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ACESSE AQUI O SEU LIVRO NA VERSÃO DIGITAL! PROFESSOR ME. Rodrigo Vargas Bioquímica Humana https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/14040 FICHA CATALOGRÁFICA C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA. VARGAS, Rodrigo. Bioquímica Humana. Rodrigo Vargas. Maringá - PR: Unicesumar, 2021. 272 P. ISBN: 978-65-5615-872-3 “Graduação - EaD”. 1. Bioquímica 2. Humana 3. EaD. I. Título. CDD - 22 ed. 574.2 Impresso por: Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar Diretoria de Design Educacional NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 PRODUÇÃO DE MATERIAIS DIREÇÃO UNICESUMAR NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Cursos Híbridos Fabricio Ricardo Lazilha Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de Design Educacional Paula Renata dos Santos Ferreira Head de Graduação Marcia de Souza Head de Metodologias Ativas Thuinie Medeiros Vilela Daros Head de Tecnologia e Planejamento Educacional Tania C. Yoshie Fukushima Gerência de Planejamento e Design Educacional Jislaine Cristina da Silva Gerência de Tecnologia Educacional Marcio Alexandre Wecker Gerência de Produção Digital Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Edison Rodrigo Valim Supervisora de Produção Digital Daniele Correia Coordenador de Conteúdo Sidney Edson Mella Junior Designer Educacional Letícia Matheucci Zambrana Grou, Rossana Costa Giani Curadoria Katia de Freitas Salvato Revisão Textual Cindy Mayumi Okamoto Luca Editoração Matheus Silva de Souza Ilustração André Azevedo, Eduardo Aparecido Alves Realidade Aumentada Maicon Douglas Curriel, Eduardo Pereira Carvalho Fotos Shutterstock. Tudo isso para honrarmos a nossa missão, que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Reitor Wilson de Matos Silva A UniCesumar celebra mais de 30 anos de história avançando a cada dia. Agora, enquanto Universidade, ampliamos a nossa autonomia e trabalhamos diariamente para que nossa educação à distância continue como uma das melhores do Brasil. Atuamos sobre quatro pilares que consolidam a visão abrangente do que é o conhecimento para nós: o intelectual, o profissional, o emocional e o espiritual. A nossa missão é a de “Promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária”. Neste sentido, a UniCesumar tem um gênio importante para o cumprimento integral desta missão: o coletivo. São os nossos professores e equipe que produzem a cada dia uma inovação, uma transformação na forma de pensar e de aprender. É assim que fazemos juntos um novo conhecimento diariamente. São mais de 800 títulos de livros didáticos como este produzidos anualmente, com a distribuição de mais de 2 milhões de exemplares gratuitamente para nossos acadêmicos. Estamos presentes em mais de 700 polos EAD e cinco campi: Maringá, Curitiba, Londrina, Ponta Grossa e Corumbá, o que nos posiciona entre os 10 maiores grupos educacionais do país. Aprendemos e escrevemos juntos esta belíssima história da jornada do conhecimento. Mário Quintana diz que “Livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas”. Seja bem-vindo à oportunidade de fazer a sua mudança! Aqui você pode conhecer um pouco mais sobre mim, além das informações do meu currículo. ME. Rodrigo Vargas Olá, caro(a) aluno(a)! Sou o professor Rodrigo Vargas e vou te acom- panhar nesta jornada que te deixará maravilhado(a) pela bioquímica humana. Desde muito pequeno, sempre fui uma criança curiosa. Toda curiosidade vinha acompanhada de um porquê. Em casa, sempre gostei de ter animais de estimação, mas eram sem- pre cachorros. Não eram só eles que me interessavam: gostava de saber sobre baleias, golfinhos, elefantes, aves e até suricatos, que me fizeram chorar de felicidade durante a primeira vez que os vi pessoalmente. No colégio, descobri a química, disciplina que me completava, pois explicava os detalhes que sustentavam aquilo que os nossos olhos não conseguem visualizar. Pensei que seria um químico, engenheiro químico ou farmacêutico. Mas faltava algo. Assim, uma professora me mostrou as maravilhas da biologia, e não tive dúvidas. Iniciei a graduação em Ciências Biológicas, que me mostrou um mundo de possibilidades. Primeiro, pensei em ser geneticista, depois, zoologista. Também cogitei ser botânico. No entanto, no segundo ano, tive aulas de bioquímica e de fisiologia humana. Não restaram dúvidas sobre como seria redigida a minha história profissional. O tempo foi passando, mas poucas coisas mudaram. Continuo assistindo aos documentários sobre animais selvagens e os com- portamentos deles. Cozinho sempre que possível e estou cada dia mais curioso. Espero que você também seja curioso, porque, neste livro, obterá informações interessantes e que poderão responder várias perguntas que você nem sabia. http://lattes.cnpq.br/5218771418882367 https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/9550 Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos on-line. O download do aplicativo está disponível nas plataformas: Google Play App Store Ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e transformar. Aproveite este momento. PENSANDO JUNTOS EU INDICO Enquanto estuda, você pode acessar conteúdos online que ampliaram a discussão sobre os assuntos de maneira interativa usando a tecnologia a seu favor. Sempre que encontrar esse ícone, esteja conectado à internet e inicie o aplicativo Unicesumar Experience. Aproxime seu dispositivo móvel da página indicada e veja os recursos em Realidade Aumentada. Explore as ferramentas do App para saber das possibilidades de interação de cada objeto. REALIDADE AUMENTADA Uma dose extra de conhecimento é sempre bem-vinda. Posicionando seu leitor de QRCode sobre o código, você terá acesso aos vídeos que complementam o assunto discutido PÍLULA DE APRENDIZAGEM Professores especialistas e convidados, ampliando as discussões sobre os temas. RODA DE CONVERSA EXPLORANDO IDEIAS Com este elemento, você terá a oportunidade de explorar termos e palavras-chave do assunto discutido, de forma mais objetiva. https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3881 BIOQUÍMICA HUMANA Caro(a) aluno(a), você ingressou em um curso da área da saúde. Em consequência disso, provavelmente, tem afinidade pelas disciplinas de Biologia e Química. Possivelmente, você já pensou que essas áreas são restritas aos laboratórios e às grandes indústrias farmacêuticas. Todavia, você já constatou que a bioquímica está mais presente em nosso dia a dia do que podemos imaginar? Aliás, você já pensou que, desde o momento em que acordou até agora, vários processos bioquímicos foram promovidos pelo seu próprio organismo? É importante salientar que os processos bioquímicos movem a nossa vida e nos dão a energia necessária para vivermos. Contudo, para que esses processos possam acontecer, várias substâncias são necessárias. Exemplos: a água é necessária para nos manter hidratados; os carboidratos são fonte de glicose; as proteínas fazem parte da nossa musculatura; os lipídios fazem parte das nossas reservas energéticas. Além dessessubstratos, precisamos que o corpo modifique quimicamente essas substâncias e as transforme em moléculas que sejam possíveis de serem usadas. As moléculas que promovem essas transformações são as enzimas e temos vários tipos delas em nosso organismo. Há diversos tipos de enzimas e cada uma delas é específica, ou seja, temos uma enzima diferente para cada reação bioquímica que o corpo promoverá. Você já observou uma reação química promovida por uma enzima acontecer? Analisaremos isso agora! Em sua casa, talvez, você tem um tipo de carboidrato que utiliza em sua dieta. Pão, macarrão, bolo ou biscoito. Qualquer carboidrato serve como exemplo ao nosso entendimento. Utilizemos, como exemplo, o pão. Ao ingerir o pão, o objetivo do corpo é transformá-lo em glicose, pois esse tipo de açúcar é a principal fonte de energia ao organismo. Não se engane! Ingerir açúcares descontroladamente é extremamente prejudicial à saúde e pode gerar diabetes. Se você analisar, ao mastigar o pão com a saliva, ele se torna uma massa pastosa. Isso, porque a enzima da nossa saliva iniciou o processo de digestão dos carboidratos. Quando um pedaço de pão chega até a nossa boca, nossos dentes promovem um processo de maceração mecânica, com o intuito de quebrá-lo em pequenos pedaços. Entretanto, esses pedaços não são pequenos o suficiente para que sejam absorvidos pelo intestino. Para que os pedaços não cheguem muito grandes até o nos- so estômago, na boca, temos glândulas salivares que secretam grandes quantidades de saliva. Em nossa saliva, existem várias enzimas que ajudam a iniciar a digestão do carboidrato e fazem com que esse processo seja mais fácil. Por esses e outros motivos, devemos ingerir os alimentos com calma e mastigá-los várias vezes. Diante do conteúdo apresentado, é visível que a bioquímica está mais presente em nosso cotidiano do que poderíamos imaginar. Você, agora, deve estar se perguntando: como esse processo acontece com as proteínas que ingerimos? Com as gorduras? Qual é o papel da água nesses processos? Iniciada a digestão, como essas moléculas entram nas células? Dentro das células, onde será gerada a energia a partir dessas moléculas? É para responder essas e outras perguntas que existe o estudo da bioquímica humana, que tem como objetivo explicar o passo a passo desses processos e fazer de você um excelente profissional da área da saúde. Em sua vida profissional, os conhecimentos expostos te destacarão dos demais profissionais. Se você analisar o cenário atual, é crescente o número de empresas ligadas aos diferentes tipos de dietas. Medicamentos são desen- volvidos para redução de peso corporal e melhoria de qualidade de vida. Também há a geração de suplementos alimentares que repõem vitaminas e melhoram a saúde de diversos pacientes. Todo esse enorme e promissor mercado de trabalho está disponível aos profissionais com capacidade técnica de atuar nele. Você já decidiu o tipo de profissional da saúde que você deseja ser? Venha comigo e, juntos, aprimoraremos todo o conhecimento que você já tem sobre essa área. Mergulharemos no universo de possibilidades que a bio- química humana nos apresenta. Tenho certeza que você adorará conhecer mais o seu próprio corpo. Garanto que a bioquímica humana será um marco na sua formação acadêmica. Conte comigo e bons estudos! 