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28 Livro - Metodologia do Ensino de Lutas

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Metodologia do ensino de lutas
LEONARDO VIDAL ANDREATO
Este livro tem como objetivo 
promover um estudo refle-
xivo das metodologias para 
a prática educativa das lutas, 
artes marciais e outras modali-
dades esportivas de combate, pau-
tando-se nos seus aspectos didáticos e 
pedagógicos, bem como técnicos e táticos. 
Além disso, busca discutir o histórico de cada 
uma dessas modalidades e sua inserção nos con-
teúdos da Educação Física no âmbito dos ensinos 
curricular e não curricular.
O objetivo desta obra não é tornar o leitor um especialista em cada uma 
das modalidades de luta analisadas, mas ajudá-lo a compreender as-
pectos relacionados ao desenvolvimento histórico dessas modalidades, 
conhecer suas principais características e conduzir aulas e dinâmicas 
que contemplem essas importantes práticas.
Código Logístico
59566
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6682-7
9 7 8 8 5 3 8 7 6 6 8 2 7
Metodologia do 
ensino de lutas 
Leonardo Vidal Andreato
IESDE BRASIL
2020
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
A574m
Andreato, Leonardo Vidal
Metodologia do ensino de lutas / Leonardo Vidal Andreato. - 1. ed. - 
Curitiba [PR] : IESDE, 2020. 
106 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6682-7
1. Luta (Esporte) - Estudo e ensino. 2. Artes marciais - Estudo e ensino. 
I. Título.
20-65391 CDD: 796.8
CDU: 796.8
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
© 2020 – IESDE BRASIL S/A. 
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do autor e do 
detentor dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: master1305/EnvatoElements
Leonardo Vidal 
Andreato
Doutor em Ciências do Movimento Humano pela 
Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). 
Mestre em Ciências pela Universidade de São Paulo 
(USP). Especialista em Fisiologia do Exercício pela 
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Graduado 
em Licenciatura Plena em Educação Física pela 
Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Agora é possível acessar os vídeos do livro por 
meio de QR codes (códigos de barras) presentes 
no início de cada seção de capítulo.
Acesse os vídeos automaticamente, direcionando 
a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet 
para o QR code.
Em alguns dispositivos é necessário ter instalado 
um leitor de QR code, que pode ser adquirido 
gratuitamente em lojas de aplicativos.
Vídeos
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SUMÁRIO
1 Conceitos, história e filosofia das lutas 9
1.1 Conceitos 10
1.2 Produção acadêmica 16
1.3 Formação e atuação profissional 20
1.4 Aspectos contemporâneos 23
2 Ensino das lutas na escola 30
2.1 Políticas públicas educacionais 31
2.2 As lutas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) 37
2.3 Propostas pedagógicas 43
2.4 Aspectos didáticos e pedagógicos 48
3 Lutas no Oriente 53
3.1 Lutas, espiritualidade e bushido 54
3.2 Wushu 58
3.3 Karatê 61
3.4 Judô 65
4 Lutas no Ocidente 71
4.1 Lutas, olimpismo, esporte e espetáculo 72
4.2 Boxe 76
4.3 Esgrima 79
4.4 MMA 82
5 Lutas no Brasil 87
5.1 Huka-Huka 88
5.2 Capoeira 91
5.3 Jiu-jitsu brasileiro 96
5.4 Luta marajoara 101
6 Gabarito 105
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Este livro tem como objetivo promover um estudo reflexivo das 
metodologias para a prática educativa das lutas, artes marciais e outras 
modalidades esportivas de combate, pautando-se nos aspectos didáticos 
e pedagógicos, bem como técnicos e táticos, das referidas modalidades. 
Além disso, busca discutir o histórico de cada uma delas e sua inserção 
nos conteúdos da Educação Física no âmbito dos ensinos curricular e não 
curricular. Desse modo, ao final da leitura deste livro, você, futuro docente, terá 
adquirido conhecimentos para embasar e conduzir aulas que contemplem o 
conteúdo das lutas. Para tanto, esta obra foi dividida em cinco capítulos.
O primeiro capítulo pode ser considerado introdutório, pois apresenta 
uma discussão geral sobre as lutas, definindo conceitos importantes para a 
temática e explicitando as distinções entre termos como lutas, artes marciais, 
esportes de combate, brigas e guerras. Também são apresentadas informações 
relativas ao estado da arte da produção acadêmica relacionada às lutas, 
buscando identificar o papel do Brasil nesse cenário. Na sequência, são 
abordadas informações relevantes sobre o processo de formação e atuação 
dos profissionais que irão trabalhar com as lutas. Por fim, a última parte do 
primeiro capítulo é destinada à compreensão de como as lutas estão inseridas 
dentro da nossa sociedade atualmente.
No segundo capítulo, iremos centrar nosso estudo nas lutas na escola. 
O primeiro passo será entender como estão organizadas as políticas públicas 
educacionais brasileiras. Na sequência, entenderemos como as lutas estão 
inseridas dentro dessas políticas públicas educacionais, com especial 
atenção à Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Feito isso, analisaremos 
algumas propostas pedagógicas e conheceremos alguns aspectos didáticos 
e pedagógicos relacionados ao ensino das lutas, de modo a proporcionar 
possibilidades de abordagem desses conteúdos, mesmo que o professor não 
seja praticante de alguma dessas modalidades. 
Os capítulos seguintes serão destinados às informações relativas às lutas, 
diferenciando-as quanto à origem e à posição geográfica. Nesse sentido, 
o terceiro capítulo irá expor informações relacionadas ao desenvolvimento, 
à evolução e às características técnicas de lutas de origem oriental, com 
análises do wushu, do karatê e do judô. O quarto capítulo também realiza o 
mesmo tipo de apreciação, mas com enfoque em lutas de origem ocidental, 
APRESENTAÇÃO
8 Metodologia do ensino de lutas 
elencando para isso o boxe, a esgrima e o mixed martial arts (MMA). Por 
fim, no quinto capítulo, nosso olhar será direcionado às lutas no Brasil, com 
análises da huka-huka, da capoeira, do jiu-jitsu brasileiro e da luta marajoara. 
Durante esta obra, você irá perceber que o objetivo não é que você se 
torne um especialista em cada uma das modalidades analisadas, mas que 
compreenda aspectos relacionados ao desenvolvimento histórico dessas 
modalidades, conheça as principais características técnicas e táticas presentes 
nessas lutas e consiga conduzir aulas e dinâmicas para contemplar essas 
importantes práticas de lutas orientais e ocidentais.
Bons estudos!
Conceitos, história e filosofia das lutas 9
1
Conceitos, história e 
filosofia das lutas
Durante este livro, iremos falar sobre lutas, artes marciais e es-
portes de combate. Para uma correta compreensão do conteúdo 
a ser trabalhado, é fundamental que ocorra um ajuste em nossa 
comunicação. Temos de falar a mesma língua. Para tanto, utilizare-
mos a primeira seção deste capítulo para conhecer alguns concei-
tos importantes sobre a temática (por exemplo: o que são lutas? O 
que são artes marciais? O que são esportes de combate? Existem 
diferenças de significado entre esses termos?).
Após compreendermos as questões terminológicas, iremos co-
nhecer o estado da arte na área de lutas, ou seja, o quanto existe 
de produção acadêmica, como é a qualidade dos estudos e qual é 
o papel do Brasil na produção de conhecimento relativo às lutas. 
Esse entendimento é importante para sabermos o grau de confia-
bilidade das informações que serão discutidas.
Na terceira seção iremos fazer uma análise sobre formação e 
atuação profissional nas lutas. Quem pode atuar com as lutas na 
escola?Quem pode atuar com elas fora da escola? Quais as prin-
cipais dificuldades na formação do profissional que atua utilizando 
as lutas? Essas perguntas serão o tema da nossa análise. Por fim, a 
última seção irá abordar as lutas atualmente. O nosso objetivo será 
conhecer a realidade da inserção delas (principalmente dos espor-
tes de combate) na nossa sociedade. Tal análise será fundamental 
para compreendermos a necessidade da aptidão para trabalhar 
com o ensino das lutas.
Este capítulo é introdutório, com abordagens conceituais e re-
lativas ao entendimento do cenário atual no que se refere a lutas, 
artes marciais e esportes de combate. Tome notas, pois isso facili-
tará a sua aprendizagem.
10 Metodologia do ensino de lutas 
1.1 Conceitos
Vídeo No dia a dia, ouvimos e utilizamos os termos lutas e artes marciais 
em referência a diferentes situações, como “matriculei meu filho no 
judô porque acho que uma arte marcial vai trazer mais disciplina a ele” 
ou “sábado à noite assisti a uma luta que passou na TV”. Mas será que o 
emprego desses termos nos dois exemplos está correto? Existem dife-
renças entre lutas, artes marciais e esportes de combate? A seguir, ire-
mos discutir essas questões, mas de antemão já adiantamos que não 
existe um consenso entre os autores e pesquisadores da área. Alguns 
pontos ainda são alvo de discussões, os ditos dissensos. Por isso, iremos 
analisar os pontos comuns, que permitem realizar uma caracterização 
de cada termo.
Existe também o uso do termo lutas em diferentes situações do 
nosso cotidiano, como “vou lutar por seu amor”, “você deve lutar con-
tra essa doença”, “mais um dia de luta”, “está ocorrendo uma luta de 
classes” ou “estou lutando contra um vício”. Porém, essa abordagem é 
geral e não é foco de nossa análise, pois nos limitamos à discussão das 
lutas no que se refere às práticas corporais.
LUTE 
POR SEUS 
DIREITOS 
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Lute como 
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JUNTOS NA LUTA 
CONTRA A COVID-19
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Exemplos de lutas em outros contextos.
Conceitos, história e filosofia das lutas 11
De início, vamos conhecer a definição de lutas apresentada nos Pa-
râmetros Curriculares Nacionais (PCN) 1 .
As lutas são disputas em que o(s) oponente(s) deve(m) ser sub-
jugado(s), mediante técnicas e estratégias de desiquilíbrio, con-
tusão, imobilização ou exclusão de um determinado espaço na 
combinação de ações de ataque e defesa. Caracterizam-se por 
uma regulamentação específica, a fim de punir atitudes de vio-
lência e deslealdade. (BRASIL, 1997, p. 37)
Vamos analisar dois pontos-chave dessa definição apresentada nos 
PCN. O primeiro aspecto que deve ser assimilado é a ideia de domina-
ção, a qual é expressa na afirmação de que “o(s) oponente(s) deve(m) 
ser subjugado(s)”. Portanto, precisamos ter claro em mente que as lu-
tas envolvem a noção de combate/confronto/disputa entre duas ou 
mais pessoas. O alvo deve ser sempre o corpo do adversário. Para que 
o domínio ocorra, podem ser utilizados diferentes técnicas, como bem 
apontado na definição dos PCN. Inclusive, podem ser utilizados equipa-
mentos, como uma espada. Afinal, um confronto em batalha medieval 
com uso de espadas também pode ser considerado uma luta. Ainda, 
devemos entender que esse domínio pode ou não levar à morte. Em 
uma guerra, o objetivo central de um combate é tirar o inimigo do con-
fronto; já em uma luta de boxe, o objetivo é fazer o adversário desistir 
da disputa, mas existem regras e um árbitro para zelar pela integridade 
física dos combatentes.
O segundo aspecto a ser observado é a ideia de imprevisibilidade, a 
qual é expressa na afirmação de que o confronto envolve uma “combi-
nação de ações de ataque e defesa”; ou seja, existe uma imprevisibili-
dade, a disputa pode ser encerrada a qualquer momento (ex.: um soco, 
um chute, uma queda, uma chave articular), e a todo o momento os 
oponentes podem atacar e ser atacados simultaneamente. Isso difere 
de muitos esportes, como em um jogo de basquetebol, no qual o time 
que está com a posse da bola é quem ataca; para o outro time atacar, 
precisa tomar a bola. Nas lutas, ambos os atletas podem atacar e defi-
nir o combate a qualquer momento. Pensando como telespectador, tal-
vez esse seja um dos pontos mais atrativos em assistir a um combate, o 
resultado pode mudar a qualquer momento.
No contexto pedagógico, é comum a realização de atividades envol-
vendo um aluno apenas atacando e o outro unicamente defendendo. 
Nesse caso, o mais correto seria dizer que estamos trabalhando com 
Embora os PCN tenham dado 
espaço para a Base Nacional 
Comum Curricular (BNCC), utili-
zamos o primeiro por apresentar 
uma definição concreta de lutas, 
diferentemente do segundo 
documento, o qual discute mais 
detalhadamente como abordar 
as lutas, mas não apresenta uma 
definição.
1
12 Metodologia do ensino de lutas 
jogos de lutas, os quais têm por objetivo desenvolver um aprendizado 
nas lutas. No entanto, uma característica elementar das lutas, a impre-
visibilidade, não está sendo englobada.
Embora os PCN apresentem uma definição sensata de lutas, a parte 
que aponta alguns exemplos pode ser questionada. Analise: “podem ser 
citados como exemplo de lutas desde as brincadeiras de cabo-de-guerra 
e braço-de-ferro até as práticas mais complexas da capoeira, do judô e 
do caratê” (BRASIL, 1997, p. 37).
Pense e reflita: a disputa de 
cabo-de-guerra pode ser con-
siderada uma luta? Existe um 
domínio do adversário? O alvo 
é o corpo do adversário?
Outro termo a ser 
compreendido é arte 
marcial. No início desta 
seção, fizemos uma pro-
vocação para você refle-
tir se era adequado o uso 
do termo arte marcial na fala 
de uma mãe que dizia que havia matriculado o filho no judô, pois 
acreditava que uma arte marcial iria ajudar o filho a desenvolver 
mais disciplina. De fato, é mais bonito e atrativo dizer que o fi-
lho está praticando uma arte marcial do que dizer que o filho 
está praticando um esporte de combate. No entanto, esse ter-
mo faz referência a Marte, o deus da guerra na mitologia romana. 
Ele recebe esse nome por conta da cor vermelha do planeta, sendo 
o vermelho associado a sangue e agressividade. Portanto, o con-
ceito de arte marcial faz referência direta às artes de guerra 
(FRANCHINI; DEL VECCHIO, 2012).
Para afirmar que um sistema de técnica de lutas (ex.: karatê, judô) 
é ou não uma arte marcial, é necessário conhecer a história de cada 
uma delas, o que não é o nosso objetivo agora. Esse tipo de reflexão 
e análise será possível quando você realizar alguma leitura sobre 
o contexto histórico das modalidades. O importante agora é 
você compreender que o termo marcial faz referência direta 
às guerras.
Exemplo de arte marcial.
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Representação do deus romano Marte.
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Conceitos, história e filosofia das lutas 13
Este é o ponto que gera mais discussão: o que é considerado ou não 
uma arte marcial? Alguns autores justificam o uso do termo arte marcial 
para as modalidades que carregam consigo uma herança dos princípios 
históricos e filosóficos do sistema marcial (RUFINO, 2012). Nesse sentido, 
tenha claro em mente que o uso do termo arte marcial para se referir a 
modalidades que não foram usadas em guerras pode ser alvo de críticas. 
Assim, em textos mais técnicos e acadêmicos vale tomar cuidado.
O terceiro conceito a ser analisado é esportes de combate ou mo-
dalidades esportivas de combate. Seu entendimento é simples, pois 
se refere à manifestação das lutas em seu modelo “esportivizado”, ou 
seja, envolve as características do esporte como uma manifestação 
cultural que tem regras pré-definidas, possui uma en-
tidade reguladora e um sistema claro de classificação/
ranking (FRANCHINI; DEL VECCHIO, 2012). Por exem-
plo, o judô é uma modalidade olímpica, a qual tem as 
regras bem estabelecidas. Os atletas entram na disputa e 
sabem que oobjetivo é projetar e dominar o oponente, e 
que receberão pontuações específicas de acordo com a efe-
tividade das técnicas. No entanto, todos sabem (ou deveriam 
saber) que não é permitido segurar os dedos, puxar o cabe-
lo, colocar o dedo no olho, morder o oponente ou proferir 
ofensas verbais. Essas regras são fiscalizadas por árbitros 
qualificados para a função. A modalidade segue 
as diretrizes de sua principal agência regula-
dora, a Federação Internacional de Judô (FIJ). 
De acordo com a efetividade das técnicas, será 
definido um vencedor.
Conseguiu perceber que a descrição do parágrafo anterior contem-
pla características que são semelhantes a outros esportes? O mesmo 
não poderia ser aplicado ao futebol? Nesse esporte, existem 11 pes-
soas de cada lado, uma bola e uma meta. O objetivo é, usando os pés, 
fazer a bolar passar por entre as traves. Cada vez que esse objetivo é 
alcançado, considera-se um gol. Não valem dedo no olho, puxão, mor-
didas ou arranhões. Alguns árbitros fiscalizam o jogo. No Brasil, quem 
rege a modalidade é a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que 
por sua vez é subordinada à Federação Internacional de Futebol (FIFA). 
Quem fizer mais gols, vence o jogo; e quem tiver o melhor desempenho 
numa competição, é o campeão geral.
Exemplo de esporte de combate.
ssortsoint/Shutterstock
14 Metodologia do ensino de lutas 
Todas essas propriedades caracterizam uma modalidade como 
esporte. No caso das lutas, é preciso observar se uma modalidade 
cumpre esses requisitos para ser classificada como esporte de com-
bate. O krav maga, por exemplo, é um sistema de combate desen-
volvido pelos israelenses para ser utilizado em situações de guerra. 
As técnicas envolvem uso de facas e bastões e quase sempre o alvo 
são os pontos vitais, sendo permitidos dedo no olho e golpes nos 
genitais. Devido a essas características, é quase que inimaginável 
uma competição de krav maga.
Além da compreensão dos conceitos de lutas, artes marciais e es-
portes de combate, é relevante que você conheça os juízos relacio-
nados a guerra e briga, pois muitas vezes esses termos também são 
empregados nas discussões sobre lutas.
O termo guerra faz referência ao confronto entre povos ou nações. 
A Primeira Guerra Mundial foi iniciada entre dois grupos, os países 
da tríplice aliança (Alemanha, Itália e Império Austro-Húngaro) e os 
países da tríplice entente (Reino Unido, França e Império Russo). 
As guerras possuem motivos que vão além dos motivos particula-
res e normalmente envolvem questões ideológicas, territoriais ou 
comerciais. É preciso compreendermos que quando se decreta uma 
guerra, o país inteiro entra nela. Para muitos de nós, é difícil com-
preender um atentado/ataque contra pessoas que classificamos 
como inocentes, por não estarem pegando em armas. Contudo, 
a visão pode ser mais abrangente.
Durante a Segunda Guerra Mundial, houve o Projeto Manhattan, 
destinado a desenvolver as primeiras bombas atômicas. Alguns rela-
tos sugerem que esse projeto empregou diretamente mais de 13 mil 
pessoas, mas há quem estime que mais de 100 mil pessoas estiveram 
envolvidas direta e indiretamente no projeto. Nem todas essas pes-
soas trabalharam especificamente no desenvolvimento da cápsula 
atômica. A maioria estava trabalhando no suporte do projeto, com 
alimentação e produção de roupas e equipamentos. Além disso, o su-
porte financeiro do projeto era oriundo do pagamento de imposto 
do cidadão comum, que continuava trabalhando em seu pequeno co-
mércio (padaria, restaurante, armarinho).
Nessa visão mais ampla, podemos ver a interdependência de 
toda uma nação. No momento em que foram disparados os misseis 
Em um dos capítulos 
do livro A pedagogia das 
lutas: caminhos e possibi-
lidades, o professor Dr. 
Luiz Gustavo Bonatto 
Rufino discute os 
consensos e dissensos 
relacionados ao uso 
dos termos lutas, artes 
marciais e modalidades 
esportivas de combate.
RUFINO, L. G. B. Jundiaí: Paco 
Editorial, 2012.
Livro
Conceitos, história e filosofia das lutas 15
que bombardearam Hiroshima e Nagasaki, no Japão, as consequên-
cias da ação não entraram na conta apenas do piloto que fez o dis-
paro ou do comandante que deu a ordem da missão. A conta das 
mortes e o sofrimento foram compartilhados entre toda a nação, 
que trabalhou direta ou indiretamente no desenvolvimento da bom-
ba atômica.
Além do envolvimento de nações/povos, uma das características da 
guerra é liquidar o oponente o mais rápido possível, usando todos os 
meios disponíveis 2 . É importante destacar que nem toda arte marcial 
envolve luta corporal (ex.: tiro, arco e flecha).
Diferentemente de guerra, as brigas são confrontos de pequeno 
porte, envolvendo duas pessoas ou um grupo pequeno de pessoas. 
Os motivos comumente são fúteis (ex.: brigas entre vizinhos, traições 
afetivas, desentendimento em bares). Não há regras em uma briga, po-
dendo ser em condição de desigualdade (duas pessoas contra uma, 
uma pessoa armada contra outra desarmada).
Agora que você domina os conceitos de lutas, artes 
marciais e esportes de combate, você também deve 
compreender que esses conceitos podem ser com-
plementares, ou seja, um sistema de técnicas pode 
receber mais de uma classificação. Desde que respei-
tada a característica básica de haver uma disputa direta 
na qual o corpo do oponente é o alvo, todas as mani-
festações são classificadas como luta. Por essa razão, 
é comum um livro como este, que discute a metodo-
logia do ensino das lutas, sem divisões iniciais entre 
lutas, artes marciais e esportes de combate.
No entanto, uma luta também pode ser uma 
arte marcial, como o caso do karatê 3 , que foi utilizado 
como sistema de defesa de um povo (os camponeses 
de Okinawa). Portanto, o karatê é uma luta, mas também é uma arte 
marcial. Além disso, o karatê também possui seu modelo esportivo (re-
gras, entidades reguladoras, sistemas de classificação), o que também 
faz dele um esporte de combate.
Embora essa discussão possa ser considerada secundária, é neces-
sário que você, durante sua formação, seja apresentado a ela, pois é 
algo existente na área de lutas.
Exemplo de briga. Isso pode acontecer na escola, e o 
professor deve interferir.
GrashicsGGGcoG
/Shutterstock
Desde 1863, foram realizadas 
convenções e tratados para de-
finir normas e condutas a serem 
seguidas mesmo em tempos de 
guerra. Apesar disso, em tempos 
de guerra, muitas infrações são 
cometidas. Um bom exemplo é 
o Holocausto, provocado pelos 
nazistas durante a Segunda 
Guerra Mundial.
2
Utilizaremos karatê (e não a 
forma aportuguesada, caratê), 
pois é o termo usado pelas 
federações brasileiras mais 
conhecidas.
3
16 Metodologia do ensino de lutas 
1.2 Produção acadêmica
Vídeo Para uma melhor compreensão acerca de uma área de conhecimen-
to, é imprescindível que se saiba qual o estado/cenário de pesquisas 
relacionados a essa área. Tal apreciação permite visualizar o quanto se 
sabe sobre o tema, ou seja, se existem muitas pesquisas sobre o tema. 
Naturalmente, alguns assuntos são mais pesquisados ou mais novos 
do que outros, e isso impacta diretamente a compreensão geral de 
cada assunto. Além disso, essa análise crítica permite conhecer o grau 
de confiabilidade das informações, ou seja, qual a qualidade metodoló-
gica das pesquisas existentes. A depender da qualidade das pesquisas, 
podemos creditar maior ou menor nível de evidência, depositando as-
sim mais ou menos confiança com base nas informações disponíveis. 
Esse modelo de exame comumente recebe o nome de análise do estado 
da arte.
Algumas décadas atrás, vivíamos uma fase de dificuldade de aces-
so às informações (científicas ou não). Atualmente, vivemos em uma 
era de informação, na qual o mais complicado é saber em que confiar. 
Por conta disso, é fundamental desenvolvermos uma capacidade crí-
tica das informações que recebemos. Não adianta cobrar apenas das 
mídias, do governo ou das entidades reguladores para que sejam ado-
tadas medidas para inibir divulgações de notíciasfalsas, tendenciosas 
e/ou distorcidas. É fundamental que o receptor das informações seja 
apto a avaliar criticamente o conteúdo que recebe.
Agora, vamos analisar o número de estudos publicados envolven-
do lutas. Uma revisão bibliométrica, publicada em 2010, buscou in-
vestigar como se dava a produção acadêmica abrangendo as lutas nos 
principais nos principais periódicos (revistas científicas/acadêmicas) 
brasileiros na área de Educação Física. Como resultado, foi obser-
vado que de todos os 2.561 artigos, apenas 75 abordavam as lu-
tas, ou seja, 2,9% de toda a produção científica nacional (CORREIA; 
FRANCHINI, 2010). Com base nesses números, podemos afirmar que 
a produção na área de lutas ainda é baixa?
Embora tenham sido encontrados apenas 75 estudos, esse número 
considera apenas a produção nacional. Como o pesquisador sempre 
busca dar maior visibilidade para sua pesquisa, existe a tendência de 
buscar uma publicação internacional, pois assim é superada a barrei-
revisão bibliométrica: é um 
tipo de estudo que tem como 
objetivo identificar o estado da 
arte de uma área, apresentando 
número de estudos, tipo de 
estudos, países e autores com 
maior produção acadêmica, 
entre outras variáveis relaciona-
das à publicação e divulgação 
científica.
Glossário
Conceitos, história e filosofia das lutas 17
ra do idioma português, restrito a poucos países. Logo, teríamos de 
investigar a produção internacional antes de fazer tal afirmação. Além 
disso, há um outro aspecto importante a ser considerado, que é quan-
do a investigação foi conduzida. Na pesquisa em questão, de Correia e 
Franchini (2010), a bibliometria contemplou o período de 1998 a 2008, 
indicando o cenário daquele período.
Vamos, então, analisar como se dá essa produção de conhecimento 
em um período mais recente. A Figura 1 mostra o número de estudos 
científicos publicados na base de dados Web of Science entre 2001 e 2019.
Figura 1
Produção científica de estudos publicados referente às lutas
Fonte: Elaborada pelo autor com base em Clarivate, 2020.
300
250
200
150
100
50
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
0
Na Figura 1, é possível observar que houve um aumento expressivo 
da produção nos últimos anos, especialmente a partir de 2011. No to-
tal, o gráfico contempla o montante de 2.424 estudos científicos inde-
xados apenas na Web of Science. Além dessa base de dados, um elevado 
número de estudos também é observado em outras bases científicas, 
como o PubMed, com 1.869 estudos, a base Scopus, com 3.807 estudos, 
e a base SPORTDiscus, com 3.001 registros em revistas acadêmicas.
Nesse tocante, temos de considerar que nem todo estudo identifi-
cado em nossa busca teve como objetivo direto a investigação sobre as 
lutas, tendo em vista que em muitos deles as lutas foram usadas como 
meio indireto, com a participação de praticantes ou atletas de esportes 
de combate sendo voluntários em pesquisas sem relação direta às lu-
tas. Mesmo assim, podemos concluir que existe um número considerá-
vel de estudos científicos abrangendo lutas, artes marciais e esportes 
de combate, contando com um crescimento expressivo a cada ano.
18 Metodologia do ensino de lutas 
Além de analisar o total de produção científica, é preciso especificar 
a análise, observando como é a produção em cada subárea, pois alguns 
temas são mais estudados que outros. Por exemplo, entre 1998 e 2008 
os estudos que compunham a produção científica nacional na área de 
Educação Física envolvendo as lutas (75 artigos, equivalente a 2,9% de 
toda a produção) abordavam diferentes temas, sendo 40% inseridos 
na área de Biodinâmica, 32% nos Estudos Socioculturais do Movimento 
Humano, 10,7% na Pedagogia do Movimento Humano, 8% no Compor-
tamento Motor, 8% no Treinamento Esportivo e 1,3% na Administração 
Esportiva (CORREIA; FRANCHINI, 2010).
Além de considerar as subáreas de investigação, é preciso levar 
em conta qual modalidade de luta está sendo estudada. Na Tabela 1, 
é apresentado o estado da produção científica diferenciando as mo-
dalidades esportivas de combate, sendo possível evidenciar que há 
uma variação muito ampla de produção entre as modalidades (ex.: 71 
estudos envolvendo o kickboxing x 1.595 estudos envolvendo o judô). 
Afirmar que há muitos ou poucos estudos na área de lutas é abordar o 
tema de modo genérico. No entanto, cabe ressaltar que algumas mo-
dalidades de combate possuem similaridades, permitindo, em partes, 
a transferência do conhecimento entre modalidades.
Tabela 1
Produção científica de estudos publicados referentes a diferentes modalidades de lutas
Fonte: Elaborada pelo autor com base em Clarivate, 2020.
Modalidade Número de estudos
Boxe*
Jiu-jitsu brasileiro
Judô
Kickboxing
Taekwondo
Karatê
Muay thai
MMA (mixed martial arts – 
artes marciais mistas)
Wushu
198
102
1.595
130
854
1.155
71
303
247
* Busca combinada dos termos boxe amador e boxe profissional.
Conceitos, história e filosofia das lutas 19
No cenário de produção científica, o Brasil ocupa um papel de des-
taque, tanto considerando as lutas de maneira geral quanto estrati-
ficando a análise por modalidade esportiva. O Brasil aparece como 
o quarto país que mais produz conhecimento nas lutas em geral 
(Tabela 2). Esse é um dado muito relevante, o qual demonstra que 
mesmo com todas dificuldades que enfrentamos para fazer ciência, 
conseguimos ser uma referência mundial no meio científico. A tabe-
la a seguir mostra o top 5; completando o top 10, constam Canadá, 
Espanha, Austrália, Alemanha e Coreia do Sul.
