Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

07/11/22, 11:59 História da arte contemporânea
https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/EDU_HISACO_20/unidade_1/ebook/index.html?redirect=1 1/17
HISTÓRIA	DA	ARTE	CONTEMPORÂNEA
UNIDADE 1 – PANORAMA DA HISTO� RIA DA
ARTE E SUA TRANSIÇA� O
Autoria: Márcia Merlo - Revisão técnica: Leandro da Conceição Cardoso
07/11/22, 11:59 História da arte contemporânea
https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/EDU_HISACO_20/unidade_1/ebook/index.html?redirect=1 2/17
Introdução
Caro(a) estudante, nesta unidade, abordaremos a arte no perı́odo de transição do moderno para o
contemporâneo. O que mudou na concepção de arte? Como a arte promoveu novos modos de olhar e pensar a
cultura e a sociedade? E, sobretudo, como passou a expressar visões de determinados grupos em sua
atualidade? Para responder essas perguntas, traçaremos uma breve discussão conceitual acerca da arte e de
como a história trata a transição da arte moderna para a contemporânea, levantando aspectos primordiais para
a compreensão das in�luências e desdobramentos dessas mudanças no pensar e no fazer arte do �inal do
século XIX até o �inal do século XX.
Desse modo, nossa primeira abordagem se con�igura na conceituação e na apresentação de um panorama da
transição da arte: do moderno ao contemporâneo, perpassando transformações sofridas na própria visão das
artes e dos artistas, assim como em suas proposições artı́sticas, delineadas por vanguardistas e seus
contemporâneos. Para tanto, voltaremos nossa atenção também ao ser moderno e à modernidade para
reconhecermos alguns elementos que foram determinantes para a compreensão das mudanças no campo da
arte.
O conteúdo que você acessará a seguir está permeado por uma visão plural e dialógica na abordagem das
linguagens da arte contemporânea.
Vamos começar?
Bons estudos!
1.1 Tempo de transições: arte moderna e arte
contemporânea
Ao abordarmos a temática da transição, apresenta-se de antemão as mudanças nos conceitos	de	arte, do
fazer	 artístico e da própria noção de ser	 artista nesse processo. Cabe à história	 da	 arte (leia-se
historiador) apresentar dados históricos coerentes, apoiados em teorias válidas, que abarquem seu tempo,
tratando de modo universalista ou considerando especi�icidades culturais e sociais. Com isso, buscamos ir
além de traçar uma linha do tempo da história da arte e da história dos notáveis, promovendo também uma
re�lexão	 sobre	 a	 arte, pensando-a de forma ampla, baseada em uma pluralidade	 metodológica. Ao
dialogarmos com outras áreas do saber, como �iloso�ia, antropologia, sociologia, comunicação e educação,
alargarmos consideravelmente os conceitos e ampli�icamos as análises e interpretações cientı́�icas e
literárias. Conforme explicita Gombrich (1999), é preciso entender o tempo e compreender os enlaces e
desenlaces das relações humanas, principalmente quando se trata de uma área que mexe com subjetividades
tanto do “criador” quanto do “observador”. A modernidade	e a contemporaneidade inauguram um tempo
de negociação	das	identidades.
Maria Lucia Bueno (2010, p. 28) a�irma que “[...] elementos como re�lexividade, desterritorialização, latentes
e, ainda, velados, na cultura europeia do século XIX, tornaram-se dominantes e acentuados no contexto
globalizado da década de 1980”. Isso aponta para a compreensão de um tempo de transformações, repleto de
ambiguidades, crises de identidade, quebra de fronteiras e uma desterritorialização que indicava a
necessidade de uma reterritorialização.
07/11/22, 11:59 História da arte contemporânea
https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/EDU_HISACO_20/unidade_1/ebook/index.html?redirect=1 3/17
A re�lexividade aqui é colocada a partir do proposto por Giddens, Beck e Lash no livro Modernização
Re�lexiva. “A re�lexividade representa assim uma possibilidade de reinvenção da modernidade e de suas
formas industriais. Por meio da radicalização da modernidade, abrem-se caminhos para uma nova
modernidade. O que a modernização re�lexiva traz é a ideia que muitas modernidades são possı́veis, em
oposição à ideia fatalista de que só existe uma forma de modernidade: a da sociedade industrial. [...] Acentua a
ideia de que vivemos em um mundo cada vez mais re�lexivo, que estimula a crı́tica ativa e autoconfrontação.
A modernidade re�lexiva envolveria um processo de individualização e de destradicionalização em que a
tradição muda seu status e é constantemente contestada.” 
O território, como lugar e espaço, sempre foi um forte elemento na constituição de uma identidade e, portanto,
seu questionamento trouxe à tona a ideia de algo que se quebrou no imaginário social e sobre qual território
pairava a arte. Ao falarmos do lugar da arte e das identidades artı́sticas, reacende-se a questão sobre o lugar do
artista em uma sociedade industrial, liberal e consumista que se urbanizava e internacionalizava cada vez
mais, mostrando-se ávida por inovação. E� desse lugar que nasceu a arte	moderna,	com o intuito de inovar,
criar, questionar e reinterpretar a estética tradicionalmente aceita e reproduzida pelas correntes artı́sticas
anteriores, no �inal do século XIX e inı́cio do século XX.
A partir dessa crı́tica e rompimento com a tradição academicista da arte e com o conservadorismo de padrões
e estilos, os artistas, junto aos colecionadores de arte, começaram a criar um novo mercado de arte moderna,
assim como o germe de um campo artı́stico mais autônomo.
