Buscar

Info 728 STF

Prévia do material em texto

www.dizerodireito.com.br 
P
ág
in
a1
 
INFORMATIVO esquematizado 
 
Informativo 728 – STF 
Márcio André Lopes Cavalcante 
 
Processos excluídos deste informativo esquematizado por não terem sido concluídos: HC 109193/MG; HC 
112776/MS. 
 
Julgados excluídos por terem menor relevância para concursos públicos ou por terem sido decididos com 
base em peculiaridades do caso concreto: AP 470 EDj; HC 107882/MG. 
 
 
ÍNDICE 
 
Direito Administrativo 
 Magistrado não pode receber quintos decorrentes de exercício de função comissionada em outro cargo 
público que exercia antes de ingressar na magistratura. 
 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
Magistrado não pode receber quintos decorrentes de exercício de função comissionada em 
outro cargo público que exercia antes de ingressar na magistratura 
 
É vedada a incorporação de quintos, aos vencimentos de magistrados, decorrente de exercício 
de função comissionada em cargo público, ocorrido em data anterior ao ingresso na 
magistratura. 
Comentários É vedada a incorporação de quintos, aos vencimentos de magistrados, decorrente de 
exercício de função comissionada em cargo público, ocorrido em data anterior ao ingresso 
na magistratura. 
Não há direito adquirido à incorporação da mencionada vantagem. Isso porque o STF possui 
jurisprudência pacífica no sentido de que não há direito adquirido a regime jurídico. 
 
Além disso, como a CF/88 veda a acumulação de cargos remunerados, não seria legítimo 
possuir, em um dos cargos, vantagem devida pelo exercício de outro. 
 
Se fosse permitido que o magistrado recebesse gratificação referente a outro cargo, estar-
se-ia permitindo a formação de um regime jurídico híbrido, de caráter pessoal e individual, 
em que a pessoa acumularia, em um dos cargos, vantagem própria e exclusiva de outro. 
 
P
ág
in
a1
 
Ana Leticia Stern
Realce
Ana Leticia Stern
Realce
 
INFORMATIVO esquematizado 
P
ág
in
a2
 
Assim, a garantia de preservação de direito adquirido não serve para sustentar a criação e o 
exercício de um direito de tertium genus, composto de vantagens de dois regimes 
diferentes, cujo exercício cumulativo não teria amparo na lei ou na Constituição. 
 
Desse modo, o STF concluiu pela inexistência de direito adquirido dos magistrados que 
figuravam como partes no processo de continuarem recebendo os quintos incorporados, 
após a mudança de regime jurídico. 
 
Vale ressaltar que o STF afirmou que deveriam ser preservados os valores já recebidos em 
respeito ao princípio da boa-fé. 
Processo STF. Plenário. RE 587371/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 14/11/2013 (repercussão geral) (Info 728). 
 
 
JULGADOS QUE NÃO FORAM COMENTADOS POR SEREM DE MENOR 
RELEVÂNCIA PARA CONCURSOS PÚBLICOS 
 
AP 470/MG: segundos embargos de declaração 
O Plenário acolheu, em parte, para fins de redimensionar a pena, segundos embargos de declaração 
opostos de decisão que condenara o embargante à pena de três anos e seis meses em regime semiaberto, 
pelo crime de lavagem de dinheiro. A defesa alegava omissão do Tribunal quanto à definição do regime 
inicial de cumprimento da pena e à possibilidade de substituição da pena privativa de liberdade por 
restritiva de direitos. Apontava, ainda, que as penas aplicadas ao embargante deveriam ser de mesmo 
patamar daquelas a que apenado o seu sócio e corréu. A Corte asseverou que, no julgamento dos primeiros 
embargos de declaração, prevalecera o entendimento de que a valoração desigual nas operações de 
lavagem de dinheiro realizadas por sócios de mesma empresa, sem que se verificasse no acórdão qualquer 
motivação plausível para essa divergência, imporia o realinhamento da pena aplicada ao embargante. 
Reconheceu que a conversão da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos não teria ficado clara 
no julgamento dos primeiros embargos. Definiu, assim, que a pena restritiva de direitos consistiria em 
prestação de serviços à comunidade na razão de uma hora de tarefas por dia e no pagamento de multa no 
valor de 300 salários mínimos. 
 
Na sequência, o Plenário, por maioria não conheceu de segundos embargos de declaração opostos por 
condenado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, por considerá-los procrastinatórios. 
Na espécie, o embargante requeria a revisão da pena. A defesa alegava que o réu teria situação similar à de 
outro ex-assessor parlamentar, cuja pena fora reduzida. Pleiteava que ao réu fosse aplicada a mesma 
fração de aumento pela continuidade delitiva imposta a outro corréu e parlamentar, diminuindo-se, por 
conseguinte, a penalidade. O Tribunal afirmou não serem compatíveis os crimes praticados pelo 
embargante e o paradigma por ele indicado. Frisou que o recurso estaria a reiterar argumentos de mérito 
já analisados pelo STF. Concluiu pela inadmissibilidade dos embargos porque não ocorrentes os respectivos 
pressupostos de embargabilidade. Vencidos os Ministros Teori Zavascki, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski 
e Marco Aurélio, que acolhiam os embargos para reconhecer a continuidade delitiva na fração de 1/3. 
Destacavam que outro corréu fora condenado em 41 operações de lavagem de dinheiro e a reprimenda 
fora aumentada, pela continuidade delitiva, em 1/3. Aduziam, por outro lado, que, embora o embargante 
tivesse sido condenado em 40 operações, a ele fora aplicado o acréscimo de 2/3. 
 
Em seguida, o Plenário, por maioria, não conheceu de segundos embargos de declaração opostos por 
condenado pelos crimes de corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro. O embargante sustentava a 
nulidade do acórdão embargado, porque teria afrontado os artigos 76 e 77 do CPP. Defendia, ainda, que 
teria havido omissão e obscuridade no julgado, que não enfrentara a alegação de existência de coautoria 
entre quatro empregados da instituição financeira federal para a qual trabalhava. Segundo o embargante, 
eles teriam assinado notas técnicas que deram origem e fundamento para a sua condenação. Em 
 
INFORMATIVO esquematizado 
P
ág
in
a3
 
consequência, entendia que os autos deveriam ser desmembrados. O Tribunal reportou-se à insistência do 
embargante em temas que teriam sido objeto de apreciação e julgamento em várias ocasiões. Assentou 
que o acórdão embargado afastara a arguição de nulidade por afronta aos artigos 76 e 77 do CPP. De igual 
forma, consignou não haver omissão na tese de ausência de indicação de qual item de regulamento de 
fundo de cartão de crédito teria sido violado. Reconheceu, ainda, que os presentes embargos seriam mera 
reiteração de fundamentos afastados nos primeiros embargos de declaração, utilizados para impedir o 
trânsito em julgado da condenação. Vencido, em parte, o Ministro Marco Aurélio, que não admitia a 
execução imediata da pena. Aduzia que o embargante deveria aguardar a publicação do acórdão. 
 
Ato contínuo, o Plenário não conheceu dos segundos embargos de declaração opostos por ex-parlamentar 
condenado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O embargante alegava a necessidade 
de se ampliar o objeto do recurso, porque se trataria de julgamento em instância única. Sustentava, ainda, 
que a decisão embargada estaria em confronto com o teor da denúncia e com o princípio da correlação. 
Entendia que haveria contradição na incidência da Lei 10.763/2002, a refletir na dosimetria de sua pena por 
corrupção passiva. Arguia, ainda, omissão no acórdão embargado quanto à regra aplicável ao concurso de 
crimes, porque deveria ser adotado concurso formal. O Tribunal destacou que o embargante intentaria 
rediscutir o julgado. Salientou que não haveria contradição, omissão ou obscuridade. Asseverou que, no 
julgamento dos primeiros embargos de declaração, a Corte teria exaustivamente examinado as temáticas 
apresentadas, que teriam sido afastadas pelos seus integrantes. Apontou estar caracterizada mera 
reiteração de fundamentos afastados nos primeiros embargos e utilizados para impedir o trânsito em 
julgado da condenação. Por fim, por maioria, o Colegiado reconheceu o caráterprotelatório do recurso, 
vencidos, neste ponto, os Ministros Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio. 
 
O Tribunal rejeitou, ainda, segundos embargos de declaração opostos por parlamentar condenado pelo 
crime de corrupção passiva. O embargante sustentava que teria havido contradição e omissão no acórdão 
embargado, porque inexistente prova quanto à data da consumação do delito, se posterior ou anterior à 
Lei 10.763/2003. Requeria a aplicação do princípio in dubio pro reo, para que se procedesse a nova 
dosimetria da pena. A Corte destacou já haver conclusão fundamentada no sentido de que os crimes 
praticados pelo embargante teriam ocorrido em 20.11.2003, após a entrada em vigor da nova lei. Explicitou 
que o embargante não tratara desse tema nos primeiros embargos de declaração. Por maioria, o Colegiado 
reconheceu o caráter protelatório desses embargos, vencidos, neste ponto, os Ministros Ricardo 
Lewandowski e Marco Aurélio. 
 