Tabela 2
Ranking por países da produção científica de estudos publicados referente às lutas (top 5) 
Estados Unidos da América
País Número de estudos % do total
503 20,8%
China 340 14,0%
Brasil 240 9,9%
Polônia 299 12,3%
Inglaterra 137 5,7%
Fonte: Elaborada pelo autor com base em Clarivate, 2020.
Em algumas modalidades como o judô e o jiu-jitsu brasileiro, o Brasil 
ocupa a liderança na produção científica. No judô, o Brasil ocupa a pri-
meira posição entre os países mais produtivos (seguido de Polônia, Es-
tados Unidos da América, Espanha e Japão), com dois autores entre os 
cinco mais produtivos no mundo (Emerson Franchini e Bianca Miarka). 
No jiu-jitsu brasileiro, o Brasil também ocupa a primeira posição entre 
os países mais produtivos (seguido de Estados Unidos da América, Aus-
trália, Noruega e Polônia), com quatro autores entre os cinco mais pro-
dutivos do mundo (Emerson Franchini, Leonardo Vidal Andreato, João 
Victor Del Conti Esteves e Solange Marta Franzói de Moraes).
Por fim, além de considerar a quantidade de estudos, é preciso 
analisar a qualidade dessa produção. Nesse sentido, a análise acaba 
ficando mais subjetiva, pois não há estudos que fizeram tal análise de 
modo amplo. Apesar disso, podemos observar que, principalmente nos 
últimos anos, muitos estudos foram aceitos e publicados nos principais 
periódicos científicos da área de Ciências do Esporte. Contudo, isso não 
Para conhecer o estado 
da arte de uma área 
de conhecimento, além 
de consultar pesquisas 
bibliográficas publicadas 
em revistas acadêmicas, 
é possível realizar buscas 
na base de dados Web 
of Science. A base não 
é de livre acesso, mas 
estudantes brasileiros 
conseguem acesso gra-
tuito por meio do Portal 
de Periódicos da Capes.
Disponível em: https://www.
periodicos.capes.gov.br. Acesso em: 
3 jul. 2020.
Site
https://www.periodicos.capes.gov.br
https://www.periodicos.capes.gov.br
20 Metodologia do ensino de lutas 
significa que a maioria dos estudos apresenta uma elevada qualidade 
metodológica. Na realidade, ainda hoje a maior parte das pesquisas 
não atende às recomendações metodológicas de diferentes instrumen-
tos de avaliação de qualidade de pesquisa. Assim, embora o montante 
total de produção acadêmica possa ser considerado expressivo, o nú-
mero de pesquisas de alta qualidade metodológica ainda é pequeno.
1.3 Formação e atuação profissional
Vídeo Antes deanalisarmos os aspectos relacionados à formação profis-
sional e à intervenção de quem atua na área de lutas, é preciso con-
siderar a história do ensino superior e da Educação Física no Brasil. 
O primeiro curso superior do Brasil foi iniciado em 1808, com a Esco-
la de Cirurgia da Bahia. Mundialmente, a universidade, no estilo que 
conhecemos hoje, apresenta registros bem mais antigos, como a Uni-
versidade de Bolonha (1088), a Universidade de Oxford (aproximada-
mente 1096) e a Universidade de Paris (1170). Diante disso, já podemos 
observar que a tradição das universidades brasileiras é bem mais re-
cente do que muitas das universidades mundialmente conhecidas.
No mesmo sentido, o primeiro curso brasileiro voltado à preparação 
de profissionais da Educação Física se deu em 1910, pela Polícia Militar. 
O primeiro curso de caráter civil foi criado em 1934, na Universidade de 
São Paulo (USP), com reconhecimento em 1940 pelo Decreto n. 5.723 (SÃO 
PAULO, 1940). Em nível de pós-graduação (stricto sensu) 4 , o primeiro cur-
so de mestrado foi iniciado em 1977, doze anos após a regulamentação 
da pós-graduação no Brasil por meio do Parecer 977/1965 5 , na Escola 
de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE-USP). 
No entanto, a regulamentação da profissão, ou seja, a definição legal da 
área de atuação, deu-se apenas em 1998, pela Lei n. 9.696 6 (BRASIL, 1998).
Diante do exposto, devemos considerar que tanto o ensino superior 
quanto a área de Educação Física são relativamente novos no Brasil. 
Por conta disso, ambas as áreas ainda estão em processos constantes 
de reformulação. Isso não quer dizer que não podemos tecer críticas a 
essas áreas, mas devemos considerar os avanços já alcançados nessa 
curta trajetória.
No artigo 1º da Lei n. 9.696, ficou estabelecido que “o exercício das 
atividades de Educação Física e a designação de Profissional de Edu-
A pós-graduação é dividida em 
lato sensu, que compreende 
os cursos de especialização, e 
stricto sensu, que compreende os 
cursos de mestrado e doutorado.
4
O Parecer 977/1965 também 
é conhecido como Parecer 
Sucupira, em homenagem ao seu 
relator, o professor Newton Lins 
Buarque Sucupira (1920-2007), 
que é considerado o pai da 
pós-graduação brasileira.
5
A Lei n. 9.696/1998 foi sancio-
nada no dia 1º de setembro, 
data em que passou a se 
comemorar o Dia do Profissional 
da Educação Física.
6
Conceitos, história e filosofia das lutas 21
cação Física é prerrogativa dos profissionais regularmente registra-
dos nos Conselhos Regionais de Educação Física” (BRASIL, 1998). No 
parágrafo seguinte, estabelecem-se as possibilidades de inscrição nos 
quadros dos Conselhos Regionais de Educação Física. Para obter o 
registro, o indivíduo deve possuir diploma (nacional ou internacional), 
oficialmente reconhecido, no curso de Educação Física ou comprovar 
que exerceu atividades da profissão de Educação Física até o início da 
vigência da lei.
Dessa forma, os profissionais que já atuavam na área garantiram 
seu direito de atuação, sem prejuízos maiores, uma vez que atuavam 
antes da regulamentação da profissão. No entanto, só poderiam co-
meçar a atuar nas atividades prerrogativas da Educação Física aqueles 
profissionais que tivessem formação em nível superior, conforme cons-
ta no artigo 3º da Lei n. 9.696/1998.
Compete ao Profissional de Educação Física coordenar, planejar, 
programar, supervisionar, dinamizar, dirigir, organizar, avaliar 
e executar trabalhos, programas, planos e projetos, bem como 
prestar serviços de auditoria, consultoria e assessoria, realizar 
treinamentos especializados, participar de equipes multidisci-
plinares e interdisciplinares e elaborar informes técnicos, cien-
tíficos e pedagógicos, todos nas áreas de atividades físicas e do 
desporto. (BRASIL, 1998)
Ocorre que a definição da competência do profissional da Educa-
ção Física foi bastante genérica na lei de regulamentação da profissão. 
Em 2002, o Conselho Federal de Educação Física (Confef) publicou uma 
resolução com o intuito de especificar melhor a competência exclusiva 
dos profissionais de Educação Física (Resolução 46/2002). No entanto, 
após disputas judiciais, o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) impediu os 
Conselhos Regionais de Educação Física de fiscalizarem lutas, danças 
e ioga (Recurso Especial 1012692/RS 2007). Acredita-se que esse en-
tendimento foi por considerarem essas atividades como manifestações 
culturais e espirituais. Vale ressaltar que, no caso das lutas, essa lei se 
aplica apenas quando a atuação é voltada ao aprendizado da técnica 
da luta. No caso de aulas que utilizam técnicas de lutas como forma de 
condicionamento físico (ex.: body combat e aeroboxe), faz-se necessário 
o registro em um dos Conselhos da Educação Física.
No ambiente escolar, no contexto curricular, a inserção das lutas 
ocorre dentro das aulas Educação Física, ministradas por um profissio-
Leia na íntegra a Lei n. 
9.696/1998, a qual dispõe 
sobre a regulamentação 
da profissão de Educação 
Física e cria o Conselho 
Federal e os Conselhos 
Regionais de Educação 
Física. É fundamental que 
você, futuro profissional 
de Educação Física, co-
nheça os aspectos legais 
de sua profissão.
Disponível em: https://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
l9696.htm. Acesso em: 3 jul. 2020.
Leitura
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9696.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9696.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9696.htm
22 Metodologia do ensino de lutas 
nal com habilitação na área de Licenciatura em Educação Física. Existe 
a possibilidade de que profissionais sem essa habilitação atuem em 
projetos de iniciação esportiva dentro da escola, mas no caráter curri-
cular isso não é permitido. Portanto, cabe ao profissional da Educação 
Física inserir as lutas dentro das aulas na escola. Mas como isso tem 
corrido? Os profissionais da escola têm conseguido trabalhar com as 
lutas dentro das aulas curriculares? Vamos tentar responder a essas e 
outras questões a seguir.
A realidade parece ser um tanto diferente das recomendações de 
inserção das lutas na escola, como definido desde os PCN (BRASIL, 
1997). Em um estudo conduzido com 50 professores de Educação Fí-
sica que atuavam na rede pública e privada das escolas de Fortaleza 
(CE), foi reportado que apenas 32% deles utilizavam as práticas de lutas 
em suas aulas, ao passo que 68% afirmaram jamais terem incluídos 
esses conteúdos nas aulas. Ainda, entre a parcela de professores que 
abordavam as lutas nas aulas escolares, 50% utilizavam vídeos, 31% 
contavam com a ajuda de especialistas, 13% faziam a abordagem por 
meio de atividades recreativas e 6% faziam saídas de campo (ex.: visita 
a academias ou clubes). Entre a parcela de professores que não abor-
davam as lutas nas aulas escolares, 41% afirmaram que não tinham 
instrução suficiente, 24% entendiam que a escola não possuía estrutu-
ra adequada, 18% consideravam o conteúdo de lutas inadequado para 
a escola e 18% não contavam com auxílio de profissionais especialistas 
em lutas (FERREIRA, 2006).
Embora o estudo citado ilustre uma parcela de professores da cida-
de de Fortaleza, essa realidade parece ser semelhante à de outras lo-
calidades. Especialistas em lutas (cinco professores de lutas no ensino 
superior e praticantes de lutas por pelo menos dez anos) consideram 
que os principais fatores restritivos para a inclusão das lutas na Educa-
ção Física são formação deficiente dos docentes (52%), insegurança do 
professor (15%), infraestrutura escolar deficiente (15%) e falta de mate-
riais para o ensino das lutas (9%) (RUFINO; DARIDO, 2015).
Com base nisso, é possível considerar que a principal limitação re-
ferente à atuação em lutas na escola é a falta de formação específica, 
pois insegurança e fatores restritivos, como falta de estrutura e mate-
riais, podem ser contornados facilmente, desde que o professor tenha 
uma formação adequada.
Conceitos, história e filosofia das lutas 23
Esse problemareferente à formação pode ser creditado a alguns 
fatores, como:
Cursos de graduação 
que não abordam as 
lutas de maneira ampla, 
mas com modalidades 
específicas (ex.: judô ou 
capoeira).
Disciplinas de lutas na 
graduação que seguem o 
modelo tecnicista, ou seja, 
que se limitam a repetir 
técnicas de uma ou mais 
modalidades de lutas, sem 
focar o ensino no preparo 
do graduando para minis-
trar aulas com abordagem 
das lutas.
Docentes da disciplina de 
lutas que não possuem 
formação e experiência 
em lutas.
E você? As lutas fizeram parte das suas aulas de Educação Física na 
escola? Quais lembranças você carrega dessa época? O que você pensa 
sobre a inclusão das lutas nas aulas curriculares de Educação Física?
Esperamos que até o final deste livro você possa refletir sobre sua 
concepção de lutas na escola e se sinta seguro e apto a incluir esse 
conteúdo quando for professor de Educação Física.
Leia o artigo Conhecimento declarativo de docentes sobre a prática de lutas, 
artes marciais e modalidades esportivas de combate nas aulas de educação 
física escolar em Pelotas, Rio Grande do Sul, de Joel Maurício Corrêa Fonseca, 
Emerson Franchini e Fabrício Boscolo Del Vecchio, publicado em 2013 na 
revista Pensar a Prática, para compreender melhor como se dá o nível de 
conhecimento em lutas de professores de Educação Física e como esses 
docentes aplicam o conteúdo de lutas na educação física escolar.
Acesso em: 3 jul. 2020.
https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/17221
Artigo
1.4 Aspectos contemporâneos
Vídeo Nesta última seção, iremos abordar um pouco das razões que nos 
levam a estudar as lutas e posteriormente inserir esse conteúdo nas 
aulas curriculares de Educação Física na escola, especialmente nos en-
sinos fundamental e médio.
Entre essas razões, podemos utilizar o ponto de vista histórico e cul-
tural, pois o homem sempre lutou. Os motivos são diversos, como luta 
pela sobrevivência, conquista de territórios, reprodução, lazer, rituais 
https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/17221
24 Metodologia do ensino de lutas 
de transição para a vida adulta e até mesmo oferendas a divindades. 
Existem evidências disso em diferentes épocas de nossa civilização e 
em diferentes partes do mundo. Paiva (2019), em um ensaio antropo-
lógico e histórico, apresenta uma série de evidências (principalmente 
pinturas rupestres) de manifestações de lutas na Pré-História 7 em solo 
brasileiro (no Parque Nacional Serra da Capivara, no Piauí).
Pintura rupestre no Parque Nacional Serra da Capivara.
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Nessa ótica de abordagem histórica e cultural, ainda podemos des-
tacar que as lutas:
 • compuseram os antigos Jogos Olímpicos da Antiguidade 
(776 a.C.-200 a.C.);
 • geraram espetáculo com os gladiadores no Coliseu (os primeiros 
registros são de 286 a.C.);
 • foram usadas como artes de guerra para defesa de nações (ex.: 
samurais no período feudal do Japão – 1187-1867);
 • foram utilizadas como forma de desenvolvimento espiritual (ex.: 
ligação entre wushu e budismo);
Período anterior à invenção 
da escrita, que se estima ter 
ocorrido aproximadamente 
3500 a.C.
7
Exemplo de roda de capoeira.
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 • tiveram importância durante o período 
de escravidão no Brasil (? até 1888 8 ), 
fato que levou, em 2014, a Organiza-
ção das Nações Unidas para a Educa-
ção, a Ciência e a Cultura (Unesco) a 
reconhecer a roda de capoeira como 
Patrimônio Cultural Imaterial da Hu-
manidade, em 2014 (UNESCO, 2014).
No entanto, não são apenas os aspectos 
históricos que justificam o estudo e a apli-
cação das lutas na escola. Na atualidade, 
os esportes fazem parte da rotina de nossa 
Não há um consenso sobre a 
data de início da escravidão no 
Brasil. Alguns relatos apontam 
1550, outros, 1518, e também 
há quem defenda que a escra-
vidão se iniciou na chegada dos 
portugueses ao Brasil.
8
Conceitos, história e filosofia das lutas 25
sociedade, seja por meio da prática esportiva, seja pelo consumo des-
sas práticas, seja assistindo ou adquirindo produtos relacionados. Pare 
um momento e pense se as lutas fazem parte da sua vida. Vamos ver 
alguns exemplos.
O principal evento esportivo da atualidade são os Jogos Olímpicos 
de Verão. Entre todas as modalidades que integram os jogos, as moda-
lidades esportivas de combate são responsáveis por aproximadamente 
1/5 de todas as medalhas de ouro em disputa. Para traçar uma noção 
de proporção, note que o futebol, embora seja a modalidade mais tra-
dicional em nosso país, é responsável por apenas duas categorias (uma 
no masculino e uma no feminino). Em contrapartida, o judô, sozinho, 
representa 15 categorias 9 em disputa (sete no masculino, sete no fe-
minino e uma por equipe mista).
Observe na Tabela 3 quais são as modalidades de combate que inte-
gram os Jogos Olímpicos e o número de categorias em disputa em cada 
um desses esportes. Os dados foram estimados com base no quadro de 
modalidades apresentado pelo Comitê Olímpico Internacional (COI, 2020).
Tabela 3
Participação das modalidades esportivas de combate nos Jogos Olímpicos de Verão
Boxe
Modalidade Número de categorias
% de todas as 
medalhas
13 ~4%
Esgrima 10 ~3%
Karatê 8 ~2,5%
Wrestling 18 ~5,5%
Judô 15 ~4,5%
Taekwondo 8 ~2,5%
TOTAL 72 ~22%
Fonte: Elaborada pelo autor com base em COI, 2020.
~: valores aproximados com base no número de medalhas de ouro a serem distribuídas.
Todavia, não são apenas nos Jogos Olímpicos de Verão que os espor-
tes de combate possuem destaque nos tempos atuais. Fora dos Jogos, 
tanto as modalidades olímpicas quanto as não olímpicas atraem mui-
Estimativa feita com base no 
quadro de modalidades dos 
Jogos Olímpicos de Verão de 
Tóquio de 2021.
9
26 Metodologia do ensino de lutas 
tos telespectadores em diferentes eventos. Um exemplo claro disso é o 
fenômeno MMA – semanalmente, ocorrem diversos eventos, como o 
UFC (Ultimate Fighting Championship), o Bellator, o ONE Championship 
e o Shooto Brasil.
Em 2018, apenas o evento UFC 229, que teve como principal luta 
Khabib Nurmagomedov x Conor McGregor, gerou 2,5 milhões de ven-
das de transmissão televisiva (pay per view). Em 2015, a luta profis-
sional de boxe entre Floyd Mayweather e Many Pacquiao promoveu 
4,6 milhões de vendas de transmissão. Nessa luta, o vencedor faturou, 
na época, entre bolsa, bônus e direito de imagens, o equivalente a 
R$ 1 bilhão (GOZZER, 2017). Além disso, são vendidas camisetas, ca-
necas, chaveiros, revistas, canais de luta, entre outros produtos que 
carregam marcas relacionadas aos esportes de combate. O efeito do 
alcance do esporte vai além do entretenimento, pois tem grande im-
pacto econômico (DIAS, 2019).
Além dos eventos que envolvem combates reais, temos as lutas e 
esportes de combate se manifestando dentro de meios de entreteni-
mento, como o caso do cinema. Nesse tocante, podemos citar inúme-
ros filmes, tanto baseados em pessoas reais quanto obras de ficção. 
Vamos recordar alguns exemplos.
Filmes fictícios
Rock: um lutador; Rock II: a revanche; Rock III: o 
desafio supremo; Rock IV; Rock V; Rock Balboa.
Karatê Kid: a hora da verdade; Karatê Kid II: 
a hora da verdade continua; Karatê Kid III: o 
desafio final; Karatê Kid IV: a nova aventura; 
Karatê Kid.
Creed: nascido para lutar; Creed II.
Menina de Ouro.
Nocaute.
Touro Indomável.
O Vencedor.
Clube da Luta.
O Grande Dragão Branco; Kickboxer; Desafio 
Mortal (filmes de Jean-Claude Van Damme).
Operação Dragão; A Fúria do Dragão; Bruce Lee: a 
jornada de um guerreiro (filmes de Bruce Lee). 
Mais forte que o mundo – A história de José Aldo 
(baseado em José Aldo, lutador de MMA).
Filmes baseados 
em fatos 
10 segundos para vencer (baseado em Éder Jofre, 
lutador de Boxe).
Dangal (baseado em Mahavir Singh Phogat e 
suas filhas, lutadores de wrestling).
O maior de todos; Ali; Muhammad Ali – das lutas 
ao ativismo (baseados em Muhammad Ali).
Tyson (baseado em MikeTyson, lutador de boxe).
A luta pela esperança (baseado em James Walter 
Braddock, lutador de boxe).
O UFC foi criado em 1993, 
tendo como um dos fundadores 
Rorion Gracie. Em 2001, a marca 
UFC foi vendida por 2 milhões 
de dólares para Dana White 
e os irmãos Frank e Lorenzo 
Fertitta. Em 2016, a marca foi 
comprada pelo grupo WME-IMG 
pelo montante de 4 bilhões de 
dólares (DIAS, 2019).
Curiosidade
O filme Mais forte que 
o mundo – A história de 
José Aldo conta partes 
da trajetória do atleta 
brasileiro José Aldo, um 
dos maiores lutadores da 
história do MMA. Nessa 
obra, é possível observar 
a evolução e profissio-
nalização dos esportes 
de combate, bem como 
visualizar o impacto social 
que o esporte pode 
exercer em relação às 
transformações de vida.
Direção: Afonso Poyart. Brasil: Black 
Maria; Globo Filmes, 2016.
Filme
Conceitos, história e filosofia das lutas 27
Ainda, existem muitos outros filmes e animações envolvendo his-
tórias de super-heróis, que utilizam as lutas em suas aventuras (ex.: 
Superman, Homem-Aranha, Hulk, Homem de Ferro, Thor, Batman, Liga da 
Justiça, Mulher-maravilha, Batgirl, Supergirl, Capitã Marvel).
Diante de todos os exemplos listados nesta seção, é difícil ainda não 
assumirmos que as lutas fazem parte de nossa história e vida. Por fim, 
ainda podemos citar os benefícios físicos e comportamentais que as 
lutas podem promover.
Por todas essas características e riquezas culturais, as lutas fazem 
parte de nosso sistema curricular escolar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este capítulo teve como objetivo tratar de alguns temas iniciais que 
possibilitarão um maior desenvolvimento nos estudos na temática de lu-
tas. Existe uma diferenciação quanto aos termos utilizados. A grande área 
é nomeada como lutas, sendo considerada luta toda atividade que tenha 
o corpo do adversário como alvo, combine possibilidades de ações de 
ataque e defesa de maneira simultânea e apresente imprevisibilidade no 
desfecho do combate. São nomeados como esportes de combate especifi-
camente os sistemas de técnicas que foram “esportivizados”, ou seja, que 
são regidos por uma entidade reguladora (federações ou confederações), 
possuem competições com regras pré-definidas e apresentam sistemas 
claros de classificação. A definição de artes marciais possui maior divergên-
cia na literatura, mas o termo marcial deriva de Marte, o deus da guerra. É 
mais comum caracterizar como arte marcial as modalidades que em algum 
momento da história foram utilizadas para defesa de povos ou nações.
Dentro da temática lutas, artes marciais e esportes de combate, pu-
demos constatar que o número de pesquisas vem crescendo a cada ano. 
Essa produção acadêmica, no geral, já possui um corpo significativo de 
informações. No entanto, é preciso considerar que esse volume total de 
estudos é subdividido entre as modalidades e subáreas de conhecimen-
tos (ex.: história, pedagogia, medicina do esporte, biodinâmica, treinamen-
to desportivo). Além disso, nem toda produção científica possui uma alta 
qualidade metodológica, sendo a melhora metodológica dos estudos um 
dos desafios da área. Nesse cenário, o Brasil possui um papel de destaque 
nos estudos com lutas, pois é o quarto país com mais pesquisas publi-
cadas no tema e principal país em algumas modalidades. Ainda, alguns 
28 Metodologia do ensino de lutas 
pesquisadores brasileiros figuram entre os líderes em produção científica 
em lutas, artes marciais e esportes de combate.
Neste capítulo, também observamos alguns aspectos relativos à 
atuação profissional nas lutas. Entre os conteúdos abordados, podemos 
destacar o fato de que o trato das lutas fora das aulas curriculares de 
Educação Física não exige obrigatoriamente formação de nível superior 
em Educação Física. Contudo, o trabalho com as lutas nas aulas curri-
culares escolares deve obrigatoriamente ser realizado por profissionais 
com formação em nível superior. Dentro do ambiente escolar, a maior 
parte dos docentes não utilizam as lutas em suas aulas, e tal fato ocorre 
principalmente devido a uma formação insuficiente durante a graduação.
Por fim, consideramos que o ensino das lutas na escola é importante 
por diferentes fatores. As lutas fazem parte da história de nossa sociedade 
e carregam consigo muita bagagem cultural. Além disso, as lutas integram 
nosso cotidiano, por exemplo, em seu modelo esportivo, presente em 
eventos olímpicos e não olímpicos, e na forma de entretenimento, como 
no caso dos filmes. Não obstante, a prática das lutas é capaz de promover 
diversos benefícios para a saúde física e mental de seus praticantes, assim 
como auxilia em aspectos comportamentais e do desenvolvimento motor.
Por todas essas razões, as lutas estão inseridas dentro do currículo es-
colar, e caberá a você, futuro professor, ter os conhecimentos necessários 
para incluir esse tema em suas aulas.
ATIVIDADES
1. Elabore três sentenças que caracterizem a ideia de luta, arte marcial e 
esporte de combate.
2. Faça uma breve análise do papel do Brasil na produção científica na 
área de lutas, artes marciais e esportes de combate.
3. Cite as seis modalidades esportivas de combate consideradas 
olímpicas.
REFERÊNCIAS
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fed/decret/1940-1949/decreto-5723-28-maio-1940-322941-publicacaooriginal-1-pe.html. 
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http://sportv.globo.com/site/combate/may-mac/noticia/2017/08/de-pretty-boy-money-como-mayweather-che
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1940-1949/decreto-5723-28-maio-1940-322941-publicacaoori
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1940-1949/decreto-5723-28-maio-1940-322941-publicacaoori2
Ensino das lutas na escola
Neste capítulo, iremos centrar nossas discussões nas lutas 
na escola. Para tanto, o primeiro passo será entender como 
estão organizadas as políticas públicas educacionais brasilei-
ras. Na sequência, nosso direcionamento será voltado para a 
Educação Física, com enfoque específico nas lutas, nas artes 
marciais e nos esportes de combate.
As lutas devem fazer parte das aulas de Educação Física na 
escola? O que deve ser ensinado em relação às lutas na escola? 
Os conteúdos e a abordagem das lutas na escola devem ser os 
mesmos para todas as faixas etárias? Essas questões serão anali-
sadas ao longo deste capítulo.
Na primeira seção, serão apresentados os principais aspectos 
relacionados às políticas públicas educacionais de nosso país, com 
o objetivo de entendermos a estrutura educacional na qual esta-
mos inseridos. Na sequência, nosso direcionamento será entender 
como as lutas integram nosso sistema curricular. Para tanto, ana-
lisaremos a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Você deverá 
adquirir embasamento para avaliar a proposta vigente.
Na terceira seção, iremos discutir algumas propostas metodo-
lógicas existentes para o ensino das lutas, dentro ou fora da escola. 
A proposta atual presente na BNCC pode mudar, pois o currículo 
escolar em nosso país depende muito das políticas de governo. 
Diante disso, é importante que você esteja apto a compreender 
as lutas muito além da BNCC, tendo subsídios para abordá-las 
independentemente da proposta vigente. Os modelos de ensino 
que serão apresentados vão ajudá-lo a refletir e criar fundamentos 
para que o trato das lutas ocorra de maneira natural e harmônica. 
Por fim, na quarta seção, iremos abordar aspectos pedagógicos 
gerais e cuidados no ensino das lutas. Esses conteúdos são muito 
relevantes, pois não apenas auxiliarão no manejo das lutas, como 
também podem ser aplicados em aulas com diferentes objetivos.
30 Metodologia do ensino de lutas 
Ensino das lutas na escola 31
O conteúdo deste capítulo irá prover fundamentos que serão 
sua base para atuar com o ensino das lutas, seja como elementos 
das aulas curriculares de Educação Física na escola, seja como ele-
mentos de aulas em outros ambientes, como clubes, ONG (organi-
zações não governamentais), academias ou centros esportivos.
2.1 Políticas públicas educacionais 
Vídeo Para entendermos como se dá o currículo escolar brasileiro, preci-
samos saber como estão organizadas as políticas públicas educacio-
nais em nosso país. Vamos fazer uma breve análise disso.
O primeiro aspecto a ser considerado é que a educação no Brasil 
é um direito de todos, garantido pela Constituição Federal de 1988. 
Esse direito é estabelecido no artigo 205, o qual define que “a educa-
ção, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida 
e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno de-
senvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania 
e qualificação para o trabalho” (BRASIL, 1988). Contudo, como se pode 
observar, a educação não é apenas um direito; família e Estado devem 
atuar para que toda criança tenha uma educação adequada. Nesse 
sentido, vale conhecer o artigo 208, que define que o Estado deve ga-
rantir “educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (de-
zessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para 
todos os que a ela não tiverem acesso na idade própria” (BRASIL, 1988).
Embora a Constituição defina direitos e deveres relativos à educa-
ção, não há uma abordagem detalhada desse processo, sendo realiza-
da uma abordagem geral, como reportado no artigo 210, que aponta 
que “serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de 
maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores cul-
turais e artísticos, nacionais e regionais” (BRASIL, 1988). Nesse aspecto, 
anos após o desenvolvimento da nossa Carta Magna, houve um proces-
so de discussão que resultou em uma lei específica sobre a educação, 
a Lei n. 9.394, de 1996, conhecida como Lei de Diretrizes e Bases da Educa-
ção (LDB). Na LDB, é estabelecido como deve ser organizado o sistema 
educacional brasileiro, incluindo especificações sobre a necessidade de 
diretrizes que nortearão a definição de conteúdos mínimos, função que 
32 Metodologia do ensino de lutas 
é incumbência da União, em colaboração com os estados, o Distrito Fe-
deral e os municípios, de acordo com o artigo 9º da lei (BRASIL, 1996).
Quanto à Educação Física, no § 3o do artigo 26 da LDB, indica-se que 
“a educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é compo-
nente curricular obrigatório da Educação Básica, ajustando-se às faixas 
etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos cur-
sos noturnos” (BRASIL, 1996). No entanto, não há um detalhamento do 
currículo escolar na LDB. O mesmo ocorreu com os Parâmetros Curricu-
lares Nacionais (PCN), que, embora auxiliassem as escolas na criação das 
propostas pedagógicas, careciam de informações mais detalhadas sobre 
a organização dos conteúdos curriculares (BRASIL, 1997).
