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Cadernão- Zoologia de Invertebrados

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1. CLASSIFICAÇÃO E TAXONOMIA
IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DA BIODIVERSIDADE
Biodiversidade é o nome que a biologia usa para designar a variedade das espécies de seres vivos viventes no planeta Terra ou em uma determinada região. A Biodiversidade do Planeta Terra está estimada em 8,7 milhões de espécies, muita ainda por serem descobertas.
Cada espécie do planeta, extinta ou vivente, tem um patrimônio genético que pode ajudar a reconstruir a história da evolução do grupo à qual pertence, além de contribuir para entender melhor a evolução das espécies como um todo. Portanto, cada espécie no planeta tem uma importância evolutiva singular para o estudo da biologia. 
Além disso, cada ser vivo desempenha um papel ecológico importante para manutenção do equilíbrio do ecossistema o qual está inserido, conhecer esses seres vivos e como eles se relacionam uns com os outros pode ajudar nos esforços para preservação ambiental e para redução dos impactos que os homens causam na biodiversidade, daí deriva a importância ecológica de estudar os seres vivos. 
A importância econômica da biodiversidade também tem que ser levado em consideração no estudo da biodiversidade, fora os benefícios diretos que plantas, animais e microrganismos nos fornecem como, madeira, frutos, carne, lã, mel e etc. a biodiversidade também trabalha na regulação do clima (vegetais), na produção de oxigênio (algas), na ciclagem de nutrientes e substâncias químicas (microrganismos) e alguns têm valor cultural e espiritual para as populações, os ursos para os povos indígenas dos Estados Unidos, as vacas para os hindus, os cães para as populações ocidentais. Esses benefícios que a biodiversidade prover ao homem é chamado de serviços ecossistêmicos e atualmente eles são um eixo central na discussão de sustentabilidade e meio ambiente.
BIODIVERSIDADE ANIMAL
Até agora o grupo mais diverso de seres vivos que existem são os animais, dentre os animais o grupo dos insetos se destaca como o grupo mais diverso de organismos viventes com quase um milhão de representantes. 
O estudo dos animais é uma área das áreas das ciências biológicas e se chama Zoologia. Hoje mais do que nunca, fica claro que para estudar os animais é necessário organizar e nomear essa biodiversidade. Para isso os cientistas procuram padrões que se repetem nos animais, esses padrões podem morfológicos, comportamentais e atualmente, genéticos. 
Animais com padrões semelhantes são incorporados a grupos, esses grupos são chamados de táxons. Táxons podem ser grupos muito abrangentes como o táxon dos mamíferos, por exemplo, no entanto, também podem ser grupos mais específicos, como o gênero Canis, que tem apenas lobos e cachorros como representantes. Em outras palavras táxon é qualquer agrupamento de animais com base em um padrão observado ou estudado. 
A taxonomia ou classificação biológica é o esforço que os biólogos exibem em tentar organizar animais em táxons. Como já dito alguns táxons são mais abrangentes que outros, logo, há uma hierarquia entre os mesmos, um táxon está inserido dentro de outro. 
A taxonomia é uma ferramenta da sistemática, a parte da biologia que organiza a vida sistematicamente. Existe sistemática zoológica, quando é feita com animais, sistemática botânica, quando é feita com vegetais ou algas, sistemática microbiológica, que trata de bactérias, sistemática virológica, que trata dos vírus. Neste material todas as regras classificação e organização valem apenas para animais, tendo em vista que existem diferenças da sistemática zoológica para as outras. 
SISTEMATICA ZOOLOGICA TRADICIONAL
O primeiro registro que se tem notícia de classificação de animais foi feito por Aristóteles, Séc. IV a.C, Aristóteles levou em consideração aspectos superficiais como cor E temperatura do sangue, mobilidade e etc. Os trabalhos Aristóteles foram levados em consideração até o século XVIII quando o sueco Carl Von Linné, conhecido como Linnaeus lançou seu sistema da classificação, uma publicação chamada Systema Naturae. Lineu levava muito em consideração padrões anatômico para classificação dos organismos, isto é, Lineu observava a estrutura corporal dos animais para classifica-los. 
Lineu sistematizou mais firmemente a hierarquia existente entre os táxons, ele elegeu Espécie como o táxon mais básico, ao reunir espécies semelhantes entre si temos o gênero, gêneros semelhantes formavam uma ordem, ordens semelhantes entre si formavam uma classe, e essas por fim formavam um Reino.
Após elaborar essa hierarquia Lineu criou família para agrupar os gêneros, logo, essa ficou abaixo de ordem, e entre reino e classe criou os filos. Então a hierarquia fica: 
UM CONCEITO BIOLÓGICO DE ESPÉCIE
Como se pode ver a categoria mais basal da hierarquia é espécie, quando se pergunta “O que é um filo?” pode se dizer que é o conjunto de ordens semelhantes, o mesmo com a ordem, com a família e assim sucessivamente. Só não é possível fazer isso com o conceito mais basal, que é espécie, portanto, é necessário diferenciar o conceito de espécie, dos outros níveis.
Para muitos biológicos é difícil conceituar o que é uma espécie. Darwin, 1859, inclusive acreditava que essa definição era desnecessária para seu trabalho tendo em vista que o conceito nunca ia abarcar toda a diversidade de possibilidades do que pode vir ser uma espécie. 
No entanto, no início do século XX dois naturalistas esboçaram um conceito de espécie, Ernest Mayr e Theodosius Dobzhansky disseram que a espécie é um grupo de populações cujos indivíduos são capazes de cruzar e gerar descendentes férteis, ou seja, estão isolados reprodutivamente de outras espécies em condições naturais. 
O principal critério para se definir uma espécie é a reprodução, se dois indivíduos de uma população podem reproduzir na natureza e gerar descentes férteis, então os dois constituem uma espécie distinta. Alguns indivíduos de espécies diferentes conseguem reproduzir e gerar descentes, como a égua (Equus caballus) e o jumento (Equus asinus), no entanto, os descentes quase sempre são estéreis. 
Em outro caso, tigres (Panthera tigris) e leões (Panthera leo) podem cruzar e deixar descentes férteis, o hibrido chamado tigon. No entanto o cruzamento só é possível em cativeiro tendo em vista, que habitat do leão é a savana africana e dos tigres, as florestas da Ásia central, ou seja, estão isolados geograficamente. Na imagem abaixo, mostra-se um Tigon. 
NOMECLATURA BINOMIAL
Outra contribuição fundamental de Lineu foi a proposição do Nome Científico para se referir aos animais e aos seres vivos de maneira geral. Lineu arranjou um jeito de representar o gênero e a espécie na sua proposição. Os nomes científicos são compostos por duas palavras em latim, a primeira palavra representa o gênero e a segunda a espécie, comumente chamadas de epíteto genérico e epiteto especifico respectivamente, a primeira palavra sem começa com letra maiúscula e a segunda com letra minúscula, as duas devem estar destacadas do texto. Como nos exemplos:
-Lobo: Canis lupus
-Cão: Canis familiaris 
Essas duas espécies pertencem ao mesmo gênero Canis, porém, são espécies diferentes, como determina os últimos nomes, lupus e familiaris. 
A nomenclatura dos animais segue as ordens do Código Internacional de Nomenclatura zoológica, a última edição é de 2000 e é a quarta edição do código, a primeira é de 1902. 
O objetivo de tanto rigor na nomenclatura de animais é facilitar a comunicação cientifica. Para isso o código tem 4 princípios fundamentais para nomenclatura zoológica.
Principio 1 - Estabilidade: A partir do momento que um nome é dado a um animal, esse nome não pode ser mudado nunca mais sem justificativa contundente, isso permite que pesquisadores do início do século e do final do mesmo século, entendam que estão falando dos mesmos animais. 
Principio 2 - Universalidade: o nome dado a um animal é universal, isso facilita a comunicação, pois exclui a possibilidade de existência de nomes regionais. 
