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Info-753-STF

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Informativo 753-STF (19/08/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 1 
Márcio André Lopes Cavalcante 
 
 
 
Processos excluídos deste informativo esquematizado por não terem sido concluídos em virtude de pedidos de vista: RE 
595676/RJ; RHC 122774/RJ; HC 123108/MG; RHC 122469/MS; 
 
Julgado excluído por ter menor relevância para concursos públicos: MS 27704/RJ. 
 
 
ÍNDICE 
 
Direito Constitucional 
 Quórum para recusar a promoção por antiguidade de magistrado. 
 Competência para julgar MS contra ato de Presidente de TJ que cumpre resolução do CNJ. 
 CNJ não pode interferir em matéria de competência jurisidicional. 
 
Direito Administrativo 
 Teoria do fato consumado: inaplicabilidade para candidatos aprovados em concurso público por força de decisão 
judicial precária. 
 Ajuda de custo para transporte e mudança de magistrados. 
 
Direito Processual Civil 
 MP tem legitimidade para ACP em favor dos beneficiários do DPVAT. 
 
Direito Penal 
 Denunciação caluniosa exige dolo direto do agente. 
 
Direito Processual Penal 
 Não cabimento de HC quando não está em jogo a liberdade de locomoção. 
 Condenado que permanece preso mesmo tendo sido determinado que cumprisse medida de segurança. 
 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
Quórum para recusar a promoção por antiguidade de magistrado 
 
A CF/88 prevê que a promoção por antiguidade do juiz mais antigo somente pode ser negada 
se ele for recusado pelo voto fundamentado de 2/3 (dois terços) dos membros do respectivo 
Tribunal, assegurada a ampla defesa (art. 93, II, “d”). 
Segundo o STF, o quórum de votos para um tribunal recusar a promoção do juiz mais antigo 
não deve computar os cargos vagos ou os desembargadores afastados. 
A vontade de um tribunal é manifestada por seus membros juridicamente aptos. Desfalcado o 
tribunal, deve-se computar apenas os magistrados em atividade, a não ser que afastados em 
caráter meramente eventual. 
 
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Assim, os cargos vagos, bem como os cargos providos, mas cujos ocupantes estejam afastados 
cautelarmente do exercício da função jurisdicional, não devem ser computados para o fim de 
determinação do referido quórum. 
STF. 1ª Turma. MS 31357/DF e MS 31361/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, julgados em 5/8/2014 (Info 753). 
 
Recusa da promoção por antiguidade 
A CF/88 prevê que a promoção por antiguidade do juiz mais antigo somente pode ser negada se ele for 
recusado pelo voto fundamentado de 2/3 (dois terços) dos membros do respectivo Tribunal, assegurada a 
ampla defesa (art. 93, II, “d”). 
 
No cálculo dos 2/3 devem ser incluídos os cargos vagos ou os Desembargadores afastados? 
NÃO. Segundo decidiu o STF, a vontade de um tribunal é manifestada por seus membros juridicamente 
aptos. Desfalcado o tribunal, deve-se computar apenas os magistrados em atividade, a não ser que 
afastados em caráter meramente eventual. 
 
Exemplo: 
- O TJMT possui 30 cargos de Desembargador. 
- 2/3 de 30 = 20 Desembargadores. 
- Ocorre que desses 30 Desembargadores, 2 se encontravam afastados em razão de ação penal e 6 
cargos estavam vagos em virtude de aposentadoria. 
- Logo, somente havia 22 Desembargadores em atividade. 
 
Qual será o quórum para recusar a promoção de juiz nesse Tribunal? 2/3 de 30 (total) ou 2/3 de 22 
(Desembargadores na ativa)? 
2/3 dos Desembargadores que estão na ativa (em nosso exemplo, 2/3 de 22). 
 
O quórum de votos para um tribunal recusar a promoção do juiz mais antigo não deve computar os cargos 
vagos ou os desembargadores afastados. 
 
 
 
Competência para julgar MS contra ato de Presidente de TJ que cumpre resolução do CNJ 
 
Compete ao STF julgar mandado de segurança contra ato do Presidente de Tribunal de Justiça 
que, na condição de mero executor, apenas dá cumprimento à resolução do CNJ. 
STF. 2ª Turma. Rcl 4731/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 5/8/2014 (Info 753). 
 
Imagine a seguinte situação: 
O Presidente do TJDFT determinou que fosse suspenso o pagamento de determinada gratificação aos 
juízes desse Tribunal. 
A determinação foi feita em obediência a uma Resolução do CNJ que declarou indevida a verba. 
 
De quem será a competência para julgar mandado de segurança impetrado contra essa suspensão? 
A competência será do STF. Isso porque o Presidente do TJDFT agiu na condição de mero executor, apenas 
dando cumprimento à resolução do CNJ. Logo, a verdadeira autoridade coatora é o CNJ, de forma que a 
competência é do STF, nos termos do art. 102, I, “n” e “r”, da CF/88: 
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: 
I - processar e julgar, originariamente: 
(...) 
 
 
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n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente interessados, e aquela 
em que mais da metade dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ou sejam direta ou 
indiretamente interessados; 
(...) 
r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do Ministério Público; 
 
 
 
CNJ não pode interferir em matéria de competência jurisidicional 
 
CNJ não pode declarar inválido artigo do Regimento Interno do Tribunal de Justiça que trate 
sobre competência jurisdicional. Isso porque o CNJ tem a competência de exercer o controle da 
atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres 
funcionais dos juízes. No caso em análise, o Conselho interferiu em matéria de competência 
jurisdicional do TJ, matéria que é estranha às suas funções. 
STF. 2ª Turma. MS 30793/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 5/8/2014 (Info 753). 
 
O CNJ declarou a invalidade de um artigo do Regimento Interno do TJRJ que previa o seguinte: 
“Art. 28. Compete ao 1º Vice-Presidente indeferir a distribuição de recursos, bem como das ações e outras 
medidas de competência originária do Tribunal, quando manifestamente inadmissíveis no que concerne à 
tempestividade, preparo e ausência de peças obrigatórias e, ainda, declarar a deserção e homologar 
pedidos de desistência ou renúncia; e ao 2º Vice-Presidente decidir sobre pedidos de desistência de 
recursos, antes da distribuição”. 
 
O Estado do Rio de Janeiro impetrou mandado e segurança no STF contra essa decisão sob o argumento 
de que a competência do CNJ é exclusivamente administrativa, com atribuições restritas ao controle da 
atividade administrativa, financeira e disciplinar da magistratura. 
 
O STF julgou procedente o MS e anulou a decisão do CNJ. 
 
De acordo com a Min. Cármen Lúcia, o CNJ, ao julgar inválido um dispositivo do Regimento Interno do 
TJRJ, acabou praticando ato jurisdicional, competência que não lhe foi conferida pela CF/88. 
 
Realmente, a CF/88 prevê que o CNJ tem a competência de exercer o controle da atuação administrativa e 
financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes. No caso em análise, o 
CNJ interferiu em matéria de competência jurisdicional do TJRJ sobre distribuição de processos, matéria 
que é estranha às suas funções. 
 
Ademais, a existência de mais de uma vice-presidência e a fixação de suas competências por norma 
regimental estão previstas no § 1º do art. 103 da LC n. 35/1979 (Loman), segundo o qual “nos tribunais 
com mais de trinta desembargadores a lei de organização judiciária poderá prever a existência de mais de 
um vice-presidente, com as funções que a lei e o Regimento Interno determinarem”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
Teoria do fato consumado: inaplicabilidade para candidatos aprovados em concurso público por 
força de decisão judicial precária 
 
Importante!!! 
A posse ou o exercício em cargo público por força de decisão judicial de caráter provisório não 
implica a manutenção, em definitivo, do candidato que não atendea exigência de prévia 
aprovação em concurso público (CF, art. 37, II), valor constitucional que prepondera sobre o 
interesse individual do candidato, que não pode invocar, na hipótese, o princípio da proteção 
da confiança legítima, pois conhece a precariedade da medida judicial. 
Em suma, não se aplica a teoria do fato consumado para candidatos que assumiram o cargo 
público por força de decisão judicial provisória posteriormente revista. 
STF. Plenário. RE 608482/RN, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 7/8/2014 (repercussão geral) 
(Info 753). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João fez concurso para o cargo de agente de polícia e foi aprovada nas provas teóricas, tendo sido, 
contudo, reprovado no exame físico. 
O candidato propôs ação judicial questionando o teste físico, conseguiu o deferimento de tutela 
antecipada e, por força de decisão judicial, foi nomeado e empossado em 2002. 
Em 2014, o Tribunal de Justiça entendeu que o teste físico não tinha nenhum vício. No entanto, manteve 
João no cargo com base na teoria do fato consumado, uma vez que ele já exercia a função há muitos anos. 
 
O que é a Teoria do Fato Consumado? 
Segundo esta teoria, as situações jurídicas consolidadas pelo decurso do tempo, amparadas por decisão 
judicial, não devem ser desconstituídas, em razão do princípio da segurança jurídica e da estabilidade das 
relações sociais (STJ. REsp 709.934/RJ). 
Assim, de acordo com essa posição, se uma decisão judicial autorizou determinada situação jurídica e, 
após muitos anos, constatou-se que tal solução não era acertada, ainda assim não deve ser desconstituída 
para que não haja insegurança jurídica. 
Em suma, seria uma espécie de convalidação da situação pelo decurso de longo prazo. 
 