Nessa falta de definição clara de como deveria ser estruturado o 
currículo da Educação Física nas diferentes etapas de ensino, a Edu-
cação Física escolar enfrentou muitas dificuldades. Exemplo disso é a 
realidade das disciplinas escolares espalhadas pelo Brasil, com muitas 
delas se limitando, quando muito, à prática de quatro modalidades 
esportivas: futsal, voleibol, basquetebol e handebol. Um dos aspectos 
que levou à dificuldade de propostas de currículos universais foi o fato 
do Brasil ser um país de dimensões continentais, o que acarreta carac-
terísticas regionais muito peculiares.
Diante disso, em 2017, após muitas discussões, foi aprovada a Base 
Nacional Comum Curricular (BNCC), a qual define aprendizagens e 
competências 1
Na BNCC, competência é 
entendida como “a mobilização 
de conhecimentos (conceitos 
e procedimentos), habilidades 
(práticas, cognitivas e socioemo-
cionais), atitudes e valores para 
resolver demandas complexas da 
vida cotidiana, do pleno exercício 
da cidadania e do mundo do 
trabalho” (BRASIL, 2017, p. 8).
1
 a serem desenvolvidas na educação básica. Essas com-
petências são apresentadas no quadro a seguir.
Quadro 1
Competências gerais da educação básica
 Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o 
mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, 
continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade 
justa, democrática e inclusiva.
1
 Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das 
ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação 
e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular 
e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos 
conhecimentos das diferentes áreas.
(Continua)
2
A LDB (Lei n. 9.394/1996) 
faz a regulamentação 
do sistema educacional 
brasileiro. É importante 
que todo profissional que 
atue com ensino conheça 
essa regulamentação.
Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
l9394.htm. Acesso em: 24 jul. 2020.
Leitura
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm
Ensino das lutas na escola 33
 Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais 
às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção 
artístico-cultural.
3
 Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como LIBRAS, 
e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das 
linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar 
informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e 
produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.
4
 Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação 
demaneira crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais 
(incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, 
produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e 
autoria na vida pessoal e coletiva.
5
 Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de 
conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações 
próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da 
cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência 
crítica e responsabilidade.
6
 Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para 
formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que 
respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o 
consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento 
ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
7
 Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, 
compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e 
as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.
8
 Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, 
fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos 
humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de 
grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem 
preconceitos de qualquer natureza.
(Continua)
9
34 Metodologia do ensino de lutas 
 Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, 
resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, 
democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
10
Fonte: Brasil, 2017, p. 9-10.
Como você pode perceber, essas competências são de fato gerais 
e buscam a formação integral do ser humano, que não apenas domi-
na e decora conteúdos, e também a formação de um sujeito crítico, 
capaz de atuar em sociedade e exercer sua cidadania para a constru-
ção de uma sociedade mais justa, democrática e inclusiva. Entretanto, 
você também pode perceber que não é uma tarefa fácil atingir todas as 
competências gerais com a Educação Física. Porém, esta é uma meta: 
elaborar e conduzir aulas e atividades que permitam o desenvolvimen-
to das competências gerais da educação básica propostas na BNCC.
Além da definição de competências gerais que devem ser desen-
volvidas, a BNCC também apresenta direcionamentos para cada etapa 
da educação e também abre a possibilidade para que cada estado in-
clua conteúdos que sejam relevantes para o contexto daquela região 
(BRASIL, 2017), tornando necessário que os docentes conheçam tanto a 
BNCC quanto o referencial curricular do estado no qual irá atuar.
A BNCC é estruturada com divisões entre educação infantil, ensino 
fundamental e ensino médio, e cada etapa possui suas peculiaridades. 
Devido à BNCC ser um documento muito amplo, envolvendo todas as 
áreas de conhecimento, limitaremo-nos a analisar os principais aspec-
tos que envolvem nossas possibilidades de intervenções com a Educa-
ção Física e, mais especificamente, com as lutas.
A educação infantil, que compreende o período de 0 a 5 anos e 
11 meses de idade, possui objetivos de aprendizagem e desenvol-
vimento que são divididos de acordo com as faixas etárias, sendo 
elas: bebês (0 a 1 ano e 6 meses), crianças bem pequenas (1 ano e 
7 meses a 3 anos e 11 meses) e crianças pequenas (4 anos a 5 anos 
e 11 meses). Nesse contexto, são estabelecidos na BNCC (BRASIL, 
2017) seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento inseri-
dos em cinco campos de experiência:
Ensino das lutas na escola 35
1. O eu, o outro e 
o nós
2. Corpo, gestos e 
movimentos
3. Traços, sons, 
cores e formas
4. Escuta, fala, 
pensamento e 
imaginação
5. Espaço, tempos, 
quantidades, 
relações e 
transformações
1. Conviver
2. Brincar
3. Participar
4. Explorar
5. Expressar
6. Conhecer-se
Direitos de 
aprendizagem e 
desenvolvimento 
Campos de 
experiência 
O ensino fundamental compreende do 1º ao 9º ano, não definindo 
faixa etária, pois existem reprovações e casos de alunos que iniciam 
os estudos fora da idade indicada. Ainda, conceitualmente, divide-se 
essa etapa em anos iniciais (1º ao 5º ano) e anos finais (6º ao 9º ano). 
Diferentemente da educação infantil, na qual são estabelecidos ape-
nas os campos de aprendizagem, para o ensino fundamental são apre-
sentados componentes curriculares específicos para cada área do 
conhecimento (Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza, Ciên-
cias Humanas e Ensino Religioso). Aqui está um ponto importante a ser 
considerado: a Educação Física está alocada na área das Linguagens – 
remetendo à linguagem corporal –, assim como as disciplinas de Língua 
Portuguesa, Arte e Língua Inglesa.
36 Metodologia do ensino de lutas 
Adicionalmente, cada área do conhecimento é dividida em unida-
des temáticas, com objetos de conhecimento e habilidades a serem 
desenvolvidos. As seis unidades temáticas que integram a área da Edu-
cação Física, conforme a BNCC (BRASIL, 2017), são:
Karolina Madej/
Shutterstock
1. Brincadeiras 
e jogos
2. Esportes
3. Ginásticas
4. Danças
6. Práticas 
corporais de 
aventuras
5. Lutas
Por fim, para o ensino médio, assim como na educação infantil, não 
há uma discriminação concreta dos conteúdos a serem abordados 
dentro da Educação Física, mas sim indicações de competências espe-
cíficas de Linguagens e suas Tecnologias para o ensino médio.
Como vimos, a legislação brasileira passou por algumas modifica-
ções, como se observa na linha do tempo a seguir, até chegarmos ao 
documento principal, que detalharemos na próxima seção.
BNCC
Constituição Federal
PCN
LDB
1988
1996
1995-1999 2Embora a publicação do 
volume 7 tenha ocorrido em 
2010, a criação dos PCN ocorreu 
por etapas, com alterações, no 
período entre 1995 e 1999.
2
2017
Ensino das lutas na escola 37
2.2 As lutas na Base Nacional 
Comum Curricular (BNCC) 
Vídeo Considerando o modelo de organização da educação infantil na 
BNCC, as lutas podem ser trabalhadas com as crianças bem peque-
nas e com as crianças pequenas, mas com um papel secundário, 
no qual o ensino não é das lutas em si, e sim feito por meio de ele-
mentos das lutas ou dos jogos de lutas, com objetivo de explorar os 
direitos de aprendizagem e desenvolvimento dentro dos campos de 
experiência. Por exemplo, é possível explorar o campo de experiên-
cia O eu, o outro e nós por meio de jogos de lutas? É possível explorar 
o campo de experiências Corpo, gestos e movimentos se valendo de 
algumas ações presentes nas lutas?
Lembre-se de que as lutas estão muito presentes no cotidiano das 
crianças, nos desenhos, quadrinhos ou filmes de super-heróis. Se bem 
planejadas, as atividades de lutas podem ter uma boa aceitação por 
parte das crianças, além de serem um instrumento riquíssimo para es-
timular o desenvolvimento motor e cognitivo, bem como para explorar 
valores e o respeito ao próximo.
du
ra
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el
al
le
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/S
hu
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ck
Exemplo de lutas em histórias em quadrinhos.
Para o ensino médio, ao analisarmos as unidades temáticas 
presentes na BNCC, podemos notar que existe uma unidade es-
pecífica para as lutas. No entanto, elas também podem ser utili-
zadas como elementos a serem explorados dentro da unidade de 
brincadeiras e jogos, bem como na unidade temática de esportes. 
38 Metodologia do ensino de lutas 
Os esportes são divididos em sete tipos, sendo um deles referente 
aos esportes de combate (BRASIL, 2017):
1. Marca
7. 
Co
m
ba
te
3 2. Precisão
3.
 T
éc
ni
co
- 
-c
om
bi
na
tó
rio
4. R
ede
/qu
adr
a 
divi
dida
 ou 
par
ede
 
de r
ebo
te
5. Campo e taco
6. Invasão ou 
territorial
 rikkyall/Shutterstock
Para a unidade temática de lutas, é importante que, antes de com-
preender as divisões dos componentes curriculares, você conheça qual 
entendimento éapresentado na BNCC para essa temática.
A unidade temática Lutas focaliza as disputas corporais, nas quais 
os participantes empregam técnicas, táticas e estratégias especí-
ficas para imobilizar, desequilibrar, atingir ou excluir o oponen-
te de um determinado espaço, combinando ações de ataque e 
defesa dirigidas ao corpo do adversário. Dessa forma, além das 
lutas presentes no contexto comunitário e regional, podem ser 
tratadas lutas brasileiras (capoeira, huka-huka, luta marajoara 
etc.), bem como lutas de diversos países do mundo (judô, aikido, 
jiu-jítsu, muay thai, boxe, chinese boxing, esgrima, kendo etc.). 
(BRASIL, 2017)
Todas as unidades temáticas estabelecidas têm como objetivo al-
cançar as competências específicas da Educação Física, estabeleci-
das para essa fase de ensino, as quais auxiliarão no desenvolvimento 
das competências gerais da educação básica (apresentadas no início 
deste capítulo). Conheça e reflita sobre as competências específicas do 
ensino fundamental, expressas no quadro a seguir.
Na BNCC, a categoria esportes 
de combate “reúne modalidades 
caracterizadas como disputas 
nas quais o oponente deve ser 
subjugado, com técnicas, táticas 
e estratégias de desequilíbrio, 
contusão, imobilização ou exclu-
são de um determinado espaço, 
por meio de combinações de 
ações de ataque e defesa (judô, 
boxe, esgrima, tae kwon do 
etc.)” (BRASIL, 2017).
3
Ensino das lutas na escola 39
Quadro 2
Competências específicas da Educação Física no ensino fundamental
 Compreender a origem da cultura corporal de movimento e seus vínculos 
com a organização da vida coletiva e individual.1
 Planejar e empregar estratégias para resolver desafios e aumentar as 
possibilidades de aprendizagem das práticas corporais, além de se envolver 
no processo de ampliação do acervo cultural nesse campo.
2
 Refletir, criticamente, sobre as relações entre a realização das práticas 
corporais e os processos de saúde/doença, inclusive no contexto das 
atividades laborais.
3
 Identificar a multiplicidade de padrões de desempenho, saúde, beleza e 
estética corporal, analisando, criticamente, os modelos disseminados na 
mídia e discutir posturas consumistas e preconceituosas.
4
 Identificar as formas de produção dos preconceitos, compreender seus 
efeitos e combater posicionamentos discriminatórios em relação às práticas 
corporais e aos seus participantes.
5
 Interpretar e recriar os valores, os sentidos e os significados atribuídos às 
diferentes práticas corporais, bem como aos sujeitos que delas participam.6
 Reconhecer as práticas corporais como elementos constitutivos da identidade 
cultural dos povos e grupos.7
 Usufruir das práticas corporais de forma autônoma para potencializar o 
envolvimento em contextos de lazer, ampliar as redes de sociabilidade e a 
promoção da saúde.
(Continua)
8
40 Metodologia do ensino de lutas 
 Reconhecer o acesso às práticas corporais como direito do cidadão, propondo 
e produzindo alternativas para sua realização no contexto comunitário.9
 Experimentar, desfrutar, apreciar e criar diferentes brincadeiras, jogos, danças, 
ginásticas, esportes, lutas e práticas corporais de aventura, valorizando o 
trabalho coletivo e o protagonismo.
10
Fonte: Brasil, 2017, p. 223.
Especificamente em relação aos componentes curriculares, é fun-
damental que você conheça os objetos de conhecimento e habilidades 
específicas a serem desenvolvidos na unidade referente às lutas, dentro 
do ensino fundamental, definidos na BNCC, conforme o quadro a seguir.
Quadro 3
Objetos de conhecimento da unidade temática lutas no EF e habilidades a serem desenvolvidas 
em cada fase do ensino
Fase Objetos de conhecimento Habilidades
1º e 2º anos – –
3º ao 5º ano
Lutas do contexto comunitá-
rio e regional
Lutas de matriz indígena e 
africana
 • Experimentar, fruir e recriar diferentes lutas presentes no 
contexto comunitário e regional e lutas de matriz indígena 
e africana.
 • Planejar e utilizar estratégias básicas das lutas do contex-
to comunitário e regional e lutas de matrizes indígena e afri-
cana experimentadas, respeitando o colega como oponente 
e as normas de segurança.
 • Identificar as características das lutas do contexto comu-
nitário e regional e lutas de matriz indígena e africana, reco-
nhecendo as diferenças entre lutas e brigas e entre lutas e 
as demais práticas corporais.
6º e 7º anos Lutas do Brasil
 • Experimentar, fruir e recriar diferentes lutas do Brasil, 
valorizando a própria segurança e integridade física, bem 
como as dos demais.
 • Planejar e utilizar estratégias básicas das lutas do Brasil, 
respeitando o colega como oponente.
 • Identificar as características (códigos, rituais, elementos 
técnico-táticos, indumentária, materiais, instalações, institui-
ções) das lutas do Brasil.
 • Problematizar preconceitos e estereótipos relacionados 
ao universo das lutas e demais práticas corporais, propon-
do alternativas para superá-los, com base na solidariedade, 
na justiça, na equidade e no respeito.
(Continua)
Ensino das lutas na escola 41
Fase Objetos de conhecimento Habilidades
8º e 9º anos Lutas do mundo
 • Experimentar e fruir a execução dos movimentos per-
tencentes às lutas do mundo, adotando procedimentos de 
segurança e respeitando o oponente.
 • Planejar e utilizar estratégias básicas das lutas experimen-
tadas, reconhecendo as suas características técnico-táticas.
 • Discutir as transformações históricas, o processo de es-
portivização e a midiatização de uma ou mais lutas, valori-
zando e respeitando as culturas de origem.
Fonte: Brasil, 2017.
Com base no exposto, é possível observar que para o 1º e 2º anos 
não há abordagem específica da unidade temática lutas. No entanto, 
elementos das lutas podem ser utilizados dentro da unidade brincadei-
ras e jogos. Do 3º ao 5º ano, devem ser trabalhadas as lutas do contexto 
comunitário e regional, bem como as de matrizes indígena e africana. 
No 6º e 7º anos, as aulas devem abordar as lutas no Brasil, e no 8º e 9º 
anos, as lutas no mundo.
Além das habilidades específicas da unidade temática de lutas, apre-
sentadas no Quadro 3, no 8º e 9º anos é possível abordar as lutas dentro 
da unidade temática esportes, na qual é indicada a inclusão dos esportes 
de combate. Veja as habilidades previstas para os esportes de combate:
 • Formular e utilizar estratégias para solucionar os desafios técni-
cos e táticos, tanto nos esportes de campo e taco, rede/parede, 
invasão e combate como nas modalidades esportivas escolhidas 
para praticar de forma específica.
 • Identificar os elementos técnicos ou técnico-táticos individuais, 
combinações táticas, sistemas de jogo e regras das modalidades 
esportivas praticadas, bem como diferenciar as modalidades es-
portivas com base nos critérios da lógica interna das categorias 
de esporte: rede/parede, campo e taco, invasão e combate.
 • Identificar as transformações históricas do fenômeno esportivo 
e discutir alguns de seus problemas (doping, corrupção, violência 
etc.) e a forma como as mídias os apresentam.
 • Verificar locais disponíveis na comunidade para a prática de es-
portes e das demais práticas corporais tematizadas na escola, 
propondo e produzindo alternativas para utilizá-los no tempo 
livre. (BRASIL, 2017, p. 237)
Por fim, para o ensino médio, não há uma discriminação concreta 
dos conteúdos a serem abordados dentro da Educação Física, mas sim 
indicações de competências específicas de Linguagens e suas Tecno-
42 Metodologia do ensino de lutas 
logias para o ensino médio. Entre as sete competências especificadas, 
a de n. 5 é a que remete aos cuidados da Educação Física: “compreen-
der os processos de produção e negociação de sentidos nas práticas 
corporais, reconhecendo-as e vivenciando-as como formas de expres-
são de valores e identidades, em uma perspectiva democrática e de 
respeito à diversidade” (BRASIL, 2017, p. 490).
Para alcançar o desenvolvimento da competência n. 5, a BNCC indi-
ca que sejam trabalhadas asunidades temáticas presentes no ensino 
fundamental (1. Brincadeiras e jogos; 2. Esportes; 3. Ginásticas; 4. Dan-
ças; 5. Lutas; 6. Práticas corporais de aventuras). Ademais, a diretriz 
enfatiza que as experimentações das práticas corporais sejam acom-
panhadas de momentos de reflexão, leituras e produções de discursos. 
Também são apresentadas três habilidades a serem desenvolvidas por 
meio da competência n. 5:
 • Selecionar e utilizar movimentos corporais de forma consciente e 
intencional para interagir socialmente em práticas corporais, de 
modo a estabelecer relações construtivas, empáticas, éticas e de 
respeito às diferenças.
 • Analisar criticamente preconceitos, estereótipos e relações de 
poder presentes nas práticas corporais, adotando posicionamen-
to contrário a qualquer manifestação de injustiça e desrespeito a 
direitos humanos e valores democráticos.
 • Vivenciar práticas corporais e significá-las em seu projeto de vida, 
como forma de autoconhecimento, autocuidado com o corpo e 
com a saúde, socialização e entretenimento. (BRASIL, 2017, p. 495)
Assim, diante de todo esse estudo da BNCC, tivemos a oportuni-
dade de evidenciar a abrangência do atual documento que norteia as 
práticas de ensino no Brasil, mesmo que nossa proposta tenha sido 
analisar as informações relacionadas às lutas. Embora contemplar to-
das essas recomendações em suas aulas pareça muito complexo, você 
precisa ponderar alguns aspectos ao planejar o ano letivo e suas aulas.
Primeiro, procure pensar cada ano letivo por vez, pois isso facilita-
rá o raciocínio e a organização de ideias. Ainda, leve em consideração 
que a BNCC apresenta objetivos audaciosos e o documento ainda está 
sendo inserido nas escolas. Essa consideração é importante porque em 
um processo de transição é normal que os professores enfrentem di-
ficuldades, além do fato de ser pouco provável que todo professor de 
Educação Física consiga ministrar com maestria todos os componentes 
curriculares de todas unidades temáticas em todas as etapas de ensi-
no. Faça seu melhor, mas se lembre de que os professores também 
estão em processo contínuo de aprendizagem.
A BNCC é o documento 
que estabelece normati-
vas sobre aprendizagens 
essenciais para alunos 
brasileiros. É importante 
que todo profissional que 
atua com ensino conheça 
a estrutura geral da 
BNCC, bem como as 
partes específicas de sua 
disciplina.
Disponível em: http://
basenacionalcomum.mec.gov.br/. 
Acesso em: 27 jul. 2020.
Leitura
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/
Ensino das lutas na escola 43
Por fim, você deve considerar que conhecer a BNCC é importan-
te, pois ela estabelece as diretrizes educacionais vigentes em nosso 
país. No entanto, a proposta contempla uma gama de componentes 
muito vasta, fato que na prática implicará falta de tempo hábil para 
explorar de modo satisfatório todos os conteúdos indicados. Além 
disso, a BNCC indica o trabalho das lutas deve ser feito com base na 
abordagem dos esportes e modalidades de combate, o que vai na 
contramão de algumas propostas pedagógicas prévias, as quais indi-
cavam o ensino das lutas como um todo, sem explorar modalidades 
(OLIVIER, 2000; FRANCHINI; DEL VECCHIO, 2012).
Também é importante lembrar que a BNCC pode sofrer alterações, 
visto que as propostas curriculares em nosso país estão muito ligadas às 
políticas de governo. Portanto, é relevante conhecer a BNCC e estruturar 
as aulas em conformidade com essa diretriz, mas é mais relevante que 
você compreenda a lógica interna das lutas, bem como as possibilidades 
de aplicação desse conteúdo em aulas. Assim, você será capaz de refletir e 
trabalhar com as lutas independentemente da diretriz vigente.
2.3 Propostas pedagógicas 
Vídeo As lutas têm uma lógica interna, constituída por elementos que as 
caracterizam. Nesse sentido, Gomes et al. (2010) apresentam os deno-
minados princípios condicionantes das lutas, ou seja, os atributos 
comuns entre as diferentes modalidades de combate, os quais podem 
ser consideradas fundamentais para que uma atividade seja caracteri-
zada como luta. São eles:
Oponente 
como alvo
Contato 
proposital
Fusão de ataque 
e defesa
Imprevisibilidade Regras
Kuliperko/Shutterstock
44 Metodologia do ensino de lutas 
Nadiinko/Shutterstock
Movimento pendular. 
De tal modo, estabelece-se que nas lutas há a característica de con-
fronto (oponente como alvo), no qual se busca o contato com o oponente, 
por exemplo, tentar acertar um chute ou derrubar (contato proposital). 
Além disso, em uma luta, ambos os combatentes podem atacar ou ser 
atacados a qualquer instante (fusão de ataque e defesa), sendo criada 
uma incerteza do que irá ocorrer a cada momento, bem como do des-
fecho do combate (imprevisibilidade). Ainda, é estabelecido como princí-
pio condicionante das lutas a presença de regras, o que acaba sendo de 
fato mais presente nas modalidades esportivas de combate.
O entendimento dessa lógica é fundamental para o manejo das lu-
tas, pois permitirá ao docente propor e criar jogos e atividades que en-
volvam esses elementos, tendo em vista que nos jogos e brincadeiras 
é possível que nem todos os princípios condicionantes sejam engloba-
dos. Nesse sentido, em vez de pensar apenas nos gestos técnicos que 
integram as lutas (ex.: socos e chutes), tente pensar em adaptar e criar 
atividades para que contenham elementos que remetam às lutas.
Ainda, tenha em mente que algumas atividades podem ser prepara-
tórias, ou seja, são exercícios educativos ou exploram algum elemento 
importante presente nas lutas. Por exemplo, o controle de distância é 
fundamental em modalidades que envolvem o soco. Seria possível, en-
tão, propor uma atividade para crianças pequenas na qual o objetivo é 
tentar manter uma bexiga no ar o maior tempo possível, mas o toque na 
bexiga só é possível por meio de socos? Nessa mesma linha, o controle 
de distância e a agilidade são elementos importantes em quase todas as 
modalidades de combate. Consequentemente, seria plausível explorar 
esses elementos em um pega-pega no qual é necessário acertar 
o corpo do colega com uma almofada para pegá-lo?
Observe que nesses exemplos não exploramos a maior 
parte dos princípios condicionantes das lutas, mas exploramos 
elementos que são importantes dentro das modalidades de com-
bate. Portanto, busque considerar os princípios condicionantes 
das lutas ao planejar suas aulas, mas se lembre de que é possí-
vel propor atividades que não envolvam todos os princípios 
simultaneamente.
Entre as possibilidades para o trato das lutas, ire-
mos abordar duas delas: o modelo pendular e 
o modelo de jogos de oposição. No primeiro, a 
ideia central é abordar as lutas de modo geral, 
sem diferenciações entre modalidades, ao menos 
em sua base. Nesse sentido, pense no movimento 
que um pêndulo realiza.
Ensino das lutas na escola 45
Na parte superior, ocorre pouca movimentação, enquanto na parte in-
ferior há uma amplitude maior do ponteiro do pêndulo. Seguindo essa ló-
gica, devemos pensar a abordagem de ensino em três níveis. No mais alto, 
estão inseridos os princípios operacionais (explorar princípios condicionan-
tes e ações comuns a diferentes lutas, como controle de distância, formas 
de deslocamentos etc.) e a oscilação é menor. No plano mais baixo, estão 
as regras de ação, que podem ser divididas entre toque ou agarre, com 
subdivisões entre direto ou indireto, ou seja, se o toque ou agarre é o ob-
jetivo das atividades (toque ou agarre diretos) ou se o toque ou agarre são 
meios para alcançar um objetivo (toque ou agarre indiretos). Nesse nível, 
são explorados os movimentos presentes nas lutas, mas sem especializar 
modalidades. Por exemplo, ao abordar a técnica do soco, é ensinado o mo-
vimento de modo geral, sem realizar diferenciações entre o soco no karatê 
ou o soco no boxe. Por fim, no terceiro nível, estão localizados os gestos 
específicos. Nesse plano, busca-se a especificação para as modalidades de 
lutas (FRANCHINI;DEL VECHHIO, 2012).
Pensando o processo de iniciação às lutas, seria interessante explorar 
os dois primeiros níveis (princípios operacionais e regras de ação). Esse 
tipo de abordagem seria benéfico ao aluno, ao permitir que ele experien-
cie um acervo grande de atividades motoras, e também aos professores, 
que na maior parte das vezes não têm especialização em lutas e, quando 
possuem, raramente dominam muitas modalidades.
O segundo modelo, de jogos de oposição, é mais aplicado quando 
se pensa as modalidades de agarre ou domínio (ex.: judô, jiu-jitsu bra-
sileiro, wrestling, sumô). No entanto, ele possui uma abordagem muito 
interessante, a qual permite que os professores explorem diferentes 
situações que possibilitam a iniciação às lutas por meio dos jogos, con-
ferindo um aspecto lúdico e motivador às atividades. Entre as propos-
tas existentes para os jogos de oposição, Olivier (2000) propôs a divisão 
dos jogos em seis grupos, como especificado a seguir.
Jogos de rapidez e atenção
St
an
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rs
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ck
Jogos de conquista de objetos
(Continua)
Ro
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46 Metodologia do ensino de lutas 
Jogos de conquista de territórios
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Jogos de desequilíbrio
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Jogos de reter, imobilizar e se livrar
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Sh
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Jogos de combater
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hu
tte
rs
to
ck
 
A nomenclatura dos grupos é um tanto quanto autoexplicativa, pois 
os grupos recebem o nome das habilidades e/ou ações a serem explora-
das nas atividades. Por exemplo, no primeiro grupo, dos jogos de rapidez, 
podem ser exploradas todas as atividades de lutas que envolvam rapi-
dez ou atenção. Nesse grupo, estariam inseridas atividades como jogos 
nos quais o objetivo é tocar alguma parte do corpo do colega (ex.: tocar 
o tornozelo, tocar o joelho). A mesma lógica ocorre para o segundo (pro-
teger ou conquistar um objeto), terceiro (defender ou dominar um espa-
ço), quarto (desequilibrar o oponente) e quinto (dominar o oponente ou 
escapar de seu domínio) grupos. No sexto grupo, são contemplados os 
combates em si (ex.: tentar derrubar o oponente).
Esse modelo pedagógico é um meio interessante para professores 
que não são especialistas em lutas, pois também sugere uma abor-
dagem mais geral das lutas, sem especificação de modalidades. Para 
tanto, os professores podem pesquisar atividades em livros ou vídeos 
na internet, mas, acima de tudo, devem pensar em possibilidades que 
contenham os elementos necessários de cada grupo de jogos.
Independentemente da proposta que seja adotada, é necessário 
pensar o processo de ensino e aprendizagem por meio das dimen-
sões dos conteúdos – os quais, embora apresentados didaticamente 
Ensino das lutas na escola 47
de modo fragmentado, são inter-relacionados. Segundo Barroso e 
Darido (2009), elas são:
Como se deve ser?
O que se deve fazer?
O que se deve saber?
Dimensões
Conceitual
Procedimental
Atitudinal
Embora muitos modelos de aula na Educação Física explorem e 
valorizem apenas a dimensão procedimental, do fazer, é importan-
te refletir que as aulas podem avançar nessa dinâmica, exploran-
do aspectos relacionados ao saber (ex.: transmitir conhecimentos 
históricos e filosóficos presentes nas atividades) e ao ser (ex.: levar 
à reflexão sobre o modo de agir e a conduta moral presentes nas 
atividades). Principalmente na escola, o professor deve buscar que 
os alunos estabeleçam e identifiquem um sentido na prática, e não 
apenas reproduzam movimentos.
Leia o artigo Ensino das lutas: dos princípios condicionais aos grupos situacio-
nais, de Mariana Simões Pimentel Gomes, Marcio Pereira Morato, Edilson 
Duarte e José Júlio Gavião de Almeida, publicado em 2010 na revista Movi-
mento, para compreender melhor como se dá a lógica interna das lutas.
