfobástico de 
células Pré-T. 
É um linfoma bastante raro em adultos (menos de 1%), exceto em 
pacientes HIV positivos, onde se torna o segundo mais comum 
(perdendo apenas para o linfoma imunoblástico). 
É derivado de uma população de linfócitos B do centro germinativo 
e que já foram submetidos à ativação antigênica. 
 
 
6 Tutorial 8 – Vitor Benincá 
Existem 3 formas de linfomas de Burkitt sobre o ponto de vista 
epidemiológico e etiopatogênico: 
 (1) Forma esporádica 
 (2) Forma endêmica africana 
 (3) Forma em pacientes HIV positivos 
Em todas essas formas, o linfoma possui um comportamento 
altamente agressivo com crescimento tumoral muito rápido com 
acometimento extranodal. 
Mas com chance razoável de cura pela poliquimioterapia. 
FORMA ESPORÁDICA 
Forma mais comum nos EUA e na Europa e no Brasil. 
Idade Média de apresentação aos 11 anos, sendo mais comum no 
sexo masculino. 
Pacientes geralmente apresentam doença extranodal abdominal 
com acometimento do TGI especialmente a região ileocecal. 
Manifestações: dor abdominal, ascite, massa abdominal palpável, 
anorexia, náuseas, vômitos, alteração do hábito intestinal, 
sangramentos e perfurações. 
Pode acometer também os rins (massa renal), SNC, MO e gônadas 
(testículos e ovários). 
Sintomas B não são uma manifestação comum. 
Associação com o vírus Epstein-Barr é discreta e controversa. 
FORMA ENDÊMICA AFRICANA 
Típica da África equatorial, na zona do cinturão da malária. 
Forte associação com infecção pelo vírus Epstein-Barr (encontrado 
em 95% dos casos). 
Idade média: 7 anos com predomínio no sexo masculino. 
Manifestações: massa mandibular ou facial, disseminando-se 
posteriormente para órgãos internos como mesentério, MO, SNC, 
rins e gônadas. 
Sintomas B são incomuns. 
FORMA NO PACIENTE HIV POSITIVO 
Manifesta-se como a forma esporádica (manifestação abdominal, 
SNC), mas também com linfadenopatia e maior frequência de 
sintomas B. 
Associado ao vírus Epstein-Barr. 
 
Todas as formas de linfomas de Burkitt evoluem com massas de 
crescimento rápido, sintomáticas e com manifestações 
compressivas e LDH elevado. 
A resposta à poliquimioterapia costuma ser dramática e a chance de 
cura é de 60%. 
Histopatológico: padrão difuso de infiltração linfocítica com 
pequenas células não clivadas. Aspecto clássico em “céu estrelado” 
justificado pela presença de macrófagos esparsos que acabaram de 
ingerir fragmentos de células apoptóticas. 
Imunofenotipagem: marcador CD21 encontrado na forma endêmica. 
Citogenética: translocações envolvendo oncogêneses são 
detectadas em 90% dos casos. 
 
 
 
 
 
TRATAMENTO 
Linfomas indolentes apresentam sobrevida relativamente longa, 
mas em geral não são curáveis e costumam ser os responsáveis 
diretos pela morte do paciente. 
Já os linfomas agressivos apresentam sobrevida curta na ausência 
de tratamento, porém este é efetivamente capaz de curar boa parte 
dos casos. Sendo assim, a terapia dos linfomas indolentes e geral é 
indicada apenas na vigência de sintomas (com intuito paliativo e não 
curativo). Já a terapia dos linfomas agressivos deve ser precoce e 
intensa, tendo como objetivo erradicar por completo todas as células 
neoplásicas. 
TRATAMENTO DE LINFOMAS INDOLENTES 
Em pacientes diagnosticados em fases precoces: radioterapia 
direcionada pode levar à cura. 
Porém, cerca de 85% das vezes o diagnóstico só é feito quando a 
doença já se encontra disseminada (em geral com envolvimento da 
MO), sendo essa uma situação incurável. Sendo assim a conduta é 
com expectante. 
Só se indica terapias específicas para os linfomas indolentes em 
estágio avançado quando surgem sintomas decorrentes da doença 
(sintoma B, linfadenopatia volumosa, organomegalia maciça, 
citopenias e doença em transformação). 
Nesses casos, usa-se: Rituximab em monoterapia ou em conjunto 
com esquemas quimioterápicos. 
Pacientes com a doença mais agressiva podem ser encaminhados 
para o transplante alogênico de células tronco hematopoiéticas 
Linfomas MALT do estômago podem desaparecer após erradicação 
do H. pylori com antibióticos + IBP. 
TRATAMENTO DE LINFOMAS AGRESSIVOS 
O tratamento nestes casos deve ser precoce e intenso, com o 
objetivo da cura. 
Faz-se uso intenso de quimioterápicos, sendo que para cada 
subtipo desses linfomas, há um tratamento diferente. 
1. Linfoma difuso de grandes células B → 
radioimunoquimioterapia + transplante autólogo de células-
tronco hematopoiéticas se recidiva. 
2. Linfoma de células do manto → imunoquimioterapia intensiva 
seguida de transplante autólogo de células-tronco 
hematopoiéticas 
3. Linfoma primário do SNC → altas doses de metotrexate + 
rituximab pela via IV. 
4. Linfoma de Burkitt e linfoma linfoblástico → mesmo esquema 
da LLA + profilaxia do SNC 
5. Linfoma de células T agressivos → esquema CHOP 
6. Linfoma/Leucemia de células T associado ao HTLV-1 → 
interferon-alfa e zidovudina 
 
