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Indaial – 2022 Ecológica Prof. André Ferreira D’ Avila Profª. Kally Janaina Berleze 1a Edição Nutrição Elaboração: Prof. André Ferreira D’ Avila Profª. Kally Janaina Berleze Copyright © UNIASSELVI 2022 Revisão, Diagramação e Produção: Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI Impresso por: A958n Avila, André Ferreira D’ Nutrição ecológica / André Ferreira D’ Avila; Kally Janaina Berleze. – Indaial: UNIASSELVI, 2022. 216 p.; il. ISBN 978-65-5646-530-2 1. Revolução agrícola. – Brasil. I. Berleze, Kally Janaina. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 630 Caro acadêmico, seja bem-vindo a mais uma disciplina do nosso curso! Estamos prestes a iniciar os estudos na disciplina de Nutrição Ecológica. Considerando o compromisso de garantir a qualidade do material disponibilizado para auxiliar no seu processo de aprendizagem, é, sempre, um desafio desenvolver um material de estudo que possa contribuir, efetivamente, para a formação acadêmica. Você sabe o que é nutrição ecológica? Já ouviu esse termo antes? Ao longo dos seus estudos, você descobrirá que a nutrição ecológica é uma área de estudo bem complexa que será abordada com um material rico em informações. Ela é uma área das ciências, extremamente, importante para a sociedade, em função dos vários benefícios que promove à população. Assim, serão apresentadas três unidades, subdivididas em tópicos, cujo objetivo principal será estimular o seu interesse e a sua curiosidade para o estudo da disciplina. Vamos sugerir, em alguns momentos, outras fontes de informações que serão úteis para a consolidação do seu conhecimento. Na Unidade 1, abordaremos assuntos relacionados à Revolução Agrícola e aos avanços tecnológicos. Será possível compreender como era a organização social antes e após esse domínio tecnológico. Ainda, será debatida a temática ecologia, meio ambiente, sustentabilidade e agricultura ecológica, a partir de uma perspectiva agroecológica. Na Unidade 2, apresentaremos conteúdos que buscarão facilitar o estudo da aplicabilidade da nutrição ecológica, das inovações das cidades inteligentes, da necessidade de conscientização populacional a respeito do tema, além de compreendermos o abastecimento de grandes e pequenas cidades. Por fim, na Unidade 3, estudaremos o metabolismo energético, ou seja, onde e como as células do corpo humano produzem energia, o que é vital para a sobrevivência, com a compreensão dos papéis dos carboidratos, dos lipídios e das proteínas nesse metabolismo. Consideraremos, também, o impacto da produção de alimentos sobre as reservas orgânicas do planeta e a importância das educações alimentar e nutricional. Assim, esperamos que, ao término do estudo deste livro didático, você seja capaz de compreender a importância da nutrição ecológica como ciência, e que as informações, aqui apresentadas, sejam de grande valia na sua vida profissional. Bom estudos e sucesso! Prof. André Ferreira D’ Avila Profª. Kally Janaina Berleze APRESENTAÇÃO Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, a UNIASSELVI disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos. GIO QR CODE Você lembra dos UNIs? Os UNIs eram blocos com informações adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico como um todo. Agora, você conhecerá a GIO, que ajudará você a entender melhor o que são essas informações adicionais e por que poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto estudado em questão. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual – com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de ações sobre o meio ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Junto à chegada da GIO, preparamos também um novo layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os seus estudos com um material atualizado e de qualidade. ENADE LEMBRETE Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conheci- mento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa- res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira, acessando o QR Code a seguir. Boa leitura! SUMÁRIO UNIDADE 1 - REVOLUÇÃO AGRÍCOLA E AVANÇOS TECNOLÓGICOS .................................. 1 TÓPICO 1 - REVOLUÇÃO AGRÍCOLA .....................................................................................3 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................3 2 REVOLUÇÃO AGRÍCOLA ....................................................................................................3 3 DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO ................................................................................5 4 ORGANIZAÇÃO SOCIAL NEOLÍTICA .................................................................................8 RESUMO DO TÓPICO 1 ......................................................................................................... 12 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................. 13 TÓPICO 2 - ECOLOGIA ......................................................................................................... 15 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 15 2 ECOLOGIA ......................................................................................................................... 15 3 BIOMAS ..............................................................................................................................19 4 PONTO DE PARTIDA DA SUSTENTABILIDADE .............................................................. 26 RESUMO DO TÓPICO 2 ......................................................................................................... 31 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 32 TÓPICO 3 - AGROECOLÓGICO ............................................................................................ 35 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 35 2 AGRICULTURA ECOLÓGICA............................................................................................. 35 3 PERSPECTIVA GLOBAL DA AGRICULTURA ECOLÓGICA ............................................... 44 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................................ 49 RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................................ 55 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 56 REFERÊNCIAS ......................................................................................................................57 UNIDADE 2 — APLICABILIDADE DA NUTRIÇÃO ECOLÓGICA NO SÉCULO XXI ................59 TÓPICO 1 — INOVAÇÃO EM CIDADES INTELIGENTES ........................................................ 61 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 61 2 CIDADES INTELIGENTES .................................................................................................. 