O Plenário, por maioria, não conheceu de embargos de declaração em que requerido o perdão judicial com 
a aplicação da redução de 2/3 da reprimenda, bem como a conversão da pena privativa de liberdade em 
restritiva de direito ou o cumprimento de pena em prisão domiciliar em razão da fragilidade do estado de 
saúde do embargante. Em relação ao pedido de prisão domiciliar, o Tribunal entendeu que o pleito não 
guardaria pertinência com o acórdão embargado, mas que poderia ser apreciado na fase de execução da 
pena. Vencido o Ministro Marco Aurélio, que admitia os embargos relativamente a essa questão e aplicava 
o que disposto no inciso II do art. 117 da Lei de Execução Penal - LEP para fixar, desde já, o regime 
domiciliar ao embargante. Quanto às demais questões, o Colegiado reputou que a matéria teria sido 
exaustivamente debatida no acórdão embargado. Declarou, além disso, o caráter procrastinatório do 
recurso. Vencidos, neste ponto, os Ministros Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio. Em seguida, a Corte 
não conheceu de embargos de declaração em que apontada contradição entre a condenação do 
embargante e a absolvição de outro réu. Consignou que o tema já teria sido rechaçado pelo aresto 
embargado. Destacou o caráter meramente protelatório do recurso. Vencidos, neste ponto, os Ministros 
Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio. 
 
Na sequência, o Plenário não conheceu de embargos de declaração em que alegada omissão por falta de 
apreciação de erro material na fixação da pena-base. O embargante aduzia que esta deveria ter sido 
estabelecida em dois anos e não de dois anos e seis meses. Pleiteava, também, o reconhecimento do 
direito à atenuante de confissão espontânea. O Tribunal sublinhou que as arguições teriam sido 
 
INFORMATIVO esquematizado 
P
ág
in
a4
 
enfrentadas no acórdão dos primeiros embargos de declaração, motivo pelo qual reconheceu o caráter 
meramente procrastinatório do recurso. Vencidos, neste ponto, os Ministros Ricardo Lewandowski e Marco 
Aurélio. De igual modo, a Corte não conheceu de embargos de declaração em que se reiterava a assertiva 
de ofensa ao princípio da proporcionalidade na aplicação da pena imposta ao embargante, quando 
comparada às de outros condenados. Enfatizou que a matéria já fora analisada no julgamento dos 
primeiros embargos de declaração. Reconheceu-se o caráter meramente protelatório do recurso. Vencidos, 
neste ponto, os Ministros Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio. Por fim, o Plenário acolheu embargos de 
declaração para sanar contradição entre a parte dispositiva do acórdão e a respectiva ementa no que tange 
ao valor desviado em crime de peculato. Ressaltou que a correção do valor seria importante para efeito de 
progressão de regime, consoante o disposto no art. 33, § 4º, do CP. 
 
O Plenário, por decisão majoritária, rejeitou questão de ordem suscitada da tribuna, segundo a qual deveria 
ser aberta vista à defesa para que se manifestasse acerca de pedido formulado pelo Ministério Público. O 
Parquet requeria que, em relação às condenações que não teriam sido objeto de embargos infringentes, 
fosse iniciado o cumprimento imediato da pena imposta. O Ministro Joaquim Barbosa, Presidente e relator, 
afirmou que, muito embora a petição tivesse sido juntada aos autos na véspera do julgamento, não seria 
levada em conta para a decisão na matéria, haja vista que seu voto a respeito já estaria pronto e 
fundamentado desde data anterior. Além disso, aduziu que a análise do tema prescindiria de manifestação 
das partes, visto que a execução da pena seria consequência natural do trânsito em julgado da condenação. 
Acresceu que a questão poderia, inclusive, ser solucionada monocraticamente, de ofício (LEP, art. 105), mas 
que optara por submetê-la ao Plenário (RISTF, art. 21, III). O Ministro Roberto Barroso invocou, ainda, o art. 
675 do CPP. Vencidos os Ministros Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio. Consideravam que o pleito 
trataria de matéria inédita na Corte, a respeito da decretação parcial de trânsito em julgado de condenação 
criminal, decorrente da admissibilidade de embargos infringentes. Ressaltavam que o contraditório e a 
ampla defesa deveriam ser observados. 
 
Em seguida, o Plenário resolveu questão de ordem trazida pelo relator para: a) por unanimindade, decretar 
o trânsito em julgado e determinar a executoriedade imediata dos capítulos autônomos do acórdão 
condenatório, não impugnados por embargos infringentes, considerados os estritos limites do recurso; b) 
por maioria, excluir da execução imediata do acórdão as condenações já impugnadas por meio de 
embargos infringentes, considerados os estritos limites de cada recurso, por ainda pender o respectivo 
exame de admissibilidade; c) por maioria, observados os pressupostos anteriormente citados, admitir o 
trânsito em julgado e a execução imediata da pena em relação aos réus cujos segundos embargos 
declaratórios já teriam sido julgados nesta sessão. No tocante ao trânsito em julgado parcial do acórdão, à 
luz dos capítulos autônomos nele existentes, prevaleceu o voto do Ministro Joaquim Barbosa. O relator 
consignou que se teria operado o trânsito em julgado integral relativamente às penas impostas a alguns 
réus. Salientou, ainda, caso em que, apesar da existência de quatro votos em favor de determinado crime 
praticado por um dos acusados, não lhe teria sido imposta sanção penal, tendo em vista a extinção da 
pretensão punitiva, alcançada pela prescrição da pena em concreto. Desse modo, em relação aos demais 
crimes perpetrados por esse réu, também impor-se-ia a execução do acórdão. Registrou, ademais, outras 
situações em que caberia a oposição de embargos infringentes no tocante a certos crimes praticados por 
alguns réus, motivo pelo qual ainda não ocorrido o trânsito em julgado. Entretanto, no que se refere aos 
demais delitos perpetrados pelos mesmos acusados, a condenação respectiva teria transitado em julgado. 
Determinou, como consequência: a) fosse certificado o trânsito em julgado — integral ou parcial, conforme 
o caso — do acórdão condenatório, independentemente de sua publicação, feitas as ressalvas 
anteriormente citadas; b) fossem lançados os nomes dos réus no rol dos culpados; c) fossem expedidos 
mandados de prisão, para fins de cumprimento da pena privativa de liberdade, no regime inicial legalmente 
correspondente ao quantum da pena transitada em julgado, nos termos do art. 33, § 2º, do CP. Destacou, 
ainda, que esse aspecto implicaria vantagem para os acusados, pois significaria o início do cumprimento de 
pena em regime mais brando do que o cominado às condenações integrais. Assim, decotadas as 
condenações passíveis de embargos infringentes, a pena seria cumprida em regime mais favorável do que o 
eventualmente imposto se fosse aguardado o julgamento dos infringentes; d) fossem informados o TSE e o 
 
INFORMATIVO esquematizado 
P
ág
in
a5
 
Congresso Nacional, para os fins do art. 15, III, da CF; e) fosse delegada competência ao Juízo de Execuções 
Penais do Distrito Federal (LEP, art. 65) para a prática dos atos executórios,excluída a apreciação de 
eventuais pedidos de reconhecimento do direito ao indulto, à anistia, à graça, ao livramento condicional ou 
questões referentes à mudança de regime de cumprimento de pena, que deveriam ser dirigidos 
diretamente ao STF, assim como outros pleitos de natureza excepcional. 
 
O Ministro Roberto Barroso considerou que o longo julgamento que ocorrera, seguido da apreciação de 
dois embargos de declaração, tornariam legítima a certificação do trânsito em julgado para o exercício da 
pretensão executória. Acresceu que mesmo os réus que tivessem apresentado embargos infringentes 
deveriam iniciar o cumprimento da pena referente a condenações insuscetíveis de rediscussão naquela via. 
Aduziu que, na existência de condenações definitivas, não haveria fundamento legítimo que justificasse o 
retardamento da execução. Sublinhou que o início imediato do cumprimento da pena em regime 
semiaberto, por exemplo, pendente o julgamento dos embargos infringentes, poderia significar o cômputo 
do tempo já cumprido para fins de posterior progressão de regime. Isso poderia significar menor tempo em 
regime fechado. O Ministro Teori Zavascki destacou o art. 119 do CP. Analisou que, se a prescrição da 
pretensão executória se verificaria em relação à pena de cada um dos crimes, isso ocorreria porque o 
trânsito em julgado também se operaria pelo mesmo critério. Do contrário, poderia ocorrer absurda 
hipótese em que existente a prescrição da pretensão executória antes mesmo da pretensão executória 
ocorrer. A Ministra Rosa Weber salientou o Enunciado 100 da Súmula do TST (“Havendo recurso parcial no 
processo principal, o trânsito em julgado dá-se em momentos e em tribunais diferentes, contando-se o 
prazo decadencial para a ação rescisória do trânsito em julgado de cada decisão, salvo se o recurso tratar 
de preliminar ou prejudicial que possa tornar insubsistente a decisão recorrida, hipótese em que flui a 
decadência a partir do trânsito em julgado da decisão que julgar o recurso parcial”). O Ministro Luiz Fux 
aduziu que as decisões de mérito fariam coisa julgada na medida em que ficassem ao desabrigo dos 
recursos. O Ministro Dias Toffoli citou o Enunciado 31 da Súmula da AGU (“É cabível a expedição de 
precatório referente a parcela incontroversa, em sede de execução ajuizada em face da Fazenda Pública”), 
no sentido de ser possível, em relação à parte incontroversa, iniciar-se a execução imediata da condenação. 
 
