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A nossa Galáxia
Sabemos que o nosso planeta, a Terra, faz parte de uma estrutura maior que é o Sistema Solar. Formado
pelo Sol, seus 9 planetas, dezenas de satélites naturais, cometa, asteróides, etc., o Sistema Solar não está
isolado no espaço. Basta olhar para o céu em uma noite escura para notarmos que estamos cercados por
milhares de estrelas. Na verdade não são milhares mas sim milhões delas que, junto conosco, formam a
estrutura maior em que vivemos, uma galáxia.
Este é o capítulo em que estudaremos a nossa Galáxia. No entanto, logo de início precisamos esclarecer um
problema de terminologia:
Chamamos a galáxia em que vivemos de "Galáxia", escrito assim mesmo, com letra maiúscula.
No entanto, livros norte-americanos se referem à nossa galáxia como Via Láctea ou Galáxia Via
Láctea (Milky Way Galaxy). Reservamos o nome de Via Láctea para uma parte da nossa Galáxia,
o seu plano ou disco.
O que é a nossa Galáxia?
A nossa Galáxia é uma grande galáxia espiral que possui mais de 400 bilhões de estrelas, tanto isoladas
como concentradas em aglomerados, além de gás e poeira interestelares.
Comparando com outras galáxias, podemos dizer que a nossa Galáxia é realmente uma galáxia gigante!
Suas principais características estão na tabela abaixo:
número de estrelas 400 bilhões
massa entre 750 bilhões e 1 trilhão de massas solares
diâmetro cerca de 100000 anos-luz
classificação de Hubble Sbc? ou barrada (SBbc)?
A estrutura da nossa Galáxia
A nossa Galáxia pode ser separada em três partes distintas onde estão concentrados todos os seus
componentes:
• o halo: uma distribuição aproximadamente esférica que contém as estrelas mais velhas na Galáxia.
• o bojo nuclear com o Centro Galáctico: é a região mais central da Galáxia.
• o disco: onde estão os braços espirais, contendo a maioria das estrelas, inclusive o Sol, e
virtualmente todo o gás e poeira.
Se pudessemos obsevar a nossa Galáxia de uma distância bastante grande veriamos algo com esta forma:
de perfil de frente
Halo
O halo é uma região aproximadamente esférica que envolve toda a nossa Galáxia.
Conhecemos pouco a respeito dele. Até hoje não sabemos bem qual é a extensão total do halo da nossa
Galáxia e nem mesmo a sua massa.
O halo está preenchido com um gás muito difuso, muito quente e altamente ionizado. Por ser um gás muito
quente, o gás do halo produz um fundo de radiação gama.
As investigações realizadas nos halos gasosos de outras galáxias espirais mostraram aos astrônomos que,
em geral, o gás dos halos se estende por uma região muito maior do que aquela anteriormente imaginada.
Em geral os halos se espalham por regiões afatadas por até centenas de milhares de anos-luz do corpo das
galáxias.
Estudos feitos utilizando dados conhecidos sobre a rotação da nossa Galáxia mostraram aos astrônomos que
o halo domina a massa da Galáxia. No entanto, esta matéria até hoje não foi observada. É por esta razão
que os cientistas chamam esta matéria que existe na Galáxia, e que não é visível, de matéria escura.
É no halo da Galáxia que encontramos as estrelas mais velhas conhecidas. A maioria das estrelas que estão
ai localizadas são estrelas individuais ou seja, não estão em aglomerados estelares. Elas são estrelas velhas,
pobres em metal, que são classificadas como estrelas da população II. Estas estrelas individuais são
chamadas de estrelas de alta velocidade tendo em vista se deslocarem no espaço muito mais
rapidamente do que o Sol. Estas estrelas antigas, pertencentes ao halo da Galáxia, possuem a característica
de se deslocarem em órbitas que estão fortemente inclinadas, em ângulos aleatórios, em relação ao plano
da galáxia (o disco).