1 2 43 5 6 105 11 73 39 ÁGUA 165 CICLO DO ÁCIDO CÍTRICO ENZIMAS AMINOÁCIDOS E PROTEÍNAS CARBOIDRATOS, LIPÍDIOS E BIOENERGÉTICA GLICÓLISE, GLICONEOGÊNESE E VIA DAS PENTOSES- FOSFATO 135 7 8 9 187 237 211 BETA OXIDAÇÃO FOSFORILAÇÃO OXIDATIVA OXIDAÇÃO DE AMINOÁCIDOS 1 Olá, caro(a) aluno(a)! Seja bem-vindo(a) ao universo da bioquímica humana. Nesta unidade, estudaremos a substância mais abundante do nosso planeta: a água. Assim, entenderemos a capacidade da água de interagir com as outras moléculas (polares e apolares) e saberemos como essas moléculas determinam o movimento da água para dentro ou para fora das células. Ainda, compreenderemos a forma como a água interfere na função dos ácidos e das bases presentes no organismo, saberemos a interferência dela no pH e entenderemos como os tampões evitam desequilíbrios na nossa vida. Por fim, compreendemos os motivos pelos quais a água é considerada um solvente universal e está presente em qualquer ser vivo. Água Me. Rodrigo Vargas UNICESUMAR 12 Você acompanhará a história de Bernardo, um jovem rapaz que tem amor pela natureza, adora viagens e não abandona o celular. Em uma viagem, Bernardo foi até o sítio dos avós. Durante a viagem, uma chuva torrencial deixou o trânsito lento e fez com que barro fosse formado na estra- da. Isso dificultou a chegada de Bernardo até o sítio dos avós. Contudo, Bernardo observou que a água da chuva havia deixado a vegetação mais verde, movido o solo da terra, molhado os animais e mudado a temperatura do ambiente. Tudo isso deixou Bernardo curioso e ele se questionou sobre as situações. Assim como Bernardo, você já se perguntou como a água pode estar presente em todos os ambientes e interagir com os mais variados tipos de moléculas? Automaticamente, você já deve ter imaginado algumas respostas para a pergunta apresentada. A água promove a formação do barro quando entra em contato com a terra, por interagir quimi- camente com ela e deixá-la mais diluída. A vegetação fica mais verde, porque as plantas utilizam a água e a luz solar como fonte de energia e nutrientes. Com mais nutrientes, o pigmento das plantas, a clorofila, fica mais evidente. Muitas vezes, os animais aproveitam a água da chuva para tirar algumas impurezas do corpo, assim como nós, quando tomamos banho. A temperatura do ambiente pode variar, visto que a água é uma ótima condutora de energia, ao captar o calor do ambiente para si. Vamos entender como uma molécula de água tem capacidade para efetuar tarefas distintas? UNIDADE 1 13 Antes de entendermos as funcionalidades da água aos seres vivos, você já se perguntou: quais elementos químicos formam a molécula da água? Como ela interage com as outras mo- léculas? Como ela pode ser fundamental para a vida na Terra? Como ela participa das reações bioquímicas que ocorrem dentro dos seres vi- vos? Se você é como o Bernardo e tem contato constante com o celular, faça uma rápida pesquisa sobre esses questionamentos. Além de descobrir os elementos em questão, procure descobrir os itens que são mais comumente encontrados em nosso Planeta Terra. Em sua leitura, você deve ter observado que alguns elementos químicos são abundantes em nosso Planeta Terra, dentre eles, o hidrogênio e o oxigênio. Esses dois elementos formam a molé- cula de água. A abundância desses elementos na Terra pode explicar a abundância de água presen- te na superfície de nosso planeta. Essa água pode estar associada a diversos sais e formar a água do mar. Pode estar na forma de vapor e ajudar a for- mar as nuvens de chuva. Pode, ainda, ser tratada por processos químicos e se tornar potável para consumo. Por ser tão abundante, a água permite que diversos organismos vivos se desenvolvam e, de fato, todos os seres vivos do Planeta Terra dependem, em algum momento, de água para a sobrevivência. Interessante, não é mesmo? Utilize o seu diário de bordo para anotar os resultados de sua pesquisa e esquematizar uma molécula de água. UNICESUMAR 14 Caro(a) aluno(a), a água tem a origem associada há milhões de anos, antes mesmo que qualquer homem tivesse pisado no Planeta Terra. Sem dú- vida, o primeiro organismo vivo da Terra nasceu em um ambiente cheio de água. Aliás, se você observar, todo o curso da evolução dos seres vivos foi moldado pela presença de água nos ambientes. Afinal, a água é a substância química mais abundante em qualquer organismo vivo e perfaz cerca de 70 a 85% do peso dos seres humanos (ALBERTS et al., 2017). Contudo, a água não é somente importante por estar presente na maioria dos ambientes. São as interações químicasda água que permitem com que ela possa ser tão versátil. Assim como você observou, a água é formada por um átomo de oxi- gênio e dois átomos de hidrogênio. Cada átomo de hidrogênio compartilha um par de elétrons com o átomo de oxigênio. Geometricamente, a molécula de água se asse- melha a um tetraedro, uma espécie de pirâmide triangular, com um átomo de hidrogênio em cada uma das pontas da pirâmide e pares de elétrons não compartilhados nas outras duas pontas. Entre os dois átomos de hidrogênio, é formado um ângulo de 104,5° (Figura 1). Como o núcleo do átomo de oxigênio carrega seis prótons e o núcleo do hidro- gênio tem apenas um, o átomo de oxigênio atrai elétrons mais fortemente que o hidrogênio, tornan- do-o mais eletronegativo. Na prática, os elétrons compartilhados estão mais próximos do oxigênio que do hidrogênio (NELSON; COX, 2014). UNIDADE 1 15 Assim como é observável na Figura 1, ocorre um compartilhamento desigual de elétrons entre o átomo de oxigênio e os átomos de hidrogênio. Esse tipo de compartilhamento é característico da molécula de água e faz com que ela tenha dois polos elétricos: um ao longo de cada ligação entre o oxigênio e o hidrogênio. O átomo de hidrogênio carrega uma carga parcial positiva d�� � , enquanto o átomo de oxigênio carrega uma carga parcial negativa, equivalente à soma das duas cargas parciais positivas do hidrogênio 2d�� � . Como resultado dessas interações, a molécula de água é chamada de dipolo elétrico (VOET; VOET, 2013). Descrição da Imagem: a figura apresenta cinco quadros que ilustram, de diferentes maneiras, a molécula de água. O quadro superior à esquerda mostra a ligação dos átomos de hidrogênio com o átomo de oxigênio, que está na parte central. Abaixo desse quadro, é exposta a esquematização do espaço, em três dimensões, que o tamanho de cada átomo ocupa: o oxigênio é representado em amarelo e o hidrogênio em azul. Já o quadro inferior à esquerda mostra o compartilhamento de elétrons do oxigênio central com seis elétrons identificados por bolas vermelhas. Dentre os seis, um é compartilhado com cada hidrogênio. Os átomos de hidrogênio apresentam um único elétron compartilhado com o oxigênio. Os prótons são representados no centro dos átomos por sinais positivos (+), enquanto os elétrons presentes na periferia têm sinais negativos (-). O quadro superior direito mostra o ângulo de ligação entre os átomos de hidrogênio e os polos formados pela molécula de água. Por fim, o quadro inferior direito apresenta a ligação entre as duas moléculas de água por polos opostos, devido às ligações de hidrogênio. Figura 1 - Estrutura da molécula de água ligação covalente ligação de hidrogênio UNICESUMAR 16 No ambiente, as moléculas de água se atraem entre si. Por esse motivo, elas são, normalmente, observadas em grandes conjuntos. Isso acontece, porque as moléculas de água apresentam uma atração eletrostática entre si, dado que o átomo de oxigênio de uma molécula de água atrai o hidrogênio de outra molécula de água que esteja próxima. Essa ligação química é chamada de ligação de hidrogênio. As ligações de hidrogênio entre as moléculas de água permitem que a água se mantenha no estado líquido à temperatura ambiente e fornecem certo ordenamento durante o congelamen- to a baixas temperaturas. Ligações de hidrogênio são ligações químicas relativamente fracas, assim como as interações iônicas, hidrofóbicas e de van der Waals. Vale lembrar que essas ligações químicas são fracas de maneira individual. Contudo, em grandes agregados de moléculas, como em proteínas, ácidos nucléicos e lipídios de membrana, há, coletivamente, uma influência significativa (ALBERTS et al., 2017). A energia de dissociação de ligação, que representa a energia necessária para quebrar uma ligação qualquer, da ligação de hidrogênio é cerca de 23 kJ/mol. Ao compará-la com uma ligação covalente entre o oxigênio e o hidrogênio (470 kJ/mol) ou com a ligação covalente entre duas moléculas de carbono (348 kJ/mol), observamos o menor potencial dela (MARZZOCO; TORRES, 2015). Recorde-se de que esse tipo de ligação química está sempre em grandes quantidades, a fim de promover a dissociação entre outros tipos de ligações químicas, sejam de moléculas polares, sejam moléculas apolares. As moléculas chamadas polares ou hidrofílicas (do grego: hidro = água; philos = amigo) são facilmente dissolvidas pela água por substituírem as interações entre as moléculas de água por inte- rações químicas que são mais energeticamente favoráveis. Em contrapartida, existem as moléculas apolares ou hidrofóbicas (do grego: hidro = água; phobia = medo), as quais podem interferir