O Ministro Ricardo Lewandowski, embora admitisse o trânsito em julgado por capítulos, nos termos em 
que já delineado, especialmente à luz do art. 119 do CP, ponderou não se poder invocar princípios de 
natureza cível ou trabalhista, atinentes ao trânsito em julgado parcial de condenação, para que fossem 
aplicados no campo penal, no qual em jogo a liberdade do cidadão. O Ministro Marco Aurélio acresceu que 
o órgão acusador poderia ter ajuizado tantas ações penais quantos os acusados e os crimes praticados, mas 
que teria optado pela cumulação objetiva e subjetiva. Assim, a existência de várias ações em um mesmo 
processo seria ficção jurídica e evidenciaria que o acórdão seria dividido em capítulos autônomos. O 
Ministro Celso de Mello ponderou que, nas situações em que houvesse cúmulo material de pedidos ou 
formação litisconsorcial passiva, seria possível divisar-se a existência de vários capítulos de conteúdo 
sentencial, a impor o reconhecimento da possibilidade de existir, também no âmbito penal, a formação 
progressiva da coisa julgada. Nesse sentido, a sentença ou acórdão poderia apresentar capítulos estáveis, 
que não mais admitiriam a possibilidade de impugnação recursal. Considerou que cada capítulo, portanto, 
seria dotado de eficácia executiva própria. Asseverou não se cuidar de execução provisória, mas definitiva. 
Analisou que o STF reconheceria a suspensibilidade dos embargos infringentes apenas quando atacassem a 
totalidade do acórdão majoritário, mas não quando essa decisão fosse composta por capítulos sentenciais 
autônomos. 
 
No que diz respeito à exclusão das condenações já impugnadas por meio de embargos infringentes, quanto 
ao trânsito em julgado e à exequibilidade imediata, prevaleceu o voto do Ministro Teori Zavascki. Ressalvou 
que, relativamente aos réus que tivessem interposto embargos infringentes, e naquilo que fosse objeto 
desses embargos, não se poderia considerar ter havido trânsito em julgado. Nesse sentido, o eventual 
cabimento dos infringentes seria juízo próprio a ser dirimido quando do julgamento daquele recurso, 
observado o devido processo legal. O Ministro Celso de Mello salientou que o respeito aos ritos legais 
quanto à admissibilidade desse recurso deveria ser observado, tendo em conta o devido processo legal, 
 
INFORMATIVO esquematizado 
P
ág
in
a6
 
sem que isso implicasse mero formalismo. Vencidos, no ponto, os Ministros Relator, Roberto Barroso, Dias 
Toffoli, Luiz Fux e Gilmar Mendes. Assinalavam que alguns embargantes não possuiriam, em seu favor, 
quatro votos absolutórios, nos termos do art. 333 do RISTF. Registravam que esse requisito teria sido 
expressamente considerado pelo Plenário como essencial à admissibilidade dos embargos infringentes, de 
modo que não se poderia beneficiar — com a não decretação do trânsito em julgado — os recorrentes que, 
conhecedores dessa regra, teriam ainda assim embargado, por um lado, e prejudicar, por outro, aqueles 
que teriam respeitado o critério da Corte e deixado de recorrer. 
 
No que se refere à admissão do trânsito em julgado e a execução imediata da pena em relação aos réus 
cujos segundos embargos declaratórios já teriam sido julgados nesta sessão, os Ministros Ricardo 
Lewandowski e Marco Aurélio ficaram vencidos. Entendiam que existiria a possibilidade de interposição de 
embargos infringentes quanto a embargos declaratórios que contassem com quatro votos, no mínimo, 
favoráveis ao acusado. Salientavam não haver distinção no tocante à adequação dos embargos 
infringentes, se cabíveis para questionar apenas matéria de fundo ou se também para enfrentar 
pressuposto de recorribilidade, como na hipótese. Assentavam que tampouco seria admissível a execução 
do título condenatório, pois a culpa não estaria selada. 
AP 470 Décima Primeira-QO/MG, rel. Min. Joaquim Barbosa, 13.11.2013. 
 
Ausência de inclusão do feito na pauta de audiência e nulidade 
Em conclusão de julgamento, a 1ª Turma, por maioria, declarou extinto habeas corpus pela inadequação da 
via processual eleita — v. Informativo 669. O Ministro Luiz Fux, relator, tendo em vista a alteração da 
jurisprudência, retificou seu voto para acompanhar o voto-vista do Ministro Dias Toffoli, no sentido da 
extinção do writ. A defesa discutia, na espécie, a obrigatoriedade de se afixar cópia da pauta de julgamento 
no saguão do fórum. No caso, o advogado do paciente fora intimado pessoalmente da data de audiência de 
instrução e julgamento, porém, ante sua ausência no dia acordado, o magistrado nomeara defensor dativo. 
A Turma asseverou que o habeas fora ajuizado como substitutivo de recurso ordinário constitucional (CF, 
art. 102, II, a), o que esbarraria na atual jurisprudência. Vencido o Ministro Marco Aurélio, que concedia a 
ordem. Destacava que, nos termos da Constituição, o advogado seria indispensável à administração da 
justiça. 
HC 107882/MG, rel. Min. Luiz Fux, 12.11.2013. 
 
 
Aplicação retroativa da Lei 12.015/2009 e juízo da execução 
Cabe ao juízo da execução criminal avaliar a aplicação retroativa da Lei 12.015/2009 — norma considerada 
mais benéfica — em favor de condenados pela prática dos crimes de atentado violento ao pudor e estupro, 
em concurso material. Com base nesse entendimento, a 2ª Turma não conheceu, por maioria, da 
impetração, mas concedeu a ordem de ofício para determinar que o juiz da execução aprecie as condutas 
criminosas praticadas pelo paciente e, se for o caso, proceda ao redimensionamento das penas. 
Preliminarmente, consignou-se que seria incabível impetração de habeas corpusem face de decisão 
monocrática de Ministro do STJ, sendo indispensável a interposição de agravo regimental. Vencidos os 
Ministros Gilmar Mendes e Celso de Mello. Pontuavam que o recurso de agravo seria voluntário e não 
necessário. Portanto, a parte poderia perfeitamente abster-se de interpô-lo. Além disso, afirmavam que o 
relator no STJ, ao proferir a decisão monocrática, com apoio no art. 38 da Lei 8.038/90, pronunciar-se-ia em 
nome do Tribunal. Aludiam que não haveria, em relação ao habeas corpus, o mesmo tratamento dado ao 
recurso extraordinário, que imporia o exaurimento da via recursal ordinária. Assinalavam que essa 
exigência restringiria o direito de liberdade. 
HC 117640/SP, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 12.11.2013. 
 
 
 
 
 
INFORMATIVO esquematizado 
P
ág
in
a7
 
OUTRAS INFORMAÇÕES QUE CONSTAM NO INFORMATIVO ORIGINAL 
 
R E P E R C U S S Ã O G E R A L 
DJe 11 a 15 de novembro de 2013 
 
REPERCUSSÃO GERAL EM RE N. 756.915-RS 
RELATOR: MIN. GILMAR MENDES 
Tributário. 2. Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN). Incidência sobre serviços de registros públicos, cartorários e notariais. 
Constitucionalidade. 3. Imunidade recíproca. Inaplicabilidade. 4. Constitucionalidade da lei municipal. 5. Repercussão geral reconhecida. Recurso 
provido. Reafirmação de jurisprudência. 
 
 
Decisões Publicadas: 1 
 
C L I P P I N G D O D JE 
11 a 15 de novembro de 2013 
 
EMB. DECL. NO RE N. 208.260-RS 
RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO 
EMBARGOS DECLARATÓRIOS – CONTRADIÇÃO. Surgindo do acórdão proferido, ante a adoção do que proclamado na data do julgamento do 
recurso e os votos que formaram na corrente majoritária, contradição, impõe-se o provimento dos declaratórios. 
*noticiado no Informativo 710 
 
AG. REG. NO ARE N. 768.267-AL 
RELATORA: MIN. CÁRMEN LÚCIA 
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. 
CANDIDATO APROVADO FORA DO NÚMERO DE VAGAS E NÃO NOMEADO. INEXISTÊNCIA DE CARGO EFETIVO VAGO. 
CONTRATAÇÃO DE TEMPORÁRIO. AUSÊNCIA DE PRETERIÇÃO. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. 
 
