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Hobbes, Thomas. “Leviatã, ou, matéria, forma e poder de um estado eclesiástico e civil”. São Paulo, Martin Claret, 2009. Coleção A obra-prima de cada autor. Série ouro
	Contexto histórico da época.
“Leviatã” é a mais importante obra de Thomas Hobbes. Neste livro Hobbes apresenta sua teoria a respeito da origem contratual do Estado. Seu livro exerceu influencia direto em pensadores como Rousseau, Kant, Diderot e D’Alembert, além de servir de base ideológica para a revolução francesa. Segundo Hobbes, a primeira lei natural do homem é a da autopreservação, que o induz a impor-se sobre os demais – “guerra de todos contra todos.”
Parte I- Do Homem
Das virtudes comumente chamadas intelectuais e de suas falhas opostas. (p.58)
“Essas virtudes podem ser naturais e adquiridas. A virtude que o homem tem desde o nascimento não é natural, porque o que possui são sensações. Por isso, os homens diferem pouco um dos outros, e dos animais.” (p.58).
“O orgulho conduz o homem a ira, e seu excesso, à loucura, chamada de raiva ou fúria.” (p.62).
“Loucura nada mais é que a mostra de uma excessiva paixão, que se dá para perceber pelo efeito do vinho, muito semelhante ao mal-estar dos órgãos. A maneira como os homens agem depois de ter consumido muito vinho é a mesma dos loucos; alguns enraivecidos, outros amando, outros rindo, mas todos de modo extravagante, de acordo com suas paixões dominantes.” (p.63).
Do poder, do valor, da dignidade, da honra e da excelência. (p.70)
“O poder de um homem, universalmente considerando, consiste nos meios de que dispõe para alcançar, no futuro, algum bem evidente, que pode ser tanto original (natural) como instrumental.” (p.70).
“Poder natural é a eminência das faculdades do corpo ou da mente, tais como: força, aparência, prudência, habilidade, eloquência, liberalidade e nobreza extraordinárias.” (p.70).
“Instrumentais são os poderes adquiridos por meio dessas faculdades ou pela sorte, e servem como meios ou instrumentos para alcançar reputação, riquezas, amigos e os secretos desígnios de Deus, a que os homens chamam boa sorte.” (p.70).
“A manifestação do valor que nos atribuímos mutuamente é o que em geral conhecemos por honra e desonra.” (p.71).
“A estima pública de um homem, que é o valor que lhe é conferido pelo Estado, é o que denominamos ordinariamente de dignidade.” (p.71).
“Elogiar alguém por uma ajuda de qualquer espécie significa honra, pois expressa a opinião de que essa pessoa possui um poder capaz de colaborar; quanto mais difícil for essa colaboração, mais alto será a honra.” (p.71-72). 
“A excelência é algo diferente da estima ou do valor de um homem, como também de seu mérito ou da falta dele; consiste num poder especial ou capacidade pela qual alguém se sobressai. Essa habilidade é conhecida usualmente como aptidão.” (p.77).
Da diferença de modos. (p.77)
“Aos modos [...] qualidade que a humanidade precisa ter para poder conviver pacifica e harmoniosamente. Nesse sentido, lembramos que a felicidade desta vida consiste na serenidade de uma mente satisfeita.” (p.77).
“A ignorância das causas e da original constituição do direito, da equidade, da lei e da justiça predispõe os homens a converter costumes e exemplos em normas de ação, de tal forma a considerar injusto aquilo que, por costume, é castigado, e justo aquilo cuja impunidade e aprovação pode servir como exemplo, ou precedente (como dizem, de uma maneira barbara, os juristas que usam somente essa falsa medida de justiça).” (p.81).
“São como crianças, que não tem outra noção do que é bom ou mau, a não ser as medidas corretas que lhes são impostas pelos pais e mestres, com a diferença de que as crianças são fies a normas, enquanto os homens não o são, pois a medida que se tornam adultos, fortes e teimosos, apelam aos costumes para terem razão.” (p.81).
