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FACULDADE ESTÁCIO DO AMAPÁ DIREITO EMPRESARIAL APLICADO I – Semestre 2021.1 Prof.: Bruno Marcelo de Jesus Martins Turmas: 2001, 2002, 3001 e 3002 Unidades: I, II, III, IV e V. “E quando você pensar em desistir, lembre-se dos motivos que te fizeram aguentar até agora”. Lhe desejo um ótimo Estudo! Conforme destacado por Carvalho de Mendonça (p. 59), a história do direito “é, incontestavelmente, valioso e indispensável instrumento de observação e de experiência”, imprescindível para compreender o Direito Empresarial na atualidade. Parte 1: • Foi na Idade Média, após a queda do Império Romano e com o maior desenvolvimento do comércio, que se verificou a criação de um conjunto de normas sistematizadas com o escopo de garantir segurança jurídica às relações comerciais, sendo indicada pela maior parte dos autores como efetivo berçodo Direito Comercial. • 1ª Fase do Direito Empresarial: Carátersubjetivo com foco na figura do comerciante.Começaram aganhardestaqueasCorporaçõesdeOfício,quepassarama estruturar normas e tribunais próprios para resolver os conflitos de seus associados sem a intervenção estatal, originando um direito singularchamado de ius mercatorum (direito do comerciante). Passou-se a ter destaque a figura do mercador, mais adiante conhecido como comerciante, que na sua essência se dedicava à atividade de interposição profissional na troca de bens. • 2ª Fase do Direito Empresarial: Caráter objetivo com foco na “teoria dos atos de comércio” (teoria francesa). O Código francês inovou a conferir caráter objetivo à aplicação desse regime jurídico especial, que não mais se centrava nas relações de uma categoria ou classe (o comerciante), mas sim na prática de atos tidos como comerciais, independentemente, a princípio, de quem os praticava. Esse período também é marcado pela bipartição do direito privado. De um lado o Direito Civil, mais centrado no direito de propriedade imobiliário. E de outro, com naturezaespecial, o Direito Comercial, focado na riqueza mobiliária e predisposto a regular os interesses da burguesia. • 3ª Fase do Direito Empresarial (atual): Caráter subjetivo moderno (ou funcional) com foco na “teoria da empresa” (teoria italiana). O marco da transição para a terceira fase é a edição, em 1942, do Código Civil italiano. Além de disciplinar as matérias civis e comerciais em um só diploma legislativo (destaco que ambos os ramos mantiveram a autonomia substancial), a nova norma joga as suas luzes na figura do empresárioenãomaisnado tradicional comerciante, daí a razão de ser caracterizada como instituidora da teoria subjetiva moderna. Não se fala mais em “atos de comércio”, mas sim em empresa como atividade definidora da incidênciado Direito Empresarial (perfil funcional). • O jurista italiano Alberto ASQUINI – em obra paradigma escrita logo após a edição do CC italiano de 1942 - enunciou que a empresa teria quatro perfis distintos sob o ponto de vista jurídico: – perfil funcional: como atividade econômica organizada; – perfil subjetivo, como sujeito de direitos (sinônimo de empresário); – perfil patrimonial e objetivo: como conjunto de bens (sinônimo de estabelecimento empresarial); perfil corporativo: como comunidade laboral (ultrapassada, por conta de somente se sustentar a partir da ideologia fascista. • Na atualidade, a palavra empresa designa a atividade econômica organizada desenvolvida pelo empresário. Ouseja, do ponto de vistajurídico, o perfil funcional preceituado por ASQUINI é o mais adequado para conceituá-la. • NoBrasil, oanode1808éconsideradoomarcoinicialdoDireito Empresarial, jáque, após as tropas francesas invadirem Portugal (no curso da política expansionista napoleônica), o Rei D. João VI e a família real se mudaram para o Brasil, promovendo a abertura dos portos para as nações amigas. • Antes da edição do Código Comercial em 1850, ganhou destaque a denominada Lei da Boa Razão portuguesa, de 18 de agosto de 1769, que autorizava que a legislação mercantil das “nações cristãs, iluminadas e polidas, que com elas estavam resplandecendo na boa, depurada esãjurisprudência” fossem adotadasdeformasubsidiária. • Por conta da forteinfluência do códigonapoleônico, a teoriadosatosdecomérciofrancesa foi adotada no Brasil, consoante se extrai do art. 4º do Código Comercial de 1850. • O Código Comercial não definiu especificamente quais “atos” seriam considerados comerciais (sistema descritivo). A enumeração foi feita pelo o Regulamento 737, de 1850 (sistema enunciativo), que continuou a orientar o Direito Comercial brasileiro mesmo após a suarevogação. • A edição do novo Código Civil (CC) em 10 de janeiro de 2002 é, sem dúvida, o marco da adoção definitiva da “teoria da empresa” no Direito brasileiro. Contudo, tal teoria já influenciava o ordenamento jurídico brasileiro por conta da sua adoção pelo Código Civil Italiano de 1942. • Destaca-se duas características do CC de 2002: • O tratamento unificado da matéria civil e comercial em ummesmo diploma – (Embora não tenha promovido a unificação substancial de tais ramos); – A adoção da teoria da empresa, tendo o legislador optado por definir juridicamente o “empresário” e não propriamente a “empresa”, seguindo o exemplo do CC italiano. • Permanece em vigor a segunda parte do Código Comercial, que disciplina o “Comércio Marítimo”. • É pacífico na doutrina e na jurisprudência que a nossa Carta Constitucional adotou o capitalismo como sistema econômico. • O princípio da livre iniciativa – base do capitalismo ao lado da livre concorrência e da propriedade privada - consta ao mesmo tempo como fundamento da própria República Federativa do Brasil (art. 1º, IV) e especificamente da Ordem Econômica (art. 170, caput). • Tais princípios devem ser harmonizados com o princípio da dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho (também princípio da própria República brasileira e especificamente da sua Ordem Econômica e Financeira) e fazer cumprir a função social da propriedade. • A Lei da Liberdade Econômica (Lei n. 13.874, de 2019) reforçou a importância do princípio da livre iniciativa no ordenamento jurídico prático, dispondo que “todas as normas de ordenação pública sobre atividades econômicas privadas” “interpretam-se em favor da liberdade econômica, da boa-fé e do respeito aos contratos, aos investimentos e à propriedade” (art. 1º, § 2º). • É prerrogativa do empresário a exploração direta da atividade econômica stricto sensu (que não envolva serviço público, este de atribuição estatal – art. 175), sendo que somente justificadamente o Estado pode atuar nessa área, nos termos do art. 173 da CF/1988. • A propriedade privada tem função social a cumprir, devendo contribuir para o desenvolvimentonacional (estatuído como um dosobjetivosfundamentais do Estadobrasileiro – art. 3º, II), valorizar o trabalho humano, respeitar o consumidor e o meio ambiente, contribuir com areduçãodasdesigualdades. O princípio dafunçãosocialdapropriedade, de matriz constitucional, orienta os princípios da função socialdaempresa e da preservação da empresa. • O princípio da livre concorrência tem relação umbilical com o princípio da livre iniciativa, já que ambos têm como objetivo assegurar o funcionamento eficiente do capitalismo. • O princípio da livre concorrência proíbe a prática de determinadas condutas pelos empresários que impliquem concorrência ilícita, podendo ser dividida em duas categorias: – Infrações à ordem econômica (aspecto macro); – Concorrência desleal: mais casuístico, envolvendo práticas ilícitas de desvio da clientela. • O princípio da livre concorrência também orienta diretriz que deve nortear os contratos empresariais: a imposição “acentuada” de limites à revisão contratual entre empresários. • O “tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leisbrasileiras e que tenham sua sede e administração no País” não é inconstitucional, uma vez que foi inserido pelo legislador constituinte originário. Além disso, afigura-se como razoável, objetivando resguardar os interesses nacionais. • Os princípios da socialidade, eticidade e operabilidade também norteiam o Direito de Empresa. • A Lei de Liberdade Econômica incluiu parágrafo único no art. 421 do Código Civil, reforçandoqueoprincípiodaintervençãomínimaeaexcepcionalidadeda revisãocontratual