Acesso em: 24 jul. 2020. 
https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/9743/8928
Artigo
https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/9743/8928
48 Metodologia do ensino de lutas 
2.4 Aspectos didáticos e pedagógicos 
Vídeo Para o ensino das lutas dentro das escolas, é preciso que alguns 
aspectos sejam considerados. Nesse sentido, primeiramente vamos 
abordar três das principais barreiras para o ensino das lutas na escola, 
de acordo com Rufino e Darido (2015):
Falta de 
materiais
Falta de 
especialização
Possível 
aumento de 
comportamento 
agressivo dos 
alunos 
Em relação à percepção de falta de especialização em lutas por 
parte dos professores, esteja ciente de que o objetivo das aulas não 
é formar atletas ou campeões. A definição da BNCC das habilidades 
a serem desenvolvidas já oferece esse indicativo (BRASIL, 2017). Essa 
compreensão é importante, pois auxiliará no planejamento das aulas, 
bem como ajudará o professor que não é especialista em lutas a perder 
o medo de abordá-las nas aulas escolares.
A Educação Física é uma área muito ampla e seria humanamente im-
possível que os professores dominassem todos os esportes existentes. 
O mesmo vale para as lutas. Sua responsabilidade como docente será 
apresentar as lutas, proporcionar vivências e provocar debates e refle-
xões relacionados ao contexto histórico e filosófico dessas modalidades. 
Não se preocupe excessivamente com a perfeição dos gestos técnicos.
Quanto à falta de materiais, infelizmente, essa é uma realidade de 
quase todos os setores públicos em nosso país. Muitas escolas viven-
ciam dificuldades financeiras, não possuindo estrutura física e mate-
riais adequados para ofertar as melhores possibilidades de ensino. 
No entanto, essa é uma dificuldade que todas as disciplinas passam, e 
não apenas a Educação Física. Embora a falta de estrutura física e ma-
Ensino das lutas na escola 49
teriais possa limitar as possibilidades, é possível realizar boas vivências 
dentro da Educação Física, incluindo a abordagem das lutas.
Quanto à terceira barreira para o trato das lutas na escola, que 
seria o receio em relação ao aumento do comportamento agressivo 
dos alunos, é preciso compreender como se dá o comportamento de 
crianças e adolescentes ao terem acesso às lutas. Harwood, Lavidor 
e Rassovsky (2017) analisaram nove pesquisas que investigaram o 
comportamento de crianças e adolescentes (6 a 18 anos) que prati-
cavam algum tipo de luta. Como resultado, foi verificado que a prá-
tica dessas modalidades promoveu melhoras no autocontrole e na 
estabilidade emocional desses jovens.
Além disso, os alunos que mais participam das atividades de lutas 
tendem a se envolver em menos casos de agressões físicas, além de 
intervirem para ajudar quem sofre bullying (TWEMLOW et al., 2008). 
Nesse contexto, as aulas envolvendo lutas podem ser utilizadas como 
oportunidades para que ocorram reflexões e discussões sobre temas 
como violência, bullying, respeito ao próximo, empatia e diferenças en-
tre lutar e brigar.
Agora que alguns paradigmas envolvendo as lutas foram quebra-
dos, vamos analisar alguns procedimentos e cuidados didáticos e pe-
dagógicos que nos auxiliarão na abordagem das lutas na escola. Uma 
aula envolvendo as lutas deve seguir a mesma dinâmica das demais 
aulas de Educação Física; o que muda basicamente são os conteúdos. 
Lembre-se de que uma aula, habitualmente, é dividida em três partes.
Na parte inicial, são apresentados os objetivos da aula, podendo 
ser retomados conteúdos de aulas anteriores. Também pode ser feita 
a condução de uma ou mais atividades preparatórias, para aquecer o 
corpo e deixar os alunos mais alertas. Na sequência, a parte principal 
da aula tem como meta explorar os objetivos estabelecidos para aque-
la aula. Os tipos e os números de dinâmicas vão variar de acordo com 
os objetivos estabelecidos, a quantidade de alunos e a estrutura para 
condução da aula. Por fim, a última parte é destinada à recapitulação 
e/ou discussão acerca dos conteúdos trabalhados naquela aula e à 
apresentação dos objetivos da próxima aula; além disso, há a possi-
bilidadede execução de atividade(s) para os alunos voltarem à calma.
A dinâmica de aula apresentada é um padrão, o qual pode também 
sofrer alterações, que, no entanto, não são necessidades específicas 
50 Metodologia do ensino de lutas 
das lutas. O primordial é que a aula seja planejada, pois só assim é au-
mentada a chance de os conteúdos serem explorados de modo satisfa-
tório, tanto para o professor quanto para os alunos. Esse planejamento 
começa no início do ano letivo, sendo necessário que o professor de-
fina quais serão os componentes curriculares a serem explorados em 
cada turma. Para isso, é fundamental que a BNCC seja consultada.
Após a conclusão do planejamento anual, o professor deve de-
finir os objetivos de cada aula. Feito isso, é o momento de pensar 
nas atividades, definindo quais possuem relação com os objetivos 
de cada encontro, bem como se as atividades propostas não irão 
gerar exclusões. Na prática, as turmas não são homogêneas, e os 
casos especiais devem ser considerados no planejamento de aula 
de cada turma. Considere sempre a faixa etária e o desenvolvimen-
to motor que seus alunos apresentam.
Na escolha das atividades, você pode recorrer a pesquisas em 
livros, artigos, blogs e vídeos na internet. No entanto, lembre-se de 
que a finalidade da aula na escola é atingir os objetivos que ela pro-
põe, e não apenas ofertar atividades divertidas. A diversão é um ele-
mento importante nas aulas, mas não deve ser o único. Lembre-se 
também de que na atual BNCC o objetivo não é que os alunos ape-
nas vivenciem as atividades, mas que também ocorra reflexão e crí-
tica sobre os temas abordados.
Para uma aula agradável e harmônica, é necessário atentar ao tem-
po da aula. Isso tende a variar entre faixas etárias e entre escolas. Cal-
cule o tempo de cada atividade, de modo que exista tempo hábil para 
explorar todos conteúdos planejados, a fim de que as suas possibilida-
des de atividades não se esgotem antes do término do encontro. Para 
tanto, insira em seu plano de aula algumas atividades adicionais (“ati-
vidades reservas”), as quais poderão ser abordadas caso haja necessi-
dade, seja por sobra de tempo na aula, seja por alguma das atividades 
planejadas não obter sucesso. É normal que o professor planeje uma 
atividade e, por diferentes motivos, ela não saia como o pretendido.
Tome cuidado também para que as atividades não sejam muito lon-
gas, pois isso tende a diminuir a aderência à aula. Quando a atividade 
envolver esforço físico, em geral, considere cinco minutos por proposta 
em seu planejamento, deixando aberta a possibilidade de encurtar ou 
estender o tempo de realização, dependendo de como a prática for 
O livro Iniciação aos espor-
tes de combate: Brazilian 
jiu-jitsu, judô e wrestling 
trata, de um modo leve e 
simples, dos fundamen-
tos pedagógicos necessá-
rios para a elaboração de 
aulas, tanto para crianças 
quanto para adultos, nas 
modalidades esportivas 
de combate de domínio. 
Os autores também 
apresentam mais de 150 
atividades de lutas que 
podem ser utilizadas em 
aulas. 
ANDREATO, L. V.; MARCONDES, V. 
A. Manaus: OMP Editora, 2021. 
No prelo.
Livro
Ensino das lutas na escola 51
executada. Com base nos elementos anteriores, lembre-se do proces-
so de aprendizagem e estabeleça um desenvolvimento que parta do 
mais simples em direção ao mais complexo. Iniciar o ensino com dinâ-
micas muito difíceis pode ser assustador para os alunos.
Por fim, entenda que o processo de aprendizado é contínuo e 
não ocorre apenas com os alunos. Você, como docente, irá apren-
der a cada aula. Com o acúmulo de experiências, você terá cada 
vez mais facilidade para planejar e conduzir os encontros. Não de-
sanime se algumas aulas não saírem como o planejado. Isso ocorre 
com todos. O importante é você se dedicar e perseverar; os resul-
tados serão percebidos em suas aulas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este capítulo teve como objetivo tratar de temas relacionados às polí-
ticas públicas educacionais brasileiras, bem como compreender como as 
lutas podem ser abordadas em nosso sistema educacional escolar. A edu-
cação é um direito de todos, sendo dever da família e do Estado garanti-
rem que toda criança tenha acesso à educação. Esse direito é garantido 
pela nossa Constituição Federal de 1988. Na escola, o sistema de ensino 
deve englobar diferentes áreas do conhecimento, que por sua vez devem 
explorar diferentes conteúdos no decorrer da educação básica.
Dentro da escola, as lutas podem ser abordadas em todas as etapas da 
educação básica. No entanto, na educação infantil e no ensino médio as lu-
tas são meios para alcançar objetivos de aprendizagem estabelecidos pela 
BNCC. No ensino fundamental, a luta é mais explorada, tanto dentro da 
parte de esportes de combate como em uma unidade específica de lutas, 
na qual devem ser trabalhadas as lutas de contexto regional e de matrizes 
indígena ou africana, bem como as lutas no Brasil e no mundo, a variar em 
cada fase do ensino. Embora o ensino das lutas possua algumas especifici-
dades, de modo geral, ele segue os mesmos princípios didáticos e pedagó-
gicos presentes em outros esportes e manifestações da cultura corporal.
Diante das características e de todo contexto histórico e filosófico, 
as lutas podem ser consideradas excelentes ferramentas para alcançar 
as competências gerais da educação básica, além de oportunizarem que 
as aulas na escola sejam palco de discussões relacionadas a violência, 
bullying, respeito ao próximo e empatia, auxiliando na construção de uma 
sociedade mais justa, democrática e inclusiva.
52 Metodologia do ensino de lutas 
ATIVIDADES
1. Indique quais são os componentes curriculares dentro da unidade 
temática lutas aplicados ao ensino fundamental.
2. Cite os princípios condicionantes das lutas, ou seja, os elementos 
comuns entre as diferentes modalidades de combate.
3. De que forma as lutas podem ser utilizadas como instrumentos para 
inibir comportamento violento entre os praticantes?
REFERÊNCIAS
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conceitual, procedimental e atitudinal. Revista da Educação Física/UEM, v. 20, n. 2, 
p. 281-289, 2009.
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Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_
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FRANCHINI, E.; DEL VECCHIO, F. B. Ensino de lutas: reflexões e propostas de programas. São 
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GOMES, M. S. P. et al. Ensino das lutas: dos princípios condicionais aos grupos situacionais. 
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OLIVIER, J. C. Das brigas aos jogos com regras: enfrentando a indisciplina na escola. Porto 
Alegre: ArtMed, 2000.
RUFINO, L. G. B.; DARIDO, S. C. O ensino das lutas na escola: possibilidades para a Educação 
Física. Porto Alegre: Penso, 2015.
TWEMLOW, S. W. et al. Effects of participation in a martial arts–based antibullying program 
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http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro07.pdf
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro07.pdf
Lutas no Oriente 53
3
Lutas no Oriente
Neste capítulo, veremos como se deu o desenvolvimento e 
a evolução de algumas modalidades de luta de origem oriental. 
Para tanto, na primeira seção, serão apresentados aspectos re-
lacionados à ligação entre lutas e espiritualidade. Será necessá-
rio você conhecer um pouco dos princípios religiosos que faziam 
parte da cultural oriental 1 , pois esses princípios impactaram 
todas as formas de arte no Oriente, incluindo as lutas e artes 
marciais. Na seção seguinte, serão apresentadas duas vertentes 
históricas das possíveis origens do wushu, bem como as possibi-
lidades de prática de wushu na sociedade atual.
Na terceira seção, nosso direcionamento será para o 
karatê-do, o caminho das mãos vazias, que f oi e ainda é uma 
das modalidades mais praticadas em todo o mundo, possuindo 
uma essência muito forte para o desenvolvimento dos princí-
pios morais e éticos do ser humano. Na última seção, o foco será 
o judô, a arte do caminho suave, abordando desde o contexto 
histórico de desenvolvimento da modalidade até o judô compe-
titivo dos dias atuais.
Durante este capítulo, serão propostas algumas sugestões 
para abordagens de ensino das lutas na escola. Essas propostas 
têm como objetivo apresentar um ponto de partida e inspirar 
em você algumas possibilidades, mas tenha claro que não são 
diretrizes, apenas sugestões. Você, como docente, poderá usar 
sua criatividade para ampliar as possibilidades de ensino de 
acordo com sua realidade.
Utilizamos neste capítulo os termos Oriente e oriental para nos referir a países asiáticos. Nossa intenção não é 
desrespeitar a comunidade asiática; utilizamos esses termos apenas para demarcar uma divisão geográfica.
1
54 Metodologia do ensino de lutas 
3.1 Lutas, espiritualidade e bushido
Vídeo A história testemunha que a luta sempre esteve presente na vida 
humana por diferentes razões, entre elas sobrevivência, oferenda aos 
deuses, rituais religiosos, rituais para demarcar a transição para a vida 
adulta, preparação para combates e guerras, como forma de espetá-
culo e até mesmo como prática de lazer. Embora cada região tenha 
suas peculiaridades, essas motivações para a prática não se diferen-
ciam muito entre as diversas regiões do nosso planeta. No entanto, 
um aspecto foi mais marcante no Oriente: a relação entre as lutas e a 
espiritualidade. A prática de algumas modalidades era realizada, e ain-
da é, por alguns grupos com o intuito da elevação espiritual.
Para compreendermos essa relação, será necessário conhecermos 
os princípios gerais do budismo, pois ele teve impacto direto na criação 
dos valores morais e éticos presentes nas lutas, bem como em outras 
artes. A história do budismo 2 se inicia com Siddartha Gautama 3 , há 
aproximadamente 600 anos a.C., na Índia 4 . Ele foi um príncipe que 
provou de todos os luxos de sua posição social, em um período em 
que havia uma divisão muito grande da sociedade indiana em castas. 
Seu pai, Shuddhodana, não poupou esforços para evitar que Siddartha 
provasse das tristezas e dos sofrimentos da vida. Esses esforços do rei 
tinham como objetivo levar o filho a ser seu sucessor, e não a virar um 
líder espiritual, tal como um sábio da época proferiu quando o príncipe 
era recém-nascido (DAISSEN JI, 2019a).
No entanto, próximo aos 30 anos, Siddartha vivia uma fase de gran-
de angústia existencial. Não conseguia aceitar que toda vida humana 
tivesse fim em velhice, doença ou morte. Diante disso, após o nasci-
mento de seu filho, ele decidiu fugir do seu reino e se juntar a um gru-
po de ascetas 5 , na busca de uma solução para o sofrimento da vida. 
O príncipe então abdicou de todo luxo de seu reino, raspou seu cabelo 
como sinal de que não pertencia mais à casta da nobreza e passou a 
meditar com outros ascetas. Naquele grupo, existia o conceito de que, 
para que houvesse alguma realização espiritual, o corpo deveria ser 
abandonado. Siddartha fez a renúncia de comer o mínimo possível, vi-
venciando longos jejuns e comendo apenas alimentos que caíssem das 
árvores (DAISSEN JI, 2019a).
A história do budismo, assim 
como de outras manifestações 
religiosas, é ampla e envolve 
discussões complexas. Como o 
objetivo deste capítulo é com-
preender a ligação entre lutas e 
espiritualidade, limitaremo-nos 
apenas a apresentar de modo 
superficial os principais fatos 
relacionados à história budista. 
2
Siddartha Gautama significa 
“aquele da família Gautama 
que realiza suas metas” e é uma 
simplificação de Sarvarthasiddha 
Gautama. Em alguns textos, tam-
bém é utilizada a denominação 
Shakyamuni, que significa “o sábio 
dos Shakyas”, referindo-se ao clã 
de origem de sua mãe, o qual era 
um clã de guerreiros. 
3
Não há consenso sobre o local de 
nascimento na Índia e os anos 
em que ocorreram os principais 
fatos da vida de Siddartha 
Gautama.
4
Ascetas eram pessoas que aban-
donavam os prazeres mundanos 
e realizavam práticas duras 
em busca de uma realização 
espiritual.
5
Lutas no Oriente 55
Essas duras práticas quase o levaram à morte, fato que o fez com-
preender que o caminho correto está no equilíbrio das coisas. Anos 
após praticar a meditação, Siddartha então conseguiu se tornar um 
Buda 6 , termo que significa “o desperto”. Esse despertar é o objetivo 
final das práticas budistas, que seria o despertar das ilusões que levam 
ao sofrimento, rompendo um ciclo de vidas repetidas. A meditação seria 
um dos caminhos para isso, pois permite romper as ilusões de passado 
e futuro, mantendo o indivíduo no aqui e agora (DAISSEN JI, 2019a).
A mente humana é muito barulhenta. Se você parar por alguns mi-
nutos e tentar meditar, mantendo a atenção no momento presente, 
irá perceber que temos uma “mente de macaco”, a qual pula de pen-
samento em pensamento, do passado ao futuro, e que briga para não 
permanecer no agora e nos mostrar a nossa real identidade. Após mui-
ta prática, essa mente começa a se acalmar e nossa verdadeira identi-
dade é revelada.
É por conta desse entendimento que milhares de pessoas seguiam 
os ensinamentos proferidos por Buda. Após atingir o despertar 7 , Buda 
passou anos ensinando e formando alunos e discípulos. A raiz dos ensina-
mentos budistas tem como base o princípio da não violência. Toda ação 
humana deveria pesar sobre o quanto de sofrimento é causado, e as esco-
lhas deveriam ser pelas opções que causassem o menor sofrimento. Além 
disso, Buda ensinou as quatro nobres verdades (DAISSEN JI, 2019a):
Primeira nobre verdade – A impermanência da vida (Dukkha) 
A vida é cíclica, constituída por oscilações. Por exemplo, existem momentos de 
saúde e momentos de doença, fases de riqueza e fases de pobreza, períodos 
de alegria e períodos de morte, amores que começam e amores que terminam, 
existe o nascimento e existe a morte. Por não aceitar essa transitoriedade, o ser 
humano sofre.
Segunda nobre verdade – A origem do sofrimento (Samudaya)
O sofrimento é real e a causa dele é o apego, que seria um agarramento a pessoas, 
situações ou objetos. Esse apego é diferente de amor, aproximando-se mais de 
uma espécie de teimosia e egoísmo; é um desejo de que tudo seja nosso, de que 
tudo seja estável, diferentemente do que é explicado na primeira nobre verdade.
(Continua)
Após o despertar, não é mais 
utilizado o nome Siddartha 
Gautama.
6
No processo de imigração, os 
termos foram mudando e, como 
consequência, alguns sentidos 
originais foram alterados. O 
termo meditação é um deles, 
uma vez que não reflete com 
exatidão sua ideia original, pois 
quem medita, medita sobre 
algo. O mais apropriado seria 
utilizar o conceito de shikantaza: 
“sentar-se absolutamente 
quieto, alémdos pensamentos, é 
não seguir nenhum pensamento, 
não fazer associações de ideias 
e simplesmente ficar em estado 
de serenidade, ouvindo as coisas 
que acontecem sem observá-las, 
sem esperar o próximo som, sem 
acompanhar nada, sem tentar 
saber qual o nome do pássaro 
que cantou lá fora. Sentar-se 
em zazen é só sentar, é só estar” 
(GENSHÔ, 2019, grifo nosso).
Saiba mais
Também são utilizados os 
termos iluminação, nirvana ou 
satori para se referir ao despertar.
7
56 Metodologia do ensino de lutas 
Terceira nobre verdade – A cessação do sofrimento (Nirodha) 
Se o sofrimento existe e tem uma causa, então, é possível cessar seus efeitos se 
a causa por retirada. Para isso, é preciso compreender e aceitar a transitoriedade 
da vida. No entanto, isso não é uma tarefa fácil.
Quarta nobre verdade – O caminho para a cessação do 
sofrimento (Magga) 
Apresenta um caminho para o fim do sofrimento. Por ser composto de oito 
passos, indicados por Buda, é conhecido como o caminho óctuplo. Essa forma de 
conduta e prática envolve compreensão, pensamento, fala, ação, meio de vida, 
esforço, consciência e meditação.
Na ótica budista, não há mandamentos ou pecados, o que existem 
são princípios e o fato de que toda ação gera uma reação. Para con-
templar o caminho óctuplo, é necessária a prática de manter a atenção 
no momento presente, não apenas no momento da meditação senta-
da (zazen), e sim durante todas as atividades do dia. Ao lavar a louça, 
o foco é a louça; ao varrer, o foco é o varrer. Isso não é nada fácil. Essas 
práticas poderiam levar à compreensão da nossa verdadeira identida-
de, gerando o fim do sofrimento.
O entendimento dos princípios e ensinamentos budistas não é nada 
fácil, e a breve explicação não permite uma verdadeira compreensão 
disso. No entanto, precisamos conhecer um pouco dos ensinamentos 
de Buda, pois durante muitos anos o budismo esteve presente no 
Oriente, impactando diferentes países. Esse impacto pode ser observa-
do não apenas nas lutas, mas também em todas as artes, como música 
e pintura. Você irá perceber essa influência budista ao conhecer o con-
texto histórico de algumas lutas de origem oriental.
Uma dessas influências dos princípios religiosos foi so-
bre os samurais, termo que em japonês significa 
“aqueles que servem”. No Japão, no período 
feudal, os samurais eram os responsáveis 
pela defesa de seus senhores e da pátria. 
Eles eram exímios guerreiros, com altas 
habilidades no manejo de armas manuais, 
como espada, arco e flechas e bastões. Para 
se tornar um samurai, havia um sistema mui-
to rígido de treinamento.Monge em prática de meditação.
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Em dado momento, os samurais se sentiram atraídos pelo 
zen-budismo, que se encontrava muito presente em toda sociedade ja-
ponesa. Esse interesse não foi especificamente pelos ensinamentos que 
levavam a uma cultura de não violência, pois os samurais colocavam sua 
honra em primeiro lugar e não pensavam duas vezes para tirar a vida de 
quem os ofendesse; eles até mesmo cometiam suicídio 8 para ter uma 
morte que reestabelecesse sua honra. O interesse dos samurais pelo 
zen-budismo se deu por conta da forma como os monges encaravam 
a morte, sem um medo evidente, quase que com indiferença. Diante 
disso, muitos samurais procuraram mestres para entender um pouco 
melhor o que os levava a encarar a morte com naturalidade.
Devido a esse contato, a conduta dos samurais acabou sendo in-
fluenciada pelos valores religiosos. Nesse contexto, é criado o código 
do caminho do guerreiro, o bushido, que contém sete princípios, apre-
sentados na figura a seguir.
Figura 1
Princípios do bushido
Cortesia 
(Rei)
• Os samurais não têm moti-
vos para serem cruéis. Não 
necessitam demonstrar sua 
força. Um samurai é cortês 
inclusive com os seus inimi-
gos. Sem essa mostra direta 
de respeito, não somos me-
lhores que os animais.
• Um samurai é respeitado não 
somente pela sua força na 
batalha, mas também pela 
forma como trata os outros. 
A autêntica força interior do 
samurai se torna evidente em 
tempos de apuros.
4 Honra 
(Meyo)
• O autêntico samurai só tem 
um juiz da sua própria honra, 
e é ele mesmo. As decisões 
que toma e como as realiza 
são um reflexo do que é na 
realidade.
• Não pode se ocultar de si 
mesmo.
5
Justiça 
(Gi)
• Honre os seus acordos com 
todos.
• Acredite na justiça, mas não 
na que emana dos demais, 
e sim na tua própria.
• Para um autêntico samurai, 
não existem as tonalidades 
cinzas no que se refere à 
honra e justiça; só existe o 
certo e o errado.
1 Coragem 
(Yu)
• Eleva-te sobre as pessoas 
que temem agir. Ocultar-se 
como uma tartaruga na sua 
carapuça não é viver.
• Um samurai deve ter valor 
heroico, e isso é absoluta-
mente arriscado e perigoso, 
pois só assim estará a viver a 
vida de maneira plena, com-
pleta, maravilhosa. A coragem 
heroica não é cega, é inteli-
gente e forte.
• Substitua o medo pelo res-
peito e pela precaução.
2 Compaixão/ 
benevolência 
(Jin)
• Mediante o treino intenso, 
o samurai se converte em um 
indivíduo rápido e forte. Não 
é como o resto dos homens. 
Ele desenvolve um poder que 
deve ser usado para o bem 
de todos.
• Tenha compaixão, ajude 
os teus companheiros em 
qualquer oportunidade. Se 
a oportunidade não surge, 
saia do teu caminho para 
encontrá-la.
3
Sinceridade 
absoluta 
(Makoto)
• Quando um samurai diz 
que fará algo, é como se já o 
tivesse feito. Nada nesta terra 
o deterá na realização do que 
disse que fará.
• Não existe “dar sua palavra”. 
Não existe “prometer”. 
O simples fato de falar coloca 
em movimento o ato de fazer.
• Falar e fazer são a mesma 
ação.
6 Dever e 
lealdade 
(Chugo)
• Para o samurai, ter feito ou 
dito “algo” significa que esse 
“algo” lhe pertence. Ele é 
responsável por isso e por 
todas as consequências que 
se seguem.
• Um samurai é intensamente 
leal àqueles que estão sob o 
seu cuidado. Por aqueles que 
é responsável, permanece fiel.
• As palavras de um homem 
são como as suas impres-
sões; podem segui-lo onde 
quer que ele vá.
• Cuidado com o caminho que 
segues.
7
Fonte: Adaptada de Associação Juvenil de Karaté Portugal, 2010.
O filme O pequeno Buda 
envolve um drama no 
qual monges budistas 
investigam se um menino 
norte-americano é a nova 
manifestação em vida de 
seu falecido mestre. No 
meio dessa história, são 
apresentados momentos 
da vida de Siddartha 
Gautama, que veio a se 
tornar o Buda.
Direção: Bernardo Bertolucci. EUA: 
Miramax Films, 1993.
Filme
Ritual conhecido como harakiri 
ou seppuku, no qual o samurai 
deveria demonstrar autocontrole 
ao fincar uma espada contra o 
próprio abdômen. Durante o 
ritual, o samurai podia contar 
com o auxílio de outro samurai, 
o qual deveria decapitá-lo ao 
sinal de qualquer fraqueza. 
Essa função de auxiliar no 
ritual de harakiri era de grande 
honra, normalmente confiada a 
algum familiar ou amigo muito 
próximo.
8
Lutas no Oriente 57
Em dado momento, os samurais se sentiram atraídos pelo 
zen-budismo, que se encontrava muito presente em toda sociedade ja-
ponesa. Esse interesse não foi especificamente pelos ensinamentos que 
levavam a uma cultura de não violência, pois os samurais colocavam sua 
honra em primeiro lugar e não pensavam duas vezes para tirar a vida de 
quem os ofendesse; eles até mesmo cometiam suicídio 8 para ter uma 
morte que reestabelecesse sua honra. O interesse dos samurais pelo 
zen-budismo se deu por conta da forma como os monges encaravam 
a morte, sem um medo evidente, quase que com indiferença. Diante 
disso, muitos samurais procuraram mestres para entender um pouco 
melhor o que os levava a encarar a morte com naturalidade.
Devido a esse contato, a conduta dos samurais acabou sendo in-
fluenciada pelos valores religiosos. Nesse contexto, é criado o código 
do caminho do guerreiro, o bushido, que contém sete princípios, apre-
sentados na figura a seguir.
Figura 1
Princípios do bushido
Cortesia 
(Rei)
• Os samurais não têm moti-
vos para seremcruéis. Não 
necessitam demonstrar sua 
força. Um samurai é cortês 
inclusive com os seus inimi-
gos. Sem essa mostra direta 
de respeito, não somos me-
lhores que os animais.
• Um samurai é respeitado não 
somente pela sua força na 
batalha, mas também pela 
forma como trata os outros. 
A autêntica força interior do 
samurai se torna evidente em 
tempos de apuros.
4 Honra 
(Meyo)
• O autêntico samurai só tem 
um juiz da sua própria honra, 
e é ele mesmo. As decisões 
que toma e como as realiza 
são um reflexo do que é na 
realidade.
• Não pode se ocultar de si 
mesmo.
5
Justiça 
(Gi)
• Honre os seus acordos com 
todos.
• Acredite na justiça, mas não 
na que emana dos demais, 
e sim na tua própria.
• Para um autêntico samurai, 
não existem as tonalidades 
cinzas no que se refere à 
honra e justiça; só existe o 
certo e o errado.
1 Coragem 
(Yu)
• Eleva-te sobre as pessoas 
que temem agir. Ocultar-se 
como uma tartaruga na sua 
carapuça não é viver.
• Um samurai deve ter valor 
heroico, e isso é absoluta-
mente arriscado e perigoso, 
pois só assim estará a viver a 
vida de maneira plena, com-
pleta, maravilhosa. A coragem 
heroica não é cega, é inteli-
gente e forte.
• Substitua o medo pelo res-
peito e pela precaução.
2 Compaixão/ 
benevolência 
(Jin)
• Mediante o treino intenso, 
o samurai se converte em um 
indivíduo rápido e forte. Não 
é como o resto dos homens. 
Ele desenvolve um poder que 
deve ser usado para o bem 
de todos.
• Tenha compaixão, ajude 
os teus companheiros em 
qualquer oportunidade. Se 
a oportunidade não surge, 
saia do teu caminho para 
encontrá-la.
3
Sinceridade 
absoluta 
(Makoto)
• Quando um samurai diz 
que fará algo, é como se já o 
tivesse feito. Nada nesta terra 
o deterá na realização do que 
disse que fará.
• Não existe “dar sua palavra”. 
Não existe “prometer”. 
O simples fato de falar coloca 
em movimento o ato de fazer.
• Falar e fazer são a mesma 
ação.