 
 
 
Linfomas T/Células NK 
 
7 Tutorial 8 – Vitor Benincá 
 
 
Foi inicialmente descrita em 1832 por Thomas Hodgkin, ao analisar 
a autópsia de 7 pacientes com aumento importante de cadeias 
linfonodais e do baço. 
Em 1898 foi descrita a célula gigante que é característica da doença 
que recebeu o nome de Células de Reed-Sternberg (RS). 
Hoje em dia sabe-se que essa Célula é o clone neoplásico da 
doença e que é derivado de linfócitos B do centro germinativodo 
linfonodo, embora seus marcadores de imunofenotipagem não 
sejam marcadores linfocíticos. Ou seja, o linfoma de Hodgkin é um 
linfoma B. 
Pico de maior incidência: 20-30 anos (primeiro pico) e 50-60 anos 
(segundo pico). 
Leve predomínio no sexo masculino. 
Possui alta chance de cura com terapêutica. 
PATOGÊNESE 
A célula de Reed-Sternberg é uma célula grande de citoplasma 
abundante e com o núcleo bilobulado e proeminentes nucléolos 
eosinofílicos. 
Em volta dela há acúmulo de diversas outras células, especialmente 
linfócitos T, mas também eosinófilos, plasmócitos, histiócitos, 
neutrófilos. 
Essas células NÃO são neoplásicas, são reativas. 
A doença de Hodgkin é uma das poucas neoplasias em que a célula 
tumoral representa minoria na população celular. 
Importante: para diagnóstico do linfoma Hodgkin, é necessário 
encontrar células Reed-Sternberg num adequado “plano de fundo” 
com linfócitos, plasmócitos e eosinófilos. Isso ocorre, pois, células 
idênticas podem ser encontradas nos linfócitos de pacientes com 
linfomas Não Hodgkin. Sendo assim, é falso afirmar que a Célula 
Reed- Sternberg é patognomônica do Linfoma Hodgkin. 
A célula de Reed-Sternberg do linfoma de Hodgkin clássico possui 2 
marcadores cuja presença confirma o diagnóstico: CD15 e CD30. 
Segundo a OMS, o Linfoma de Hodgkin é classificado em 2 tipos 
diferentes quanto à imunofenotipagem: 
(1) LH Clássico: com marcadores CD15 e CD30 positivos. 
Subdivididos em 4 subtipos (esclerose nodular, 
celularidade mista, rico em linfócitos, depleção 
linfocitária). 
(2) LH com predomínio linfocitário: com marcadores de 
linfócitos B (CD20) 
O tipo esclerose nodular é o mais comum (65%) e manifesta-se 
inicialmente com adenopatia cervical e/ou mediastinal 
assintomática. 
O tipo celularidade mista é o segundo mais comum, sendo típico de 
adultos do sexo masculino. Os sintomas B são mais frequentes e o 
estágio ao diagnóstico costuma ser mais avançado em relação à 
esclerose nodular. Associado ao vírus Epstein-Barr e é o subtipo 
mais comum em pacientes HIV positivos com AIDS. 
O tipo Rico em Linfócitos está presente em uma minoria, mas é o 
tipo histológico de melhor prognóstico. 
O tipo depleção Linfocitária: menos comum e de pior prognóstico 
com doença progressiva e rapidamente fatal. Possui acometimento 
hepático, esplênico, retroperitoneal e da MO. Mais comum e idosos 
ou em pacientes HIV positivos com AIDS e associados ao vírus 
Epstein-Barr. 
 