Iniciava-se um tempo de valorização da autenticidade, unicidade, originalidade e inovação	nas	artes e,
com isso, despontava-se a �igura do gênio criador por meio da obra que rompia com o antigo, o anterior,
destacando-se o binômio ruptura-inovação e a autonomia do artista.
O que parece ter emplacado como uma forte diferença entre os modernos e os contemporâneos foi a
a�irmação de Marchel	Duchamp de que qualquer coisa pode ser objeto de arte, qualquer um pode ser artista
e de que não há uma maneira correta de se relacionar com a obra de arte (FREIRE, 2005).
Marchel Duchamp (1887-1968) �icou conhecido por sua arte e, sobretudo, por ter se tornado um dos maiores
representantes do dadaı́smo. Considerado emblemático por suas provocações e estilo inusitado. Provoca com
elementos cotidianos e faz pensar. Mais do que contemplar a arte, era preciso pensá-la ou senti-la, mesmo que
para isso fosse preciso incomodar.
Em Argan e Fagiolo (1994, p. 17), ainda se encontra a explicação de tal a�irmação e também se apresenta uma
metodologia de interpretar o dado histórico e pensar a arte:
Os problemas para os quais cada obra de arte é a solução encontrada ou proposta são problemas
tipicamente artı́sticos; mas porque a arte é uma componente constitutiva do sistema cultural,
existe decerto uma relação entre os problemas artı́sticos e a problemática geral da época. O
historiador não deve, pois, tentar entender como aquela problemática geral se desdobra na obra
do artista e nela constitui o tema ou o conteúdo, mas como aquela problemática envolve o
problema especı́�ico da arte e se apresenta ao artista como problema artı́stico.
Outra questão a respeito da obra de arte, que se coloca diante do historiador, é o fato desta possuir um valor
histórico, além do estético sobre o qual a �iloso�ia se debruçou mais atentamente. E, conforme Argan e Fagiolo
(1994, p.17), o objeto de arte tem valor histórico porque tem valor artı́stico. Isso porque a arte “[...] é uma
componente constitutiva do sistema cultural, existe decerto uma relação entre os problemas artı́sticos e a
problemática geral da época”. Assim, é possı́vel compreender o pensamento de Duchamp e, também, entender
as ações dos pós-modernos e contemporâneos. Não era mais possı́vel somente admirar uma obra de arte e
reconhecer um valor estético, ou constituir um juı́zo de gosto por meio de uma ideia do belo, era preciso criar
uma nova arte e outras maneiras de concebê-la. A ideiado belo dá lugar à teoria da arte, ou seja, é preciso
pensar a arte. Porém, o que é o moderno, o ser moderno e o pós-moderno, focando a arte sob a perspectiva da
contemporaneidade? E� isso que abordaremos a seguir.
07/11/22, 11:59 História da arte contemporânea
https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/EDU_HISACO_20/unidade_1/ebook/index.html?redirect=1 4/17
1.1.1 Ser moderno e a modernidade
Se por um lado a vida moderna está permeada do fugidio, do efêmero, do fragmentário – do passageiro, são
nas passagens e paisagens desse “tempo” que encontraremos o novo; por isso é próprio da modernidade negar
o passado, ou melhor, negar qualquer ordem social pré-moderna. Por outro lado, encontra-se na história mais
atual a transitoriedade das coisas e o sentido do que se preserva e do que se quer esquecido; e, assim se
transforma o que se entendia por continuidade histórica, o que signi�ica a�irmar que a modernidade envolve
uma implacável ruptura com condições históricas precedentes, sobretudo com certa linearidade, porém, não
sejamos ingênuos: ainda que a modernidade se caracterize como um processo de rupturas, ao fragmentar a
realidade ou aspectos dela em sua análise, o historiador (ou qualquer outro sujeito do conhecimento)
interpreta a partir de sua seleção e intencionalidades. Nesse sentido, Giddens (1997, p. 130) nos esclarece que
o transitório ou a inde�inição dessa sociedade é produto de um meio “[...] em que os elos sociais têm
efetivamente que ser feitos e não herdados do passado”.
Por isso, o movimento de sair do presente vivido e voltar na história até meados do século XIX, na Europa, nos
fará compreender um pouco mais os alicerces que consolidaram a modernidade no mundo de hoje, assim
como os elementos que constituı́ram movimentos artı́sticos que reverberam na contemporaneidade.
(http://www.periodicos.ufc.br/revcienso/issue/view/67)No tópico a seguir, abordaremos pontos sobre arte
moderna e contemporânea, abarcando pensamentos, movimentos artı́sticos e alguns nomes que marcaram
esses perı́odos históricos.
VOCÊ QUER LER?
O artigo “Do moderno ao contemporâneo: uma perspectiva sociológica da
modernidade nas artes plásticas” (BUENO, 2010) apresenta uma discussão conceitual
sintetizada sobre a arte na modernidade e contemporaneidade. Vale muito a leitura!
1.2 Arte moderna
A arte moderna está intimamente ligada com a experiência urbana. Um cenário propı́cio para tal a�irmação é a
França do século XIX, sobre a qual encontramos elementos na obra de Charles	 Baudelaire, entre outros
poetas e pintores do moderno e da modernidade. Para Baudelaire (1996), o anonimato em meio à multidão, o
http://www.periodicos.ufc.br/revcienso/issue/view/67
07/11/22, 11:59 História da arte contemporânea
https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/EDU_HISACO_20/unidade_1/ebook/index.html?redirect=1 5/17
fugidio e o contingente formavam a cena moderna e instigante para a arte da vida urbana em seu cotidiano.
Incluindo o desejo do anonimato, assim como o de inserção na vida moderna, por meio de costumes e da
moda. Aqui se encontra o fugaz, as novas experiências estéticas e um olhar sobre as artes periféricas.