prevalecerão nas relações contratuais privadas, notadamente as empresariais. • O STJ tem usado os princípios da função social e da preservação da empresa para decidir que naexecução de dívidadesócio deve-se preferir a penhoradoslucrosquelhe couberna sociedade ao invés da penhora propriamente das quotas sociais (que pode redundar na dissolução parcial para apurar quanto “toca em liquidação” ao credor – parte final do art. 1.026 do CC). • O princípio da função social da empresa também é utilizado pelo STJ para sustentar a excepcionalidade da revisão contratual no âmbito da relação empresarial. • No que diz respeito à dissolução de sociedade, deve prevalecer, sempre que viável, a dissolução parcial ao invés da dissolução total, objetivando compatibilizar o princípio da liberdade de associar comos princípiosdafunçãosocialepreservação daempresa. • De acordo com o princípio da autonomia patrimonial da sociedade empresária, o patrimônio dos sócios somente responderá por dívidas da sociedade de forma excepcional e quando houve expressa disposiçãolegal. • Tal princípio foi reforçado pela Lei da Liberdade Econômica, que alterou artigos do CC. • A desconsideração da personalidade jurídica é medida excepcional, que tem como pressuposto o “abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial” (art. 50, do CC). • É importante salientar que a desconsideração é episódica, para que “os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso” (art. 50, do CC, a última parte, em negrito, foi incluída pela Lei da Liberdade Econômica). Ou seja, a pessoa jurídica continua a existir. • Com base no princípio da subsidiariedade da responsabilidadedossóciospelasobrigações sociais, a execução de bens dos sócios, para o adimplemento de dívida da sociedade, somente deve ocorrer após a serem executados todos os bens do patrimônio da pessoa jurídica. Esse princípio se aplica a todas as sociedades independentemente de limitação (ou não) de responsabilidade dos sócios. • As seguintes características marcam o Direito Empresarial: – cosmopolitismo/internacionalidade; – onerosidade; – informalidade (contrapõe-se à solenidade); – fragmentarismo; – elasticidade. • A lei empresarial é a principal fonte formal primária do Direito Empresarial, além dos tratados e regulamentos. • Os usos e costumes são as mais destacadas fontes formais secundárias ou subsidiária do Direito Empresarial, havendo prova plena da sua adoção com o seu assentamento nas Juntas Comerciais. • Caberá à parte que alegar a aplicação dos usos e costumes fazer a sua prova, sendo que o STJ admite o uso da prova testemunhal. • Os usos e costumes não podem contrariar as leis empresariais (costume contra legem). • Alguns autores (e o próprio STJ, em decisão da 3ª Turma) admite que o Direito Civil pode ser utilizadocomofontesecundáriaousubsidiária do Direito Empresarial, quando suas normas são aplicadas por analogia. • A despeito da regulação de institutos pelo Código Civil de 2002, o Direito Empresarial mantém autonomia didática, substancial e também formal (a Segunda Parte do Código Comercial continua emvigor). Parte 2: Empresário (art. 966 do CC): “Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.” Quatro elementos da caracterização do empresário: • 1) Profissionalismo: exploração da atividade econômica organizada como profissão habitual. Devehaver: – I – habitualidade: deve perdurar no tempo, não podendo ser eventual; – II – pessoalidade: a atividade empresarial é desenvolvida em nome do empresário, que é quem assume os riscos; – III – monopóliodasinformações: conhecimentoaprofundadosobre as características deseuprodutoouserviço,queindicaqueoempresáriotemexperiêncianoramo. • 2) Atividade econômica: – I – atividade: desenrolar de atos praticados ao longo do tempo; – II – econômica: finalidade lucrativa. • 3) Organizada: articulação dos 4 fatores de produção pelo empresário: – I – capital: recursos financeiros e materiais investidos e mobilizados; – II – mão de obra (trabalho): recursos humanos que devem ser utilizados na atividade empresarial. Abarca também a automatização; – III – insumos (matéria-prima/bens naturais): substrato necessário para a produção/ circulação de bens ou serviços; – IV – tecnologia: engloba o conjunto de procedimentos utilizados na produção e circulação de bens ouserviços. • 4) Produção e/ou circulação de bens ou serviços: criação/confecção de produtos para colocar no mercado e/ou distribuição/comercialização de produtos ou prestação generalizada de serviços. Deve ser dirigida a atender ao mercado e não ao consumo próprio do exercente da atividade. Atividades não empresariais: • 1) Profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística: em regra estão excluídos do conceito de empresários os denominados profissionais liberais, isto é, aqueles que exercem profissões, por força do parágrafo único do art. 966 do CC: – I – intelectual: atividade centrada na mente do profissional ou com esforço criador (arquiteto, advogado, etc); – II – de natureza científica: relacionada à pesquisa ou à ciência, detendo conhecimentos sistêmicos (professor/pesquisador, químico, médico etc); – III – literária: profissão com expressão da linguagem, ideias e símbolos (escritor, compositor, poeta, jornalistaetc); – IV – artística: atuação no ramo da arte, produção de algo diferenciado em razão da habilidade do autor, com a expressão de sentidos e símbolos (ator, cantor, escritor de novela, fotógrafo, desenhista, dançarino etc). Contudo, o próprio dispositivo legal faz uma ressalva: o profissional liberal não será empresário, “salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.”. Entenda essa ressalva da seguinte forma: se for verificada na atividade econômica que a organização dos fatores de produção passa a ser mais importante que a atividade pessoal desenvolvida pelo(s) profissional(is) liberal(is) envolvido(s), quem for responsável por essa organização será considerado empresário. • 2) Sociedades de advogados: embora o Código Civil não faça menção específica sobre o exercício da advocacia, é importante saber, que o Estatuto da Ordem dos Advogados (Lei 8.906, de 1994) estabelece em seus artigos 15 e 16 que o exercício da advocacia será sempre civil (as sociedades serão sempre simples, na dicção da lei), não podendo apresentar forma ou características de sociedadeempresária. • 3) Sociedades Cooperativas: as cooperativas também, a despeito do objeto, nunca serão consideradas sociedades empresárias, devendo necessariamente ser sociedades simples. • 4) Prestação de serviços de registros públicos: tal atividade é considerada análoga à empresarial, contudo o STF consignou expressamente que tal atividade se sujeita a regime próprio de direito público. Empresário Rural: facultatividade. O CC reservoutratamentoespecialaoque exerceaatividade rural, na medida em que lhe facultou ser ou não empresário. Nesse caso, ao contrário da regra geral em que o registro na Junta Comercial é meramente declaratório (o que definea condição de empresário é a atividade por ele exercida, sendo o registro somente uma obrigação legal), para o empresário rural tal registro é constitutivo. E mais: o STJ reconheceu efeitos ex tunc (abarcar situações anteriores) ao registro do empresário rural que, por ser facultativo e ter tratamento favorecido, possibilita retroagir a condição de empresário rural desde o início do efetivo exercício da atividade rural (e não a partir do registro). Deveres/obrigações do empresário regular. 