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Parte Geral - Direitos da Personalidade (Direito Civil)

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É a característica essencial à pessoa e à sua dignidade.Parte Geral
Direitos da Personalidade
Maria Helena Diniz “direitos subjetivos da pessoa de defender o que lhe é próprio como, sua integridade física, intelectual e moral (honra e imagem)”. 
Regime jurídico geral
Os direitos da personalidade são:
Absolutos - oponíveis contra todos (“erga omnes”). Esses direitos geram deveres de abstenção por parte de cada um de nós, inclusive do Estado. 
↪enquanto num contrato há relatividade (só há efeito relativamente a cada contratante), o direito à imagem, por exemplo, gere efeitos em face de todos, tratando-se, assim, de um direito oponível de modo absoluto.
Intransmissíveis - não passíveis de cessão à esfera jurídica de outrem.
Titularidade do direito é que não pode ser transmitida. Exercício do direito pode ser transmitida.
↪ex., não se pode transmitir a um terceiro direito moral de que conste o nome do autor (ou um pseudónimo por ele criado) na obra de sua autoria. Mas é possível que se transfira a uma editora o direito de explorar economicamente a obra, reproduzindo-a e vendendo várias de seus exemplares.
	↪ Não se transferiu o direito como um todo, mas a parcela dos poderes que tem o seu titular.
Irrenunciáveis: não são passíveis de rejeição por parte de seu titular. Não se pode renegar direitos da personalidade.
Indisponíveis: não são passíveis de se abrir mão, de disposição. Os direitos da personalidade não podem ser transmitidos, objetos de renúncia ou objetos de abandono.
Ilimitados: abrangem interesses imanentes ao ser humano, ainda que não mencionados expressamente pela lei ou que não identificados pela ciência.
Imprescritíveis: não são passíveis de perda pelo decurso de tempo.
Impenhoráveis: não são passíveis de constrição judicial. Não posso penhorar um órgão de uma pessoa, nem o seu nome e direitos morais que têm em relação à obra que tiver criado. Mas é possível a penhora de frutos econômicos dos interesses protegidos pelos direitos da personalidade, ressalva a quantia correspondente ao necessário para a sobrevivência do autor(art. 833, IV; CPC)
Inexpropriáveis: não são passíveis de desapropriação.
Vitalícios:acompanha a pessoa até a sua morte.
Garantias
Violado ou ameaçado de ser violado um direito da personalidade, pode-se reclamar em juízo as seguintes sanções:
● cessação da ameaça ou da lesão ao direito;
● perdas e danos;
● demais sanções prevista em lei.
↪Se alguém verificar a existência de uma foto sua num outdoor com fins publicitários, sem a necessária autorização, poderá pedir a retirada do cartaz e uma indenização por danos materiais e morais porventura existentes.
↪Um autor que verificar ma reprodução indevida de sua obra também poderá pedir sua retirada da circulação, uma indenização por danos materiais e morais, além de poder ficar com os exemplares da obra reproduzida e de poder representar o ofensor na esfera criminal.
Lei permite um atuar repressivo (para cessar a lesão) e uma atitude preventiva (em caso de ameaça de lesão).
São partes legítimas para requerer a aplicação de tais sanções a própria pessoa lesada, por si ou por seu representante, e, caso já falecida, o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.
Regimes jurídicos especiais
● proteção do próprio corpo (arts. 13 a 15 CC);
Disposição do corpo em vida
Em regra não se pode dispor do corpo em duas situações:
a) Se isso importar em diminuição permanente da integridade física;
	↪diminuição permanente proíbe que alguém corte o próprio braço ou perna, uma vez que tais condutas são irreversíveis.
b) Se houver contrariedade aos bons costumes.
	↪contrariar bons costumes proíbe que alguém se machuque intencionalmente, mesmo que sem diminuição permanente de integridade física.
Por exceção estará autorizado em caso de:
a) exigência médica;
↪se amputar uma perna por motivo de doença ou se retira parte do intestino em virtude de câncer, ou até quando fizer uma cirurgia para a redução do estômago e mudança de sexo, a diminuição permanente estará autorizada.
b) Para fins de transplante.
↪L9.434/1997 essa Lei permite a disposição de tecidos (não se regula a disposição de sangue, esperma e óvulo), órgãos ou parte do corpo vivo, atendidos os seguintes requisitos do art. 9º desta lei.