Outro ponto a ser pensado entre o ser moderno e a modernidade, inevitavelmente, é a questão da aceleração
do tempo, da velocidade, da fugacidade e da efemeridade em uma sociedade que se aproximava, em todos os
sentidos, aos moldes do que movia a industrialização e a busca por hegemonia do capitalismo individualista
moderno.
As artes e a arquitetura começavam a delinear e estruturar a vida moderna. O berço dessas transformações no
âmbito artı́stico e arquitetônico foi, sem dúvida, a capital francesa. Mas por que a França? Para responder
essa questão, basta lembrarmos da modernização de Paris, efetuada pelo projeto de urbanização de
Haussmann, entre os anos 1853 e 1870, traduzindo as aspirações	 burguesas de uma sociedade
industrializada, com um ideário	 liberal e buscando hegemonia não só nos negócios, mas na própria
estetização	da	vida	moderna.
Na capital francesa, centro da vida cultural do século XIX, o colapso da tradição acadêmica
comprometeu a dinâmica das artes. [...] Paralelamente, a maior parte da produção dos emergentes
não encontrou um canal de circulação. A resistência dos núcleos tradicionais hegemônicos, a
segmentação da produção e a ausência de parâmetros impossibilitaram a conversão da arte dos
independentes em uma nova tradição artı́stica. (BUENO, 2010, p. 28)
A arte passava também pelo crivo da valorização do que se considerava novo e racionalmente pensado e
executado. O rompimento com o clássico, com o passado, traz à arte a crı́tica aos temas impostos pelas
academias e fez artistas se voltarem aos temas do cotidiano, pintando pessoas comuns, o povo, a natureza,
entre outros. Lembrando que a arte desse perı́odo retratava a sociedade, já os meios tecnológicos, promovidos
pela industrialização, impulsionavam mudanças na criação artı́stica.
Voltando nosso olhar aos impressionistas (para os quadros de Manet, por exemplo), percebe-se a exploração
dos recursos da tela plana, em uma encenação da vida noturna, boêmia, com situações cotidianas e rostos
desconhecidos. Ou seja, começava-se a esboçar a pintura da vida moderna na Paris até então à margem. Entre
os artistas com estilo impressionista, mas que ainda seguiam algumas métricas mais tradicionais da arte,
aparecem os seguintes nomes: Camille Pissarro (1831-1903), Edgar Degas (1834-1917), Paul Cézanne (1839-
1906), Claude Monet (1840-1926), Pierre-Auguste Renoir (1841-1919).
07/11/22, 11:59 História da arte contemporânea
https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/EDU_HISACO_20/unidade_1/ebook/index.html?redirect=1 6/17
#PraCegoVer: a imagem traz uma pintura do artista Manet, representando um baile de máscaras em uma
antiga casa de ópera. Há diversos homens e mulheres em trajes de gala, formando pares de dança.
Além de novos temas da vida cotidiana e de situações inusitadas, pouco comuns para os retratos de até então,
intensi�ica-se o gosto pelas pinturas ao ar livre; contrastes de cor; pinceladas nem sempre tão sutis; traços e
contornos nem tão realistas (como se fossem uma fotogra�ia) e impressões pessoais do artista que passam a
compor novos cenários e novas técnicas aplicadas a essa arte de transição, mais autônoma. Entretanto, cabe
aqui uma ressalva que aponta para os grupos de artistas modernos e o despontar de um grupo em especial que
iniciava, de forma visionária, uma arte que romperia mais tarde até com os parâmetros modernistas. Segundo
Bueno (2010, p. 28):
Um mérito dos artistas modernos foi terem se empenhado na reconstrução dos sentidos de arte e
de humanidade, pautados por essa nova condição, terminando por rede�inir inteiramente os
conceitos de arte e de artista. Cézanne, Gauguin, Van Gogh e Toulouse Lautrec estiveram mais
próximos de artistas como Pollock, Oiticica e Warhol, do que de muitos de seus companheiros de
século, como Ingres, Courbet e Delacroix. O que diferenciava ambos os grupos era o fato de o
segundo grupo ter exercido sua arte sempre dentro da tradição, enquanto o primeiro a
desenvolveu com base em outros parâmetros, sem o respaldo de um modelo estético que
viabilizasse suas obras.
O foco começava a se alterar de uma arte mais academicista, que seguia modelos e parâmetros a gosto dos
salões de uma burguesia desejosa e de uma elite de colecionadores	de	artes, que ostentava a predominância
do saber e de uma reconhecida posição polı́tica de destaque e que podia comprar arte, dando a ela o status de
mercadoria, para uma arte mais liberta de determinados padrões e mais direcionada à soberania do olhar do
artista. Ou seja, delineava-se uma mudança para uma arte de autoria e mais conceitual.
Figura 1 - Baile de Máscaras na O� pera, de Manet, 1873.
Fonte: Everett Collection, Shutterstock, 2020.
07/11/22, 11:59 Históriada arte contemporânea
https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/EDU_HISACO_20/unidade_1/ebook/index.html?redirect=1 7/17
De qualquer modo, nunca se foge ou se consegue esquivar totalmente do seu tempo, de determinados padrões
ou métricas. Houve uma mudança mais signi�icativa em relação a quem fazia a arte e o reconhecimento dela.
Os modernos conseguiram romper com certos aspectos da arte academicista, sobretudo ao colocar novos
temas e personagens da vida cotidiana e urbana em suas telas, poesias, esculturas e pensamentos. Era
preciso	pensar	a	arte,	mais	do	que	simplesmente	imitar	os	clássicos	ou	a	vida	idílica	de	um	passado
que não existia mais. Novos atores entram em cena, tanto para fazer arte quanto para comercializá-la.