61 2.1 ABORDAGENS SETORIAIS DAS CIDADES INTELIGENTES .........................................................66 2.2 CIDADES ECOLÓGICAS .....................................................................................................................68 3 ÁREA RURAL ....................................................................................................................70 4 ÁREA URBANA .................................................................................................................72 RESUMO DO TÓPICO 1 ......................................................................................................... 77 AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................78 TÓPICO 2 - ORGANIZAÇÃO E SUSTENTABILIDADE ..........................................................81 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................81 2 SUSTENTABILIDADE .......................................................................................................81 3 ORGANIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTO URBANOS .........................................................87 4 RECEPÇÃO, DISTRIBUIÇÃO E NECESSIDADES NUTRICIONAIS BÁSICAS .................. 89 4.1 RECEPÇÃO E DISTRIBUIÇÃO NO AMBIENTE URBANO ...............................................................90 4.2 NECESSIDADES NUTRICIONAIS BÁSICAS ....................................................................................92 RESUMO DO TÓPICO 2 .........................................................................................................97 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 98 TÓPICO 3 - NUTRIÇÃO ECOLÓGICA ....................................................................................99 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................99 2 NUTRIÇÃO ECOLÓGICA ....................................................................................................99 2.1 NUTRIÇÃO ECOLÓGICA NA INFÂNCIA ..........................................................................................105 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................... 114 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................... 119 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................120 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................122 UNIDADE 3 — NUTRIÇÃO ECOLÓGICA ..............................................................................125 TÓPICO 1 — ROTAS METABÓLICAS E FONTES ENERGÉTICAS ........................................ 127 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 127 2 METABOLISMO ENERGÉTICO DAS CÉLULAS ...............................................................128 2.1 GLICÓLISE AERÓBICA ......................................................................................................................128 2.2 CICLO DO ÁCIDO CÍTRICO (CICLO DO ÁCIDO TRI-CARBOXÍLICO OU CICLO DE KREBS) E FOSFORILAÇÃO OXIDATIVA ...............................................................130 2.3 GLICÓLISE ANAERÓBICA ................................................................................................................ 132 3 BALANÇO ENERGÉTICO DO CORPO ..............................................................................133 3.1 HOMEOSTASE METABÓLICA ........................................................................................................... 134 3.2 VARIAÇÕES NAS GLICEMIAS DE JEJUM E PÓS-PRANDIAL ................................................. 135 3.2.1 Variações na glicemia ............................................................................................................. 135 3.3 RESPOSTA GLICÊMICA DOS ALIMENTOS (ÍNDICE E CARGA GLICÊMICA DOS ALIMENTOS) .............................................................................................................................. 137 3.4 ALIMENTO INTEGRAL ...................................................................................................................... 139 3.4.1 Benefícios dos grãos integrais para a saúde ...................................................................140 3.4.2 Mercado de alimentos integrais ..........................................................................................141 RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................................143 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................145 TÓPICO 2 - NUTRIÇÃO E SAÚDE ....................................................................................... 147 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 147 2 MACRONUTRIENTES ......................................................................................................148 2.1 PROTEÍNA ............................................................................................................................................148 2.1.1 Conceito e funções das proteínas .......................................................................................148 2.1.2 Classificação nutricional dos aminoácidos e das proteínas ......................................... 149 2.1.3 Absorção e destino metabólico das proteínas dietéticas ............................................. 152 2.1.4 Metabolismo do nitrogênio e o ciclo da ureia .................................................................. 152 2.1.5 Variações da ureia e da creatinina séricas ........................................................................154 2.2 CARBOIDRATO ................................................................................................................................... 155 2.3 LIPÍDIO .................................................................................................................................................158 2.3.1 Classificação e fontes alimentares dos lipídios ............................................................... 159 2.3.2 Metabolismo dos eicosanoides ........................................................................................... 163 2.3.3 Digestão dos lipídios .............................................................................................................. 165 2.3.4 Destino metabólico dos lipídeos dietéticos ..................................................................... 165 2.3.5 Importância metabólica do colesterol .............................................................................. 165 2.3.6 Absorção e síntese de colesterol ....................................................................................... 166 2.3.7 Metabolismo das lipoproteínas .............................................................................................167 2.3.8 Aplicabilidade da concentração sérica de triglicerídeos, de colesterol e de frações .................................................................................................... 169 3 MICRONUTRIENTES ........................................................................................................170 3.1 ÁGUA, ÁCIDOS E BASES .................................................................................................................. 170 3.1.1 Compartimentos hídricos do corpo ...................................................................................... 