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Patologia SM III Daryane Raupp - UNISC - ATM 2026.2 Mama Câncer de mama é a neoplasia que mais mata no mundo, porém não é a mais frequente. O percentual varia com a idade da paciente. Na mama há duas estruturas principais (ductos e lóbulos), dois tipos de células epiteliais (luminal e mioepitelial), e dois tipos de estroma (interlobular e intralobular). Sucessivas rami�cações dos ductos principais, eventualmente, levam à formação da unidade ducto lobular terminal. Em mulheres adultas, os ductos terminais se rami�cam em um conglomerado de pequenos ácinos, em forma de cacho de uva, para formar o lóbulo As mudanças na mama são mais dinâmicas e profundas durante a idade reprodutiva das mulheres - mamas aumentam e diminuem em cada ciclo menstrual - 1ª metade do ciclo as mamas �cam inertes - Depois da ovulação, sob a in�uência do estrogênio e aumento dos níveis de progesterona, a proliferação celular aumenta, assim como o número de ácinos por lóbulo. -estroma intralobular edemaciado-. - Durante a menstruação, a queda dos níveis hormonais induz a regressão dos lóbulos e o desaparecimento do edema Patologia SM III Daryane Raupp - UNISC - ATM 2026.2 - Somente com o início da gravidez é que a mama se torna completamente madura e funcional. Os lóbulos aumentam progressivamente em número e tamanho - Hiperplasia do componente mamário - no momento da lactação. As alterações permanentes produzidas durante a gravidez podem explicar a redução dos riscos de câncer de mama observada em mulheres que deram à luz durante a juventude - Ao �m da lactação, as células epiteliais entram em apoptose e observa-se uma regressão dos lóbulos. - Depois da 3ª década, bem antes da menopausa, os lóbulos e seu estroma especializado começam a atro�ar e o estroma interlobular, antes �broso e radiodenso é substituído por um tecido adiposo radiolucente lóbulos mamário tem em média 20 ácinos: Dois estromas (tecidos conjuntivos): - Tecido adiposo (quando mais velha, maior �ca o percentual) - Tecido mamário propriamente ditos Estroma interlobular Estroma intralobular - semelhante aos ductos e os acinus, esse estroma também tem receptor de estrógeno. As classi�cações das lesões serão originadas dos: ➔ Ductos (parte não secretora da mama) ➔ Lóbulo onde há os ácinos que são secretores (parte mais distal da mama) As lesões podem ser: 1. não proliferativas 2. proliferativas sem atipias: não são displásicas nem neoplásicas, são principalmente hiperplásicas 3. proliferativas com atipias: não são displásicas nem neoplásicas, são principalmente hiperplásicas 4. Carcinoma "in situ": o lobular in situ não é identi�cado em mamogra�a, pode ser unilateral ou bilateral. O Ductal (90% dos casos) pode ser visto em mamogra�a 5. Carcinoma invasivo Neoplasia maligna de epitélio - carcinoma de células escamosas. Neoplasia maligna de epitélio glandular - adenocarcinoma. Independente de onde é localizado. Exceto a mama, pois a lesão que surge dos lóbulos é completamente diferente clinica, molecularmente, tratamento, prognóstico em relação a lesão que surge no ducto. As lesões da mama epiteliais -> lobulares ou ductais, sejam elas carcinomas ou não. Patologia SM III Daryane Raupp - UNISC - ATM 2026.2 lesões lobulares e lesões ductais (será separada dessa forma). Lesões que surgem do estroma - �broadenoma não vai se transformar em neoplasia maligna - raro tumor �lóide No carcinoma primeiro invade o tecido linfático e depois o sanguíneo. O linfático possui parede menos complexa, por isso é mais fácil. No carcinoma para invadir tecidos precisam ter adequação para entrar na membrana basal, serão duas invadidas. Já o sarcoma surge no tecido conjuntivo - maligno e só precisa invadir uma membrana basal. ?Acúmulo genético e capacidade de célula mutada atingir a membrana basal - sarcoma? Apresentações Clínicas das Doenças Mamárias Dados da tabela acima são da população americana. Infelizmente, no Brasil o maior sintoma é a massa palpável