1ªobrigação do empresário: Registro na Junta Comercial. É obrigatória a inscrição do empresário na Junta Comercial da respectiva sede, antes do início de sua atividade. Não fazendo o registro, a consequência é que o empresário será considerado irregular, embora necessariamente seja submetido ao regime jurídico empresarial (exemplo, poderá ser requerida a suafalência). No caso de sociedade empresária e EIRELI, a realização do registro tem efeito importantíssimo, que é a constituição de personalidade jurídica diversa da(s) pessoa(s) dos sócios ou do titular, com a consequente limitação de responsabilidade caso cabível ( sociedade limitada, sociedade anônima,EIRELI). A única exceção é o caso do empresário rural, em que o registro é constitutivo (isso porque lhe é conferida a faculdade de ser ou não empresário). Registro Público de Empresas Mercantis e atividades afins – Lei n. 8.934, de 18 de novembro de 1994. O Registro Público de Empresas Mercantis tem por finalidade: I – dar garantia, publicidade, autenticidade, segurança e eficácia aos atos jurídicos das empresas mercantis, submetidos a registro na forma desta lei; II – cadastrar as empresas nacionais e estrangeiras em funcionamento no País e manter atualizadas as informações pertinentes; III – proceder à matrícula dos agentes auxiliares do comércio, bem como ao seu cancelamento. Tal serviço é exercido em todo o país de maneira uniforme, harmônica e interdependente pelo Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis (Sinrem), composto pelo Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração (DREI), que tem função supervisora, e pelas Juntas Comerciais dos Estados, cuja função é executora. Quanto aos atos de registro a cargo das Juntas Comerciais, extraímos do art. 32 que são três: • Matrícula e seu cancelamento: referente a alguns profissionais específicos, denominados “auxiliares do comércio”, a saber: leiloeiros, tradutores públicos e intérpretes comerciais, trapicheiros e administradores de armazéns gerais • Arquivamento: relacionado à maioria dos atos obrigatoriamente levados a registro na Junta Comercial. Destaco: (a) constituição, alteração, dissolução e extinção do empresário individual, sociedades mercantis, EIRELI e, também cooperativas (apesar de sempre serem sociedades simples e não empresária). Mas também podemos citar: (b) os atos relativos a consórcio e grupo de sociedade de que trata a Lei n. 6.404/76; (c) atos concernentes às sociedades empresárias estrangeiras autorizadas a funcionar no Brasil; (d) declarações de microempresa; (e) e atos ou documentos que, por determinação legal, sejam atribuídos ao Registro Público de Empresas Mercantis ou daqueles que possam interessar ao empresário e às empresas mercantis; • Autenticação: referente ao registro de instrumentos de escrituração dos empresários registrados e dos agentes auxiliares do comércio, na forma de lei própria, que lhes assegurarão valor probante. ÉvedadoàsJuntasComerciaisfazeremexigênciasquenãoestejamprevistasemleipara aformalização de atos do registro. Por exemplo, não poder ser exigida certidão de regularidade fiscal, mesmo que conste em decreto estadual, pelo fato de não haver previsão na Lei 8.934, de 1994. No que diz respeito à publicidade dos atos formalizados na Junta Comercial, é importante salientar que “qualquer pessoa, sem necessidade de provar interesse, poderá consultar os assentamentos existentes nas juntas comerciais e obter certidões, mediante pagamento do preço devido.” 2ª Obrigação do Empresário: Escrituração Regular: o empresário também tem a obrigação de seguir “um sistema de contabilidade, mecanizado ou não,” que deverá se basear “na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva”, configurando obrigação legal. A escrituração deverá ficar a cargo de profissional específico, a saber, o contabilista legalmente habilitado, salvo se não houver nenhum na localidade. Em relação aos livros empresariais, o Brasil adota o sistema francês, em que a lei determina expressamente quais os livros são obrigatórios (embora deixe a critério do empresário utilizar outros livros de forma facultativa), bem como estabelece as normas relativas ao modo de escrituração. De forma geral, o livro Diário é o único obrigatório, sendo que leis especiais estabelecem livros obrigatórios especiais de acordo com a conformação jurídica e atividade empresarial desenvolvida. O empresário também poderá adotar livros não obrigatórios da forma que lhe prouver no exercício da atividade empresarial, sendo praticamente ilimitada as possibilidades. Observadas as exigências legais, os livros empresariais têm eficácia probatória. Podem provar contrao seu autoretambémaseufavor,nestaúltimahipótese em litígioentreempresários. Tendo em vista a sensibilidade das informações contidas nos livros empresariais, que detalham a própria vida da empresa (incluindo dados estratégicos), o CC estabelece o sigilo escritural, tornado exceção as hipóteses em que a exibição será obrigatória. A exibição integral demandará requerimento da parte, sendo que somente será atendida caso se enquadre nos casos expressamente previstos em lei (rol taxativo: sucessão; comunhão ou sociedade; administração ou gestão à conta de outrem; falência). Já a exibição parcial pode ser feita a requerimento das partes ou de ofício pelo juízo, sendo cabível a princípio em qualquer processo em que tal prova seja útil (rol aberto), inclusive no âmbito de medida cautelar. 3ª obrigação do empresário: levantar demonstrações contábeis periódicas: o empresário é obrigado a levantar dois balanços anualmente, a saber: • Balanço patrimonial: deverá exprimir, com fidelidade e clareza, a situação real da empresa e, atendidas as peculiaridades desta, bem como as disposições das leis especiais, indicará, distintamente, o ativo e o passivo (art. 1.188 do CC). • Balanço de resultado econômico: acompanhará o balanço patrimonial e dele constarão crédito e débito, na forma da lei especial (art. 1.189 do CC). Ou seja, tem como escopo apurar o lucro ou prejuízo no exercício financeiro. Consequências do enquadramento como empresário irregular: • impossibilidade de autenticação dos livros empresariais; • falta de legitimidade ativa para requerer a recuperação judicial e extrajudicial; • falta de legitimidade ativa de requer a falência de outros empresários; • ter a sua falência requerida e decretada, podendo responder por crime falimentar; • impossibilidade de enquadramento como microempresa ou de pequeno porte; • impossibilidade de inscrição no CNPJ; • impossibilidade de participar de licitação; • responsabilidade solidária e ilimitada pelas obrigações sociais. Empresário individual: o empresário individual é a pessoa natural (também chamada de pessoa física, por influência da legislação tributária) que exerce a empresa. Deve estar no gozo da capacidade civil plena; e não ter impedimento legal para o exercício da atividade empresarial. Quanto à capacidade, excepcionalmente o art. 974 do CC permite que o incapaz por meio de representante (absolutamente incapaz) ou assistência (relativamente capaz) possa CONTINUAR a explorar a atividade empresária anteriormente exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor da herança. Em relação aos impedidos, casoexerçam a empresa tais pessoas responderão pelas obrigações contraídas. No que diz respeito ao empresário individual casado, esse pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real (verificar abrandamento desse dispositivo por meio de interpretação formulada na II Jornada de Direito Comercial). Em razão de o empresário individual não ter personalidade jurídica própria, todo o seu patrimônio, inclusive o pessoal, responde pelas dívidas sociais. EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA (EIRELI): a EIRELI tem personalidade jurídica própria, diversa da pessoa (física ou jurídica) que a criou, sendo constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo vigente no País. A pessoa natural poderá figurar em uma única empresa dessa modalidade, entendendo- -se que não há tal limitação para as pessoas jurídicas. Poderá ser adotado como nome empresarial tanto a firma como a denominação social, acrescido necessariamente da palavra “EIRELI”. A EIRELI “poderá resultar da concentração das quotas de outra modalidade societária num único sócio, independentemente das razões que motivaram tal concentração”. Da mesma forma, poderá ser atribuída à EIRELI que for constituída para a prestação de serviçosdequalquernatureza “aremuneração decorrentedacessãodedireitospatrimoniais de autor ou de imagem, nome, marca ou voz de que seja detentor o titular da pessoa jurídica, vinculados à atividadeprofissional”. No que couber, serão aplicadas à EIRELI as normas previstas para a sociedade limitada. O produtor rural pode constituir EIRELI. O cônjuge ou companheiro de titular de EIRELI é legitimado para ajuizar ação de apuração de haveres, para fins de partilha de bens. Somente o patrimônio social da EIRELI responderá pelas suas dívidas, hipótese em que não se confundirá, em qualquer situação, com o patrimônio do titular que a constitui, ressalvados os casos de fraude. 