LH com predomínio linfocitário: caracterizado pela presença de 
inúmeros linfócitos de “pano de fundo”, contendo eventuais células 
RS. Aspecto de ‘células em pipoca’. Geralmente apresenta bom 
prognóstico, com doença localizada (estágio I) à apresentação e 
comportamento indolente. 
Origem das células RS: tipo especial de linfoma B, no qual o clone 
neoplásico sofreu mutações que levaram à perda dos marcadores 
de superfície dos linfócitos B 
APESENTAÇÃO CLÍNICA E LABORATORIAL 
Manifestação mais frequente: adenomegalia. 
Os linfonodos acometidos geralmente são móveis e de consistência 
elástica, porém maiores que 1,5-2 cm e persistentes. Eventualmente 
estão endurecidos pela fibrose associada. 
Cadeias mais comumente acometidas: cervical e supraclavicular. 
Mas qualquer sítio de linfonodos pode estar envolvido. 
Os linfonodos mediastinais podem atingir grandes dimensões e 
provocar colapso de lobos do pulmão (Atelectasia compressiva). 
Ao contrário dos linfomas não Hodgkin, a distribuição do 
acometimento linfonodal se faz de maneira centrípeta, portanto 
raramente se observa aumento de linfonodos epitrocleares. 
Além disso, o padrão de disseminação é diferente: disseminação 
por contiguidade, ou seja, os linfonodos são acometidos a partir de 
cadeias adjacentes com a seguinte evolução de disseminação: 
cervicais → supraclaviculares → mediastinais/hilares → abdominais 
superiores/baço → abdominais inferiores → inguinais → 
hematogênica. 
A esplenomegalia está presente em 10-15% dos casos 
diagnosticados. Mas geralmente não está acometido 
histopatologicamente. 
Acometimento extranodal: pode ocorrer em qualquer lugar, mas é 
menos comum do que nos linfomas não Hodgkin. Os órgãos mais 
acometidos são: fígado, MO e pulmões. 
Presença de sintomas B: febre, sudorese noturna e perda 
ponderal maior que 10% do peso. 
A febre não tem comportamento definido, mas muitas vezes pode 
se apresentar como a febre de Pel-Ebstein : dias de febre alta 
alternando com dias sem febre. Bastante sugestiva desse linfoma. 
O aparecimento de sintomas B pode ser explicado pela liberação de 
mediadores inflamatórios, tanto pelas células neoplásicas como pelo 
sistema imunológico do paciente por reação à neoplasia, 
principalmente pela liberação de IL-1 e TNF-alfa (promove perda de 
peso). 
Outros sintomas clássicos: prurido, dor nos linfonodos 
desencadeada pela ingestão de bebidas alcóolicas. 
LABORATÓRIO 
Discreta anemia normocítica normocrômica, leve leucocitose, 
linfopenia, monocitose, eosinofilia e trombocitose. 
A eosinofilia é um achado frequente, principalmente naqueles que 
manifestam prurido. 
 
 
Linfomas De Hodgkin 
 
8 Tutorial 8 – Vitor Benincá 
DIAGNÓSTICO E ESTADIAMENTO 
O diagnóstico é feito pelo histopatológico dos linfonodos 
acometidos. Deve-se escolher o melhor linfonodo a ser biopsiado, 
sendo que este deve ser totalmente extirpado. 
O encontro de células RS cercadas por um pano de fundo correto 
confirma o diagnóstico. Porém, em casos duvidosos, faz-se a 
imuno-histoquímica, que irá revelar o padrão CD15 e CD30. 
Faz-se então o estadiamento da doença, baseado na anamnese, 
exame físico, biópsia linfonodal, exames de imagem e na biopsia de 
medula óssea bilateral. 
2/3 dos pacientes com DH recém diagnosticada apresentam 
evidências radiográficas de envolvimento intratorácico. Sendo 
assim, uma massa mediastinal 
“Bulky” é definida como aquela 
que ocupa mais de 30% do 
diâmetro torácico ou aquela com 
mais de 5-10 cm no seu maior 
eixo. Pacientes com grandes 
massas mediastinais têm risco 
aumentado de recaídas após 
tratamento radioterápico. 
A laparotomia exploradora para 
diagnóstico de linfoma, embora 
seja o exame padrão ouro 
utilizado para estadiamento no 
passado, tem sido raramente 
indicada atualmente, por ser um 
procedimento invasivo. 
TRATAMENTO E PROGNÓSTICO 
A maioria dos pacientes com LH é diagnosticada no estágio II, 
principalmente em IIA, sendo na maioria assintomáticos. Esses 
pacientes descobrem a doença ao perceberem o crescimento de um 
“caroço” cervical ou pelo achado de aumento do mediastino no RX 
de tórax. A chance de cura nesses pacientes é de 80-90%. 
Além disso, há enorme chance de cura para estágio I e II e uma 
chance de 60% de cura no estágio mais grave da doença (IV). 
 