e que muitas vezes já possui metástases axilares. Mamogra�a: SUS - a partir dos 50 anos até os 69 anos - Exame de rastreamento, se pedir antes não é rastreamento é exame diagnóstico Exame de escolha para olhar em pacientes jovens alguma massa palpável é ecogra�a mamária Ecogra�a complementar quando mama é predominantemente �broglandular Patologia SM III Daryane Raupp - UNISC - ATM 2026.2 Sistema TNM . Estadiamento é o processo para determinar a localização e a extensão do câncer presente no corpo de uma pessoa. T- tumor, N- linfonodos, M- metástase T1a/b/e - 1 - 1,9 cm (percentual de cura, 90% em 10 anos) T2 - acima de 2 cm 50% dos casos de nódulo palpável já tem metástase axilar Patologia SM III Daryane Raupp - UNISC - ATM 2026.2 Fatores de risco para câncer de mama: Além do sexo feminino (99% dos indivíduos afetados são mulheres), os maiores fatores de risco estão relacionados à hereditariedade, exposição ao estrogênio durante a vida e, em uma menor extensão, a fatores ambientais ou ao estilo de vida. Idade: O risco do câncer de mama aumenta no decorrer da vida da mulher, alcançando seu pico entre os 70 e 80 anos de idade e declinando vagarosamente depois disso. Mutações no gene BRCA: Mutações no gene BRCA1 e BRCA2 No caso de história de CA iniciar 10 anos antes da idade de diagnóstico de familiar de 1º grau (mãe com CA aos 40 anos, começa rastreamento aos 30 anos). Raça: Caucasianos e brancos têm maior incidência Auto-exame das Mamas: Não existem evidências cientí�cas necessárias que justi�quem o incentivo à esta prática como forma de rastreamento. As mamas devem ser palpadas periodicamente por pro�ssionais da saúde - o paciente não foi treinado para palpar a mama. Mamogra�a como teste: Detectar microcalci�cações pré-neoplásicas e nódulos não palpáveis. Microcalci�cações normalmente são classi�cadas em BI-RADS 4. O Carcinoma lobular in situ não tem uma lesão que aparece na mamogra�a. Sensibilidade : alta - veri�car verdadeiros positivos. Especi�cidade alta - capacidade grande de identi�car aquela lesão especi�camente. Fonte: Ministério da Saúde. Protocolo de atenção básica: saúde das mulheres, 2016 . Patologia SM III Daryane Raupp - UNISC - ATM 2026.2 Fundamentos Mamográ�cos: ● Bi-rads 0 - mama densa e precisa de uma ecografia. ➔ A classificação de BI-RADS classifica as alterações mamográficas. ➔ O 4a, 4b e 4c são divididos justamente pela % 2-95. ➔ As lesões nodulares mamárias bem de�nidas são geralmente classi�cadas como BI-RADS 3. Patologia SM III Daryane Raupp - UNISC - ATM 2026.2 Carcinoma ductal invasivo in situ - Falta invadir membrana basal, pode se mostrar com microcalci�cações, hiperplasia, evolui hiperplasia atípica e se torna carcinoma in situ, que 30% irá se transformar em maligna. Há acúmulo de cálcio no centro, ao redor �ca sem vascularização bem de�nida. Não necessariamente se não tiver invasão linfática, pode ter uma invasão por vaso sanguíneo. Mama tem bastantemetástase de osso. Carcinoma lobular tu nao consegue descobrir por exame de imagem, pois como ele está em uma área menor, não forma calci�cações no centro pois tem vascularização. Quando vai ver ja ta feio. Patologia SM III Daryane Raupp - UNISC - ATM 2026.2 Programas de Rastreamento, Distúrbios Inflamatórios: A) MASTITE AGUDA Ocorre geralmente no primeiro mês da amamentação e é causada por uma infecção bacteriana local. O patógeno mais associado à lesão é o Staphylococcus aureus. Diferenciar esta condição do carcinoma in�amatório mamário - simula uma in�amação ao obstruir vasos linfáticos da derme com um êmbolo tumoral- Aspecto em casca de laranja e ulceração. B) METAPLASIA ESCAMOSA DOS DUCTOS GALACTÍFEROS (abscesso subareolar recorrente) Consiste na metaplasia escamosa com queratinização dos ductos mamilares levando à obstrução. Mais de 90% das pessoas acometidas são fumantes. Quando a metaplasia escamosa se estende profundamente para dentro do ducto mamilar, a queratina �ca presa e se acumula. Se o ducto se rompe, a subsequente