Principio 3 - Unicidade: cada espécie deve ter apenas um nome, isso impossibilita que uma mesmaespécie tenha mais de um nome. 
Principio 4 - Distinção: Impossibilita que mais de uma espécie tenha o mesmo nome, portanto o nome de uma espécie deve ser distinto das outras. 
OBS 1: Chama-se homonímia o caso de diferentes espécies com o mesmo nome.
OBS 2: Chama-se Sinonímia o caso de mais de um nome para uma mesma espécie
OBS 3: Em caso de homonímia ou sinonímia, a prioridade de nomenclatura é do mais antigo. No primeiro caso, o nome dado primeiro valeo segundo cai em desuso. No segundo, a primeira espécie descrita fica com o nome e a segunda tem que ter o nome revisado. 
Seguidas essas regras, o pesquisador tem a liberdade para dar o nome que quiser ao animal. 
Exemplos de nomenclatura: 
	Nome vulgar
	Nome ciêntifico
	Cachorro
	Canis familiaris
	Humano
	Homo sapiens 
	Gato doméstico 
	Felis catus
	Vespa australiana
	Aha há
	Mosca Australiana
	Scaptia beyoncea
UM CONCEITO DE SUBESPÉCIE E RAÇA GEOGRAFICA
Uma população de determina espécie pode crescer e se espalhar por diversos ambientes, formando várias subpopulações. Devido as necessidades ambientais de cada local, uma subpopulação pode se modificar, dando origem a uma variante daquela espécie. Esse processo no qual uma população original da origem a várias subpopulações com características próprias é chamado de radiação adaptativa. 
Essa subpopulações que surgem por radiação adaptativa e podem ser diferenciadas por padrões precisos são chamadas de subespécies ou raças geográficas. 
Surge assim, um nível taxonômico abaixo de espécie, assim então a necessidade de nomenclatura se faz presente. Para dar nome a subespécie basta acrescentar mais um nome ao epiteto especifico, na nomenclatura binomial. Alguns cientistas acreditam que os homens neandertais, que ocupavam a Europa e hoje estão extintos, são uma subespécie de Homo sapiens, logo, se essa hipótese for correta seu nome cientifico é Homo sapiens neanderthalensis. A outra subpopulação que não é neandertal se chama Homo sapiens sapiens. Para refletir? 
Considerando que a espécie humana surgiu na África, daí colonizou quase toda a Terra e por isso modificou e diversificou suas características físicas de uma população para outra. Caucasianos, asiáticos, africanos, ameríndios seriam resultados da radiação adaptativa da espécie humana? Seria possível dizer que os seres humanos formaram raças geográficas e subespécies?
SISTEMÁTICA FILOGENÉTICA E ORIGEM DOS ANIMAIS
QUANDO A EVOLUÇÃO TOCA A SISTEMÁTICA
Lineu contribuiu muito para o estudo e catalogação dos animais, no entanto, ele era fixista, acreditava que os seres vivos foram criados com número fixo e esse número foi determinado por Deus durante a criação. Lineu nunca ouviu falar em modificação por seleção natural ou evolução, até porque Lineu morreu ainda no século XVIII e a teoria da evolução de Darwin só foi divulgada em 1859, no século XIX. 
A teoria da evolução diz que a vida surgiu apenas uma vez e que todos os seres vivos que existem atualmente derivam de um ancestral comum, no final de século XIX e início do século XX, a sistemática tradicional incorporou os estudos de evolução em sua metodologia, dando origem a um novo tipo de classificação dos seres vivos, a sistemática filogenética. 
Ao contrário da sistemática tradicional o objetivo da sistemática filogenética não é apenas organizar a biodiversidade, mas também representar a relação de parentesco dos seres vivos, além de compreender como aconteceu a diversificação dos seres vivos. 
A tendência é que se abandone a sistemática tradicional, em virtude de ela muitas vezes não refletir em termos biológicos a evolução dos seres vivos, por isso são criadas inúmeras categorias intermediarias para tentar englobar a evolução da maneira como ela é, exemplos: Infraordem, subfamília, subgênero, superfamília e etc. O fato é que é impossível colocar a diversidade de processos evolutivos nas mesmas caixas para todos os seres vivos. 
Por isso os sistematas (Estudiosos da sistemática) modernos tendem a usar apenas uma categoria chamada clado. 
A incorporação da evolução à taxonomia e o nascimento da sistemática filogenética dá bases cientificas para classificação dos seres vivos, antes desse marco, qualquer um poderia fazer uma classificação com bases em critérios subjetivos. Lineu fez da maneira mais objetiva possível, mas sua análise não era cientifica, portanto, não diferia da maioria das outras analises da época. 
ÁRVORES FILOGENÉTICAS
Com o advento da sistemática filogenética as classificações se tornaram genealogias ou arvores genealógicas, semelhantes, as usadas na genética de famílias. Em sistemática essas árvores são chamadas de filogenias ou árvores filogenéticas (Do Grego Phylon: Grupo, e Genesys, origem).
Nas arvores filogenéticas a divisão de um ramo em dois significa que uma espécie ancestral se separou em duas novas espécies, indo ao ponto que ocorreu a separação temos um nó. 
NÓ
Esse nó representa o ancestral que deu origem as duas espécies ou grupos finais do ramo.
Antes da sistemática filogenética o critério mais utilizado para classificação dos seres vivos era a morfologia do corpo animal, em alguns casos leva-se também em consideração o comportamento e a fisiologia. A maior contribuição das filogenias para a sistemática moderna vem da biologia molecular, com a descoberta do DNA e os avanços na manipulação do mesmo. A semelhança nas sequencias de DNA, ou seja, a semelhança entre os genes das espécies passou a ser um critério utilizado para agrupar espécies em clados, além de aproximar ou afastar espécies que antes tinham alguma relação parentesco. 
A proposta da sistemática filogenética baseia-se estritamente na ideia de ancestralidade evolutiva, ou seja, a ideia de que se uma novidade evolutiva surgiu em uma espécie ancestral todos os descendentes dessa espécie herdarão essa característica. 
Partindo dessa premissa todo grupo que compartilha uma característica herdada de um ancestral constitui um clado. 
Por exemplo, o grupo dos artrópodes tem representantes com número variado de pernas, aracnídeos tem oito, crustáceos podem ter 10 ou 12, miriápodes (lacraias e embuás) podem ter dezenas, no entanto, um grupo de artrópodes tem seis pernas apenas, então julga-se que essa modificação aconteceu em um ancestral e esse ancestral passou essa característica aos seus descendentes, esse grupo é conhecido como Hexapoda, e engloba todos os insetos. Então Hexapoda é um clado que está incluído no clado dos artrópodes (no qual a característica ancestral é a presença de pernas articuladas). 
No exemplo a característica herdada é presença de 3 pares de pernas nesse grupo de artrópodes, quando uma novidade surge em um ancestral é herdada caracterizando um grupo de espécie a ponto de formarem um clado chamamos sinapomorfia.
Uma sinapomorfia não é o suficiente para formar um clado, são usadas várias em conjuntos com dados moleculares. Assim, é possível reunir em um grupo apenas organismos que tem história evolutiva semelhante, reconstruindo assim, o percurso da vida na terra. 
Um Grupo de animais que apresenta uma sinapomorfia vindo de um único ancestral é chamado de grupo monofilético, em outras palavras, um grupo monofilético, inclui um ancestral que carrega uma determinada característica e todos os seus descendentes. 
A classificação moderna e a antiga entram em conflito em vários grupos animais, veja o exemplo. 
Ex 1: Concordância
O grupo conhecido tradicionalmente como mamífero é um grupo monofilético. Os mamíferos têm a presença de pelos e a amamentação como sinapomorfias do grupo, o que sugere a presença de um ancestral comum que se diversificou em todos do grupo que hoje conhecemos. 