Principais tratamentos: quimioterapia e radioterapia. As células 
neoplásicas desse tumor são extremamente quimiossensíveis e 
radiossensíveis, 
Pode haver transplante autólogo de células hematopoiéticas, mas é 
apenas para casos de recidiva à quimioterapia pela segunda linha 
de tratamento. 
RADIOTERAPIA 
Foi o primeiro tratamento eficaz no LH. Quando usada 
isoladamente, a radioterapia precisa envolver todos os sítios e 
possíveis sítios envolvidos na doença usando doses altas de 
radiação. 
Com a terapia combinada pode-se irradiar apenas áreas envolvidas 
na doença e com doses menores. 
Efeitos adversos: boca seca, alteração do paladar, faringite, náusea, 
tosse seca, dermatite. Tardiamente pode haver o Sinal de Lhermitte 
– sensação de choque irradiando pelas costas e membros inferiores 
após a flexão da cabeça, pneumonite e pericardite. 
Efeitos tardios: hipotireoidismo, infertilidade, neoplasias 
secundárias- carcinoma de pulmão, carcinoma de mama. 
QUIMIOTERAPIA 
Esquema ABVD, sendo um esquema pouco mielotóxico. 
Adriamicina (doxorrubicina) 
Bleomicina 
Vinblastina 
Dacarbazina 
Recomendaçõesde acordo com o estágio 
Estágio I e II (“doença precoce”) → dividida em pacientes com 
prognóstico favorável e prognóstico desfavorável (de acordo com a 
idade, ausência de sintomas B, ausência de doença volumosa, 
VHS, cadeias acometidas etc.). 
É de acordo com o prognóstico onde se vê a quantidade de ciclos 
de ABVD necessários: 2 ciclos de ABVD + radioterapia em 
pacientes com prognóstico 
favorável 
Estágio III e IV (doença 
avançada”), ou Estágio 
precoce com prognóstico 
“desfavorável” → 6 ciclos 
de ABVD + radioterapia 
 
 
 
 
Tratamento de Recidiva → Aparecem dentro dos primeiros 3 anos, 
sendo que a cintilografia com gálio ou a PET são excelentes 
exames para detectar recidivas ou doença residual. 
Quando volta no 1 ano: resgate com ABVD. 
Se não responder: transplante autólogo. 
O tratamento da recidiva após o transplante autólogo agora tem sido 
feito com brentuximab vedotin, apresentando excelentes taxas de 
resposta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 Tutorial 8 – Vitor Benincá 
 
 
Condição em que os nódulos linfáticos ficam em tamanho, 
consistência ou número anormais. 
A etiologia é muitas vezes incerta, mas há algumas causas 
esperadas: infecções, distúrbios malignos do sistema imune e 
outras neoplasias (carcinoma de mama, pulmão, melanoma), 
doenças de depósito, endocrinopatias (hipertireoidismo, tireoidite) e 
diversas (sarcoidose, amiloidose etc). 
Infecções por bactérias, micobactérias, fungos, clamídias, parasitas 
e vírus são as principais causas de aumento de linfonodos. 
A linfadenopatia disseminada pode ser vista em vários casos de 
infecção por vários organismos: toxoplasma, vírus Epstein Barr, 
CMV, HIV. 
Distúrbios malignos do sistema imune: artrite reumatóide, LES. 
A linfadenopatia como manifestação inicial é a regra para doença de 
Hodgkin e para o linfoma não Hodgkin 
CAUSAS MAIS COMUNS DE LINFADENOPATIA EM ADULTOS 
Infecção inexplicada 
Infecção (mononucleose, HIV, artrite reumatoide, faringite). 
Neoplasias (leucemias, linfomas, carcinomas). 
AVALIAÇÃO DO LINFONODO 
Inclui histórico clínico cuidadoso, exame físico completo, testes 
laboratoriais, estudo diagnóstico por imagens para determinar 
extensão e o caráter da linfadenopatia. 
O exame físico permite identificação de linfadenopatia localizada vs. 
Disseminada. Os locais particulares de envolvimento podem ser 
dicas importantes para o diagnóstico, considerando que é provável 
que infecções e carcinomas causem linfadenopatia na drenagem 
linfática do local do distúrbio 
Em geral, linfonodos dolorosos tem mais probabilidade de serem 
devido processos infecciosos, enquanto a adenopatia indolor 
aumenta a preocupação de malignidade. 
Consistência: tipicamente 
linfonodos acometidos por 
carcinoma metastático 
possuem consistência 
pétrea, e os linfonodos 
acometidos por linfoma são 
firmes e elásticos, e os 
linfonodos aumentados em 
resposta a processo 
infeccioso são macios. 
Quanto maior o tamanho do 
linfonodo, maior a probabilidade de haver causa séria subjacente. 
Linfonodos maiores de 3-4 cm são preocupantes. 
 