Os aglomerados globulares
Muitas estrelas do halo da Galáxia estão agrupadas formando os aglomerados globulares.
Os aglomerados globulares são reuniões bastante densas de estrelas, quase sempre com forma esférica, que
se distribuem no halo da Galáxia.
Estes aglomerados globulares estão mais concentrados na direção do centro galáctico.
Embora os aglomerados globulares apresentem uma quantidade impressionante de estrelas, elas constituem
apenas cerca de 1% do número total de estrelas do halo.
As estrelas que compõem os aglomerados globulares são estrelas velhas, pobres em metal ou seja, estrelas
da população II.
Conhecemos 146 aglomerados globulares dos talvez 200 que acreditamos terem sido criados durante a
formação da nossa Galáxia. Estes aglomerados têm de 10 a 15 bilhões de anos de idade, dados obtidos a
partir da análise dos seus diagramas H-R.
copyright: Hubble Heritage Team (AURA / STScI / NASA)
Esta imagem, obtida pelo Hubble Space Telescope, mostra o denso aglomerado globular M 15, também
conhecido como NGC 7078.
Este aglomerado, situado a cerca de 33600 anos-luz de nós na constelação Pegasus, foi descoberto por
Jean-Dominique Maraldi em 1746. O aglomerado M 15, com uma extensão de apenas 120 anos-luz, é talvez
o mais denso de todos os aglomerados globulares da nossa Galáxia. Sua luminosidade é 360000 vezes maior
do que a do Sol. Algumas de suas estrelas mais brilhantes chegam a ter uma luminosidade 1000 vezes
superior à do Sol.
O aglomerado globular M 15 está se aproximando do plano da Galáxia a uma velocidade de 112 quilômetros
por segundo.
Uma outra característica interessante deste aglomerado é a presença de um grande número de estrelas
variáveis no seu interior. Até agora já foram descobertas 112 estrelas deste tipo entre aquelas que o
compõe.
copyright: Hubble Heritage Team (AURA / STScI / NASA)
Este é o aglomerado globular M 80, também conhecido como NGC 6093. Este aglomerado foi descoberto por
Charles Messier em 1781.
Localizado na constelação Scorpius, este aglomerado globular está a uma distância de 27400 anos-luz de
nós e tem cerca de 86 anos-luz de diâmetro.
O aglomerado globular M 80 é um dos mais densos aglomerados da nossa Galáxia, tendo muito mais do que
100000 estrelas.
Esta é a imagem do aglomerado globular NGC 5094, também conhecido como M 5, obtida por David Malin,
do Anglo-Australian Observatory. Nesta imagem vemos claramente as cores das estrelas mais brilhantes,
especialmente o grande número de estrelas azuis gigantes que ele possui.
Este aglomerado globular está na constelação Serpens.
David Malin, do Anglo-Australian Observatory, obteve esta espetacular imagem do aglomerado globular 47
Tucanae, também conhecido como NGC 104. Este aglomerado está a cerca de 15000 anos-luz de nós, na
constelação Tucanae.
47 Tucanae contém vários milhões de estrelas, uma quantidade maior do que aquela apresentada por
muitas galáxias pequenas!
O aglomerado 47 Tucanae contém algumas das estrelas mais velhas da nossa Galáxia, muitas delas estrelas
gigantes vermelhas.
Neste aglomerado, recentemente, os radio-astrônomos descobriram pulsares de rápida rotação, resultantes
do processo de evolução de estrelas tão velhas.
A imagem acima, obtida por David Malin, do Anglo-Australian Observatory, nos mostra o aglomerado
globular Omega Centauri, também conhecido como NGC 5139.
O aglomerado Omega Centauri é um dos mais ricos da nossa Galáxia. Ele contém vários milhões de estrelas
mas, ao contrário do aglomerado globular 47 Tucanae, Omega Centauri possui uma estrutura um pouco
mais aberta.
A população estelar do aglomerado aberto Omega Centauri mostra que ele é uma dos objetos mais velhos
associados com a nossa Galáxia.