Ex 2: 
Já o grupo conhecido tradicionalmente como repteis não constitui um grupo monofilético, para os pesquisadores atuais, as aves tem muitas sinapomorfias com os dinossauros extintos, inclusive a presença de penas, a quantidade de cavidades no coração, o bico e outras características anatômicas, portanto, a sugestão que se tem é de que aves descendem de um grupo de repteis, portanto,são descendentes diretos dos repteis. Se o grupo atual dos repteis inclui o ancestral e todos os descentes atuais, mas excluem as aves dessa classificação, ele não constitui um grupo monofilético e sim, parafilético (um grupo que não inclui todos os descentes de um único ancestral).
Para os cientistas atuais os repteis só seriam um grupo monofilético caso incluíssem as aves na filogenia, como mostrado na figura. 
A classificação baseada em dados filogenéticos modificou e ainda modifica muitos grupos formados pela classificação tradicional, a mudança mais recente é a inclusão dos cupins, que antes tinham um grupo próprio chamado Isoptera, na ordem das baratas, chamada Blatodea. 
ORIGEM E CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS ANIMAIS
O Reino Animalia ou Metazoa está incluído no Domínio Eukarya e tem como representantes todos os seres vivos conhecidos popularmente como animais. 
Três características são comumente citadas para a caracterização desse reino: os animais são seres vivos heterotróficos, multicelulares e eucarióticos. 
Essas características se olhadas separadas não são únicas dos animais. A principal sinapomorfia dos animais é presença da blástula durante o desenvolvimento embrionário. Após a fecundação, o embrião recém formado se divide várias vezes dando origem a uma estrutura de células maciça chamada de mórula, a mórula se desenvolve em uma bola com uma cavidade interna chamada blástula. 
A blástula está presente em todos os animais e ausente em todos os outros grupos de seres vivos, logo, a ideia de que ela surgiu no ancestral dos animais e foi herdada por todos os descendentes desse, logo, o reino animália é monofilético. 
Atualmente, a hipótese mais aceita sobre origem e evolução dos metazoários é que a associação colonial de protozoários deu origem aos grupos mais basais de animais. Essa hipótese é sustentada pela semelhança celular entre as esponjas e os coanoflagelados, um filo de protozoários coloniais, ambos têm células uniflageladas com um colarinho de micro-vilosidades, essa célula é chamada de coanócito. 
Essa semelhança classifica os coanoflagelados como grupo irmão dos animais, como mostra o cladograma.
2. PORÍFEROS 
As esponjas do Mar são classificado dentro do Filo Porífera, um grupo de animais que vive aderidos ao substrato aquático, são predominantemente marinhos, mas algumas poucas espécies vivem em água doce.
ESPONGIOCELA
São animais assimétricos, não há como dividir o corpo em partes iguais, ao contrário de todos outros animais. Além disso, as células dos poríferos não ficam aderidas a uma lamina basal, uma estrutura molecular de colágeno. Por isso, dizemos que os poríferos não formam tecidos verdadeiros, como os outros animais formam. Em virtude dessas características os poríferos são classificados em um clado chamado Parazoa. 
ORGANIZAÇÃO CORPORAL E CELULAR DOS PORÍFEROS
Esponjas são animais filtradores, portanto, sua organização corporal deve privilegiar a circulação de água pelo corpo. A água penetra pelos inúmeros poros presentes no corpo do animal (daí o nome porífero), os poros se abrem em uma cavidade interna chamada espongiocela. A água expelida da espongiocela pelo osculo, uma grande abertura no topo do animal. 
A espongiocela é revestida de Coanócitos, células flageladas com o colar de micro-vilosidades. Os Coanócitos são muito importante para nutrição do animal, o batimento dos flagelos cria correntes de água que ajudam a trazer os nutrientes e oxigênio, além de afastarem a água com excretas e gás carbônica. Ou seja, o movimento da água pelo corpo do animal é feito pelo batimento dos Coanócitos. 
Nas esponjas mais simples, a espongiocela é grande e revestida de Coanócitos, esse tipo de organização corporal é conhecida como asconoide. Esse modelo corporal limitava o crescimento do porífero, tendo em vista que água tem que circular próxima aos Coanócitos para nutrição acontecer. Para resolver isso, algumas esponjas criaram pregas na espongiocele, formando canais impregnados por Coanócitos, melhorando assim a filtração da água. Os canais flagelados são característicos da organização corporal siconoide. Algumas esponjas aumentaram ao máximo o tamanho corporal, desenvolvimento câmaras revestidas de Coanócitos, melhorando assim ao máximo a absorção de nutrientes. Nessas esponjas, a espongiocela é reduzida a um pequeno túnel por onde água com restos e gás carbônico sai. A presença de câmaras flageladas caracteriza a organização corporal leuconoide. 
Essa evolução na organização do corpo, com a progressiva redução da espongiocela e formação de canais e câmaras flageladas, permitiu o aumento corporal gigantesco das esponjas e sua sobrevivência até os dias atuais. 
REPRODUÇÃO, REGENERAÇÃO E DEFESA
As esponjas tem grande capacidade de regeneração, um pedaço do animal pode dar origem a outra esponja idêntica a original. Essa capacidade advém dos amebócitos células totipotentes com grande capacidade de divisão e diferenciação celular.
As esponjas tem reprodução assexuada por brotamento. Ao se dividirem as células do animal originam uma expansão do corpo, o broto. O broto pode se separar ou ficar junto do genitor gerando uma colônia. 
As esponjas também tem reprodução sexuada, a maturação sexual é diretamente influenciada pela temperatura da água, no verão as esponjas machos liberam os espermatozoides na água pelos ósculos. Normalmente, a fecundação das esponjas é interna.
Muitas esponjas produzem compostos químicos para se defender de predadores, como alcaloides. Além de várias substancias antibióticas para combater infecções por microrganismos. 
3. CNDIDÁRIOS
São animais marinhos e de corpo gelatinoso, os representantes mais notáveis são águas vivas e anêmonas-do-mar. Os representantes do filo cnidária forma a maioria dos corais existentes atualmente. 
A maioria dos cnidários apresenta duas fases no seu ciclo da vida, a fase pólipo que é séssil (com raras exceções) e a fase medusa que pode nadar ou flutuar na água. A fase pólipo é um cilindro com a base fixada no substrato e o top livre, onde ficam situados a boca e os tentáculos. A fase medusa lembra um guarda-chuva com a boca no centro da face côncava do animal. 
Os cnidários tem simetria radial, isso significa que ele pode ser dividido em várias partes iguais se cortado longitudinalmente no centro do corpo. 
Os cnidários são os únicos animais que conservam simetria radial no grupo dos metazoários, por isso são classificados num clado chamado radiata. 
O corpo dos cnidários é revestido pela epiderme, logo após a epiderme fica uma massa gelatinosa chamada mesogleia. A cavidade central do corpo é chamada de cavidade gastrovascular, que é onde é digerido o alimento, essa cavidade é revestida pela gastroderme.
Varias células constituem o corpo de um cnidário, mas aqui será destacado apenas o cnidoblasto, uma célula que caracteriza o grupo e dá nome ao filo, portanto, é sinapomorfia dos cnidários. 
Os cnidoblastos são as células urticantes que causam acidentes e queimaduras com águas-vivas. Estão distribuídas largamente nos tentáculos e próximo à boca do animal, essas células tem uma capsula contendo toxinas e um filamento em forma de chicote. Na parte superior da célula tem um pequeno cílio que funciona como gatilho, ao ser disparado o filamento se projeta ferindo a vitima e injetando a toxina. 
Depois que um cnidoblasto o dispara não se regenera, ele se decompõe e morre. 
Os tentáculos com cnidoblastos ajudam no abatimento das presas e ajudam a leva-las a boca, tanto na medusa quanto no pólipo, a boca é a única cavidade que comunica interior do animal com o exterior, logo, as excretas e os restos da alimentação também saem pela boca. Quando o sistema digestório tem boca e anus, ele é dito completo. No entanto, nos cnidários há apenas boca, por isso seu sistema digestório é incompleto. 
DIVERSIDADE DOS CNIDÁRIOS
Os cnidários são classificados atualmente em 4 classes, Anthozoa, Scyphozoa, Hydrozoa, Cubozoa. 