“Por causa disso, a origem da doutrina do justo e do injusto é objeto de constante disputa, tanto pela pena quanto pela espada.” (p.81).
Da condição natural do gênero humano no que concerne a sua felicidade e a sua desgraça. (p.93)
“A natureza criou os homens tão iguais nas faculdades do corpo e do espirito que, se um homem, às vezes, é visivelmente mais forte de corpo ou mais sagaz que outro, quando considerados em conjunto a diferença entre um homem e outro não é tão relevante que possa fazer um deles reclamar para si um benefício qualquer a que o outro não possa aspirar tanto quanto ele.” (p.93).
“Dessa igualdade de capacidade entre nós resulta a igualdade de esperança quanto ao nosso fim. Essa é a causa pela qual os homens, quando desejam a mesma coisa e não podem desfrutá-la por igual, tornam-se inimigos e, no caminho que conduz ao fim (que é, principalmente, sua sobrevivência e, algumas vezes, apenas seu prazer), tratam de eliminar ou subjugar uns aos outros.” (p.94).
“Em vista dessa situação de desconfiança mútua, não há nenhuma forma de proteger a si mesmo tão razoável quanto a antecipação, isto é, dominar mediante a força ou a astucia a tantos homens quanto for possível, por tempo suficiente para que nenhum outro poder o ameace.” (p.94).
“Existem na natureza humana três causas principais de disputa: competição, desconfiança e glória.” (p.95).
Da primeira e da segunda leis naturais, e dos contratos. (p.97)
“O direito natural, a que muitos autores comumente chamam de jus naturale, é a liberdade que cada homem tem de utilizar seu poder como bem lhe aprouver, para preservar sua própria natureza, isto é, sua vida; consequentemente, é a liberdade de fazer tudo aquilo que, segundo seu julgamento e razão, é adequado para atingir esse fim.” (p.97).
“A lei natural (lex naturalis) é a norma ou regra geral estabelecida pela razão que proíbe o ser humano de agir de forma a destruir sua vida ou privar-se dos meios necessários a sua preservação .” (p.97-98).
“A primeira parte dessa regra encerra a lei fundamental da natureza, isto é, procurar a paz e segui-la. A segunda, a essência do direito natural, que é defendermos por todos os meios possíveis.” (p.98).
“Da lei fundamental da Natureza, que ordena aos homens que procurem a az, deriva esta segunda lei: o homem deve concordar com renúncia a seus direitos sobre todas as coisas, contentando-se com a mesma liberdade que permite aos demais, na medida em que considerar tal decisão necessária à manutenção da paz e de sua própria defesa.” (p.98).
“Contrato é a palavra com que os homens designam a transferência mútua de direitos.” (p.100).
“Um dos contratantes pode, por sua vez, entregar o que foi contratado e esperar que o outro cumpra a sua parte num determinado momento posterior, confiando em sua palavra. Neste caso o contrato se chama pacto ou convenção. As duas partes podem contratar no presente aquilo que será cumprido no futuro; nesse caso, em vista da confiança naquele que deverá cumprir sua parte, sua atitude é chamada de observância da promessa ou fé; a falta de cumprimento (se voluntária) é a chamada violação da fé.” (p.100).
De outras leis naturais. (p.106)
“Da lei natural que nos obriga a transferir a outros os direitos que, conservados, impediriam a paz da humanidade, deriva uma terceira lei: que os homens cumpram os pactos que celebrarem. Se essa lei não vigorasse, os pactos seriam vãos, não passando de palavras vazias, uma vez que o direito de todos os homens a todas as coisas continuaria a vigorar, prevaleceria a condição de guerra.” (p.106).
“Sempre que de qualquer dos lados houver receio de não cumprimento, os pactos de confiança mútua ficam invalidados.” (p.106).
“Quanto à hipótese de conquistar a soberania pela revolta, é evidente que tal tentativa, mesmo quando coroada de êxito, contraria a razão. Por um lado, porque não é razoável esperar êxito dela; por outro, porque, ao agir assim, ensinamos os outros a conquistar a soberania da mesma maneira, o que também não é razoável. Então, a justiça, isto é, o cumprimento dos pactos, é uma regra da razão que nos proíbe fazer tudo quanto arruína nossa vida, logo, é uma lei natural.” (p.109).
