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cariologia Introdução ao Estudo da Cárie História da cárie - primeiras observações de microorganismos bucais - Antoni Van Leewenhaet- Delft, Holanda (1693) - Louis Pasteur- Fermentação de açúcar por bactérias vivas- ácido ( 1822-1895) - Willoughby Miller- Teoria quimio parasitária da cárie (1889) A cárie dentária é uma doença complexa causada pelo desequilíbrio no balanço entre o mineral do dente e o fluido do biofilme. O microe- cossistema bacteriano do biofilme dentário apresenta uma série de características fisiológicas. A produção de ácido por meio da metabolização de nutrientes pelas bactérias do biofilme e consequente baixa do pH é o fator responsável pela desmineralização do tecido dentário que pode resultar na formação da lesão de cárie. O termo “cárie dentária” é usado para descrever os resultados (sinais e sintomas) de uma dissolução química da superfície dentária causada por eventos metabólicos que ocorrem no biofilme (placa bacteriana) que recobre a área afetada. A destruição pode afetar o esmalte, a dentina e o cemento, e as lesões podem se manifestar clinicamente de maneiras variadas. Cárie dentária a doença e seu tratamento clínico Doença infecto parasitária; Transmissível (hábitos e costumes familiares), Multifatorial devido a. dieta cariogênica; açúcar- sacarose composição da saliva, capacidade tampão, fluxo; disponibilidade de fluoretos, dentifrícios fluoretados, flúor; fatores socioeconômicos; fatores comportamentais, qualidade da higiene, etc; O termo cárie dentária é usado tanto para a doença quanto para a lesão. Ex: paciente tem cárie ativa, 5 lesões. Lesões Características Não cavitadas Brilho textura, cor 1 Cavitadas Perda da estrutura microscópica Ativas inativas ● Fluorose é diferente de cárie- diagnóstico diferencial Teoria do Verme= fermentação de açúcares por bactérias vivas - ácido (glicólise anaeróbia) ➔ Microorganismos cariogênicos produzem ácido por açúcares ➔ Cárie não é infecciosa ➔ Bactérias cariogênicas não tem relação de causa e efeito com cárie dentária ➔ Cárie é frequência É importante ressaltar, no entanto, que o processo de desmineralização que ocorre na superfície dentária na presença de carboidratos fermentáveis é um processo fisiológico. A atividade metabólica das bactérias do biofilme decorrente da disponibilidade de nutrientes causa constante flutuação do pH, e, como consequência, a superfície dentária coberta por biofilme vai experimentar perda mineral e ganho mineral. Este processo de des-remineralização dos tecidos dentários é onipresente. Frente a um aumento no consumo de carboidratos fermentáveis, a produção de ácidos se intensifica, e os eventos de desmineralização não são compensados pelos de remineralização. Dessa forma, a lesão de cárie se forma somente quando o resultado cumulativo de processos de desremineralização acarreta perda mineral. Thylstrup e Birkeland2 descreveram que os sinais da doença cárie podem ser distribuídos em uma escala que inicia com a perda mineral em nível ultraestrutural até a total destruição do dente Biofilme Dentário pré-requisito para ocorrência de lesões de cárie; é caracterizado pela atividade microbiana contínua e esse metabolismo pode ser drasticamente aumentado devido a mudanças nutricionais, como o incremento de carboidratos fermentáveis; 2 Exame: IPV= índice de placa visível → sonda OMS, superfice seca e iluminada. 1= pelicula aderida à margem gengival visivel com solução reveladora ou sonda 2= acúmulo moderado visto à olho nú 3- abundancia de placa, ultrapassa o terço cervical Conceito: ➔ Adaptação da placa bacteriana ➔ Bactérias aderidas a superficies, entrelaçadas umas as outras ➔ Ambiente liquido- sólido - Superficie umida e perene (dentes) Composição do Biofilme Dentário (não é estática) → 70 a 80% microorganismos → polissacarideos * não coloniza → células de epitélio descamadas gengiva → Leucócitos → Enzimas → Sais minerais → glicoproteinas salivares → proteínas → pigmentos e restos de alimentos O biofilme pode surgir em muitos locais na natureza→ cascos de naviu, diu, protese de quadril, caixa