HC N. 117.837-SP 
RELATORA: MIN. CÁRMEN LÚCIA 
EMENTA: HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. PENAL. PROCESSUAL PENAL. CRIMES DE HOMICÍDIO QUALIFICADO, 
FORMAÇÃO DE QUADRILHA, PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO E COAÇÃO NO CURSO DO PROCESSO. 
REVOGAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA. QUESTÃO NÃO SUSCITADA NAS INSTÂNCIAS ANTECEDENTES. INDEVIDA SUPRESSÃO 
DE INSTÂNCIA: IMPOSSIBILIDADE. ALEGAÇÃO DE OFENSA À COISA JULGADA. HABEAS CORPUS CONHECIDO PARCIALMENTE 
E, NESSA PARTE, DENEGADO. 
1. O Supremo Tribunal Federal não admite o conhecimento de habeas corpus com argumentos inéditos, não apresentados nas instâncias antecedentes. 
Ausência de ilegalidade apta a provocar, no caso, a supressão de instância. 
2. Ao acolher alegação da existência de vício na quesitação, e determinar a realização de novo julgamento do Paciente pelo Tribunal do Júri, o 
Tribunal de Justiça de São Paulo não apreciou, por prejudicada, a outra tese deduzida no recurso de apelação interposto pelo Ministério Público 
relativa à manifesta contrariedade da decisão recorrida à prova dos autos. 
3. Afastado o reconhecimento da nulidade na quesitação pela Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça no Habeas Corpus n. 206.008, hígida a 
determinação de que aprecie o juízo de 2ª instância a outra tese deduzida no recurso do Ministério Público, daí não se inferindo ofensa à coisa julgada. 
4. Habeas corpus conhecido parcialmente e, nessa parte, denegado. 
 
RHC N. 118.367-RR 
RELATORA: MIN. ROSA WEBER 
EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. ESTELIONATO. DOSIMETRIA. CIRCUNSTÂNCIAS E MOTIVOS DO CRIME. 
BIS IN IDEM NÃO CONFIGURADO. 
1. A dosimetria da pena é matéria sujeita a certa discricionariedade judicial. O Código Penal não estabelece rígidos esquemas matemáticos ou regras 
absolutamente objetivas para a fixação da pena. Cabe às instâncias ordinárias, mais próximas dos fatos e das provas, fixar as penas. Às Cortes 
Superiores, no exame da dosimetria das penas em grau recursal, compete o controle da legalidade e da constitucionalidade dos critérios empregados, 
bem como a correção de eventuais discrepâncias, se gritantes ou arbitrárias, nas frações de aumento ou diminuição adotadas pelas instâncias 
anteriores. 
2. A ocorrência de vetoriais negativas do art. 59 do Código Penal autoriza a elevação da pena acima do mínimo legal. 
3. Inexistência de bis in idem. 
4. Recurso ordinário em habeas corpus a que se nega provimento. 
 
RHC N. 119.607-PB 
RELATOR: MIN. LUIZ FUX 
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO. 
TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. EXCEPCIONALIDADE. INÉPCIA DA DENÚNCIA. INOCORRÊNCIA. RECURSO ORDINÁRIO 
EM HABEAS CORPUS A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 
1. O trancamento da ação penal por meio de habeas corpus é medida excepcional, somente admissível quando transparecer dos autos, de forma 
inequívoca, a inocência do acusado, a atipicidade da conduta ou a extinção da punibilidade. Precedentes: HC 101754, Segunda Turma, Relatora a 
Ministra Ellen Gracie, DJ de 24.06.10; HC 92959, Primeira Turma, Relator o Ministro Carlos Britto, DJ de 11.02.10. 
2. “A denúncia que contém condição efetiva que autorize o denunciado a proferir adequadamente a defesa não configura indicação genérica capaz 
de manchá-la com a inépcia” (HC 94.272, Primeira Turma, Relator o Ministro Menezes de Direito, DJe de 27.03.09). No mesmo sentido: HC 
 
INFORMATIVO esquematizado 
P
ág
in
a8
 
101.066, Segunda Turma, Relator o Ministro Ayres Britto, DJe de 02.05.12; HC 96.608, Primeira Turma, Relator o Ministro Dias Toffoli, DJe de 
04.12.09; HC 94.160, Primeira Turma, Relator o Ministro Menezes Direito, DJe de 22.08.08; HC 89.433, Segunda Turma, Relator o Ministro 
Joaquim Barbosa, DJ de 06.11.06. 
3. In casu, narra a denúncia que “os denunciados, agindo livre e consciente, em comunhão de ações e desígnios, utilizando-se de arma de fogo, 
efetuaram vários disparos contra a vítima, Sr. Cícero Gomes de Almeida, conhecido por ‘Moinho’, causando-lhe a morte, conforme dispõe a perícia 
tanatoscópica de fls. 65. Conforme revelação evidente dos autos, a vítima Sr. Cícero, taxista, estava trabalhando na Praça Marcos Freire, Ponte dos 
Carvalhos, nesta cidade, quando foi solicitado pro dois indivíduos desconhecidos para conduzi-los com o destino ao Cabo. Porém, ao chegar nas 
imediações do Mac. Petróleo, neste município, houve um tiroteio entre os dois indivíduos que estavam no interior do veículo da vítima e policiais. 
Após tal acontecimento, a vítima segundo informações, foi executada pelos denunciados, quando encontrava-se embaixo de uma carreta para 
proteger-se, chegando a pedir que não a matassem, alegando que não era assaltante, mas não adiantou, pois os acusados efetuaram vários disparos 
de arma de fogo em sua direção. Mesmo diante da gravidade dos ferimentos, a vítima ainda chegou a ser socorrida para o Hospital Mendo Sampaio, 
nesta Cidade, onde falecera”. 
4. O erro quanto à pessoa não isenta o réu de pena (art. 20, § 3º, do Código Penal). 
5. Destarte, a peça acusatória descreve satisfatoriamente a conduta praticada pelo recorrente, de modo a permitir o exercício do direito ao 
contraditório e à ampla defesa. Por conseguinte, não há falar em inépcia da denúncia. 
6. Recurso ordinário em habeas corpus a que se nega provimento. 
 
AG. REG. NO AI N. 816.525-SC 
RELATOR: MIN. GILMAR MENDES 
Agravo regimental em agravo de instrumento. 2. Previdenciário. 3. Ex-combatente. Pensão especial. Benefício previdenciário. 4. Cumulação. 
Possibilidade. 5. Art. 53, II, do ADCT. 5. Agravo regimental a que se nega provimento. 
 
HC N. 113.945-SP 
RELATOR: MIN. TEORI ZAVASCKI 
EMENTA: HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL PENAL. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. LIBERDADE PROVISÓRIA. 
VEDAÇÃO DO ART. 44 DA LEI DE DROGA. INCONSTITUCIONALIDADE. PRECEDENTE DO PLENÁRIO. PRISÃO PREVENTIVA. 
GRAVIDADE ABSTRATADO DELITO. FUNDAMENTO INSUFICIENTE. PRECEDENTES. NATUREZA E QUANTIDADE DA DROGA 
APREENDIDA. FUNDAMENTO INIDÔNEO. INVIABILIDADE DE REFORÇO DA FUNDAMENTAÇÃO PELAS INSTÂNCIAS 
SUPERIORES. ORDEM CONCEDIDA. 
1. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, no HC 104.339/SP (Min. GILMAR MENDES, DJe de 06.12.2012), em evolução jurisprudencial, 
declarou a inconstitucionalidade da vedação à liberdade provisória prevista no art. 44 da Lei 11.343/2006. Entendeu-se que (a) a mera 
inafiançabilidade do delito (CF, art. 5º, XLIII) não impede a concessão da liberdade provisória; (b) sua vedação apriorística é incompatível com os 
princípios constitucionais da presunção de inocência e do devido processo legal, bem assim com o mandamento constitucional que exige a 
fundamentação para todo e qualquer tipo de prisão. 
2. A gravidade abstrata do delito de tráfico de entorpecentes não constitui fundamento idôneo para a decretação da custódia cautelar. Precedentes. 
3. Não cabe às instâncias superiores, em sede de habeas corpus, adicionar novos fundamentos à decisão de primeiro grau, visando a suprir eventual 
vício de fundamentação. Precedentes. 
4. Ordem concedida. 
 