A Teoria do Fato Consumado é admitida pela jurisprudência no caso de posse em cargo público por força 
de decisão judicial provisória? Maria deve continuar no cargo? 
NÃO. O STF entende que a posse ou o exercício em cargo público por força de decisão judicial de caráter 
provisório não implica a manutenção, em definitivo, do candidato que não atende a exigência de prévia 
aprovação em concurso público (art. 37, II, da CF/88), valor constitucional que prepondera sobre o 
interesse individual do candidato, que não pode invocar, na hipótese, o princípio da proteção da confiança 
legítima, pois conhece a precariedade da medida judicial. 
 
O que é o princípio da proteção da confiança legítima? 
Trata-se de um princípio que ganhou destaque inicialmente na Alemanha, por volta da década de 50. 
Segundo esse princípio, os comportamentos adotados pelo Estado, em virtude da presunção de 
legitimidade, geram no particular a confiança de que são atos legais. Logo, o administrado não pode ser 
prejudicado caso esse ato seja desfeito (revogado ou anulado) já que, de boa-fé, acreditou (confiou) que 
eram legítimos. 
O princípio da proteção da confiança legítima está relacionado com a boa-fé e com o princípio da 
segurança jurídica. 
 
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O princípio da proteção da confiança legítima é adotado pelo STF em algumas situações? 
SIM. O STF reconhece o princípio da confiança legítima, por exemplo, quando, por ato de iniciativa da 
própria Administração, decorrente de equivocada interpretação da lei ou dos fatos, o servidor recebe 
determinada vantagem patrimonial ou alguma condição jurídica melhor. Nesses casos, o servidor tinha a 
legítima confiança de que aquela vantagem era legítima. 
Assim, mesmo que fique, posteriormente, constatada a ilegitimidade dessa verba, esse servidor não será 
obrigado a restituí-la, considerando que a recebeu de boa-fé e exigir que ele devolvesse violaria o princípio 
da confiança legítima. 
Essas hipóteses, contudo, são excepcionais e não se tratam da regra geral. 
 
E por que o STF não aplica o princípio da proteção da confiança legítima para os casos de posse em 
cargo público por força de medida judicial provisória posteriormente revogada? 
Porque nesses casos a nomeação e a posse no cargo ocorrem por iniciativa, provocação, requerimento do 
próprio particular interessado e contra a vontade da Administração Pública que, inclusive, contesta o 
pedido feito na Justiça. 
Logo, não há que se falar em legítima confiança do administrado, já que não foi a Administração Pública 
quem praticou o ato nem reconheceu o direito. 
Em situações envolvendo concurso público não faz sentido invocar-se o princípio da proteção da confiança 
legítima, haja vista que o candidato beneficiado com a decisão não desconhece que o provimento 
jurisdicional tem natureza provisória e que pode ser revogado a qualquer momento, acarretando 
automático efeito retroativo. 
Vale ressaltar, por fim, que a concessão da tutela antecipada corre por conta e responsabilidade do 
requerente. 
 
O servidor que teve a sua posse tornada sem efeito em virtude da revogação da decisão anterior terá 
que devolver as verbas recebidas? Em nosso exemplo, João terá que restituir a remuneração que 
percebeu ao longo desses anos? 
NÃO. Isso porque a remuneração possui caráter alimentar que, como regra, é irrepetível. Além disso, se 
fosse exigida a devolução, haveria enriquecimento ilícito por parte do Estado, considerando que o servidor 
trabalhou durante esse período. 
 
Entendimento do STJ no mesmo sentido 
Mesmo antes dessa decisão do STF, o STJ já possuía inúmeros precedentes afirmando que, se o candidato 
foi nomeado e empossado por força de medida judicial precária sem preencher os requisitos inerentes ao 
cargo, ele não tem direito de permanecer no cargo, ainda que lá esteja há muitos anos. Veja: 
 
A jurisprudência, tanto desta Corte quanto do STF, está firmemente orientada no sentido de rejeitar a 
invocação da teoria do fato consumado para consolidar situação constituída por força de liminar 
posteriormente cassada, sob pena de perpetuar situação contrária à lei. 
STJ. 1ª Turma. AgRg no RMS 42.386/GO, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 15/05/2014. 
 
Não há falar em aplicação da teoria do fato consumado nas hipóteses em que a participação do candidato 
no concurso foi autorizada por medida judicial precária. (...) 
STJ. 5ª Turma. AgRg nos EDcl no RMS 30.094/SC, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 12/08/2014. 
 
A novidade é que agora o STF decidiu o tema sob a sistemática da repercussão geral, obrigando todos os 
demais Tribunais a adequarem seus acórdãos a esse entendimento. 
 
 
 
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Ajuda de custo para transporte e mudança de magistrados 
 
A LC 35/1979 (Loman) prevê, em seu art. 65, I, o pagamento de indenização para custeio de 
despesas com transporte e mudança: 
Apesar de a Loman falar que a matéria será regulada em lei, esse diploma legal nunca foi 
editado. Por conta disso, o STF afirmou que é possível aplicar, de forma subsidiária, a norma 
que rege os servidores públicos federais (Lei 8.112/1990) que, em seu arts. 53 e 54, disciplina 
a ajuda de custo para transporte e mudança. 
STF. 2ª Turma. AO 1656/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 5/8/2014 (Info 753). 
 
Imagine a seguinte situação: 
Determinado juiz do trabalho foi removido, a pedido, de uma vara localizada em Dourados (MS) para outra 
situada em Campo Grande (MS). 
Em razão da alteração de cidade, esse magistrado requereu ajuda de custo para transporte e mudança. 
O pedido de ajuda de custo foi indeferido pelo TRT, após consulta ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ). 
O juiz propôs uma ação pedindo o pagamento da verba, além da condenação da União em danos morais. 
 
O que decidiu o STF? 
A 2ª Turma do STF acolheu o pagamento da ajuda de custo, mas negou o pedido de danos morais. 
A LC 35/1979 (Lei Orgânica da Magistratura – Loman) prevê, em seu art. 65, I, o pagamento de indenização 
para custeio de despesas com transporte e mudança: 
Art. 65. Além dos vencimentos, poderão ser outorgadas aos magistrados, nos termos da lei,as seguintes 
vantagens: 
I - ajuda de custo, para despesas de transporte e mudança; 
 
Apesar de a Loman falar que a matéria será regulada em lei, esse diploma legal nunca foi editado. Por 
conta disso, a Min. Relatora Cármen Lúcia afirmou que é possível aplicar, de forma subsidiária, a norma 
que rege os servidores públicos federais (Lei 8.112/1990) que, em seu arts. 53 e 54, disciplina a ajuda de 
custo para transporte e mudança. 
 
O magistrado havia pedido pagamento de ajuda de custo também para o transporte de seus sogros que 
moravam com ele. Isso também foi atendido? 
NÃO. O STF afirmou que os ascendentes do cônjuge não estão arrolados entre os dependentes 
autorizados a receber ajuda de custo e, nesse ponto, o pedido foi indeferido. 
 
 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
MP tem legitimidade para ACP em favor dos beneficiários do DPVAT 
 
Importante!!! 
A tutela dos direitos e interesses de beneficiários do seguro DPVAT, nos casos de indenização 
paga pela seguradora em valor inferior ao determinado na Lei, reveste-se de relevante 
natureza social (interesse social qualificado), de modo que o Ministério Público tem 
legitimidade ativa para defendê-los em juízo mediante ação civil coletiva. 
Esse entendimento do STF faz com que fique superado o enunciado 470 do STJ: 
 
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Súmula 470-STJ: O Ministério Público não tem legitimidade para pleitear, em ação civil pública, a 
indenização decorrente do DPVAT em benefício do segurado. 
STF. Plenário. RE 631.111/GO, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 6 e 7/8/2014 (repercussão geral) 
(Info 753). 
 
O que é o DPVAT? 
O DPVAT (Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestres) é um seguro obrigatório 
de danos pessoais causados por veículos automotores de via terrestre, ou por sua carga, a pessoas, 
transportadas ou não. 
Em outras palavras, qualquer pessoa que sofrer danos pessoais causados por um veículo automotor, ou 
por sua carga, em vias terrestres, tem direito a receber a indenização do DPVAT. Isso abrange os 
motoristas, os passageiros, os pedestres ou, em caso de morte, os seus respectivos herdeiros. 
Ex: dois carros batem e, em decorrência da batida, acertam também um pedestre que passava no local. No 
carro 1, havia apenas o motorista. No carro 2, havia o motorista e mais um passageiro. Os dois motoristas 
morreram. O passageiro do carro 2 e o pedestre ficaram inválidos. Os herdeiros dos motoristas receberão 
indenização de DPVAT no valor correspondente à morte. O passageiro do carro 2 e o pedestre receberão 
indenização de DPVAT por invalidez. 
Para receber indenização, não importa quem foi o culpado. Ainda que o carro 2 tenha sido o culpado, os 
herdeiros dos motoristas, o passageiro e o pedestre sobreviventes receberão a indenização normalmente. 
O DPVAT não paga indenização por prejuízos decorrentes de danos patrimoniais, somente danos pessoais. 
 
