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1 Vítima – Vitimização CRIMINOLOGIA www.grancursosonline.com.br Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online VÍTIMA – VITIMIZAÇÃO ASPECTO POLÍTICO-CRIMINAL – VÍTIMA E MEDO DO DELITO A vítima também desempenha um papel fundamental no problema político- -criminal, que é a análise do medo do delito. O medo nem sempre guarda relação com o risco concreto de a vítima sofrer um delito. No caso de estupro e abuso, por exemplo, os criminosos em geral são aqueles do contexto familiar ou fraternal, resultado, em grande parte, da falta de medo em relação a esses criminosos e do ambiente corriqueiro, em que, em geral, esse tipo de crime é cometido, portanto não há relação direta entre aspec- tos de medo e a ocorrência de crimes. No entanto, é comum a adoção de políticas criminais com base em estatís- ticas e monitoramento de medo da população. Um exemplo é a Lei de Crimes Hediondos, surgida em um contexto de vinculação aos chamados sequestros relâmpagos, no início da década de 90. VÍTIMA E POLÍTICA SOCIAL A vitimologia vem chamando a atenção sobre a necessidade de formular e experimentar programas de assistência, reparação (restitution), compensação (seguro) e tratamento das vítimas do delito. Essa visão surgiu para se contrapor ao garantismo de Luigi Ferrajoli, o qual chegou a ser denominado “garantismo monocular hiperbólico”, pois só se focava em quem cometia o crime, e não nas vítimas que sofriam as consequências da prá- tica delitiva. Em contraposição às ideias de Ferrajoli, há o garantismo integral e o conceito de justiça restaurativa. Um exemplo é a Lei Maria da Penha, que foi criada para garantir a vida e a integridade das vítimas de violência doméstica e familiar. • Garantismo, de Luigi Ferrajoli – O garantismo impõe um modelo que deve respeitar a estrita legalidade (o crime e a pena só podem ser estabeleci- dos através de lei stricto sensu), bem como onde o sistema penal deve ser AN O TAÇ Õ ES http://www.grancursosonline.com.br 2 Vítima – Vitimização CRIMINOLOGIA www.grancursosonline.com.br Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online utilizado de forma mínima, limitando-se a sua intervenção, pois assim se minimiza a violência e maximiza-se a liberdade, fazendo com que a função punitiva do Estado seja exercida em respeito aos direitos do cidadão Direto do concurso 1. (2014/VUNESP/PC-SP/FOTÓGRAFO TÉCNICO PERICIAL) Ao longo dos anos, verificou-se, por meio dos estudos da criminologia, que a vítima sem- pre foi deixada em um segundo plano; a contar do momento em que o Estado monopolizou a distribuição da justiça, a vítima foi esquecida. Como contra- ponto desses estudos, o Brasil elaborou algumas leis que priorizam a vítima, dentre elas, pode-se citar: a. a Lei n.º 11.923/09, que criou a figura do sequestro relâmpago (§ 3.º do art. 158 do CP). b. a Lei n.º 11.690/08, que vedou a utilização de provas ilícitas no processo penal (art. 157 do CPP). c. a Lei n.º 11.343/06, que instituiu o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas. d. a Lei n.º 9.503/97, que instituiu o Código de Trânsito Brasileiro. e. a Lei n.º 9.099/95, que instituiu os juizados especiais civis e criminais. Comentário A Lei n. 9.099/1995 é a lei que prioriza da vítima no processo criminológico, pois instaura a justiça restaurativa no ordenamento jurídico brasileiro. VITIMIZAÇÃO • Vitimização primária – são os efeitos decorrentes da prática de um crime (danos patrimoniais, psicológicos, sofridos pela vítima). O dano que a vítima experimenta não se esgota, entretanto, na lesão ou perigo de lesão do bem jurídico. AN O TA Ç Õ ES http://www.grancursosonline.com.br 3 Vítima – Vitimização CRIMINOLOGIA www.grancursosonline.com.br Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online • Vitimização secundária – a sociedade e o Estado estigmatizam a vítima, tratando-a como mero objeto, mesmo na apuração do crime, tornando-a também vítima do sistema legal. Decorre do tratamento sofrido pelo con- trole social formal – o processo penal causa um sofrimento a mais na vítima (quando a vítima tem que reviver o crime para prestar depoimento). Exem- plo: a vítima de estelionato é comumente vista, em geral, como um imbecil, sofrendo duplamente pelo crime ocorrido. • Vitimização terciária – estigmatização da vítima e abandono que certos delitos trazem às suas vítimas. É a falta de amparo da família, da socie- dade e dos órgãos públicos que vitimizam a vítima. Essa forma de vitimiza- ção faz surgir a cifra negra (trata-se dos crimes não investigados/apurados que não entram nas estatísticas por falta de denúncia das vítimas). Direto do concurso 2. (2015/VUNESP/PC-CE/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL DE 1.ª CLASSE) Quando a vítima, em decorrência do crime sofrido, não encontra amparo adequado por parte dos órgãos oficiais do Estado, durante o processo de registro e apuração do crime, como, por exemplo, o mau atendimento por um policial, levando a vítima a se sentir como um “objeto” do direito e não como sujeito de direitos, caracteriza a. vitimização estatal ou oficial. b. vitimização secundária. c. vitimização terciária. d. vitimização quaternária. e. vitimização primária. Comentário O caso relatado é caso de vitimização secundária. AN O TAÇ Õ ES http://www.grancursosonline.com.br 4 Vítima – Vitimização CRIMINOLOGIA www.grancursosonline.com.br AN O TA Ç Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online GABARITO 1. a 2. b �����Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula preparada e ministrada pelo professor Flávio Milhomem. http://www.grancursosonline.com.br