HC N. 115.797-SP 
RELATOR MIN. LUIZ FUX 
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS PACIENTE SOB CUSTÓDIA DO ESTADO. TRANSFERÊNCIA PARA 
OUTRO ESTABELECIMENTO PRISIONAL. MATÉRIA NÃO APRECIADA PELAS INSTÂNCIAS PRECEDENTES. SUPRESSÃO DE 
INSTÂNCIA. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE ELEMENTOS NOS AUTOS QUE PERMITAM CONCLUIR QUE O PACIENTE 
FAZ JUS À TRANSFERÊNCIA. ANÁLISE DE FATOS E PROVAS. VEDAÇÃO. ORDEM DENEGADA. 
1. “A ressocialização do preso e a proximidade da família devem ser prestigiadas sempre que ausentes elementos concretos e objetivos 
ameaçadores da segurança pública” - Sem grifos no original (HC 100.087, Segunda Turma, Relatora a Ministra Ellen Gracie, DJe de 09.04.10). No 
mesmo sentido: HC 101.540, Segunda Turma, Relator o Ministro Ayres Britto, DJe de 18.02.11; HC 89597, Segunda Turma, Relator o Ministro 
Joaquim Barbosa, DJ de 15.12.06). 
2. In casu, a deficiência na instrução do habeas corpus e a ausência da apreciação da matéria pelas instâncias precedentes não permitem concluir que 
o paciente faça jus ao cumprimento da pena privativa de liberdade na cidade de São Paulo/SP. Isto porque não consta dos autos o tipo penal que 
embasou a condenação, a descrição do fato criminoso praticado, a localidade onde o fato foi cometido, o quantum da pena imposta, nem qualquer 
consideração a cerca das condições pessoais do condenado. Ademais, não consta, ainda, qualquer documento que comprove que a família do paciente, 
de fato, reside na cidade de São Paulo/SP. 
3. Acrescente-se ainda que verificar a existência, ou não, de elementos concretos que inviabilizariam o cumprimento da pena na cidade de São Paulo, 
demandaria o revolvimento do conjunto fático-probatório, inviável na via do habeas corpus. 
4. A supressão de instância impede que sejam conhecidas, em sede de habeas corpus, matérias não apreciadas pelo Tribunal de origem. Precedentes: 
HC 100.616, Segunda Turma, Relator o Ministro Joaquim Barbosa, DJ de 14.03.11, e HC 103.835, Primeira Turma, Relator o Ministro Ricardo 
Lewandowski, DJ de 8/2/201. 
5. In casu, a matéria trazida ao crivo desta Corte não foi, a rigor, analisada por nenhuma das instâncias precedentes. Isso porque o habeas corpus 
impetrado no Superior Tribunal de Justiça não foi conhecido sob o fundamento de que a questão nele deduzida “não foi dirimida pelo Tribunal de 
Justiça impetrado, que limitou-se a não conhecer da ordem originária por entender que o pedido deveria ser antes formulado perante o Juízo da 
Vara das Execuções Criminais respectivo”. A decisão foi mantida pelo colegiado do STJ em sede de agravo regimental. 
6. Ordem denegada. 
 
HC N. 118.322-MS 
RELATOR: MIN. LUIZ FUX 
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. CRIME DE VIOLAÇÃO DE DIREITOS AUTORAIS (ART. 184, § 2º, 
DO CP). VENDA DE CD’S E DVD’S “PIRATAS”. PACIENTES ABSOLVIDOS COM RESPALDO NO ART. 397, III, DO CP. DECISÃO 
MONOCRÁTICA DE RELATOR DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA QUE DEU PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL DA 
ACUSAÇÃO A FIM DE DETERMINAR O PROSSEGUIMENTO DA AÇÃO PENAL. REVOLVIMENTO DE FATOS E PROVAS NA 
VIA EXTRAORDINÁRIA. INOCORRÊNCIA. OFENSA AO PRINCÍPIO DA COLEGIALIDADE. INEXISTÊNCIA. ALEGAÇÃO DE 
ATIPICIDADE DA CONDUTA POR FORÇA DOS PRINCÍPIOS DA INSIGNIFICÂNCIA E DA ADEQUAÇÃO SOCIAL. 
IMPROCEDÊNCIA DA TESE DEFENSIVA. NORMA INCRIMINADORA EM PLENA VIGÊNCIA. ORDEM DENEGADA. 
1. Os princípios da insignificância penal e da adequação social reclamam aplicação criteriosa, a fim de evitar que sua adoção indiscriminada acabe por 
incentivar a prática de delitos patrimoniais, fragilizando a tutela penal de bens jurídicos relevantes para vida em sociedade. 
2. O impacto econômico da violação ao direito autoral mede-se pelo valor que os detentores das obras deixam de receber ao sofrer com a “pirataria”, e 
não pelo montante que os falsificadores obtêm com a sua atuação imoral e ilegal. 
 
INFORMATIVO esquematizado 
P
ág
in
a9
 
3. A prática da contrafação não pode ser considerada socialmente tolerável haja vista os enormes prejuízos causados à indústria fonográfica nacional, 
aos comerciantes regularmente estabelecidos e ao Fisco pela burla do pagamento de impostos. 
4. In casu, a conduta dos pacientes amolda-se perfeitamente ao tipo de injusto previsto no art. 184, §2º, do Código Penal, uma vez foram identificados 
comercializando mercadoria pirateada (CD’s e DVD’s de diversos artistas, cujas obras haviam sido reproduzidas em desconformidade com a 
legislação). 
5. O exame da prova distingue-se do critério de valoração da prova. O primeiro versa sobre mera questão de fato; o segundo, ao revés, sobre questão 
de direito. Precedentes: RE 99.590, Primeira Turma, Relator o Ministro Alfredo Buzaid, DJ de 06.04.84; RE 122.011, Primeira Turma, Relator o 
Ministro Moreira Alves, DJ de 17.08.90, e HC 96.820, Primeira Turma, de que fui Relator, DJ de 19.08.11. 
6. Os recursos de natureza extraordinária são examinados a partir do quadro fático delineado soberanamente pelo Tribunal a quo na apreciação do 
recurso de ampla cognição, como é, por excelência, a apelação. 
7. In casu, o Superior Tribunal de Justiça não alterou o panorama fático-probatório, mas apenas procedeu à releitura da qualificação jurídica atribuída 
aos fatos considerados pela Corte Estadual no julgamento da apelação, decidindo ser inaplicável o princípio da insignificância na hipótese de crime 
praticado contra direitos autorais, sob o fundamento de que “o fato de estar disseminado o comércio de mercadorias falsificadas ou ‘pirateadas’ não 
torna a conduta socialmente aceitável, uma vez que fornecedores e consumidores têm consciência da ilicitude da atividade, a qual tem sido 
reiteradamente combatida pelos órgãos governamentais, inclusive com campanhas de esclarecimento veiculadas nos meios de comunicação”. 
8. A competência deferida pelo artigo 557, § 1º-A, do Código de Processo Civil, ao Relator do processo para, monocraticamente, julgar recurso 
manifestamente inadmissível, improcedente ou contrário à jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça não viola o princípio da colegialidade. 
Precedentes: HC 104.548, Primeira Turma, Relator o Ministro Dias Toffoli, DJe de 04.05.12; HC 91.716, Segunda Turma, Relator o Ministro 
Joaquim Barbosa, DJe de 1º.10.10. 
9. In casu, não se vislumbra qualquer ilegalidade na decisão do Relator do STJ que deu provimento ao recurso especial. Ademais, a matéria objeto 
desta impetração foi apreciada pelo colegiado daquela Corte Superior quando do julgamento do agravo regimental interposto contra a referida decisão 
monocrática. 
10. Ordem denegada 
 
AG. REG. NO MI N. 2.227-DF 
RELATOR: MIN. RICARDO LEWANDOWSKI 
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL. MANDADO DE INJUNÇÃO. ALEGADA OMISSÃO NA EXISTÊNCIA DE NORMA QUE TORNE 
VIAVÁVEL O EXERCÍCIO PROFISSIONAL DOS GRADUADOS EM DIREITO. INOCORRÊNCIA. PRETENDIDADECLARAÇÃO DE 
INCONSTITUCIONALIDADE DO EXAME DE ORDEM. IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. I 
– Não há qualquer ausência de norma regulamentadora que torne inviável o exercício profissional dos graduados em Direito. II – O impetrante busca, 
em verdade, a declaração de inconstitucionalidade do exame de ordem para inscrição na OAB – providência que não cabe nesta via. II – O Plenário 
desta Corte reconheceu a validade constitucional da norma legal que inclui, na esfera de atribuições do Relator, a competência para negar seguimento, 
por meio de decisão monocrática, a recursos, pedidos ou ações quando inadmissíveis, intempestivos, sem objeto ou que veiculem pretensão 
incompatível com a jurisprudência predominante deste Supremo Tribunal. IV – Agravo regimental a que se nega provimento. 
 