3- Parte A sociedade não é criação do Direito brasileiro e muito menos é um instituto recente. Temos antecedentes históricos no Direito Romano, mas o instituto desenvolveu com mais vigor na Idade Média, com o objetivo de segregação de riscos do comerciante. O conceito de sociedade é depreendido a partir do disposto no art. 981 do Código Civil, que preceitua que celebramcontratodesociedadeaspessoasquereciprocamente se obrigama contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. Os elementos específicos para a constituição da sociedade são: acordo de vontade com fim comum (a sociedade decorre de um negócio jurídico entre duas ou mais pessoas que é dirigido a um fim comum); pluralidade de sócios (há exceções); definição de obrigações recíprocas; exercício de atividade econômica; partilha dos resultados A personalidade jurídica não é elemento que necessariamente integra o conceito de sociedade, bastando citar que o CC disciplina expressamente duas sociedades não personificadas: a sociedade em comum e a sociedade em conta de participação. Como exceção, podemos ter sociedades unipessoais: i) originalmente unipessoal (sociedade limitada unipessoal, subsidiária integral, empresa pública e sociedade unipessoal de advogados); ii) supervenientemente unipessoal (quando a sociedade fica com somente um sócio, como por exemplo, no caso da morte de um deles. Nesse caso, haverá prazo para recomposição societária). A EIRELI não é uma sociedade, tratando-se de um novo ente jurídico personificado! Se o contrato social tiver cláusula excluindo algum sócio do resultado social (ganhos ou perdas) ela será considerada não escrita, sendo que na omissão presume-se que o sócio participará dos lucros e das perdas, na proporção das respectivas quotas. Diferença entre sociedade, associação e fundação: sociedade necessariamente devem desenvolver atividade econômica com a finalidade lucrativa (partilha dos resultados); associação, em regra, desenvolve atividades morais, pias, literárias, artísticas, mas pode até desenvolver atividade econômica, desde que o lucro seja o meio (para reinvestir na atividade) e não o fim (distribuição); fundação é um complexo de bens, sendo que a aquisição de personalidade jurídica própria é direcionada para a realização de um fim de interesse público preestabelecido pelo(s) seu(s) fundador(es), de forma estável e permanente. As sociedades podem se classificar de acordo com: área de atuação (sociedade empresária e sociedade simples); personificação (sociedades não personificadas e sociedades personificadas); responsabilidade dos sócios (limitada, ilimitada ou mista); estrutura econômica (sociedade de pessoas e sociedade de capitais); forma do capital (sociedade de capital fixo e sociedade de capital variável); natureza do ato constitutivo (sociedades contratuais e sociedades institucionais). São princípios do direito societário: princípio da autonomia patrimonial (a sociedade deve ser entendida como sujeito de direitos e obrigações próprio, não se confundido com os seus sócios); princípio majoritário nas deliberações sociais (o acordo de vontades vigora na sociedade não somente no momento da sua constituição como também no desenvolvimento de suas atividades, devendo a proporcionalidade ser, em regra, de acordo com o montante investido, privilegiando os sócios que assumiram mais riscos); princípio da proteção ao sócio/acionista minoritário (o poder dos sócios majoritários não é absoluto, sendo concedido aos sócios minoritários o poder de fiscalização e, em alguns casos, o direito de retirada da sociedade, notadamente em relação a determinadas deliberações que o minoritário tenha votado em sentido contrário). A aquisição da personalidade jurídica ocorrerá efetivamente com a inscrição no registro próprio dos atos constitutivos da sociedade (sociedade empresária será na Junta Comercial e a sociedade simples no Registro Civil das Pessoas Jurídicas). Os sócios de uma sociedade empresária não são empresários, mas empreendedores ou investidores uma vez que a titular dos direitos, obrigações e patrimônio é a sociedade. A aquisição da personalidade jurídica acarreta três atributos: titularidade obrigacional; titularidade processual; e autonomiapatrimonial. A soma da contribuição de cada sócio formará o capital social, representando o patrimônio societário inicial. O capital desempenhará função externa (garantia mínima dos credores da sociedade) e interna (viabilizará o início da atividade da sociedade para cumprimento do seu objeto e estabelecerá as forças na condução da sociedade, de acordo com a proporção de quotas). O Código Civil adotou a teoria maior da desconsideração da personalidade jurídica exigindo, além dos indícios de insolvência, que o sócio (mesmo o minoritário ou ex-sócio), e os administradores tenham abusado da personalidade da pessoa jurídica com as seguintes condutas: desvio de finalidade (pressupõe dolo) ou confusão patrimonial (não necessita de condutadolosa, bastacomprovar asuaocorrência). O Código de Defesa do Consumidor e a Lei 9.605, de 1998 (infrações/crimes ambientais) adotaram a teoria menor, exigindo para a aplicação da desconsideração da personalidade jurídica apenas o não pagamento de umcrédito. O efeito da desconsideração da pessoa jurídica será episódico, ou seja, atingirá “certas e determinadas relações de obrigações”, tornando ineficaz alguns atos. Nesse sentido, a sociedade continuará a existir com personalidade jurídica própria, não sendo dissolvida nem liquidada. O Código Civil prevê expressamente a possibilidade da desconsideração inversa, ou seja, quando, para satisfazer dívida de algum sócio ou administrador, o credordireciona sua ação para atingir o patrimônio da pessoa jurídica (a desconsideração da personalidade jurídica propriamente tem como escopo atingir o patrimônio dos sócios ou administradores para satisfazer débito da pessoajurídica). Os sócios ou acionistas serão aqueles que detêm quota ou ação de uma sociedade, representativa de parcela do seu capital social. Os principais deveres dos sócios são: contribuir para a sociedade; responder pela evicção caso integralize o capital com transferência de domínio, posse ou uso; responder pela solvência caso integralize o capital com crédito; atuação exclusiva do sócio que contribuir com serviço, salvo cláusula contrária; participar das perdas; lealdade. Os principais direitos dos sócios são: participar dos lucros sociais; participar do acervo, em caso de liquidação; fiscalizar a gestão a cargo dos administradores; retirar-se da sociedade; direito devoto. Unidades: VI, VII E VIII. SOCIEDADE LIMITADA 1. Referência legal Código Civil artigo 1.052 ao artigo 1.087. Vale destacar o artigo Art. 1.053 do CC: A sociedade limitada rege-se, nas omissões deste Capítulo, pelas normas da sociedade simples. Parágrafo único. O contrato social poderá prever a regência supletiva da sociedade limitada pelas normas da sociedade anônima. 2. Características Agora vou inserir as características acerca da LTDA: • Capital social dividido em cotas. • Responsabilidade dos sócios limitada ao valor das cotas subscritas ou adquiridas, mas todos os sócios respondem solidariamente pela integralização do capital social. • Pode ser simples ou empresária a depender do objeto social. • Pode utilizar firma ou denominação como nome empresarial, o qual deve ser aditado da expressão “limitada” por extenso ou abreviadamente. 3. Contrato social De acordo com o artigo 1.054 do CC, o contrato mencionará, no que couber, as indicações do art. 997, e, se for o caso, a firma social. Não serão aplicados os incisos V (na Ltda., não pode haver contribuição dos sócios com serviços) e VIII (não há falar em responsabilidade subsidiária dos sócios da Ltda. pelas obrigações sociais) do artigo 997 do CC. 4. Pluralidade de sócios ALtda. podeterounãopluralidade de sócios; ou seja, ela pode serunipessoal ou não, de acordo com os §§ 1º e 2º do artigo 1.052 do CC: 5. Cotas (1.055 a 1.059 do CC) 5.1 Cotas X ações 5.1.1. Diferenças básicas DIFERENÇA LTDA. S/A FRAÇÃO DO CAPITAL SOCIAL COTAS AÇÕES CESSÃO A CESSÃO DAS COTAS SE OPERA MEDIANTE ALTERAÇÃO DO CONTRATO SOCIAL A CESSÃO DAS AÇÕES NÃO ACARRETA A ALTERAÇÃO DO ESTATUTO SOCIAL http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art997 5.1.2 Coisas em comum Fração do capital social Participação nos fundos sociais 5.2 (Des)igualde de cotas As cotas de uma Ltda. podem ser iguais ou desiguais, cabendo uma ou diversas a cada sócio. 