d’ água, etc… Formção de um biofilme ( Costerton e Stewart,2001) → Adsorção reversível das bactérias (30seg) → Adesão bacteriana (seg-min) → Crescimento e divisão bacteriana (horas- dias) → Produção do PEC e formação do biofilme (horas- dias) polissacarideos extracelulares ● Bactérias Plantônicas no fluido da placa + açucar ● controle do biofilme deve ser diário Placa Ecológica → comunicação bacteriana (quorum sensing) bactérias se aproximam e se auxiliam para se estabelecer (mecanismo para se comunicar dentro e entre espécie) Quorum sensing→ usado para detectar e responder a mudanças no ambiente (limitações nutricionais) É possível ver o biofilme? Sim, a placa dental pode acumular-se e se tornar visivel dentro de um dia, (aspecto grumoso) ⇒Virulência Mecanismos de aderência aos tecidos. 3 Capacidade de produzir ácido. Potencial acidúrico. Formação e utilização de polissacarídeos intra e extracelulares. Aspéctos clínicos: para evidenciar o biofilme pode-se usar um evidenciador de placa, que irá corar o biofilme Biofilme oclusal → difícil de remover (sulcos) ● os limites entre restaurações e dentes são mais suscetiveis à cárie que os sulcos dos dentes Histórico do Biofilme → Black, a, V(1886)--> descreveu o biofilme como um “gel” Conceito de limpar totalmente a cavidade p/ restauração Introduziu o termo placa → Keyes (1960) → sugeriu que a cárie dentária é uma doença infecto → Sugeriu que para ter cárie é necessário três fatores juntos: Dieta, Microbiota e hospedeiro (dente) → Trinca de Keyes (questão de prova) Tríade de Keyes. Três círculos sobrepostos indicam que a concentricidade nos fatores no hospedeiro, microbiota e substrato é necessária para a atividade da cárie. Tendências Gerais → crescimento com aumento de espessura 4 → favorecido nos MOs anaeróbios → bastones G- aumento próximo ao dente → significativo número de bactérias irreversíveis (mortas) O biofilme se desenvolve em superfícies onde possa amadurecer e permanecer por longos períodos. Se o biofilme não é removido e as bactérias têm acesso a substrato que induz a produção de ácido, a doença cárie se estabelece. →Fatores que atuam no nível da superfície dentária (círculo interno) – determinantes biológicos ou proximais; →Fatores que atuam no nível do indivíduo/população (círculo externo) – determinantes distais. O biofilme dental é o fator biológico indispensável para a formação da lesão de cárie. As lesões de cárie só ocorrem em áreas nas quais o biofilme encontra-se estagnado. Entretanto, que, embora a presença de biofilme seja considerada um fator causal necessário para o desenvolvimento da lesão de cárie, ela não é um fator causal suficiente para que esse tipo de lesão ocorra. Como dito anteriormente, o tipo de nutrientes (determinado pela dieta do indivíduo) a que as bactérias do biofilme estão expostas pode resultar em flutuações de pH que irão determinar ou não a formação da lesão de cárie. Na presença frequente de carboidratos fermentáveis e consequente produção de ácidos, observa-se uma adaptação microbiana que leva à seleção de microrganismos acidogênicos. Ocorre, então, o rompimento da homeostase microbiana do biofilme, e a proliferação de microrganismos cariogênicos resulta no desequilíbrio do balanço dos processos de des-remineralização. Dessa forma, há o predomínio de eventos de desmineralização com consequente perda mineral do dente (estágio de desmineralização). Uma vez que o ambiente acidúrico fica estabelecido, o número de microrganismos acidogênicos aumenta, promovendo o desenvolvimento da lesão (estágio acidúrico) 5 LESÕES DE CÁRIE Inicialmente, a superfície do esmalte mostra-se rugosa e opaca, e clinicamente é visível como uma mancha branca * formato de banana* (lesão de cárie não cavitada ativa). Esta lesão tem sido denominada de mancha branca devido aoseu aspecto clínico Se o processo de desmineralização persistir, a lesão de cárie progride, ocasionando a quebra da camada superficial da lesão com formação de uma cavidade (lesão de cárie com cavidade). A lesão com cavidade que está sofrendo perda mineral, ou seja, em processo de progressão, é