Buscar

20 Domicílio

Prévia do material em texto

DOMICÍLIO
Junto do nome e estado civil, é usado para diferenciar a pessoa. É noção jurídica, sede jurídica da pessoa, local onde a pessoa realiza seus negócios jurídicos, suas relações jurídicas, presumindo-se presente para que possa ser encontrada para responder por suas obrigações, mais abrangente que a residência, que é mero estado de fato. Esta não se confunde com a morada ou habitação, de caráter transitório, como para onde alguém se muda até concluir reforma de sua casa, que são mera relação de fato.
Pessoa natural
Art. 70 – lugar (elemento objetivo/material/físico) onde a pessoa natural estabelece a sua residência, onde mora, com ânimo definitivo, intenção de se fixar (elemento subjetivo/psicológico/intelectual – vontade de alí ficar). 
Art. 71 – Se a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva (como uma casa no interior ou na praia), considerar-se-á domicílio seu qualquer delas.
Art. 72 – Além do domicílio familiar, é domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida (domicílio profissional). Único - Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem.
Art. 73 - Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual (como o trabalhador de um circo), o lugar onde for encontrada, para fins de citação e intimação, o que para Gonçalves constitui o domicílio presumido, sendo real a residência fixa.
Art. 74 - Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de o mudar. Único - A prova da intenção resultará do que declarar a pessoa às municipalidades dos lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações não fizer, da própria mudança, com as circunstâncias que a acompanharem, como a matrícula dos filhos em outra escola.
Pessoa jurídica
O da PJ de direito público será o de sua sede e o da de privado depende de seu ato constitutivo, tratando-se de domicílio especial, conforme art. 75:
Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é:
I. Da União, o Distrito Federal;
II. Dos Estados e Territórios, as respectivas capitais;
III. Do Município, o lugar onde funcione a administração municipal;
IV. Das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.
§ 1º Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados.
§ 2º Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela
corresponder.
Classificação
A doutrina o classifica em voluntário (estabelecido pela vontade, chamado por Gonçalves de voluntário geral/comum), necessário (estabelecido por imposição legal) e de eleição. Conforme art. 76, possuem domicílio necessário o incapaz (sendo o de seu representante, por conta de seu estado de dependência), o servidor público (onde ele é nomeado, onde exercer permanentemente suas funções), militar (onde ele está servindo, sendo da Marinha ou Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado), marítimo (da marinha mercantil, atividade privada, sendo onde está matriculada a embarcação) e o preso (lugar onde cumprir a sentença, por conta de sua situação especial).
O domicílio de eleição, chamado por Gonçalves de voluntário especial, é o foro, comarca eleito pelas partes em contratos escritos particulares para a discussão de eventuais controvérsias relativas a ele, conforma art. 78. Tal cláusula, porém, pode ser declarada nula, quando for objeto uma relação de consumo, em contratos de adesão, visto que o fornecedor pode eleger local de difícil acesso ao consumidor, causando-lhe dano. Presente também no art. 63 CPC, criando exceção à regra, segundo a qual o domicílio que determinara o foro é o do réu, que também determina a possibilidade de o juiz determinar, de ofício, a nulidade de tal cláusula diante de abuso como o mencionado. O NCPC traz a possibilidade de nulidade de tal cláusula mesmo em particulares.

Continue navegando