Enquanto alguns artistas pintavam e contavam sobre a vida boêmia ou a vida no campo, debruçando-se sobre
o antes e o agora, houve quem fez arte usando o momento presente para projetar o futuro. E� interessante
considerar que a arte seria impactada com o advento de novas tecnologias, com a velocidade das
transformações na sociedade industrial-moderna. Nas artes isso aparece como um impulso à negação do que
impedia o avanço da sociedade urbano-industrial, com ideias conservadoras que negavam mudanças.
Um aspecto a se considerar na modernidade era sua promessa de felicidade e prosperidade, mas nem tudo se
concretizou. Com o estouro da Primeira Guerra Mundial, a Depressão Econômica dos anos 1920 e, mais
adiante, da Segunda Guerra Mundial, o pensamento crı́tico social também chegou às artes. O que veio depois
foi, em grande parte, a crı́tica ao que não se cumpriu da promessa moderna.
Além da crı́tica social, estabelecia-se de fato um diálogo crı́tico dentro da própria arte com o impressionismo,
o que fez surgir inovações no campo, inicialmente na França, com o fauvismo
(http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3786/fauvismo) de André Derain (1880-1954) e Henri Matisse
(1869-1954); e, na Alemanha, com o expressionismo
(http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3784/expressionismo) de Ernst Ludwig Kirchner (1880-1938),
Emil Nolde (1867-1956) e Ernst Barlach (1870-1938).
VOCÊ SABIA?
Na primeira década do século XX, um movimento propôs um rompimento explıćito
com tudo que signi�icava atraso no desenvolvimento das artes. Trata-se do
Manifesto	 Futurista, escrito pelo poeta italiano Filippo Tommaso Marinetti e
publicado no jornal francês	Le	Figaro, em 20 de fevereiro de 1909. O manifesto
marcou a fundação do futurismo e é considerado um dos primeiros movimentos
da arte moderna, pois os 11 princıṕios contidos nele explicitam o rompimento
com o passado e como o homem, a máquina e a velocidade, juntos, representavam
o dinamismo dos novos tempos. Por isso, o futurismo foi o manifesto da vida
urbana, da industrialização, da tecnologia, da máquina e da corrida para o futuro.
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3786/fauvismo
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3784/expressionismo
07/11/22, 11:59 História da arte contemporânea
https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/EDU_HISACO_20/unidade_1/ebook/index.html?redirect=1 8/17
#PraCegoVer:	 no salão de exposições exibido na fotogra�ia é possı́vel visualizar alguns quadros, com
destaque para as obras de Matisse, que trazem pinturas de corpos nus, em poses estáticas e de dança em roda,
com fundo de natureza simples, pintado em azul e verde.
Dentro de um perı́odo de mudanças, con�litos mundiais, questionamentos sociais, posicionamentos polı́ticos
e a�irmação de identidades, a arte não deixou de criar seu contexto dentro dessa modernidade, rompendo
padrões, questionando tradições e a própria realidade vivida. Podemos considerar que o pós-impressionismo
impulsionou a arte moderna e deu vazão às rupturas vanguardistas na arte.
A seguir, vamos entender mais acerca do trabalho de alguns artistas considerados vanguardistas.
Figura 2 - Salão com pinturas impressionistas, com destaque para a arte fauvista de Henri Matisse.
Fonte: Anna Pakutina, Shutterstock, 2020.
1.3 Vanguardas artísticas: rupturas e inovações modernas
O surgimento das vanguardas artı́sticas na Europa, nas primeiras décadas do século XX, foi resultado da
critica ao momento anterior da modernidade e também do que se con�igurava à frente do seu tempo: o perı́odo
entre guerras.
No Brasil, a arte moderna ou modernista, como �icou conhecida, teve a Semana	de	Arte	Moderna, ocorrida
em 1922, como marco inicial e simbólico. Seus integrantes criaram uma arte com forte apelo identitário. Era
preciso construir uma arte com uma cara própria e vanguardista, porém qual era a cara dessa arte? Segundo
Paz (1995, p. 17 apud BUENO, 2010, p. 30), as vanguardas:
[...] não estavam unidas por uma estética comum, mas por uma vontade inovadora que rompia
violentamente com o passado. Esta atitude, ainda que herdada do grande movimento romântico e
das escolas que o sucederam, se apresentou como uma verdadeira revolução artı́stica e espiritual.
Ruptura absoluta e começo absoluto.
Essa passagem de Paz demonstra a ruptura com a tradição, a arte acadêmica, o mercado estimulado pelas
vanguardas modernas ou modernistas, não estabelecendo uma direção à arte, um modelo a ser seguido,
conforme já mencionado anteriormente. Mas, por outro lado, o mesmo autor nos lembra que modernidade
07/11/22, 11:59 História da arte contemporânea
https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/EDU_HISACO_20/unidade_1/ebook/index.html?redirect=1 9/17
não é sinônimo de vanguarda. Podemos considerar que também não é sinônimo de unanimidade, pois é	 a
ambiguidade	que	impera	e	a	movimenta.
Ao mesmo tempo em que surgiram pensadores e artistas que romperam com o passado e a tradição, levantou-
se a bandeira da memória, do que deve ser re�letido sobre o passado, e da análise crı́tica e histórica do que se
quer lembrar e do que não se quer dizer, da seletividade da informação e das ideologias contidas nas
interpretações. Nesse sentido, destacam-se nomes interessantes, como Marcel Proust, Henri Bergson, James
Joyce, Maurice Halbwachs, Walter Benjamin, entre outros. Temos aqui uma questão bastante profunda. Trata-
se da busca de um lugar no mundo. Dada as grandes mudanças e a busca de se criar algo que represente essas
novas gerações em tempos modernos, a negação do passado faz gritar a necessidade de uma nova
identi�icação nesse lugar. Isso aconteceu em várias instâncias, inclusive nas artes. Conforme Bueno (2010, p.