nas ligações entre as moléculas de água, mas são incapazes de formar interações consistentes com as moléculas de água. Portanto, são pouco solúveis em água (NELSON; COX, 2014). Você, provavelmente, já ouviu alguém falar que a água é um solvente universal. Por que ela é chama- da assim? Graças às substituições das ligações químicas que acabamos de estudar, a molécula de água tem uma enorme capacidade de dissolver uma variedade de substâncias devido à polaridade dela, que permite que as moléculas hidratem íons e outras moléculas polares. Assim como você estudou nas aulas de Química do Ensino Médio, a água pode ser encontrada nos seguintes estados: líquido, sólido e gasoso. Essa capacidade se dá devido às propriedades químicas dessa molécula que acabamos de descobrir. No entanto, esses estados físicos podem oscilar em consequência da energia empregada no ambiente, que modifica a posição entre as ligações de hidrogênio. UNIDADE 1 17 Em temperatura ambiente, a energia cinética (energia de movimento das moléculas) permite que as moléculas de água não sejam estáticas e que a água se mantenha no estado líquido. Quando a molécula de água é aquecida por uma fonte externa (a chama do fogão, por exemplo), o acrés- cimo de temperatura reflete no aumento da velocidade. Isso faz com que as moléculas de água se movam (NELSON; COX, 2014). Até agora, entendemos que as moléculas de água são unidas por ligações de hidrogênio, correto? Como ocorre a agitação das moléculas? O que permite a agitação das moléculas de água sem a perda da coesão é o baixo tempo de vida das ligações de hidrogênio. Esse tipo de ligação tem duração de somente 1 a 20 picossegundos (1 picossegundo = 10-12 segundos). Quando uma ligação de hidrogênio é quebrada, outra ligação é formada em 0,1 picossegundos com a mesma molécula de água ou com outra molécula do meio. Se somarmos todas as ligações de hidrogênio das moléculas de água de certo meio ambiente, podemos observar como essas moléculas apresentam forte coesão entre si. Isso é reforçado pelo arranjo tetraédrico dos orbitais ao redor do átomo de oxigênio, que pôde ser observado na Figura 1. Na água líquida, devido à constante movimentação das moléculas e à desorganização, cada molécula de água forma ligações com cerca de 3,4 outras moléculas. Todavia, no gelo, as moléculas de água se dispõem de forma organizada, estando fixas no espaço. Além disso, formam ligações com outras quatro moléculas de água (Figura 2) (VOET; VOET, 2013). Descrição da Imagem: trata-se de uma ilustração com diversas moléculas de água dispostas de forma organizada, assim como ocorre durante a formação do gelo. Os átomos de oxigênio são representados por bolas azuis maiores, enquanto os átomos de hidrogênio são simbolizados por bolas brancas menores, as quais estão ligadas às bolas azuis de oxigênio. As bolas brancas apresentam trace- jados que simbolizam as ligações de hidrogênio, com duas bolas azuis. As bolas azuis, por sua vez, apresentam tracejados com duas diferentes bolas brancas, que representam os hidrogênios. Cada molécula em si apresenta quatro tracejados, um para cada ligação de hidrogênio que ela pode formar. Figura 2 - Ligações de hidrogênio no gelo UNICESUMAR 18 Para desestabilizar essa rede cristalina, grande quantidade de energia térmica é necessária (NELSON;COX, 2014). Isso explica o motivo pelo qual o ponto de fusão da água é relativamente alto, quando comparado às outras substâncias (Tabela 1). Contudo, em temperatura ambiente, tanto a evaporação da água quanto a fusão do gelo acontecem espontaneamente. Apesar de as moléculas de água apresentarem certa tendência de se associar por meio das ligações de hidrogênio, no universo, tudo tende à desordem, também chamada de entropia. Lembre-se de que as ligações químicas são formadas espontaneamente, se forem energeticamente favoráveis. Em nosso universo, quanto maior a entro- pia, mais energia livre se torna disponível pela agitação das moléculas. Assim, as ligações químicas podem acontecer mais facilmente. Ponto de fusão (°C) Ponto de ebulição (°C) Água 0 100 Metanol (CH3OH) -98 65 Etanol (CH3CH2OH) -117 78 Acetona (CH3COCH3) -95 56 Benzeno (CH3(CH2)4CH3) 6 80 Clorofórmio (CHCL3) -63 61 Tabela 1 - Pontos de fusão e de ebulição de alguns solventes comuns Fonte: adaptada de Nelson e Cox (2014). Apesar de discutirmos as ligações de hidrogênio nas moléculas de água, é válido salientar que esse tipo de ligação química não é exclusivo dessas moléculas. A água é considerada um solvente universal justamente pela capacidade dela de formar ligações de hidrogênio com outros solutos. A formação dessas ligações é possível pela interação entre os átomos eletronegativos (aqueles que são aceptores de hidrogênios, como o oxigênio e o nitrogênio) e os átomos de hidrogênio ligados covalentemente a outro átomo eletronegativo (doador de hidrogênio) na mesma molécula ou em outra (Figura 3). Você não encontrará átomos de hidrogênio covalentemente ligados aos átomos de carbono formando ligações de hidrogênio. Isso não acontece, porque o átomo de carbono é levemente mais eletronegativo que o hidrogênio. Desse modo, essa ligação é somente levemente polar (MARZZOCO; TORRES, 2015). Moléculas, como o açúcar, que são polares e não carregadas, dissolvem-se rapidamente em água devido à certa estabilização das ligações de hidrogênio entre os grupos quí- micos do açúcar com as moléculas polares da água. Álcoois, aldeídos, cetonas e compostos que contêm ligações entre nitrogênio e hidrogênio formam ligações de hidrogênio com as moléculas de água e são considerados solúveis. UNIDADE 1 19 Na prática, a água pode dissolver diversos sais utilizados no dia a dia, como o cloreto de sódio (NaCl), que você deve conhecer como sal de cozinha. Você sabe como a água faz isso? A água dissolve os sais pela hidratação e pela estabilização dos íons sódio e cloreto. Esses íons são instáveis e não são encontrados iso- ladamente no ambiente. Para dissolvê-los, a água enfraquece as interações eletrostáticas que mantêm unidos esses íons, neutralizando a tendência natural de associação em redes cristalinas (Figura 4). Entretanto, a água não promove os efeitos relatados somente no NaCl. A capacidade dela também se aplica às moléculas carregadas e aos compostos com grupos carboxílicos ioniza- dos (--COO-), ésteres de fosfatos ou anidros e aminas protonadas (--NH3 +). As moléculas de água dissolvem essas moléculas substituindo as ligações de hidrogênio entre os solutos por ligações de hidrogênio soluto-água. Isso faz com que as interações soluto-soluto sejam blo- queadas (NELSON; COX, 2014). Descrição da Imagem: trata-se de uma ilustração da formação das ligações de hidrogênio entre os aceptores de hidrogênio, que se encontram na parte superior da figura, e os doadores de hidrogênio, que estão na parte inferior da figura. Entre os átomos que são considerados aceptores e doadores de hidrogênio, estão o oxigênio e o nitrogênio. Entre os átomos, há tracejados azuis, os quais representam as ligações de hidrogênio. Figura 3 - Ligações de hidrogênio comuns em sistemas biológicos /Fonte: Nelson e Cox (2014, p. 45). Aceptor de hidrogênio Doador de hidrogênio C C O O O H O H O O H H N N O H N H N N UNICESUMAR 20 Se pudéssemos acompanhar a Figura 4 por um período maior, poderíamos concluir que todas as moléculas do cristal de sal iriam interagir com as moléculas de água e se dissolveriam, não é mesmo? Isso, porque o sal de cozinha é uma molécula polar ou hidrofílica. Moléculas apolares ou hidrofóbicas, entretanto, não podem ser dissolvidas pela molécula de água. Por tentarem promover a dissolução, as moléculas de água tentam interagir com as substâncias hidrofóbicas e formar ligações de hidrogênio. Como essas ligações não acontecem, a molécula de água forma uma camada organizada ao redor da molécula hidrofóbica, a chamada de camada de solvatação, que diminui a entropia do meio (ALBERTS et al., 2017). Vamos entender melhor como esse processo acontece utilizando os compostos anfipáticos como exemplo. Na interação entre a molécula de água e os compostos hidrofóbicos, há a diminuição da entropia do meio. Você sabe o que, na prática, isso significa? A entropia é o grau de desordem do meio. Essa grandeza é tão abrangente que se adequa a qualquer situação do nosso universo. Quanto maior a entropia ou desordem, mais energeticamente favorável a situação será. Quando aplicamos esse conceito à interação da água com os solutos polares ou apolares, a água au- menta a entropia dos solutos polares, dissolvendo-os e fomentando a desordem do sistema. Assim, as moléculas dos solutos ficam mais espalhadas e desorganizadas. A interação entre a água e os solutos apolares é energeticamente desfavorável, pois, ao contrário de aumentarem a desordem do meio, as moléculas de água formam uma camada organizada ao redor dos solutos, diminuindo a entropia. Descrição da Imagem: trata-se de uma ilustração que apresenta, à esquerda, um recipiente com sal de cozinha ao lado. Uma flecha verde indica a estrutura molecular dos cristais de sal. Os átomos de cloreto são representados pela cor verde e por bolas grandes. Já os átomos de sódio são simbolizados pela cor marrom em bolas menores. À direita, encontra-se o sal de cozinha sendo despejado em um recipiente com água. Uma flecha azul indica como ocorre a hidratação do sal pelas moléculas de água, desestruturando o cristal. As moléculas de água são representadas por estruturas formadas por uma bola grande vermelha e duas bolas pequenas brancas. Figura 4 - A água como solvente do cloreto de sódio SAL átomos no cristal de sal água salgada UNIDADE 1 21 Os compostos anfipáticos (do grego: amphi, que significa “ambos” + pathos, que significa paixão) são moléculas que apresentam regiões polares e apolares. Em uma solução