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POEMAS ESCOLHIDOS
GREGÓRIO DE MATOS
MARIA ANITA E RENATA
‹#›
AOS CARAMURUS DA BAHIA
Um calção de pindoba, a meia zorra,
camisa de urucu, mantéu de arara,
em lugar de cotó, arco e taquara,
penacho de guarás, em vez de gorra.
Furado o beiço, sem temer que morra
o pai que lho envazou cuma titara,
porém a mãe a pedra lhe aplicara
por reprimir-lhe o sangue que não corra.
Alarve sem razão, bruto sem fé,
sem mais eis que a do gosto, quando erra,
de Paiaiá tornou-se em abaité.
Não sei onde acabou, ou em que guerra:
só sei que deste Adão de Massapé
procedem os fidalgos dessa terra.
‹#›
 ANÁLISE:
No poema Aos caramurus da Bahia, acontece uma crítica aos falsos nobres da cidade de Salvador. Os fidalgos não passavam de descendentes de Caramuru. É importante destacar o contexto da época, os índios eram vistos como seres inferiores. Portanto, sugerir que o sangue indígena corria nas veias dos fidalgos da Bahia configurava-se em uma ofensa. 
‹#›
DEFINE SUA CIDADE
De dois ff se compõe
Esta cidade a meu ver,
Um furtar, outro foder.
Recopilou-se o direito, 
E quem o recopilou
Com dois ff o explicou 
Por estar feito e bem feito:
Por bem digesto e colheito, 
Só com dois ff o expõe,
E assim quem os olhos põe
No trato, que aqui se encerra,
Há de dizer que esta terra
De dois ff se compõe.
Se de dous ff composta
Está a nossa Bahia,
Errada a ortografia
A grande dano está posta:
Eu quero fazer aposta,
E quero um tostão perder,
Que isso a há de perverter,
Se o furtar e o foder bem
Não são os ff que tem
Esta cidade a meu ver.
Provo a conjetura já prontamente com um brinco:
Bahia tem letras cinco que são BAHIA, logo ninguém me dirá
que dous ff chega a ter 
Pois nenhum contém sequer, 
Salvo se em boa verdade
São os ff da cidade
um furtar, outro foder.
 ANÁLISE:
No poema Define sua cidade, Gregório faz uma crítica sobre sua sociedade. Ele vem demonstrando que sua cidade se compõem de dois ff, o de furtar e o de foder, e que a Bahia que ele mora nunca irá melhorar e ele apostará com quem o descordar.
AS COUSAS DO MUNDO
Neste mundo é mais rico o que mais rapa:
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa;
Com sua língua, ao nobre o vil decepa:
O velhaco maior sempre tem capa.
Mostra o patife da nobreza o mapa:
Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
Quem menos falar pode, mais increpa:
Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.
A flor baixa se inculca por tulipa 
Bengala hoje na mão, ontem garlopa,
Mais isento se mostra o que mais chupa.
Para a tropa do trapo vazo a tripa
E mais não igo, porque a Musa topa
Em apa, epa, ipa, opa, upa.
 ANÁLISE:
No poema As cousas do Mundo, Gregório fala sobre as diferenças sociais no mundo e como elas geram injustiças, favorecendo os mais ricos, como no verso: “ Quem dinheiro tiver, pode ser Papa”. Nessa frase diz que quem tem mais dinheiro pode ser o quiser.
 EXERCÍCIO:
(FATEC-2002) Devido quer aos hábitos linguísticos quer às preferências literárias de sua época, o autor vale-se de algumas palavras e expressões que poderiam ser “traduzidas” para uma forma contemporânea e mais corrente. Assinale a alternativa em que aparece o equivalente de sentido adequado ao contexto:
 a) “[...] ao nobre o vil decepa”= o nobre corta o mal pela raiz. 
b) “[...] é mais rico o que mais rapa” = é tanto mais rico aquele que rouba mais.
 c) “Quem mais limpo se faz, tem mais carepa” = quem mais se limpa, mais perde cabelos. 
d) “O velhaco maior sempre tem capa” = idosos têm mais necessidade de agasalho.
 e) “A flor baixa se inculca por tulipa” = a flor rasteira teima em crescer mais alto.
 À CIDADE DA BAHIA
Triste Bahia! Ó quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado,
Pobre te vê a ti, tu a mi empenhado,
Rica te vi eu já, tu a mi abundante.
 
A ti trocou-te a máquina mercante,
que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando e tem trocado,
Tanto negócio e tanto negociante
Deste em dar tanto açúcar excelente
Pelas drogas inúteis, que abelhuda
Simples aceitas do sagaz Brichote.
 
Oh! se quisera Deus que de repente
Um dia amanheceras tão sisuda
que fora de algodão o teu capote!
 ANÁLISE:
 A poesia satírica é uma das características de Gregório de Matos. No poema À cidade da Bahia, o poeta critica a exploração da Bahia por comerciantes estrangeiros, especialmente os ingleses, ação que opera uma transformação tanto no lugar quanto na vida dele.
 EXERCÍCIO:
(PUC-SP 2019) Leia atentamente os versos destacados do poema “À Cidade da Bahia” de Gregório de Matos, escrito no final do século XVII.
Triste Bahia! Ó quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
Rica te vi eu já, tu a mi abundante.
A ti trocou-te a máquina mercante,
Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi me trocando, e tem trocado,
Tanto negócio e tanto negociante.
O poeta Gregório de Matos nasceu na Bahia, em 1636, e morreu em Recife, em 1696. Sua obra está extremamente identificada com a Bahia e, em especial, com Salvador, onde viveu parte significativa de sua vida.
Neste poema, Gregório expressou uma certa mágoa com sua terra natal. Assinale a alternativa que melhor identifique essa mágoa associando-a com o contexto histórico da época.
A) Trata-se da abertura dos portos da Bahia à máquina mercante, ou seja, ao comércio estrangeiro, possibilitando a entrada de produtos de outros lugares, notadamente ingleses, que concorriam com os nacionais e geravam a ascensão de uma nova camada social – a de ricos comerciantes.
B) Está ligada à crítica a um certo novo estado, em contraposição ao antigo estado, citado no poema como parte da lembrança do poeta de como, para ele, a Bahia era maravilhosa, autônoma e organizada em torno de uma poderosa indústria que, agora aberta à concorrência estrangeira, estaria fadada ao fracasso.
C) Liga-se ao estado de pobreza em que se encontrava a Bahia no momento em que o poema foi escrito, já que o poeta viveu tempos de abundância durante o auge das exportações de cacau, principal produto de então, gerando, durante o início do século XVII, abundância e riqueza concentradas nas mãos dos grandes latifundiários locais.
D) Vinculava-se ao momento em que a Bahia estava passando, com forte crise do açúcar e escassez de escravos, devido à concorrência dos franceses, que passaram a monopolizar o comércio açucareiro e o tráfico negreiro desde meados do século XVII.

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