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Protesto
Para Coelho é o ato praticado pelo credor, perante o competente cartório, para fins de incorporar ao título de crédito a prova de fato relevante para as relações cambiais, como a falta de aceite (para que o sacador, ao ser cobrado pelo credor, possa se certificar de que o sacado não aceitou) ou de pagamento (para que o endossante, ao ser cobrado pelo endossatário, possa se certificar de que o devedor principal não pagou), pressupondo a apresentação do título para tal.
Também pode ser feito por falta de devolução pelo sacado da letra de câmbio e duplicata remetidas para aceite, conforme art. 13, LD e art. 21, § 3, LP, ou mesmo para a datação do aceite, conforme art. 25, LUG.
· Ato cambiário público (art. 3, LP): só pode ser efetuado pelo Tabelião de Protesto de Títulos, imprimindo autenticidade ao meio de prova;
· Solene: deve respeitar a solenidades, sob pena de nulidade;
· Extrajudicial: exercido fora do Juízo;
· Unitário: realizado num único momento, repercutindo em relação ao sacador, endossantes e seus avalistas (ação cambiária regressiva);
- Protesto por indicação
Admitido na duplicata quando o tabelião não possui o titulo físico, apenas as informações trazidas pelo representante por meio virtual, sendo de inteira responsabilidade do apresentante os dados fornecidos, ficando a cargo dos Tabelionatos a mera instrumentalização das mesmas (art. 8º, único, LP).
Dispõe o Enunciado 406, CJF que “as duplicatas eletrônicas podem ser protestadas por indicação e constituirão título executivo extrajudicial mediante a exibição pelo credor do instrumento de protesto, acompanhado do comprovante de entrega das mercadorias ou de prestação dos serviços”, sem ser necessária a apresentação do documento
- Tipos
- Protesto por falta de pagamento
Conforme art. 28, LUG, feito contra o aceitante, tendo havido o aceite, permitindo ao portador promover a ação cambiária contra os devedores indiretos (sacador e endossantes). Sua ausência não retira a natureza cambial do título, mas apenas limita a responsabilidade ao aceitante e seus avalistas, conforme art. 53, LUG. Continua cabível a ação cambial contra os devedores principais, sendo então o protesto facultativo. O mesmo se aplica à LC e duplicata.
Conforme art. 47, II e § 1º LC, tratando-se de cheque, o protesto pode ser substituído por “por declaração do sacado, escrita e datada sobre o cheque, com indicação do dia de apresentação. I - o protesto não é necessário para a execução contra o emitente do cheque”.
É feito após o vencimento do título, conforme art. 21, § 2º, LP. O protesto feito após o prazo para tal, sendo intempestivo, não servirá para a cobrança dos devedores indiretos, o que não impede que seja realizado para outros efeitos, como interromper o prazo prescricional (art. 202, III, CC), tendo sido cancelada a sum. 153 STF que previa o contrário.
Parte da doutrina, como Tomazete, entende ser o prazo de um dia útil após o vencimento, conforme dispõe o art. 28 da lei Saraiva (decreto 2.044/1908), por ser posterior à LUG, bem como por ter o Brasil adotado a reserva admitida no art. 5º do Anexo II da Convenção de Genebra. Parte da doutrina, como Rubens Requião, entende que, apesar da reserva, deve prevalecer o art. 44 LUG, que estabelece o prazo de 2 dias em relação aos títulos com vencimento em dia certo, a certo termo da data, e a certo termo da vista.
Na duplicata, conforme art. 13, § 4º, LD, este prazo é de 30 dias.
- Protesto por falta de aceite
Havendo recusa total ou parcial (art. 43, LUG), é feito contra o sacado, permitindo ao portador promover a ação cambiária mesmo antes do vencimento contra os devedores indiretos (sacador e endossantes), conforme art. 43, LUG, pois com a recusa ao aceite se sabe que o sacado não irá pagar, não tendo ele qualquer responsabilidade pois não é obrigado a aceitar. O protesto é essencial, pois possibilita o ajuizamento da ação cambial, que não é possível sem ele uma vez que não existirá obrigado principal nesse documento. 
Sem ele, o documento será mero meio de prova, deixando de ser um título cambial, sendo então protesto necessário. Só poderá ser feito até o vencimento do titulo (ou no dia seguinte a ele, caso tenha sido apresentado ao sacado no ultimo dia possível), pois depois deste não é mais possível dar o aceite, conforme art. 21, § 1º, LP.
O protesto por falta de aceite dispensa a apresentação e o protesto por falta de pagamento (art. 44, LUG). Letra de câmbio com vencimento à vista não comporta apresentação para aceite – a apresentação é para pagamento.