6 Dever e 
lealdade 
(Chugo)
• Para o samurai, ter feito ou 
dito “algo” significa que esse 
“algo” lhe pertence. Ele é 
responsável por isso e por 
todas as consequências que 
se seguem.
• Um samurai é intensamente 
leal àqueles que estão sob o 
seu cuidado. Por aqueles que 
é responsável, permanece fiel.
• As palavras de um homem 
são como as suas impres-
sões; podem segui-lo onde 
quer que ele vá.
• Cuidado com o caminho que 
segues.
7
Fonte: Adaptada de Associação Juvenil de Karaté Portugal, 2010.
O filme O pequeno Buda 
envolve um drama no 
qual monges budistas 
investigam se um menino 
norte-americano é a nova 
manifestação em vida de 
seu falecido mestre. No 
meio dessa história, são 
apresentados momentos 
da vida de Siddartha 
Gautama, que veio a se 
tornar o Buda.
Direção: Bernardo Bertolucci. EUA: 
Miramax Films, 1993.
Filme
Ritual conhecido como harakiri 
ou seppuku, no qual o samurai 
deveria demonstrar autocontrole 
ao fincar uma espada contra o 
próprio abdômen. Durante o 
ritual, o samurai podia contar 
com o auxílio de outro samurai, 
o qual deveria decapitá-lo ao 
sinal de qualquer fraqueza. 
Essa função de auxiliar no 
ritual de harakiri era de grande 
honra, normalmente confiada a 
algum familiar ou amigo muito 
próximo.
8
58 Metodologia do ensino de lutas 
Diante do exposto, podemos compreender melhor um pouco dos 
valores presentes no budismo, valores esses que influenciaram as dife-
rentes formas de arte no Oriente, incluindo as lutas.
3.2 Wushu
Vídeo Na Índia, o budismo enviou monges para diferentes países, com o in-
tuito de disseminar seus ensinamentos, bem como, em alguns momentos, 
para fugir de conflitos com outras religiões. Assim, o budismo foi propaga-
do pelo continente asiático. Na China, houve um movimento para que o 
budismo lá existente retornasse às suas caraterísticas do tempo de Buda. 
Surge então o Ch’an, que no Japão passa a ser conhecido como 
zen-budismo, uma linhagem na qual o principal foco é a meditação.
Um personagem especial toma a cena na China, Bodhidharma (sé-
culo VI), também conhecido como Bodaidaruma ou Daruma, um prínci-
pe indiano que abandonou sua posição social para viver como monge. 
Na tradição budista, Bodhidharma é considerado o responsável pelo de-
senvolvimento do Ch’an, com chegada no ano 526 (DAISSEN JI, 2019b; 
DAISSEN JI, 2009). No entanto, não existem muitas certezas sobre a 
vida desse mestre, e alguns relatos envolvem muito misticismo e 
fantasias, assim como a história de muitas lutas e artes 
marciais 9 . De toda forma, iremos abordar duas ver-
tentes discutidas, pois são relevantes para podermos 
entender as origens do wushu.
Primeiramente, é necessário fazermos uma ponderação sobre o 
uso dos termos kung fu e wushu. Muitas pessoas e textos adotam o 
termo kung fu para se referir a um conjunto de técnicas de lutas muito 
presente na China. No entanto, o uso desse termo não é o mais apro-
priado, pois, para os chineses, kung fu podia e pode ser utilizado para 
expressar o desenvolvimento em diversas artes ou 
práticas. Por exemplo, pode-se dizer que um pintor 
talentoso possui um bom kung fu, bem como é pos-
sível afirmar que um habilidoso cozinheiro tem 
um bom kung fu. Mocarzel (2011, p. 32) re-
porta que se pode entender como kung fu 
“qualquer grande conhecimento e/ou prá-
tica alcançados após muito esforço, traba-
Estátua de Bodhidharma.
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Esse é um ponto a ser ponderado 
no estudo da história das lutas, 
pois na maioria das vezes faltam 
documentos confiáveis e sobram 
misticismos e fantasias.
9
O boneco da imagem é conhecido como Daruma e é uma 
representação de Bodhidharma. Existe uma tradição de 
que esse boneco vem sem a pintura dos olhos e, ao 
recebê-lo, deve-se pintar um dos olhos e realizar 
um pedido. O segundo olho só será pintado se o 
pedido for atendido, como agradecimento. Essa 
tradição é mais difundida entre não budistas, uma 
vez que a prática de pedidos não integra os ensina-
mentos da maior parte das escolas de budismo. N
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Curiosidade
Lutas no Oriente 59
lho e treino árduo e que se aperfeiçoam com o tempo de prática, 
incluindo-se aqui a caligrafia, pintura, escultura, e claro, arte marcial”. 
Diante disso, para se referir ao sistema de luta, o mais indicado seria 
o emprego do termo wushu, que tem como significado arte marcial 
(MOCARZEL; MURAD; CAPINUSSÚ, 2013).
Em relação às origens do wushu, uma corrente de praticantes e es-
tudiosos defendem que não existe uma data certa sobre o surgimento 
dessa modalidade, sendo considerada uma prática milenar. Dessa for-
ma, Bodhidharma teria sido apenas mais um praticante da modalida-
de. No entanto, uma segunda corrente defende que ele chegou à China 
em uma de suas peregrinações e lá evidenciou que os monges eram 
muito letárgicos e tinham um baixo condicionamento físico, não pos-
suindo aptidão para se manterem dispostos e em condições de execu-
tar as práticas de meditação, que em alguns dias podem somar longas 
horas na mesma posição.
Diante disso, Bodhidharma, que já possuía experiência em técnicas 
marciais, desenvolveu um sistema de lutas baseado nos movimentos 
de animais. Surgiu então o wushu, com estilos inspirados em animais 
como tigre, louva-a-deus, macaco, serpente, garça, entre outros.
Exemplo da prática de wushu inspirada nos 
movimentos dos animais.
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Nos vídeos a seguir, você 
poderá ver demonstra-
ções de alguns estilos de 
wushu inspirados nos 
movimentos de animais.
Tigre
Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=WswUZhs_
d0s. Acesso em: 7 ago. 2020.
Louva-a-deus
Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=KaxKo_
xDCro. Acesso em: 7 ago. 2020.
Serpente
Disponível em: https://
www.youtube.com/
watch?v=iMLgWmrrsm8. Acesso 
em: 7 ago. 2020.
Garça
Disponível em: https://
www.youtube.com/
watch?v=v6UvuKx6Hhw. Acesso 
em: 7 ago. 2020.
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=WswUZhs_d0s
https://www.youtube.com/watch?v=WswUZhs_d0shttps://www.youtube.com/watch?v=WswUZhs_d0s
https://www.youtube.com/watch?v=KaxKo_xDCro
https://www.youtube.com/watch?v=KaxKo_xDCro
https://www.youtube.com/watch?v=KaxKo_xDCro
https://www.youtube.com/watch?v=iMLgWmrrsm8
https://www.youtube.com/watch?v=iMLgWmrrsm8
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https://www.youtube.com/watch?v=v6UvuKx6Hhw
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60 Metodologia do ensino de lutas 
De toda forma, se foi de fato Bodhidharma quem criou o 
wushu ou se ele foi apenas mais um difusor da modalidade, 
parece haver um consenso de que os monges budistas a 
utilizaram inspirados nos movimentos dos animais, tanto 
para adquirir uma melhor forma física para sustentar as 
práticas meditativas quanto para utilizar a própria prática 
do wushu como uma forma de meditação. Todavia, é im-
portante destacar que havia centenas ou milhares estilos 
de wushu no Império Chinês, com diferentes caracterís-
ticas e princípios.
No decorrer dos anos, devido ao processo de glo-
balização e ao sistema econômico voltado ao capital, 
as lutas e tradições também foram mercantilizadas, 
ao menos em partes. As práticas de wushu que tinham 
uma característica marcante de desenvolvimento espiritual 
e/ou defesa marcial ganharam, nos tempos contemporâneos, uma 
roupagem de esporte de combate.
A Confederação Brasileira de Kungfu Wushu (CBKW) apresenta, em seu 
site, seis modalidades de wushu: wushu tradicional, taolu esportivo, 
sanda, shuaijiao, wushu interno (tai chi chuan) e qigong-saúde, com 
possibilidades de variações dentro de cada estilo (CONFEDERAÇÃO BRASI-
LEIRA DE KUNGFU WUSHU, 2020).
Como possibilidades de ensino do wushu na escola, você, como 
professor, deverá pensar em diferentes dinâmicas que contem-
plem os objetivos estabelecidos no início do ano letivo. Pensando 
na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), você pode apresentar 
alguns movimentos presentes no wushu para que seus alunos ex-
perimentem essas possibilidades corporais. Caso sua turma tenha 
algum praticante, você pode contar com o auxílio dele. No entanto, 
lembre-se de que a perfeição dos movimentos não deverá ser ob-
jetivo central de suas aulas. Você pode também tentar incluir esses 
movimentos em brincadeiras (ex.: pega-pega em que o pegador só 
pode se mover imitando um animal), bem como instigar os alunos a 
criarem seus próprios golpes com base em movimentos de animais. 
Por fim, o wushu pode servir como ponto de partida para discutir as 
transformações históricas, o processo de esportivização e a midiati-
zação das lutas.
Monge praticando wushu.
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O filme O grande mestre 
conta a história de um 
exímio praticante de 
wushu, o mestre Yip 
Man, que teve entre seus 
discípulos o astro de 
cinema Bruce Lee. Por 
meio desse drama cine-
matográfico, é possível 
conhecer um pouco mais 
sobre o wushu.
Direção: Wilson Yip. China: 
Mandarim Films, 2008.
Filme
Lutas no Oriente 61
3.3 Karatê
Vídeo Os primeiros registros sobre o karatê carecem de fontes documen-
tais, sendo sua transmissão realizada de maneira oral por meio das ge-
rações. Em partes, isso se deve à cultura dos seus praticantes de manter 
em segredo os aspectos relacionados ao karatê, como forma de conser-
var o conhecimento restrito ao seu clã. Diante dessa ressalva, iremos 
abordar a vertente histórica mais difundida sobre as origens de karatê, 
a qual relata que a modalidade teve suas primeiras influências advindas 
de outras modalidades, como o wushu, o tegumi, 
jujutsu e o muay boran 10 , visto que, em meio às tran-
sações comerciais existentes entre países, havia um 
intercâmbio cultural com os camponeses de Okinawa 
(ANTONY, 2015). Alguns relatos indicam grande in-
fluência do wushu, especialmente pelo fato de a ilha 
de Okinawa, até então, ser domínio da China. Por conta disso, dentro do 
karatê existem citações respeitosas ao patriarca budista Bodhidharma, 
mais conhecido como Daruma no Japão.
Em Okinawa, são realizadas adaptações desses sistemas de luta, ao 
ponto de ser criada uma nova modalidade, sem uso de armas. Inicial-
mente, esse sistema de luta era conhecido como Okinawa-te, ou ape-
nas te (ao qual é atribuído o significado de “mãos”). Com o decorrer 
dos anos, passou a se chamar karatê, significando “mãos vazias” (kara: 
vazio; te: mãos). Posteriormente, devido à percepção de que não se 
tratava apenas de uma arte de luta, mas sim de uma forma de desen-
volvimento físico, mental e espiritual, atribuiu-se o do, que expressa o 
conceito de caminho. Assim, karatê-do (空手道) pode ser compreendi-
do como o “caminho das mãos vazias”. Ainda, há a possibilidade de 
um sentindo mais filosófico para o termo, com referência ao “caminho 
de esvaziamento dos desejos/apegos terrenos”.
O sistema de luta foi se aprimorando, e outro ponto histórico mar-
cante é quando Okinawa passou a ser domínio do Japão, ao final da Di-
nastia Ming (1368-1644). Nessa fase, o uso de armas foi proibido na ilha, 
a fim de evitar revoluções do povo nativo (JAPAN KARATE ASSOCIATION, 
2020). A própria prática do karatê foi inibida, com registros de treinos 
secretos ocorrendo pela noite. Esses fatos fizeram com que a prática 
fosse intensificada, e o karatê se caracterizou ainda mais como a forma 
Arte tailandesa de defesa 
pessoal civil e militar que evoluiu 
para se tornar o muay thai.
10
62 Metodologia do ensino de lutas 
de defesa dos camponeses. Como o karatê era praticado em diferentes 
regiões da ilha, surgiram diferentes estilos da modalidade.
Essa parte histórica integra o dito karatê antigo, uma prática fecha-
da e exclusiva de Okinawa. O karatê moderno, por sua vez, surgiu com 
a difusão do karatê para além de Okinawa. Nessa fase, Gichin Funa-
koshi (1868–1957) é considerado o pai do karatê moderno, pois iniciou 
os estudos da modalidade aos 11 anos e teve a vida toda voltada à 
disseminação de uma arte capaz de auxiliar o desenvolvimento integral 
do ser humano, repleto de princípios éticos e morais. Na época, havia 
uma resistência de muitos caratecas para que o karatê se mantivesse 
restrito aos moradores de Okanawa. No entanto, Funakoshi fez de-
monstrações da arte fora da ilha e passou a residir em Tóquio, como 
forma de facilitar a divulgação do caminho das mãos vazias, que veio a 
se tornar popular não apenas no Japão, mas em todo o mundo.
Entre os ensinamentos e princípios presentes no karatê, é relevante 
conhecer o código moral e ético (Dojo Kun), criado por Kanga Sakukawa 
(1733–1815) e seguido até os dias atuais por muitos praticantes.
Figura 2
Código moral e ético do karatê
Fonte: Adaptada de Federação Paulista de Karatê-Do Tradicional, 2020.
Dojo Kun
Esforçar-se para a formação 
do caráter
Esforço diário de aperfeiçoar 
o caráter e seu potencial. 
(Mestre Yasayuki Sasaki ! )
Fidelidade para com o 
verdadeiro caminho da razão
Makoto significa real imagem 
do bom ou mau. Ter 
capacidade de analisar o que 
é realmente bom e colocar 
em prática. (Mestre Yasayuki 
Sasaki)
Para auxiliar a compreensão do 
Dojo Kun, inserimos comentários 
do mestre Yasayuki Sasaki.
!
Criar o intuito de esforço
O esforço não é momentâneo 
e deve existir em todas as 
áreas. (Mestre Yasayuki Sasaki)
Respeitar acima de tudo
Cumprimentos são atos 
de respeito às pessoas 
que demonstram respeito. 
É também respeitar a 
própria capacidade de sua 
personalidade e elevar o 
potencial de ser humano. 
Existem diversos tipos de 
cumprimentos. Ex.: ao seu 
Senpai ou pessoa de grande 
valor para a humanidade. 
Deve-se respeitar a si 
mesmo e a seus limites. 
(Mestre Yasayuki Sasaki)
Conter o espírito de agressão
Kekki é atitude de violência 
com impulsos de descontrole 
emocional contra as pessoas. 
O espírito do karatê não 
serve para sentir algo contra 
as pessoas, e sim sentir 
motivação para aperfeiçoar e 
lapidar técnicas que poderão 
ser utilizadas no decorrer da 
vida. (Mestre Yasayuki Sasaki)
HITOTSU – JINKAKU KANSEI NI 
TSUTOMURU KOTO
HITOTSU– DORYOKU NO 
SEISHIN-O YASHINAU KOTO
HITOTSU – MAKOTO NO 
MICHI-O MAMORU KOTO
HITOTSU – REGUI-O 
OMONZURU KOTO
HITOTSU – KÉKI NO YU-O 
IMASHIMURU KOTO
Na sociedade atual, o karatê é muito presente na forma do seu 
modelo esportivo. Existem diversos estilos de karatê, como Goju-ryu, 
Shito-ryu, Gensei-ryu, Toshinkai, Seiwakai, Shorinji, Uechi-ryu, Shotokan, 
Funakoshi, considerado o pai 
do karatê moderno.
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Lutas no Oriente 63
Wado-ryu, Kenyu-ryu, Kyokunshin-kai e Kenshi-kai, contando também 
com diferentes federações que possuem regras próprias. A seguir, ire-
mos apresentar alguns exemplos e/ou pontos comuns do karatê em 
seu modelo competitivo, tendo como base o estilo Shotokan, muito 
presente no Brasil.
O karatê possui um sistema de graduação com dez classes (kyu) até 
a faixa-preta, sendo:
faixa-amarela (9º kyu);
faixa-laranja (8º kyu);
faixa-azul clara (6º kyu);
faixa-marrom (1º ao 3º kyu).
faixa-verde (7º kyu);
faixa-azul escura (4º kyu);
faixa-roxa (5º kyu);
faixa-branca (10º kyu);
Na faixa-preta, ainda existem outras dez classes (dan) (JAPAN 
KARATE ASSOCIATION, 2017).
A prática do karatê pode ser dividia em três partes, o kihon (técnicas 
básicas), o kata (formas) e o kumite (luta), porém todas as partes devem 
ser estudadas como um todo. Para competições, a maioria das federa-
ções apresentam disputas de kata e kumite. No entanto, algumas fede-
rações apresentam outros meios de competições, como o embu, uma 
espécie de luta coreografada, e o fuku-go, que intercala kata e kumite 
nas disputas.
“Kata são rotinas de ensino usadas para preservar 
e passar o know-how ! . O sufixo kata (neste 
caso em caráter diferente das artes marciais) 
significa ‘forma de fazer’. Ele se refere à forma ou 
padrão que pode ser praticada para desenvolver 
habilidades particulares e mentalidade” 
(ROTHER, 2012, grifos do original).
Know-how pode ser traduzido como saber fazer.
!
Kata
Prática de kata no karatê.
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64 Metodologia do ensino de lutas 
Para as disputas de kata e kumite, em geral, existem divisões por fai-
xa etária, sexo e graduação. Para o kumite, algumas federações incluem 
divisões de categorias pela massa corporal dos participantes, enquanto 
nas federações mais tradicionais essa divisão não existe.
“Kumite (encontro de mãos) é, nas modalidades 
modernas das artes marciais japonesas, 
um dos componentes de treino e de 
competição, a luta, o combate. [...] O objetivo 
do kumite é demonstrar a efetividade, tanto 
das técnicas de ataque como de defesa” 
(ACADEMIA DE KARATE-DO SHOTOKAN, 
2015, grifos nossos).
Kumite
Combate entre karatecas. VV
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Como possibilidades de ensino do karatê 
na escola, as sugestões são semelhantes às apresentadas para o 
wushu. Você, como professor, deverá pensar em diferentes dinâ-
micas que contemplem os objetivos estabelecidos no início do ano 
letivo. Além disso, os objetivos apresentados na BNCC devem ser 
considerados. Nesse sentido, você pode apresentar alguns movi-
mentos presentes na modalidade para que seus alunos experimen-
tem essas possibilidades corporais, sendo possível contar com o 
auxílio de algum aluno da turma que pratique ou até mesmo de um 
praticante convidado.
No karatê, uma estratégia interessante pode ser a tentativa da re-
produção de um kata básico 11 da modalidade. Você pode também ten-
tar incluir movimentos do karatê em brincadeiras (ex.: acertar objetos 
com técnicas de soco ou chute), bem como instigar os alunos a criarem 
seus próprios katas. A história da cultura oriental geralmente é pouco 
explorada em nossas escolas, e a apresentação do karatê pode servir 
como meio de realizar práticas integradas com outras disciplinas, como 
Arte e História, com o intuito de explorar aspectos históricos e culturais 
das civilizações orientais.
O filme O faixa preta re-
trata uma história em que 
dois discípulos disputam 
o legado de seu mestre, 
a faixa-preta. Por meio 
do drama, é possível 
identificar valores e 
ensinamentos presentes 
na arte do caminho das 
mãos vazias.
Direção: Shunichi Nagasaki. Japão: 
Toei Company, 2007.
Filme
Na internet, existem diversas 
demonstrações de kata. O link a 
seguir mostra uma apresentação 
do primeiro kata no karatê 
Shotokan: https://www.youtube.
com/watch?v=BkOizz0m2VQ. 
Acesso em: 18 ago. 2020.
11
https://www.youtube.com/watch?v=BkOizz0m2VQ
https://www.youtube.com/watch?v=BkOizz0m2VQ
Lutas no Oriente 65
3.4 Judô
Vídeo O judô foi fundado em 1882, no Japão, por Jigoro Kano (1860-1938). 
O termo judô é representado por dois ideogramas (柔道), os quais 
transmitem o sentido de suavidade (jū) e caminho (dō), formando o 
conceito de caminho da suavidade ou caminho suave (KANO, 2008).
Para compreender a história do judô, é necessá-
rio conhecer o contexto social da época. O Japão, até 
final do século XIX, vivia sob regime feudal 12 , coman-
dado sempre por um imperador. Cada era recebia o 
nome do imperador em atuação. Assim, o judô foi 
fundado na Era Meiji (1867–1912), aos comandos do Imperador Meiji 
Tennō (Mutsuhito) (1852–1912). Essa era foi marcada pela troca de sis-
tema de governo, período conhecido como Restauração Meiji, iniciada 
em 1868, passando a abrir os portos para negociações comerciais com 
outros países. Nesse período, o Japão passa a militarizar suas tropas, 
tirando dos samurais a missão de defender a pátria. Para que essa 
transição ocorresse, os samurais perderam o direito de portar suas es-
padas, e a sua arte, o jujutsu (tradicional jiu-jitsu japonês), foi proibida 
(KANO, 2008; WATSON, 2011).
Nessa fase de desuso do jujutsu, surgiu a figura de 
Jigoro Kano, filho de uma família tradicional do Japão, 
que decidiu juntar alguns estilos do tradicional jujutsu 
japonês 13 para formar um estilo próprio, o qual auxilia-
ria no desenvolvimento moral e espiritual dos seres 
humanos. No judô, não se emprega a ideia de que 
Kano criou uma modalidade, mas sim de que ele 
fundou, com base em conhecimentos e técnicas 
já existentes, uma nova modalidade. Assim, 
em 1882, foi fundada a primeira escola de 
judô, a Kodokan (Instituto do Caminho da 
Fraternidade) (KANO, 2008; WATSON, 2011).
Entre os princípios presentes na modalidade, 
ganham destaque três:
o princípio da máxima 
eficiência 
(Seiryoku Zen’Yo);
o princípio da pros-
peridade e benefícios 
mútuos (Jita Kyoei);
o princípio da 
suavidade (Ju).
O sistema feudal durou 256 
anos.
12
Kano, fundador do judô.
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No Japão, existiam diversos 
estilos de jujutsu, com caracte-
rísticas peculiares em cada clã de 
samurais.
13
66 Metodologia do ensino de lutas 
Esses princípios deveriam guiar a prática e conduta dos judocas não 
apenas no dojô, que é o local da prática, mas em todas as situações de 
sua vida.
O judô se tornou uma modalidade popular no Japão, até que, em dado 
momento, Kano enviou seus principais alunos para rodarem o planeta, 
com a missão de disseminar a modalidade. A missão foi bem-sucedida, a 
ponto de em 1964 o judô participar dos Jogos Olímpicos de Verão de Tó-
quio, como uma modalidade de demonstração. Em 1972, nos Jogos Olím-
picos de Verão de Munique, o judô passou a integrar de vez o quadro das 
modalidades olímpicas. No entanto, apenas em 1992, nos Jogos de Barce-
lona, as mulheres tiveram oportunidade de participar das disputas no judô. 
No Brasil, a modalidade chegou por meio de imigrantes japoneses, e em 
1969 foi fundada a Confederação Brasileira de Judô (CBJ).
Quanto aos fundamentos técnicos da modalidade, o objetivo central 
é projetar o oponente de costas ao solo, demonstrando força e contro-
le, ou demonstrar domínio sobre o oponente, ao imobilizá-lo de costas 
no solo ou fazê-lo desistir com a aplicação de um estrangulamento ou 
chave articular. O atingimento de alguns desses objetivos é considera-
do o golpe perfeito (ippon). Para tanto, existe um conjunto de técnicas,as quais são divididas em técnicas de projeção (nage-waza), técnicas 
de imobilização (ossaekomi-waza), técnicas de estrangulamento 
(shime-waza) e técnicas de torções nas articulações (kansetsu-waza) 
(KODOKAN JUDO INSTITUTE, 2020). Os grupos de técnicas no judô es-
tão representados nas imagens a seguir.
Técnica de 
estrangulamento
(shime-waza)
Técnica de torção na 
articulação
 (kansetsu-waza)
Técnica de projeção
(nage-waza)
Técnica de 
imobilização 
(ossaekomi-waza)
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O canal Judoquinhas apre-
senta temas relacionados 
à prática do judô e aos 
valores da modalidade 
por meio de desenhos e 
de uma linguagem infantil.
Disponível em: https://www.
youtube.com/channel/
UCtuEn6l9HOqNQu_tdbXs5FA. 
Acesso em: 7 ago. 2020.
Vídeo
Você sabia que o judô é 
a modalidade que mais 
ganhou medalhas olímpicas 
para o Brasil? Até o mo-
mento, já foram 22 (4 ou-
ros, 3 pratas e 15 bronzes). 
A primeira medalha foi de 
bronze, com Chiaki Ishii, um 
japonês naturalizado brasi-
leiro, conquistada em 1972 
em Munique. O primeiro 
ouro masculino veio pela 
conquista de Aurélio Miguel 
nos jogos de 1988, em Seul. 
No feminino, o primeiro 
ouro foi conquistado por 
Sarah Menezes em 2012, 
em Londres (CONFEDE-
RAÇÃO BRASILEIRA DE 
JUDÔ, 2020).
Curiosidade
https://www.youtube.com/channel/UCtuEn6l9HOqNQu_tdbXs5FA
https://www.youtube.com/channel/UCtuEn6l9HOqNQu_tdbXs5FA
https://www.youtube.com/channel/UCtuEn6l9HOqNQu_tdbXs5FA
Lutas no Oriente 67
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1. De-ashi-barai
9. Ko-soto-gari
17. Ko-soto-gake
2. Hiza-guruma 4. Uki-goshi 5. O-soto-gari 6. O-goshi 7. O-uchi-gari 8. Seoi-nage
16. Uchi-mata15. Harai-goshi
23. Tomoe-nage 24. Kata-guruma
32. Uki-otoshi31. Soto-maki--komi30. O-guruma
14. Tai-otoshi13. Okuri-ashi- -barai
22. Harai-tsuri- 
-komi-ashi
12. Tsuri-komi- 
-goshi11. Koshi-guruma
19. Yoko-otoshi
27. Hane-maki-komi
20. Ashi-guruma 21. Hane-goshi
28. Sukui- 
-nage 29. Utsuri-goshi
10. Ko-ushi-gari
18. Tsuri-goshi
26. Tani-otoshi25. Sumi-gaeshi
33. O-soto-guruma 34. Uki-waza 35. Yoko-wakare 36. Yoko- -guruma
37. Ushiro- 
-goshi 38. Ura-nage 39. Sumi-otoshi 40. Yoko-gake
3. Sasae-tsuri- 
-komi-ashi
Representação das projeções no judô.
Nas competições, os judocas são divididos quanto a sexo, idade, massa 
corporal (categorias de peso) e graduação. Veja algumas dessas divisões:
Sexo Idade Massa corporal* Graduação
Feminino
Masculino
Sub-13
Sub-15
Sub-18
Sub-21
Sênior**
Veteranos***
Superligeiro
Ligeiro
Meio leve
Meio médio
Médio
Meio pesado
Pesado
Superpesado****
Branca
Cinza
Azul
Amarela
Laranja*****
Verde
Roxa
Marrom
Preta
Vermelha e branca
Vermelha
* Os limites de massa corporal variam de acordo 
com o sexo e a faixa etária.
** A partir dos 15 anos, já é possível participar de 
disputas da categoria sênior.
*** Os veteranos são divididos em 11 classes, 
com divisões a partir dos 30 anos até a divisão 
acima dos 80 anos.
**** No Brasil, foi criada a categoria superpesado 
para as categorias sub-13 e sub-15, a fim de que 
ocorra uma maior divisão e as disputas sejam 
mais justas.
*****Até a faixa-laranja, existem faixas 
intermediárias (ex.: entre a faixa-branca e a 
faixa-cinza, existe a faixa-branca com ponta cinza).
68 Metodologia do ensino de lutas 
De acordo com a divisão de sexo e idade, são definidos os tempos 
de luta, que oscilam de 2 a 4 minutos, com possibilidade de prorroga-
ções (golden score) em caso de empate.
Considerando esses aspectos, você deverá 
pensar em como inserir esses conteúdos em 
suas aulas na escola. Nesse sentido, lem-
bre-se de que um dos objetivos é levar os 
alunos a experimentarem a execução dos 
movimentos pertencentes às lutas. Nesse 
caso, pense em proporcionar algumas vi-
vências motoras. Um aspecto importante no 
judô é o aprender a cair, pois é o primeiro 
passo para permitir uma prática segura. Para 
tanto, caso você não tenha experiência no 
judô, é possível recorrer a atividades educativas 
apresentadas em livros ou na internet.
Ademais, outro objetivo da abordagem das lutas é 
que os alunos planejem e utilizem estratégias básicas 
das lutas experimentadas, reconhecendo as caracterís-
ticas técnico-táticas. Portanto, tente criar situações que 
levem os seus alunos a pensarem sobre as possibilida-
des no judô. Por exemplo, você pode ensinar uma téc-
nica e solicitar que tentem criar outras possibilidades; 
ou seja, ao ensinar a técnica o-soto-gari 14 , você pode 
solicitar que os alunos tentem apresentar outras possi-
bilidades de projetar o oponente por meio do uso das 
pernas. Isso fará o aluno re-
fletir sobre os fundamentos e 
possibilidades presentes no 
judô, e não apenas repro-
duzir um movimento.