aquosa, a região polar da molécula anfipática pode interagir favoravelmente com a água e tende a se dissolver. Contudo, na região apolar, acontece o contrário e há a tendência de evitar o contato com a água. Os fosfolipídios da membrana plasmática das nossas células são um exemplo desse tipo de molécula (ROBERTIS; HIB, 2014). Eles são formados por duas cadeias longas de ácidos graxos, uma saturada e outra insaturada, as quais são unidas por uma molécula de glicerol e um fosfato (Figura 5). As cadeias longas de ácidos graxos formam a cauda hidrofóbica, enquanto o glicerol e o fosfato formam a cabeça hidrofílica. Entenderemos mais detalhadamente essas moléculas nas unidades posteriores. Fosfato Glicerol Ácidos graxos Saturado Insaturado Cabeça hidrofílica Caudas hidrofóbicas Fosfolipídio Descrição da Imagem: trata-se de uma ilustração que apresenta, à esquerda, a estrutura química dos componentes que formam um fosfolipídio. Em azul, encontram-se os componentes hidrofílicos e, em vermelho, os hidrofóbicos. À direita, são apresentados todos os componentes associados, formando a cabeça hidrofílica (em azul) e as caudas hidrofóbicas (em vermelho). Figura 5 - Estrutura de um fosfolipídio como exemplo de molécula anfipática UNICESUMAR 22 Isoladamente, esses compostos anfipáticos são energeticamente desfavoráveis, pois a água forma uma camada de solvatação ao redor da região hidrofóbica, criando uma camadaaltamente ordenada (Figu- ra 6). Para aumentar a entropia do meio, as regiões apolares dessas moléculas se aglomeram. Isso faz com que a menor área hi- drofóbica esteja disponível para o solvente aquoso e mais ener- geticamente favorável seja o meio, formando as micelas. As micelas são estruturas arredonda- das que podem conter centenas ou milhares de moléculas anfipáticas (ALBERTS et al., 2017). Se você despejar o óleo de soja sobre um recipiente com água, poderá observar a formação dessas estruturas. Você observará que, mesmo agitando fortemente o recipiente, a fim de tentar misturar a água e o óleo, as mice- las sempre voltarão a ser formadas. Isso ocorre, porque as regiões apolares das moléculas de óleo são unidas por interações hidrofóbicas. Por apresentarem características químicas se- melhantes, as partes hidrofóbicas têm maior estabilidade termodinâmica. Durante a for- mação das micelas, o número de contato com as moléculas de água é diminuído e a entropia do meio é aumentada, tornando a formação dessas estruturas energeticamente favoráveis. UNIDADE 1 23 Micelas: todos os grupos hidrofóbicos estão sequestrados e isolados. A casca de água é minimizada e a entropia é mais elevada (aumento da entropia). Dispersão de lipídios em água: cada molécula de lipídio força as moléculas de água ao seu redor tornando-se altamente ordenada (baixa entropia). Grupo de moléculas de lipídeos: apenas porções periféricas dos grupos de lipídeos forçam os ordenamentos de moléculas de água. Menos moléculas de água são ordenados. Descrição da Imagem: na figu- ra, os compostos anfipáticos são representados por bolas azuis e estruturas alongadas em amarelo. As moléculas de água são simboli- zadas por bolas grandes e verme- lhas associadas às bolas pequenas e brancas. Na região superior, en- contram-se os compostos anfipá- ticos circundados por moléculas de água isoladamente. Na região central, estão os compostos anfi- páticos associados às estruturas em comum: bolas azuis com bolas azuis e estruturas alongadas em amarelo entre si com uma única camada de água ao redor. Na parte inferior da imagem, encon- tram-se os compostos anfipáticos, que formam uma estrutura esfé- rica com as regiões alongadas e amarelas na porção central e as regiões com bolas azuis na peri- feria. Nessa estrutura, as molécu- las de água não se apresentam de maneira organizada na periferia. Figura 6 - Compostos anfipáticos em solução aquosa / Fonte: Nelson e Cox (2014, p. 48). UNICESUMAR 24 Diversos exemplos de moléculas anfipáticas po- dem ser encontrados em nosso corpo, como as proteínas, os pigmentos, algumas vitaminas, os hormônios esteroides e os fosfolipídios de mem- brana. As interações hidrofóbicas entre as regiões apolares são fundamentais para a determinação da estrutura de proteínas e das membranas ce- lulares (ROBERTIS; HIB, 2014). As interações não covalentes descritas (liga- ções de hidrogênio, interações iônicas e hidrofó- bicas) são muito mais fracas que as ligações cova- lentes, porém o poder cumulativo delas pode ser muito significativo. Em macromoléculas, como o DNA e o RNA, a estrutura mais estável, ou seja, nativa, é aquela em que as interações fracas têm o potencial maximizado. O dobramento de uma região da proteína, a ligação entre um antígeno e um anticorpo, e a interação entre um hormônio ou um neurotrans- missor e o respectivo receptor são determinados dessa maneira. Nas enzimas, essa capacidade é muito evidenciada. Devido às grandes superfícies, as enzimas geram diversas oportunidades para a formação de interações não covalentes com os substratos (ALBERTS et al., 2017). Seja qual for a molécula em questão, todas apresentam algum tipo de interação com a molécula de água e podem modificar as próprias propriedades físicas. Dentre as propriedades físicas da água, estão a pressão do vapor, os pontos de ebulição e de fusão, e a pressão osmótica. Em conjunto, essas propriedades são chamadas de propriedades co- ligativas da água, porque o efeito dos solutos em qualquer uma dessas propriedades físicas tem o mesmo princípio: a concentração da água é mais baixa nas misturas que na água pura (NELSON; COX, 2014). Esse efeito sobre as propriedades co- ligativas da água independe do tipo do soluto, mas da quantidade desse soluto para uma dada quantidade de água. Você deve se lembrar que, antes, conceitua- mos a entropia e afirmamos que o universo sempre tende a desordem. Vamos aplicar esse conceito às soluções aquosas. Você já deve ter observado esse fenômeno sem mesmo conhe- cê-lo. Quando preparamos uma salada de alfa- ce, por exemplo, lavamos o vegetal e, depois, o temperamos com sal e outros condimentos. Se você guardar na geladeira as folhas de alface sem sal, poderá observar que elas se mantêm íntegras por grande período. Contudo, quando colocamos sal sobre as folhas de alface, obser- vamos que elas ficam murchas e não podem ser preservadas para uma próxima refeição. Isso acontece, porque, como vimos, as molé- culas de água tendem a se mover de um ambiente com maior concentração de água para um am- biente de menor concentração. Dentro da folha de alface, há certa quantidade de água. Ao adicio- narmos sal a essa superfície, a água viaja de um ambiente com maior concentração de água para um ambiente de menor concentração, procuran- do aumentar a desordem do sistema e dissolver os cristais de sal, gerando a pressão osmótica. A pressão osmótica é importante para determinar o movimento das moléculas de água por intermédio de uma membrana semi- permeável, como a membrana celular da folha de alface, chamada de osmose. A osmose ocorre na grande maioria das membranas biológicas, como as membranas plasmáticas das células do nosso corpo. De fato, essas membranas são mais permeáveis à água que a maioria dos íons e das pequenas e grandes moléculas. Essa grande permeabilidade ocorre devido à grande quan- tidade de canais proteicos na membrana, os quais permitem a passagem de água, mas não de solutos, as aquaporinas (ALBERTS et al., 2017). Utilizaremos como exemplo as nossas células sanguíneas, as hemácias. UNIDADE 1 25 Na região central da Figura 7, há uma hemácia em sua estrutura usual. Dizemos que essa hemácia está em uma solução isotônica, porque a osmolaridade ou concentração de solutos é igual entre o citoplasma da célula e o meio aquoso em que ela se encontra. Nessa condição, a água pode fluir livre- mente pelas aquaporinas para dentro ou para fora da célula. À esquerda, encontra-se uma hemácia em uma solução hipertônica com maior concentração de solutos no ambiente, quando comparada à concentração de solutos no plasma. Nessa situação, a água sai de dentro da célula para um ambiente de menor concentração de água e a célula murcha. Contudo, à direita da imagem, a célula está em uma solução hipotônica, com menor osmolaridade que o citoplasma da hemácia. Como a água está mais concentrada no meio aquoso, ela sofre osmose para dentro da célula, que aumenta de tamanho. Descrição da Imagem: à esquerda, encontra-se a ilustração de uma hemácia murcha, representada por uma estrutura enrugada e avermelhada. Uma seta azul indica a saída de água de dentro dela. Na região central, um disco vermelho achatado representa a he- mácia na condição natural dela, com setas azuis que entram e saem dela, com o intuito de simbolizar o transporte de água. À direita, há uma hemácia inchada, que acabou de ter a membrana rompida. Grande quantidade de líquido sai dela, o que é representado por uma fumaça branca. Uma seta azul indica a entrada de água para dentro da célula. Figura 7 - Efeito da osmolaridade do meio na osmose por meio da membrana plasmática SOLUÇÃO HIPERTÔNICA SOLUÇÃO ISOTÔNICA SOLUÇÃO HIPOTÔNICA Naturalmente, as células carregam maior concentração de biomoléculas e íons que o ambiente em que elas estão (ALBERTS et al., 2017). Assim, a pressão osmótica tende a enviar água para dentro das célu- las. Casonão existam mecanismos que controlem a osmolaridade do meio, a água pode distender a membrana plasmática das células, promover a osmólise (rompimento da membrana celular) e destruir a célula. Felizmente, os animais evoluíram e desenvolveram mecanismos para prevenir essas catástrofes. UNICESUMAR 26 Plantas e bactérias apresentam a membrana plasmática envolta por uma parede celular não expansível e muito rígida, com capacidade de prevenir os efeitos da pressão