“A complacência é a quinta lei natural, e significa: cada qual deve se esforçarpara conviver com os outros. Para entender essa lei, é necessário considerar que, na disposição inata dos homens a viver em sociedade, há uma certa diversidade de natureza , derivada da diversidade de seus afetos.” (p.112).
“A sexta lei natural refere-se ao perdão: como garantia do tempo futuro, devem ser perdoados aqueles que nos ofenderam no passado, mas, arrependidos, desejam nosso perdão.” (p.112).
“A sétima lei natural diz: que nas vinganças (ou seja, ao pagar o mal com o mal), os homens não deem importância à grandeza do mal passado, mas a grandeza do bem futuro.” (p.112).
“Os homens costumam, impropriamente, dar o nome de leis a esses ditames da razão; eles são apenas conclusões ou teoremas relativos ao que conduz à conservação e defesa dos seres humanos, enquanto a lei, propriamente dita, é a palavra de quem, por direito, tem o poder de mando sobre os demais.” (p.117).
Parte II- Do Estado
Das causas, da geração e da definição de um Estado. (p.123)
“As leis naturais são contrárias as nossas paixões naturais, que nos inclinam para a parcialidade, o orgulho, a vingança e coisas semelhantes, se não houver o temor de algum poder que nos obrigue a respeitá-las. Sem a espada, os pactos não passam de palavras sem força, que não dão a mínima segurança a ninguém.” (p.123).
“Conferir toda a força e o poder a um homem, ou a uma assembleia de homens, que possa reduzir as diversas vontades, por pluralidade de votos, a uma vontade só, é o único caminho para instituir um poder comum, capaz de defender a todos das invasões estrangeiras e das injúrias que uns possam fazer aos outros, garantindo-lhes assim segurança suficiente.” (p.126). 
“O poder soberano pode ser adquirido de duas formas. Uma, pela força natural, como quando um homem obriga seus próprios filhos a se submeterem e a submeterem seus próprios filhos a sua autoridade, sendo capaz de destruí-los em casa de recusa; ou, ainda, como quando um homem poupa, durante a guerra, a vida de seus inimigos, desde que se sujeitem a sua vontade. (p.127).
Dos direitos dos soberanos por instituição. (p.127)
“Um Estado é considerado instituído quando uma multidão de homens concorda e pactua que a um gomem qualquer ou a uma qualquer assembleia de homens seja atribuído, pela maioria, o direito de representar a pessoa de todos eles.” (p.127).
“Em primeiro lugar, posto que pactuam, devemos entender que esses homens não estão obrigados por um pacto anterior a respeitar nada que contradiga o presente.” (p.127).
“Em segundo lugar, nenhum súdito pode libertar-se da sujeição, sob qualquer pretexto de infração, pois, dado que o direito de representar a pessoa de todos é conferido àquele que se torna soberano.” (p.128).
“Em terceiro lugar, até mesmo os que tiverem discordado devem aceitar o soberano escolhido pelo voto da maioria.” (p.129).
“Em quarto lugar, nada que o soberano faz pode ser considerado injúria por qualquer súdito, e nenhum deles pode acusá-lo de injustiça.” (p.130).
“Em quinto lugar, e em consequência do que foi dito, nenhum homem que detém o poder soberano pode ser condenado à morte, nem punido de qualquer outra forma por seus súditos.” (p.130).
“Esses direitos, incomunicáveis e inseparáveis, se constituem na essência da soberania.” (p.132).
Das diversas espécies de governo por instituição e da sucessão do poder soberano. (p.135)
“A diferença entre os governos consiste na diferença do soberano ou pessoa que representa os indivíduos de uma multidão.” (p.135).