-Antozoários: São organismos que apresentam apenas a forma pólipo, por isso tem as formas mais complexas evariadas de pólipos.
-Scyphozoa: São cnidários que apresentam a maior parte da vida a forma de medusa e a fase pólipo bem reduzida.
-Hydrozoa: É um grupo em que a alteração das formas corporais é bem mercada, geralmente, formam medusas pequenas e colônias de hidras. 
-Cubozoa: É o grupo mais perigoso de cnidários seu veneno é extremamente potente, o nome do grupo é devido ao fato, da forma medusa ser de forma cuboide. 
REPRODUÇÃO DOS CNIDARIOS
A reprodução pode ser sexuada ou assexuada. A reprodução assexuada típica de pólipos é o brotamento. 
Nos antozoários a reprodução acontece na água, os pólipos machos e fêmeas liberam os gametas na agua e eles ocasionalmente se encontram, dando origem a uma larva que se fixa ao substrato.
Nos grupos em que há presença de medusas, o ciclo reprodutivo envolve uma fase sexuada e assexuada. As medusas liberam gametas na água, estes se encontram e dão origem a uma larva polipoide, que cresce até a fase adulta. Nos hidrozoários, essas larvas formam colônias. Nos Cifozoários, a fase de pólipo é curta, logo, aos poucos os pólipos se transformam em uma éfiras, que por reprodução assexuada, estrobilização, dá origem a várias medusas. 
RECIFES DE CORAIS E SUA CONSERVAÇÃO
Recifes de corais são ecossistemas muito importantes para o ambiente aquático, são formados pela calcificação por carbonato de cálcio dos pólipos de hidrozoários. Suas cores vem da simbiose com algas que fazem fotossíntese produzem matéria organiza e oxigênio, enriquecendo o ambiente. No entanto, vários impactos ambientais estão promovendo a morte e o branqueamento dos corais, o aumento da temperatura da água, causa explosão da população de algas, o que acaba irritando os cnidários que ali vivem. Além, disso a maior dissolução de CO² na água, aumenta o PH da água, fazendo com que os corais liberem o Carbonado de cálcio que lhe dá estrutura. A morte dos corais e desaparecimento do recife significa uma perda de diversidade de peixes, invertebrados e algas gigantescas, além de afetar mais de 400 mil pessoas que dependem desse ecossistema para se alimentar e manter suas atividades econômicas. 
Figura 1 Planárias (ou turbelários) e casal de esquistossomo copulando (vermes parasitas).
4. PLATYHELMINTHES
São vermes de corpo achatado. O termo “verme” é genérico e não representa um filo animal, pois pode ser empregado para fazer referência a platelmintos, nematódeos ou anelídeos. Os platelmintos podem ser vermes de vida livre ou parasitas, inclusive responsáveis por algumas doenças humanas; possuem sistema digestório incompleto (uma única abertura do tubo digestório (que é entrada e saída); são representados pelas planárias ou turbelários (vida livre) e por espécies parasitas, como os esquistossomos (ou tremátodos) e a solitária (céstodes). Os platelmintos são animais triblásticos (têm três folhetos germinativos: ectoderme, endoderme e mesoderme), mas não possuem celoma (são acelomados). A cavidade interna é representada somente pelo tubo digestório. Uma importante aquisição evolutiva do grupo foi a estrutura de excreção denominada protonefrídio, formada por células-flama (células flageladas) e tubos. Os flagelos criam um fluxo de substâncias a serem excretadas em direção a tubos que confluem em poros excretores para o meio externo. Os protonefrídios se distribuem ao longo de toda a estrutura corpórea do animal. As planárias têm grande capacidade de regeneração, podendo reaver partes fragmentadas ou até novos indivíduos. Comuns em riachos e lagos, as planárias se alimentam de pequenos animais vivos e mortos.
PLATELMINTOS PARASITAS
Alguns platelmintos dos grupos tremátodos e céstodes, como os esquistossomos e as solitárias, causam doenças quando estão parasitando um hospedeiro humano. O esquistossomo causa a doença esquistossomose, e a solitária causa teníase e cisticercose.
Esquistossomose: o agente etiológico (agente causador da doença) da esquistossomose é o Schistossoma mansoni. É um verme intestinal que, após a cópula, produz ovos que são eliminados nas fezes humanas. Os ovos, dentro de cursos d’água, se desenvolvem na larva miracídio, que é capaz de penetrar em caramujos (hospedeiro intermediário) do gênero Biomphalaria, de onde é expelida na forma de larva cercária. Essa fase larval é capaz de penetrar a pele humana, principalmente quando uma pessoa está andando descalça em lagoas com caramujos contaminados com esquistossomos. A cercária atravessa a pele, chega à corrente sanguínea e pode migrar para veias do fígado e para o intestino. Os vermes adultos copulam, originando ovos, que serão eliminados pelas fezes humanas, reiniciando o ciclo. O hospedeiro definitivo do esquistossomo é o homem, uma vez que a reprodução sexuada ocorre no hospedeiro humano; o hospedeiro intermediário é um caramujo, por isso a diminuição do número populacional de caramujos é uma importante medida profilática (preventiva) contra a esquistossomose.
O diagnóstico é normalmente realizado por exame de fezes, e o tratamento se dá com a administração de remédios com substâncias tóxicas ao parasita. O saneamento básico, o tratamento dos infectados e o controle da população de caramujos hospedeiros são as principais formas de prevenir a contaminação da doença.Figura 3 (A) Reação da pele à invasão de cercárias. (B) Barriga d’água ou ascite, um sintoma comum de esquistossomose em estágio avançado. Outros sintomas da doença incluem fezes enegrecidas, febre, dor de cabeça, cólica, emagrecimento, tonturas, náuseas, sonolência e esplenomegalia (aumento do tamanho do baço).
Figura 2 (A) Vermes adultos de Schistossoma mansoni. À esquerda, um macho e uma fêmea copulando; ao centro, uma fêmea; e à direita, um macho. (B) Imagem microscópica de larvas cercárias. (C) Biomphalaria glabrata, molusco suscetível a ser hospedeiro da esquistossomose.
No esquema acima representa o ciclo reprodutivo de Schistossoma mansoni. Os ovos produzidos no interior de um hospedeiro humano são eliminados com as fezes, que, em contato com águas de lagoas onde há caramujos, liberam a larva miracídio, que penetra no caramujo. Após uma fase de desenvolvimento, a larva é eliminada do caramujo na forma infectante, a larva cercária, que pode atravessar a pele e alcançar a corrente sanguínea. O parasita se aloja em veias do fígado e, quando maduros, migram para o intestino, onde produzirão ovos por reprodução sexuada.
Teníase e cisticercose: ambas as doenças são causadas por solitárias do gênero Taenia. A Teníase pode ser causada tanto por Taenia solium quanto por Taenia saginata. A tênia parasita, além do homem, dois tipos de hospedeiro intermediários: o porco (T. solium) e o boi (T. saginata). Ela pode atingir alguns centímetros ou alguns metros de comprimento no intestino humano. O corpo desse verme é formado por (a) escólex, uma estrutura que auxilia na fixação do parasita; (B) colo, uma seção não segmentada onde há rápida proliferação e crescimento; (c) e estróbilo: formado por anéis (segmentos) denominados proglótides, onde acontece a produção de ovos.Figura 4 (A) Escólex de Taenia solium (microscopia). (B) Representação da estrutura corporal de Taenia saginata.
Teníase: uma pessoa contaminada elimina proglótides com ovos nas fezes, que, em um ambiente sem saneamento básico, podem contaminar águas e solos. Os animais que ingerem água ou alimentos com ovos do verme são invadidos por um estágio larval em células musculares. As larvas se alojam nos tecidos do animal e originam o cisticerco, um cisto que contém a forma jovem da tênia. Se uma carne mal cozida for ingerida por um humano, o cisto libera a tênia jovem, que, quando encontra o intestino, adere a ele com o escólex e passa a produzir ovos nas proglótides (que são hermafroditas). As proglótides são liberadas nas fezes, reiniciando o ciclo. Os sintomas da teníase incluem falta de apetite, diarreia, anemia, dor abdominal e fraqueza. As medidas profiláticas devem incluir a promoção de saneamento básico, a inspeção de carnes, a higiene com alimentos e o cozimento de carnes bovinas e suínas. 