5.3 Indivisibilidade e condomínio de cota (artigo 1.056 do CC) Art. 1.056. A quota é indivisível em relação à sociedade, salvo para efeito de transferência, caso em que se observará o disposto no artigo seguinte. § 1º Nocaso de condomínio de quota, os direitos a ela inerentes somente podem serexercidos pelo condômino representante, ou pelo inventariante do espólio de sócio falecido. § 2º Sem prejuízo do disposto no art. 1.052 , os condôminos de quota indivisa respondem solidaria- mente pelas prestações necessárias à sua integralização. 5.4. Cessão de cotas A cessão (transferência) de cotas, pode ocorrer para outro sócio ou para terceiros não integrantes do quadro societário, assim, abrem-se duas hipóteses: • Na omissão do contrato, o sócio pode ceder sua quota, total ou parcialmente, a quem seja sócio, independentemente de audiência dos demais sócios. Se o contrato social for omisso, e a cessão de cotas para pessoa que já integra o quadro societário (sócio), não há necessidade de qualquer autorização dos demais sócios. • Na omissão do contrato, o sócio pode ceder sua quota, total ou parcialmente, a estranho, se não houver oposição de titulares de mais de um quarto do capital social. Se o contrato social for omisso, e a cessão for para terceiro não integrante do quadro societário, pode ser embargada por titulares de mais de 1/4 (25%) do capital social. 5.5. Atitudes contra o sócio remisso a) Artigo 1.004 do CC: Art. 1.004. Os sócios são obrigados, na forma e prazo previstos, às contribuições http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art1052 estabelecidas no contrato social, e aquele que deixar de fazê-lo, nos trinta dias seguintes ao da notificação pela sociedade, responderá perante esta pelo dano emergente da mora. Parágrafo único. Verificada a mora, poderá a maioria dos demais sócios preferir, à indenização, a exclusão do sócio remisso, ou reduzir-lhe a quota ao montante já realizado, aplicando-se, em ambos os casos, o disposto no § 1º do art. 1.031. b) Artigo 1.058 do CC: Art. 1.058. Não integralizada a quota de sócio remisso, os outros sócios podem, sem prejuízo do disposto no art. 1.004 e seu parágrafo único, tomá-la para si ou transferi-la a terceiros, excluindo o primitivo titular e devolvendo-lhe o que houver pago, deduzidos os juros da mora, as prestações estabelecidas no contrato mais as despesas. 5.6. Reposições a serem realizadas pelos sócios art. 1.059. Os sócios serão obrigados à reposição dos lucros e das quantias retiradas, a qualquer título, ainda que autorizados pelo contrato, quando tais lucros ou quantia se distribuírem com pre- juízo do capital. 6. Órgãos sociais 6.1. Assembleia ou reunião 6.1.1. Conceito Assembleia é o órgão de cúpula e de deliberação máxima. Órgão de cúpula, pois somente sócios podem participar. Claro que um sócio pode ser representado por outro sócio ou por advogado, munido de procuração com poderes específicos. Em relação à sociedade anônima, o sócio pode ser representado por outro sócio, advogado ou administradore,nocasodecompanhiaaberta,oprocurador pode,ainda,ser uma instituição financeira, de acordo com o § 1º do artigo 126 da LSA: De deliberação máxima, pois é o único órgão capaz de modificar o instrumento de constituição (isso vale para qualquer tipo societário). 6.1.2. Convocação e instalação http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art1031 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art1004 a) Convocação NaLtda. ossóciostambém devemserconvocados da seguinteforma(§§§doartigo1.152 do CC): • (§ 1º) Salvo exceção expressa, as publicações serão feitas no órgão oficial da União ou do Estado, conforme o local da sede do empresário ou da sociedade, e em jornal de grande circulação. • (§ 2º) As publicações das sociedades estrangeiras serão feitas nos órgãos oficiais da União e do Estado onde tiverem sucursais, filiais ou agências. • (§ 3º) O anúncio de convocação da assembleia de sócios será publicado por trêsvezes, ao menos, devendo mediar, entre a data da primeira inserção e a da realização da assembleia, o prazo mínimo de oito dias, para a primeira convocação, e de cinco dias, para as posteriores. Nos termos do § 2º do artigo 1.072 do CC: Dispensam-se as formalidades de convocação previstas no § 3º do art. 1.152 , quando todos os sócios comparecerem ou se declararem, por escrito, cientes do local, data, hora e ordem do dia. A assembleia pode ser convocada por: Art. 1.073. A reunião ou a assembleia podem também ser convocadas: I – por sócio, quando os administradores retardarem a convocação, por mais de sessenta dias, nos casos previstos em lei ou no contrato, ou por titulares de mais de um quinto do capital, quando não atendido, no prazo de oito dias, pedido de convocação fundamentado, com indicação das matérias a serem tratadas; II – pelo conselho fiscal, se houver, nos casosa que se refere o inciso V do art. 1.069 . a) Instalação Em se tratando de sociedade Ltda, “a assembleia dos sócios instala-se com a presença, em primeira convocação, de titulares de no mínimo três quartos do capital social, e, em segunda, com qualquer número” (caput do artigo 1.074 do CC). O sócio poderá participar e votar a distância em reunião ou assembleia, nos termos do disposto na regulamentação do Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração da Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Eco- nomia (1.080-A do CC). Na sociedade Ltda., a assembleia ou reunião é um órgão obrigatório de instalação facultativa, pois tornam-se dispensáveis quando todos os sócios decidirem, por escrito, sobre a matéria que seria objeto delas (§ 3ª do artigo 1.072 do CC. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art1152 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art1069 6.1.3. Quórum QUÓRUM MATÉRIA MAIORIA DE VOTOS DOS PRESENTES (50% + 1 dos presentes) a aprovação das contas da administração; a nomeação e destituição dos liquidantes e o julgamento das suas contas; nos demais casos previstos na lei ou no contrato, se este não exigir maioria mais elevada VOTOS CORRESPONDENTES A MAIS DE METADE DO CAPITAL SOCIAL (+ de 50% do capital social) a designação dos administradores, quando feita em ato separado; a destituição dos administradores; o modo de sua remuneração, quando não estabelecido no contrato; o pedido de recuperação de empresa*. VOTOS CORRESPONDENTES, NO MÍNIMO, A DOIS TERÇOS DO CAPITAL SOCIAL (≥ 2/3 do capital social) a designação de administradores não sócios após a integralização do capital social. VOTOS CORRESPONDENTES, NO MÍNIMO, A TRÊS QUARTOS DO CAPITAL SOCIAL (≥ 3/4 do capital social) a modificação do contrato social; a incorporação, a fusão e a dissolução da sociedade, ou a cessação do estado de liquidação; UNANIMIDADE DOS SÓCIOS (100% dos sócios) a designação de administradores não sócios enquanto o capital não estiver integralizado. *Quadroformadoapartir dos artigos 1.061, 1.071 e 1.076 do Código Civil. 6.1.4. Assembleia ou Reunião Se a sociedade Ltda. tiver até 10 sócios, as deliberações poderão ser realizadas por assembleia ou reunião, a escolha da forma das deliberações deve ocorrer no contrato social, se este for omisso, as deliberações serão por assembleia. 6.2. Administração (1.060 a 1.065 do Código Civil) https://pt.wiktionary.org/wiki/%E2%89%A5 https://pt.wiktionary.org/wiki/%E2%89%A5 6.2.1. Conceito A administração é o órgão de representação da sociedade, representação ativa e passiva, judicial e extrajudicial, sendo que o uso da firma ou denominação social é privativo dos administradores que tenham os necessários poderes, artigo 1.064 do CC. 6.2.2. Escolha dos administradores Art. 1.060. A sociedade limitada é administrada por uma ou mais pessoas designadas no contrato social ou em ato separado. Parágrafo único. A administração atribuída no contrato a todos os sócios não se estende de pleno direito aos que posteriormente adquiram essa qualidade. Art. 1.062. O administrador designado em ato separado investir-se-á no cargo mediante termo de posse no livro de atas da administração. § 1º Se o termo não for assinado nos trinta dias seguintes à designação, esta se tornará sem efeito. § 2º Nos dez dias seguintes ao da investidura, deve o administrador requerer seja averbada sua nomeação no registro competente, mencionando o seu nome, nacionalidade, estado civil, residência, com exibição de documento de identidade, o ato e a data da nomeação e o prazo de gestão. 