denominada lesão cavitada ativa. Em um primeiro estágio, ela pode se limitar ao esmalte, apresentando aspecto rugoso e opaco (cavidade em esmalte) * cárie de esmalte quando na sondagem é possível ver a ponta da sonda OMS* Ou pode progredir atingindo a dentina, que se mostra amolecida, com aspecto úmido e geralmente de coloração amarelada (lesão cavitada em dentina) * NÃO É POSSÍVEL VER A PONTA DA SONDA OMS O mesmo processo de desequilíbrio entre os eventos de desremineralização que ocorrem na interface entre o biofilme e o esmalte/ dentina coronária pode também ocorrer na raiz do dente, na interface entre o biofilme e o cemento/dentina radicular, formando uma lesão de cárie radicular. Para que este tipo de lesão se desenvolva, é necessário que a raiz dentária esteja exposta ao ambiente bucal (retração gengival). é nessessário que esteja exposta porque a cárie é causada pelo acúmulo de placa *biofilme* As lesões que se estabelecem no esmalte/cemento/dentina hígidos são denominadas lesões de cárie primárias e as lesões de cárie que se desenvolvem adjacentes a restaurações são denominadas de cárie secundária. As lesões de cárie secundárias 6 são simplesmente lesões que se desenvolvem adjacentes às margens de restaurações. ATENÇÃO: a cárie secundária não é a mesma lesão da primária Uma vez que um adequado controle de biofilme seja estabelecido, ou o indivíduo modifique seus hábitos alimentares com a adoção de uma dieta com consumo moderado de carboidratos, o equilíbrio entre os processos de des-remineralização se restabelece, e a perda mineral é controlada. A progressão das lesões de cárie é paralisada e suas características clínicas são modificadas, assumindo características de inatividade. Lesões inativas (características) A lesão de cárie escurece quando está inativando, pois para de desmineralizar e começa a absorver pigmento. As lesões localizadas no esmalte, quando paralisadas, se caracterizam por apresentar superfície lisa e brilhante, podendo ter coloração escura ou branca (lesões inativas em esmalte não cavitadas, ou cavitadas inativas) As lesões radiculares paralisadas têm sua superfície mais endurecida e, frequentemente, apresentam consistência escurecida. 7 LEITURA DO ARTIGO: GENGIVITE EXPERIMENTAL Anotações: O objetivo da investigação foi tentar reproduzir gengivite em pacientes saudáveis, retirando TODOS os esforços direcionados a limpeza oral e estudar a sequência de mudança na flora microbiana. → 12 pacientes saudáveis → No início do experimento os participantes foram pontuados para sua condição periodontal (periograma) de acordo com o ISG índice de sangramento gengival 0= ausência de inflamação 1= inflamação leve 2= inflamação moderada: verifica-se moderada presença de vermelhidão, edema e hipertrofia 3 inflamação grave: vermelhidão acentuada, tendência ao sangramento espontâneo. ulceração → Indice de placa 1= pelicula aderida à margem gengival visivel com solução reveladora ou sonda 2= acúmulo moderado visto à olho nú 3- abundancia de placa, ultrapassa o terço cervical → para o exame: a gengiva e os dentes foram secos com ar (nao foi utilizado algodão para nao interferir nos tecidos moles) →Após o primeiro exame receberam instrução para não escovar os dentes e nenuma outra medida de higiene. RESULTADOS → Durante o período de não limpeza TODOS os pacientes tiveram placa acumulada em grandes quantidades: Aumento na média de 0,43 para 1,67 → 3 indivíduos desenvolveram gengivite em 10 dias → 9 levaram entre 15 e 21 dias ● 10 a 21 dias de acúmulo de placa bacteriana causam gengivite ● 7 a 10 dias para melhorar 8 DIAGNÓST ICO DA CÁRIE DENTÁRIA Quem recebe o diagnóstico é o paciente→ paciente cárie ativo, paciente cárie inativo, paciente livre de cárie( independente de quantas lesões houver) ex: o paciente possui 3 lesões inativas e 1 lesão ativa, esse paciente é cárie ativo CAMPO → Limpo: Escova de robson para face oclusal, fossas e fissuras, pasta profilática(abrasiva), taça de borracha para paredes lisas(vestibula e lingual), fio dental para faces proximais → SECO: seringa triplice e algodão → ILUMINADO: refletor e espelho clínico