osmótica. Protozoários apresentam organelas citoplasmáticas chamadas vacúolos contráteis, que apre- sentam a capacidade de expulsar a água de dentro das células. Nos seres humanos, o plasma sanguíneo é mantido em osmolaridades semelhantes ao citosol por bombas proteicas, as quais jogam íons ao ambiente extracelular, como o sódio. Ademais, a alta concentração das proteínas plasmáticas contribui para a regulação da osmolaridade (ROBERTIS; HIB, 2014). Perceba que, apesar de apresentarem estruturas muito maiores que os íons, as proteínas plasmáticas não foram diferidas daqueles quando falamos sobre a osmolaridade. Isso acontece, porque o efeito dos solutos na osmolaridade não depende da massa dessas proteínas, e sim do número de partículas no meio. As células hepáticas e musculares utilizam esse princípio para o armazenamento de energia. Nessas células, o armazena- mento de glicogênio, ao contrário da glicose, evita um aumento na pressão osmótica dessas células (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2012). A osmólise também tem graves consequências em protocolos experimentais de labora- tório que você poderá realizar ao longo do curso ou após a formação. As organelas celulares, como as mitocôndrias e os lisossomos, são revestidas de membranas plasmáticas semi- permeáveis (ALBERTS et al., 2017). Ao isolar essas organelas, você observará que o meio aquoso deve ser isotônico, a fim de prevenir o inchaço e o rompimento da membrana dessas organelas. Para isso, você deverá usar soluções chamadas tampões. Agora, entenderemos como a água se comporta em soluções contendo ácidos e bases fracas. As propriedades da água supracitadas se aplicam à água não carregada. Contudo, a água apresenta um pequeno grau de ionização (adquire carga) reversível, pro- duzindo um íon hidrogênio (um próton) e um íon hidróxido, gerando o equilíbrio (MARZZOCO; TORRES, 2015): H O H OH2 � � � � Apesar de observarmos o próton isolado como produto da dissociação da água, não exis- tem prótons livres em soluções. As ligações de hidrogênio entre as moléculas de água fazem com que os prótons sejam hidratados instantaneamente, formando o íon hidrônio (H3O +). Você já deve ter ouvido alguém falar que a água é uma ótima condutora elétrica, não é? Durante a ionização, ocorre um movimento extremamente rápido dos íons hidrônio e hi- dróxido. Essa rápida movimentação iônica que acontece nas moléculas de água é chamada de salto de prótons (Figura 8). Prótons individuais não podem se mover a longas distâncias dentro de uma solução aquosa, mas uma série de prótons pode saltar entre as moléculas de água e gerar um movimento líquido por longas distâncias e períodos extremamente curtos. Em água, os ácidos fracos contribuem com um próton por ionização e as bases fracas consomem o próton e ficam protonadas. Essa rápida mobilização de prótons resulta em reações ácido básicas excepcionalmente rápidas (NELSON; COX, 2014). UNIDADE 1 27 A ionização reversível da água é crucial ao papel dela na função orgânica. Por isso, a extensão da ionização dela, em termos quantitativos, pode ser dada pela constante de equilíbrio, Keq (algumas vezes, é representada simplesmente por K). A constante de equilíbrio pode ser definida em termos da concentração dos reagentes (A e B) e os produtos (C e D) no equilíbrio: A+B C+D↔ Descrição da Imagem: trata-se de uma representação esquemática de um íon hidrônio associado a ligações de hidrogênio, que são simbolizadas por tracejados azuis, doando um próton a uma molécula de água. O próton está circulado por uma esfera vermelha e o salto é representado por flechas vermelhas. Figura 8 - Salto de prótons / Fonte: Nelson e Cox (2014, p. 58). Íon hidrônio entrega um próton Salto do próton Água aceita um próton e se torna um íon hidrônico H H O+ H O H H H O H H H O OH H HO O H H H H H O UNICESUMAR 28 A constante de equilíbrio para a ionização reversível da água é: K � � � � [ ] [ ] [ H OH H O]2 Em que [H+] é a concentração de prótons, [OH-] é a concentração de hidróxidos e [H2O] é a concentração de água. A concentração total de íons hidrogênio pode ser experimentalmente mensurável, sendo expressa como o pH da solução. Quando a solução apresenta as mesmas concentrações de H+ e OH-, tais como na água pura, dizemos que a solução está em pH neutro. Como o pro- duto iônico da água é constante, quando a concentração de [H+] for alta, como no suco gástrico, a concentração de [OH-] deve ser baixa e vice-versa. Quando sabe- mos a concentração de uma des- sas grandezas, automaticamente, podemos inferir a concentração da outra (NELSON; COX, 2014). Os produtos iônicos da água são a base para a escala de pH. Dessa forma, é possível designar a concentração de H+ (e, portan- to, de OH-) em qualquer solução líquida no intervalo de 1,0 M H+ e 1,0 M OH- (Tabela 2). Os termos pH e pOH são definidos pela expressão lo- garítmica: pH = -log[H pH = log H pOH = -log[OH pOH = log � � � � � ] [ ] ] 1 11 [ ]OH pH + pOH 14 � � Em que o símbolo “p” se refere à “logaritmo negativo de”. Observe duas informações importantes sobre essa grandeza. Primeiro, note que a concentração de H+ deve ser sempre expressa em termos molares (M). Lembre-se de que a escala de pH não é aritmética, e sim logarítmica. Se as duas soluções que você estiver comparando diferirem o pH por uma única unidade, isso significa que uma solução tem dez vezes mais H+ que a outra (MARZZOCO; TORRES, 2015). [H+] (M) pH [OH-] M pOH 100 0 10-14 14 10-1 1 10-13 13 10-2 2 10-12 12 10-3 3 10-11 11 10-4 4 10-10 10 10-5 5 10-9 9 10-6 6 10-8 8 10-7 7 10-7 7 10-8 8 10-6 6 10-9 9 10-5 5 10-10 10 10-4 4 10-11 11 10-3 3 10-12 12 10-2 2 10-13 13 10-1 1 10-14 14 100 (1) 0 Tabela 2 – Escala de pH / Fonte: Nelson e Cox (2014, p. 60). UNIDADE 1 29 A Figura 9 apresenta o pH de alguns fluidos líquidos. Analise os exemplos expostos na imagem e procure relacioná-los com os alimentos que você ingere. Perceba que diferentes regiões do corpo carregam distintos valores de pH. Logo, você entenderá como o nosso corpo lida com isso. Descrição da Imagem:a figura apresenta uma paleta de cores que identificam as substâncias pelo pH. A região superior é marcada em vermelho e indica o valor mais ácido de pH, 0. A partir dessa marcação, um traço identifica o ácido da bateria de automóveis, como exemplo. No valor 1 de pH, representado pela cor laranja-escuro, temos o exemplo do ácido estomacal. No valor 2 de pH, representado pela cor laranja, temos, como exemplo, o vinagre. No valor 3, em amarelo-escuro, temos o suco de laranja. No valor 4, em amarelo, temos o tomate. No valor 5, em verde-claro, temos o café. No valor 6, em verde, temos a urina. No valor 7, em verde-escuro, temos a água pura. No valor 8, em verde-água, temos a água do mar. No valor 9, em azul-claro, temos a soda cáustica. No valor 10, em azul-escuro, temos as pastilhas estomacais contra azia. No valor 11, em roxo-claro, temos limpadores à base de amônia. No valor 12, em roxo-escuro, temos a água com sabão. No valor 13, na cor vinho, temos a água sanitária. No valor 14, na cor vinho-escuro, temos os limpadores de ralo. Figura 9 - O pH de alguns fluidos aquosos A escala de pHA escala de pH Grá�co colorido universal indicador de pH Ácido Ácido de bateria Ácido estomacal Vinagre Suco de laranja Tomate Café preto Urina Água Água do mar Soda cáustica Comprimido de indigestão Solução de amônia Água com sabão Água sanitária Limpadores de ralo Alcalino UNICESUMAR30 Se você observar atentamente a Figura 9, perceberá que o valor de pH 7 está exata- mente no meio da escala, identificando uma solução neutra. Todavia, esse valor não foi escolhido arbitrariamente, assim como você pode ter imaginado. Soluções que apresen- tam o pH 7,0, como a água pura, apresen- tam concentrações iguais de H+ e OH-. Por outro lado, soluções com pH maior que 7 são alcalinas ou básicas. Isso significa que a concentração de OH- é maior que as de H+. Já as soluções com pH menor que 7 são ácidas, com concentração de H+ maior que as de OH. A medida dos valores de pH é um dos procedimentos mais comuns e importantes em práticas clínicas e laboratoriais. Para essas aferições, é utilizado um aparelho denominado pHmetro. Esse equipamento apresenta, na estrutura, um eletrodo de vidro sensível à concentração de íons H+. No entanto, é insensível a outros íons, como o sódio e o potássio. Alterações de valores de pH podem indicar falhas nas atividades de enzimas e auxiliar no diagnóstico de diversas doenças, como a diabetes (NELSON; COX, 2014). Na sua prática laboratorial, você, com certeza, utilizará esse equipamento. Ao preparar as soluções, será necessário ajustar o pH delas. Isso é feito por meio de ácidos e bases fortes. Ácidos e bases fortes são assim denominados quando podem ser completamente ionizados em solução aquosa. Em uma solução aquosa, todos os ácidos apresentam uma tendência caracte- rística de perder os prótons. Quanto mais forte for o ácido, maior será essa tendência. Um ácido doador de prótons e a base aceptora dele constituem um par conjugado ácido-base (VOET; VOET, 2013). Assim como a constante de equilíbrio determina a ionização da água, ela se aplica à tendência de qualquer ácido (HA) de perder um próton e formar a base conjugada (A-), para a qual: HA H +A� � � Ka = H x [A HA] [ ] ] [ � � As constantes de equilíbrio para as reações de ionização são comumente chamadas de constantes de ionização ou de constantes de dissociação ácida, frequentemente abreviadas por Ka (VOET; VOET, 2013). As constantes de dissociação de certos ácidos e os respectivos pares conjugados são exemplificados na Figura 10. Observe que os ácidos mais fortes, tais como o fosfórico, têm cons- tantes de dissociação maiores. Perceba, também, que, na figura, são apresentados os valores de pKa, os quais são análogos ao