6.2.3. Administradores não sócios Art. 1.061. A designação de administradores não sócios dependerá de aprovação da unanimidade dos sócios, enquanto o capital não estiver integralizado, e de 2/3 (dois terços), no mínimo, após a integralização. Capital social integralizado: ≥ 2/3 do capital social; Capital social não integralizado: Unanimidade dos sócios (100% dos sócios). 6.2.4. Cessação do cargo de administrador (artigo 1.063 do CC) Art. 1.063. O exercício do cargo de administrador cessa pela destituição, em qualquer tempo, https://pt.wiktionary.org/wiki/%E2%89%A5 do titular, ou pelo término do prazo se, fixado no contrato ou em ato separado, não houver recondução. § 1º Tratando-se de sócio nomeado administrador no contrato, sua destituição somente se opera pela aprovação de titulares de quotas correspondentes a mais da metade do capital social, salvo disposição contratual diversa. § 2º A cessação do exercício do cargo de administrador deve ser averbada no registro competente, mediante requerimento apresentado nos dez dias seguintes ao da ocorrência. § 3º A renúncia de administrador torna-se eficaz, em relaçãoà sociedade, desde omomento em que esta toma conhecimento da comunicação escrita do renunciante; e, em relação a terceiros, apósa averbação e publicação. 6.2.5. Apresentação das contas dosadministradores Art. 1.065. Ao término de cada exercício social, proceder-se-á à elaboração do inventário, do balan- ço patrimonial e do balanço de resultado econômico. 6.3. Conselho fiscal 6.3.1 Conceito Conselho fiscal é o órgão de fiscalização da sociedade, que tem a finalidade de apurar e dar parecer nas contas dos administradores, apontando regularidade ou irregularidade (s), sendo que os membros têm os seguintes deveres (1.069 do CC): Art. 1.069. Além de outras atribuições determinadas na lei ou no contrato social, aos membros do conselho fiscal incumbem, individual ou conjuntamente, os deveres seguintes: I –examinar, pelomenostrimestralmente, oslivros epapéisda sociedadeeoestadoda caixa e da carteira, devendo os administradores ou liquidantes prestar-lhes as informações solicitadas; II – lavrarnolivro de atasepareceres do conselhofiscaloresultado dos examesreferidos no inciso I deste artigo; III – exarar no mesmo livro e apresentar à assembleia anual dos sócios parecer sobre os negócios e as operações sociais do exercício em que servirem, tomando por base o balanço patrimonial e o de resultadoeconômico; IV – denunciar os erros, fraudes oucrimes que descobrirem, sugerindo providênciasúteis à socie- dade; V – convocar a assembleia dos sócios se a diretoria retardar por mais de trinta dias a sua convoca- ção anual, ou sempre que ocorram motivos graves e urgentes; VI –praticar, duranteoperíodo da liquidação da sociedade, os atosa que serefereesteartigo, tendo em vista as disposições especiais reguladoras da liquidação. Art. 1.070. As atribuições e poderes conferidos pela lei ao conselho fiscal não podem ser outorgados a outro órgão da sociedade, e a responsabilidade de seus membros obedece à regra que define a dos administradores ( art. 1.016 ). Parágrafo único. O conselho fiscal poderá escolher para assisti-lo no exame dos livros, dos balanços e das contas, contabilista legalmente habilitado, mediante remuneração aprovada pela assembleia dos sócios. 6.3.2. Os conselheiros O conselhofiscalserácompostopor,nomínimo, 3 membros, sóciosounãoobservadasas seguintes regras (artigos 1.066 e 1.067 do CC): Art. 1.066. Sem prejuízo dos poderes da assembleia dos sócios, pode o contrato instituir conselho fiscal composto de três ou mais membros e respectivos suplentes, sócios ou não, residentes no País, eleitos na assembleia anual prevista no art. 1.078 . § 1º Não podem fazer parte do conselho fiscal, além dos inelegíveis enumerados no § 1º do art.1.011, os membros dos demaisórgãos da sociedade ou de outra por elacontrolada, os empregados de quaisquer delas ou dos respectivos administradores, o cônjuge ou parente destes até o terceiro grau. § 2º É assegurado aos sócios minoritários, que representarem pelo menos um quintodo capital social, o direito de eleger, separadamente, um dos membros do conselho fiscal e o respectivo suplente. Art. 1.067. Omembroousuplenteeleito, assinandotermo de posselavrado no livro de atase pareceres do conselho fiscal, em que se mencione o seu nome, nacionalidade, estado civil, residência e a data da escolha, ficará investido nas suas funções, que exercerá, salvo http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art1016 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art1078 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art1011 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art1011 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art1011 cessaçãoanterior, atéa subsequente assembleia anual. Parágrafo único. Se o termo não for assinado nos trinta dias seguintes ao da eleição, esta se tornará sem efeito. 6.3.2. Remuneração dos conselheiros (artigo 1.068 do CC) Art. 1.068. A remuneração dos membros do conselho fiscal será fixada, anualmente, pela assembleia dos sócios que os eleger. 7. Do aumento e da redução do capital Código Civil: Art. 1.081. Ressalvado o disposto em lei especial, integralizadas as quotas, pode ser o capital aumentado, com a correspondente modificação do contrato. § 1º Até trinta dias após a deliberação, terão os sócios preferência para participar do aumento, na proporção das quotas de que sejam titulares. § 2º À cessão do direito de preferência, aplica-se o disposto no caput do art. 1.057 . § 3º Decorrido o prazo da preferência, e assumida pelos sócios, ou por terceiros, a totalidade do aumento, haverá reunião ou assembleia dos sócios, para que seja aprovada a modificação do contrato. Art. 1.082. Pode a sociedade reduzir o capital, mediante a correspondente modificação do contrato: I – depois de integralizado, se houver perdas irreparáveis; II – se excessivo em relação ao objeto da sociedade. Art. 1.083. No caso do inciso I do artigo antecedente, a redução do capital será realizada com a diminuição proporcional do valor nominal das quotas, tornando-se efetiva a partir da averbação, no Registro Público de Empresas Mercantis, da ata da assembleia que a tenha aprovado. Art. 1.084. No caso do inciso II do art. 1.082 , a redução do capital será feita restituindo-se parte do valor das quotas aos sócios, ou dispensando-se as prestações ainda devidas, com diminuição proporcional, em ambos os casos, do valor nominal das quotas. § 1º No prazo de noventa dias, contado da data da publicação da ata da assembleia que http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art1057 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art1082 aprovar a redução, ocredorquirografário, portítulo líquidoanteriora essadata, poderáopor-se ao deliberado. § 2º Areduçãosomentesetornaráeficazse,no prazoestabelecidonoparágrafoantecedente, não for impugnada, ou se provado o pagamento da dívida ou o depósito judicial do respectivovalor. § 3º Satisfeitas as condições estabelecidas no parágrafo antecedente, proceder-se-á à averbação, no Registro Público de Empresas Mercantis, da ata que tenha aprovado a redução. 8. Da resolução da sociedade em relação a sócios minoritários Código Civil: Art. 1.085. Ressalvado o disposto no art. 1.030 , quando a maioria dos sócios, representativa de mais da metade do capital social, entender que um ou mais sócios estão pondo em risco a continuidade da empresa, em virtude de atos de inegável gravidade, poderá excluí-los da sociedade, median- te alteração do contrato social, desde que prevista neste a exclusão por justa causa. Parágrafo único. Ressalvado o caso em que haja apenas dois sócios na sociedade, a exclusão de um sócio somente poderá ser determinada em reunião ou assembleia especialmente convocada para esse fim, ciente o acusado em tempo hábil para permitir seu comparecimento e o exercício do direito de defesa. Art. 1.086. Efetuado o registro da alteração contratual, aplicar-se-á o disposto nos arts. 1.031 e 1.032 . 