INSTRUMENTAL → Sonda OMS para o exame de cárie: se a bolinha na ponta da sonda entrar e prender é porque tem cavidade. A sonda OMS também serve para dizer a profundidade dessa cavidade se está em ESMALTE OU DENTINA. Em esmalte a esfera na ponta da sonda aparece, em dentina a esfera não aparece CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DAS LESÕES DE CÁRIEKKKKKKKKKKKKKKK Quando a perda mineral atinge um estágio em que a porosidade do esmalte pode ser observada, devido à diminuição da sua translucidez, os primeiros sinais clínicos da doença podem ser detectados →LESÕES SEM CAVIDADE: Para visualização e diferenciação de lesão sem cavidade ativa e inativa, deve-se executar a remoção profissional do biofilme dental (limpeza/profilaxia). É de fundamental importância que as superfícies dentárias estejam limpas, secas e sejam bem iluminadas LESÃO ATIVA SEM CAVIDADEllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllll → A inspeção visual ocorre com a reflexão da luz angulada, visualizando- se uma superfície fosca ou opaca; à inspeção tátil, ao passar a sonda exploradora, da parte hígida do dente para a parte com a lesão, é possível sentir a rugosidade da superfície da lesão. O aspecto branco opaco é resultado da diferença da refração da luz entre o esmalte sadio e o esmalte cariado. Após secagem com ar, a água que se encontra nas porosidades da lesão de cárie é substituída por ar, cujo, 9 índice de refração é menor do que o da água, tornando a lesões branca de esmalte mais visível LESÃO INATIVA SEM CAVIDADElllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllll Inspeção visual mostra uma superfície lisa e brilhante. Ao passar a sonda OMS, da parte hígida do dente para a parte com a lesão, não se observa rugosidade, uma vez que a superfície se encontra lisa.As lesões sem cavidade sofrem um processo de polimento superficial, no qual a camada mais externa da lesão, com prismas mais desorganizados, é removida. Esse processo confere as modificações clínicas que podem ser observadas na lesão inativa: superfície lisa e brilhante. É Fluorose ou cárie? A fluorose ( pode ter textura rugosa em criança, e lisa em adultos) origina-se da exposição do germe dentário, durante o seu processo de formação, a altas concentrações do flúor. A cárie origina-se do dos processos de desrremineralização causada pelas bacterias presentes no biofilme. Portanto, em caso de dúvida se uma mancha é cárie e fluorose, basta afastar a gengiva com a sonda OMS, se a mancha continuar para dentro da gengiva é fluorose se a mancha não continuar é cárie. → LESÕES COM CAVIDADE LESÃO ATIVA COM CAVIDADE EM DENTINAkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk Nas lesões ativas com cavidade em dentina, observa-se o tecido com coloração amarelada, amolecida, corácia e úmida. Ao redor da cavidade, em geral, o esmalte também apresenta características de lesão ativa. LESÃO INATIVA COM CAVIDADE EM DENTINAkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk Nas lesões inativas com cavidade em dentina, o tecido encontra-se endurecido, seco e escuro(preto/ marrom). 10 → Abordagem restauradora= anos atrás diagnóstico: tem cavidade de cárie→examinava cavidade de cárie tratamento→ restauração medidas preventivas→orientação de higiene e dieta *Esta abordagem restauradora gerava um CICLO RESTAURADOR REPETITIVO( falhas nas restaurações, novas restaurações, mas o paciente permanece com a DOENÇA, pois não mudou os habitos. Cárie dentária Tratamentokkkkkkkkkkkkkk Paciente livre de cárie é aquele paciente que nunca teve lesão (clínicamente visível) paciente pode ter tido processosde desmineralização (normal) ao longo da vida que não levaram a uma lesão. Paciente cárie inativo tem sinais da doença, porém a doença não está ativa no momento, este paciente passou por um processo de desmineralização que causou sinais clínicamente visiveis. Este paciente pode necessitar de algum tipo de intervenção. por exemplo: paciente possui uma lesão cavitada, essa cavidade mesmo que inativa pode estar comprometendo função ou estética do dente e tambem pode favorecer o acúmulo de placa no local