resposta in�amatória à queratina resulta em uma massa dolorosa eritematosa. O trato da fístula pode se projetar através do músculo liso do mamilo para se abrir no topo da aréola . Patologia SM III Daryane Raupp - UNISC - ATM 2026.2 C) ECTASIA DUCTAL Apresenta-se como uma massa palpável periareolar, associada à descarga mamilar espessa, esbranquiçada e à retração cutânea. A in�amação crônica e �brose envolvem um ducto ectasiado preenchido por resíduos espessos. A resposta �brótica pode produzir uma massa �rme irregular que simula o carcinoma invasivo na palpação ou mamogra�a. Reconhecer esta lesão como sendo um fator de confusão na clínica mastológica. D) NECROSE GORDUROSA Aproximadamente metade das mulheres acometidas têm história prévia de trauma mamário ou cirurgia. Possui apresentações clínicas variáveis. As lesões agudas podem ter aspecto hemorrágico e conter áreas centrais de necrose gordurosa liquefativa com neutró�los e macrófagos. Com o passar dos dias, �broblastos proliferados e células in�amatórias crônicas rodeiam a lesão. Sequencialmente células gigantes, calci�cações e hemossiderina aparecem, e eventualmente o foco é substituído por tecido cicatricial ou é circundado e cercado por tecido �broso. Macroscopicamente, observam-se nódulos �rmes e mal delimitados, de coloração branco-acinzentada, contendo pequenos focos de calci�cação. Remover por causa da cicatrização -> retração do tecido, prejudicando o rastreamento. Microscopia muitos histiócitos multinucleados contendo vacúolos lipofágicos em seu citoplasma. E) MASTOPATIA LINFOCÍTICA Lesão endurecida, palpável, com o estroma colagênico denso e com in�ltrado in�amatório linfocítico. Por estar comumente associada à mulheres com diabetes tipo 1 (insulino-dependente) ou com doença tireoidiana autoimune, acredita-se que tenha origem autoimune. O principal signi�cado clínico é sua distinção do câncer de mama. Patologia SM III Daryane Raupp - UNISC - ATM 2026.2 F) MASTITE GRANULOMATOSA São várias etiologias, incluindo processos infecciosos e corpos estranhos. É raro. Pode representar uma doença granulomatosa sistêmica. Pode representar manifestação de uma doença granulomatosa sistêmica (p. ex., granulomatose com poliangiite, sarcoidose, tuberculose). Os granulomas estão relacionados aos lóbulos, sugerindo que a doença pode ser causada por uma reação de hipersensibilidade a antígenos durante a lactação. Lesões benignas epiteliais Divididas em três categorias de acordo com o risco de malignização. Patologia SM III Daryane Raupp - UNISC - ATM 2026.2 ➔ Alterações Mamárias não Proliferativas (Alterações Fibrocísticas): Alterações morfológicas muito comuns que são frequentemente agrupadas sob o termo alterações �brocísticas - e indicam que elas não estão associadas a aumento do risco de câncer de mama. - Grupamento de alteração muito comuns - “Alterações �brocísticas” - Sinônimos/especialidades clínico: mamas “inchadas” à palpação radiologista: mamas densas e com cistos patologista: alterações morfológicas benignas - Podem ser alarmantes clinicamente. A) CISTOS - Dilatação e expansão dos lóbulos; - Aspecto macroscópico: dependente do conteúdo - São recobertos por um epitélio atró�co plano ou por células apócrinas metaplásicas. Cuidar com cistos com parede heterogêneas e calci�cações (ecogra�a); se o material interno não está homogêneo B) FIBROSE Frequentemente os cistos se rompem, liberando seu conteúdo para o estroma adjacente. A In�amação crônica e a �brose secundárias contribuem para o aspecto nodular na palpação da mama. Patologia SM III Daryane Raupp - UNISC - ATM 2026.2 C) ADENOSE A adenose é de�nida como um aumento no número de ácinos por lóbulo. É uma característica comum na gravidez. Em mulheres não grávidas, a adenose pode ocorrer como uma alteração focal. Maior que o ácido, pode ser diagnosticada como nódulo mamário. Geralmente BI-RADS 3. Normalmente são lesões dependentes de hormônios ➔ Doenças Mamárias Proliferativas sem Atipia: Estão associadas a