Quem custeia as indenizações pagas pelo DPVAT? 
Os proprietários de veículos automotores. Trata-se de um seguro obrigatório. Assim, sempre que o 
proprietário do veículo paga o IPVA, está pagando também, na mesma guia, um valor cobrado a título de 
DPVAT. 
O STJ afirma que a natureza jurídica do DPVAT é a de um contrato legal, de cunho social. 
O DPVAT é regulamentado pela Lei nº 6.194/74. 
 
Qual é o valor da indenização de DPVAT prevista na Lei? 
• no caso de morte: R$ 13.500,00 (por vítima) 
• no caso de invalidez permanente: até R$ 13.500,00 (por vítima) 
• no caso de despesas de assistência médica e suplementares: até R$ 2.700,00 como reembolso a cada vítima. 
 
Como a pessoa obtém a indenização do DPVAT? 
A pessoa deverá procurar uma das empresas seguradoras que seja consorciada ao DPVAT e apresentar a 
documentação necessária. 
Para requerer o seguro DPVAT não é necessário advogado, despachante ou qualquer outra ajuda de 
terceiros. 
 
Caso a pessoa beneficiária do DPVAT não receba a indenização ou não concorde com o valor pago pela 
seguradora, ela poderá buscar auxílio do Poder Judiciário? 
Sim. A pessoa poderá ajuizar uma ação de cobrança contra a seguradora objetivando a indenização 
decorrente de DPVAT. 
 
Se uma grande quantidade de pessoas está tendo problemas com determinada seguradora consorciada 
ao DPVAT (que tem deixado de pagar os beneficiários ou o faz em valores inferiores ao devido), o 
Ministério Público poderá ajuizar uma ação civil pública em favor dessas pessoas? 
SIM. O Plenário do STF entendeu que o Ministério Público tem legitimidade para defender contratantes do 
seguro obrigatório DPVAT (RE 631.111/GO, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 06 e 07/08/2014. 
Repercussão Geral). 
 
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O objeto (pedido) dessa demanda está relacionado com direitos individuais homogêneos. 
 
Assim, podem ser defendidos pelos próprios titulares (segurados), em ações individuais, ou por meio de 
ação coletiva. 
 
O Ministério Público possui legitimidade ativa para ajuizar essa ação coletiva (no caso, ação civil pública) 
porque estamos diante de uma causa de relevante natureza social (interesse social qualificado), diante do 
conjunto de segurados que teriam sido lesados pela seguradora. 
 
Desse modo, havendo interesse social, o Ministério Público é legitimado a atuar, nos termos do art. 127 da 
CF/88: 
Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, 
incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais 
indisponíveis. 
 
Como bem observado pelo Min. Teori Zavascki, “o seguro DPVAT não é um seguro qualquer. É seguro 
obrigatório por força de lei e sua finalidade é proteger as vítimas de um recorrente e nefasto evento da 
nossa realidade moderna, os acidentes automobilísticos, que tantos males, sociais e econômicos, trazem 
às pessoas envolvidas, à sociedade e ao Estado, especialmente aos órgãos de seguridade social. Por isso 
mesmo, a própria lei impõe como obrigatório (...)” 
 
Logo, pela natureza e finalidade desse seguro, o seu adequado funcionamento transcende os interesses 
individuais dos segurados. Há, portanto, manifesto interesse social nessa controvérsia coletiva. 
 
Em outras palavras, trata-se de direitos individuais homogêneos, cuja tutela se reveste de interesse social 
qualificado, autorizando, por isso mesmo, a iniciativa do Ministério Público de, com base no art. 127 da 
Constituição, defendê-los em juízo mediante ação coletiva. 
 
Outros exemplos de direitos individuais homogêneos que, por serem dotados de relevância social, o 
Ministério Público poderá tutelá-los por meio de ACP: 
1) questionar edital de concurso público para diversas categorias profissionais de determinada prefeitura, 
em que se previa que a pontuação adotada privilegiaria candidatos que já integrariam o quadro da 
Administração Pública municipal (STF RE 216443); 
2) defesa de mutuários do Sistema Financeiro de Habitação (STF AI 637853 AgR); 
3) em caso de loteamentos irregulares ou clandestinos, inclusive para que haja pagamento de indenização 
aos adquirentes (REsp 743678); 
4) defesa de direitos de natureza previdenciária (STF AgRg no AI 516.419/PR); 
5) anular Termo de Acordo de Regime Especial - TARE firmado entre o Distrito Federal e empresas 
beneficiárias de redução fiscal. O referido acordo, ao beneficiar uma empresa privada e garantir-lhe o 
regime especial de apuração do ICMS, poderia, em tese, implicar lesão ao patrimônio público, fato que 
legitima a atuação do parquet na defesa do erário e da higidez da arrecadação tributária (STF RE 
576155/DF); 
6) pretender que o poder público forneça medicação de uso contínuo, de alto custo, não disponibilizada 
pelo SUS, mas indispensável e comprovadamente necessária e eficiente para a sobrevivência de um único 
cidadão desprovido de recursos financeiros; 
7) defesa de direitos dos consumidores de energia elétrica; 
8) defesa dodireito dos consumidores de não serem incluídos indevidamente nos cadastros de 
inadimplentes (REsp 1.148.179-MG). 
 
 
 
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A decisão do STF acima explicada é inovadora? 
SIM. O entendimento antes majoritário na jurisprudência era o de que o Ministério Público não tinha 
legitimidade para ações de DPVAT. O STJ já havia, inclusive, editado um enunciado nesse sentido: 
Súmula 470-STJ: O Ministério Público não tem legitimidade para pleitear, em ação civil pública, a 
indenização decorrente do DPVAT em benefício do segurado. 
 
Como a decisão do STF foi proferida em sede de repercussão geral, pode-se concluir que a súmula 470 do 
STJ, apesar de formalmente ainda estar em vigor, encontra-se SUPERADA. 
 
 
 
DIREITO PENAL 
 
Denunciação caluniosa exige dolo direto do agente 
 
Para configuração do delito de denunciação caluniosa, exige-se que o agente saiba que a 
pessoa é inocente, ou seja, é necessário dolo direto. 
O simples fato de a pessoa “investigada” ou “denunciada” ter sido absolvida não significa que o 
autor da “denúncia” deverá responder por denunciação caluniosa, sendo necessário 
comprovar a sua má-fé, ou seja, que a sua única intenção era a de atribuir fato criminoso a 
pessoa que ele sabia ser inocente. 
STF. 1ª Turma. Inq 3133/AC, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 5/8/2014 (Info 753). 
 
Denunciação caluniosa 
O Código Penal prevê o crime de denunciação caluniosa nos seguintes termos: 
Art. 339. Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, instauração de investigação 
administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime 
de que o sabe inocente: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. 
§ 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de anonimato ou de nome suposto. 
§ 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de contravenção. 
 
Qual é o elemento subjetivo da denunciação caluniosa? 
É o dolo direto, considerando que o tipo penal utiliza a expressão “imputando-lhe crime de que o sabe 
inocente”. 
Desse modo, é imprescindível que esteja provado que o agente tenha efetivo conhecimento da inocência 
da pessoa e, mesmo assim, dê causa à instauração do procedimento. 
 
Imagine agora a seguinte situação: 
A Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão na casa de determinada Deputada Federal. 
Após o cumprimento, a referida Deputada requereu, junto ao MPF, a abertura de procedimento para 
apurar eventual prática do crime de abuso de autoridade por parte do Delegado de Polícia federal 
alegando que, durante a diligência, ele teria se utilizado de força desnecessária e imoderada, causando-lhe 
lesões corporais leves. 
O MPF instaurou a investigação, mas, ao final, requereu o arquivamento entendendo que não foi 
praticado nenhum crime por parte do Delegado. 
Depois que houve o arquivamento, o MPF ajuizou ação penal contra a Deputada Federal pela prática de 
denunciação caluniosa. 
 
 
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O que decidiu o STF? 
O STF rejeitou a denúncia afirmando que, para a configuração desse crime, exige-se que a instauração do 
procedimento tenha sido requerida pelo agente com a única intenção de se atribuir fato criminoso a 
pessoa que se sabe ser inocente. Em outras palavras, é indispensável que fique demonstrada a má-fé do 
“denunciante”. 
No caso concreto, o Min. Relator Luiz Fux entendeu não haver elementos suficientes para o recebimento 
da denúncia. Segundo ele, o crime de denunciação caluniosa exige que haja dolo direto, ou seja, é 
necessário que seja imputado algo a alguém sabidamente inocente, não sendo configurado o delito 
quando alguém se encontra em situação conflituosa e reporta-se à autoridade policial para relatar os 
acontecimentos, ainda que sua denúncia seja arquivada. “Não basta que o conteúdo da denúncia se 
demonstre incorreto, mas é necessário que haja o dolo”. 
De acordo com o relator, os fatos narrados nos autos não demonstram má-fé, pois a Deputada, ao 
apresentar a notícia-crime, pretendia apenas que fosse averiguado se o comportamento dos policiais 
federais estava dentro dos padrões de normalidade na realização de uma diligência policial. 
O Ministro destacou, ainda, que o exame de corpo de delito realizado na Deputada após a diligência 
apontou a existência de “equimoses avermelhadas, caracterizadas como lesões corporais leves”, o que 
corrobora a versão apresentada por ela. 
Logo, o simples fato de a investigação contra o Delegado ter sido arquivada, não significa necessariamente 
que a Deputada Federal que deu causa ao procedimento tenha cometido o crime do art. 339 do CP. 
 