Combate de judô.
BN
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Assista aos vídeos a seguir para conhecer algu-
mas sequências e atividades para o ensino de 
fundamentos e técnicas presentes no judô. Lem-
bre-se de que esses vídeos são apenas sugestões; 
você, como professor, pode e deve pesquisar e 
criar mais possibilidades de ensino.
Aprender a cair
Disponíveis em: https://www.youtube.com/watch?v=TdhAvZLmRrI;
https://www.youtube.com/watch?v=ZB84yLzVGug. Acesso em: 7 
ago. 2020.
Técnica de perna (osoto-gari)
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=aAMrRr-uf6M. 
Acesso em: 7 ago. 2020.
Técnica de quadril (o-goshi)
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=sIG2uJG46Dw. 
Acesso em: 7 ago. 2020.
Técnicas de imobilização (osaekomi)
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=VQsdFSPo4OQ. 
Acesso em: 7 ago. 2020.
Vídeo
O-soto-gari (que pode ser traduzido como 
grande varrida por fora) é uma técnica do judô, 
classificada como técnica de perna, em que 
o judoca faz uma varredura na perna oposta 
do oponente (ex.: perna direita varre a perda 
direita), derrubando-o.
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Você pode ver o demonstrativo 
da técnica assistindo ao seguinte 
vídeo: https://www.youtube.
com/watch?v=aAMrRr-uf6M. 
Acesso em: 19 ago. 2020.
14
https://www.youtube.com/watch?v=TdhAvZLmRrI
https://www.youtube.com/watch?v=ZB84yLzVGug
https://www.youtube.com/watch?v=aAMrRr-uf6M
https://www.youtube.com/watch?v=sIG2uJG46Dw
https://www.youtube.com/watch?v=VQsdFSPo4OQ
https://www.youtube.com/watch?v=aAMrRr-uf6M
https://www.youtube.com/watch?v=aAMrRr-uf6M
Lutas no Oriente 69
Na matéria publicada pela Revista Budô, o judoca santista Rogério Sampaio, medalha de 
ouro na categoria meio-leve nas Olimpíadas de Barcelona, em 1992, dá dicas para de-
senvolver o o-soto-gari. O campeão olímpico, que hoje é diretor geral do Comitê Olímpico 
do Brasil (COB), faz demonstrações dos movimentos, ilustradas na matéria por meio de 
fotografias, inclusive mostrando como seria a aplicação dessa técnica de um canhoto para 
um destro.
Disponível em: http://revistabudo.com.br/rogerio-sampaio-da-dicas-para-desenvolver-o-o-soto-gari/. Acesso em: 
13 ago. 2020.
Saiba mais
Por fim, um terceiro objetivo do ensino das lutas na escola é discutir 
as transformações históricas, o processo de esportivização e a midia-
tização de uma luta, valorizando e respeitando as culturas de origem. 
Nesse sentido, você terá várias possibilidades, por exemplo, discutir 
um tópico atual, como o dopping, e levar os alunos a refletirem se o uso 
de substâncias ilícitas segue os princípios éticos e morais propostos 
por Kano, o fundar o judô.
O documentário Kodokan: 
o caminho do judô, 
produzido em 2013 pelo 
programa Sensei SporTV 
e publicado pelo canal 
Cleber Soares, faz uma 
breve apresentação da 
trajetória do judô, desde 
sua fundação, por Jigoro 
Kano, até o judô competi-
tivo dos dias atuais.
Disponível em: https://
www.youtube.com/
watch?v=spTnupoHNWg. Acesso 
em: 7 ago. 2020.
Vídeo
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este capítulo teve como objetivo tratar de temas relacionados às lutas no 
Oriente, tanto apresentando questõesgerais, como a ligação entre as lutas 
e a espiritualidade, quanto por meio de análises específicas de algumas mo-
dalidades, como o wushu, o karatê e o judô. Ao longo da história, o homem 
sempre lutou, e existem registros históricos de práticas de lutas em todo o 
planeta. No entanto, no Oriente, a ligação das lutas com o desenvolvimento 
espiritual do ser humano foi muito marcante, resultando em modalidades 
nas quais os princípios éticos e morais foram muito valorizados.
No entanto, ao tratar do contexto histórico dentro das lutas e artes 
marciais, é preciso ponderar que a área carece de fontes documentais 
históricas confiáveis, em partes por esses registros terem se perdido ao 
longo do tempo e por algumas modalidades tentarem manter em segre-
do suas práticas, para que outros povos não usurpassem os conhecimen-
tos desenvolvidos, os quais também eram formas de autodefesa.
A abordagem escolar das lutas no Oriente permite não apenas que os 
alunos vivenciem os movimentos corporais presentes nessas modalida-
des, mas também caracteriza uma ótima oportunidade para explorar um 
pouco mais a cultura oriental, diminuindo possíveis preconceitos decor-
rentes da falta de conhecimento sobre outras culturas.
http://revistabudo.com.br/rogerio-sampaio-da-dicas-para-desenvolver-o-o-soto-gari/
70 Metodologia do ensino de lutas 
ATIVIDADES
1. Explique a relação entre wushu e espiritualidade.
2. Explique o sentido presente no termo karatê-do.
3. Cite três princípios presentes no judô.
REFERÊNCIAS
ACADEMIA DE KARATE-DO SHOTOKAN. Kumite. 2015. Disponível em: https://www.
academiaks.com/kumite. Acesso em: 12 ago. 2020.
ANTONY, V. Jutsu: a arte oculta no karate. Caçador: Global Soccer Editora, 2015.
ASSOCIAÇÃO JUVENIL DE KARATÉ PORTUGAL. Bushido: o caminho do guerreiro. 2010. 
Disponível em: https://www.academia.edu/5159670/AJKP_BUSHIDO_O_CAMINHO_DO_
GUERREIRO. Acesso em: 7 ago. 2020.
CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE JUDÔ. Olímpico. 2020. Disponível em: https://cbj.com.br/
olimpico. Acesso em: 7 ago. 2020.
CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE KUNGFU WUSHU. Modalidades. 2020. Disponível em: 
http://cbkw.org.br/modalidades/. Acesso em: 7 ago. 2020.
DAISSEN JI. Apostila do Curso de Formação Continuada em Ensinamentos Zen-budistas: 
Módulo I – Introdução ao Zazen. 2019a.
DAISSEN JI. Contexto histórico do budismo. Curso de Formação Continuada em Ensinamentos 
Zen-budistas: Módulo I – Introdução ao Zazen. 2019b.
DAISSEN JI. Zen e Bodhidharma. 2009. Disponível em: https://www.daissen.org.br/zen-e-
bodhidharma/. Acesso em: 7 ago. 2020.
FEDERAÇÃO PAULISTA DE KARATÊ-DO TRADICIONAL. Dojo Kun: lema do Karatê. 2020. 
Disponível em: http://www.fpktradicional.com.br/home/index.php?option=com_
content&view=article&id=51&Itemid=71. Acesso em: 7 ago. 2020.
GENSHÔ, M. Shikantaza. Daissen Ji, 11 mar. 2019. Disponível em: https://www.daissen.org.
br/shikantaza-monge-gensho/. Acesso em: 7 ago. 2020.
JAPAN KARATE ASSOCIATION. História da JKA. 2020. Disponível em: https://www.jkabrasil.
com.br/karate-jka/historia/. Acesso em: 7 ago. 2020.
JAPAN KARATE ASSOCIATION. Programa de Exame de Kyu e Grau. 2017. Disponível em: 
https://www.jkabrasil.com.br/guia-para-graduacao-kyu-dan/. Acesso em: 7 ago. 2020.
KANO, J. Energia mental e física: escritos do fundador do judô. São Paulo: Pensamentos, 
2008.
KODOKAN JUDO INSTITUTE. Names of Judo Techniques. 2020. Disponível em: http://
kodokanjudoinstitute.org/en/waza/list/. Acesso em: 7 ago. 2020.
MOCARZEL, R. C. S. Artes marciais e jovens: violência ou valores educacionais? Um estudo 
de caso de um estilo de Kung-Fu. Niterói, 2011. Dissertação (Mestrado em Ciências da 
Atividade Física) – Universidade Salgado de Oliveira.
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https://www.daissen.org.br/shikantaza-monge-gensho/
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https://www.jkabrasil.com.br/karate-jka/historia/
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http://kodokanjudoinstitute.org/en/waza/list/
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Lutas no Ocidente 71
4
Lutas no Ocidente
Neste capítulo, veremos alguns aspectos relacionados ao de-
senvolvimento das lutas de origem ocidental. Para tanto, a primei-
ra seção irá apresentar aspectos históricos relacionados aos jogos 
atléticos na Grécia Antiga, evoluindo para a espetacularização das 
lutas, com passagem pelos gladiadores em Roma e pelo ressurgi-
mento dos Jogos Olímpicos da Era Moderna. Na seção seguinte, 
será abordado o boxe, desde suas origens e heranças culturais até 
o modelo competitivo atual.
A terceira seção irá abordar a esgrima, que pode ser conside-
rada atualmente a modalidade esportiva de combate, com armas, 
mais famosa e popular no mundo. Vale ressaltar que a esgrima 
esteve presente em todas as edições dos Jogos Olímpicos da Era 
Moderna. Por fim, na última seção, será abordado o mixed martial 
arts (MMA), especialmente pelo fato de ele ser uma modalidade 
muito popular atualmente, apresentando um exemplo claro do 
processo de esportivização e espetacularização das lutas.
Durante este capítulo, serão propostas algumas sugestões para 
abordagens de ensino das lutas na escola. Essas propostas têm 
como objetivo apresentar um ponto de partida e inspirar algumas 
possibilidades, mas tenha claro que não são diretrizes, mas apenas 
sugestões. Como docente, é possível usar sua própria criatividade 
para ampliar as possibilidades de ensino de acordo com a realida-
de dos alunos.
72 Metodologia do ensino de lutas 
4.1 Lutas, olimpismo, esporte e espetáculo
Vídeo No Ocidente, assim como em outras partes do mundo, as lutas 
foram usadas com diferentes finalidades (ex.: sobrevivência, caça). 
No entanto, dois contextos merecem destaque: as lutas como prepa-
ração para guerras e as lutas como forma de espetáculo. Na Grécia 
Antiga 1 , também houve uma forte relação entre as lutas e a espiritua-
lidade; porém, existiam diferenças claras entre as lutas no Oriente e 
na Grécia. No Oriente, as práticas de lutas buscavam preparar o corpo 
para as atividades meditativas e/ou tornar a própria prática de lutas 
uma forma de meditação, desenvolvendo a atenção plena. Por outro 
lado, as lutas na Grécia tinham como objetivo homenagear os deuses, 
criando uma maior conexão entre o homem e o divino.
É difícil definir exatamente quando se iniciaram as práticas de lutas 
entre os gregos, bem como definir com exatidão o início dos jogos atlé-
ticos da Antiguidade. Contudo, é possível constatar a presença dessas 
atividades por meio da literatura, de dramas e de obras de arte. Por 
exemplo, Platão (427 a.C.-347 a.C.), em dois de seus livros (A República 
e As leis), cita a ginástica (gymnastiké) como elemento para integrar a 
educação do ser humano, sendo um meio hábil de preparação para as 
guerras. Assim, a ginástica deveria conter atividades de luta, esgrima, 
arco e flecha, caça e combates de infantaria.
As figuras a seguir são de representações de lutas em taças (kylix).
Exemplosde lutas representadas em taças (kylix), 
com datas aproximadas entre 500 a.C. e 470 a.C.
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A Grécia Antiga era conhecida 
por Hellás. Por essa razão, os 
jogos atléticos que envolviam os 
Estados de Hellás são também 
denominados Pan-helênicos.
1
Lutas no Ocidente 73
Ao considerar os jogos atléticos da Antiguidade, embora os Jogos 
Olímpicos sejam os mais conhecidos por nossa atual sociedade, é pre-
ciso saber que existiam pelo menos quatro grandes competições entre 
os povos helênicos e que todas elas existiam para homenagear um de 
seus deuses mitológicos (LESSA, 2017).
Jogos
Realizados a cada quatro 
anos
Homenagem a Zeus (o 
senhor dos céus e deus 
supremo da mitologia 
grega)
Homenagem a Apolo 
(deus do Sol, filho de 
Zeus e Leto, deusa do 
anoitecer)
Homenagem a Poseidon 
(deus dos mares)
Homenagem a Zeus
Olímpicos ÍstimicosPíticos Nemaicos
Realizados a cada dois 
anos
Realizados a cada dois 
anos
Periodicidade incerta
A data de início desses jogos também é incerta, pois, embora exis-
tam apontamentos para o ano de 776 a.C., alguns relatos apontam para 
tempos ainda mais antigos. O que se sabe é que houve interrupções 
em períodos de guerras com povos que não participavam dos Jogos 
Pan-helênicos, e em 393 d.C. as competições foram interrompidas de 
vez, após o domínio dos gregos pelos romanos, os quais, por adotarem 
o cristianismo, decidiram destruir os mitos pagãos.
Durante os Jogos Pan-helênicos, de fato existiam homenagens e 
devoções aos deuses. Por exemplo, os Jogos Olímpicos tinham cinco 
dias de duração, sendo que o quarto dia era iniciado com oferendas a 
Zeus, com degolamento de bois na frente do altar presente no estádio; 
no quinto dia, novamente eram realizados agradecimentos e oferen-
das aos deuses (LESSA, 2017). Os jogos eram considerados sagrados, 
e, mesmo em tempos de guerras, tréguas 2 entre os povos deveriam 
ser respeitadas, de modo a permitir que atletas, treinadores e espec-
tadores pudessem viajar e se manter em segurança durante todo o 
período das competições.
Entretanto, é preciso destacar que os jogos atléticos também tinham 
como objetivo motivar os soldados a se manterem em treinamento du-
rante os períodos sem guerra. Dessa forma, as modalidades presentes 
nos jogos eram todas relacionadas às atividades de guerra (ex.: lutas, 
O período dessas tréguas é 
discutido.
2
74 Metodologia do ensino de lutas 
arremesso de dardo, competições hípicas). Essas disputas eram enca-
radas com muita seriedade; para os participantes, o que importava era 
a vitória, e não apenas a participação. Os vencedores eram festejados 
ao retornarem aos seus Estados de origem, enquanto as derrotas eram 
motivo de vergonha (LESSA, 2017).
Especificamente em relação às lutas, os Jogos Pan-helênicos 
continham disputas na luta atualmente conhecida como wrestling 3
, no pugilato, que pode ser considerado o pai do boxe, e no pancrácio, 
uma modalidade que combinava as ações do wrestling e do pugilato, 
podendo ser entendido como o MMA da época.
Além das competições com modalidade única, o wrestling também 
compunha o pentatlo, juntamente com o lançamento de disco, o lan-
çamento de dardo, o salto e a corrida. Não se sabe muito bem qual era 
a ordem das disputas e a forma como eram contabilizados os pontos 
no pentatlo, mas é assumido que o wrestling era a última modalidade 
a ser disputada (LESSA, 2017).
Por fim, é importante destacar que, embora o público também par-
tilhasse do sentimento de devoção aos deuses durantes os jogos atléti-
cos, essas competições eram uma forma de entretenimento. Assim, 
é preciso considerar essa forte inclinação das lutas como forma de pre-
paração para as guerras, bem como forma de entretenimento.
Nessa ótica, se na Grécia já era possível identificar um pouco das 
lutas como forma de espetáculo, no Império Romano os duelos envol-
vendo os gladiadores denotavam claramente a espetacularização das 
lutas (PAIVA, 2015). Um exemplo é o período da famosa política do pão 
e circo, no qual estádios eram palco dos espetáculos mais bárbaros en-
volvendo os gladiadores, que normalmente eram escravos comprados 
especificamente para essas batalhas ou soldados capturados pelos 
romanos em batalhas. Essas disputas envolviam os cenários mais 
imprevisíveis possíveis e confrontos com carruagens, desvanta-
gens numéricas e até mesmo animais 
selvagens, para acalorar 
ainda mais as batalhas.
Alguns textos e pesquisadores 
também usam a denominação 
luta olímpica. Neste livro, 
optamos pelo termo wrestling, 
pois o termo luta olímpica pode 
gerar confusões, uma vez que 
atualmente os Jogos Olímpicos 
apresentam outras modalidades 
esportivas de combate no seu 
quadro de disputas.
3
Estádio do Coliseu, em 
Roma, na Itália, palco de 
grandes duelos com os 
gladiadores.
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Lutas no Ocidente 75
Anos mais tarde, o esporte como forma de espetáculo ganhou um 
novo capítulo com a retomada dos Jogos Olímpicos, sendo realizada em 
1896 a primeira edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, na cidade 
de Atenas, na Grécia. Esse retorno ocorreu apenas porque um 
aristocrata francês, Pierre de Frédy, também conhecido como 
Barão de Coubertin, promoveu esforços para que os Jogos Olím-
picos fossem retomados, mas em um projeto que envolvesse todos 
os povos, dos diferentes continentes. Esse ideal de união entre os po-
vos é expresso pelos anéis olímpicos, os quais representam a união 
entre os cinco continentes.
Anéis olímpicos representando a união entre os continentes. 
O primeiro representa a Europa; o segundo, a Ásia; o terceiro, 
a África; o quarto, a Oceania; e o quinto, a América.
 As lutas estiveram nos Jogos Olímpicos da Era Moderna desde 
a primeira edição, sendo a esgrima e o wrestling as duas 
modalidades de combate presentes desde a edição 
de 1896; no entanto, apenas homens podiam parti-
cipar dessas disputas. O boxe passou a integrar os 
jogos em 1904 4 , enquanto o judô integrou os jo-
gos definitivamente em 1972, embora tenha parti-
cipado da edição de 1964 como modalidade de 
demonstração nos Jogos de Tóquio. O taekwondo 
passou a ser uma disputa presente definitivamen-
te em 2000, nos Jogos de Sidney, embora tenha 
sido incluso como esporte de demonstração nos 
Jogos de Seul, em 1988.
Pierre de Frédy, o Barão de Coubertin.
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Wikimedia Commons
Estátua de Pierre de Frédy no Centennial Olympic Park, 
em Atlanta, construída durante os Jogos Olímpicos de 
Verão de 1996.
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4
Inicialmente, o boxe foi rejeitado por ser considerado muito perigoso.
76 Metodologia do ensino de lutas 
No feminino, apenas no taekwondo as mulheres tiveram a oportuni-
dade de competir desde a inclusão da modalidade nas Olimpíadas. A par-
ticipação de mulheres só foi permitida em 1924 nas disputas de esgrima, 
em 1992 no judô, em 2004 no wrestling 5 e em 2012 no boxe (PAIVA, 2015). 
Para os Jogos de Tóquio 2021 6 , é prevista a participação de mais um 
esporte de combate, o karatê.
O filme Gladiador envolve um drama no qual um comandante 
do exército romano, após o assassinato do imperador, é traí-
do e acaba virando um escravo. Ele então é obrigado a ser 
um gladiador, tendo de lutar para sobreviver. Devido às suas 
habilidades, o ex-comandante ganha a admiração do público. 
No meio dessa trama, é possível compreender um pouco da 
vida dos gladiadores romanos.
Direção: Ridley Scott. EUA: DreamWorks SKG, 2000.
Filme
4.2 Boxe
Vídeo A origem do boxe é incerta, existindo relatos de uma possível gê-
nese da modalidade até um período entre 5.000 a.C. e 4.000 a.C., na 
Suméria e no Egito (CARATTI, 2016), incluindo indicações de possível 
herança do pugilato, um tipo de luta da Grécia Antiga (LESSA, 2017).
A figura ao lado é uma representação de duas crianças lu-
tando. Nesse contexto, não se pode negar as possíveis origens, 
mas tambémé necessário considerar que provavelmente o ho-
mem tenha utilizado suas mãos e punhos para combater desde 
a primeira vez que teve a necessidade de lutar.
De toda forma, é preciso ter claro que o pugilato difere bas-
tante do que entendemos por boxe atualmente. As competições 
não tinham tempo limitado, sendo que os combates acabavam 
apenas por nocaute ou por desistência de um dos atletas, a qual 
devia ser sinalizada com o levantamento de dois dedos de uma 
das mãos. Além disso, não se sabe sobre o espaço físico em que 
os combates eram travados. Acredita-se que, assim como nas 
outras modalidades, existia um espaço delimitado, mas, mui-
to possivelmente, bem diferente dos ringues atuais. As regras 
também não são muito conhecidas (LESSA, 2017).
O wrestling possui a divisão en-
tre estilo livre (freestyle) e estilo 
greco-romano. As mulheres só 
competem no estilo livre.
5
Originalmente, os Jogos de 
Tóquio deveriam ocorrer em 
2020. No entanto, devido à 
pandemia de Covid-19, foram 
adiados para 2021. Essa foi a 
primeira vez que uma edição 
olímpica foi adiada na Era Mo-
derna por conta de uma causa 
que não fosse uma guerra.
6
Afresco (mural) com crianças lutando pugilato encontrado no sítio arqueológico Acroteri, 
na ilha grega de Santorini. Data estimada entre 1650 e 1500 a.C.
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Lutas no Ocidente 77
Um ponto marcante do boxe foi em 1743, quando Jack Broughton, 
um lutador da época, criou uma proposta de regras para a modalidade, 
pois até então as regras eram subjetivas, podendo até mesmo ser 
combinadas entre atletas antes dos confrontos. Há relatos de que 
anteriormente se permitia técnicas de projeção, chutes, agarrar o 
cabelo e até mesmo dedo no olho. A proposta de Broughton se deu 
após um de seus adversários falecer durante uma luta contra ele. 
Entre as modificações de regra, foi introduzido o conceito de 
round 7 , além da interrupção do combate quando um dos lutadores 
fosse à lona. As regras foram evoluindo, e em 1867 o novo conjunto 
de regras (Queensberry Rules) incluiu o uso das luvas no boxe. Pode-se 
considerar que o boxe da Era Moderna teve início nessa fase.
Um novo nível de profissionalismo do boxe é alcançado por meio 
da inclusão da modalidade nos Jogos Olímpicos de 1904, 
em Sant Louis. Contudo, apenas em 2012, na edição de 
Londres, as mulheres competiram pela primeira em 
uma Olimpíada (PAIVA, 2015).
No boxe competitivo dos dias atuais, o objetivo 
principal é levar o adversário à desistência (ex.: 
nocaute ou comunicação de desistência aos 
árbitros). Quando a desistência não ocorre, 
os combates são definidos por pontos, sen-
do que árbitros designam as pontuações de 
acordo com a combatividade (busca pelo combate) e a efetividade de 
cada boxeador (WORLD BOXING ASSOCIATION, 2015).
A figura a seguir apresenta as principais técnicas de ataque presen-
tes no boxe.
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Demonstração dos principais golpes de ataque do boxe.
Retrato de Jack Broughton.
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O termo round tem origem 
inglesa e pode ser entendido 
como rodada. Nos esportes, 
seu uso indica que as disputas 
são divididas em rodadas, 
intercaladas por um período de 
intervalo.
7
Combate de boxe atualmente.
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78 Metodologia do ensino de lutas 
Para competir, os atletas são divididos em sexo e categorias relativas 
à massa corporal, conhecidas como categorias de peso. Essas categorias 
podem variar de acordo com a comissão/federação organizadora do 
evento. Veja, na Tabela 1, as divisões programadas para as disputas 
nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2021.
Tabela 1
Divisões das categorias de peso para o boxe olímpico
Mosca
Categoria
Pena
Meio-médio
Meio-pesado
Pesado
Superpesado
Leve
Médio
Feminino
48-51 kg
54-57 kg
64-69 kg
-
-
-
57-60 kg
69-75 kg
Masculino
48-52 kg
52-57 kg
63-69 kg
75-81 kg
81-91 kg
+91 kg
57-63 kg
69-75 kg
Fonte: Tokyo 2020, 2020.
A duração dos combates também varia de acordo com a competi-
ção e a comissão organizadora. Por exemplo, nas disputas olímpicas, 
os combates são compostos de três rounds de 3 minutos cada (TOKYO 
2020, 2020), podendo chegar a doze rounds de 3 minutos intercalados 
por 1 minuto de pausa em competições profissionais (WORLD BOXING 
ASSOCIATION, 2015).
Como possibilidade de ensino do boxe, assim como para as demais 
modalidades, o professor deve considerar os objetivos estabelecidos 
no início do ano letivo, os quais devem estar relacionados à BNCC. En-
tretanto, como ponto de partida, é interessante pensar que é possível 
utilizar o contexto histórico da modalidade para refletir sobre questões 
culturais presentes em diferentes fases da civilização humana (ex.: Egi-
to, Grécia Antiga e período eurocentrista).
Além disso, por meio da evolução do boxe, podem ser discutidos 
temas relacionados aos valores éticos e morais (ex.: definição das re-
O filme 10 segundos Para 
vencer conta a trajetória 
de Éder Jofre, o primeiro 
brasileiro a se tornar 
campeão mundial de 
boxe, considerado um 
dos maiores boxeadores 
de todos os tempos. 
Nesse drama, é possível 
observar como era a vida 
de um atleta de boxe.
Direção: José Alvarenga Jr. Rio de 
Janeiro: Globo Filmes, 2018.
Filme
Lutas no Ocidente 79
gras nos combates), à injustiça (ex.: os fins justificam os meios? Tudo é 
permitido para se alcançar uma conquista?) ou à participação da mu-
lher na sociedade (considerando que o boxe está presente nas Olim-
píadas desde 1904, por que as mulheres só puderam participar a partir 
de 2012?). Por fim, os alunos podem ter uma boa vivência motora ao 
conhecerem e experimentarem a execução das principais técnicas pre-
sentes no boxe (jab, direto, upper e cruzado).
4.3 Esgrima
Vídeo A origem da esgrima também é incerta, pois acredita-se que desde 
o período pré-histórico o homem já utilizava algum tipo de espada para 
se defender ou atacar. Com o domínio do manuseio do metal, o uso da 
espada aumentou ainda mais, até que, a partir do advento das armas 
de fogo, a luta com a espada começou a adquirir um caráter mais es-
portivo e recreativo (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE ESGRIMA, 2020).
Em seu modelo esportivo, a esgrima teve como grande momento 
sua inserção como modalidade olímpica já na primeira edição dos Jo-
gos da Era Moderna, em 1896, na Grécia. Sua inclusão, em partes, 
se deve ao Barão de Coubertin, o qual era um praticante de esgrima. 
Desde então, essa modalidade esportiva esteve presente em todas as 
edições olímpicas realizadas. Porém, vale ressaltar que as disputas no 
feminino só foram permitidas a partir de 1924.
As disputas na esgrima têm como objetivo principal tocar 
com a indumentária (florete, espada ou sabre) o corpo do ad-
versário antes que o próprio corpo seja tocado. Na maioria das 
competições, na etapa classificatória vence o atleta que marcar 
cinco pontos 8 em um período máximo de 3 minutos, ao pas-
so que na etapa eliminatória 
vence o atleta que marcar 
mais pontos no período de três 
tempos de 3 minutos, com um 
minuto de intervalo e um limi-
te máximo de quinze pon-
tos (CONFEDERAÇÃO 
BRASILEIRA DE ESGRI-
MA, 2020).
Um toque equivale a um ponto, 
independentemente do tipo de 
técnica utilizado ou do local do 
corpo do oponente a receber 
o toque.
8
Combate na esgrima.
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80 Metodologia do ensino de lutas 
Além disso, a esgrima é dividia em três estilos, os quais variam de 
acordo com a indumentária utilizada – florete, espada ou sabre. Todas 
as indumentárias possuem um sensor que acende ao ser tocado, facili-
tando assim a marcação dos pontos. Cada estilo possui suas regras, zo-
nas de ataque e formas de ataque. Veja algumas peculiaridades de cada 
estilo (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE ESGRIMA, 2020):
Florete
Os ataques devem ser realizados 
com a ponta da indumentária, 
reproduzindo um movimento 
de espetar; só podem ser 
direcionados contra o tronco do 
oponente.
Espada
Osataques devem ser realizados 
com a ponta da indumentária, 
reproduzindo um movimento de 
espetar; podem ser direcionados 
contra qualquer parte do corpo do 
oponente.
Sabre
Os ataques podem ser realizados 
com a ponta da indumentária, 
reproduzindo um movimento de 
espetar, ou com a lateral do sabre, 
reproduzindo um movimento de 
corte; podem ser direcionados 
contra a cabeça, o tronco ou os 
membros superiores, com exceção 
da mão.
Máx. 110 cm
Pomo Punho Copo Lâmina
Peso: 500 g
Máx. 90 cmMáx. 20 cm
Máx. 110 cm
Peso: 750 g
Máx. 90 cmMáx. 20 cm
Máx. 105 cm
Máx. 88 cmMáx. 17 cm
A prática e competição da esgrima exige o uso de vestimenta e 
equipamentos específicos, de modo a proteger o praticante. Entre 
eles, destaca-se o uso obrigatório de capacete característico, com tela 
de proteção, e de uma roupa que possui um revestimento próprio, 
que impede ferimentos graves caso o sabre, a espada ou o florete 
venha a se quebrar.
Capacete de proteção para a prática da esgrima.
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Lutas no Ocidente 81
As disputas dos três estilos ocorrem em uma zona competitiva pró-
pria da esgrima, a qual é ilustrada na figura a seguir.
A pista em que ocorrem as disputas na esgrima pode ser dividia em três áreas: área para jogo 
(parte central da pista), área de advertência (parte intermediária de cada lado da pista) e área de 
recuo (extremos da pista).