Com a ajuda das muitas estrelas variáveis RR Lyrae que este aglomerado possui os astrônomos
determinaram que ele está a cerca de 17000 anos-luz de nós.
Disco
A bonita faixa de estrelas brilhantes que você vê atravessando o
céu em uma noite escura é a Via Láctea, um imenso conjunto
de estrelas que se distribuem ao longo do plano de simetria da
nossa Galáxia. Este plano de simetria é chamado de equador
galáctico.
A imagem ao lado, obtida por David Malin para o Anglo-
Australian Observatory, nos mostra todo o esplendor da Via
Láctea.
Na verdade, a Via Láctea é apenas uma visão de perfil da região
plana da nossa Galáxia que é chamada de disco galáctico ou
planogaláctico.
Este diagrama, onde estão localizadas 25000 estrelas brancas
bem brilhantes, mostra como elas se concentram ao longo do
equador galáctico ou seja, da Via Láctea. A grande mancha
escura vista no meio do diagrama é produzida pelas nebulosas
escuras existentes nas constelações Aquilae e Ophiucus.
O disco da Galáxia é um sistema em rotação, achatado, que contém o Sol, outras estrelas geralmente de
idade intermediária ou então jovens, matéria interestelar, nebulosas difusas e aglomerados estelares.
O disco contém hidrogênio atômico (HI), hidrogênio molecular (H2), gás e poeira.
Esta matéria pertencente ao disco da Galáxia forma uma estrutura que chama a atenção em qualquer
imagem e que caracteriza a forma da nossa Galáxia. É nela que encontramos os braços espirais, que se
destacam nas imagens devido à presença de estrelas muito luminosas.
Devido à nossa posição dentro da Galáxia, situados no disco dela e próximos ao seu plano, nós a vemos
essencialmente de perfil. Em geral alcançamos apenas 10o acima e abaixo do plano da Galáxia.
É difícil estudar o disco da Galáxia na região óptica do espectro eletromagnético. A emissão proveniente das
estrelas é fortemente atenuada pela poeira interestelar que existe no disco. Na verdade, só conseguimos ver
cerca de 1000 anos-luz em torno de nós no plano da nossa Galáxia.
Para estudarmos a distribuição de matéria no plano da Galáxia precisamos recorrer a outra região espectral,
a região do infravermelho. O satélite artificial IRAS, usando sua potente visão infravermelho, foi capaz de
nos mostrar que a forma da nossa Galáxia é bem mais regular do que os astrônomos pensavam.
A estrutura espiral
É no plano, ou disco, da Galáxia que se encontram os seus braços espirais. Nossa Galáxia possui os
seguintes braços espirais, de fora para dentro:
• braço externo, "+II"
• braço Perseus, "+I"
• braço Local ou braço Orion, "0"
• braço Sagittarius ou braço Sagittarius-Carina, "-I"
• braço Scutum-Crux, "-II"
• braço Norma
O braço Local ou braço Orion é um braço pequeno e serve como conexão entre dois braços com muito mais
massa, o braço Sagittarius, mais interno, e o braço Perseus, mais externo.
Uma vez que a Terra está situada dentro do disco da nossa Galáxia, e nós não temos tecnologia para nos
afastarmos muito dela, a poeira nos impede de determinar com maior precisão a estrutura em larga escala
dos braços espirais da Galáxia. Só conseguimos observar a distribuição de estrelas até alguns milhares de
anos-luz. No entanto, as observações realizadas na faixa radio do espectro eletromagnético têm mostrado,
com mais detalhes, como o gás se distribui nos braços espirais.
Deve ser enfatizado que existem quase tantas estrelas entre os braços espirais como dentro deles. O fato
dos braços espirais serem tão notados nas imagens das galáxias espirais é ocasionado pela concentração
que existe neles de estrelas muito brilhantes.