RE N. 580.963-PR 
RELATOR: MIN. GILMAR MENDES 
Benefício assistencial de prestação continuada ao idoso e ao deficiente. Art. 203, V, da Constituição. A Lei de Organização da Assistência Social 
(LOAS), ao regulamentar o art. 203, V, da Constituição da República, estabeleceu os critérios para que o benefício mensal de um salário mínimo seja 
concedido aos portadores de deficiência e aos idosos que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua 
família. 
2. Art. 20, § 3º, da Lei 8.742/1993 e a declaração de constitucionalidade da norma pelo Supremo Tribunal Federal na ADI 1.232. Dispõe o art. 
20, § 3º, da Lei 8.742/93 que: 
“considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 
(um quarto) do salário mínimo”. 
O requisito financeiro estabelecido pela Lei teve sua constitucionalidade contestada, ao fundamento de que permitiria que situações de patente 
miserabilidade social fossem consideradas fora do alcance do benefício assistencial previsto constitucionalmente. Ao apreciar a Ação Direta de 
Inconstitucionalidade 1.232-1/DF, o Supremo Tribunal Federal declarou a constitucionalidade do art. 20, § 3º, da LOAS. 
3. Decisões judiciais contrárias aos critérios objetivos preestabelecidos e processo de inconstitucionalização dos critérios definidos pela Lei 
8.742/1993. 
A decisão do Supremo Tribunal Federal, entretanto, não pôs termo à controvérsia quanto à aplicação em concreto do critério da renda familiar per 
capita estabelecido pela LOAS. 
Como a Lei permaneceu inalterada, elaboraram-se maneiras de contornar o critério objetivo e único estipulado pela LOAS e de avaliar o real estado 
de miserabilidade social das famílias com entes idosos ou deficientes. 
Paralelamente, foram editadas leis que estabeleceram critérios mais elásticos para concessão de outros benefícios assistenciais, tais como: a Lei 
10.836/2004, que criou o Bolsa Família; a Lei 10.689/2003, que instituiu o Programa Nacional de Acesso à Alimentação; a Lei 10.219/01, que criou o 
Bolsa Escola; a Lei 9.533/97, que autoriza o Poder Executivo a conceder apoio financeiro a municípios que instituírem programas de garantia de 
renda mínima associados a ações socioeducativas. 
O Supremo Tribunal Federal, em decisões monocráticas, passou a rever anteriores posicionamentos acerca da intransponibilidade dos critérios 
objetivos. 
Verificou-se a ocorrência do processo de inconstitucionalização decorrente de notórias mudanças fáticas (políticas, econômicas e sociais) e jurídicas 
(sucessivas modificações legislativas dos patamares econômicos utilizados como critérios de concessão de outros benefícios assistenciais por parte do 
Estado brasileiro). 
4. A inconstitucionalidade por omissão parcial do art. 34, parágrafo único, da Lei 10.741/2003. 
O Estatuto do Idoso dispõe, no art. 34, parágrafo único, que o benefício assistencial já concedido a qualquer membro da família não será computado 
para fins do cálculo da renda familiar per capita a que se refere a LOAS. 
Não exclusão dos benefícios assistenciais recebidos por deficientes e de previdenciários, no valor de até um salário mínimo, percebido por idosos. 
Inexistência de justificativa plausível para discriminação dos portadores de deficiência em relação aos idosos, bem como dos idosos beneficiários da 
assistência social em relação aos idosos titulares de benefícios previdenciários no valor de até um salário mínimo. 
Omissão parcial inconstitucional. 
5. Declaração de inconstitucionalidade parcial, sem pronúncia de nulidade, do art. 34, parágrafo único, da Lei 10.741/2003. 6. Recurso 
extraordinário a que se nega provimento. 
*noticiado no Informativo 702 
 
 
 
 
 
INFORMATIVO esquematizado 
P
ág
in
a1
0
 
AG. REG. NO ARE N. 637.958-MG 
RELATORA: MIN. ROSA WEBER 
EMENTA: DIREITO ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. POLICIAL MILITAR. TRANSGRESSÃO DISCIPLINAR. INSTAURAÇÃO 
DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR – PAD. DEMISSÃO. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL NÃO 
CONFIGURADA. ALEGAÇÃO DE OFENSA AO DEVIDO PROCESSO LEGAL, AO CONTRADITÓRIO E À AMPLA DEFESA. MATÉRIA 
INFRACONSTITUCIONAL. EVENTUAL VIOLAÇÃO REFLEXA DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA NÃO VIABILIZA O MANEJO DE 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. AS RAZÕES DO AGRAVO REGIMENTAL NÃO SÃO APTAS A INFIRMAR OS FUNDAMENTOS DA 
DECISÃO AGRAVADA. ACÓRDÃO RECORRIDO PUBLICADO EM 20.10.2010. Inexiste violação do artigo 93, IX, da Constituição Federal. Na 
compreensão desta Suprema Corte, o texto constitucional exige que o órgão jurisdicional explicite as razões de seu convencimento, sem necessidade, 
contudo, do exame detalhado de cada argumento esgrimido pelas partes. Precedentes. O exame da alegada ofensa ao art. 5º, XXXIX, LIII, LIV e LV, 
da Constituição Federal dependeria de prévia análise da legislação infraconstitucional aplicada à espécie, o que refoge à competência jurisdicional 
extraordinária, prevista no art. 102 da Constituição Federal. Agravo regimental conhecido e não provido. 
 
AG. REG. NO ARE N. 680.506-SP 
RELATORA: MIN. ROSA WEBER 
EMENTA: DIREITO ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E 
MATERIAIS. AUSÊNCIA DE CULPA ADMINISTRATIVA. ANÁLISE DA OCORRÊNCIA DE EVENTUAL AFRONTA AO PRECEITO 
CONSTITUCIONAL INVOCADO NO APELO EXTREMO DEPENDENTE DA REELABORAÇÃO DA MOLDURA FÁTICA CONSTANTE NO 
ACÓRDÃO REGIONAL. SÚMULA 279/STF. ACÓRDÃO RECORRIDO PUBLICADO EM 17.01.2011. 
A análise da ocorrência de eventual afronta ao preceito constitucional invocado no apelo extremo demandaria a reelaboração da moldura fática 
delineada na origem, inviável em sede recursal extraordinária, em face do óbice da Súmula 279/STF. 
Agravo regimental conhecido e não provido. 
 
AG. REG. NO ARE N. 742.737-PB 
RELATOR: MIN. LUIZ FUX 
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE 
CIVIL. INSERÇÃO DE RESTRIÇÃO INDEVIDA NA CNH DE CONDUTORES. ADMISSIBILIDADE DE RECURSO DE CORTES 
DIVERSAS. MATÉRIA COM REPERCUSSÃO GERAL REJEITADA PELO PLENÁRIO DO STF NO RE Nº 598.365. CONTROVÉRSIA 
DE ÍNDOLE INFRACONSTITUCIONAL. 
1. Os requisitos de admissibilidade dos recursos da competência de cortes diversas não revelam repercussão geral apta a dar seguimento ao apelo 
extremo, consoante decidido pelo Plenário virtual do STF, na análise do RE nº 598.365, da Relatoria do Min. Ayres Britto. 
2. In casu, o acórdão originariamente recorrido assentou: “ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL. INSERÇÃO DE RESTRIÇÃO 
INDEVIDA NA CARTEIRA NACIONAL DE HABILITAÇÃO DE CONDUTORES. OFENSA AO ART. 535 DO CPC NÃO CARACTERIZADA. 
CONFIGURAÇÃO DO DANO. REVOLVIMENTO DE PROVAS. SÚMULA 7/STJ. 1. Trata-se, na origem, de Recurso Especial com intuito de revisar 
entendimento do acórdão recorrido que condenou o DETRAN/PE ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 10.000,00 em 
decorrência da indevida inclusão da frase ‘vedada para atividade remunerada’ na Carteira Nacional de Habilitação do ora agravado. 2. A solução 
integral da controvérsia, com fundamento suficiente, não caracterizaofensa ao art. 535 do CPC. 3. A pretensão recursal que impõe a alteração dos 
pressupostos fáticos assentados no acórdão recorrido para a conclusão da ocorrência de danos demanda reexame dos elementos probatórios dos 
autos. Incidência do óbice de admissibilidade da Súmula 7/STJ. 4. Agravo Regimental não provido”. 
3. Agravo regimental DESPROVIDO. 
 
AG. REG. NO RE N. 505.654-DF 
RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO 
CONCURSO PÚBLICO – PROVA DE ESFORÇO FÍSICO. Caso a caso, há de perquirir-se a sintonia da exigência, no que implica fator de 
tratamento diferenciado, com a função a ser exercida. Não se tem como constitucional a exigência de prova física desproporcional à cabível 
habilitação aos cargos de escrivão, papiloscopista, perito criminal e perito médico-legista de Polícia Civil. 
 