de pH e podem ser facilmente determinados pelas curvas de titulação. UNIDADE 1 31 A titulação é utilizada para determinar a quantidade de um determinado ácido em uma solução. Para isso, uma base forte, geralmente, o hidróxido de sódio (NaOH), de concentração conhecida, é adicionada em um dado volume de ácido que será titulado. Com o auxílio de um pHmetro, o NaOH é adicionado em uma solução até o ácido em questão ser neutralizado. Assim, a concen- tração do ácido poderá ser calculada a partir do volume e da concentração de NaOH adicionado. Uma curva de pH contra a quantidade da base adicionada (uma curva de titulação) é utilizada para revelar o pKa do ácido fraco (NELSON; COX, 2014). Para compreendermos como esse processo ocorre, considere a titulação de uma solução de 0,1 M de ácido acético com 0,1 M de NaOH a 25°C (note que a temperatura é indicada, pois pode alterar o pH da solução), ilustrada na Figura 11. Lembre-se de que essas mudanças nas quanti- dades de ácidos e bases da solução devem obedecer a constante de equilíbrio. Descrição da Imagem: a figura mostra uma escala de pH que varia em relação à cor. Inicia-se pela cor vermelho-escuro, que representa as substâncias muito ácidas, e é finalizada na cor azul, que representa as soluções básicas. Dentro dessa escala, exemplos de pares conjugados são colocados de acordo com a constante de dissociação ácida. À direita do gráfico, são indicados os nomes e as constantes de dissociação ácida de alguns ácidos. Além disso, são distribuídas, de acordo com os valores de PH, as respectivas fórmulas químicas dentro do gráfico. Dentre os ácidos monopróticos, o ácido acético tem a fórmula química ilustrada dentro do gráfico e próxima aos valores de pH 4 e 5. O íon amônio tem a fórmula química ilustrada dentro do gráfico e próxima aos valores de pH 9 e 10. Dentre os ácidos dipróticos, o ácido carbônico está representado no gráfico e próximo ao valor de pH 4. O bicarbonato está próximo de pH 10, a glicina tem o grupo carboxila próximo ao pH 2 e o grupo amino está próximo de pH 9. Dentre os ácidos tripróticos, o ácido fosfórico tem a fórmula química representada no gráfico e próximo aos valores de 2. O Di-hidrogênio-fosfato está próximo de 7 e o Mono-hi- drogênio-fosfato está próximo de pH 12. Figura 10 - Pares conjugados de ácido-base / Fonte: Nelson e Cox (2014, p. 61). Ácidos monopróticos Ácido acético (Ka= 1,74 x 10- 5m) (Ka= 5,62 x 10- 10m) (Ka= 1,70 x 10- 4m); (Ka= 6,31 x 10- 11m) (Ka= 6,57 x 10- 3m); (Ka= 2,51 x 10- 10m) (Ka= 7,25 x 10- 3m); (Ka= 1,38 x 10- 7m); (Ka= 3,98 x 10- 13m) Íon amônio Ácidos diplóticos Ácido cabônico Bicarbonato Glicina, grupo carboxila Glicina, grupo amino Ácidos tripróticos Ácido fosfórico Di- hidrogênio-fosfato Mono- hidrogênio- fosfato CH3C CH2C CH2C CH2C CH2C CH3C O O O- O O O O-O O O-OH OH pKa = 4,76 pKa = 9,25 pKa = 10,2 pKa = 9,60 pKa = 4,77* pKa = 2,34 pKa = 2,14 pKa = 6,86 pKa = 12,4 H2CO3 HCO3HCO3+ H + + H+ NH+4 NH+3 NH2NH + 3 NH + 3 NH3 + H + + H+ H3PO4 H2PO4 + H + H2PO4 PO4 3-+H+ CO3 2-+H+ +H+ HPO4 2-HPO24 - + H+ 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 pH UNICESUMAR 32 Assim como você pôde observar na Figura 11, antes de o NaOH ser adicionado, no início da titulação, o ácido acético (CH3COOH) já se encontra parcialmente ionizado. À medida que o NaOH é lenta- mente adicionado, o íon OH- se combina com os prótons livres da solução para formar H2O em uma quantidade que satisfaz às relações de equilíbrio. Como os prótons são removidos, o ácido acético se dissocia um pouco mais, com o objetivo de satisfazer a constante de equilíbrio. Conforme a titulação prossegue, uma maior quantidade de ácido acético é ionizada, formando ace- tato (CH3COO -), proporcionalmente, pela adição de NaOH. Quando exatos 0,5 equivalentes de NaOH são adicionados no ponto central da curva de titulação, metade do CH3COOH original é dissociado e os pares conjugados ácido-base são formados, de modo que a concentração de doadores de H+ é igual à dos aceptores. Nesse ponto central, o pH da solução de ácido acético e de acetato é exatamente igual ao pKa. Próximo ao pH de 7,0, no ponto final da curva de titulação, todo o ácido acético foi dissociado à acetato, perdendo os prótons para a formação de água (NELSON; COX, 2014). Descrição da Imagem: trata-se de um gráfico que tem o eixo X (horizontal) com valores que variam de 0 até 1,0, a fim de delimitar o percentual de titulação e os equivalentes de OH- adicionados. No eixo Y (vertical), os valores variam de 0 até 9, com o intuito de indicar os valores de pH. Uma linha ondulada identifica a variação de pH. No centro da figura, um retângulo azul indica a região de tampo- namento, que varia entre o pH de 5,76 e 3,76, e pKa com valor de 4,76. Há retângulos que mostram as formas iônicas predominantes nos pontos designados. Figura 11 - Curva de titulação do ácido acético / Fonte: Nelson e Cox (2014, p. 60). 0 0 1 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 2 3 4 5 6 7 8 9 pH pH = pKa = 4.76 CH3COOH CH3COO - [CH3COOH] = [CH3COO -] pH 5,76 pH 3,76 Região de tamponamento 0 50 100% Percentual de titulação OH- adicionado (equivalentes) UNIDADE 1 33 A Figura 12 compara a curva de titulação de três ácidos fracos diferentes. Nela, podemos observar claramente que um par conjugado ácido-base pode agir como um tampão. Descrição da Imagem: trata-se de um gráfico que apresenta a curva de três ácidos nas cores azul, preta e vermelho. No eixo X (hori- zontal), temos os equivalentes de OH- adicionados, enquanto, no eixo Y (vertical), encontram-se os valores de pH. De baixopara cima, a primeira curva, que tem a cor azul, ilustra a titulação do acetato, que se inicia em pH 2, tem o pKa em 4,76 e está totalmente titulado em pH próximo de 8. A região de tamponamento é identificada à esquerda do gráfico, com valores entre 3,76 e 5,76 de pH. A curva central, que está em preto, ilustra a titulação do fosfato, que se inicia em pH 4, tem a região de tamponamento entre 5,86 e 7,86, e pKa em 6,86. Ele está totalmente titulado em pH 10. A curva mais superior, em vermelho, indica a titulação da amônia, que se inicia em pH 6, tem a região de tamponamento entre 8,25 e 10,25, pKa em 9,25 e totalmente titulado em pH 12. Figura 12 - Comparação das curvas de titulação de três ácidos fracos / Fonte: Nelson e Cox (2014, p. 63). 50 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 14 13 12 11 10 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 pH Percentual de titulação 0 100% OH- adicionado (equivalentes) CH3COOH [CH3COOH] = [CH3COO -] H2PO - 4 NH+4 [H2PO - 4] = [HPO 2- 4] HPO2-4 [NH+4] = [NH3] NH3 pKa = 9,25 pKa = 6,86 pKa = 4,76 Ponto central da titulação Regiões de tamponamento 10,25 CH3COO- NH3 8,25 7,86 5,86 5,76 3,76 Fosfato Acetato UNICESUMAR 34 Os tampões são sistemas aquosos que apresentam a tendência de resistir às mudanças de pH quando pequenas quantidades de H+ ou OH- são adicionadas. Praticamente todos os processos orgânicos do corpo humano e de outros seres vivos são dependentes do pH. As mudanças nos valores de pH, mesmo que pequenas, podem produzir grandes variações na velocidade das rea- ções metabólicas (VOET; VOET, 2013). Isso se aplica não somente às muitas reações das quais os prótons têm efeitos diretos, mas também a aquelas que, aparentemente, não têm um determinado papel. As enzimas, que discutiremos na Unidade 3, dependem de valores precisos de pH para que possam atuar. As células mantêm o pH citoplasmático constante e específico, mantendo as biomoléculas nos estados iônicos otimizados. O pH dos fluidos extracelulares é rigorosamente regulado no corpo humano. Dentro de nosso corpo, existem sistemas tampões que mantêm cons- tantes os valores de pH e permitem que o equilíbrio entre as reações metabólicas possa ser mantido. Você conhece esses sistemas e sabe como eles atuam? Você conhece as células que produzem esses tam- pões? Você sabe as implicações que a ausência desses tampões poderia causar? Acesse o QR Code e ouça o podcast desta unidade. Você en- tenderá, na prática, como os tampões são fundamentais para a nossa saúde e o nosso bem-estar. As constâncias de pH são atingidas pela constituição química dos sistemas tampões. Observe a Figura 11, que apresenta a titulação do ácido acético (NELSON; COX, 2014). Nela, você iden- tificará que a curva de titulação apresenta uma zona relativamente plana, a qual se estende por cerca de uma unidade de pH do ponto central, de 3,76 a 5,76. Nessa região, você poderá adicionar dadas quantidades de H+ e OH- e observará que eles terão menores efeitos nos valores de pH que a mesma quantidade adicionada fora da região. Essa região relativamente plana é chamada de região de tamponamento do ácido acético-acetato. No ponto central da região, a força de tamponamento do sistema aquoso é máxima, ou seja, os valores de pH variarão pouco em detrimento da adição de H+ ou OH-. Esse processo acontece justamente porque o tamponamento da solução é resultado do equi- líbrio entre duas reações reversíveis entre os doadores e os aceptores de prótons (Figura 13). Na prática, sempre que H+ ou OH- são adicionados em um sistema tampão, o resultado é uma leve mudança na razão entre as concentrações dos ácidos fracos e os ânions. Obedecendo à cons- tante de equilíbrio, o decréscimo na concentração de um dos componentes do sistema aquoso é equilibrado pelo aumento do outro. A soma dos componentes do sistema não muda, somente a razão (VOET; VOET, 2013). https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/9540 UNIDADE 1 35 Caro(a) aluno(a), nesta unidade, você conheceu as funções de um bem extremamente precioso e que não é tão valorizado pela nossa sociedade: a água. Assim, entendeu como ela pode atuar como um solvente e como os componentes estruturais dela contribuem para