As dificuldades ainda superam os esforços e, por esta razão, ainda não sabemos se a nossa Galáxia é uma
espiral normal como a galáxia Andromeda, nossa vizinha, ou uma espiral barrada como tantas outras
conhecidas. O fato do centro da nossa Galáxia ser ligeiramente alongado na direção do Sol parecia indicar a
presença de uma "barra" na sua região central. Em julho de 2001 alguns astrônomos obtiveram resultados
que parecem confirmar a existência desta barra, com cerca de 25000 anos-luz de comprimento, no centro
da nossa Galáxia.
Os aglomerados abertos ou aglomerados galácticos
Os aglomerados abertos, também chamados de aglomerados galácticos são pequenos grupos de
estrelas mantidas juntas pela atração gravitacional mútua que existe entre elas.
Os aglomerados abertos estão distribuidos no disco da nossa Galáxia. As estrelas pertencentes aos
aglomerados abertos estão todas praticamente a mesma distância de nós e têm, aproximadamente, a
mesma idade e a mesma composição química. No entanto, as massas de suas estrelas podem ser diferentes,
variando entre 80 e 100 massa solares para as estrelas de maior massa nos aglomerados abertos muito
jovens até menos de 0,08 massas solares nos aglomerados mais antigos.
Mais de 1100 aglomerados abertos são conhecidos na nossa Galáxia e este número deve mostrar apenas
uma pequena parte da sua população total. Acredita-se que existam cerca de 100000 aglomerados abertos
em toda a nossa Galáxia.
Esta imagem, obtida por David Malin, do Anglo-Australian Observatory, mostra o aglomerado aberto NGC
3293, localizado na constelação Carina, a uma distância de cerca de 8500 anos-luz de nós. A estrela cor
laranja brilhante no centro da imagem é o membro do aglomerado que envelheceu mais rapidamente.
Esta é a imagem do aglomerado aberto NGC 4755, obtida por David Malin, do Anglo-Australian Observatory,
o famoso grupo de estrelas que existe na constelação Crux (Cruzeiro do Sul). Ele está situado a cerca de
7800 anos-luz de nós. Este aglomerado aberto, também conhecido como "Caixa de Jóias", é belíssimo
mesmo visto com pequenos telescópios. Ele é formado por estrelas jovens muito brilhantes. A estrela de cor
laranja brilhante é Kappa Crucis, uma estrela muito jovem, muito grande e, portanto, muito luminosa. Ela
está no estágio de supergigante, o que significa que, daqui a alguns milhões de anos, irá explodir como uma
supernova.
Quando vemos este aglomerado a olho nú ele aparece como um ponto luminoso próximo à estrela mais a
leste do Cruzeiro do Sul.
Nesta imagem, obtida por David Malin, do Anglo-Australian Observatory, vemos o aglomerado aberto NGC
6705, também conhecido como M 11.
Este aglomerado é formado por estrelas azuis brilhantes , o que mostra que ele é bastante jovem.
O aglomerado aberto M 11 está localizado na constelação Scutum.
A Via Láctea em vários comprimentos de onda
As imagens abaixo mostram o plano da Galáxia em vários intervalos de freqüência. Este mosaico, feito pela
NASA, reune dados obtidos por diversas fontes, tanto situadas na Terra como em satélites.
Cada imagem representa a Via Láctea vista 10o acima e abaixo do plano da Galáxia. Estas imagens foram
criadas pelo Dr. Seth Digel e Jay Friedlander (SSDOO Visualization Lab Task Leader).
radio (0,4 GHz)
hidrogênio atômico
radio (2,7 GHz)
hidrogênio molecular
infravermelho
infravermelho médio (6,8 a 10,8 microns)
infravermelho próximo
óptico
raios X
raios gama
objetos importantes
copyright: National Aeronautics and Space Administration (NASA)
Na coluna intitulada objetos importantes há o seguinte código de cores:
• em vermelho: aspectos estruturais importantes da Via Láctea
• em azul: regiões H II ópticas
• em verde: radio-fontes
• em púrpura: associações OB
Onde nós estamos?