31):
A modernidade não é um atributo nem uma escolha. Trata-se de uma condição societária, uma
contingência histórica com a qual os homens são forçados a se deparar. Uma de suas
caracterı́sticas, até a primeira metade do século XX, é o fato de que os movimentos de ruptura
vanguardistas, lutando pela destituição das formas tradicionais de gestão, foram seguidos por
tentativas sucessivas de retorno à ordem, como esforços para restabelecer as formas tradicionais
de gestão. Entre os exemplos mais representativos, mencionamos o Nazismo e o Fascismo do
perı́odo entre guerras na Europa. No âmbito das artes, apontamos as diferentes modalidades de
estéticas regressivas que despontaram no bojo desses processos, como o Realismo Socialista.
Há entre os historiadores e crı́ticos de arte o questionamento sobre o uso do termo “vanguarda”, como o
mais apropriado ou o que melhor representa as expressões artı́sticas da primeira metade do século XX. Mas é
consenso o uso do termo no sentido de avant-garde,	de estar na frente, à dianteira de um movimento. Assim,
as vanguardas	artísticas e seus feitos na arte e na arquitetura, no perı́odo supracitado, consolidaram-se e os
artistas deixaram um legado histórico. Entre as mais conhecidas, elencam-se as apresentadas a seguir.
Processos de transformação das vanguardas na Europa e manifestação de uma visão artı́stica que
rompia com o estabelecido. In�luências das mudanças do pensamento cientı́�ico e tecnológicono
inı́cio do século XX, tanto do ponto de vista do uso da tecnologia como meio de exacerbar a
velocidade e a modernidade, quanto pela criação de novas técnicas, padrões e representações
artı́sticas que colocavam por terra tudo o que se havia experimentado anteriormente. Ainda
encontraremos aqui a utilização da arte para posicionamentos polı́ticos, como se deu por alguns
construtivistas sociais. 
Exacerbação das subjetividades, do dentro para fora, do feio em contraposição ao que se
considerava belo, por exemplo, assim como o uso dos estudos do inconsciente na produção
artı́stica das vanguardas. Entre as outras expressões vanguardistas, esses movimentos provocaram,
de forma implacável, mudanças na concepção de arte e se aproximaram do inı́cio da arte
contemporânea.
•
•
Cubismo,	abstracionismo,	construtivismo,	futurismo	
Expressionismo,	dadaísmo	e	surrealismo	
07/11/22, 11:59 História da arte contemporânea
https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/EDU_HISACO_20/unidade_1/ebook/index.html?redirect=1 10/17
Assim, ao abordar a arte moderna, englobamos imprescindivelmente as vanguardas europeias do inı́cio do
século XX, por meio dos movimentos cubista, construtivista, surrealista, dadaı́sta, entre outros. 
Além dos artistas europeus, o vanguardismo rompeu fronteiras e fez história no continente americano, com
nomes como: Arshile Gorky (1904-1948) e Jackson Pollock (1912-1956), nos EUA, abrindo passagem para a
arte contemporânea.
VOCÊ O CONHECE?
Pablo Picasso foi um dos artistas mais polêmicos e in�luentes da história da arte do
século XX. Seu nome de registro é bastante peculiar e sua história de vida se confunde
com a da arte. Possui uma das obras mais notáveis e impactantes da Espanha,
intitulada Guernica (retrato da destruição da cidade de Guernica durante a Guerra
Civil Espanhola, em 1936). Seu trabalho inspirou �ilmes, documentários e diversas
exposições. Vale à pena investigar mais sobre a vida desse homem que mudou a arte
de seu tempo e fez história. Sua obra é atemporal e marcou vanguardas artıśticas que
questionaram a imitação da vida e criaram uma arte inovadora.
(http://www.periodicos.ufc.br/revcienso/issue/view/67)
http://www.periodicos.ufc.br/revcienso/issue/view/67
07/11/22, 11:59 História da arte contemporânea
https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/EDU_HISACO_20/unidade_1/ebook/index.html?redirect=1 11/17
#PraCegoVer: a fotogra�ia exibe um salão de museu com uma das obras de Pollock ao fundo (um grande
quadro com pintura abstrata, com as cores branca e preta em destaque) e diversos visitantes a observando
atentamente.
A obra	 de	 Pollock apresenta a técnica	 do	 gotejamento, bastante explorada pelo artista, em que este
derramava tinta lı́quida sobre a tela, criando composições abstratas com linhas emaranhadas e padrões
imprevisı́veis. Isso o levou a ser reconhecido como um dos criadores do expressionismo	abstrato e uma
referência para uma geração de artistas.
Além da implementação de novas técnicas artı́sticas, a arte abstrata provocava o seguinte questionamento:
isso	é	arte? O que queria se expressar no momento era uma nova teoria sobre a arte e um novo fazer. Não se
queria mais pintar objetos e cenas da realidade, mas, sim, constituir a pintura como obra, sem a necessidade
de estampar algo especı́�ico.
A arte abstrata fez história pela utilização de maior liberdade artı́stica, em uma contraposição declarada à arte
acadêmica ou historicista, criando um estilo único para cada artista. O rigor técnico, com uso de cores fortes,
traços, formas geométricas e/ou variadas, foi criando um colorido especial e um grupo de notáveis artistas
engrossou esse movimento, que teve seu ponto alto no trabalho dos americanos Mark Rothko e Pollock, nos
anos 1950, em Nova Iorque. Esses artistas queriam provocar emoções com suas obras.