o bom funcionamento do nosso organismo. Você também compreendeu a importância das características químicas da água para a manutenção dos nossos valores internos de pH. Ao longo da construção do nosso conhecimento, você perceberá que esses conceitos são essenciais para outros temas que abordaremos e serão de extrema importância para outras disciplinas que você terá durante a sua formação. Com os conhecimentos adquiridos nesta unidade, você já tem capacidade crítica para observar o pH de diversas soluções que serão comuns na sua prática clínica ou laboratorial. Qualquer solução aquosa que será injetada no seu corpo, como vacinas ou soro fisiológico, precisam apresentar um pH tamponado, que não modifique intensamente o seu pH corporal. Pastilhas estomacais e bebidas, tais como sucos naturais e cerveja, têm valores de pH característicos. Observe-os na próxima vez que tiver contato. Soluções utilizadas em laboratório para a cultura de células, por exemplo, apresentam sucesso somente em valores ótimos de pH para determinada reação. Kw = [H +] [OH-] OH- H2O HAc Ac- H+ Ka = [H+] [Ac-] [HAc] Ácido acético (CH3COOH) Acetato (CH3COO-) Descrição da Imagem: a figura ilustra, na região superior, a constante de equilíbrio dos prótons e das hidroxilas (Kw=[H=][OH-], en- quanto, na região inferior, é apresentada a constante de equilíbrio do ácido Ka=[H+][Ac-] / [HAc]. À esquerda, temos a fórmula química do ácido acético (CH3COOH) e, à direita, a fórmula do acetato (CH3COO-). Uma seta inferior indica a associação de prótons (H+) no acetato e a formação do ácido acético. Uma seta superior indica a associação da hidroxila (OH-) no ácido acético, com liberação de água (H2O) e formação de acetato. Figura 13 - O par ácido acético-acetato como um sistema tampão / Fonte: Nelson e Cox (2014, p. 64). 36 Na próxima unidade, entenderemos os aminoácidos e as proteínas. Saberemos como essas moléculas são formadas e a importância delas para o organismo. Conseguiremos, ainda, aplicar o conhecimento que tivemos sobre as ligações químicas na formação das estruturas das proteínas. Antes, testaremos os conhecimentos que foram disponibilizados nesta unidade. O mapa mental a seguir apresenta algumas lacunas que você deverá preencher. Primeiro, procure preenchê-lo sem con- sultar o material disponibilizado. Dessa maneira, você poderá identificar as lacunas presentes em seu conhecimento e corrigir elas antes de trabalharmos os assuntos da próxima unidade. Mãos à obra! Par conjugado Ácido doador de H + Ionização H + H idrogênio com carga positiva D ipolo elétrico Escala de Ph Vinagre Água sanitária N eutra Três estados físicos Líquido A lta m ovim entação e desorganização Sólido A lta m ovim entação e alta desorganização Propriedades coligavas Pressão do vapor Ponto de fusão D eterm ina a osm ose Solução isotônica: �ui livrem ente Solução hipertonia: saída Á G U A Básica 37 1. A água é a substância química mais abundante do Planeta Terra. Nos organismos vivos, ela constitui cerca de 70 a 85% do peso corporal. Além disso, desempenha importantes papéis, como a dissolução de íons ingeridos na dieta. Ela apresenta essas características devido às próprias propriedades físicas e químicas, que a tornam importante para a nossa sobrevivência. Sobre as características físicas e químicas da molécula de água, analise as afirmativas a seguir: I) A água tem pontos de fusão e ebulição, e calor de vaporização mais altos que os outros sol- ventes comuns. Essas propriedades são uma consequência da atração entre as moléculas de água adjacentes que oferecem grande coesão interna à água líquida. II) Cada átomo de hidrogênio da molécula de água compartilha um par de elétrons com o átomo central do oxigênio. O formatoespacial, como um tetraedro, dá-se com um átomo de hidrogê- nio presente em cada um dos vértices e pares de elétrons não compartilhados nos outros dois. III) O núcleo do átomo de oxigênio atrai elétrons mais fortemente que o núcleo de hidrogênio, sendo o oxigênio mais eletronegativo. Isso significa que os elétrons compartilhados estão mais frequentemente nas vizinhanças do hidrogênio que a do oxigênio. IV) O dipolo elétrico na molécula de água se dá pelo compartilhamento desigual de elétrons entre os átomos: um polo elétrico ao longo de cada ligação O-H. Cada hidrogênio carrega uma carga parcial negativa e o oxigênio tem uma carga parcial positiva. V) As biomoléculas polares se dissolvem facilmente em água, porque elas podem substituir interações entre as moléculas de água (água-água) por interações energeticamente mais favoráveis entre a água e o soluto (água-soluto). É correto o que se afirma em: a) I, II e III. b) II, III e IV. c) III, IV e V. d) I, IV e V. e) I, II e V. 2. A água é considerada um ótimo solvente pela capacidade dela de interagir com os solutos. Solutos de todos os tipos podem modificar as propriedades coligativas da água, como a pressão do vapor, a pressão osmótica e os pontos de ebulição e de fusão. A concentração dos solutos no meio aquoso pode determinar, inclusive, o movimento das moléculas de água no ambiente. Sobre as interações que ocorrem entre a água e os solutos, analise as afirmativas a seguir: I) O efeito da concentração do soluto nas propriedades coligativas da água é independente das propriedades químicas do soluto, dependendo somente do número de partículas de soluto para uma dada quantidade de água. II) As moléculas de água tendem a se mover de uma região com menor concentração de água para uma área com maior concentração, de acordo com a tendência do universo para um sistema se tornar desordenado. 38 III) As soluções com osmolaridade igual à do citosol de célula são ditas isotônicas em relação àquela célula. Circundada por uma solução isotônica, uma célula nunca ganha ou perde água, porém o movimento da água pode ser constante. IV) Em uma solução hipotônica, a célula pode murchar devido à maior osmolaridade da solução em relação à osmolaridade do citosol. Nesse tipo de solução, a água se move para fora da célula e segue em direção ao ambiente que apresenta menor concentração de água. V) Nas soluções hipertônicas, que apresentam menores osmolaridades, quando comparadas às osmolaridades do citoplasma da célula, o movimento de água ocorre da solução para dentro da célula. Essa entrada descontrolada de água pode promover osmólise. É correto o que se afirma em: a) I e III. b) II, III e IV. c) III, IV e V. d) I, IV e V. e) I, II e V. 3. Embora muitas propriedades dos solventes da água possam ser explicadas em termos de mo- lécula de água não carregada, o pequeno grau de ionização da água nos íons H+ e OH- deve ser levado em consideração. Os ácidos fracos contribuem com um H+, enquanto as bases fracas consomem o H+. A concentração total de íons hidrogênio é experimentalmente mensurável e expressa como o pH da solução. Sobre a escala de pH, analise as afirmativas a seguir: I) A escala de pH é um meio conveniente de designar a concentração de H+ (e, portanto, de OH-) em qualquer solução aquosa. II) Soluções aquosas com pH maior que 7 são chamadas de básicas ou alcalinas, com concen- tração de OH- maior que a concentração de H+. III) Soluções aquosas com pH menor que 7 são soluções ácidas, como o suco de limão e o café preto, com altas concentrações de prótons. IV) Soluções consideradas neutras, como a água pura, apresentam valores diferentes de prótons e hidróxidos. V) Se duas soluções se diferem em pH por uma unidade, isso significa que uma solução apresenta duas vezes mais prótons do que a outra. É correto o que se afirma em: a) I e III. b) II, III e IV. c) III, IV e V. d) I, IV e V. e) I, II e III. 2 Olá, caro(a) aluno(a)! Nesta unidade, conheceremos as característi- cas e as funções das macromoléculas biológicas mais abundantes das nossas células: as proteínas. Começaremos os nossos estudos pelos aminoácidos, as unidades fundamentais das proteínas. As- sim, entenderemos como eles se associam para a formação dos peptídeos e das proteínas. Também compreenderemos como as proteínas se organizam e formam estruturas complexas. Aprende- remos a importância dessas estruturas para as funções das proteí- nas e saberemos como todas essas moléculas são produzidas pelo organismo. Preparado(a)? Aminoácidos e Proteínas Me. Rodrigo Vargas UNICESUMAR 40 Estamos acompanhando a história do Bernardo, um menino muito curioso e que viajou de férias para os sítios dos avós. Ele está intrigado com as várias si- tuações que tem vivenciado. Durante o primeiro dia no sítio, Bernardo ficou curioso em relação à mudança na vegetação, fato que foi causado pela chuva. Diante disso, buscou pelas propriedades da água. Na manhã seguinte, Bernardo sabia que preci- sava acordar cedo, pois a avó sempre o convidava para ajudar a tirar leite das vacas. Enquanto tirava leite, a avó explicou a importância daquela ação. Também relatou que utilizava o leite para produzir queijos e o lembrou que o leite é uma importante fonte de proteínas. Depois disso, Bernardo ajudou a avó a coletar ovos. Naquele momento, novamente, falou sobre as proteínas, agora, presentes nos ovos. Antes de voltarem para dentro de casa, a avó colheu algumas ervilhas, salientando a Bernardo que ele comeria muita proteína naquele dia. O menino ficou intri- gado com tamanha informação! Ele já sabia que os animais e os derivados deles eram fontes de proteí- na, mas as plantas também? Quantas outras fontes de proteínas poderiam estar presentes nas refeições de um único dia? Você já fez essa pergunta? Certamente, você já conhecia diversas fontes de proteínas. O leite é um alimento com grande quan- tidade de proteína, assim como é na grande maioria dos derivados dele. Os ovos estão presentes na vida de diversos animais, assim como nas dietas deles. Eles são uma fonte fácil e barata de proteínas