O Sistema Solar, o Sol e todos os seus acompanhantes, se situa nas regiões mais externas da nossa Galáxia.
Ele está no disco, situado a apenas 20 anos-luz acima do plano equatorial da Galáxia. A espessura da
Galáxia na região onde esta o Sol e seus planetas é de cerca de 2000 anos-luz.
O Sistema Solar está localizado dentro de um braço espiral pequeno chamado Braço Local ou Braço Orion
e está a cerca de 28000 anos-luz do Centro Galáctico ou seja, a 2/3 do caminho entre o centro da Galáxia e
a borda do seu disco (medido a partir do centro).
Com uma velocidade de, aproximadamente, 250 quilômetros por segundo, o Sistema Solar completa uma
volta em torno do centro da Galáxia a cada 225 milhões de anos. Isto significa que desde que foi formado,
há 4,6 bilhões de anos, o Sistema Solar deu apenas 20 ou 21 voltas completas em torno do centro da nossa
Galáxia.
O centro da Galáxia
Já vimos que a distribuição de poeira interestelar existente na nossa Galáxia dificulta bastante as
observações realizadas na direção do seu centro. Esta poeira obscurecendo a luz visível emitida pelos
objetos que se encontram nesta região e não permite que os astrônomos conheçam, com detalhes, a região
central da nossa Galáxia.
É claro que esta dificuldade aguçou ainda mais a curiosidade dos cientistas, que têm ao longo dos tempos
insistido em saber qual é o conteúdo e aspropriedades do centro da Galáxia.
O céu na direção do centro galáctico, que está na constelação Sagittarius, possui inúmeros objetos
marcantes. O centro da Galáxia está em uma região que inclui as constelações Sagittarius, Libra, Scorpius,
Scutum e Ophiucus, e que é extremamente rica em estrelas, nebulosas, aglomerados abertos, etc., como
mostra o mosaico abaixo.
Observe que na imagem acima há uma área chamada "Janela de Baade" (Baade's window). Em 1940 o
astrônomo Walter Baade descobriu uma "janela" no meio de toda a poeira que existe nesta região. Nesta
"janela", localizada próxima ao centro da Galáxia, existe comparativamente pouca poeira, e isto permitiu que
os astrônomos conhecessem um pouquinho mais esta região do céu, distante de nós e com milhões de
estrelas, que está na direção do centro da Galáxia. Para
contornar os problemas causados pela presença da
poeira interestelar, os astrônomos, na sua tentativa de
descobrir quais são as propriedades do centro galáctico,
realizam observações nas regiões rádio e infravermelho
do espectro eletromagnético, uma vez que a poeira não
impede a passagem destas radiações como o faz com a
luz visível.
A imagem abaixo mostra o poder das observações feitas
no infravermelho, quando estudamos o centro da nossa
Galáxia. Ela foi obtida pelo "Two-Micron All Sky Survey"
um impressionante projeto do Jet Propulsion Laboratory.
Este projeto usou dois telescópios de 1,3 metros em
tempo integral, um deles no Fred Lawrence Whipple
Observatory, em Mount Hopkins, Arizona, Estados
Unidos. O outro relescópio estava no Cerro Tololo Inter-
American Observatory, situado no Chile. As observações
começaram no Arizona em junho de 1997 e no Chile em
março de 1998. Todo o trabalho de observações
terminou em fevereiro de 2001. Como resultado deste
levantamento no infravermelhos foi construido um atlas
do céu com 120 milhões de imagens contendo 14
trilhões de pixels! Este fantástico levantamento do céu produziu uma série de catálogos com mais de meio
bilhão de objetos!
Nesta imagem do "Two-Micron All Sky Survey" podemos ver as enormes nuvens de poeira que bloqueiam a
nossa visão do centro da Galáxia na região da luz visível.