“Existe a monarquia quando o governo tem como representante um só homem; a democracia ou o governo popular, se a representação é feita por uma assembleia de todos os que se uniram; e a aristocracia, nos casos em que a assembleia é constituída por apenas uma parte dos homens.” (p.135).
“O governo recebe outros nome, como tirania e oligarquia, que constam nos livros de historia e politica, mas esses não são nomes de outras formas de governo, mas das mesmas formas, quando desagradam.” (p.135).
“Quando a decisão da sucessão não estiver nas mãos do próprio soberano, a forma de governo não será perfeita, pois se pertencer a qualquer outro homem, ou a qualquer assembleia particular, recairá num súdito e poderá ser retomada pelo soberano a seu bel-prazer e, por conseguinte, o direito pertencerá a ele próprio.” (p.141).
 “Se o direito não pertence a nenhuma pessoa em especial, e estiver na dependência de uma nova escolha, então o Estado encontrar-se-á dissolvido e o direito pertencerá a quem dele puder apoderar-se, contrariando a intenção dos que instituíram o Estado, pretendendo segurança perpétua e não apenas temporária.” (p.141).
Da liberdade dos súditos. (p.151)
“Um homem livre é aquele que não é impedido de fazer as coisas que tem vontade e que as faz graças a sua força e engenho” (p.152).
“Geralmente, todos os atos praticados pelos homens no Estado, por temor à lei, são ações que seus autores têm a liberdade de omitir.” (p.152).
“Se notarmos que não existe no mundo inteiro qualquer Estado que tenha estabelecido regras suficientes para regular todas as ações e palavras dos homens ( o que seria impossível), concluiremos, necessariamente, que em todos os tipos de ações não previstas pelas leis os homens têm a liberdade de fazer o que for sugerido por sua razão e que estiver de acordo com o seu interesse.” (p.153).
Dos sistemas subordinados, políticos e privados. (p.161)
“Entendemos por sistema qualquer numero de homens ligados pelo interesse comum ou por um mesmo negócio. Alguns sistemas são regulares; outros, irregulares. Regulares são aqueles nos quais é instituído um homem ou uma assembleia como representante de todo o conjunto. Os demais são irregulares.” (p.161).
“Dos sistemas subordinados, alguns são políticos e outros, privados. Os políticos (também chamado de corpo politico ou pessoa jurídica) são os criados pelo poder soberano do Estado; os privados são os sistemas constituídos pelo próprio súdito ou pela autoridade de um estrangeiro. Porque nenhuma autoridade derivada de um poder estrangeiro, dentro de um domínio de um outro, é publica, mas, sim, privada.” (p.161).
“Dos sistemas privados, alguns são legítimos, e outros, ilegítimos. Entendemos como legítimos aqueles que são permitidos pelo Estado. Todos os demais são ilegítimos.” (p.161).
Dos ministros públicos do poder soberano. (p.172)
“Ministro publico é aquele a quem o soberano (monarca ou assembleia) encarrega de alguma missão, com autoridade para representar, no desempenho dessa missão, a pessoa do Estado.” (p.172).
“Entre os ministros públicos, alguns têm a seu cargo a administração geral, seja de todo o domínio, seja de parte dele.” (p.172).
“Outros ministros públicos têm uma administração especial, ou seja, estão encarregados de alguma função especial, seja no país, seja no exterior.” (p.173).
“No país, em primeiro lugar, para a economia do Estado, são ministros públicos os que possuem autoridade correlata ao tesouro, como a de instituir tributos, impostos, rendas, multas ou quaisquer receitas públicas, bem como para receber, recolher, publicar ou tomar as respectivas contas.” (p.173).
“Ministros públicos, no exterior, são aqueles que representam a pessoa de seu soberano perante os Estados estrangeiros, como os embaixadores, mensageiros, agentes e arautos, enviados com autorização pública e em missão política.” (p.175).
Da nutrição e procriação de um Estado. (p.176)
“A nutrição de um Estado consiste na abundancia e na distribuição dos materiais imprescindíveis à vida, em seus armazenamentos e preparação e, depois de embalados, em sua entrega, por meio de canais adequados, para o uso do público.” (p.176).