pois a cavidade pode dificultar a higienização. Paciente cárie ativo, atividade da doença manifestada através de sinais da doença ( textura: rugosa/amolecida cor: esbranquiçada brilho: opaco) alto acúmulo de biofilme (lembrando que o paciente pode ter removido o biofilme previamente a consulta), por isso podemos verificar o indice de sangramento gengival do paciente (ISG), o isg nos mostra como estava o acúmulo de placa (biofilme bacteriano) nos últimos 10 dias. 11 (artigo: Terminology of dental caries and dental caries management: consensus report of a workshop organized by ORCA as cariology research group of IADR) Gerenciamento da cárie dentária ( cuidado, controle, tratamento): isso seriam ações que estariam interferindo na perda mineral em todos os estágios da doença cárie, iincluindo a intervenção operatória e intervenção não operatória. Tratamento Não Operatório: medidas não cirúrgicas que interferem no início de uma nova lesão e na taxa de progressão da lesão de cãrie. Os elementos chaves incluem uso de flúor, modificação da dieta e medidas de hgiene oral para controlar o acúmulo de biofilme (dentrifícios, fio dental, escova dental, enxaguantes bucais) ( parar a progressão da lesão) Operatório: Intervenção cirúrgica para realizar uma restauração a fim de controlar o acúmulo de biofilme, devolvendo forma e fnção ao dente ( essa modalidade era a modalidade prevalente na odontologia, era considerado a únicamaneira de tratamento para doença cárie) Quando intervir no processo de cárie dentária? 12 Controle não invasivo: controle de dieta, controle de biofilme e controle da mineralização(flúor) Controle micro-invasivo: selamento e infiltrantes. Irá mexer na estrutur dentária mas de uma forma muito sutíl. (condicionamento ácido para a aplicação do selante ou infiltrante, para aderir o material) Controle invasivo: (restaurador) perda de tecidos dentários(cariado ou afetado pela cárie) Diagnóstico clínico: Livre de cárie (acompanhamento). Cárie inativo (reparo das sequelas- reforço das orientações de higiente reforço uso do flúor caseiro). Cárie ativo reparo das sequelas, terapia flúor caseiro/ consultório- orientação de higiene, abordagem da dieta. No paciente cárie ativo sabemos que os atuais habitos não estão sendo suficientes para que a remineralização seja maior que a desmineralização *Cada paciente será classificado de forma individualizada Reparo Operatório das sequelas: Esse reparo é necessário quando o paciente não consegue remover (higienizar) o fator que está levando a progressão da doença (biofilme) As restaurações têm um papel no tratamento da cárie, porém não é o mais importante na contenção do processo Kidd e Fejerskov,2008 13 A cárie dentária é uma doença puramente infecciosa e pode ser controlada de forma invasiva/ restauradora removendo todo tecido desmineralizado e “contaminado” Esta afirmativa está errada, pois é impossível ter um paciente 100% livre de bacterias. Sabendo que as bacterias cariogênicas precisam de substratos ( açucares) justificativa 1. Uma falta de compreensão de que o processo de cárie e as lesões de cárie são separados, mas relacionados; (não é tratando a lesão que se resolve a doença) justificativa 2. O atendimento incorreto de que uma vez que a lesão se estabeleceu o dente foi ‘infectado’ a erradicação da microbiota era necessária; (no momento que o dente que tem uma lesão cavitada em esmalte ou em dentina, presisa-se entender que mesmo não removendo todo o tecido infectado, pode-se ter a inativação da doença, ainda que as bacterias estejam presentes justificativa 3. O conceito errôneo de que a progressão da lesão era inevitável; Oque faz com que a lesão progrida é todos os fatores envolvidos na proteção (dieta, higiene). Fator imprescindível para que a lesão seja paralisada é que o paciente tenha acesso a higiene da lesão. Toda lesão é passivel de paralisação desde que tenha acesso para fazer a higiene do local e remover ou desorganizar o biofilme, para que ocorra a remineralização. justificativa 4. O fato de que a maioria das lesões de cárie que os dentistas encontraram no passado eram realmente “cariadas”, ou seja, lesões dentinárias cavitadas; por causa desse pensamento muitas lesões que não precisavam de restauração (tratamento operatório) foram restauradas. Tratamento Operatório: Muitos estudos mostram que o tratamento operatório não resolve a doença cárie, está mais para uma solução temporária (2 anos, 6 meses, 5 anos …). A principal causa para as falhas nas restaurações é a cárie. 