Nas décadas de 1960 e 1970, perı́odo que passou a ser conhecido como pós-moderno, também é possı́vel
identi�icar incursões na arte e na cultura em geral. A crı́tica à cultura de guerra e à sociedade consumista
tomou os corações e as mentes, inaugurando uma nova fase da história da arte: a de transição do moderno
para o contemporâneo. Da pop	art para uma arte conceitual, seguida da op	art - explorada pela ótica do artista
e do receptor -, aprofundaram-se as contradições da atualidade e, assim, a arte em geral foi atualizada. Dito
isso, a in�luência	pop	na	contemporaneidade; os limites entre a arte e a vida; as artes em diálogo com o
receptor marcaram de�initivamente a cena artı́stica de nossos tempos.
Figura 3 - Pintura abstracionista de Pollock, no Museu de Arte Moderna, em Nova Iorque.
Fonte: Dmitro2009, Shutterstock, 2020.
1.4 Arte contemporânea
07/11/22, 11:59 História da arte contemporânea
https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/EDU_HISACO_20/unidade_1/ebook/index.html?redirect=1 12/17
Qual é o nosso tempo, então? E� o mesmo tempo da arte? O tempo presente é o atual, o moderno, porém a arte
de hoje não pode ser chamada de moderna, porque se distingue do que se considera arte moderna e por isso
passou a ser denominada contemporânea. Mas o que é crucial pensar nesse sentido é o exposto por Canton
(2009, p. 49):
Diferentemente da tradição do novo, que engendrou experiências que tomaram corpo a partir do
século XX com as vanguardas, a arte contemporânea que surge na continuidade da era moderna se
materializa a partir de uma negociação constante entre arte e vida, vida e arte. Nesse campo de
forças, artistas contemporâneos buscam um sentido, mas o que �inca seus valores e potencializa a
arte contemporânea são as inter-relações entre as diferentes áreas do conhecimento humano.
Cauquelin (2005, p. 26-27) a�irma que nos apropriamos do termo moderno “[...] para quali�icar certa forma de
arte que conquista seu lugar (ao mesmo tempo que adota o nome) por volta de 1860 e se prolonga até a
intervenção do que chamamos de arte contemporânea”.
Estudos acerca da arte contemporânea, e mesmo historiadores e crı́ticos de arte, acabaram estabelecendo, de
forma geral, o inı́cio do contemporâneo	na	arte a partir da pop	art e do minimalismo, nas décadas de 1960
e 1970. Tais movimentos evidenciaram um rompimento	com	o	que	se	pautava	como	moderno	na	arte. A
partir desse momento, o próprio conceito de arte se alargou consideravelmente. Olhar para a arte como antes
já não fazia o mesmo sentido, muito menos a pensar da mesma forma.
Um aspecto importante a ser considerado nessa transição da arte moderna para a contemporânea é a
comunicação	direta	 com	o	 público. Esta passa a ser estabelecida por intermédio de signos	 e	 símbolos
extraídos	da	própria	cultura	de	massa e do cotidiano, especialmente das HQs (histórias em quadrinhos),
da publicidade, de imagens televisivas e ou cinematográ�icas, na aproximação entre arte e vida. Ou seja, adota-
se, assim, outra con�iguração	artística	que	passa	a	se	bene�iciar	de	imagens	comuns,	de	elementos	de
uma	 sociedade	de	 consumo	exacerbado	 e	do	que	 é	descartável – o efêmero, o supér�luo e o exagero.
Entre imagens midiáticas de celebridades ou comuns da vida cotidiana, usando novas tecnologias para criar
novas representações artı́sticas, temos como exemplo o artista Andy	Warhol com a imagem de Marilyn
Monroe, a lata de molho Campbell, entre outros elementos emblemáticos ou não, que em suas mãos e
criatividade irônica se transformaram em objeto	de	arte, alterando o status do próprio objeto por meio do
que é popular ou vernacular. A inversão passa a ser um mote (um meio ou um �im) nessa expressão artı́stica.
07/11/22, 11:59 História da arte contemporânea
https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/EDU_HISACO_20/unidade_1/ebook/index.html?redirect=1 13/17
Uma arte	 provocativa, crı́tica, por vezes ácida, ao contexto social e polı́tico, vai abrindo espaço para
trabalhos abertos a novas técnicas, materiais e experimentações.
VOCÊ QUERVER?
Os bastidores da pop	art foram con�lituosos. O �ilme Jean-Michel	 Basquiat:	 a	 criança
radiante, da diretora Tamra Davis (2010), conta a história do artista plástico que dá
tıt́ulo à produção. Ao assistir, você poderá compreender a cena artıśtica da época,
quando o artista conheceu Andy Warhol, algo que contribuiu para que se tornasse
conhecido e mostrasse sua genialidade. Não deixe de conferir!
Figura 4 - Uma aula no MOMA em frente ao autorretrato de Andy Warhol.
Fonte: Eric Broder Van Dyke, Shutterstock, 2020.
07/11/22, 11:59 História da arte contemporânea
https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/EDU_HISACO_20/unidade_1/ebook/index.html?redirect=1 14/17
#PraCegoVer:	 a fotogra�ia apresenta um salão de museu onde, em segundo plano, há dois grandes
autorretratos de Warhol expostos, com uma professora a frente destes. Em primeiro plano, aparecem algumas
pessoas acompanhando a explicação da professora.