“Deus pôs, generosamente, ao nosso alcance, à superfície da terra ou perto dela, a matéria dessa nutrição, que consiste em animais, vegetais e minerais, de forma que não é preciso mais que trabalho e esforço para colhê-los.” (p.176).
“Na distribuição, a primeira lei se refere à divisão de terras. Com ela, o soberano atribui a todos os homens uma porção, de acordo com o que ele, e não um súdito qualquer ou um certo numero deles, considerarcompatível com a equidade do bem comum.” (p.177).
“A procriação, ou os filhos de um Estado, são os assentamentos ou colônias, que são grupos de pessoas enviadas pelo Estado, sob comando de um chefe ou governador, para povoar um país estrangeiro que esteja despovoado ou cuja população foi exterminada pela guerra” (p.181).
Do conselho. (p.181)
“Conselho é quando alguém diz faze isto ou não faças isto e as razões dessa maneira de dizer estão no benefício que fazer o que é aconselhado acarretará àquele que ouve o conselho.” (p.182).
“É evidente, portanto, que aquele que dá conselho pretende apenas (seja qual for sua intenção oculta) o benefício daquele a quem o dá.” (p.182).
“Um homem que realiza seus negócios com a ajuda de muitos e prudentes conselheiros, consultando a cada um separadamente sobre as coisas que cada um conhece, é igual àquele que escolhe parceiros competentes no jogo do tênis e os posiciona nos lugares certos. Será mais perfeito quem usar o próprio julgamento, não se apoiando em ninguém.” (p.187).
“Embora seja verdade que muitos olhos veem a mesma coisa de diversos pontos de vista, e estão inclinados a olhar para seus interesses pessoais pelo canto do olho, aquele que não quer falhar o alvo fecha um dos olhos, apesar de olhar em torno dele com ambos.” (p.187).
Das leis civis. (p.188)
“Leis civis são aquelas que os homens são obrigados a respeitar, não por serem membros deste ou daquele Estado em particular, mas por serem membros de um Estado.” (p.188).
“É preciso destacar que, evidentemente, a lei, de modo geral, não é um conselho, mas uma ordem. E também que não é uma lei dada por qualquer um a qualquer um, pois é dada por aquele que se dirige a alguém já anteriormente obrigado a obedecer-lhe.” (p.188).
“A lei civil é constituída, para todo súdito, pelas regras que o Estado lhe impõe, oralmente ou por escrito, ou por qualquer outro sinal suficiente de sua vontade, empregando tais regras para diferenciar o que é certo do que é errado, isto é, para identificar o que é contrario ou não é contrario à regra.” (p.188).
“Conhecido o legislador e publicado as leis, seja por escrito ou à luz da natureza, ainda ficará faltando uma circunstância absolutamente essencial para tornar tais leis obrigatórias. A natureza da lei não consiste na letra, mas na intenção ou significado, isto é, em sua autêntica interpretação (o sentido que o legislador elaborou). Portanto, a interpretação de todas as leis depende da autoridade soberana, e os intérpretes serão aqueles a que o soberano (única pessoa a quem o súdito deve obediência) vier a designar. Se assim não for, a sagacidade do intérprete pode fazer que a lei adquira um sentido contrario ao determinado pelo soberano, resultando em que o intérprete tome o lugar do legislador.” (p.195).
“Todas as leis, sejam elas escritas ou não, precisam ser interpretadas.” (p.195).
“O que faz um bom juiz ou um bom intérprete da lei é, primeiramente, uma correta compreensão da principal lei natural, chamada equidade, que não depende da leitura dos escritos de outros homens, mas apenas da sanidade da própria razão e da meditação natural de cada um.” (p.200).
“As leis podem, também, ser divididas em naturais e positivas. Naturais são as que têm sido eternamente leis; não são apenas chamadas naturais, mas, também, leis morais. Consistem nas virtudes morais, como a justiça, a equidade e todas as praticas espirituais que conduzem à paz e à caridade.” (p.201).