14 CICLO RESTAURADOR REPETITIVO muito frequênte! principalmente em paciente de baixa renda que não possuem acompanhamento profissional regularmente SEMPRE QUE TENHO UMA CAVIDADE PRECISO RESTAURAR? Não, irá depender da extensão da cavidade e localização (se está compromentendo função(dor), estética ou corre risco de fraturar) e principalmente se o paciente está conseguindo higienizar o local de maneira que consiga remover o biofilme ou desorganiza-lo Estudo de Bert G. Anderson: Remoção do esmalte desapoiado e da dentina necrótica com instrumentos manuais 40 pacientes hospitalizados: dificuldade de higienização, lesões cavitadas, que ele não conseguia restaurar devido às condições da época. Nesse sentido, Anderson fez a remoção do tecido mole com uma colher de dentina e abriu as lesões (quebrou as bordas das lesões) permitindo acesso à higiene. Resultados do estudo: inativação do processo carioso total ou parcial em todos os dentes; Diminuição ou desaparecimento da sensibilidade (obliteração dos tubulos dentinários) Indicações do tratamento operatório sensibilidade dolorosa comprometimento de função do complexo dentina-polpa; cavidade muito profunda que corre risco de atigir a polpa função mastigatória prejudicada; quando a perda de tecido foi tanta que o dente não tem mais contato com o antagonista resistência dentária afetada demanda estética do paciente inativação do processo de cárie não se mostra possível 15 Não Operatório controle da atividade de cárie Pautado nas abordagens de dieta, flúor e higiene oral. Controlar a doença através do controle do processo de atividade de cárie do paciente Desmineralização Sobre o dente tem uma placa bacteriana, para o interior do biofilme está entrando sacarose (substratos), esses carboidratos fermentaveis, faz com que o biofilme produza ácido. O ácido fica na interface dente- biofilme, faz com que o PH desse ambiente fique menor que 5,5 (subsaturação), ocasionando a quebra da hidroxiapatita (desmineralização do elemento dentário) os ions vão para placa e para a saliva. Quando esse processo não é paralizado ocorre a formação da lesão de cárie (mancha branca) menos porosa na superficie por conta do processo de remineralização na sub-superficie é mais porosa pois tem menor concentração de ions 16 microscopia de luz polarizada (lesão de mancha branca) 4 semanas 1 camada superficial ( aumento na porosidade do esmalte) 2 corpo da lesão (mais poroso que a camada superficial) 3 zona escura 4 zona translúcida Processo de Inativação Como acontece o processo de inativação? Além da remineralização outro fator influencia na regressão da lesão, como: abrasão (profilaxia com escova de robson e taça de borracha, pasta profilática, escovação do paciente) o tecido poroso desgasta. A inativação da lesão de mancha branca se dá pela remineralização parcial da lesão+ desgaste ( erosão, abrsão, atrito) da superficie mais porosa. Flúor No Tratamento da Cárie dentária O flúor diminui a velocidade da progressão→ retarda a perda mineral e acelera o ganho mineral Fluorterapia: Flúor profissional, indicado para paciente cárie ativos. Utilizados em consultório ( Gel de flúor 12.300ppm / verniz de flúor 22.600ppm) devido a alta concetntração de flúor. Flúor caseiro ( dentrifício fluoretado 1.100ppm/ Soluções de bochecho 225ppm/900ppm) indicado para qualque pessoa estando em área fluoretada ou não. O dentrifico fluoretado compensa a falta de flúor na água. Abordagem da Dieta: diminuição da disponibilidade de açucares livres 17 orientações de Higiene: escovação regular, higiene interdental, estratégia antimicrobianas (clorexidine) A orientação de higiene deve ser baseada na ficha clínica do paciente. Verificar os indices ISG e IPV e então