Tratando-se do aceite por intervenção, intervenção é o ato pelo qual uma pessoa, indicada ou não, aceita ou paga a letra por honra de outrem. Art. 56, LUG - Quando na letra se indica uma pessoa para em caso de necessidade a aceitar ou a pagar no lugar do pagamento, o portador não pode exercer o seu direito de ação antes do vencimento contra aquele que indicou essa pessoa e contra os signatários subsequentes a não ser que tenha apresentado a letra a pessoa designada e que, tendo esta recusado o aceite, se tenha feito o protesto.
- Protesto por falta de devolução
Quando o sacado ou aceitante não devolve o título apresentado para aceite ou pagamento, conforme art. 21, § 3º, LP.
Art. 66, LUG - Aquele que enviar ao aceite uma das vias da letra deve indicar nas outras o nome da pessoa em cujas mãos aquela se encontra. Esta pessoa é obrigada a entregar essa via ao portador legítimo doutro exemplar. Se se recusar a fazê-lo, o portador só pode exercer seu direito de ação depois de ter feito constatar por um protesto: 1 - Que a via enviada ao aceite lhe não foi restituída a seu pedido; 2 - Que não foi possível conseguir o aceite ou o pagamento de uma outra via.
Art. 68, LUG - A cópia deve indicar a pessoa em cuja posse se encontra o título original. Essa é obrigada a remeter o dito título ao portador legítimo da cópia. Se se recusar a fazê-lo, o portador só pode exercer o seu direito de ação contra as pessoas que tenham endossado ou avalizado a cópia, depois de ter feito constatar por um protesto que o original lhe não foi entregue a seu pedido.
- Cláusula sem protesto/despesas
Art. 46, LUG - O sacador, um endossante ou um avalista pode, pela cláusula "sem despesas", "sem protesto", ou outra cláusula equivalente, dispensar o portador de fazer um protesto por falta de aceite ou falta de pagamento, para poder exercer os seus direitos de ação. [...] Se a cláusula foi escrita pelo sacador produz os seus efeitos em relação a todos os signatários da letra; se for inserida por um endossante ou por avalista, só produz efeito em relação a esse endossante ou avalista.
- Efeitos
Além da cobrança dos devedores, é os efeito cambiário a fluência dos juros de mora a partir do vencimento do título, e não do protesto, conforme art. 48, LUG, não se aplicando o art. 40 LP. 
É efeito extracambiário a qualificação da a impontualidade do empresário (aceitante), ensejando o pedido de falência, conforme art. 94, § 3º, LF. Não há prazo para a apresentação deste protesto. Além disso, é válido ressaltar que A sentença que decretar a falência fixará seu termo, que retroagirá a até 90 dias contados, entre outros, do primeiro protesto por falta de pagamento, conforme art. 99, II, LRF.
Súm. 475 STJ - “Responde pelos danos decorrentes de protesto indevido o endossatário que recebe por endosso translativo título de crédito contendo vício formal extrínseco ou intrínseco, ficando ressalvado seu direito de regresso contra os endossantes e avalistas”. Súm. 476 STJ - “O endossatário de título de crédito por endosso-mandato só responde por danos decorrentes de protesto indevido se extrapolar os poderes de mandatário”.
	Tipo de protesto
	Legitimação ativa
	Legitimação passiva (quem o tabelião deve intimar)
	Para aceite
	Portador ou detentor (art. 21, LUG)
	Sacado. Havendo mais de um, intima-se o primeiro nomeado na ordem de indicação e, se houver recusa, o segundo e assim sucessivamente.
Se um dos sacados for domiciliado em outra praça primeiro intimam-se os sacados domiciliados na mesma praça (art.10, lei Saraiva). Se houver designação de interveniente ele também deve ser intimado (art. 56, LUG)
	Para datar o aceite 
	Portador ou detentor (art. 25, LUG)
	Sacado
	Para devolução do título 
	Portador ou detentor
	Sacado
	Para entrega de um exemplar (art. 66, LUG)
	Somente o portador legitimo
	Sacado
	Para entrega do original da letra (art. 68, LUG)
	Somente o portador legitimo
	Sacado
	Para pagamento 
	Portador legítimo (art. 38, LUG), endossatário-mandatário, credor por endosso-caução
	Sacado ou aceitante de letra de câmbio; emitente da nota promissória ou aceitante por intervenção
Coobrigados indiretos (sacador, endossantes e respectivos avalistas) não detém legitimidade passiva para o protesto (art. 45, LUG);
- Lugar do protesto
Conforme art. 20, lei Saraiva, deve ser o local designado para o pagamento, se não houver, é o domicilio do pagador, conforme art. 76, LUG e art. 13, § 3º, LD. Art. 27 - Quando o sacador tiver indicado na letra um lugar de pagamento diverso do domicílio do sacado, sem designar um terceiro em cujo domicílio o pagamento se deva efetuar, o sacado pode designar no ato do aceite a pessoa que deve pagar a letra. Na falta desta indicação, considera-se que o aceitante se obriga, ele próprio, a efetuar o pagamento no lugar indicado na letra. Se a letra é pagável no domicílio do sacado, este pode, no ato do aceite, indicar, para ser efetuado o pagamento um outro domicílio no mesmo lugar.