ABORDAGEM DO PACIENTE COM LINFADENOPATIA 
A maioria dos pacientes 
chega com queixa de 
“caroço” no pescoço, na 
axila ou na virilha. 
A linfadenopatia também 
pode ser achado 
inesperado de exames 
físicos de rotina 
Quando os nódulos forem 
múltiplos ou maiores que 2-3 cm: biópsia. 
Linfonodos muito grandes ou muito firmes na presença de sintomas 
sistêmicos, febre inexplicada, sudorese ou perda de peso: biópsia 
Quando o linfonodo é macio e não maior que 2-3 cm e o paciente 
não apresenta doenças sistêmicas óbvias: observação. Se o 
linfonodo não regredir ao longo de algumas semanas, ou se ele 
aumentar de tamanho: biopsia. 
 
 
 
Esses medicamentos têm como alvo as células em diferentes fases 
do processo de formação, ou seja, do ciclo celular. As células 
cancerígenas tendem a formar novas células rapidamente, mais do 
que as normais, e por isso são um bom alvo dos quimioterápicos. 
Podem ser agrupados de acordo com sua estrutura química e como 
agem com outros medicamentos. 
AGENTES ALQUILANTES: impedem a célula de reproduzir 
danificando o seu DNA, e agem em todas as fases do ciclo celular. 
Usados para câncer de pulmão, de mama, de ovário, leucemia, 
linfoma, LH, mieloma múltiplo e sarcoma. Em casos raros podem 
levar a leucemia, pois podem afetar as células da MO, e esse risco 
é dosedependente. 
Exemplos: ciclofosfamida, altretamina, busulfan, dacarbazina, 
melfalano, cisplatina etc. 
ANTIMETABÓLITOS: interferem no DNA e no RNA substituindo os 
nucleotídeos normais da estrutura, e assim provocam danos durante 
a fase que os cromossomos são copiados. Usados no câncer de 
mama, de ovários e de canceres do TGI. 
Exemplos: citarabina, capecitabina, metotrexato, hidroxiureia, 
gemcitabina, 5-FU, 6-mercaptopurina etc. 
ANTIBIÓTICOS ANTITUMORAIS: não são como os ATB pra 
infecções, eles alteram os DNA dentro das células cancerígenas pra 
evitar que elas cresçam e se multipliquem. São as antraciclinas, 
interferindo nas enzimas envolvidas na cópia do DNA durante o 
ciclo celular. 
Exemplos: daunorrubicina, doxorrubicina, epirrubicina, idarrubicina. 
INIBIDORES DA TOPOISOMERASE: interferem nas enzimas 
topoisomerases, que separam os filamentos de DNA pra que 
possam ser copiados, são usados pra tratar leucemias, câncer de 
pulmão, ovário e tumores do TGI. 
Inibidores da topoisomerase I = topotecano, irinotecano. 
Inibidores da topoisomersa se II = etoposido, teniposido, 
mitoxantrona. Aumentam risco de LMA 
INIBIDORES MITÓTICOS: compostos derivados de produtos 
naturais, como plantas, agem impedindo as células de se dividirem 
para formar novas células, mas podem danificar as células em todas 
as fases ao impedirem que as enzimas produzem as proteínas 
necessárias para a reprodução celular. Usados para câncer de 
mama, de pulmão, mieloma múltiplo, linfomas e leucemias. Podem 
provocar problemas neurológicos, por isso a dose é limitada. 
Exemplos: docetaxel, estramustina, ixabepilona, vimblastina etc. 
CORTICOESTERÓIDES: hormônios uteis nos tratamento de muitos 
câncer, bem como outras doenças. Podem ser usados também para 
prevenir reações alérgicas na quimioterapia, e previnem náuseas e 
vômitos provocados por essa terapia. 
Exemplos: prednisona, metilprednisolona e dexametasona. 
Linfadenopatias 
Quimioterápicos

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