“As leis positivas são as que não existem desde a eternidade, mas se tornaram leis pela vontade daqueles que exerceram o poder soberano sobre os outros. Podem ser escritas ou dadas a conhecer aos homens por qualquer outro meio que responde à vontade de seu legislador.” (p.201).
“Lei fundamental é aquela que, se eliminada, destrói o Estado, que resulta daí totalmente dissolvido, tal como um edifício cujos alicerces se corroem.” (p.204).
Dos crimes, isenções e atenuantes. (p.205)
“Um pecado não consiste apenas na transgressão da lei. Ele é, também, uma manifestação de desprezo pelo legislador, e esse desprezo é a violação de todas as leis a um só tempo.” (p.205).
“Um crime ou delito é um pecado que consiste em cometer (por um ato ou por palavras) tudo quanto é proibido por lei, ou em omitir o que é ordenado por ela, assim, todo crime é um pecado, mas nem todo pecado é um crime.” (p.205).
“Quem pratica, voluntariamente, um ato, aceita todas as suas consequências. A punição é, pois, uma consequência da violação da lei, em qualquer Estado. Todos se submeterão a tal punição se esta já estiver sido determinada pela lei; se assim não for, a punição será arbitrária.” (p.207).
“O medo é a única paixão que impede o homem de violar as leis.” (p.210).
Das penas e das recompensas. (p.218)
“Pena é um dano infligido pela autoridade pública àquele que fez ou omitiu aquilo que, pela mesma autoridade, é julgado transgressão da lei, com a finalidade de que a vontade dos homens fique, desse modo, mais inclinada à obediência.” (p.218).
“Da definição de pena deduzimos, primeiramente, que nem as vinganças pessoais nem as injurias de particulares podem propriamente ser classificadas como punição, posto que não procedem autoridade publica.” (p.218).
“As pena humanas são aquelas infligidas por determinação dos homens, podendo ser corporais, pecuniárias consistentes em ignomínia, prisão, exilio ou, ainda, uma mistura de todas estas.” (p.220).
“As penas aplicadas a súditos inocentes, sejam elas grandes ou pequenas, contrariam a lei natural, uma vez que uma pena só deve ser aplicada quando há transgressão da lei.” (p.222).
“Entretanto, não constitui nenhum desrespeito à lei natural infligir qualquer dano a um inocente que não seja súdito, se for para beneficio do Estado, e isso se dá sem violação de nenhum pacto anterior. Assim, é legítimo fazer guerra contra os inimigos que possam vir a causar dano ao Estado.” (p.223). 
Das coisas que enfraquecem um Estado ou levam a sua dissolução. (p.225)
“Pela natureza de sua instituição, os Estados estão destinados a viver tanto tempo quanto o gênero humano ou a lei natural, ou, ainda, tanto quanto a própria justiça, que lhes dá vida. Assim, quando são dissolvidos, não pela violência externa, mas por desordem intestina, a falta não está nos homens, como matéria, mas nos homens enquanto modeladores e organizadores do Estado.” (p.225).
“Uma das causas mais frequentes da rebelião contra a monarquia e a leitura de livros sobre politica e historia de autoria de antigos escritores gregos e romanos. Os jovens, e todos aqueles que não possuem o antidoto de uma solida razão, recebem, por meio de sua leitura, uma forte e agradável impressão das grandes façanhas de guerras praticadas pelos condutores dos exércitos. [...] Com base no exemplo extraído de tais leituras, os homens decidiram matar seus reis, pois os autores gregos e latinos, em seus livros e discursos de politica, consideravam legítimo e louvável fazê-lo, desde que antes de matá-lo o considerassem tirano.” (p.229).
“A popularidade de um súdito poderoso (a menos que o Estado tenha uma firma garantia de sua fidelidade) também representa uma doença perigos, pois o povo(que deveria receber o estímulo motor da autoridade do soberano), pela adulação e pelo respeito à reputação de um homem ambicioso, é desviado de sua obediência às leis, seguindo a alguém cujas virtudes e desígnios desconhece.” (p.232-233).

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