Os bens jurídicos tutelados pelo dispositivos são a saúde humana e os bons costumes. Assim, não fere a lei a colocação de adereços (brincos, piercings). Cirurgias plásticas não afetam a saúde da pessoa, além de não contrariarem os bons costumes.
Disposição do corpo para depois da morte
Em regra é válida, com objetivo científico ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte.
↪objetivo científico é quando se deixa o corpo ou em partes do corpo para fins de estudos. Ex., para uma faculdade de medicina.
↪objetivo altruístico quando está a se preocupar com o bem-estar alheio, como quando se deixa elementos do corpo para fins de transplante em favor de quem precisa de um tecido (ex., córnea), de um órgão (ex., coração) ou de parte do corpo (ex., fígado).
A L 9.434/1997 permite a retirada post mortem de tecidos (não se regula a disposição de sangue, de esperma e de óvulo), órgãos ou partes do corpo humano, destinados a transplante ou tratamento, atendiddos os seguintes requisitos previsto nos arts. 3º a 8º da Lei.
Congelamento do corpo de alguém após a morte (criogenia). STJ diz “os direitos de personalidade, e entre eles o direito ao cadáver, se orientam pela lógica do Direito Privado, primando pela autonomia dos indivíduos, sempre que esta não violar o ordenamento jurídico. A escolha feita pelo particular de submeter seu cadáver ao procedimento de criogenia encontra proteção jurídica, na medida em que sua autonomia é protegida pela lei e não há vedação à escolha por esse procedimento. As razões de decidir do tribunal de origem estão embasadas na ausência de manifestação expressa de vontade do genitor das litigantes acerca de submissão de seu corpo ao procedimento de criogenia após a morte. Não há exigência de formalidade específica acerca da manifestação de ultima vontade do indivíduo.
Tratamento e intervenção cirúrgica
Em regra ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou intervenção cirúrgica.
Três princípios permeiam a regra em questão:
● princípio da informação: o paciente tem o direito de receber todas as informações relativas à sua situação, à possibilidade de tratamento e aos respectivos riscos.
● princípio da autonomia: o profissional deve respeitar a vontade do paciente ou de seu representante, se aquele for incapaz.
● princípio da beneficência: a atuação médica deve buscar o bem-estar do paciente, evitando, sempre que possível, danos e riscos.
O paciente tem o direito de recusa a tratamento arriscado.
Quando não for possível consultar o paciente, e havendo situação de iminentes riscos para sua vida, o tratamento ou a intervenção cirúrgica deverão ser realizados, não respondendo o médico por constrangimento ilegal. Em situações como essas, o médico age em verdadeiro estado de necessidade, que é uma excludente da ilicitude.
● proteção aos escritos, à palavra e à imagem (art. 20 CC);
Em regra a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ao a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa forma ou a respeitabilidade, ou se destinarem a fins comerciais.
Em exceções, se houver autorização da pessoa, ou se necessário à administração da justiça.
↪se lhe atingirem a honra, a boa forma ou a respeitabilidade proíbe que alguém tenha, por ex., veiculada sua imagem de uma maneira difamatória.
↪destinarem a fins comerciais proíbe, por ex., que alguém tenha publicada sua foto, em um informe publicitário ou em uma revista de “fofocas” sem sua autorização.
Garantias: a) proibir a exposição; b) reclamar indenização.
São três os interesses protegidos pelas regras:
● escritos (L9.610/1998; art.7º): protege “os textos de obras literárias, artísticas ou científicas e outros”.
● palavras (L. 9.610/1998; art.7º): protege “as conferências, alocuções, sermões e outras obras da mesma natureza”.
● imagem
↪imagem-retrato (art. 5º, X, CF): é o físico da pessoa. Consiste na reprodução gráfica da figura humana, podendo se referir a partes do corpo também, como a voz e as pernas. Ex., o retrato, o desenho.
↪imagem-atributo (art. 5º, X, CF): retrato pessoal. Consiste no conjunto de características sociais do indivíduo, ou de dada pessoa jurídica, que o identifica socialmente.
Vida privada
● proteção à vida privada (art. 21 CC).
● proteção ao nome (arts. 16 a 19 CC);

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