Pensando na abordagem da esgrima dentro da escola, convém res-
saltar que a modalidade tem crescido no Brasil, porém o número de 
praticantes ainda é limitado. Tal fato faz com que o esporte não este-
ja tão presente no dia a dia do povo brasileiro. Sendo assim, ambos, 
professores e alunos, podem carecer de experiência na modalidade. 
Todavia, isso não pode ser uma barreira que iniba a oportunidade de 
vivência na esgrima. Nesse sentido, vale ressaltar que a abordagem his-
tórica da modalidade pode envolver diferentes tempos da civilização, 
pois a luta com a espada esteve presente em diferentes regiões e mo-
mentos da nossa civilização.
Além disso, vivências motoras podem ser oportunizadas, como 
a confecção de espadas com jornais ou folhas já usadas 9 . Assim, 
é possível incluir movimentos da esgrima dentro de jogos ou brinca-
deiras (a figura a seguir apresenta a posição de ataque na esgrima). 
Por exemplo, o professor pode perfeitamente solicitar que os alunos 
mantenham uma bexiga no ar, sendo que a mesma só pode ser to-
O termo touché tem origem 
francesa e significa “tocado”. 
O uso do touché seria um gesto 
de honestidade, no qual o atleta 
que recebeu o toque faz esse 
apontamento, auxiliando os ár-
bitros na atribuição dos pontos.
Curiosidade
Veja um exemplo no link a 
seguir: https://www.youtube.
com/watch?v=xuqSdEZdSMw. 
Acesso em: 3 set. 2020.
9
https://www.youtube.com/watch?v=xuqSdEZdSMw
https://www.youtube.com/watch?v=xuqSdEZdSMw
82 Metodologia do ensino de lutas 
cada com a espada; também 
é possível fazer a mesma di-
nâmica na forma de jogo, no qual duas equipes com-
petem para ver qual delas consegue percorrer mais rápido um 
trajeto, sendo necessário transportar um balão por meio do to-
que com a espada. Ainda, é preciso considerar que simulações 
de combate entre alunos podem ser atividades com grande 
aceitação entre os alunos. Contudo, é fundamental que a cabe-
ça do oponente não seja um alvo, bem como que a ponta da 
espada seja protegida (ex.: cobrir a ponta com espuma).
4.4 MMA
Vídeo O mixed martial arts, mais conhecido pelo seu acrônimo MMA, 
sem dúvidas está entre os esportes mais populares atualmente em 
nossa sociedade. Essa popularidade pode ser observada por meio 
do número de eventos com transmissões em canais de TV aberta 
ou por assinatura, além dos mais variados objetos com alusões ao 
MMA ou a eventos da modalidade (ex.: camisetas, brinquedos, blu-
sas, canecas, adesivos, cadernos).
Definir o início do MMA não é uma tarefa fácil, pois apenas nos últi-
mos anos ele passou a receber a denominação mixed martial arts (em 
português, artes marciais mistas). Nesse sentido, pode-se considerar 
que o que mais diferencia essa modalidade das demais é o fato de ela 
envolver tanto golpes traumáticos (ex.: socos e chutes) quanto proje-
ções e luta de solo (ex.: imobilizações, estrangulamentos e chaves ar-
ticulares). Essas características possivelmente estão presentes desde 
as primeiras manifestações humanas, sendo razoável imaginar que os 
confrontos não paravam ao irem para o solo.
Todavia, como forma de espetáculo, talvez os registros mais pró-
ximos façam referência ao pancrácio, uma modalidade que integrava 
os Jogos Pan-helênicos, incluindo os Jogos Olímpicos, na Grécia Antiga. 
Nesse tocante, alguns registros apontam que o pancrácio fazia uma 
mistura entre o pugilato e o wrestling, permitindo a continuidade da 
luta quando os atletas iam ao chão. Os combates só eram interrom-
pidos em caso de nocaute ou quando um combatente sinalizava sua 
desistência, erguendo dois dedos de uma das mãos (LESSA, 2017).
Essas disputadas possivelmente continuaram ao longo de nos-
sa civilização, em distintas regiões do planeta, existindo o relato de 
diferentes desafios entre modalidades. Nos tempos mais recentes, 
é possível chamar a atenção para o que ocorreu no Brasil, em que 
ganhou destaque a atuação da família Gracie. Para difundir seu es-
tilo de luta, o jiu-jitsu Gracie, ou jiu-jitsu brasileiro, membros da fa-
mília lançaram diversos desafios para praticantes e atletas de outras 
modalidades. Esses desafios ganharam espaço nos jornais da época, 
que noticiavam os eventos, e tiveram tamanha dimensão que chega-
ram a ser realizados no Maracanã e no Maracanãzinho, sendo que 
em um deles, em 1951, estava presente, entre os membros da pla-
teia, o então vice-presidente da República, João Fernandes Campos 
Café Filho (GRACIE, 2008).
Mas foi em 1993 que esses desafios alçaram um patamar mais eleva-
do, pois foi o ano em que Rorion Gracie idealizou um desafio com o intui-
to de incluir atletas de diferentes modalidades de combate, a fim de 
definir qual modalidade era a mais efetiva. Nesse modelo, a família 
Gracie buscava mostrar a efetividade do jiu-jitsu brasileiro e, pensando 
nisso, escalou Royce Gracie como representante. Tal escolha ocorreu 
pelo fato de ele ter uma estrutura média, com 1,83 m e aproximadamen-
te 80 kg. Assim, se ele vencesse, isso seria impactante, pois ele era mais 
leve que a maioria dos outros participantes (AWI, 2012; DIAS, 2019).
Esse evento foi realizado em Denver, no estado do Colorado (EUA), 
e recebeu o nome de Ultimate Fighting Championship (UFC), sendo 
transmitido em TV fechada local. O evento não tinha muitas regras res-
tritivas como atualmente, por exemplo, os lutadores não precisavam 
usar luvas e podiam chutar o lutador que estivesse no chão. Os comba-
tes geravam cenas impactantes, mas o evento ga-
nhou muita popularidade, não apenas entre 
os norte-americanos.
O cinturão de campeão do UFC.
Easl718/Wikimedia Commons
Posição de ataque na esgrima.
Pozn
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Lutas no Ocidente 83
Essas disputadas possivelmente continuaram ao longo de nos-
sa civilização, em distintas regiões do planeta, existindo o relato de 
diferentes desafios entre modalidades. Nos tempos mais recentes, 
é possível chamar a atenção para o que ocorreu no Brasil, em que 
ganhou destaque a atuação da família Gracie. Para difundir seu es-
tilo de luta, o jiu-jitsu Gracie, ou jiu-jitsu brasileiro, membros da fa-
mília lançaram diversos desafios para praticantes e atletas de outras 
modalidades. Esses desafios ganharam espaço nos jornais da época, 
que noticiavam os eventos, e tiveram tamanha dimensão que chega-
ram a ser realizados no Maracanã e no Maracanãzinho, sendo que 
em um deles, em 1951, estava presente, entre os membros da pla-
teia, o então vice-presidente da República, João Fernandes Campos 
Café Filho (GRACIE, 2008).
Mas foi em 1993 que esses desafios alçaram um patamar mais eleva-
do, pois foi o ano em que Rorion Gracie idealizouum desafio com o intui-
to de incluir atletas de diferentes modalidades de combate, a fim de 
definir qual modalidade era a mais efetiva. Nesse modelo, a família 
Gracie buscava mostrar a efetividade do jiu-jitsu brasileiro e, pensando 
nisso, escalou Royce Gracie como representante. Tal escolha ocorreu 
pelo fato de ele ter uma estrutura média, com 1,83 m e aproximadamen-
te 80 kg. Assim, se ele vencesse, isso seria impactante, pois ele era mais 
leve que a maioria dos outros participantes (AWI, 2012; DIAS, 2019).
Esse evento foi realizado em Denver, no estado do Colorado (EUA), 
e recebeu o nome de Ultimate Fighting Championship (UFC), sendo 
transmitido em TV fechada local. O evento não tinha muitas regras res-
tritivas como atualmente, por exemplo, os lutadores não precisavam 
usar luvas e podiam chutar o lutador que estivesse no chão. Os comba-
tes geravam cenas impactantes, mas o evento ga-
nhou muita popularidade, não apenas entre 
os norte-americanos.
O cinturão de campeão do UFC.
Easl718/Wikimedia Commons
84 Metodologia do ensino de lutas 
Anos depois, em 1997, surgiu, no Japão, outro evento que marcou 
época, o Pride Fighting Championships, também chamado apenas de 
Pride. Os eventos levavam milhares de pessoas aos ginásios, além de 
serem transmitidos para todo o mundo. No Japão, os principais lutado-
res eram tratados como celebridades. Para se ter ideia dessa populari-
dade, em 2002, o Pride Shockwave levou 71 mil pessoas a um ginásio de 
Tóquio (CONHEÇA..., 2016).
Com o decorrer dos anos, mais regras passaram a 
ser instituídas, bem como a criação de categorias 
com divisões de peso, de modo a deixar as dispu-
tas mais equilibradas e preservar a integridade 
física dos atletas. Em 2001, os irmãos Lorenzo e 
Frank Fertitta compraram os direitos da mar-
ca UFC, e o termo até então usado, vale-tudo 10 , 
começou a ser substituído pelo MMA, por 
apresentar um impacto menos negativo entre 
o público não praticante de lutas (DIAS, 2019; 
MILLEN NETO; GARCIA; VOTRE, 2016).
Atualmente, existem diversos eventos de MMA 
espalhados por todo o mundo (ex.: Bellator, ONE Championship e 
Shooto Brasil), porém o mais popular é o UFC, no qual as disputadas 
são realizadas dentro de um octógono 
cercado por grades, transmitin-
do a ideia de que, após 
as portas se fecha-
rem, só um atleta 
sairá vencedor.
Arlur Didyk/Slullerslolk
Combate de MMA.
Vale-tudo não significava que 
não existiam regras, mas que 
era permitida a participação 
de qualquer modalidade de 
combate.
10
Eduard Slanislelskyi/Slullerslolk
Exemplo de octógono, local de disputa de 
alguns eventos de MMA.
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Lutas no Ocidente 85
As regras, o tempo de duração dos combates e até mesmo as 
categorias de peso variam muito de acordo com o evento. No UFC, 
normalmente as lutas têm a duração de três rounds de 5 minutos, 
com 1 min de intervalo entre os rounds, passando a cinco rounds em 
disputas de cinturões.
Ainda, destaca-se a participação das mulheres no UFC, que, embora 
só tenha iniciado em 2013, na edição 157, foi bem recebida pelo pú-
blico e aumentou ainda mais a popularidade do esporte, atraindo o 
interesse por parte das mulheres telespectadoras. Uma personagem 
importante dessa história é a norte-americana Ronda Rousey, que 
já havia sido medalhista olímpica (bronze) pelo judô. No MMA, ela es-
treou em 2013, tornando-se a primeira mulher contratada pelo UFC e 
a primeira a deter um cinturão no evento. Atualmente, ela fez história 
novamente, sendo a primeira mulher a fazer parte do Hall da Fama do 
UFC. Durante sua carreira, ela exerceu grande papel na divulgação das 
mulheres no MMA. Além disso, ela foi, entre homens e mulheres, uma 
das artistas marciais mistas mais bem pagas (RONDA..., 2020).
Como possibilidade de ensino, é possível misturar as atividades 
presentes em todas as outras modalidades de combate, com exceção 
da esgrima. Portanto, o professor terá uma gama de opções muito 
vasta para promover aos seus alunos diferentes experiências moto-
ras. Por exemplo, é possível explorar a combinação de ações, como 
realizar uma sequência de socos (jab e direto), encurtar a distância do 
oponente, tentar abraçá-lo e, na sequência, buscar levar o combate ao 
solo, executando uma técnica de projeção 11 (ex.: derrubar agarrando 
as duas pernas do oponente). Ademais, o contexto evolutivo do MMA, 
até sua popularidade nos dias atuais, permite ricas discussões sobre o 
processo de esportivização e mercantilização das atividades da cultura 
corporal, incluindo as lutas.
O documentário Os 
Gracies e o nascimento do 
vale-tudo apresenta a tra-
jetória dos idealizadores 
do UFC, contando como o 
jiu-jitsu chegou ao Brasil 
e mostrando as crenças, 
os valores e a filosofia 
de vida dessa família de 
lutadores.
Direção: Victor Cesar Bota. Brasil: 
Vale tudo LLC, 2009.
Documentário
Antes de explorar as ações 
de projeção, em qualquer 
modalidade, é fundamental que 
os alunos tenham vivenciado 
e assimilado os aprendizados 
referentes ao saber cair.
11
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este capítulo teve como objetivo tratar de temas relacionados às lutas 
no Ocidente, com especial foco no processo de esportivização e espeta-
cularização das lutas. Ao longo da história, o homem sempre lutou, porém 
diferentes relatos históricos apontam que ele não lutou apenas por sua 
sobrevivência ou com algum intuito religioso/espiritual, mas também lu-
tou como forma de promover espetáculos.
86 Metodologia do ensino de lutas 
A abordagem das lutas do Ocidente na escola permite que os alunos vi-
venciem diferentes formas de expressão corporal, constituindo uma exce-
lente oportunidade para discussões acerca das transformações culturais 
da nossa civilização, incluindo a mercantilização das atividades humanas.
ATIVIDADES
1. Indique quais modalidades de luta faziam parte dos Jogos Pan-helênicos 
da Antiguidade (incluindo os Jogos Olímpicos).
2. Quais são os estilos de disputa presentes na esgrima em seu modelo 
competitivo?
3. Explique o motivo de o vale-tudo passar a ser chamado de artes 
marciais mistas (em inglês, mixed martial arts – MMA).
REFERÊNCIAS
AWI, F. Filho teu não foge à luta: como os lutadores brasileiros transformaram o MMA em 
um fenômeno mundial. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2012.
CARATTI, J. M. “Quando o boxe era caso de polícia”: espetáculo, violência e repressão em 
tempos do surgimento do pugilismo em Porto Alegre/RS (1908-1922). Vozes, Pretérito & 
Devir, v. 5, n. 1, p. 220-241, 2016.
CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE ESGRIMA. História: a esgrima. 2020. Disponível em: 
https://cbesgrima.org.br/historia/. Acesso em: 19 ago. 2020.
CONHEÇA os eventos com os 5 maiores públicos no MMA. Venum, 16 fev. 2016. Disponível 
em: https://venum.com.br/blog/conheca-os-eventos-com-os-5-maiores-publicos-no-mma/. 
Acesso em: 19 ago. 2020.
DIAS, E. B. Arte marcial: espetáculo, esporte e circo. Curitiba: Appris, 2019.
GRACIE, R. Carlos Gracie: o criador de uma dinastia. Rio de Janeiro: Record, 2008.
LESSA, F. S. Atletas na Grécia: da competição à excelência. Rio de Janeiro: Manuad X, 2017.
MILLEN NETO, A. R.; GARCIA, R. A.; VOTRE, S. J. Artes marciais mistas: luta por afirmação e 
mercado. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 38, n. 4, p. 407-413, 2016.
PAIVA, L. Olhar clínico nas lutas, artes marciais e modalidades de combate. Manaus: OMP 
Editora, 2015.
RONDA Rousey faz história e será a primeira mulher no Hall da Fama do UFC. UFC, 2020. 
Disponível em: https://www.ufc.com.br/news/ronda-rousey-faz-historia-e-sera-primeira-
mulher-no-hall-da-fama-do-ufc#:~:text=Como%20a%20primeira%20lutadora%20
contratada,23%20de%20fevereiro%20de%202013. Acesso em: 31 ago. 2020.
TOKYO 2020. Boxing. 2020. Disponível em: https://tokyo2020.org/en/sports/boxing/. 
Acesso em: 19 ago. 2020.
WORLD BOXING ASSOCIATION. Rules of World Boxing Association. 2015. Disponível em: 
https://www.wbaboxing.com/wp-content/uploads/2015/06/WBA-Rules-adopted-in-
Bulgaria-6-11-15.pdf. Acesso em: 19 ago. 2020.
https://venum.com.br/blog/conheca-os-eventos-com-os-5-maiores-publicos-no-mma/https://www.ufc.com.br/news/ronda-rousey-faz-historia-e-sera-primeira-mulher-no-hall-da-fama-do-ufc#
https://www.ufc.com.br/news/ronda-rousey-faz-historia-e-sera-primeira-mulher-no-hall-da-fama-do-ufc#
https://www.ufc.com.br/news/ronda-rousey-faz-historia-e-sera-primeira-mulher-no-hall-da-fama-do-ufc#
https://tokyo2020.org/en/sports/boxing/
https://www.wbaboxing.com/wp-content/uploads/2015/06/WBA-Rules-adopted-in-Bulgaria-6-11-15.pdf
https://www.wbaboxing.com/wp-content/uploads/2015/06/WBA-Rules-adopted-in-Bulgaria-6-11-15.pdf
Lutas no Brasil 87
5
Lutas no Brasil
Neste capítulo, estudaremos as lutas originadas no Brasil. Para 
isso, a primeira seção será utilizada para a abordagem do huka-huka, 
a luta de matriz indígena mais conhecida em nossa sociedade. Na 
seção seguinte, nossos estudos serão direcionados à capoeira, uma 
luta com origem mais provável no Brasil, mas criada por povos de 
matrizes africanas. Essas duas seções iniciais envolvem muitos as-
pectos culturais relacionados aos povos que, desde o início da colo-
nização, contribuíram para o desenvolvimento de nosso país.
Na terceira seção, nosso direcionamento será para o jiu-jitsu 
brasileiro, buscando compreender como o tradicional jiu-jitsu 
japonês, ao chegar ao Brasil, ganhou novas características, a ponto 
de mudar de nacionalidade perante o mundo. Por fim, na última 
seção, será apresentada uma luta típica da Ilha de Marajó (um ar-
quipélago do estado do Pará), a luta marajoara, que teve origem 
nos caboclos da região.
Durante este capítulo, serão propostas algumas sugestões 
para abordagens de ensino das lutas brasileiras na escola. Essas 
propostas têm como objetivo proporcionar um ponto de partida 
e inspirar algumas possibilidades. Contudo, é importante que o 
docente tenha a compreensão de que essas propostas não são 
diretrizes, apenas sugestões, e que poderá usar a própria criati-
vidade para ampliar as possibilidades de ensino de acordo com o 
contexto em que o professor e seus alunos estão inseridos.
Estudar as lutas no Brasil é uma importante etapa nas aulas 
de Educação Física na escola, pois representa o conhecimento e a 
manutenção de nossa história, origem e cultura.
88 Metodologia do ensino de lutas 
5.1 Huka-Huka
Vídeo A cultura indígena tem um importante destaque em nossa história, 
pois os indígenas foram os primeiros habitantes da terra rica em pau-
-brasil. Assim como outros povos e civilizações, eles também desen-
volveram seus métodos de luta e guerra. Entre essas técnicas, a mais 
famosa entre os povos não indígenas é o yuetyk, mais conhecido como 
huka-huka, em alusão ao som que os indígenas emitem durante os con-
frontos. Destacamos que a literatura sobre o assunto é limitadíssima, 
sendo que muito do que é abordado aqui se baseia em conhecimentos 
de transmissão oral de pesquisadores ou povos indígenas, bem como 
conhecimentos oriundos de documentários, reportagens e entrevistas.
Durante nosso estudo, é importante que tenhamos a compreensão 
de que o huka-huka é apenas uma das lutas indígenas, muito comum 
entre a etnia Kamayurá e muito presente na região do Xingu, no es-
tado do Mato Grosso. Contudo, não é a única luta de matriz indíge-
na. É preciso considerarmos que existem diversas etnias indígenas no 
Brasil, além da diferenciação entre indígenas de diferentes países. Por-
tanto, é um erro muito grande generalizar esses povos.
Diante dessa diversidade de etnias, os costumes variam muito entre 
as tribos, sendo os hábitos, as tradições e os rituais religiosos peculiares 
à cada etnia, podendo haver o compartilhamento desses comportamen-
tos entre tribos, mas de maneira alguma constituindo uma cultura única. 
Exemplos dessa diversidade são os rituais religiosos, que divergem entre 
os povos indígenas, com particularidades quanto ao uso das medicinas 
indígenas, como chá da ayahuasca, chá da jurema, sananga, kambô ou 
rapé. O mesmo vale para o huka-huka, que está presente em al-
guns povos indígenas, mas não em todos. 
O chá de ayahuasca (palavra 
de origem indígena que é 
traduzida como “vinho das 
almas”) é um dos elementos da 
sagrada medicina em algumas 
tribos indígenas. A bebida, 
de coloração marrom-escura, 
é feita com duas plantas 
amazônicas: o cipó-jagube e as 
folhas da chacrona.
Eskymaks/Shutterstock
Kambô, também conhecida 
como vacina do sapo, é 
a aplicação da secreção 
extraída do sapo Kambô 
(Phyllomedusa bicolor), que 
é aplicada na pele após 
queimaduras superficiais 
comumente realizadas nos 
braços ou na perna. Essa 
medicina indígena pode 
ser utilizada tanto para fins 
físicos quanto espirituais.
Photo SPPrPt/Shutterstock
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 Commons
Lutas no Brasil 89
No Xingu, o huka-huka é muito praticado entre os povos indígenas. 
Ser um lutador é uma posição de honra. Para ser um lutador entre os 
indígenas, é preciso muito treino, ensinamentos e alimentação própria. 
Esse treinamento se inicia ainda na infância. Na fase da puberdade, 
os futuros lutadores passam por um processo de reclusão, no qual re-
tardam o início de sua vida sexual para se dedicarem aos treinamentos 
diários. Hoje, em tempos sem guerra, o huka-huka é mais praticado 
como forma de lazer ou competição e como componente de rituais re-
ligiosos (MADEIRA, 2006; PAIVA, 2015).
O ritual religioso mais tradicional entre os povos do Xingu é o do 
Kuarup, também conhecido como ritual do morto. Trata-se de uma festa 
realizada uma vez por ano, contando com a participação de outras al-
deias, com o objetivo de prestar as últimas homenagens aos mortos na-
quele ano. Os povos do Xingu acreditam que o espírito do morto fica na 
aldeia até o Kuarup, que é considerado o momento próprio para que esse 
espírito deixe a aldeia (GUERREIRO, 2015; TERRA..., 2017).
Para o Kuarup, os indígenas pintam e enfeitam 
troncos de árvores com os pertences do fa-
lecido e fazem pinturas corporais, danças, 
homenagens e disputas de huka-huka.
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Partes do ritual do Kuarup na aldeia 
Kamayurá.
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90 Metodologia do ensino de lutas 
Nas lutas de huka-huka, os indígenas dão um giro 
em torno do local de combate (movimento também 
conhecido como roda da onça), ficam de joelhos e 
dão as mãos para o início do confronto, no qual 
o objetivo é derrubar o oponente de costas no 
chão, dominar as costas do adversário, levantar 
o oponente do solo ou agarrar a parte de trás 
do joelho do adversário. Caso um dos lutadores 
queira desistir, ele deve ficar em pé e dar alguns 
passos para trás, sendo decretado um empate. 
Luta de huka-huka realizada por 
indígenas do Xingu.
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Não há tempo determinado para duração do comba-
te (TERRA..., 2017).
Como possibilidade de ensino, a parte da vivência 
motora pode ser baseada na própria prática do 
huka-huka, que, apesar de demandar treinamento 
para se tornar um bom lutador, tem regras de fácil 
compreensão. Por meio dessa prática, também é 
possível estimular os alunos a refletirem sobre as 
ações da modalidade, buscando criar estratégias 
para obter a vitória, pois essa é uma das habilidades 
indicadas pela BNCC para serem desenvolvidas por 
meio da abordagem das lutas na escola. Por fim, 
a abordagem do huka-huka é uma excelente oportu-
nidade para contemplar questões históricas e con-
temporâneas envolvendo os povos indígenas, 
oportunizando também a condução dessas ativida-
des como forma de integração com outras discipli-
nas, como a disciplina de História.
O trato das lutas indígenas é uma boa oportu-
nidade para aprender ou relembrar de que modo 
esses povos impactaram nosso país com exemplos 
cotidianos, como hábito de banhos diários, alimen-
tação, utensílios domésticose até mesmo nomes 
de cidades.
Em 1996, foram criados os Jogos dos Povos 
Indígenas, em que o objetivo é a integração entre 
as tribos indígenas, bem como a manutenção 
dessas culturas. Existem disputas em modalida-
des tradicionais indígenas, como arco e flecha, 
cabo de guerra e canoagem, e modalidades que 
foram incorporadas entre os indígenas, como 
o futebol. Nesses jogos, as lutas corporais são 
inseridas apenas como esporte de demonstração, 
pois há muitas diferenças entre os estilos de lutas 
praticados por diferentes etnias indígenas. Acesse 
o link a seguir para conhecer outras modalidades, 
como corrida com tora, Xikunahity (futebol de 
cabeça), zarabatana e Rõkrã.
Disponível em: http://www.educacaofisica.seed.pr.gov.br/modules/
conteudo/conteudo.php?conteudo=218. Acesso em: 2 set. 2020.
Curiosidade
O livro Olhar clínico nas 
lutas, artes marciais e 
modalidades de combate 
apresenta um olhar 
crítico sobre aspectos 
históricos, antropológicos 
e sociológicos, fazendo a 
ligação dessas áreas com o 
universo das lutas, incluindo 
análise das lutas entre os 
povos indígenas.
PAIVA, L. Manaus: OMP Editora, 2015.
Livro
http://www.educacaofisica.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=218
http://www.educacaofisica.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=218
Lutas no Brasil 91
5.2 Capoeira
Vídeo A capoeira é, sem dúvidas, uma das manifestações culturais que 
mais reflete as raízes históricas brasileiras. Tamanha é a riqueza cultu-
ra presente na capoeira que a roda de capoeira foi reconhecida como 
como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade (UNESCO, 2014).
Após a chegada dos portugueses ao Brasil, em 1500, nosso país pas-
sou por um processo de colonização que envolveu a escravização de 
indígenas que aqui habitavam e de pessoas trazidas de várias regiões 
da Costa Ocidental da África, como Costa do Ouro, Golfo do Benin, Baía 
de Biafra, Congo, Andongo e Vale do Zambeze (MATTOS, 2012). Não há 
um consenso sobre a data de início da escravidão no Brasil; alguns re-
latos apontam para 1550 e outros, para 1518, e há quem defenda que 
ela se iniciou na chegada dos portugueses ao Brasil.
A busca por pessoas de diferentes regiões era proposital, para difi-
cultar a comunicação entre elas, evitando a promoção de rebeliões or-
ganizadas. Como escravizadas, essas pessoas deveriam cumprir os 
trabalhos braçais designados por seus compradores, perfazendo assim 
a mão de obra que gerou riqueza durante todo o período de escravidão 
no Brasil. Em 1888, mais especificamente em 13 de maio, a abolição da 
escravidão no Brasil foi enfim decretada, com a assinatura da Lei Áurea 
(Lei n. 3.353), pelas mãos da Princesa Isabel (BRASIL, 1888).
Entretanto, esse não foi um percurso simples; ou-
tras medidas foram conquistadas até se chegar ao 
ponto de ser aprovada a Lei Áurea, como a proibição 
da escravidão indígena, em 1758 1 ; a aprovação da Lei 
Eusébio de Queirós (Lei n. 581), em 1850, estabele-
cendo medidas restritivas para o tráfico de africanos 
(BRASIL, 1850); a aprovação da Lei do Ventre Livre 
(Lei n. 2.040), em 1871, que declarava livres todos os 
filhos de mulheres escravizadas que nascessem no 
Brasil (BRASIL, 1871); e a Lei dos Sexagenários (Lei 
n. 3.270), em 1885, que garantiu liberdade aos escra-
vizados com 60 anos ou mais 2 (BRASIL, 1885).
A lei de 6 de junho de 1755 ins-
titui liberdade para os indígenas 
dos estados do Grão-Pará e do 
Maranhão. Em 1758, o Marquês 
de Pombal expandiu essa lei 
para todo o Brasil (DIEHL, 2014).
1
Há de se destacar que raramente 
um escravizado chegava aos 60 
anos. Ainda, essa “libertação” 
garantia indenização aos 
proprietários de escravizados.
2
92 Metodologia do ensino de lutas 
Embora esse contexto histórico tenha sido apresentado de maneira 
resumida, o processo de colonização e escravidão no Brasil é muito mais 
complexo. Muitos interesses econômicos e pressões políticas estiveram 
envolvidos durante toda essa fase. Além disso, as pessoas escravizadas e 
seus filhos não tiveram vida fácil no período seguinte à Lei Áurea.
Durante o período de escravidão, surgiram os primeiros relatos da 
presença da capoeira no Brasil. A corrente histórica mais propagada é 
a que afirma que a capoeira surgiu como uma forma de resistência ao 
processo de escravidão, servindo como autodefesa, para ser usada en-
quanto alguns desses escravizados tentavam fugir em direção aos qui-
lombos (locais de refúgio dos escravizados, que passavam a ser livres 
caso conseguissem chegar sozinhos até eles). Entretanto, se os fugiti-
vos fossem capturados por outros ex-escravizados, continuavam a tra-
balhar como escravizados dentro dos quilombos.