Há um hibridismo nessas formas e proposições, assim como há imbricação entre dentro e fora, corpo e arte,
tempo e espaço, ideias e ações que se misturam e, por vezes, amalgamam-se, como pode ser percebido nos
trabalhos de body	art de Eva	Hesse. O próprio corpo do artista passa a ser o meio de expressão de suas obras
por meio de happenings e performances, rompendo certas barreiras existentes entre a arte e a não arte, já
tão explorada na pop	art e no minimalismo dos anos 1950 e 1960, na contracultura. Cria-se e recria-se, assim,
uma arte	 experimental,	 autoral,	 conceitual e, portanto, carregada de sentidos, signi�icados e
ressigni�icados. Arte conceitual como o resultado de uma ideia “[...] premeditada e planejada que ditou os
materiais e a forma do trabalho” (GOMPERTZ, 2013, p. 411).
1.5 Isso é arte?
A cena contemporânea explicita as diferenças em todos os âmbitos da vida social e cultural. A
internacionalização está dada. Os objetos da cultura também se globalizaram. As novas mı́dias e a tecnologia
abriram outras possibilidades para as expressões artı́sticas hı́bridas, plurais, diversas e dı́spares. A arte ou o
artista, melhor dizendo, utiliza-se de novos materiais e novas tecnologias. A	bricolagem	é	algo	substancial
nessa	nova	expressão	artística.
Em suma, a arte contemporânea estabelece o diálogo com o vivido, com o cotidiano, com a tecnologia, com o
midiático e o vigente na cultura atual, de forma plural, mas não se prende só a isso. Nesse diálogo entre obra,
criador e sociedade, se transmite a mensagem com o que se quer passar, com o que se pode (ou deseja) sentir
ou reproduzir, mas também com o que se quer extrapolar e/ou incomodar – é também uma arte
“intervencionista” ou “interacionista” dos lugares públicos e da quebra de paradigmas da arte vista como
erudita. Essas novas	linguagens	artísticas	contemporâneas	expressam	o	criativo, seja ele crı́tico ou não,
porque na	 brincadeira	 e	 na	 sátira também há expressão, como, por exemplo, o kitsch que passa sua
mensagem questionando valores da época moderna, da sociedade industrial, por meio do exagero e do
artifı́cio sincrético que compõem o objeto em uma sociedade consumista por excelência - nem tudo o que
brilha é ouro. Mas também nem todos aceitam tais expressões como arte e novamente vem à tona o debate do
que é Arte	ou	arte? E, por isso, retoma-se a discussão da Teoria da Arte, assim como a rediscussão dos juı́zos
de belo, gosto e valor.
Uma coisa é certa, essa arte contemporânea trouxe o questionamento profundo da separação entre arte erudita
e arte popular. O que instaurou-se, desde os modernos até a atualidade, foi uma nova condição para o artista,
que buscava uma autonomia e novos	 protagonismos	 no	 fazer	 artístico. Ainda que certos formatos
permanecessem, o mercado da arte mudou e, com ele, o lidar com a obra. Esse foi um elemento relevante na
transição da arte academicista/historicista para a moderna e desta para a contemporânea.
Danto (2006) chama a atenção para a forma de se olhar para uma obra de arte e a�irma que a compreensão do
mundo da arte requer um conhecimento de sua história e também das teorias artı́sticas. Ou seja, para ele, onde
há um mundo da arte, existe arte. Este �ilósofo considera que você não precisa ser artista para pensar a arte,
mas precisa estar no mundo da arte para criá-la. O artista moderno e o contemporâneo se dedicam a
compreender as teorias e manejar as técnicas para criar seus objetos de arte e passar suas mensagens.
1.6 A arte dita o mercado ou o mercado dita a arte?
Por mais que tenha se mudado o suporte, seja do saber e saber-fazer artı́sticos ou da exposição de seus
resultados pela mensagem que o artista quer comunicar com sua obra, a arte tem um “preço”: é mercadoria na
sociedade de mercado. Para Cauquelin (2005, p. 79) o sistema de artes na atualidade explicita a visão que se
07/11/22, 11:59 História da arte contemporânea
https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/EDU_HISACO_20/unidade_1/ebook/index.html?redirect=1 15/17
tem de arte e pela qual ela é negociada, já que “[...] é ainda o contingente que prevalece sobre os conteúdos; é a
‘exposição’ que carrega a signi�icação: ‘isto é arte’, e não as obras. E� a rede que expõe sua própria mensagem:
eis o mundo da arte contemporânea”.
Diferentemente do �im das galerias	e	museus, proposto pelos modernistas, o mercado	da	arte	moderna	e
contemporânea �icou à mercê de novos negociantes, os colecionadores	 particulares, e depois
identi�icamos o movimento da compra das obras pelas galerias e museus privados, mas a �igura do
colecionador deu lugar a do curador	de	arte. Voltam-se antigos debates, como, por exemplo, qual é o suporte
da arte hoje? O museu ainda se mostra como lugar privilegiado da contemplação da arte e da seleção do que é
arte ou do que não é arte? Sim, o museu permanece o lugar que consagra a objeto de arte, mas na atualidade
criou outros nı́veis de interação com o artista e seu público. Assim, também passou a engendrar novos
conceitos de con�igurar o espaço da arte, tornando-o mais acessı́vel, porém mais espetacularizado.
Enquanto isso, a	rua	continua	sendo	uma	grande	tela	para	a	produção	artística	e, por vezes, enseja um
novo artista em uma das galerias das grandes cidades, quando não é a própria rua a galeria das performances
artı́sticas e/ou de novas esculturas e instalações de arte. A contemporaneidade instituiu novos lugares para a
exposição e comercialização da arte, criando novos atores que passaram a protagonizar esse grande e
complexo negócio chamado arte moderna, pós-moderna e contemporânea.