HC N. 114.591-RS 
RELATOR: MIN. ROBERTO BARROSO 
Ementa: HABEAS CORPUS IMPETRADO EM SUBSTITUIÇÃO A RECURSO ORDINÁRIO. 1. O condenado que estiver cumprindo pena 
privativa de liberdade em regime aberto não tem direito à remição da pena pelo trabalho, nos termos do art. 126 da Lei nº 7.210/1984. 2. Esse 
entendimento não foi alterado com a edição da Lei nº 12.433/2011. Precedentes. 3. Habeas Corpus extinto sem resolução de mérito por inadequação 
da via processual. 
 
AG.REG. NO ARE N. 767.095-DF 
RELATOR: MIN. RICARDO LEWANDOWSKI 
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. DIREITO CIVIL. RECONHECIMENTO DE UNIÃO 
ESTÁVEL. PARTILHA DE BENS. ANÁLISE DE NORMA INFRACONSTITUCIONAL. OFENSA INDIRETA. REEXAME DO CONJUNTO 
FÁTICO-PROBATÓRIO DOS AUTOS. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 279 DO STF. ALEGADA VIOLAÇÃO AO ART. 5º, XXXV, LIV E LV, 
DA CONSTITUIÇÃO. OFENSA REFLEXA. AGRAVO IMPROVIDO. 
I - Esta Corte firmou orientação no sentido de ser inadmissível, em regra, a interposição de recurso extraordinário para discutir matéria relacionada à 
ofensa aos princípios constitucionais do devido processo legal, da ampla defesa, do contraditório e da prestação jurisdicional, quando a verificação 
dessa alegação depender de exame prévio de legislação infraconstitucional, por configurar situação de ofensa reflexa ao texto constitucional. 
Precedentes. 
II - É inadmissível o recurso extraordinário quando sua análise implica rever a interpretação de norma infraconstitucional que fundamenta a decisão a 
quo. A afronta à Constituição, se ocorrente, seria indireta. 
III - Inviável em recurso extraordinário o reexame do conjunto fático-probatório constante dos autos. Incidência da Súmula 279 do STF. 
IV - Agravo regimental improvido. 
 
HC N. 111.076-MS 
RELATOR: MIN. TEORI ZAVASCKI 
EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL. TRÁFICO INTERESTADUAL. DESNECESSIDADE DE TRANSPOSIÇÃO DE FRONTEIRA ENTRE 
ESTADOS DA FEDERAÇÃO. PRECEDENTES. ORDEM DENEGADA. 1. A jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de ser desnecessária 
a efetiva transposição das fronteiras interestaduais para a incidência da majorante prevista no inciso V do art. 40, “bastando a comprovação 
inequívoca de que a droga adquirida num estado teria como destino outro estado da Federação” (HC 115893, Relator(a): Min. RICARDO 
LEWANDOWSKI, Segunda Turma, DJe de 04-06-2013). Precedentes. 2. Ordem denegada. 
 
Acórdãos Publicados: 491 
 
 
INFORMATIVO esquematizado 
P
ág
in
a1
1
 
TRANSCRIÇÕES 
 
Com a finalidade de proporcionar aos leitores do INFORMATIVO STF uma compreensão mais 
aprofundada do pensamento do Tribunal, divulgamos neste espaço trechos de decisões que tenham 
despertado ou possam despertar de modo especial o interesse da comunidade jurídica. 
 
Júri - Soberania - Revisão Criminal - Possibilidade (Transcrições) 
 
ARE 674151/MT* 
 
RELATOR: Ministro Celso de Mello 
 
EMENTA: REVISÃO CRIMINAL. CONDENAÇÃO PENAL PELO JÚRI. ERRO JUDICIÁRIO. INOPONIBILIDADE DA 
SOBERANIA DO VEREDICTO DO CONSELHO DE SENTENÇA À PRETENSÃO REVISIONAL. JULGAMENTO DESSA AÇÃO 
AUTÔNOMA DE IMPUGNAÇÃO PELO TRIBUNAL DE SEGUNDO GRAU. CUMULAÇÃO DO “JUDICIUM RESCINDENS” COM O 
“JUDICIUM RESCISSORIUM”. POSSIBILIDADE. RECURSO DO MINISTÉRIO PÚBLICO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO. 
- O Tribunal de segunda instância, ao julgar a ação de revisão criminal, dispõe de competência plena para formular tanto o juízo 
rescindente (“judicium rescindens”), que viabiliza a desconstituição da autoridade da coisa julgada penal mediante invalidação da 
condenação criminal, quanto o juízo rescisório (“judicium rescissorium”), que legitima o reexame do mérito da causa e autoriza, até mesmo, 
quando for o caso, a prolação de provimento absolutório, ainda que se trate de decisão emanada do júri, pois a soberania do veredicto do 
Conselho de Sentença, que representa garantia fundamental do acusado, não pode, ela própria, constituir paradoxal obstáculo à 
restauração da liberdade jurídica do condenado. Doutrina. Precedentes. 
 
DECISÃO: O recurso extraordinário a que se refere o presente agravo foi interposto contra decisão que, proferida pelo E. Tribunal de Justiça do 
Estado de Mato Grosso, acha-se consubstanciada em acórdão assim ementado (fls. 400): 
 
“REVISÃO CRIMINAL – TRIBUNAL DO JÚRI – SENTENÇA TRANSITADA EM JULGADO – ART. 621, INCISO I, DO CPP – 
ERRO JUDICIÁRIO POR CONTRARIEDADE À EVIDÊNCIA DOS AUTOS – ABSOLVIÇÃO – POSSIBILIDADE – ART. 626 DO CPP 
– PEDIDO REVISIONAL PROCEDENTE. 
O Tribunal, julgando procedente a ação revisional por contrariedade à evidência dos autos, está autorizado a rescindir a condenação 
para absolver o réu.” (grifei) 
 
O Ministério Público local, ora recorrente, ao deduzir o apelo extremo em causa, sustentou que o Tribunal “a quo” teria transgredido 
diversos preceitos inscritos na Constituição da República. 
O Ministério Público Federal, em parecer da lavra do ilustre Subprocurador-Geral da República Dr. EDSON OLIVEIRA DE ALMEIDA, ao 
opinar nesta causa, manifestou-se contrariamente à parte ora recorrente, apoiando-se, para tanto, em fundamentos evidenciadores da inviabilidade 
do recurso extraordinário em questão, em parecer que possui o seguinte teor (fls. 529/530v.): 
 
“Senhor Ministro-Relator: 
1. O Tribunal do Júri da Comarca de Cuiabá/MT condenou o recorrido à pena de 8 (oito) anos e 8 (oito) meses de reclusão, em 
regime inicial fechado, como mandante da tentativa de homicídio de um Delegado de Polícia. A condenação transitou em julgado e o réu 
ajuizou revisão criminal na qual alegou que a condenação contrariou a evidência dos autos, aduzindo prova nova produzida em sede de 
justificação judicial. O Tribunal de Justiça do Estado do Mato Grosso julgou procedente a revisão e absolveu o réu: ‘O Tribunal, julgando 
procedente a ação revisional por contrariedade à evidência dos autos, está autorizado a rescindir a condenação para absolver o réu’. 
2. Foi então interposto recurso extraordinário pelo Ministério Público, sob a alegação de ofensa ao art. 5º, XXXVII, XXXVIII, ‘c’ e 
‘d’, e LIII, da Constituição Federal, cujo seguimento foi negado: ‘seria necessário o exame de dispositivos da legislação infraconstitucional , 
em especial, os arts. 74, § 1º, e 621, incisos I e III, da Lei Instrumental Penal, o que caracterizaria, quando muito, ofensa reflexa, cuja 
aferição não é permitida nesta via’. 
3. Por isso o presente agravo, no qual se alega, em suma, que ‘tratou-se no tema do extraordinário de típica ofensa frontal e direta, 
posto que o acórdão recorrido afirma pertencer ao âmbito da Corte revisional competência expressamente atribuída ao Tribunal do Júri a 
quem a Constituição Federal não apenas entregou a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida, mas também a 
protegeu, por meio da cláusula da soberania dos veredictos, da tendência de viés corporativista ou ideológica que recusa toda forma de 
participação direta no exercício do poder’. Acrescenta que ‘no caso, o extraordinário busca solução para uma única questão de direito: 
saber se o tribunal local pode ou não julgar, após rescindir a condenação, um crime da competência constitucional do júri’. 
4. Não assiste razão ao recorrente, uma vezque a soberania dos veredictos do tribunal do júri não é absoluta (RHC 93.248/SP, 
rel. Min. Ellen Gracie). No caso específico da revisão criminal, e como decorrência da soberania do Tribunal do Júri, restaurada pela 
Constituição de 1946, alguns processualistas passaram a defender a tese de que a revisão contra as condenações do Júri está limitada ao 
juízo rescindente, sendo o juízo rescisório incompatível com a soberania. Assim, de acordo com essa posição, o Tribunal de Justiça, ao 
acolher a revisão criminal, limitar-se-ia a devolver o caso ao Tribunal do Júri, para novo julgamento. Mas não foi essa a orientação que 
prevaleceu na doutrina e na jurisprudência, inclusive do Supremo Tribunal Federal. 
5. Já em 1947, o Supremo Tribunal Federal, ao deferir o HC nº 30.011/DF, decidiu, com voto condutor do Ministro Ribeiro da Costa, 
que seria injusto invocar a soberania do Júri ‘para criar somente para as suas sentenças a exceção à garantia individual que a Constituição 
concede a todos os condenados, no recurso da revisão criminal. Este deve, portanto, beneficiar a todos os réus, indistintamente, com a sua 
forma genérica, visando a reparação ao erro judiciário que se constitui na infinita variedade dos casos’. Transcrevo, ainda, para melhor 
ilustração, o seguinte trecho do Ministro Hahnnemann Guimarães: ‘A revisão é, por conseguinte, um remédio extraordinário, estabelecido 
em benefício dos condenados. Ora, sendo este o caráter da revisão, não era possível que a soberania do Júri pudesse obstar a esse remédio, 
que é favorável ao réu’. E também do Ministro Orosimbo Nonato: ‘o estabelecimento ou restabelecimento da soberania do Júri se deu em 
favor da liberdade, com o entregar-se o julgamento de certos casos não a Juiz togado, senão ao popular mais flexível e humano em seus 
julgamentos, mais apto a apreender os diversos aspectos do delito, e a proferir veredictos sem os grilhões de preconceitos jurídicos. Foi em 
proveito da liberdade que se estabeleceu a soberania do Júri, e seria proteção contrária à ‘mens legis’, imprimir à decisão do Júri caráter 
irremediável, quando a solução fosse adversa àquela liberdade. De resto, tornar a decisão do Júri, em tais casos, sobranceira à própria 
revisão, seria abrir exceção ‘toto coelo’ injustificável. Se as sentenças todas se revêem, não é justo que as do Júri ponham fora do alcance 
desse remédio de direito, ainda que suscitado, em favor da liberdade. Dir-se-á que essa conclusão levaria a, admitido o remédio, atribuir o 
 