Nessa fase, o nome dessa luta era 
capoeiragem. Capoeira ou capoeiras 
era a designação dada aos seus pra-
ticantes, possivelmente fazendo refe-
rência ao local em que a capoeiragem 
era praticada (capoeira remetia à ideia 
de terra com pouco mato). Para que a 
prática pudesse ocorrer sem muita re-
pressão, elementos foram incorpora-
dos para camuflá-la, como a presença 
da música e a mistura entre luta e dan-
ça. Contudo, deve-se também destacar 
que há divergências e questionamentos sobre as características exatas da 
forma como a capoeira existia no período da escravidão. De todo modo, 
o fato é que parece haver um consenso de que essa prática era muito 
presente nesse período.
Outro ponto marcante da capoeira ocorre após a aprovação da Lei 
Áurea, especificamente em 1890, quando a modalidade passa a ser 
proibida oficialmente, por meio do Decreto n. 847, levando à prisão 
aqueles que fossem flagrados praticando a capoeiragem (BRASIL, 1890). 
Nesse período, é bem claro o uso da música como forma de camuflar a 
prática, sendo que o toque do berimbau mudava para indicar a chega-
da de tropas militares, que se deslocavam a cavalo. Um desses toques 
ficou então conhecido como toque da cavalaria 3 , o qual representava 
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Representação da prática 
da capoeira no período 
de escravidão. Pintura de 
Augustus Earle, c. 1824.
Veja um exemplo desse toque 
no seguinte vídeo: https://www.
youtube.com/watch?v=NbWk-
-9S3LCg. Acesso em: 15 set. 2020.
3
https://www.youtube.com/watch?v=NbWk-9S3LCg
https://www.youtube.com/watch?v=NbWk-9S3LCg
https://www.youtube.com/watch?v=NbWk-9S3LCg
Lutas no Brasil 93
o sinal para os praticantes mudarem as ações de luta para dança. Além 
da música, a capoeira também era praticada dentro de uma roda de 
pessoas e em morros, de modo a dificultar a visualização do 
que ocorria dentro dos círculos de prática. Os tocadores 
de berimbau ficavam mais afastados 
da roda de capoeira, para 
que conseguissem avis-
tar a aproximação da 
cavalaria.
Alguns elementos 
presentes na capoei-
ra foram mudan-
do com o tempo; 
atualmente, uma 
roda tradicional de ca-
poeira conta com três berimbaus (gunga, médio e 
viola) – os quais, para seu toque, demandam o uso 
de baqueta, caxixi 4 e dobrão ou moeda –, dois pandei-
ros e um atabaque. Também é comum a presença de outros 
instrumentos, como o agogô 5 e o reco-reco 6 , embora possam ser 
considerados instrumentos secundários para as rodas de capoeira.
Instrumentos musicais utilizados na capoeira.
Atabaque
Agogô
Reco-recoPandeiroBerimbau
Dobrão, 
caxixi e 
baqueta
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A música é fundamental para a prática da capoeira, pois é ela que dita 
o ritmo do jogo/luta, elevando ou diminuindo a intensidade na roda, a 
depender do estilo de capoeira. Os estilos mais conhecidos são: Capoei-
ra Regional e Capoeira Angola. No estilo Regional, existe uma velocida-
Também chamado de gã ou 
gongom, é um instrumento de 
origem yorubá composto de um 
ou vários sinos.
5
O caxixi é um chocalho de 
origem africana e se assemelha 
a um pequeno cesto de palha 
trançado.
4
É conhecido também como 
dikanza, raspador, caracaxá ou 
querequexé. Reco-reco é um 
termo genérico para intrumentos 
cujo som é produzido por 
raspagem. O reco-reco brasileiro 
é feito deaço; já o angolano é 
de madeira.
6
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Exemplos de rodas de capoeira.
Joa SouJa/Shutterstock
94 Metodologia do ensino de lutas 
de maior no jogo, com presença de muitos elementos 
acrobáticos. Já no estilo Angola, a cadência do jogo 
(sequência encadeada e regular de sons e movimen-
tos) é menor e os movimentos são realizados mais 
próximos do solo.
Para a prática da capoeira, independentemente 
do estilo, é necessário dominar a ginga, uma movi-
mentação típica da modalidade que sustenta toda a 
prática. A seguir, são apresentadas algumas técnicas 
da capoeira.
Parada de mão
Macaquinho
Ginga Bico de papagaio
Chapa de frente
Meia-lua
Negativa
Esquiva
Alguns movimentos presentes na capoeira.
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Em 1937, a proibição da capoeira foi revogada. Contudo, a luta para 
acabar com o preconceito contra a modalidade, e também contra os po-
vos descendentes de escravizados, não chegou ao fim. Especificamente 
quanto à capoeira, pode-se dizer que a modalidade obteve muitas con-
quistas e reconhecimentos desde então, desde declarações de presiden-
tes, como Getúlio Vargas, até o reconhecimento da roda de capoeira 
como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco. Nesse 
Tipos de berimbau.
Viola Médio Gunga
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Lutas no Brasil 95
processo, dois mestres merecem destaque, o mestre Bimba e o mestre 
Pastinha, os quais exerceram muita influência no modo como a capoei-
ra é praticada e ensinada atualmente (FONTOURA; GUIMARÃES, 2002).
Como proposta de ensino, considere que 
a capoeira apresenta diversas possibilidades 
para experimentar movimentos relacionados 
às lutas e à dança. Para tanto, podem ser ex-
ploradas movimentações como a prática de sua 
ginga e a realização de algumas de suas técnicas. 
Nesse sentido, uma prática interessante é a 
tentativa de reprodução das sequências de 
técnicas sistematizadas por mestre Bimba 7 .
Outra possibilidade é o uso da capoeira para discussão e reflexão 
acerca do processo histórico vivenciado pelo povo brasileiro desde seu 
processo de colonização. Dessa forma, a capoeira pode servir para re-
flexão e estudo da herança cultural que nossa sociedade absorveu com 
os povos de matrizes africanas. Alguns elementos passam até mesmo 
desapercebidos em nosso dia a dia, como a presença da feijoada e da 
cachaça na alimentação do brasileiro. Outro exemplo é o estudo do 
contexto religioso, como o surgimento da umbanda, que em solo bra-
sileiro apresentou um sincretismo de elementos e crenças presentes 
no candomblé, nas crenças indígenas, no catolicismo e posteriormente 
no espiritismo. O conhecimento é uma das chaves para a quebra do 
preconceito e, portanto, deve ser estimulado dentro da escola.
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Altar de umbanda, um exemplo do sincretismo religioso.
Conheça o Hino da Umbanda, 
de José Manuel Alves, e tente 
identificar a semelhança entre 
os princípios de fraternidade 
presente na religião e aqueles 
presentes no cristianismo.
Disponível em: https://music.youtube.com/
watch?v=xXayiw8Q60s. Acesso em: 2 set. 
2020.
Saiba mais
Por fim, com base na capoeira, podem ser exploradas práticas relacio-
nadas à musicalidade, além da possibilidade de integração de conhecimen-
to com outras disciplinas e conteúdos, como História, Arte e Filosofia.
Crianças praticando capoeira e tocando berimbau.
DenPs CrPsto/Shutterstock
No vídeo do link a seguir, há 
demonstrações de sequências 
pedagógicas sistematizadas por 
mestre Bimba: https://www.
youtube.com/watch?v=lJaxvU-
CdMto. Acesso em: 15 set. 2020.
7
O filme Besouro: nasce 
um herói, apresenta, por 
meio de uma história 
fictícia, aspectos de como 
a capoeira e seus prati-
cantes eram encarados 
em um período próximo 
à abolição da escravidão 
no Brasil.
Direção: João Daniel Tikhomiroff. Rio 
de Janeiro: Globo Filmes, 2009.
Filme
https://www.youtube.com/watch?v=lJaxvUCdMto
https://www.youtube.com/watch?v=lJaxvUCdMto
https://www.youtube.com/watch?v=lJaxvUCdMto
96 Metodologia do ensino de lutas 
5.3 Jiu-jitsu brasileiro
Vídeo A história da origem do que hoje denominamos jiu-jitsu brasileiro 
também é cheia de divergências e incertezas. Diante disso, nesta seção, 
iremos abordar a versão mais difundida. No entanto, iremos conhecer 
também alguns questionamentos presentes na literatura. Feita essa 
ressalva, o termo jiu-jitsu deriva do idioma japonês e é representado 
por dois ideogramas, simbolizando o conceito de arte suave (ju = sua-
ve; jutsu = arte). No Brasil, passa a ser usada a denominação jiu-jitsu 
no lugar de jujutsu, pois era a forma como os brasileiros entendiam a 
nomenclatura original pronunciada por um japonês.
O jujutsu 8 , ou tradicional jiu-jitsu japonês, era o nome dado a uma sis-
tematização de técnicas utilizadas no Japão pelos samurais como forma de 
luta corporal para uso nos combates sem a espada. No entanto, no fim da 
Era Meiji, os samurais perderam a designação de defensores dos feudos e 
da pátria, e o Japão passou a contar com guardas militarizadas portando 
armas de fogo. Nesse contexto, o jujutsu passa a cair em desuso, sendo a 
sua utilização até mesmo proibida (ANDREATO et al., 2010).
Diante disso, Jigoro Kano, um estudioso de jujutsu, selecionou algumas 
técnicas de diferentes estilos de jujutsu e fundou o judô 9 , em 1882, com o 
objetivo de oportunizar às pessoas um método capaz de auxiliar na educa-
ção e no desenvolvimento integral do ser humano. Para difundir a modali-
dade, Kano enviou alguns de seus alunos para viajar o mundo apresentando 
e ensinando o judô (WATSON, 2011). Entre esses alunos, estava Mitsuyo 
Maeda, também conhecido como Conde Koma. Antes de aprender judô 
com Kano, Maeda também havia sido estudante de jujutsu e sumô.
Após passar por vários países, Maeda desembarcou no Brasil 10 , país 
em que fixou residência. Nessa fase inicial, Gastão Gracie, um in-
fluente homem de negócios, ajudou-o a se adaptar e se estabilizar 
em Belém do Pará. Como forma de gratidão pela ajuda do amigo, 
Maeda ensinou o tradicional jiu-jitsu japonês a um dos filhos de 
Gastão, Carlos Gracie, o qual, após algum tempo, também passou 
a dar aulas da modalidade. Conta-se que um dos irmãos de Carlos, 
A origem do jujutsu não 
será discutida, mas é preciso 
considerar que esse sistema de 
lutas também teve influência de 
outros estilos de luta.
8
A história da fundação do judô 
não será aprofundada nesta 
seção.
9
Foto de Maeda, o Conde Koma.
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Não há consenso da data e do local de chegada de Mitsuyo Maeda ao Brasil. Alguns registros apontam 
para 1914.
10
Lutas no Brasil 97
Hélio Gracie, sempre assistia às aulas, mas nunca havia praticado o jiu-
-jitsu. Porém, um dia Carlos se atrasou para uma das aulas e Hélio, 
após assistir a muitas aulas do irmão, assumiu o comando. Após 
esse dia, ele não parou mais de praticar e ensinar a modalidade, 
criando adaptações das técnicas para que demandassem menos 
força. Nesse momento, a família Gracie assume que o jujutsu foi 
modificado e ganhou novas características, nascendo então 
o Gracie jiu-jitsu, que posteriormente passa a ser tratado 
como jiu-jitsu brasileiro (ANDREATO et al., 2010; GRACIE, 2008).
O objetivo dessa luta é levar o adversário à desistência, 
a qual deve ser sinalizada com três tapas no solo ou no opo-
nente. Para tanto, o jiu-jitsu brasileiro se baseia em sistemas 
de alavancas, em que não são utilizados golpes traumáticos 
(ex.: socos, chutes, joelhadas e cotoveladas) para vencer o ad-
versário, mas são usadas técnicas de projeções, imobilizações, estrangu-
lamentos e chaves articulares, com maior predominância do combate na 
luta de solo. A seguir, são apresentados alguns exemplos dessas técnicas.
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Projeções
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Imobilizações
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Carlos (à esquerda) e 
Hélio Gracie (à direita).
98 Metodologia do ensino de lutas 
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Estrangulamentos
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Chaves 
articulares
Embora a versão apresentada seja a mais difundida, existem alguns 
questionamentos sobre ela, com indicações de que o jujutsu chegou 
ao Brasil em diferentes locais, juntamente com a imigração japonesa, 
e, portanto, foi aprendido por diferentes grupos de pessoas, incluindo 
a Marinha brasileira (SANTOS, 2019). Além disso, questiona-se que as 
técnicas de luta de solo presentes no jujutsu japonês eram muito pa-
recidas com o que foi denominado jiu-jitsu brasileiro 11 , não justificando, 
assim, dizer que foi criado algo novo.
De toda forma, o fato é que a família Gracie teve um papel funda-
mental na divulgação desse sistema de luta, que hoje é conhecido e 
praticado em todos os continentes. Inicialmente, membros dessa fa-
mília realizaram muitos desafios contra praticantes e atletas de outras 
modalidades. Um famoso exemplo foi um desafio contra o principal 
judoca japonês da época, Masashiko Kimura, em um duelo realizado 
em 1951 no Estádio do Maracanã, na cidade do Rio de Janeiro. Entre 
os expectadores, estava o vice-presidente da época, João Fernandes 
Campos Café Filho (GRACIE, 2008).
Questiona-se também a seme-
lhança do denominado jiu-jitsu 
brasileiro com as técnicas 
presentes no kosen judô.
11
Desde 2008, o jiu-jitsu 
brasileiro tem sido implantando 
dentro das escolas públicas nos 
Emirados Árabes Unidos. Isso 
se deve ao fato de o filho do 
sheikh Tahnoun bin Mohammed 
Al Nahyan ter obtido grandes 
benefícios comportamentais 
após a prática da modalidade 
(DEPARTMENT OF EDUCATION 
AND KNOWLEDGE, 2020).
Curiosidade
Lutas no Brasil 99
Nessa trajetória de provar a eficiência do jiu-jitsu brasileiro, em 1993, 
a modalidade passou a ganhar atenção de todo o mundo, após Royce 
Gracie vencer oponentes mais fortes e pesados na primeira edição 
do UFC, que foi um evento criado inicialmente para verificar qual 
modalidade era a mais efetiva (AWI, 2012; DIAS, 2019).
Após esse período, os desafios e brigas passaram a não ser 
mais necessários e foram repreendidos pelos professores da 
modalidade, com o jiu-jitsu brasileiro passando a se espor-
tivizar cada vez mais, o que inclui a criação de federações e 
confederações.
Nas competições, os competidores são divididos quanto a 
sexo, idade, massa corporal (categorias de peso) e graduação. 
Veja algumas dessas divisões:
Massa corporal*Sexo GraduaçãoIdade
Galo
Pluma
Pena
Leve
Médio
Meio-pesado
Pesado
Superpesado
Pesadíssimo
Feminino
Masculino
Branca
Cinza**
Amarela**
Laranja**
Verde**
Azul
Roxa
Marrom
Preta
Preta e vermelha
Vermelha e branca
Vermelha
Pré-Mirim (I ao III)
Mirim (I ao III)
Infantil (I ao III)
Infanto-juvenil (I ao III)
Juvenil (I e II)
Adulto
Master (I ao VII)
Fonte: International Brazilian Jiu-Jitsu Federation, 2018.
* Os limites de massa corporal variam de acordo com o sexo e a faixa etária.
** Faixas exclusivamente para menores de 18 anos. Além disso, até a faixa-verde existem faixas intermediárias (ex.: faixa- 
-branca, faixa-cinza com listra branca, faixa-cinza, faixa-cinza com listra preta, faixa-amarela com listra branca, faixa-amarela).
O tempo de combate nas competições é definido com base na idade 
e graduação, podendo variar de dois minutos (pré-mirim) a dez minu-
tos (adultos faixas-preta). Nas disputas, vence quem conseguir fazer o 
adversário desistir (finalizar o adversário) ou obter mais pontos, sendo 
que existem pontuações próprias para diferentes situações específicas 
da modalidade (queda, raspagem, passagem de guarda, joelho na barri-
ga, montada pela frente, montada pelas costas e pegada de costas).
Foto de Royce Gracie.
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100 Metodologia do ensino de lutas 
Como possibilidades de ensino, se o professor não for praticante 
do jiu-jitsu brasileiro, não deve se preocupar em ensinar técnicas com 
perfeição. É importante considerar que um dos objetivos das lutas na 
escola é proporcionar aos alunos diferentes experiências motoras. 
Nesse sentido, essa modalidade é uma excelente oportunidade para 
as atividades de agarre em geral, tanto em pé quanto no solo. Veja dois 
exemplos a seguir:
Exemplos de atividades que envolvem direta ou indiretamente o agarre/domínio tanto na luta em 
pé quanto na luta de solo.
Fonte: Andreato e Marcondes, 2021.
Além disso, outro objetivo da abordagem das lutas é levar os 
alunos a planejarem e utilizarem estratégias básicas das lutas expe-
Lutas no Brasil 101
rimentadas, reconhecendo as características técnico-táticas da mo-
dalidade. Nesse contexto, o professor pode criar situações para que 
eles pensem sobre as possibilidades no jiu-jitsu brasileiro. Por exem-
plo, o docente pode dividir a turma em grupos e solicitar que seus 
alunos desenvolvam técnicas para dominar/imobilizar o oponente no 
solo. Na sequência, em duplas, todos devem tentar aplicar as técni-
cas desenvolvidas por cada grupo. Isso irá fazer os alunos refletirem 
sobre os fundamentos existentes na modalidade por meio do pro-
cesso de tentativa e erro, identificando quais princípios funcionaram 
e quais falharam.
Por fim, o professor precisa considerar que outro objetivo presente 
na BNCC para as lutas no Brasil é “problematizar preconceitos e este-
reótipos relacionados ao universo das lutas e demais práticas corporais, 
propondo alternativas para superá-los, com base na solidariedade, na 
justiça, na equidade e no respeito” (BRASIL, 2017). Para tanto, o contex-
to histórico do jiu-jitsu brasileiro pode perfeitamente ser utilizado para 
embasar essas discussões. Reflita: as práticas de desafios e brigas usa-
das inicialmente para difundir a modalidade se aplicam ou se justificam 
na sociedade atual?
No livro Carlos Gracie: o 
criador de uma dinastia, 
a autora, Reila Gracie, 
conta a trajetória de seu 
pai, o primeiro Gracie a 
ter contato com o jiu-jitsu 
japonês (jujutsu).
GRACIE, R. Rio de Janeiro: Record, 
2008.
Livro
5.4 Luta marajoara
Vídeo A Ilha de Marajó, no Estado do Pará, é uma região que tem aspectos 
culturais próprios, com origens nos caboclos da região. Duas 
peças de sua cultura são mais conhecidas fora da ilha, a cerâ-
mica marajoara e uma luta típica da região, a luta mara-
joara, também conhecida como agarrada marajoara, 
cabeçada ou lambuzada.
É provável que a luta marajoara tenha so-
frido influência de indígenas que lutavam o 
huka-huka. Sua data de origem é incerta, 
mas acredita-se que ela exista desde 
o período colonial (TERRA..., 2017). 
Nesse contexto, é importante des-
tacar que, assim como ocorre com o 
huka-huka, existe pouca documentação 
científica sobre a luta marajoara. Alguns re-
latos indicam que a luta tem em si o caráter de 
Exemplos de cerâmica marajoara, 
um tipo de arte característica da Ilha 
de Marajó.
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102 Metodologia do ensino de lutas 
lazer, sendo praticada no final do dia de trabalho, para aquecer o corpo 
antes do banho nos açudes ou nas praias.
Nas disputas, que atraem muitos moradores da ilha para assistirem 
aos confrontos, o objetivo é projetar o adversário ao solo, sendo ne-
cessário sujar pelo menos três quartos das costas dele. Por essa razão, 
a luta marajoara também recebe o nome de lambuzada. Golpes traumá-
ticos, como socos, chutes, joelhadas ou cotoveladas, são proibidos. Essas 
disputas ocorrem em uma arena, também conhecida como curral, a qual 
é caracterizada por um círculo desenhado no chão e necessariamente 
precisa ter solo com areia, lama ou até mesmo grama (TERRA..., 2017).
Além disso, os combates começam com os lutadores unindo os pés; 
ao sinal do juiz central,com um toque simultâneo nos dois atletas, eles 
partem para a ação. Nessa dinâmica, é comum ter a oposição de cabeça 
com cabeça, motivo pelo qual a modalidade também é conhecida por 
alguns conterrâneos como cabeçada. Essa caracterização da 
cabeçada tem suas origens nas observações que os 
vaqueiros da região faziam do modo como os 
búfalos da região se confrontavam, com con-
tato de cabeça contra cabeça.
A duração dos combates é de cinco mi-
nutos, em um único assalto 12 , com a disputa 
sendo encerrada quando um atleta conse-
gue sujar as costas do outro. Caso isso não 
ocorra, os árbitros (um central e dois laterais) 
decidem no voto quem será o vencedor. Também 
é possível haver uma prorrogação de dois minutos.
Como possibilidade de ensino, a parte da vivência motora pode ser 
fundamentada na própria experimentação da luta marajoara. Por meio 
dessa prática, também é possível estimular os alunos a refletirem so-
bre as ações da modalidade, buscando criar estratégias para obter a 
vitória. Contudo, é importante que eles já tenham vivenciado ativida-
des para desenvolver o aprender a cair, pois isso tornará a prática mais 
segura. Além disso, a abordagem da luta marajoara pode servir como 
instrumento para tratar da riqueza e diversidade cultural presente em 
nosso país, bem como para refletir e discutir a influência dos povos 
indígenas na formação de nosso sistema cultural.
Para conhecer as princi-
pais técnicas utilizadas 
na luta marajoara, assista 
ao vídeo Golpes da Luta 
Marajoara, organiza-
do pelo prof. Dr. Ítalo 
Sérgio Lopes Campos, 
do Núcleo de Estudos 
e Pesquisas em Lutas e 
Esportes de Combate da 
Universidade Federal do 
Pará (NEPLEC-UFPA).
Disponível em: https://
www.youtube.com/
watch?v=5odqPIb3EWo&t=1s. 
Acesso em: 3 set. 2020.
Vídeo
Búfalo, animal que se acredita 
ter influenciado o estilo da luta 
marajoara.
aMeaandre rochaa/Shutterstock
Assalto significa o mesmo que 
round, mas é o termo mais 
comum entre os praticantes da 
luta marajoara.
12
https://www.youtube.com/watch?v=5odqPIb3EWo&t=1s
https://www.youtube.com/watch?v=5odqPIb3EWo&t=1s
https://www.youtube.com/watch?v=5odqPIb3EWo&t=1s
Lutas no Brasil 103
Terra de Luta: as origens da luta no Brasil, de 2017, é uma série documental que apresenta as 
origens e as características de algumas lutas consideradas brasileiras. Produzida pela Aca-
demia de Filmes, com coprodução do Canal Combate, direção de Tadeu Jungle e consultoria 
técnica do historiador Leandro Paiva, a série é dividida em quatro partes:
1. Registros rupestres de lutas (Pré-História) no Parque Nacional Serra da Capivara;
2. Luta Huka-Huka no Parque Indígena do Xingu;
3. Luta Marajoara no Arquipélago do Marajó;
4. Capoeira em Salvador (Bahia).
Assista ao teaser no link a seguir.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=76l7MiXw9PU. Acesso em: 3 set. 2020.
Vídeo
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este capítulo teve como objetivo tratar de temas relacionados às lu-
tas no Brasil. Por meio da abordagem de quatro dessas lutas, pudemos 
observar a riqueza cultural e histórica presente no Brasil, que, por ser 
um país de dimensões continentais, possui características culturais muito 
peculiares de cada região.
A abordagem das lutas brasileiras na escola permite a vivência de di-
ferentes formas de expressão corporal. Além disso, por meio dessas lu-
tas, é possível abordar aspectos históricos e culturais presentes em nossa 
sociedade, desde a colonização até os dias atuais. Estudar as lutas brasi-
leiras também é estudar o processo de formação histórica do Brasil, cons-
tituindo uma excelente oportunidade para superação de paradigmas e 
preconceitos direcionados a diferentes povos e tradições que fazem parte 
da nossa nação.
ATIVIDADES
1. Qual é o principal ritual religioso em que o huka-huka é praticado?
2. Indique a razão pela qual os elementos musicais foram inseridos na 
capoeira.
3. Qual é o principal objetivo durante a luta marajoara?
REFERÊNCIAS
ANDREATO, L. V.; MARCONDES, V. A. Iniciação aos esportes de combate: brazilian jiu-jitsu, 
judô e wrestling. Manaus: OMP Editora, 2021.
ANDREATO, L. V. et al. A história do brazilian jiu-jitsu. Lecturas: Educación Física y Deportes, 
v. 14, n. 142, 2010.
https://www.youtube.com/watch?v=76l7MiXw9PU
104 Metodologia do ensino de lutas 
AWI, F. Filho teu não foge à luta: como os lutadores brasileiros transformaram o MMA em 
um fenômeno mundial. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2012.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: Ministério da Educação, 2017. 
Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_
versaofinal_site.pdf. Acesso em: 15 set. 2020.
BRASIL. Lei n. 581, de 4 de setembro de 1850. Diário Oficial da União, Poder Executivo, 
Brasília, DF, 4 set. 1850. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lim/
LIM581.htm. Acesso em: 30 ago. 2020.
BRASIL. Lei n. 2.040, de 28 de setembro de 1871. Diário Oficial da União, Poder Executivo, 
Brasília, DF, 28 set. 1871. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LIM/
LIM2040.htm. Acesso em: 30 ago. 2020.
BRASIL. Lei n. 3.270, de 28 de setembro de 1885. Diário Oficial da União, Poder Executivo, 
Brasília, DF, 28 set. 1885. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lim/
LIM3270.htm. Acesso em: 30 ago. 2020.
BRASIL. Lei n. 3.353, de 13 de maio de 1888. Diário Oficial da União, Poder Executivo, 
Brasília, DF, 13 maio 1888. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lim/
lim3353.htm. Acesso em: 30 ago. 2020.
BRASIL. Decreto n. 847, de 11 de outubro de 1890. Diário Oficial da União, Poder 
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DIAS, E. B. Arte marcial: espetáculo, esporte e circo. Curitiba: Appris, 2019.
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Gabarito 105
GABARITO 
1 Conceitos, história e filosofia das lutas 
1. Exemplo de luta: dois motoristas trocam agressões físicas após uma 
discussão de trânsito. 
 Exemplo de arte marcial: os camponeses de Okinawa utilizavam o 
karatê como forma de autodefesa. 
 Exemplo de esporte de combate: nos Jogos de Tóquio, o judô estará 
presente com disputas em 15 categorias. 
2. O Brasil ocupa um lugar de destaque tanto na análise geral, envolvendo 
a grande área de lutas, quanto na análise por modalidades e figura 
entre os países mais produtivos, incluindo pesquisadores no ranking 
dos mais produtivos no meio acadêmico.
3. Modalidades esportivas de combate olímpicas: boxe, esgrima, judô, 
karatê, taekwondo e wrestling.
2 Ensino das lutas na escola
1. Do 3º ao 5º ano: lutas do contexto comunitário e regional; lutas de 
matrizes indígena e africana. Para os 6º e 7º anos: lutas no Brasil. 
Nos 8º e 9º anos: lutas no mundo.
2. Os princípios condicionantes das lutas são: oponente como alvo, contato 
proposital, fusão de ataque e defesa, imprevisibilidade e regras.
3. Para inibir o comportamento violento entre os alunos, é fundamental 
que o professor utilize as lutas para promover reflexões e discussões 
sobre temas como violência, bullying, respeito ao próximo, empatia e 
diferenças entre lutar e brigar.
3 Lutas no Oriente
1. Monges budistas adotaram o wushu como uma forma de melhorar 
seu condicionamento físico para suportarem as longas horas de 
meditação, além de utilizá-lo como forma meditativa.
2. Karatê-do é um termo japonês representado por três ideogramas, 
os quais podem ser traduzidos como “caminho das mãos vazias”. 
Nesse sentido, pode ser atribuído o sentido literal, de uma arte sem o 
106 Metodologia do ensino de lutas 
uso de armas. Entretanto, também é possível um entendimento mais 
filosófico, compreendendo o karatê como um caminho para conduzir 
o ser humano ao esvaziamento dos desejos/apegos terrenos.
3. Princípio da máxima eficiência (Seiryoku Zen’Yo), princípio da prosperidade 
e benefícios mútuos (Jita Kyoei) e princípio da suavidade (Ju).
4 Lutas no Ocidente
1. Wrestling (também tratado apenas como luta ou luta olímpica), pugilato 
e pancrácio, sendo que o wrestling, além de ter ser disputado como 
uma modalidade exclusiva, integrava as disputas no pentatlo.
2. Sabre, florete e espada.
3. Essa mudança de nome aconteceu para tirar a ideia de que as regras 
permitiam tudo, o que não era verdade, pois o termo vale-tudo indicava 
que todos os tipos de luta podiam participar das competições. Assim, 
a mudança serviu para a modalidade ter um nome mais atrativo ao 
público.
5 Lutas no Brasil
1. O principal ritual religioso em que o huka-huka é praticado é o do 
Kuarup, também conhecido como ritual do morto, o qual é realizado 
para prestar homenagens aos indígenas falecidos entre rituais.
2. A música foi inserida na capoeira para camuflar a prática, alertando 
os praticantes para a aproximação de pessoas hostis (ex.: tropas 
militares).
3. O principal objetivo na luta marajoara é projetar o adversário ao solo, 
forçando-o a sujar pelo menos três quartos das suas costas.
Metodologia do ensino de lutas
LEONARDO VIDAL ANDREATO
Código Logístico
59566
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6682-7
9 7 8 8 5 3 8 7 6 6 8 2 7
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