Cisticercose: éuma doença grave, causada por ovos de T. solium. A cisticercose ocorre quando, acidentalmente, o ser humano ingere ovos da tênia, que estão em verduras mal lavadas ou na água (ao invés de ingerir a fase jovem); os tecidos humanos são invadidos e neles se formam os cisticercos (que no ciclo anterior se formavam no porco). Normalmente, o cisticerco é formado nos olhos e no cérebro, o que torna a cisticercose uma doença perigosa em relação ao sistema nervoso, implicando risco de morte.Figura 5 Esquema da boca de um molusco com a rádula exposta, raspando um substrato. 
Assim, a principal diferença da teníase para a cisticercose é a seguinte: na primeira, uma pessoa ingere cisticercos de carnes mal cozidas; na segunda, ela ingere os ovos (e não os cisticercos). Ou seja, na cisticercose, o cisticerco se forma no humano e não no hospedeiro intermediário (boi ou porco), como ocorre na teníase.
5. MOLUSCOS
O Filo Mollusca é representado por animais de corpo mole que, normalmente, produzem uma concha rígida constituída por carbonato de cálcio. São encontrados tanto no ambiente terrestre quanto no aquático e representados por caracóis, lesmas, polvos, lulas, ostras, mariscos, mexilhões, entre outros. Podem viver fixos ao substrato ou podem se locomover ativamente. As lesmas e os polvos não têm concha alguma, e as lulas têm uma concha interna muito reduzida.
Os moluscos são triblásticos, celomados, protostômios e possuem em comum um plano corpóreo formado por pé muscular, massa visceral e manto. Alguns moluscos tem rádula, um órgão denteado, utilizado para raspar alimentos.
Os moluscos não apresentam metameria, como os anelídeos (exceto o grupo dos quítons, que têm estruturas que se repetem); alimentam-se de micro-organismos aderidos às superfícies (por meio da raspagem da rádula), de partículas alimentares em suspensão na água, e podem ser herbívoros, predadores, detritívoros e parasitas. 
A massa visceral acomoda parte dos sistemas circulatório, respiratório, digestório e reprodutivo. O manto (ou pálio), localizado dorsalmente no animal, é formado por dobras que delimitam a cavidade do manto (ou cavidade palial), onde estão os órgãos respiratórios do animal e as excretas dos metanefrídios. Uma concha pode ser secretada pelo manto sobre a massa visceral. A região cefalopediosa (cabeça e pé) inclui a cabeça e estruturas de locomoção (figura seguinte), representadas pelo pé muscular com formato de sola (que secreta um muco para facilitar o deslizamento do animal pelo substrato).
Figura 6 (A) Molusco da espécie Helix pomatia, com destaque (seta) para a região cefalopediosa. (B) Molusco marinho. (C) Molusco deixando rastro de muco no trajeto percorrido.
A maioria dos moluscos apresenta sistema circulatório aberto, embora em alguns trechos da rota passem por coração e vasos sanguíneos. Parte do trajeto realizado pelo líquido (denominado hemolinfa) ocorre no espaço interno do animal (fora dos vasos), a hemocele. As brânquias, denominadas ctenídios, realizam a respiração. O líquido distribuído pelo corpo, após estar pobre em oxigênio, passa pelos ctenídios, de onde parte para o coração. Os caracóis (que são terrestres) são exceção: não respiram por brânquias, mas por pulmões formados na cavidade do manto. Em algumas lesmas, a respiração é cutânea. Polvo e lula possuem sistema circulatório fechado, ou seja, o sangue somente circula dentro de vasos sanguíneos.Figura 8 (A) Nembrotha kubaryana e (B) Glaucus atlanticus, duas espécies de lesma-do-mar. (C) Búzio dotado de concha univalve, alimentando-se de uma estrela-do-mar.
Há três classes principais de moluscos: gastrópodes, bivalves e cefalópodes.
 Gastrópodes: incluem caracóis, búzios, lesmas terrestres e marinhas e lebres-do-mar. São moluscos que, quando possuem concha, se denominam univalves, ou seja, a concha é formada por uma única peça. Normalmente, são herbívoros e utilizam a rádula para retirar algas de substratos. Alguns podem ser carnívoros e outros, necrófagos. Há dois gastrópodes importantes para a saúde pública no Brasil: o caramujo africano Achatina fulica, que pode transmitir meningite a partir de vermes nematódeos que acometem a espécie, e o caramujo Biomphalaria glabrata, que transmite a esquistossomose.
Bivalves: são moluscos que possuem duas peças (ou valvas) na constituição da concha. O grupo inclui os mexilhões, as ostras e os vôngoles. São filtradores e geram um fluxo de água com partículas alimentares por movimentação das brânquias. Os palpos (apêndices na boca) auxiliam a captura de partículas de alimento, que são recolhidos pela brânquia (que possui, portanto, função no sistema respiratório e na alimentação de bivalves). Não possuem cabeça ou rádula, e o pé tem formato de machado (muito utilizado para cavar). Alguns bivalves, para defenderem-se contra parasitas e partículas do solo que invadem seu espaço interno, secretam várias camadas de nácar ou madrepérola (substância rígida lustrosa composta de carbonato de cálcio) para isolar o objeto, um processo que pode dar origem às pérolas.Figura 7 Esquema da morfologia interna de um caracol, molusco terrestre hermafrodita, dotado de pulmão. Próximo ao oviducto localiza-se o “saco de dardo”, onde são produzidos os dardos (estiletes constituídos por quitina), que, ao serem inseridos no parceiro, têm a função de auxiliar a cópula. Há um poro respiratório, onde ocorrem as trocas gasosas com o meio.
Cefalópodes: são moluscos que possuem aquisições evolutivas, como sistema circulatório fechado, olhos bem desenvolvidos, cabeça com diferenciação notável e natação rápida. Alguns possuem capacidade de camuflagem (homocromia), outros possuem capacidade de expelir tinta (que dificulta a visão do predador) e alguns inoculam veneno. O pé é modificado em tentáculos e um sifão (ou funil), por onde os jatos de água promovem a locomoção por propulsão. Há cefalópodes com conchas, como o náutilo; há cefalópodes com concha interna e reduzida, como as lulas; e cefalópodes desprovidos de concha, como o polvo.Figura 9 (A) Interior de uma ostra; (B) vários exemplares de ostras; (C) pérolas no interior de um mexilhão; (D) vôngoles; (E) e mexilhão.
6. ANELÍDEOS
São vermes de corpo segmentado em anéis (razão do nome do filo), formado por partes que se repetem, os metâmeros (metameria). São triblásticos, há celoma verdadeiro, o blastóporo origina a boca (portanto são protostômios) e possuem sistema digestório completo (boca e ânus). Em alguns anelídeos, os segmentos do corpo possuem cerdas de quitina, que auxiliam na locomoção. São representados pelos vermes marinhos ou poliquetos (possuem muitas cerdas em cada segmento do corpo), minhocas ou oligoquetos (possuem poucas cerdas por segmento e apresentam uma fusão de segmentos chamados de clitelo, que é uma estrutura de reprodução), e sanguessugas ou hirudíneos.Figura 11 Anelídeos do grupo Hirundinoidea pertencentes à Classe Clitellata. À esquerda, sanguessugas em ambiente terrestre úmido; à direita, um ataque de hirudíneos na roupa de uma pessoa que entrou em um lago, na Europa. Popularmente conhecidos como “sanguessugas”, são animais de ambiente dulcícola, marinho ou terrestre. Normalmente, são ectoparasitas sugadores de sangue, mas há também sanguessugas predadores de pequenos animais vivos e mortos. Os sugadores de sangue, ao perfurar o hospedeiro, introduzem uma substância anestésica, que impede a percepção da presença do sanguessuga no local. A hirudina é uma substância secretada por sanguessugas para impedir a coagulação sanguínea.