 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
Não cabimento de HC quando não está em jogo a liberdade de locomoção 
 
Não cabe habeas corpus contra a decisão do juiz que nega o pedido do réu preso (que é 
advogado) para que atue sozinho em seu processo criminal. No caso, o juiz determinou que 
esse réu/advogado deverá atuar em conjunto com outro causídico nomeado pelo juízo em 
virtude de ele se encontrar preso, o que dificultaria a realização da defesa. 
Segundo o STF, o HC não é o instrumento processual adequado a postular o direito de exercer 
a autodefesa técnica, uma vez que não está em jogo a liberdade de locomoção do paciente. 
STF. 2ª Turma. HC 122382/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 5/8/2014 (Info 753). 
 
Imagine a seguinte situação adaptada: 
João, advogado, está sendo acusado da prática de um crime e encontra-se preso preventivamente, 
recolhido no Batalhão da Polícia Militar. 
O réu peticionou ao juízo criminal informando que, por ser advogado regularmente inscrito na OAB, iria 
assumir sozinho a defesa na referida ação penal. 
O juiz indeferiu o pedido. Segundo decidiu o magistrado, João poderia atuar em causa própria no seu 
processo, mas deveria fazê-lo em conjunto com um outro advogado que seria nomeado pelo juízo. Isso 
porque, argumentou o juiz, como ele se encontra preso preventivamente, não teria plenas condições de 
realizar a sua defesa. 
Inconformado, João impetrou habeas corpus pedindo que ele possa atuar sozinho (sem outro advogado) 
em seu processo criminal e que lhe sejam fornecidas condições (computador, impressora, papel etc.) para 
que ele faça essa defesa mesmo estando preso. 
 
O que decidiu o STF? 
O STF não conheceu do habeas corpus. Para a Corte, o HC não é o instrumento processual adequado a 
postular o direito de exercer a autodefesa técnica, uma vez que não está em jogo a liberdade de 
locomoção do paciente. Em outras palavras, entendeu-se que não era caso de habeas corpus. 
 
Informativo 753-STF (19/08/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 11 
 
Condenado que permanece preso mesmo 
tendo sido determinado que cumprisse medida de segurança 
 
Passados quase três anos do recolhimento do réu em estabelecimento prisional, o Estado não 
lhe garantiu o direito de cumprir a medida de segurança estabelecida pelo juízo sentenciante. 
Diante da falta de estabelecimento adequado para internação, o condenado permaneceu 
custodiado por tempo superior ao que disposto pelo juízo sentenciante e não foi submetido ao 
tratamento médico determinado no decreto condenatório. 
Diante disso, o STF concedeu HC de ofício para determinar que ele seja incluído em tratamento 
ambulatorial, sob a supervisão do juízo da execução criminal. 
STF. 2ª Turma. HC 122670/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 5/8/2014 (Info 753). 
 
Imagine a seguinte situação adaptada: 
João foi condenado a uma pena de 2 anos de reclusão. 
Como o réu foi considerado semi-imputável, essa pena privativa de liberdade foi substituída por medida 
de segurança consistente em internação hospitalar ou estabelecimento similar para tratamento de 
dependência química pelo prazo de 2 anos, e, ao seu término, pelo tratamento ambulatorial. 
Ocorre que João já estava presohá cerca de 3 anos e o Estado até o momento não havia lhe garantido o 
direito de cumprir a medida de segurança fixada pelo juízo sentenciante. 
Diante disso, foi impetrado um habeas corpus. 
 
O que decidiu o STF? 
A 2ª Turma não conheceu do habeas corpus, mas deferiu a ordem, de ofício, para determinar que o 
paciente seja incluído em tratamento ambulatorial, sob a supervisão do juízo da execução criminal. 
 
 
 
EXERCÍCIOS 
 
Julgue os itens a seguir: 
1) Compete ao STF julgar mandado de segurança contra ato do Presidente de Tribunal de Justiça que, na 
condição de mero executor, apenas dá cumprimento à resolução do CNJ. ( ) 
2) (PGE/MS 2014) O CNJ pode exercer o controle da função jurisdicional do Poder Judiciário, segundo o 
explícito posicionamento do STF a respeito da competência do CNJ. ( ) 
3) (Cartório PE FCC 2013) Compete ao CNJ o controle da atuação administrativa e financeira do Poder 
Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes. ( ) 
4) (Juiz Federal TRF2 CESPE 2013) Praticará o crime de denunciação caluniosa quem der causa à 
instauração de investigação policial contra alguém, imputando-lhe contravenção penal de que o sabe 
inocente. ( ) 
5) (Juiz TJES CESPE 2012) Caso o delito de denunciação caluniosa dê origem a procedimento 
administrativo no âmbito do MPF e a inquérito policial federal, competirá à justiça federal processar e 
julgar a pertinente ação penal, independentemente das características da vítima desse crime. ( ) 
 
 
Gabarito 
1. C 2. E 3. C 4. C 5. C 
 
 
 
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JULGADO NÃO COMENTADO 
 
CNJ: deferimento de liminares e dispensa de interstício para remoção de magistrados 
A 1ª Turma concedeu mandado de segurança para anular ato do CNJ que, em procedimento de controle 
administrativo, suspendera, liminarmente, decisão do Órgão Especial do TJ/RJ, a qual determinara a adoção 
do critério do interstício de dois anos de exercício, na mesma entrância, como requisito para a remoção de 
magistrados (CF, art. 93, II, b). De início, a Turma assentou a competência do CNJ para o deferimento de 
medidas liminares. No mérito, registrou a impossibilidade de aplicação do mencionado interstício, porque 
inexistiriam candidatos que preenchessem essa exigência. 
MS 27704/RJ, rel. Min. Dias Toffoli, 5.8.2014. 
 
 
 
OUTRAS INFORMAÇÕES 
 
R E P E R C U S S Ã O G E R A L 
DJe de 1º a 8 de agosto de 2014 
 
REPERCUSSÃO GERAL EM RE N. 655.466-DF 
RELATOR: MIN. RICARDO LEWANDOWSKI 
EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. RECLAMAÇÃO. USURPAÇÃO DE COMPETÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. LIMINAR 
EM MANDADO DE SEGURANÇA CONCEDIDA NA ORIGEM. PROCEDIMENTO SOBRE DÚVIDA REGISTRAL. QUESTÃO RESTRITA 
AO INTERESSE DAS PARTES. INEXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. 
 
REPERCUSSÃO GERAL EM RE N. 769.254-SP 
RELATOR: MIN. TEORI ZAVASCKI 
EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. LIMITAÇÕES AO EXERCÍCIO DA ADVOCACIA. MATÉRIA 
INFRACONSTITUCIONAL. AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. 
1. Tem natureza infraconstitucional a controvérsia a respeito da conformação das prerrogativas do exercício da advocacia, originada que está na Lei 
8.906/94, cujo art. 7º assegura ao advogado, dentre outros direitos, o livre exercício da profissão em todo o território nacional, o livre ingresso em 
repartições públicas para a prática de ato ou colheita de prova ou de informação útil ao exercício da atividade profissional, o exame, em qualquer 
órgão dos Poderes Judiciário e Legislativo ou da Administração Pública em geral, de autos referentes a processos findos ou em andamento e a vista de 
processos judiciais ou administrativos de qualquer natureza, em cartório ou na repartição competente, bem como sua retirada pelo prazo legal. 
Portanto, não há questão constitucional a ser analisada. 
2. A norma constitucional que preconiza a harmonia e independência entre os Poderes da União, pela sua generalidade, é insuficiente para infirmar o 
específico juízo formulado pelo acórdão recorrido no caso. Incidência do óbice da Súmula 284/STF. 
3. Incabível, em recurso extraordinário, apreciar violação ao art. 5º, II, da CF/88, que pressupõe intermediário exame e aplicação de normas 
infraconstitucionais pertinentes (AI 796.905-AgR, Rel. Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, DJe de 21.5.2012; AI 622.814-AgR, Rel. Min. DIAS 
TOFFOLI, Primeira Turma, DJe de 08.3.2012; ARE 642.062-AgR, Rel. Min. ELLEN GRACIE, Segunda Turma, DJe de 19.8.2011). 
4. É cabível a atribuição dos efeitos da declaração de ausência de repercussão geral quando não há matéria constitucional a ser apreciada ou quando 
eventual ofensa à Carta Magna se dê de forma indireta ou reflexa (RE 584.608 RG, Min. ELLEN GRACIE, Pleno, DJe de 13/03/2009). 
5. Ausência de repercussão geral da questão suscitada, nos termos do art. 543-A do CPC. 
 