Os trabalhos realizados nos mostraram que a região central da nossa Galáxia é um local incrivelmente
populado por estrelas. A imagem abaixo, tirada na direção da constelação Sagittarius, onde se encontra o
centro da nossa galáxia, dá uma mostra da densidade de estrelas que existe nesta região.
As estrelas que você vê povoando densamente o fundo desta imagem pertencem ao bojo da nossa Galáxia,
uma nuvem de estrelas que circunda o centro da nossa Galáxia.
Esta belíssima imagem também mostra o pequeno aglomerado aberto NGC 6520, formado por estrelas
azuis, superposto no fundo repleto de estrelas distantes. Este aglomerado aberto está a 5500 anos-luz de
nós, na constelação Sagittarius, e tem cerca de 10 anos-luz de diâmetro. O aglomerado aberto NGC 6520 se
formou a apenas alguns milhares de anos sendo, portanto, muito mais jovem do que o nosso Sol que tem
bilhões de anos de idade.
Nesta mesma região vemos a nuvem de matéria escura Barnard 86. Provavelmente o aglomerado aberto
NGC 6520 e a nuvem escura Barnard 86 são objetos associados. Acredita-se que as estrelas do aglomerado
foram formadas pela matéria desta nuvem escura.
As observações feitas em comprimentos de onda radio, onde nós podemos observar até o centro verdadeiro
da Galáxia, nos revelaram estruturas bastante complexas que existem nesta região.
O centro da nossa Galáxia coincide com uma fonte, a Sag A, ou Sagittarius A. Na verdade, este é um
conjunto de fontes, um jovem resto de supernova no lado leste, uma não usual região de hidrogênio
ionizado no lado oeste e uma fonte muito compacta chamada Sagittarius A* no verdadeiro centro da
Galáxia.
As observações realizadas no infravermelho revelaram a existência de um denso aglomerado estelar no
centro galáctico, próximo a Sag A. Este aglomerado tem uma massa de ~2 x 106 Msol distribuidas em apenas
1 parsec. Suas estrelas estão separadas por somente 1000 unidades astronômicas. Este denso
"empacotamento" das estrelas em uma região tão pequena faz com que a cada 106 anos ocorra uma colisão
de estrelas nesta região.
Girando em torno deste aglomerado denso de estrelas, existe um "anel molecular", uma distribuição de
grande massa de gás molecular e poeira. Este "anel" se estende por uma região que vai de cerca de 1,5
anos-luz a 25 anos-luz, medidos a partir do centro da Galáxia. Além disso, as observações radio revelaram
que existem evidências de violentas ondas de choque passando por esta região. Estas ondas devem ter se
formado como conseqüência dos eventos explosivos que ocorreram neste local em um passado bem recente.
Também foi a radioastronomia que nos revelou a existência de imponentes estruturas lineares, com 60
anos-luz de comprimento e que acompanham o campo magnético da Galáxia, localizadas fora deste anel
molecular. Estas estruturas são regiões de formação de estrelas isoladas e/ou restos de supernovas, estrelas
que explodiram neste local.
A região do Centro Galáctico também é uma fonte forte de raios X e de raios gama. Os raios X são
produzidos por sistemas binários com buracos negros e por supernovas, estrelas que explodiram em regiões
próximas ao centro galáctico. Os raios gama, com energia de 0,5 MeV, são produzidos por aniquilação de
partículas e antipartículas que ocorre nesta região, talvez produzidas pelas muitas supernovas que ocorrem
nas regiões centrais da nossa Galáxia.
Um buraco negro no centro da nossa Galáxia
Recentemente os astrônomos têm estudado com empenho a possivel existência de um buraco negro de
grande massa localizado dentro do aglomerado estelar que está no Centro Galáctico.
Observações feitas em comprimentos de onda do infravermelho, usando o telescópio Keck de 10 metros,
revelaram que algumas estrelas situadas próximas ao centro da nossa Galáxia estão se deslocando com
surpreendentes velocidades de até 1000 quilômetros por segundo!