Figura 11 Exemplar de minhoca adulta e esquema da estrutura corpórea geral da minhoca (oligoqueto).
Os anelídeos possuem sistema circulatório fechado, ou seja, o sangue mantém-se no interior de vasos por toda a distribuição intracorpórea. Eles possuem sistema digestório completo (boca e ânus) e a excreção ocorre por metanefrídios, pares de túbulos em cada segmento do corpo. Um túbulo de metanefrídio é iniciado em um segmento do corpo, onde há uma abertura ciliada (o nefróstoma) que forma um fluxo capaz de retirar excretas do celoma;é contorcido ao longo de seu comprimento e se abre para o meio externo no segmento seguinte, por uma abertura denominada nefridióporo. O metanefrídio tem muita proximidade com vasos sanguíneos, e, ao retirar (do fluido celomático) as substâncias que ainda podem ser úteis ao organismo, envia-as para a corrente sanguínea. Substâncias tóxicas, como amônia e ureia, assim como o excesso de água e sais, são eliminadas pelo nefridióporo.Figura 10 Exemplares de cefalópodes: (A) Náutilo, (B) lula (C) e polvo.
Figura 12 Anelídeos da Classe Polychaeta. São organismos principalmente marinhos, com projeções corpóreas onde se conectam várias cerdas. 
Figura 14 Esquema geral da morfologia interna de um anelídeo. 1 – Interior do intestino. 2 – Tiflossole (dobra da cavidade intestinal). 3 – Cerdas. 4 - Cutícula. 5 - Vasos sanguíneos. 6 - Musculatura externa. 7 - Musculatura interna. 8 - Septo metamérico (elemento que separa dois segmentos). 9 - Vesícula metanefridial. 10 - Metanefrídio. 11 – Cordões nervosos. Observe que o metanefrídio é iniciado em um segmento (10) e se abre para o exterior no segmento seguinte (9).
A respiração de anelídeos é cutânea (pela pele) e requer umidade constante na pele do animal. Para se reproduzir, um par de minhocas hermafroditas reúne-se para trocar espermatozoides (fecundação cruzada). A união na cópula é posicionada de forma que os indivíduos possam unir o próprio poro genital masculino ao receptáculo seminal da outra minhoca, ao mesmo tempo recebendo no próprio receptáculo seminal o poro genital do outro indivíduo. Há troca mútua de espermatozoides e os animais se separam. Facilitado pelo clitelo, que produz muco, um casulo é formado, onde serão depositados os óvulos provenientes do poro genital feminino. O casulo carregando óvulos se desloca até encontrar os receptáculos seminais que contêm o espermatozoide de outro indivíduo. Há fecundação originada de gametas de indivíduos diferentes, uma vez que os próprios óvulos serão fusionados aos espermatozoides recebidos. O casulo retém os ovos até a eclosão de novos indivíduos.Figura 16 Exemplares de lombrigas.
7. NEMATÓDEOSFigura 15 Reprodução de um par de minhocas. Há troca de espermatozoides, deslocamentos dos próprios óvulos ao receptáculo seminal; a fecundação origina os ovos, que, protegidos pelo casulo formado a partir do clitelo, formam novos indivíduos.
São vermes de corpo cilíndrico, que possuem sistema digestório completo (boca e ânus). Podem ser de vida livre (predadores ou saprófagos) ou parasita, responsável por doenças no ser humano. Muitos desses vermes parasitas são responsáveis por doenças em plantas, causando problemas para os agricultores. São organismos triblásticos e pseudocelomados, sendo que o pseudoceloma tem a função de esqueleto hidrostático e nele há distribuição de nutrientes e oxigênio para os tecidos. Não há sistemas respiratório ou circulatório.
As doenças causadas por nematódeos, que despertam o interesse médico, são representadas pelos parasitas: Ascaris lumbricoide (causador da ascaridíase), Ancylostoma duodenale (causador do amarelão), Wuchereria bancrofti (causador da filariose, que, na forma grave, é chamada de elefantíase), entre outros. 
Ascaridíase: a tão conhecida “lombriga” refere-se ao verme Ascaris lumbricoides. São parasitas intestinais capazes de uma alta produção de ovos, que são eliminados pelas fezes do hospedeiro. Em contato com a água ou com alimento contaminado com os ovos, estes eclodem durante a digestão e chegam ao intestino. Podem perfurar a parede intestinal e, por vias sanguíneas, alcançar os pulmões. Caso perfurem os alvéolos pulmonares e alcancem a traqueia, os vermes podem causar pneumonia. As larvas que alcançam a faringe e são engolidas retornam ao intestino, onde atingem a fase adulta e a produção de ovos. A ascaridíase é caracterizada por dor intestinal, alergias e obstrução intestinal. Quando a infestação está muito avançada, os vermes adultos podem ser expelidos pelas fezes e pela boca, em crises de tosse.
Ancilostomose: é uma doença causada por dois vermes nematódeos, o Ancylostoma duodenale e o Necator americanus. Ambos são dotados de placas bucais que permitem cortar a parede intestinal. O sangramento comumente causado durante a ancilostomose pode originar uma condição de anemia, devido à perda de glóbulos vermelhos. A condição anêmica confere coloração amarelada aos pacientes, o que explica o nome popular da doença, “amarelão”. Ovos eliminados pelas fezes humanas permanecem no solo e penetram a pele humana quando em contato com solo contaminado. Formas jovens do verme percorrem a corrente sanguínea e podem atingir o intestino ou os pulmões.Figura 17 Porção intestinal obstruída por lombrigas, retirada cirurgicamente.
Oxiurose (enterobiose): é uma doença causada pelos oxiúros (Enterobius vermicularis), que habitam o intestino do hospedeiro e depositam ovos na região do ânus, o que causa coceira local. Ao coçar, uma criança hospedeira passa a ter a carga de vermes nas mãos e pode realizar autoinfecção quando, acidentalmente, leva os vermes à boca.
Filariose (elefantíase): é uma doença causada pelo verme Wuchereria bancrofti. O contágio da doença se dá por um vetor, que são os pernilongos do gênero Culex. Ao picar um hospedeiro, o pernilongo passa a possuir larvas que serão transmitidas em picadas posteriores. As larvas chegam pela corrente sanguínea, atingem o sistema linfático, onde se instalam e podem causar obstruções sérias que causam um inchaço grave de membros, originando deformações (por isso a denominação “elefantíase”).Figura 18 (A) Wuchereria bancrofti, agente etiológico da filariose. (B) Pernilongo vetor da filariose (gênero Culex). (C) Pernas com deformações causadas por filariose (elefantíase).
8. ARTRÓPODES
É um grupo com a maior diversidade de espécies encontradas em, praticamente, todos os ambientes. Apresentam o corpo dividido em tagmas (segmentos fundidos com função especializada). Os tagmas podem ser: cabeça, tórax e abdome (três tagmas) ou cefalotórax e abdome (dois tagmas). Possuem apêndices corporais articulados e um exoesqueleto quitininoso que protege o animal.
O exoesqueleto é uma estrutura rígida, que impediria o crescimento do animal, porém o crescimento dos artrópodes ocorre por meio de mudas ou ecdises (troca de exoesqueleto, que permite o crescimento). Você já deve ter visto estruturas externas (a exúvia) de cigarras abandonadas em troncos de árvores: trata-se da ecdise desse artrópode, pois, ao liberar o exoesqueleto, o animal pode crescer e sintetizar um novo revestimento. Por serem dependentes da ecdise para ter um período de crescimento, os artrópodes têm taxas de crescimento diferentes das dos outros filos de animais, uma vez que há períodos de permanência de um mesmo tamanho alternado com períodos de crescimento.