 
REPERCUSSÃO GERAL EM RE N. 789.218-MG 
RELATOR: MIN. DIAS TOFFOLI 
EMENTA: TRIBUTÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. RATIFICAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA. TAXA DE EXPEDIENTE. FATO 
GERADOR. EMISSÃO DE GUIA PARA PAGAMENTO DE TRIBUTO. AUSÊNCIA DOS CRITÉRIOS EXIGIDOS PELO ART. 145, II, 
CF/88. INCONSTITUCIONALIDADE. 
1. A emissão de guia de recolhimento de tributos é de interesse exclusivo da Administração, sendo mero instrumento de arrecadação, não envolvendo 
a prestação de um serviço público ao contribuinte. 
2. Possui repercussão geral a questão constitucional suscitada no apelo extremo. Ratifica-se, no caso, a jurisprudência da Corte consolidada no sentido 
de ser inconstitucional a instituição e a cobrança de taxas por emissão ou remessa de carnês/guias de recolhimento de tributos. Precedente do Plenário 
da Corte: Rp nº 903, Rel. Min. Thompson Flores, DJ de 28/6/74. 
3. Recurso extraordinário do qual se conhece, mas ao qual, no mérito, se nega provimento. 
 
REPERCUSSÃO GERAL EM ARE N. 808.107-PE 
RELATOR: MIN. TEORI ZAVASCKI 
1. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 376.846, rel. Min. CARLOS VELLOSO, DJ de 02-04-2004, afastou a alegação de 
inconstitucionalidade das normas que fixaram os índices de correção monetária de benefícios previdenciários empregados nos reajustes relativos aos 
anos de 1997, 1999, 2000 e 2001, que foram de um modo geral superiores ao INPC e observaram os comandos normativos de regência. 
2. Tratando-se de situações semelhantes, os mesmos fundamentos são inteiramente aplicáveis aos índices de reajuste relativos aos anos de 2002 e 
2003. 
 
Informativo 753-STF (19/08/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 13 
3. Incabível, em recurso extraordinário, apreciar violação ao art. 5º, XXXV e XXXVI, da Constituição Federal, que pressupõe intermediário exame e 
aplicação das normas infraconstitucionais pertinentes (AI 796.905-AgR/PE, Rel. Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, DJe de 21.5.2012; AI 622.814-
AgR/PR, Rel. Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, DJe de 08.3.2012; ARE 642.062-AgR/RJ, Rel. Min. ELLEN GRACIE, Segunda Turma, DJe de 
19.8.2011). 
4. Agravo a que se conhece para, desde logo, negar seguimento ao recurso extraordinário, com o reconhecimento da repercussão geral do tema e a 
reafirmação da jurisprudência sobre a matéria. 
 
REPERCUSSÃO GERAL EM ARE 808.997 
RELATOR : MIN. LUIZ FUX 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. APOSENTADORIA PROPORCIONAL. 
GRATIFICAÇÃO. CÁLCULO. VALOR INTEGRAL. INTERPRETAÇÃO DE LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL. OFENSA REFLEXA. 
INEXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. 
 
REPERCUSSÃO GERAL EM ARE N. 668.974-DF 
RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO 
IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS – TELECOMUNICAÇÕES – INADIMPLÊNCIA ABSOLUTA DOS 
USUÁRIOS – DIREITO AO CRÉDITO – PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE – RECURSO EXTRAORDINÁRIO – REPERCUSSÃO 
GERAL CONFIGURADA. Possui repercussão geral a controvérsia relativa ao direito do contribuinte de aproveitar valores pagos do Imposto sobre a 
Circulação de Mercadorias e Serviços, para abatimento do tributo devido quantoa operações subsequentes, alusivos a prestações de serviço de 
comunicação, quando ocorrida inadimplência absoluta dos respectivos usuários. 
 
Decisões Publicadas: 6 
 
C L I P P I N G D O D JE 
1º a 8 de agosto de 2014 
 
ADI N. 1.817-DF 
RELATOR: MIN. DIAS TOFFOLI 
EMENTA: Ação direta de inconstitucionalidade. Lei nº 9.504/97. Criação de partido político. Prazo mínimo de um ano de existência para que 
partidos possam concorrer em eleições. Constitucionalidade. Filiação partidária anterior como requisito de elegibilidade. Improcedência. 
1. A definição de limitações ao exercício das funções eleitorais pelos partidos políticos é decreto de ordem excepcional, ressalva feita àquelas 
condicionantes oriundas da Constituição Federal, a exemplo do art. 17 do Texto Magno. No caso do art. 4º da Lei nº 9.504/97, embora se estabeleça 
limitação consistente na exigência do prazo mínimo de um ano de existência para que partidos políticos possam concorrer em eleições, há 
excepcionalidade que justifica a limitação da ampla liberdade de atuação dos partidos políticos na seara eleitoral. A previsão atacada encontra ligação 
estreita com a exigência constitucional da prévia filiação partidária, requisito de elegibilidade inscrito no art. 14, § 3º, V, da Constituição Federal. 
2. A noção de elegibilidade (condição para o exercício regular do direito de candidatura) abarca o mandamento de que a satisfação dos seus requisitos, 
dentre os quais a filiação partidária, deve ser atestada de maneira prévia ao pleito eleitoral. O prazo estabelecido na legislação, muito embora não 
constitucionalizado, é fixado por delegação constitucional ao legislador ordinário. Tal prazo deve ser razoável o suficiente para a preparação da 
eleição pela Justiça Eleitoral, albergando, ainda, tempo suficiente para a realização das convenções partidárias e da propaganda eleitoral. Foi adotado 
como parâmetro temporal, no caso, o interregno mínimo de um ano antes do pleito, em consonância com o marco da anualidade estabelecido no art. 
16 da Constituição Federal. 
3. Feriria a coerência e a logicidade do sistema a permissão de que a legenda recém-criada fosse partícipe do pleito eleitoral mesmo inexistindo ao 
tempo do necessário implemento da exigência da prévia filiação partidária (requisito de elegibilidade). A relação dialógica entre partido político e 
candidato é indissociável, em face da construção constitucional de nosso processo eleitoral. 
4. Ação julgada improcedente. 
*noticiado no Informativo 748 
 
ADI N. 4.424-DF 
RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO 
AÇÃO PENAL – VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER – LESÃO CORPORAL – NATUREZA. A ação penal relativa a lesão 
corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada – considerações. 
*noticiado no Informativo 654 
 
MED. CAUT. EM ADI N. 4.759-BA 
RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO 
REMUNERAÇÃO – SERVIDOR CEDIDO – PROJETO DE LEI – INICIATIVA. Em se tratando de servidor cedido pelo Executivo, a este cabe a 
iniciativa de lei a alcançar a respectiva remuneração. Relevância e risco no que pretendida liminar para afastar a eficácia de lei que conflita com a 
premissa. 
*noticiado no Informativo 734 
 
MS N. 26.336-DF 
RELATOR: MIN. JOAQUIM BARBOSA 
EMENTA: DESAPROPRIAÇÃO. INTERESSE SOCIAL. IMÓVEL RURAL. PROIBIÇÃO TEMPORAL NA HIPÓTESE DE ESBULHO 
POSSESSÓRIO MOTIVADO POR CONFLITO AGRÁRIO. LEI 8.629/1993. 
PROCESSO CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. AUSÊNCIA DE CERTEZA QUANTO AO QUADRO FÁTICO. NECESSIDADE DE 
DILAÇÃO PROBATÓRIA. INADMISSIBILIDADE. 
Caracterizada divergência entre as alegações da impetrante e as informações prestadas pela autoridade-coatora acerca do quadro fático, cuja 
superação depende necessariamente de dilação probatória, é inadmissível a ação de mandado de segurança. 
Segurança denegada. Medida liminar cassada. 
*noticiado no Informativo 734 
 
AG. REG. NO RE N. 222.239-RJ 
RELATOR: MIN. DIAS TOFFOLI 
 
Informativo 753-STF (19/08/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 14 
EMENTA: Agravo regimental no recurso extraordinário. Apelo provido. Alegada perda superveniente de seu objeto, em razão da celebração de 
acordo entre as partes na origem. Artigo 462 do CPC. Inaplicabilidade na via extraordinária. Precedentes. 
1. A jurisprudência da Corte é no sentido de que o art. 462 do Código de Processo Civil não se aplica à via extraordinária. 
2. Eventuais questões pertinentes a acordo celebrado entre as partes ou ao destino de verbas alegadamente de cunho alimentar recebidas de boa-fé 
devem ser compostas nas instâncias de origem. 
3. A impugnação de uma decisão que contraria os interesses da parte deve abordar todos os aspectos e fundamentos dessa decisão - sob pena de rejeição -, 
o que não ocorreu no presente agravo. 
4. Agravo regimental não provido. 
*noticiado no Informativo 748 
 
RHC N. 116.711-DF 
RELATOR: MIN. GILMAR MENDES 
Recurso ordinário em habeas corpus. 2. Tráfico e associação para o tráfico interestadual de entorpecentes. Pedido de liberdade provisória. Alegação 
de ausência dos requisitos da prisão preventiva. 3. Superveniência de sentença condenatória. Custódia cautelar mantida sob mesmo fundamento da 
conversão do flagrante em preventiva: a necessidade de garantir a ordem pública. 4. Decisão impugnada proferida por relator do Superior Tribunal de 
Justiça. Ausência de interposição de agravo regimental. Recente entendimento da Segunda Turma (HC 119.115/MG). Ressalvas. 5. Recurso ordinário 
em habeas corpus não conhecido. 
*noticiado no Informativo 729 
 