INFORMATIVO esquematizado 
P
ág
in
a1
2
 
caso ao próprio Júri. Mas, a revisão é remédio cujo exercício não orna com a natureza do Júri, e nela pode ser versada estrita e 
precipuamente jurídica, cuja solução não pode caber ao juiz de fato’. 
6. Em 1954 o Supremo Tribunal Federal, em acórdão relatado pelo Ministro Edgar Costa, voltou a prestigiar a revisão criminal das 
sentenças do júri: ‘Tribunal do Júri; o reexame dos seus veredictos pelos tribunais togados, através do recurso ‘extraordinário’ da revisão 
criminal, quando contrários às provas dos autos, não implica em violação do art. 141, par. 28, da Constituição, que estabeleceu a soberania 
daqueles veredictos’ (RE 23.816-PE). 
7. Nesse mesmo sentido, mais recentes, os HC 71.878/RS; HC 70.193/RS; HC 68.727/DF; HC 68.658/DF; HC 67.737/RJ, todos da relatoria 
do Ministro Celso de Mello: ‘a condenação penal definitiva imposta pelo Júri é passível, também ela, de desconstituição mediante revisão 
criminal (RTJ 115/1114), não lhe sendo oponível – como reiteradamente proclamado pela jurisprudência dos Tribunais (RT 475/352 – RT 
479/321 – RT 488/330 – RT 548/331) – a cláusula constitucional da soberania do veredicto do Conselho de Sentença’. 
8. Isso posto, na linha da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, opino pelo desprovimento do agravo.” (grifei) 
 
Sendo esse o contexto, passo a examinar o presente recurso. E, ao fazê-lo, entendo assistir plena razão à douta Procuradoria-Geral da República, 
cujo parecer, além de haver analisado, com exatidão, a controvérsia ora em julgamento, encontra sólido apoio em diversos precedentes emanados do 
Supremo Tribunal Federal. 
Também entendo, na linha dessa diretriz jurisprudencial firmada por esta Suprema Corte (HC 67.737/RJ – HC 68.658/DF – HC 68.727/DF, dos 
quais fui Relator, v.g.), que a condenação penal definitiva imposta pelo Júri é passível, também ela, de desconstituição mediante revisão criminal 
(RTJ 115/1114), não lhe sendo oponível – como reiteradamente proclamado pela jurisprudência dos Tribunais (RT 475/352 – RT 479/321 – RT 
488/330 – RT 548/331) – a cláusula constitucional da soberania do veredicto do Conselho de Sentença (HC 71.878/RS, Rel. Min. CELSO DE 
MELLO). 
Mostra-se oportuno destacar, por relevante, que essa orientação tem o beneplácito de autorizadíssimo magistério doutrinário (FERNANDO DA 
COSTA TOURINHO FILHO, “Processo Penal”, vol. 4/453-455, item n. 10, 11ª ed., 1989, Saraiva; JOSÉ FREDERICO MARQUES, “A Instituição 
do Júri”, vol. I/54-55, item n. 3, 1963, Saraiva; MARCELLUS POLASTRI LIMA, “Curso de Processo Penal”, p. 1.115/1.116, item n. 2, 7ª ed., 2013, 
Lumen Juris; VICENTE GRECO FILHO, “Manual de Processo Penal”, p. 397, item n. 84.8, 1991, Saraiva; HERMÍNIO ALBERTO MARQUES 
PORTO, “Júri”, p. 38/40, item n. 30, 12ª ed., 2007, Saraiva; DENILSON FEITOZA, “Direito Processual Penal – Teoria, Crítica e Práxis”, p. 1.118, 
item n. 24.1.2.1, 6ª ed., 2009, Impetus; PAULO RANGEL, “Direito Processual Penal”, p. 1.053/1.054, item n. 2.10.2, 18ª ed., 2010, Lumen Juris; 
EUGÊNIO PACELLI DE OLIVEIRA, “Curso de Processo Penal”, p. 907, item n. 17.12.2, b, 13ª ed., 2010, Lumen Juris; JULIO FABBRINI 
MIRABETE, “Código de Processo Penal Interpretado”, p. 1.610, item n . 621.3, 11ª ed., 2008, Atlas, v.g.). 
Em suma: o Tribunal de segunda instância, ao julgar a ação de revisão criminal, dispõe de competência plena para formular tanto o juízo 
rescindente (“judicium rescindens”), que viabiliza a desconstituição da autoridade da coisa julgada penal mediante invalidação da condenação 
criminal, quanto o juízo rescisório (“judicium rescissorium”), que legitima o reexame do mérito da causa e autoriza, até mesmo, quando for o caso, a 
prolação de provimento absolutório, ainda que se trate de decisão emanada do júri, pois a soberania do veredicto do Conselho de Sentença, que 
representa garantia fundamental do acusado, não pode, ela própria, constituir paradoxal obstáculo à restauração da liberdade jurídica do condenado. 
Sendo assim, e tendo em consideração as razões expostas, conheço do presente agravo, para negar seguimento ao recurso extraordinário, eis 
que o acórdão recorrido está em harmonia com a diretriz jurisprudencial prevalecente nesta Suprema Corte (CPC, art. 544, § 4º, II, “b”, na redação 
dada pela Lei nº 12.322/2010). 
Publique-se. 
Brasília, 15 de outubro de 2013. 
 
Ministro CELSO DE MELLO 
Relator 
 
*decisão publicada no DJe de 18.10.2013 
 
INOVAÇÕES LEGISLATIVAS 
11 a 15 de novembro de 2013 
 
Medida Provisória nº 627, de 11.11.2013 - Altera a legislação tributária federal relativa ao Imposto sobre a Renda 
das Pessoas Jurídicas - IRPJ, à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL, à Contribuição para o PIS/PASEP e à 
Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - COFINS; revoga o Regime Tributário de Transição - RTT, 
instituído pela Lei nº 11.941, de 27.5.2009; dispõe sobre a tributação da pessoa jurídica domiciliada no Brasil, com 
relação ao acréscimo patrimonial decorrente de participação em lucros auferidos no exterior por controladas e coligadas 
e de lucros auferidos por pessoa física residente no Brasil por intermédio de pessoa jurídica controlada no exterior; e dá 
outras providências. Publicada no DOU em 12.11.2013, Seção 1, p.1. 
 
Lei nº 12.880, de 12.11.2013 - Altera a Lei no 9. 656, de 3.6.1998, que “dispõe sobre os planos e seguros privados 
de assistência à saúde”, para incluir tratamentos entre as coberturasobrigatórias. Publicada no DOU em 13.11.2013, 
Seção 1, p.1.

Continue navegando