Figura 19 Sequência de eventos da ecdise de uma libélula. O exoesqueleto velho, ou exúvia, é abandonado pelo artrópode, um evento que precede um período de crescimento. A epiderme passa a sintetizar uma nova camada de exoesqueleto.
Os artrópodes são triblásticos, celomados, protostômios e metaméricos (formados por metâmeros que se repetem). Acima da quitina do exoesqueleto, há uma camada de cera, que confere a propriedade de impermeabilidade à água, o que permitiu a conquista de ambientes com condições secas, como desertos.
O filo Arthropoda inclui os insetos (besouro, mosca, abelha, borboletas), os crustáceos (lagosta, crustáceos, tatuzinho-de-jardim, camarão, siri, caranguejo), os aracnídeos (escorpião, carrapato, aranha) os quilópodes (lacraia/centopeia) e os diplópodes (piolho-de-cobra).
 Crustáceos: são artrópodes dotados de um exoesqueleto reforçado com sais de cálcio. Podem ter três tagmas, ou podem ter cefalotórax (cabeça e tórax fusionados) e ter apenas dois tagmas. Esse grupo inclui: camarão, caranguejo, siri, cracas, tatuzinho-de-jardim e outros. Alguns apresentam o primeiro par de pernas modificado em pinças (com função de captura de alimento e defesa). A digestão é um processo que ocorre parteno estômago (digestão mecânica) e parte no intestino, onde desembocam enzimas produzidas no hepatopâncreas. A circulação ocorre de forma semelhante à dos insetos e há transporte de oxigênio (diferente dos insetos), uma vez que a respiração ocorre por brânquias. A excreção é mediada por glândulas antenares (ou glândulas verdes) localizadas próximas às antenas, que têm a função de capturar e eliminar as excretas.Figura 21 À esquerda, um caranguejo (possui o primeiro par de pernas modificado em pinças) e à direita, um siri (possui o primeiro par de pernas modificado em nadadeiras). 
Figura 20 Comparação gráfica simplificada da curva de crescimento acentuado de artrópodes com os demais animais. O crescimento dos artrópodes alterna períodos de crescimento (após a ecdise) com períodos de crescimento muito reduzido.
Aracnídeos: são artrópodes carnívoros, que podem ser peçonhentos. Normalmente, vivem em ambiente terrestre. Esse grupo inclui: aranhas, escorpiões, ácaro, carrapato-estrela (ectoparasita hematófago) e outros. O corpo dos aracnídeos possui cefalotórax com quatro pares de pernas (originando a típica característica de aracnídeos possuírem oito pernas) e abdome. Nos escorpiões, o abdome é contínuo a uma cauda que, na extremidade, possui um aguilhão capaz de inocular peçonha. A boca é circundada por um par de quelíceras e por pedipalpos (apêndices). As aranhas utilizam as quelíceras para inocular peçonha na presa e possuem apêndices no abdome, as fiandeiras, por onde secretam fios de sua teia. As aranhas e os escorpiões realizam a digestão extracorpórea, uma vez que liberam enzimas na presa e sugam o líquido resultante da digestão. As Filotraqueias, estruturas de respiração formadas por alargamentos e dobras, estão presentes em aranhas grandes e escorpiões. A excreção ocorre por túbulos de Malpighi e por glândulas coxais (com orifício de saída localizado próximo às pernas).
Figura 22 Exemplar de escorpião (à esquerda) e de aranha (à direita). Os pedipalpos estão destacados com a letra “P” em ambos. Na aranha, é possível observar as quelíceras (Q).
Figura 23 Esquema simplificado da anatomia de uma aranha.
Quilópodes e diplópodes: também denominados “miriápodes”, esses grupos de artrópodes reúnem animais dotados de muitos pés. Os quilópodes incluem as lacraias (centopeias), que em cada segmento corpóreo exibem um par de pernas; são carnívoros e podem inocular veneno nas presas utilizando forcípulas (os primeiros apêndices do corpo). Os diplópodes incluem os piolhos-de-cobra e têm muitos representantes herbívoros; locomovem-se lentamente devido ao reduzido comprimento das pernas, que são dispostas em dois pares por segmento corpóreo. Figura 24 Exemplares de miriápodes. À esquerda, um quilópode (centopeia), e à direita, um diplópode.
Insetos: incluem borboletas, pulga, libélula e traça. Possuem três tagmas: cabeça (dotada de olhos e antenas sensoriais), tórax e abdome. São também denominados “hexápodes”, pois possuem três pares de pernas. Podem apresentar duas asas (por exemplo: mosquitos e moscas) ou dois pares de asas (como ocorre em abelhas, baratas e gafanhotos). Alguns insetos apresentam asas só no período reprodutivo (como cupins e formigas). Há insetos desprovidos de asas, como a traça, a pulga e o piolho. O sistema digestório é completo e o sistema respiratório é muito peculiar: o oxigênio entra por orifícios (espiráculos) distribuídos ao longo do corpo do inseto e alcança as células por ramificações tubulares. Esse tipo de sistema é denominado respiração traqueal, uma vez que os tubos são denominados traqueias. Sendo assim, o sistema circulatório (dotado de coração e vasos) não tem a função de transportar gases, pois as ramificações de traqueias alcançam as células diretamente. O sistema circulatório é aberto, por onde circula a hemolinfa (denominação dada ao sangue), que percorre um trecho dentro de vasos e desemboca na hemocele (espaço onde o sangue alcança os órgãos). A hemolinfa retorna ao coração, que possui orifícios (óstios), para ser novamente bombeada. Outra peculiaridade do grupo é a forma de excreção, que é realizada por túbulos de Malpighi, estruturas que retiram excretas (como a ureia) distribuídas ao redor e lançam no intestino, de onde serão eliminadas. Algumas espécies têm capacidade de reconhecer sons por receptores próximos às pernas, uma importante característica para animais que emitem som para atração de parceiros. Também para atrair parceiros, os insetos emitem feromônios, que possuem odor identificável por eles e permitem a localização de indivíduos. Normalmente, a reprodução ocorre por cópula e fecundação interna, e muitos insetos sofrem metamorfose. Quanto ao nível de metamorfose exibido, os insetos podem ser classificados em: (a) ametábolos, aqueles que não sofrem metamorfose, pois eclodem do ovo na forma final apenas com tamanho reduzido; (b) hemimetábolos, aqueles que exibem metamorfose incompleta, pois a ninfa (estágio sem asas) que sai do ovo sofre modificações que já originam a forma adulta; (c) e holometábolos, aqueles que têm metamorfose completa e dividida em três estágios (larva, pupa e adulto). Os holometábolos eclodem do ovo na fase larval (lagarta), produzem um casulo onde permanecem fixos (fase de pupa) e são liberados na forma adulta.Figura 26 À esquerda, esquema dos estágios da metamorfose do gafanhoto, um inseto hemimetábolo: a ninfa é desprovida de asas, e após várias modificações forma-se um adulto. À direita, um exemplar de traça representando um inseto ametábolo: a traça eclode do ovo na forma final e quando adulta exibe apenas um maior tamanho e maturidade sexual.
Figura 25 Fases de um inseto holometábolo: nas borboletas, a metamorfose é iniciada na fase de lagarta que se encasula (fase de pupa) e é concluída na liberação de adultos do casulo.
9. EQUINODERMOS
São animais marinhos, de vida livre, dotados de espinhos. São triblásticos, celomados, possuem sistema digestório completo (boca e ânus), endoesqueleto calcário e não têm cabeça diferenciada. O grupo dos equinodermos é deuterostômio, ou seja, o blastóporo origina o ânus. Tal característica, somada à presença de endoesqueleto, torna esse grupo próximo, evolutivamente, dos cordados. A simetria é radial (normalmente pentarradial) durante a fase adulta (simetria secundária), porém a fase larval apresenta simetria bilateral (simetria primária). Há grande capacidade de regeneração em estrelas-do-mar, que podem originar um novo indivíduo a partir de um braço fragmentado, por exemplo.