HC N. 118.213-SP 
RELATOR: MIN. GILMAR MENDES 
Habeas corpus. 2. Tráfico e associação para o tráfico ilícito de entorpecentes (arts. 33 e 35 da Lei 11.343/2006). Condenação. Execução penal. 3. 
Sentenciada com deficiência visual. Pedido de concessão de indulto humanitário, com fundamento no art. 1º, inciso VII, alínea a, do Decreto Presidencial 
n. 6.706/2008. 4. O Supremo Tribunal Federal já declarou a inconstitucionalidade da concessão de indulto a condenado por tráfico de drogas, 
independentemente da quantidade da pena imposta [ADI n. 2.795 (MC), Rel. Min. Maurício Corrêa, Pleno, DJ 20.6.2003]. 5. Vedação constitucional (art. 
5º, inciso XLIII, da CF) e legal (art. 8º, inciso I, do Decreto n. 6.706/2008) à concessão do benefício. 6. Ausência de constrangimento ilegal. Ordem 
denegada. 
*noticiado no Informativo 745 
 
RMS N. 31.858-DF 
RELATORA : MIN. CÁRMEN LÚCIA 
EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. ADMINISTRATIVO. ATO DO MINISTRO DE ESTADO DA 
JUSTIÇA. POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL. PROCESSO ADMINISTRATIVO: DEMISSÃO. OFENSA AO CONTRADITÓRIO E À 
AMPLA DEFESA: INOCORRÊNCIA. DILAÇÃO PROBATÓRIA. NÃO CABIMENTO. RECURSO AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. 
*noticiado no Informativo 746 
 
ADI N. 351-RN 
RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO 
SERVIDOR PÚBLICO – ESTABILIDADE – ARTIGO 19 DO ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS – ALCANCE. 
A norma do artigo 19 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias encerra simples estabilidade, ficando afastada a transposição de servidores 
considerados cargos públicos integrados a carreiras distintas, pouco importando encontrarem-se prestando serviços em cargo e órgão diversos da 
Administração Pública. 
*noticiado no Informativo 746 
 
ADI N. 2.669-DF 
RED. P/ O ACÓRDÃO: MIN. MARCO AURÉLIO 
ICMS – TRANSPORTE TERRESTRE – LEI COMPLEMENTAR Nº 87/96 – CONSTITUCIONALIDADE. Mostra-se harmônica com a 
Constituição Federal a incidência do ICMS sobre a prestação de serviço de transporte terrestre. 
*noticiado no Informativo 734 
 
RE N. 230.536-SP 
RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO 
NORMA LEGAL – VIGÊNCIA. A norma legal é editada para viger de forma prospectiva, não alcançando situações jurídicas constituídas. 
*noticiado no Informativo 750 
 
AG. REG. NA AR N. 2.125-SP 
RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO 
AÇÃO RESCISÓRIA – TUTELA ANTECIPADA. Descabe, em mitigação precária e efêmera da coisa julgada, de envergadura constitucional, 
implementar, na rescisória,tutela antecipada. 
*noticiado no Informativo 746 
 
RE N. 190.034-SP 
RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO – PLANO COLLOR – BLOQUEIO. Ante a liberação dos depósitos bloqueados, há o prejuízo do recurso 
interposto pelo Banco Central. 
*noticiado no Informativo 742 
 
MS N. 27.650-DF 
RELATORA: MIN. CÁRMEN LÚCIA 
EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA. ATO DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. PROCEDIMENTO DE CONTROLE 
ADMINISTRATIVO SOBRE MATÉRIA SUBMETIDA À APRECIAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO. IMPOSSIBILIDADE DE ATUAÇÃO DO 
CONSELHO, POR DISPOR DE ATRIBUIÇÕES EXCLUSIVAMENTE ADMINISTRATIVAS. SEGURANÇA CONCEDIDA. 
*noticiado no Informativo 752 
 
HC N. 120.017-SP 
RELATOR: MIN. DIAS TOFFOLI 
EMENTA: Habeas corpus. Processual Penal. Impedimento de desembargadores integrantes de órgão especial que tenham julgado 
procedimento administrativo disciplinar contra juíza federal e emitido pronunciamento pela imposição de disponibilidade à magistrada. 
Inexistência. Ordem denegada. 
 
Informativo 753-STF (19/08/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 15 
1. Embora a pretensão formulada no writ não guarde relação direta com a liberdade de locomoção da paciente, circunstância que demonstraria a 
inadequação da via eleita, no caso vertente, diante de aventada ocorrência de nulidade absoluta, há indiretamente um cerceamento à liberdade de ir e 
vir da paciente, de modo a, excepcionalmente, entender-se cabível a impetração. 
2. O disposto no inciso III do art. 252 do Código de Processo Penal merece interpretação restritiva, circunscrevendo-se o impedimento do juiz às 
causas em que tenha atuado em graus de jurisdição distintos, não comportando a norma ampliação da hipótese taxativamente estabelecida. 
3. Ordem denegada. 
*noticiado no Informativo 748 
 
Acórdãos Publicados: 398 
 
TRANSCRIÇÕES 
 
Com a finalidade de proporcionar aos leitores do INFORMATIVO STF uma compreensão mais 
aprofundada do pensamento do Tribunal, divulgamos neste espaço trechos de decisões que tenham 
despertado ou possam despertar de modo especial o interesse da comunidade jurídica. 
 
Reclamação - Publicação de Sentença - Reparação Civil - ADPF 130 – Possibilidade (Transcrições) 
 
Rcl 16.492 MC/SP* 
 
RELATOR: Ministro Celso de Mello 
 
EMENTA: RECLAMAÇÃO. ALEGADA TRANSGRESSÃO AO JULGAMENTO DA ADPF 130/DF. INOCORRÊNCIA. TRIBUNAL 
DE JUSTIÇA QUE CONDENA EMPRESA JORNALÍSTICA, COM BASE NA LEGISLAÇÃO CIVIL (E NÃO NO ART. 75 DA HOJE 
INSUBSISTENTE LEI DE IMPRENSA), A PUBLICAR, NO JORNAL QUE EDITA, O TEOR INTEGRAL DE SENTENÇA 
CONDENATÓRIA PROFERIDA EM PROCESSO DE INDENIZAÇÃO CIVIL. CONSIDERAÇÕES EM TORNO DA POSSIBILIDADE 
JURÍDICA DE SE IMPOR REFERIDA OBRIGAÇÃO DE FAZER COM O OBJETIVO DE CONFERIR EFETIVIDADE AO PRINCÍPIO 
DA REPARAÇÃO INTEGRAL DO DANO. PRECEDENTES DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. DETERMINAÇÃO QUE SÓ 
NÃO SE REVELARIA LÍCITA, SE ORDENADA COM FUNDAMENTO NO ART. 75 DA LEI DE IMPRENSA, OBJETO DE JUÍZO 
NEGATIVO DE RECEPÇÃO QUANDO DO JULGAMENTO PROFERIDO, COM EFICÁCIA VINCULANTE, PELO SUPREMO 
TRIBUNAL FEDERAL, NO EXAME DA ADPF 130/DF. INADMISSIBILIDADE DA RECLAMAÇÃO PELO FATO DE O ACÓRDÃO 
ORA IMPUGNADO NÃO SE AJUSTAR, COM EXATIDÃO E PERTINÊNCIA, AO PARADIGMA DE CONFRONTO INVOCADO PELA 
PARTE RECLAMANTE. PRECEDENTES. RECLAMAÇÃO NÃO CONHECIDA. 
 
DECISÃO: Trata-se de reclamação, com pedido de medida liminar, na qual se alega que o ato ora impugnado – emanado do E. Tribunal de Justiça 
do Estado de São Paulo – teria transgredido a autoridade do julgamento que esta Suprema Corte proferiu, com efeito vinculante, no exame da ADPF 
130/DF, Rel. Min. AYRES BRITTO. 
A parte reclamante sustenta, em síntese, para justificar sua pretensão, o que se segue: 
 