Outras medidas feitas nesta região revelam que muitas outras estrelas, e até mesmo o gás interestelar, que
estão próximas ao centro galáctico apresentam velocidades muito altas.
Por que estas estrelas estão se movendo tão rápido? A imagem mostrada abaixo, obtida no infravermelho,
nos revela como as estrelas que estão localizadas na região de um ano-luz em torno do centro galáctico se
moveram nos últimos oito anos. A cruz amarela identifica o local onde encontramos uma radio fonte
bastante peculiar designada Sgr A*. A análise destes dados nos mostra que estrelas com uma velocidade tão
alta exigem a presença de um objeto capaz de produzir uma grande aceleração gravitacional. Este objeto
centralque exerce esta ação gravitacional, mantendo estas estrelas em órbita no centro da Galáxia, tem que
ser muito compacto e ter muita massa. Isto só pode ser justificado se, nesta região central da nossa
Galáxia, existir um objeto com uma massa de 2,5 milhões de vezes aquela do nosso Sol confinado em uma
região com 1/5 de um ano-luz.
Isto sugeriu aos astrônomos que um buraco negro de grande massa poderia estar presente na região central
da nossa Galáxia, produzindo um puxão gravitacional muito forte, necessário para manter as estrelas e o
gás existentes nesta região nas suas órbitas de alta velocidade.
Há um outro fato que parece confirmar a existência deste buraco negro no centro da nossa Galáxia. Algumas
observações revelaram que estas estrelas de alta velocidade estão localizadas próximas à fonte Sagittarius
A*, a radio-fonte que está bem perto do centro da Galáxia. No entanto, o sinal radio não muito poderoso
emitido por Sgr A*, mostrava que esta radio fonte não possuia massa suficiente para justificar o que
acontecia no centro da Galáxia. Mas quando os astrônomos utilizaram o radio-telescópio VLBA (Very Long
Baseline Array) para calcular a velocidade de SgrA* algo bem diferente foi revelado. Eles encontraram que
SgrA* possui uma velocidade menor do que 20 quilômetros por segundo.Isto quer dizer que é muito
improvável que SgrA* seja uma estrela única ou grupo de estrelas uma vez que somente um objeto com
muita massa poderia permanecer praticamente estacionário sob as condições que existem no centro da
nossa Galáxia.
Cada vez mais aumenta a evidência de que Sag A* é, de fato, um buraco negro com uma massa 2 a 3
milhões de vezes maior do que a massa do Sol.
Acredita-se que este buraco negro está sendo "alimentado" pelo gás existente no anel molecular ou por
restos de supernova que existem nesta região. Se Sag A* for realmente o buraco negro existente no centro
da Galáxia ele poderia facilmente explicar os fenômenos de altas energias que ocorrem nas regiões vizinhas
ao centro galáctico. Para isto bastaria que este buraco negro consumisse menos de 1% da massa de uma
estrela a cada ano. A energia potencial gravitacional liberada por este processo seria capaz de explicar quase
tudo que ocorre nesta região.
Esta imagem, obtida pelo Chandra X-ray Observatory, da NASA, mostra a região central da nossa Galáxia, a
região da constelação Sagittarius. A fonte puntiforme brilhante no centro da imagem foi produzida por uma
gigantesca emissão de radiação na região espectral de raios X. Esta emissão ocorreu na vizinhança do
buraco negro de grande massa, cerca de 2,6 milhões de vezes a massa do Sol, que existe no centro da
nossa Galáxia e que está associado com a radio fonte compacta Sagittarius A*. Esta fonte de raios X no
centro galáctico brilhou dramaticamente por alguns minutos e após cerca de três horas diminuiu a sua
intensidade. Esta rápida variação na intensidade de raios X indica que esta emissão foi produzida por
material que estava muito próximo ao buraco negro e que foi assimilado por ele. Acredita-se que este disco
de matéria deve estar tão próximo do buraco negro quanto a Terra está do Sol.

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