9. Falecimento de sócio Artigo 1.028 do CódigoCivil: Art. 1.028. Nocasodemortedesócio,liquidar-se-ásuaquota,salvo: I – se o contrato dispuser diferentemente; II – se os sócios remanescentes optarem pela dissolução da sociedade; III – se, por acordo com os herdeiros, regular-se a substituição do sócio falecido. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art1030 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art1031 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art1031 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art1031 10. Da dissolução Código Civil: Art. 1.087. A sociedade dissolve-se, de pleno direito, por qualquer das causas previstas no art. 1.044 . Art. 1.044. A sociedade se dissolve de pleno direito por qualquer das causas enumeradas no art. 1.033 e, se empresária, também pela declaração da falência. Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer: I – o vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este e sem oposição de sócio, não entrar a sociedade em liquidação, caso em que se prorrogará por tempo indeterminado; II – o consenso unânime dos sócios; III – a deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo indeterminado; IV – a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias; (não aplica- do à Ltda.) V – a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar. Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV caso o sócio remanescente, inclusive na hipótese de concentração de todas as cotas da sociedade sob sua titularidade, requeira, no Registro Público de Empresas Mercantis, a transformação do registro da sociedade para empresário individual ou para empresa individual de responsabilidade limitada, observado, no que couber, o disposto nos arts. 1.113 a 1.115 deste Código . SOCIEDADE ANÔNIMA Referência Legal – Lei n. 6404/1976 1. Características 1.1 Natureza jurídica: empresária, sempre, sem exceção. 1.2 Livre participação de impedidos e incapazes (não podem administrar). 1.3 Responsabilidade dos sócios limita ao valor das suas ações 1.4 Capital social é dividido emações http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art1044 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art1044 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art1033 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art1113 2. Objeto social da S/A Toda e qualquer atividade lícita, mas nem toda atividade lícita pode ser constituída por S/A (sociedade de advogados por exemplo). 3. Companhia • Companhia Aberta: seus valores mobiliários são vendidos, negociados no mercado de capital. O mercado de capital é formado pela bolsa de valores e pelo mercado de balcão. • Companhia Fechada: negocia seus valores mobiliários em sua sede. 4. Valores mobiliários São títulos emitidos pelas companhias e postos à disponibilidade da população, a venda com finalidade de auferir dinheiro. Cada espécie de título representa um tipo de direito. 4.1 Ações a) Conceito: É o valor mobiliário que confere ao seu titular, o direito de sócio. b) Representação física • Cartular, papel • Escritural, é o escrito da instituição financeira c) Espécies: • Originárias: São aquelas que conferem ao seu titular, todos os direitos essenciais mais os não essenciais. Art. 109 da LSA. • Preferenciais: São aquelas que conferem ao seu titular, todos os direitos essenciais e os não essenciais, no silêncio do estatuto. Pode ter direito a voto, se o estatuto for silente, podem ter os seguintes privilégios – Vantagem política – Preferência no recebimento dos dividendos ($) – Preferência no recebimento de reembolso. 4.2 Bônus de subscrição É o valor mobiliário que dá direitoao seu titular de preferência na subscrição de ações. 4.3 Debêntures a) Conceito: É o valor mobiliário representativo do empréstimo contraído pela companhia. b) Espécies • Simples: só paga por meio de dinheiro • Conversíveis: se paga em dinheiro e/ou ações. Quem escolhe é o credor (debenturista). c) Benefícios • Atualização monetária; • Juros; • Participação nos lucros; • Prêmio deresgate. Pode ser 1, alguns ou todos esses benefícios. d) Garantias • Garantia real – tem garantia específica. • Garantia flutuante: o patrimônio como um todo • Garantia quirografária*: o patrimônio como um todo • Garantia subordinada: o patrimônio como um todo Obs.: art. 784, I, CPC – Diz que debênture é título executivo extrajudicial. *Credor quirografário tem garantia, mas ela não é determinada. O que garante o pagamento é o patrimônio do devedor como um todo. Essa é a ordem obrigatória do pagamento de crédito aos credores na hipótese de concurso de credor. 4.4 Partes beneficiárias Conceito: parte beneficiaria é o valor mobiliário que dá ao seu titular o direito de participar no lucro anual da companhia. Essa participação é limitada até 10%, pelo prazo máximo de até 10 anos. Somente companhia fechada pode emitir partes beneficiárias. 5. Órgãos sociais 5.1 Assembleia – Órgão de cúpula, deliberação máxima. • Espécies de Assembleia Assembleia geral ordinária Assembleia geral extraordinária AGO AGE 1 por exercício social Quantas forem necessárias Nos quatro primeiros meses do exercício social seguinte ao termo Em qualquer momento Art. 132 da LSA Residual (todas as demais matérias não arroladas no art. 132 da LSA) 5.2 Conselho da Administração a) Finalidade: traçar as metas da sociedade. • Regra – sócios. Composta por no mínimo 3 membros; • Exceção – representante aos empregados. • 1/3 dos membros pode acumular a função de diretor. 5.3 Diretoria • Órgão de implementação, toda S/A deve ter a diretoria. • Composta no mínimo 2 membros acionistas podem ser sócios ou não. • Mandato: 3 anos admitidos reeleições sem limites 5.4 Conselho Federal: Finalidade • Fiscalizar os atos dos administradores • Órgão de instalaçãofacultativa • De 3 a 5 anos membros – podem ou não serem sócios. Das Normas Complementares no Código Civil Das Sociedades Coligadas Art. 1.097. Consideram-se coligadas as sociedades que, em suas relações de capital, são controladas, filiadas, ou de simples participação, na forma dos artigos seguintes. Art. 1.098. É controlada: I – a sociedade de cujo capital outra sociedade possua a maioria dos votos nas deliberações dos quotistas ou da assembleia gerale opoder de elegeramaioria dos administradores; II – a sociedade cujo controle, referido no inciso antecedente, esteja em poder de outra, mediante ações ou quotas possuídas por sociedades ou sociedades por esta já controladas. Art. 1.100. É de simples participação a sociedade de cujo capital outra sociedade possua menos de dez por cento do capital com direito de voto. Da Liquidação da Sociedade Art. 1.102. Dissolvida a sociedade e nomeado o liquidante na forma do disposto neste Livro, procede-se à sua liquidação, de conformidade com os preceitos deste Capítulo, ressalvado o disposto no ato constitutivo ou no instrumento da dissolução. Parágrafo único. O liquidante, que não seja administrador da sociedade, investir-se-á nas funções, averbada a sua nomeação no registro próprio. Da Transformação, da Incorporação, da Fusão e da Cisão das Sociedades Art. 1.113. O ato de transformação independe de dissolução ou liquidação da sociedade, e obedecerá aos preceitos reguladores da constituição e inscrição próprios do tipo em que vai converter- se. Art. 1.114. A transformação depende do consentimento de todos os sócios, salvo se prevista no ato constitutivo, caso em que o dissidente poderá retirar-se da sociedade, aplicando-se, no silêncio do estatuto ou do contrato social, o disposto no art. 1.031 . Art. 1.116. Na incorporação, uma ou várias sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações, devendo todas aprová-la, na forma estabelecida para os respectivostipos. Art. 1.119. A fusão determina a extinção das sociedades que se unem, para formar sociedade nova, que a elas sucederá nos direitos e obrigações. EXERCÍCIO 1- (FCC/JUIZ/TJ-GO/2012) Quanto à atividade empresarial, é CORRETO afirmar: a) Antes do início de sua atividade, faculta-se ao empresário sua inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede. b) Desde que com auxílio de colaboradores, considera-se empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, constituindo esse exercício elemento de empresa ou não. c) Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação, tanto de bens como de serviços. d) A lei assegurará tratamento igualitário ao empresário rural e ao pequeno empresário, quanto à inscrição e aos efeitos dela decorrentes. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art1031 e) Não responderá pelas obrigações contraídas a pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria deempresário. 2- (FAURGS/JUIZ/TJ-RS/2016) Sobre a disciplina jurídica da atividade empresarial no Brasil, assinale a alternativa correta. a) A definição de empresa pelo Código Civil adota seu perfil subjetivo, como sujeito de direitos. b) O exercício de atividade empresarial por sociedade não inscrita no registro de empresas implica a ineficácia dos negócios celebrados em relação à própria sociedade e a terceiros. c) A participação de uma mesma pessoa como sócia em mais de uma Empresa individual de responsabilidade limitada (Eireli) pode caracterizar a formação de grupo econômico. d) Pessoa que desempenhe atividade rural e esteja matriculada no registro de empresa pode requerer recuperação judicial. 3- (CESPE/JUIZ/TJ-PI/2012)Com relaçãoao empresário,assinaleaopção correta. a) É considerado empresário individual o comerciante que leve, ele mesmo, a mercadoria comercializada até a residência dos potenciais consumidores. b) Não é considerada empresária a pessoa que organiza episodicamente a produção de certa mercadoria, ainda que destinada à venda no mercado. c) Por força de lei, aplicam-se aos sócios da sociedade empresária as regras próprias do empresário individual. d) O menor com dezesseis anos idade que não seja emancipado somente poderá dar início a empresa mediante autorização dejuiz. e) É considerada empresária a pessoa que, exercendo profissão intelectual de natureza artística, contrate empregados para auxiliá-la no trabalho. 4- (CESPE/JUIZ/TJ-PR/2019) Conforme o Código Civil, equipara-se à condição de pessoa empresária. a) Um casal que resolva criar um instituto exclusivamente para difundir informações sobre determinada causa social. b) Um empresário rural cuja principal atividade seja a agricultura e que esteja devidamente inscrito no Registro Público de Empresas Mercantis. c) Um artista plástico famoso que angarie grandes valores com venda de obras plásticas por ele confeccionadas. d) Um grupo de pessoas que pretenda constituir uma cooperativa para intermediar a venda de produtos fabricados em determinada comunidade. 5- (FCC/JUIZ DO TRABALHO/TRT-1ª REGIÃO/2011/ADAPTADA) É CORRETO afirmar que: a) o incapaz não poderá, de nenhum modo, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor da herança. b) os pactos e declarações antenupciais do empresário, o título de doação, herança, ou legado, de bens clausulados de incomunicabilidade ou inalienabilidade serão arquivados e averbadosno Registro Civil e no Registro Público de Empresas Mercantis. c) é preciso outorga conjugal para que o empresário casado possa, independente do regime de bens, alienar os imóveis que integram o patrimônio da empresa ou gravá-lo de ônusreal. d) a pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a exercer, não responderá pelas obrigaçõescontraídas. 6- (FCC/JUIZ/TJ-AP/2014) O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão: a) está sujeito à falência, independente de qualquer registro público. b) é obrigado a inscrever-se no Registro Público de Empresas Mercantis. c) é obrigado a inscrever-se no Registro Civil de Pessoas Jurídicas. d) pode requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis. e) não podeconstituirempresa individual deresponsabilidadelimitada. 7- (FCC/JUIZ/TJ-CE/2014) A empresa individual de responsabilidade limitada é a) ente despersonalizado, porque suas atividades são exercidas pela pessoa física ou jurídica que ainstituir. b) pessoa jurídica de direito privado, que só poderá ser instituída por outra pessoa jurídica também de direito privado, mas não terá capital social. c) pessoa jurídica de direito privado e será constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capitalsocial. d) pessoa jurídica de direito privado cuja personalidade se confunde com a de seu instituidor e não possui capital social. e) pessoa jurídica de direito público, ou de direito privado, segundo seja seu instituidor uma pessoa natural ou um ente público. 8- (CONSUPLAN/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E REGISTROS/TJ-MG/2016) Podem ser consideradas sociedades empresárias, EXCETO: a) Sociedade Comandita Simples. b) Sociedade Comandita por Ações. c) Sociedade Anônima. d) Sociedade Cooperativa. 9- ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL/PGFN/2012) São sociedades empresárias, independentemente do objeto, exceto: a) sociedades em comandita por ações. b) companhias de economiamista. c) subsidiárias integrais. d) sociedades anônimas. e) sociedades limitadas. 10- FUNESP/JUIZ/TJ-SP/2018) A desconsideração da personalidade jurídica em sociedade limitada abrange a) todos ossócios. b) apenas osadministradores. c) apenas os sóciosadministradores. d) apenas os sócioscontroladores. 11- (FUNESP/JUIZ/TJ-RS/2018) A respeito do tema teoria da desconsideração da personalidadejurídica, o Superior Tribunal de Justiça em muitosde seusjulgadosfaz menção à teoria maior e à teoria menor da desconsideração. Com base nessa informação, assinale a alternativa correta. a) Considera-se correta a aplicação da teoria maior da desconsideração, regra excepcional em nosso sistema jurídico brasileiro, com a comprovação da prova da insolvência da pessoa jurídica juntamente com o desvio de finalidade ou confusão patrimonial. A teoria menor, por consequência, regra geral em nosso sistema jurídico, considera-se correta sua aplicação apenas diante da comprovação da insolvência da pessoa jurídica. b) Para devida incidência da aplicação da teoria maior da desconsideração, regra geral do sistema jurídico brasileiro, torna-se necessária a comprovação da insolvência da pessoa jurídica, a demonstração do desvio de finalidade e da demonstração de confusão patrimonial. Para a correta aplicação da teoria menor, por sua vez, regra excepcional em nosso sistema jurídico, basta a comprovação da insolvência da pessoa jurídica. c)Caracteriza-se a teoria maior da desconsideração, regra geral do sistema jurídico brasileiro, com a identificação apenas do desvio de finalidade da pessoa jurídica, ao passo que a teoria menor da desconsideração concretiza-se com a comprovação somente da insolvência da pessoa jurídica. d)Para aplicação da teoria maior da desconsideração, regra aplicada excepcionalmente em nosso sistema jurídico, basta a comprovação da prova da insolvência da pessoa jurídica, enquanto para incidência da teoria menor da desconsideração é preciso apenas a demonstração de confusãopatrimonial. e)Para incidência da teoria maior da desconsideração, regra geral do sistema jurídico brasileiro, exige-se para além da prova da insolvência, ou a demonstração de desvio de finalidade ou a demonstração de confusão patrimonial. Para caracterização da teoria menor, por sua vez, regra excepcional, basta a prova de insolvência da pessoa jurídica. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS TOMAZETTE, Marlon. Curso de Direito Empresarial: Teoria Geral e Direito Societário. 11ª edição. São Paulo: Saraiva, 2020. ASQUINI, Alberto. Perfis da empresa. Trad. Fábio Konder Comparato. Revista de Direito Mercantil, Industrial, Econômicoe Financeiro. São Paulo; Malheiros, v. 35, n. 104, p. 109-126, out./ dez/ 1996. BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de direito constitucional. 12 ed. São Paulo, Saraiva, 2019. COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial. 7 ed. São Paulo: Saraiva, 2003, v.1. COMPARATO, Fábio Konder; SALOMÃO FILHO, Calixto. O poder de Controle na Sociedade Anô- nima. Rio de Janeiro: Forense, 2005. CORRÊA-LIMA, Osmar Brina; LIMA, Sérgio Mourão Corrêa. Comentários à nova lei de falência e recuperação: lei 11.101, de 09 de fevereiro de 2005. Rio de Janeiro: Forense, 2009. CRUZ, André Santa. Direito empresarial. 8 ed. 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REALE. Miguel. Nova Fase do Direito Moderno. São Paulo: Editora Saraiva, 1998. REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial. 24 ed. São Paulo, 2000.
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