“Foram propostas, por **, duas ações de indenização por danos morais contra esta reclamante em razão de matérias jornalísticas 
que, supostamente, teriam lesionado seu patrimônio moral. Referidas ações foram distribuídas para a 5ª e 9ª Varas Cíveis da Comarca de 
Ribeirão Preto – SP e autuadas, respectivamente, sob os nºs 300/06 e 1553/04. 
Dentre os pedidos feitos pelo autor, foi pleiteada, nas duas ações, a condenação da ora reclamante na divulgação, no periódico Folha 
de S. Paulo, por ela editado, de eventuais sentenças condenatórias, em seu inteiro teor, pedido este que possuía exclusivo fundamento no art. 
75 da agora revogada Lei de Imprensa (Lei nº 5.250/67). 
Ainda em 1ª instância, foi reconhecida a conexão entre as duas ações, que passaram a tramitar conjuntamente perante o Juízo da 9ª 
Vara Cível, que entendeu, em sentença, proferida em 05.06.2006 pela procedência do pedido autoral de condenação da reclamante no 
pagamento de R$ 50.000,00, a título de indenização por danos morais. Em sede de decisão de embargos declaratórios, o D. Juiz condenou, 
ainda, a reclamante na obrigação de fazer consistente na publicação, na íntegra, da sentença condenatória, após seu trânsito em julgado, 
com fulcro no artigo 75, da Lei de Imprensa. 
Contra tal decisão, a reclamante interpôs recurso de apelação, ao qual a 9ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do 
Estado de São Paulo, através do v. acórdão publicado em 23.02.2012, negou provimento, mantendo, em sua integralidade, a r. sentença 
recorrida. 
Quanto ao pedido de publicação de sentença, o E. Tribunal aduziu que ‘Conquanto a Lei nº. 5.250/67 não tenha sido recepcionada 
pela Constituição, a publicação continua a ser uma forma eficiente de reparação do dano, admissível com base na equidade’. 
Contudo, durante o trâmite desta ação, sobreveio decisão deste Supremo Tribunal Federal, em sede de Ação de Descumprimento de 
Preceito Fundamental, sob o nº 130/DF, que declarou a não recepção da Lei de Imprensa pela Constituição Federal de 1988, lei esta na qual 
estava contido justamente o dispositivo legal que legitimava o pedido de publicação da decisão condenatória, de maneira que não há mais, no 
arcabouço jurídico brasileiro, dispositivo que legitime e ampare tal requerimento. Esse fato, inclusive, restou reconhecido pelo Tribunal de 
Justiça de São Paulo no julgamento do mencionado recurso. 
Nestes termos, a decisão proferida pelo acórdão da lavra do Des. Rel. ** viola a decisão deste Supremo Tribunal, desrespeitando, 
assim, a autoridade de suas decisões, razão pela qual se lança mão da presente reclamação.” (grifei) 
 
O E. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, ao manter, em sede de apelação, o julgado proferido por magistrado de primeiro grau, 
que condenara a ora reclamante a publicar, em inteiro teor, no jornal **, a sentença civil condenatória, tão logo tornada irrecorrível, assinalou, a 
propósito da controvérsia ora em exame, que, “conquanto a Lei nº 5.250/67 não tenha sido recepcionada pela Constituição, a publicação continua a 
ser uma forma eficiente da reparação do dano, admissível com base na equidade” (grifei). 
Vê-se, desde logo, presente o contexto delineado no acórdão de que ora se reclama, que a Corte judiciária estadual não fundamentou, na 
Lei de Imprensa (art. 75), a exigência de publicação da sentença proferida no processo de indenização civil instaurado contra a empresa jornalística 
**. 
Ao contrário, o Tribunal ora reclamado teve o cuidado de assentar que, não obstante “a Lei nº 5.250/67 não tenha sido recepcionada pela 
Constituição”, não se deveria eximir a empresa jornalística, ora reclamante, da obrigação de publicar a sentença, ainda que sob fundamento 
 
Informativo 753-STF (19/08/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 16 
completamente diverso daquele referente à Lei de Imprensa (art. 75), pelo fato de a publicação continuar “a ser uma forma eficiente de reparação do 
dano, admissível com base na equidade”. 
Teria ocorrido desrespeito efetivo à autoridade da decisão do Supremo Tribunal Federal, ainda mais porque impregnada de eficácia 
vinculante, se o órgão judiciário ora reclamado houvesse invocado, como fundamento legitimador do acórdão impugnado, a norma inscrita noart. 
75 da Lei nº 5.250/67, que esta Corte Suprema declarou não recepcionada pela vigente ordem constitucional (ADPF 130/DF). 
Não foi, porém, o que ocorreu, como resulta claro da própria leitura do acórdão de que se reclama na presente sede processual, pois o E. 
Tribunal de Justiça local, ao impor, à empresa jornalistica, a publicação, na íntegra, da sentença civil condenatória, nada mais fez senão objetivar, 
na medida do possível, a plena reparabilidade do dano infligido ao ofendido, ora interessado, em ordem a permitir, pela restauração do “status 
quo ante”, a eliminação do prejuízo por ele sofrido e, desse modo, viabilizar, com exclusivo fundamento na legislação civil (não, porém, na Lei de 
Imprensa), a implementação de verdadeira “restitutio in integrum”. 
Vale registrar, no ponto, que, embora se mostre inviável apoiar, com base na Lei nº 5.250/67 (art. 75), a determinação de fazer publicar 
sentença civil condenatória em veículo de comunicação social, em razão do julgamento proferido pelo Supremo Tribunal Federal na ADPF 130/DF 
(Ag 1.047.230-AgR-ED/RJ, Rel. Min. MARIA ISABEL GALLOTTI – Ag 1.359.707-ED/SP, Rel. Min. SIDNEI BENETI, v.g.), torna-se legítimo 
reconhecer, no entanto, a possibilidade de fundamentar em critérios diversos (que não aqueles contemplados na hoje insubsistente Lei de Imprensa) 
o juízo condenatório que impõe, ao réu, a publicação da sentença civil como instrumento adequado para conferir efetividade ao princípio da 
reparação integral do dano (AR 4.490-AgR/DF, Rel. Min. RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA – REsp 1.263.973/DF, Rel. Min. RICARDO VILLAS 
BÔAS CUEVA), tal como o E. Superior Tribunal de Justiça tem assinalado ao analisar a matéria em causa: 
 
“Sr. Presidente, indefiro a preliminar de pronto, pois ela não tem razão de ser. Primeiro, porque nenhum dispositivo suspenso pelo 
colendo STF acerca da Lei de Imprensa está sendo tratado aqui. Segundo, porque a matéria desborda, e longe, da mera aplicação da Lei de 
Imprensa, recaindo na responsabilidade civil comum, regida pelo Código Civil. 
….............................................................................................................. 
(…) Tenho, portanto, como integrante do direito à reparação do dano moral a desconstituição pública, geral, das notícias anteriores 
causadoras da lesão, independentemente da compensação financeira pela dor, humilhação e sofrimento impostos à pessoa atingida. Não há 
‘bis in idem’, nem condenação não prevista em lei, tampouco transmudação em direito de resposta, e de modo algum excesso. O que há, isto 
sim, pela conjugação da indenização com o esclarecimento público sobre a erronia e injustiça da matéria lesiva, uma reparação mais 
eficiente do dano causado.” 
(REsp 957.343/DF, Rel. Min. ALDIR PASSARINHO JÚNIOR – grifei) 
 
Relevante destacar julgado do E. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo que reconheceu a legitimidade da determinação judicial de 
fazer publicar sentença civil condenatória em jornais ou periódicos, em ordem a viabilizar uma mais completa recomposição dos danos sofridos 
pelo ofendido, desde que, afastada a invocação da Lei de Imprensa (art. 75), a decisão encontre fundamento em outros instrumentos normativos: 
 
“1 – Agravo de Instrumento – Cumprimento de sentença – Condenação ao pagamento de indenização e à publicação da sentença, 
em decorrência de danos morais. 
…................................................................................................... 
 3 – Obrigação de publicar a sentença que remanesce, já que não fundada, exclusivamente, no artigo 75 da Lei nº 5.250/67 – 
Aplicação do princípio da reparação integral – Precedentes do Colendo Superior Tribunal de Justiça e do Colendo Supremo Tribunal 
Federal (…).” 
(AI nº 2019542-19.2013.8.26.0000, Rel. Des. MATHIAS COLTRO – grifei) 
 
Não foi por outra razão que o eminente Ministro AYRES BRITTO, ao negar seguimento a uma determinada reclamação ajuizada perante 
o Supremo Tribunal Federal, destacou, precisamente, o aspecto que venho de referir, salientando que, “ainda que superado o óbice formal, tenho 
que a reclamação não prospera. É que a condenação em publicar a sentença na revista (…) se deu com fundamento na Constituição Federal e no 
Código Civil, e não com base na Lei de Imprensa” (Rcl 9.362/DF – grifei). 
Vê-se, daí, considerados os elementos contidos nestes autos, que a decisão judicial objeto da presente reclamação não importou em ofensa à 
autoridade do julgamento que esta Suprema Corte proferiu no exame da ADPF 130/DF, Rel. Min. AYRES BRITTO. 
É que os fundamentos que dão suporte à decisão ora impugnada revelam-se absolutamente estranhos às razões subjacentes ao paradigma 
de confronto invocado pela parte reclamante. 
Torna-se forçoso concluir, portanto, que inexiste qualquer relação de pertinência temática entre o conteúdo material do julgamento, por 
este Tribunal, da ADPF 130/DF, Rel. Min. AYRES BRITTO, e o que o E. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo resolveu no processo objeto 
da presente reclamação, notadamente se se considerar a circunstância de que a Corte judiciária local expressamente reconheceu que a Lei de 
Imprensa, por incompatível com a vigente Constituição da República, deixou de ser por esta recebida, nos precisos termos da decisão proferida 
pelo Supremo Tribunal Federal em referido processo de controle normativo abstrato. 
Entendo, presentes as razões expostas, que a “ratio decidendi” subjacente ao julgamento ora questionado revela-se substancialmente diversa 
das razões que deram suporte à decisão proferida pelo esta Suprema Corte no exame da ADPF 130/DF, Rel. Min. AYRES BRITTO. 
Esse fato – incoincidência dos fundamentos – torna inviável o próprio conhecimento da presente reclamação pelo Supremo Tribunal 
Federal, bastando para afastar, por incognoscível, a alegação de desrespeito à autoridade do paradigma de confronto invocado pela parte ora 
reclamante como suporte de sua pretensão, como reiteradamente tem advertido a jurisprudência desta Corte (RcL 2.283/RJ, Rel. Min. CELSO 
DE MELLO – RcL 8.951/ES, Rel. Min. LUIZ FUX – RcL 9.105/RJ, Rel. Min. GILMAR MENDES – RcL 9.478/SP, Rel. Min. MARCO 
AURÉLIO – RcL 14.140/DF, Rel. Min. TEORI ZAVASCKI. – RcL 15.538/RJ, Rel. Min. CELSO DE MELLO – RcL 17.130/BA, Rel. Min. DIAS 
TOFFOLI, v.g.): 
 