fazer uma orientação individualizada de acordo com as necessidades do paciente → Só o tratamento não invasivo funciona? Sim, a estratégia de tratamento não invasiva requer habilidade, consome tempo e é digno de pagamento. O estudo: Results after 3years of non-operative occlusal caries treatment of erupting permanent first molars Mostrou que é possível manter a integridade da superficie oclusal sem a necessidade do uso de selantes antes da total erupção dental. Cuidado profissional individualizado para dentes em erupção tem um efeito a longo prazo E as lesões inativas? Paciente cárie inativo precisa de um monitoramento (acompanhamento)! Acid Susceptibility of arrested enamel Lesions: in situ study avaliou a microdureza do tecido esmalte. A conclusão desse estudo foi: lesões não cavitadas intativas não requerem cuidados adicionais, além daqueles normalmente despendidos às superficies hígidas A ativiade da lesão cariosa, a cavitação e a capacidade de limpeza determinam os limites da intervenção 18 → Precisamos entender os determinantes sociais (renda, escolaridade, moradia…) Prática Clínica Diagnóstico, tratamento e acompanhamento → Exames: IPV, ISG e exame clínico de Cárie dentária ( resultados) → Questionário de dieta ( frequência de consumo de carboidratos fermentaveis) → plano de tratamento: (individualizado) → Realizar tratamento e acompanhamento do paciente Qual foi o diagnóstico do meu paciente? Cárie ativo! Tem lesões cavitadas sem acesso à higiene? Sim. Conduta= Restauração Não. Conduta= Controle de biofilme profissional(profilaxia) e fluorterapia profissional Quais são as áreas com maior dificuldade de controle de biofilme? Orientar escovação e fio dental (baseado nos resultados do IPV e ISG) Os hábitos de dieta favorecem a perda mineral? Se necessário orientação (depende do questionário de dieta) 19 Epidemiologia da cárie dentária A epidemiologia é uma disciplina científica que estuda a distribuição e os determinantes dos problemas de saúde na população, procurando aplicar os resultados para o controle dos problemas de saúde. Assim, a epidemiologia procura descrever o quê, quem, onde, quando e por quê/como dos problemas e eventos de saúde, como a formação de lesões de cárie As cinco questões mais importantes abordadas pela epidemiologia. - Por que as doenças se desenvolvem em alguns indivíduos e em outros não? - Doenças não se desenvolvem ao acaso na população. ● CONCEITOS EM EPIDEMIOLOGIA - Epidemiologia: estudo sobre o povo – como doenças e condições se distribuem na população. - Objetivos da epidemiologia: identificar os subgrupos da população que têm maior risco de adoecer, para então direcionar esforços preventivos e modificar os fatores de risco, quando possíveis de serem modificados. - Pressupostos básicos: as doenças, condições de saúde e seus determinantes não se distrubem ao acaso na população. - Aplicabilidades da epidemiologia: Determinar a frequência e distribuição dos eventos relacionados ao processo saúde-doença; 20 Identificar a etiologia ou a causa de uma doença e os fatores de risco relevantes; Fornecer fundamentos para o desenvolvimento de políticas públicas no que diz respeito à prevenção de doenças e promoção da saúde. ● HISTÓRICO E CONTRIBUIÇÕES GERAIS DA EPIDEMIOLOGIA - Transmissão da cólera; - Desenvolvimento da vacina; - Febre puerperal e lavagem de mãos; - Transmissão da AIDS; - Fumo e câncer de pulmão; ● CONTRIBUIÇÕES DA EPIDEMIOLOGIA EM RELAÇÃO À CÁRIE: - Distribuição da doença na população; - Flúor e cárie dentária; - Nível socioeconômico e cárie; - Açúcar e cárie dentária; - Entendimento da cárie como doença ● TIPOS DE ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS: - Descritivo (descrições) ou Analítico (associações para uma relação) - Observacional ou Experimental Pontos importantes: - População 21 - População de referência - Amostra representativa Exemplo: população geral – adolescentes – amostra da população de referência. Se a população é menor ou igual a 250 pessoas, faz-se censo (avaliar todos). - Há diversos delineamentos → tipo de estudo depende do objetivo. - Questão de pesquisa = plano de estudo, sempre está sujeito a erros. MEDIDAS DE FREQUÊNCIA: - Prevalência: proporção de indivíduos na população que apresentam a doença em um determinado período de tempo e local. É uma medida transversal. Prevalência (em %): número de casos da doença no período/população avaliada. - Incidência: número de novos casos da doença que ocorreram em um período de tempo em uma população com risco de desenvolver a doença. È uma medida longitudinal (acompanhamento). Incidência (%): número de novos casos em determinado período/ população exposta ao risco no mesmo período (pop. Avaliada). contextualização da cárie - Cárie dentária usada para descrever os resultados (sinais e sintomas) de uma dissolução química da estrutura dentária causada.. - Implicações do novo paradigma de cárie dentária: processo dinâmico, de lenta progressão que ocorre ao longo do tempo; a formação e progressão da lesoa (reflexo da atividade do biofilme) pode ser tratada. 22 EPIDEMIOLOGIA DA CÁRIE DENTÁRIA - Doença expressiva e não é erradicável – problema de saúde pública - Desigualmente distribuída na população – despolarizada em alguns grupos - Tratamento restaurador é caro e deve ser feito com o objetivo de melhorar a qualidade de vida. Por que problema de saúde pública? - Impacto na qualidade de vida → dias perdidos na escola/trabalho, limitações físicas, limitações psicológicas, socialização. - Alto custo no mundo – Estado e indivíduos. - Cárie dentária foi considerada a 4ª doença crônica com maior custo para tratamento segundo a OMS – 2015. ● Polarização da doença: - A maioria dos indivíduos possuem um índice de cárie igual a O; - Alguns subgrupos da população apresentam níveis de elevados de cárie. Diminuiu-se o índice de cárie ao longo do tempo, mas não foi para todos grupos. Critérios de Detecção - LNCA, LNCI, LCA, LCI, LS – clínica de cariologia - Critérios de detecção: clareza, simplicidade, objetividade, validade, confiabilidade, aceitabilidade. Principais: - índice OMS: CPO-D, ceo-d; CPO-s, ceo-s; Indica apenas presença de cavidade! D= dente; S= superfície. Considera dentes restaurados, perdidos e cariados. Somar dentes com: código 1,2,3 e 4] - único índice que não exige profilaxia e secagem prévias 23 Índice de Nyvad: Presença ou não de cavidade, atividade de lesões. Índice ICDAS: presença ou não de cavidade. O mais usado após o índice OMS. - Pode superestimar lesões. - Inclusão de lesão não cavitada impacta as estimativas de prevalência e extensão da cárie dentária, principalmente quando se usa o ICDAS. DISTRIBUIÇÃO MUNDIAL DA CÁRIE DENTÁRIA - Estudo = prevalência de cárie dentária não tratada foi de 34,3 a 34% (1980 e 2015) – alta prevalência. Obs: acima de 10% é alta prevalência 24 No Brasil - CPO-D média em adultos (35-44 anos) – 16,75 – considera a experiência prévia de cárie. - Levantamento: SB Brasil – Pesquisa Nacional de Saúde Bucal - Panorama Nacional: crianças livres de cárie 5 e 12 anos: 46,6% e 43,5%. Determinantes populacionais - Paradigma biomédico: abordagem totalmente focada no paciente. - Abordagem de promoção de saúde: condições do paciente, ambiente em que está inserido. - Tríade de Keys: dieta, dentesuscetível, microrganismos. Precisa-se de tempo para esse desenvolvimento. - Modelos mais completos que incluem outras questões, como flúor, composição e fluxo da saliva, educação, comportamentos, classe social, renda, comportamento. - Modelo de determinantes sociais e saúde bucal. - Determinantes sociais: renda, escolaridade, aglomeração familiar, número de bens, capital social (rede de apoio), religiosidade, grau de felicidade, senso de coerência, renda do bairro, suporte social, ambiente escolar, ambiente de trabalho. PAPEL EPIDEMIOLÓGICO DA CÁRIE - a cárie dentária é considerada um problema de saúde pública indepdente do método de mensuração utilizado. - doença desigualmente distruibuida na população e polarizada em determinados grupos populacionais. - Grupos socioeconomicanete desfavorecidos apresentam maiores níveis de doença. - Informações epidemiológicas podem auxiliar na tomada de decisões em estratégias de controle e prevenção 25