CASO
As discussões sobre o lugar da arte constituem um debate antigo, mas se recolocam
na contemporaneidade, especialmente quando os artistas modernos começaram a
questionar a antiga tradição da arte, de sua racionalidade acadêmica.
E� comum nos deparamos não só com novas linguagens artıśticas, mas também com
situações extraordinárias, como uma pandemia. Pensando nesse sentido, re�lita sobre
como ocorre a arte-educação em tempos em que há grandes mudanças em curso,
sejam polıt́icas, sociais ou de qualquer outra ordem.
E� importante observarmos e planejarmos o futuro. Ainda que este seja incerto,
podemos ter certeza de que a arte é um alento em qualquer circunstância.
Converse com seus colegas, amigos e familiares, pensando na educação do futuro.
Como a experiência EAD e a arte, com sua abrangência, podem contribuir para trazer
mensagens de esperança e projetos mais empáticos?
Conclusão
07/11/22, 11:59 História da arte contemporânea
https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/EDU_HISACO_20/unidade_1/ebook/index.html?redirect=1 16/17
Chegamos ao �im da primeira unidade de estudos da disciplina. Agora você sabe que a arte contemporânea
pode ser entendida, de modo geral, como detentora dos trabalhos inquietos, provocantes, efêmeros (porém
interativos), que romperam certos valores modernos de objetividade do material e de funcionalidadeda
forma. Assim, pode-se dizer que há uma profunda mudança na concepção da arte e do próprio fazer artı́stico
na atualidade. Tanto a obra de arte quanto a �igura do artista, como gênio criador, passam a ser questionadas e
novas linguagens artı́sticas surgem, como instalações, performances, ações, intervenções no cotidiano das
cidades e da vivência dos sujeitos, misturando, portanto, arte e vida.
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
perceber que a cronologia é somente uma ferramenta de estudo
da arte e da sociedade, mas os movimentos artísticos coexistem e
se sobrepõem a determinados períodos históricos;
compreender o papel histórico e social na constituição da arte,
sobretudo no período de transição da arte moderna para a
contemporânea;
entender elementos essenciais das vanguardas artísticas e como
determinados gêneros possuíam fortes vínculos com a realidade
artístico-cultural e social do período que os antecediam e como
foram determinantes para mudanças posteriores;
compreender que enquanto a arte moderna se voltou à crítica à
tradição academicista da arte que a antecedeu, a contemporânea
apostou na cultura de massas, no popular, nas experiências
individuais do artista e na interação da plateia com conceito e
obra;
identificar a complexidade das definições e conceitos de arte, pois
a arte se faz no seu tempo e espaço, é um forte elemento da
cultura, mas também ultrapassa os limites temporais e espaciais
de determinadas sociedades.
•
•
•
•
•
Bibliografia
ARGAN, G. C., FAGIOLO, M. Guia	de	História	da	Arte. Lisboa: Editorial Estampa, 1994.
BAUDELAIRE, C. Sobre	a	Modernidade. 4. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.
07/11/22, 11:59 História da arte contemporânea
https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/EDU_HISACO_20/unidade_1/ebook/index.html?redirect=1 17/17
BERMAN, M. Tudo	que	é	Sólido	Desmancha	no	Ar: a aventura da modernidade. São Paulo: Companhia das
Letras, 1998.
BUENO, M. L. Do moderno ao contemporâneo: uma perspectiva sociológica da modernidade nas artes
plásticas. Revista	 de	 Ciências	 Sociais, Fortaleza, v. 41, n. 1, 2010. p. 27-47. Disponı́vel em:
http://www.periodicos.ufc.br/revcienso/article/view/473
(http://www.periodicos.ufc.br/revcienso/article/view/473). Acesso em: 3 jun. 2020.
CANTON, K. Do	Moderno	ao	Contemporâneo. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009.
CAUQUELIN, A. Arte	Contemporânea: uma introdução. São Paulo: Martins, 2005.
DANTO, A. O mundo da arte. Revista	 Arte�iloso�ia, Ouro Preto, n. 1, jul. 2006. p. 13-25. Disponı́vel em:
https://periodicos.ufop.br:8082/pp/index.php/raf/article/view/791/746
(https://periodicos.ufop.br:8082/pp/index.php/raf/article/view/791/746). Acesso em: 3 jun. 2020.
FREIRE, C. Afasias na crı́tica de arte contemporânea. In: GONÇALVES, L. R; FABRIS, A. Os	Lugares	da	Crítica
da	Arte. São Paulo: Imprensa O�icial do Estado, 2005.
GIDDENS, A. A vida em uma sociedade pós-tradicional. In: GIDDENS, A.; BECK, U.; LASCH, S. (org.).
Modernização	Re�lexiva. São Paulo: Editora da UNESP, 1997.
GIDDENS, Anthony. “A vida em uma sociedade pós-tradicional”, IN: A. Giddens, U. Beck e S. Lasch (org.),
Modernização	re�lexiva, São Paulo: Editora da UNESP, 1997.
GOMBRICH, E. H. A	História	da	Arte. 16. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1999.
GOMPERTZ, W. Isso	é	Arte?	150 anos de arte moderna. Do impressionismo até hoje. Rio de Janeiro: Zahar,
2013. 
JEAN-MICHEL Basquiat. Direção: Tamra Davis. Produção: Stanley F. Buchthal; Tamra Davis; Jen Kaczor; Alexis
Spraic. EUA: Fortissimo Films. 1 DVD (88 min.)
http://www.periodicos.ufc.br/revcienso/article/view/473
https://periodicos.ufop.br:8082/pp/index.php/raf/article/view/791/746

Mais conteúdos dessa disciplina