“(...) - Os atos questionados em qualquer reclamação – nos casos em que se sustenta desrespeito à autoridade de decisão do Supremo 
Tribunal Federal – hão de se ajustar, com exatidão e pertinência, aos julgamentos desta Suprema Corte invocados como paradigmas de 
confronto, em ordem a permitir, pela análise comparativa, a verificação da conformidade, ou não, da deliberação estatal impugnada em 
relação ao parâmetro de controle emanado deste Tribunal. Precedentes. (…).” 
(Rcl 6.534-AgR/MA, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Pleno) 
 
Considerada a ausência, na espécie, dos pressupostos que poderiam legitimar o ajuizamento da reclamação, este remédio constitucional não 
pode ser utilizado como um (inadmissível) atalho processual destinado a permitir, por razões de caráter meramente pragmático, a submissão 
imediata do litígio ao exame direto desta Suprema Corte, ainda mais se se tiver presente o fato, processualmente relevante, de que já se consumou, 
na espécie, a preclusão do fundamento constitucional que dava suporte ao recurso extraordinário interposto pela ora reclamante, mas que sofreu, 
no entanto, em razão de decisão já transitada em julgado, proferida pela Presidência do E. Tribunal de Justiça paulista, juízo negativo de 
admissibilidade. 
Na realidade, a empresa jornalística ora reclamante sequer interpôs o pertinente recurso de agravo contra a denegação de processamento do 
recurso extraordinário por ela anteriormente deduzido. 
 
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Impende referir, por relevante, que a reclamação – constitucionalmente vocacionada a cumprir a dupla função a que alude o art. 102, I,“l”, da Carta Política (RTJ 134/1033) – não se qualifica como sucedâneo recursal nem configura instrumento viabilizador do reexame do conteúdo 
do ato reclamado, eis que tal finalidade revela-se estranha à destinação constitucional subjacente à instituição dessa medida processual, consoante adverte a 
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (Rcl 1.852-AgR/RN, Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA – Rcl 5.465-ED/ES, Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA – Rcl 
5.684-AgR/PE, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI, v.g.): 
 
“CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL CIVIL. RECLAMAÇÃO: NÃO É SUCEDÂNEO DE RECURSO OU DE AÇÃO 
RESCISÓRIA. 
I. - A reclamação não pode ser utilizada como sucedâneo de recurso ou de ação rescisória. 
II. - Reclamação não conhecida.” 
(RTJ 168/718, Rel. Min. CARLOS VELLOSO, Pleno – grifei) 
 
“A reclamação não pode servir de sucedâneo de recursos e ações cabíveis, como decidiu esse Plenário nas Rcl Ag.Rg 1852, relator 
Maurício Correa e Rcl Ag.Rg. 724, rel. Min. Octavio Gallotti. (…).” 
(Rcl 1.591/RN, Rel. Min. ELLEN GRACIE – grifei) 
 
“(...) - O remédio constitucional da reclamação não pode ser utilizado como um (inadmissível) atalho processual destinado a 
permitir, por razões de caráter meramente pragmático, a submissão imediata do litígio ao exame direto do Supremo Tribunal Federal. 
Precedentes. (…).” 
(Rcl 6.534-AgR/MA, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Pleno) 
 
Nem se alegue, finalmente, que o magistrado de primeira instância, ao proferir a sentença condenatória teria desrespeitado a autoridade do 
julgamento ora invocado como parâmetro de controle (ADPF 130/DF). 
É que aquele julgamento plenário do Supremo Tribunal Federal ocorreu em 30 de abril de 2009, sendo que a sentença em referência foi 
proferida, pelo MM. Juiz de Direito da 9ª Vara da comarca de Ribeirão Preto/SP, em 13 de junho de 2006, ou seja, em data na qual esta Suprema 
Corte sequer apreciara o pedido formulado no âmbito da ADPF 130/DF. 
Isso significa, portanto, que inexistia, formal e objetivamente, qualquer pronunciamento decisório do Supremo Tribunal Federal, quando 
do julgamento efetuado pelo Juízo de primeiro grau, proferido – insista-se – dois (2) anos, dez (10) meses e dezoito (18) dias antes que esta 
Suprema Corte decidisse, com eficácia vinculante, o pedido deduzido na ADPF 130/DF. 
Como se sabe, o acesso ao remédio constitucional da reclamação, como típica ação judicial que é, submete-se, dentre outros, aos requisitos 
pertinentes às condições da ação. 
Impunha-se, no caso, que a parte ora reclamante, para ter legítimo acesso à via reclamatória, demonstrasse que o ato judicial de primeira 
instância houvesse sido proferido posteriormente ao julgamento ora apontado como paradigma de confronto (ADPF 130/DF). 
Como já enfatizado, o julgamento plenário emanado desta Suprema Corte somente veio a ser realizado em momento posterior ao de referido 
ato judicial (quase três anos depois), circunstância essa que, por si só, também basta para afastar a arguição de desrespeito à autoridade de decisão 
até então inexistente. 
Cumpre mencionar, por cabível, que o magistério jurisprudencial firmado pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal reconhece a 
carência da ação reclamatória nos casos em que o ato alegadamente ofensivo tenha sido proferido, como no caso, em momento anterior ao do 
próprio julgamento invocado como parâmetro de controle: 
 
“(...) ANTERIORIDADE DA DECISÃO RECLAMADA E AUSÊNCIA DE PARÂMETRO. 
- Para que se legitime o acesso à via reclamatória, impõe-se a demonstração da efetiva ocorrência de desrespeito a julgamento 
emanado do Supremo Tribunal Federal. 
Inexiste ofensa à autoridade de pronunciamento do Supremo Tribunal Federal, se o ato de que se reclama é anterior à decisão 
emanada da Corte Suprema. 
A ausência de qualquer parâmetro decisório, previamente fixado pelo Supremo Tribunal Federal, torna inviável a instauração do 
processo de reclamação, notadamente porque inexistente o requisito necessário do interesse de agir. (...).” 
(RTJ 179/995-996, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Pleno) 
 
“(...) Não há falar em afronta à autoridade da decisão do Supremo Tribunal Federal quando o ato reclamado foi prolatado em data 
anterior ao julgado cujos efeitos busca-se preservar. A antecipação de tutela objeto desta Reclamação foi deferida mais de um ano antes da 
decisão desta Corte na ADC-4/DF, inexistindo parâmetro de confronto suficiente para legitimar a medida. Precedentes. 
Reclamação improcedente.” 
(Rcl 879/RS, Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA, Pleno – grifei) 
 
Tais são as razões pelas quais entendo insuscetível de conhecimento, por inadmissível, a presente reclamação. 
Sendo assim, e em face das razões expostas, não conheço da presente reclamação, restando prejudicado, em consequência, o exame do 
pedido de medida liminar. 
 
Arquivem-se os presentes autos. 
 
Publique-se. 
Brasília, 10 de março de 2014. 
 
Ministro CELSO DE MELLO 
Relator 
 
*decisão publicada no DJe de 12.3.2014 
** nomes suprimidos pelo Informativo 
 
INOVAÇÕES LEGISLATIVAS 
1º a 8 de agosto de 2014 
 
Lei nº 13.019, de 31.7.2014 - Estabelece o regime jurídico das parcerias voluntárias, envolvendo ou não 
transferências de recursos financeiros, entre a administração pública e as organizações da sociedade civil, em regime de 
 
Informativo 753-STF (19/08/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 18 
mútua cooperação, para a consecução de finalidades de interesse público; define diretrizes para a política de fomento e 
de colaboração com organizações da sociedade civil; institui o termo de colaboração e o termo de fomento; e altera as 
Leis nos 8.429, de 2.6.1992, e 9.790, de 23.3.1999. Publicada no DOU em 1º de agosto de 2014, Seção 1, p. 1. 
 
OUTRAS INFORMAÇÕES 
1º a 8 de agosto de 2014 
 
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF) 
Prazo processual – Prorrogação – Secretaria – Horário de funcionamento – Expediente forense 
Portaria nº 135/STF, de 1º de agosto de 2014 – Comunica que não haverá expediente na Secretaria do Tribunal no 
dia 11.8.2014. Publicada no DJE/STF, n. 150, p.196, em 5.8.2014. 
 
Secretaria de Documentação – SDO 
Coordenadoria de Jurisprudência Comparada e Divulgação de Julgados – CJCD 
CJCD@stf.jus.br 
 
 
 
mailto:CJCD@stf.jus.br

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