- Prazo
Art. 21, LUG - A letra pode ser apresentada, até o vencimento, ao aceite do sacado, no seu domicílio , pelo portador ou até por um simples detentor. Art. 22 - O sacador pode em qualquer letra, estipular que ela será apresentada ao aceite, com ou sem fixação de prazo. Pode proibir na própria letra a sua apresentação ao aceite, salvo se se tratar de uma letra pagável em domicílio de terceiro, ou de uma letra pagável em localidade diferente da do domicílio do sacado, ou de uma letra sacada a certo termo de vista. O sacador pode também estipular que a apresentação ao aceite não poderá efetuar-se antes de determinada data. Todo endossante pode estipular que a letra deve ser apresentada ao aceite, com ou sem fixação de prazo, salvo se ela tiver sido declarada não aceitável pelo sacador. Art. 23 - As letras a certo termo de vista devem ser apresentadas ao aceite dentro do prazo de um ano das suas datas. O sacador pode mudar este prazo, que pode ser reduzido pelos endossantes. Art. 34 – O mesmo se aplica à letra à vista, que é pagável a apresentação. Art. 24 - O sacado pode pedir que a letra lhe seja apresentada uma segunda vez no dia seguinte ao da primeira apresentação. Os interessados somente podem ser admitidos a pretender que não foi dada satisfação a este pedido no caso de ele figurar no protesto. O portador não é obrigado a deixar nas mãos do aceitante a letra apresentada ao aceite. Art. 53 - Se a estipulação de um prazo para a apresentação constar de um endosso, somente aproveita ao respectivo endossante.
Art. 44 - O protesto por falta de aceite deve ser feito nos prazos fixados para a apresentação ao aceite. Se, no caso previsto na alínea 1 do artigo 24, a primeira apresentação da letra tiver sido feita no último dia do prazo, pode fazer-se ainda o protesto no dia seguinte. O protesto por falta de pagamento de uma letra pagável em dia fixo ou a certo termo de data ou de vista deve ser feito num dos dois dias úteis seguintes àquele em que a letra é pagável. Se se trata de uma letra pagável à vista, o protesto deve ser feito nas condições indicadas na alínea precedente para o protesto por falta de aceite.
Art. 54 - Quando a apresentação da letra ou o seu protesto não puder fazer-se dentro dos prazos indicados por motivo insuperável (prescrição legal declarada por um Estado qualquer ou outro caso de força maior), esses prazos serão prorrogados. O portador deverá avisar imediatamente o seu endossante do caso de força maior e fazer menção desse aviso, datada e assinada, na letra ou numa folha anexa; para os demais são aplicáveis as disposições do artigo. Desde que tenha cessado o caso de força maior, o portador deve apresentar sem demora a letra ao aceite ou a pagamento e, caso haja motivo para tal, fazer o protesto. Se o caso de força maior se prolongar além de trinta dias a contar da data do vencimento, podem promover-se ações sem que haja necessidade de apresentação ou protesto. Para as letras à vista ou a certo termo de vista, o prazo de trinta dias conta-se da data em que o portador, mesmo antes de expirado o prazo para a apresentação, deu o aviso do caso de força maior ao seu endossante; para as letras a certo termo de vista, o prazo de trinta dias fica acrescido do prazo de vista indicado na letra. Não são considerados casos de força maior os fatos que sejam de interesse puramente pessoal do portador ou da pessoa por ele encarregada da apresentação da letra ou de fazer o protesto.
Art. 72 - O pagamento de uma letra cujo vencimento recai em dia feriado legal só pode ser exigido no primeiro dia útil seguinte. Da mesma maneira, todos os atos relativos a letra, especialmente a apresentação ao aceite e o protesto, somente podem ser feitos em dia útil. Quando um destes atos tem de ser realizado em um determinado prazo e o último dia deste prazo é feriado legal, fica o dito prazo prorrogado até ao primeiro dia útil que se seguir ao seu termo.
Art. 12 - O protesto será registrado dentro de três dias úteis contados da protocolização do título ou documento de dívida. § 1º Na contagem do prazo a que se refere o caput exclui-se o dia da protocolização e inclui-se o do vencimento.

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