um pequeno aumento no risco de carcinomas subsequentes em qualquer mama. Elas são comumente detectadas como densidades mamográ�cas, calci�cações, ou como achados incidentais em biópsias realizadas por outros motivos. . Embora elas sejam preditoras de risco, provavelmente não são reais precursoras do carcinoma. - Raramente formam massas palpáveis; - Densidades mamográ�cas/ calci�cações grosseiras/ achados usuais; Caracterização: Proliferação do epitélio ductal e/ou estroma; Ausência de anormalidades celulares sugestivas de neoplasia. No �broadenoma tem os 2. A) HIPERPLASIA EPITELIAL Na hiperplasia epitelial, o aumento do número de células luminais e mioepiteliais preenche e distende os ductos e lóbulos. Luzes irregulares podem frequentemente ser observadas na periferia das células em proliferação Patologia SM III Daryane Raupp - UNISC - ATM 2026.2 B) ADENOSE ESCLEROSANTE Há um aumento no número de ácinos, que estão comprimidos e distorcidos na porção central da lesão. A Fibrose estromática pode comprimir completamente as luzes, criando um aspecto de cordões sólidos ou camada dupla de células repousando em um estroma denso, um padrão histológico que algumas vezes simula um carcinoma invasor. -Biópsia. Se for grande faz uma exérese cirúrgica. Pode causar confusão. -Dentro da lesão tem uma consistência �rme. -Síntese de colágeno no estroma -Dupla camada de células é sinal de benignidade. -Não é maligno nem displásico!! C) CICATRIZ RADIAL A lesão esclerosante radial (“cicatriz radial”), tem um formato irregular e pode simular um carcinoma invasivo, na mamogra�a, na macroscopia e na histologia. Patologia SM III Daryane Raupp - UNISC - ATM 2026.2 D) PAPILOMAS Os papilomas crescem dentro de um ducto dilatado e sãocompostos por múltiplas rami�cações com eixos �brovasculares - Se muito grandes, podem torcer e necrosar o pedículo, causando a descarga papilar (pode ser hemorrágica ou enegrecida pela degradação da hemoglobina) No papiloma focal - Faz um eixo, pode torcer os vasos -> hemorragia - Descarga ductal hemorrágica. - Pode formar um pedículo vascular - Hiperplasia envolve toda a circunferência do lóbulo/ducto. ➔ Doença Mamária Proliferativa com Atipia: É uma proliferação clonal que tem algumas, mas não todas, características histológicas necessárias para o diagnóstico do carcinoma in situ. Está associada com o aumento moderado do risco de carcinoma e inclui duas formas: hiperplasia ductal atípica e hiperplasia lobular atípica. A hiperplasia ductal atípica está presente em 5% a 17% dos espécimes de biópsias realizadas para investigação de calci�cações. A hiperplasia lobular atípica é um achado incidental encontrado em menos de 5% das biópsias. Atipias = célula cada vez mais diferente da normal; arquitetura das células se modi�cam (aumento de algum tipo de tecido). Achados de atipia: - Perda do estroma entre os ácinos; - Hiperplasia cribriforme - como se fosse um "chuveirinho", cheia de furos; - Pleomor�smo celular; - Hipercromasia celular; - Aumento no número de mitoses; – Mitoses anormais; - “Pontes romanas”; - Comedonecrose - centro da lesão necrose Patologia SM III Daryane Raupp - UNISC - ATM 2026.2 A) HIPERPLASIA DUCTAL ATÍPICA - Semelhança histológica com o carcinoma ductal “in situ”; - População celular monomór�ca (mas não completamente); - Localização celular regular; - Lúmen arredondado; - Presente em 17% das biópsias por microcalci�cações. Pode ter calci�cação, mas menos e menos agrupadas. Obs: microcalci�cação depende do grau de agrupamento -> podem existir microcalci�cações normais. Mais agrupadas -> se recomenda retirada. B) HIPERPLASIA LOBULAR ATÍPICA Semelhança histológica com o carcinoma lobular “in situ”; População celular idêntica à do LCIS; Não preenchem ou distendem mais de 50% dos ácinos. - Não há lúmen na maioria dos ácinos, muito parecida com o carcinoma lobular in situ. Prova: descrição da lesão. BI-RADS 4 -> pode encaminhar para mastologista. Telessaúde -> materiais -> protocolos -> mastologia.