Uma peculiaridade do filo dos equinodermos é a presença de um sistema de locomoção, o sistema ambulacral (ambulacrário, aquífero ou hidrovascular), que funciona por meio de diversos canais internos preenchidos por água marinha. Tal sistema também participa da captura de alimento e auxilia a troca de gases. A comunicação do sistema interno com o meio se faz através do madreporito, uma placa rígida e perfurada por onde a água entra. A água percorre um canal central com ramificações que também serão também percorridas pela água. Nas ramificações, há pés ambulacrais (ou pódios), dotados de bolsas denominadas ampolas. A água reservada na ampola é impulsionada quando há contração da ampola em direção ao pé, que, ao se dilatar, se fixa ao substrato. Já a contração do pé força a água de volta para a ampola, tornando o pé flácido, de forma que ele se desconecta do substrato. A coordenação de tais contrações permite o deslocamento do animal pelo substrato.Figura 27 Parte do braço de uma estrela-do-mar com destaque para os pés ambulacrais (à esquerda), e esquema da estrutura do sistema vascular ou ambulacral de um equinodermo. O madreporito é a estrutura de entrada e saída de água do mar, que percorre canais que se ramificam. Nas extremidades das ramificações, há pés com dilatações, as ampolas.
A maior parte da digestão ocorre de forma extracelular no sistema digestório. A boca é localizada na região ventral, e o esôfago conecta-se com o estômago, dotado de cecos pilóricos que atuam como glândulas digestivas. Há umcurto intestino, e o ânus pode ou não estar presente.
No ouriço-do-mar, há estruturas que desempenham função semelhante à função dos dentes − a lanterna de Aristóteles −, que auxiliam o animal a escavar e mastigar. O sistema ambulacral permite trocas gasosas, porém, devido à lentidão do sistema, o oxigênio não é suficiente para atender à necessidade do equinodermo. Um sistema de brânquias, denominadas pápulas, auxilia as trocas gasosas, que, em conjunto com o sistema ambulacral, elimina as excretas de compostos nitrogenados. Há cinco classes principais nos equinodermos: (a) Asteroidea (asteroides), representada pela estrela-do-mar, que possui uma região central de onde partem os cinco braços; é carnívora e utiliza os braços para a captura de presas; (b) Ophiuoidea (ofiúros), representada pelas serpentes-do-mar, com morfologia muito semelhante a dos asteroides; (c) Echinoidea, um grupo representado pelo ouriço-do-mar e pela bolacha-da-praia; (d) Holothuroidea, que inclui as holotúrias ou pepinos-do-mar; (e) e Crinoidea, que é um equinodermo conhecido como lírios-do-mar, que, normalmente, se alimenta do plâncton marinho.
10. CORDADOS NÃO VERTEBRADOS
Os cordados são animais triblásticos, celomados e deuterostômios (assim como os equinodermos), representados pelos grupos: Urochordata, que reúne a maior quantidade de características primitivas (exemplo: ascídias); Cephalochordata, representado pelos anfioxos; e Vertebrata, que forma a coluna vertebral. O grupo dos vertebrados é formado pelos peixes, anfíbios (sapos, rãs, pererecas, salamandras e cecílias), répteis (serpentes, lagartos, jacarés e tartarugas), aves e mamíferos. Os répteis formam um grupo com animais que possuem características distintas, porém uma aquisição evolutiva importante do grupo é o ovo amniótico, no qual o embrião se desenvolve sem fase larval aquática. As características principais das aves são: presença de penas na superfície do corpo, ossos com cavidades e ausência de dentes. Os mamíferos possuem como principais características a presença de glândulas mamárias, pelo cérebro desenvolvido e dentes com diferentes formatos.
De acordo com as características apresentadas, podemos organizar os principais filos de animais, de acordo com a Tabela. Figura 28 Exemplares de equinodermos. (A) estrela-do-mar (Asteroidea); (B) ofiúro (Ophiuroidea); (C) pepino-do-mar (Holothuroidea); (D, E) Echinoidea (D) bolacha-do-mar e (E) ouriço-do-mar; (F) lírio-do-mar (Crinoidea).
DIVERSIDADE DE CORDADOS
É importante diferenciar “cordados” de “vertebrados”. Os vertebrados, animais dotados de vértebras, não representam todos os cordados, uma vez que dentro do grupo de cordados há animais invertebrados. O Filo Chordata apresenta organismos com simetria bilateral com notocorda, presente ao menos em uma fase do ciclo de vida. A notocorda é um bastão rígido que se dispõe longitudinalmente ao longo do dorso do animal, seja na fase larval ou na fase adulta. Em adultos que mantêm a notocorda, origina-se a partir dela a coluna vertebral. Outros animais só possuem a notocorda na fase larval. Os embriões de cordados possuem tubo neural, um cilindro oco localizado também no dorso, capaz de originar o cérebro e a medula. Mais duas características sempre estão presentes em cordados: faringes com fendas e cauda localizada em uma região posterior ao ânus. Tais características estão presentes somente na fase embrionária, mas também podem estar presentes na vida adulta. Em síntese, as quatro características comuns aos cordados são: notocorda, tubo neural, fendas na faringe e cauda pós-anal.
Figura 29 Esquema geral simplificado de um cordado: observe a notocorda abaixo do tubo nervoso, ambos localizados na região dorsal. A faringe possui fendas e a região caudal é pós-anal.
Os cordados possuem endoesqueleto (esqueleto interno), que pode ser constituído por cartilagens (como em tubarões e raias) ou por ossos (como em mamíferos). A cauda desempenha uma importante função locomotora, embora nos humanos seja vestigial (representada pelos ossos do cóccix). Para análise da diversidade dos cordados, serão apresentadas as características gerais dos protocordados e de alguns grupos de vertebrados.
PROTOCORDADOS
O grupo dos protocordados é constituído por urocordados (os tunicados) e cefalocordados (anfioxos). Urocordados: são animais marinhos que, apesar de ter aparência de invertebrado, exibem notocorda na fase larval. O maior representante do grupo é o animal denominado ascídia. Tem uma aparência muito semelhante à de uma esponja, porém possui uma complexidade interna bem maior que os poríferos. São sésseis e possuem dois sifões (projeções cilíndricas): o sifão inalante (ou oral) e o sifão exalante (ou cloacal). A água atravessa o sifão inalante e alcança o intestino da ascídia, sendo que as excretas, os gametas e a água são eliminados pelo sifão exalante.
Figura 30 Exemplares de ascídias. Observe que cada indivíduo possui duas aberturas na extremidade superior, os sifões inalante e exalante.
CEFALOCORDADOSFigura 31 Esquema da morfologia interna de uma ascídia (urocordado). A túnica constituída por tunicina reveste a ascídia (por isso a denominação comum de “tunicados”). A água entra pelo sifão inalante e percorre o tubo digestório. A saída de água, excretas e gametas ocorre pelo sifão exalante. As ascídias são hermafroditas e a fecundação é externa. Observe como a anatomia interna do urocordado revela grandes diferenças entre as ascídias (que possuem tecidos e órgãos) e as esponjas (que são constituídas por uma parede em forma de vaso com vários tipos celulares que não originam tecidos).
Grupo representado pelo anfioxo, um animal pequeno (até 6 cm de comprimento), com corpo quase transparente, marinho, que vive quase sempre enterrado na areia. Dotado de tentáculos na boca (cirros bucais), o anfioxo é filtrador e obtém alimento do plâncton. O alimento é filtrado pelas fendas faríngeas e chega ao intestino. A notocorda persiste na vida adulta e há vários músculos repetidos (metameria). A respiração ocorre pelas fendas faríngeas e a circulação é fechada.
Figura 32 Exemplar de anfioxo.
Reino
Filo
Classe
Ordem
Familia
Gênero
Espécie
Mamallia 
Carnivora
Canidae
Ordem
Classe
Família
Rodentia
Felidae
Canis 
Gênero
Canis Lupus
Espécie
Panthera
Canis Familiaris

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