para a dieta humana. Também podem ser consideradas as carnes in- geridas nas mais variadas preparações. Além disso, diversos vegetais podem ser fontes de proteínas, como o grão-de-bico, a ervilha, a aveia, as nozes, o arroz e o feijão, dois elementos que não faltam no prato dos brasileiros. Talvez, realmente, este seja o momento de entendermos melhor a função das proteínas no nosso corpo, não é mesmo? UNIDADE 2 41 Você já se perguntou do que as proteínas são for- madas? Quais são os elementos fundamentais para a construção de uma proteína? Como esses elementos se organizam para construir os mais variados tipos de estruturas? Quais estruturas são formadas de pro- teínas nos corpos de animais e plantas? Pare a leitura por um momento e busque por essas informações na internet. Você perceberá que existe um mundo de possibilidades e as proteínas estarão presentes. Em sua busca, você deve ter percebido que as pro- teínas são formadas por aminoácidos, que se associam por diversos tipos de ligações químicas e, inclusive, utilizam as ligações de hidrogênio. Você também deve ter observado que as proteínas dependem de formas organizadas para desempenhar as funções delas. As proteínas podem estar presentes nas enzimas, nos hormônios, nos anticorpos, nas fibras musculares, nas penas, nas teias de aranha, nos chifres de rinoce- rontes e nos antibióticos, por exemplo. Praticamente todas as formas de vida dependem de proteínas para estrutura, função e sobrevivência. Isso não é incrível? Para não se esquecer de nenhum detalhe, utilize o seu diário de bordo. Anote todas as informações que você encontrou em sua pesquisa. UNICESUMAR 42 As proteínas estão em praticamente qualquer pro- cesso que possa ocorrer dentro ou fora de uma célula e têm uma diversidade infinita de funções. Para compreender um processoque ocorre no corpo humano, você precisa estudar a função de uma ou mais proteínas. Milhares de proteínas dife- rentes podem estar presentes em uma única célula. Além disso, todas as características que herdamos dos nossos antecessores são expressas por meio de proteínas que são construídas com as instruções presentes no nosso DNA (ALBERTS et al., 2017). Todas as proteínas presentes em qualquer forma de vida são elaboradas a partir do mesmo conjunto complexo de 20 aminoácidos covalentemente ligados em estruturas lineares. Os aminoácidos são as unidades fundamentais das proteínas, assim como as letras do alfabeto são essenciais para a construção de todas as palavras que utilizamos. Contudo, diferentemente das letras do alfabeto, existem apenas 20 aminoácidos diferentes, cada qual com características químicas específicas. Da mesma maneira que as palavras da língua portu- guesa, as proteínas podem ser construídas com os mais variados tamanhos e significações. Os 20 tipos de aminoácidos comuns são α-ami- noácidos. Eles apresentam um grupamento ami- no e um grupo carboxil ligados quimicamente ao mesmo átomo de carbono, o chamado carbono α (Figura 1). Os aminoácidos se diferem entre si pelas cadeias laterais, também chamadas de grupos R (R = radical). Os grupos R se diferem em estrutu- ra, tamanho e carga elétrica, podendo influenciar na interação dos aminoácidos com a água. Outros aminoácidos estão presentes nos organismos vivos, mas não fazem parte da estrutura de proteínas e não integram os 20 mais conhecidos. Os mais comuns são designados com abreviações de uma ou de três letras, a fim de facilitar a indicação da composição de proteínas e, mais importante, a sequência correta dos aminoácidos polimerizados nessas proteínas (Tabela 1) (NELSON; COX, 2014). Nós entende- remos que a sequência correta de aminoácidos em uma proteína é fundamental para a função dela no organismo vivo. UNIDADE 2 43 Descrição da Imagem: a figura apresenta a estrutura química de um aminoácido qualquer por meio de quadros. O primeiro quadro, à esquerda, representa o grupamento amino. Nele, há uma bola azul com um “N”, a fim de simbolizar o nitrogênio, o qual se liga a duas bolas cinzas com um “H”, com o intuito de representar os hidrogênios, presentes à esquerda. À direita, uma bola preta com um “C” no centro representa o carbono, o qual se liga a bolas vermelhas com um “O”, que representam o oxigênio. Em uma das bolas, há dois traços de ligação representando uma ligação dupla. Na outra, há um único traço representando uma ligação simples. Na bola vermelha de ligação simples, encontra-se uma bola cinza ligada, a fim de simbolizar o hidrogênio. Todas as estruturas à direita estão envolvidas por um quadrado que representa o grupamento carboxila. No centro inferior da imagem, um quadrado verde com um “R” no centro representa o grupo R. Ele está envolto por um retângulo que simboliza a cadeia lateral. No centro da imagem, uma bola preta com um “C” no centro representa o carbono alfa. Ele se liga a uma bola cinza, que simboliza o hidrogênio, ao grupo amino, ao grupo carboxila e à cadeia lateral. Figura 1 - Estrutura geral de um aminoácido GRUPO AMINO CADEIA LATERAL GRUPO CARBOXILA Aminoácido Abreviação Símbolo Ocorrência em proteínas (%) Grupos R alifáticos, apolares Glicina Gly G 7,2 Alanina Ala A 7,8 Prolina Pro P 5,2 Valina Val V 6,6 Leucina Leu L 9,1 Isoleucina Ile I 5,3 Metionina Met M 2,3 UNICESUMAR 44 Aminoácido Abreviação Símbolo Ocorrência em proteínas (%) Grupos R aromáticos Fenilalanina Phe F 3,9 Tirosina Thy Y 3,2 Triptofano Trp W 1,4 Grupos R polares, não carregados Serina Ser S 6,8 Treonina Thr T 5,9 Cisteína Cys C 1,9 Asparagina Asn N 4,3 Glutamina Gln Q 4,2 Grupos R carregados positivamente Lisina Lys K 5,9 Histidina His H 2,3 Arginina Arg R 5,1 Grupos R carregados negativamente Aspartato Asp D 5,3 Glutamato Glu E 6,3 Tabela 1 – Propriedades e convenções associadas aos aminoácidos comuns encontrados em proteínas Fonte: adaptada de Nelson e Cox (2014). Com exceção da glicina, em todos os aminoácidos comuns, o carbono α está associado a quatro ligantes diferentes: um grupo amino, um carboxil, um hidrogênio e um grupo R. Na glicina, o grupo R é outro átomo de hidrogênio. Assim, o car- bono α é considerado um centro quiral (do grego, chiros, que é equivalente à “mão”). Devido à organização espacial dos íons ao redor do carbono quiral, os quatro grupos diferentes podem ocupar dois lugares possíveis. Dessa maneira, os aminoácidos apresentam dois possíveis estereoisômeros (Figura 2) (alguns estereoisômeros estão es- truturalmente relacionados da mesma forma que a mão direita está relacionada à esquerda). Esses estereoisômeros são imagens especulares um do outro, não sobreponíveis (assim como a mão direita não se sobrepõe perfeitamente à mão esquerda), com as duas formas representando uma classe de estereoisômeros de- nominada enantiômeros. Além disso, todas as moléculas que têm um centro quiral são opticamente ativas, com a capacida- de de modificar o plano da luz polarizada (VOET; VOET, 2013). UNIDADE 2 45 Naturalmente, os compostos biológicos são encontrados somente em uma das formas estereoisoméricas: D ou L. Quase todos os resíduos de aminoácidos são encontrados na forma L. Para a construção de pro- teínas em nosso organismo, é importante que os aminoácidos sejam somente de um tipo estereoquímico. Para as suas células, os estereoisômeros L e D são tão diferentes quanto os seus pés direito e esquerdo. Essas células têm a capacidade de sintetizar somente os isômeros L. Isso acontece, porque as enzimas têm sítios ativos assimétricos, em que somente as reações estereoespecíficas podem ser realizadas (VOET; VOET, 2013). Em outras palavras, se as suas enzimas têm um sítio de ligação L, as suas proteínas precisarão ser necessariamente L, da mesma forma que o seu pé esquerdo não se encaixa corretamente no tênis a ser utilizado pelo pé direito. Conhecer essas propriedades dos aminoácidos é fundamental para que possamos classificar esses compostos de acordo com as propriedades dos grupos R, as polaridades ou as tendências, ao interagi- rem com a água em pH neutro (7,0). A polaridade dos grupamentos R podem variar de hidrofóbicos a extremamente hidrofílicos. Cinco classes principais podem ser identificadas. Em cada uma, existem graduações de polaridade, tamanho e formato do grupo R (Figura 3) (NELSON; COX, 2017). Descrição da Imagem: a figura apresenta a estrutura química (presente na parte superior) e a disposição espacial (presente na parte inferior) do aminoácido serina. Nos esquemas, encontram-se os mesmos constituintes químicos. Contudo, as duas imagens à direita são um reflexo espelhado das imagens presentes à esquerda. Nas figuras inferiores, encontram-se bolas coloridas, unidas por hastes pretas, a fim de representar os diferentes íons que fazem parte da estrutura da serina. Figura 2 - Estereoisomerismo no aminoácido serina L-SERINA D-SERINA UNICESUMAR 46 Descrição da Imagem: a figura apresenta os 20 aminoácidos comumente encontrados em proteínas. Os 20 aminoácidos estão agrupados em cinco retângulos distintos, de acordo com a propriedade das cadeias químicas. Dentro dos “Grupos R apolares alifáticos”, há sete cadeias químicas dos aminoácidos: glicina, alanina, prolina, valina, leucina, isoleucina e metionina. Dentro dos “Grupos R aromáticos”, há três fórmulas químicas dos aminoácidos: fenilalanina, tirosina e triptofano. Dentro dos “Grupos R carregados positivamente”, há três fórmulas químicas dos aminoácidos: lisina, arginina e histidina. Dentro dos “Grupos R polares não carregados”, há sete fórmulas químicas dos aminoácidos: serina, treonina, cisteína, asparagina e glutamina. Dentro dos “Grupos R carregados negativamente”, há duas fórmulas químicas dos aminoácidos: aspartato e glutamato. Por fim, ainda é indicado que, na parte superior de cada cadeia quí- mica, existem composições comuns
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