171 3.1.2 Osmolalildade ........................................................................................................................... 172 3.1.3 Necessidade hídrica ............................................................................................................... 173 3.2 VITAMINAS .......................................................................................................................................... 173 3.2.1 Vitamina A ................................................................................................................................. 173 3.2.2 Vitamina D ................................................................................................................................ 174 3.2.3 Vitamina C ................................................................................................................................ 174 3.2.4 Vitamina B2 (riboflavina) ........................................................................................................ 174 3.2.5 Vitamina B1 (tiamina) .............................................................................................................. 175 3.2.6 Ácido fólico ............................................................................................................................... 175 3.2.7 Vitamina B12 (cobalamina) ..................................................................................................... 175 3.2.8 Niacina .......................................................................................................................................176 3.3 MINERAIS .............................................................................................................................................176 3.3.1 Zinco ............................................................................................................................................176 3.3.2 Ferro ............................................................................................................................................177 3.3.3 Selênio ........................................................................................................................................177 3.3.4 Cobre ......................................................................................................................................... 178 3.3.5 Magnésio .................................................................................................................................. 178 3.3.6 Cálcio ......................................................................................................................................... 178 3.3.7 Fósforo ....................................................................................................................................... 179 RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................................180 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................182 TÓPICO 3 - NUTRIÇÃO ECOLÓGICA E QUALIDADE NUTRICIONAL .................................185 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................185 2 NUTRIÇÃO ECOLÓGICA E QUALIDADE NUTRICIONAL .................................................185 2.1 DIREITOS HUMANOS À ALIMENTAÇÃO ADEQUADA E ÀS SEGURANÇAS ALIMENTAR E NUTRICIONAL ..........................................................................................................186 3 EDUCAÇÕES ALIMENTAR E NUTRICIONAL ...................................................................189 3.1 PRINCÍPIOS DAS AÇÕES DA EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL ...............................190 3.1.1 Sustentabilidades social, ambiental e econômica ...........................................................190 3.1.2 Abordagem do sistema alimentar na integralidade........................................................190 3.1.3 Valorização da cultura alimentar local e respeito à diversidade de opiniões e perspectivas, ao ser considerada a legitimidade dos saberes de diferentes naturezas ..................................................................................191 3.1.4 Comida e alimento como referências; valorização da culinária como prática emancipatória .................................................................................................191 3.1.5 Promoção do autocuidado e da autonomia ..................................................................... 192 3.1.6 Educação como processo permanente, participativo e gerador de autonomia e participação ativa e informada dos sujeitos ...................................... 192 3.1.7 Diversidade nos cenários de prática e intersetorialidade ............................................. 193 3.1.8 Intersetorialidade .................................................................................................................... 193 3.1.9 Planejamento, avaliação e monitoramento das ações .................................................. 193 3.2 CAMPOS DE PRÁTICAS DA EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL ................................ 194 3.3 ETAPAS DE UM PROGRAMA DE EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL ....................... 195 3.3.1 Conhecendo o território ......................................................................................................... 195 3.3.2 Identificando e aproximando gestores, parceiros e comunidade .............................. 197 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................. 200 RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................201 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................... 203 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 205 1 UNIDADE 1 - REVOLUÇÃO AGRÍCOLA E AVANÇOS TECNOLÓGICOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEMPLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender o que foi a Revolução Agrícola; • conhecer alguns dos desenvolvimentos tecnológicos após a ocorrência dessa Revolução; • identificar as competências de cultivo e tração animal na agricultura; • definir o que é ecologia; • estudar o que é sustentabilidade ecológica; • definir a agricultura ecológica; • analisar a perspectiva global perante a agricultura ecológica. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – REVOLUÇÃO AGRÍCOLA TÓPICO 2 – ECOLOGIA TÓPICO 3 – AGROECOLÓGICO Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 1! Acesse o QR Code abaixo: 3 REVOLUÇÃO AGRÍCOLA 1 INTRODUÇÃO Caro acadêmico, você, provavelmente, já deve ter ouvido falar da revolução agrícola e já deve ter uma noção a respeito do tema. Neste tópico introdutório, abordaremos os principais centros populacionais datados do Neolítico, as tecnologias e a organização social deles. Para construir essa base, inicialmente, apresentaremos o contexto da revolução agrícola. Em seguida, aprofundaremos os períodos estimados para o desenvolvimento dos centros populacionais, as tecnologias desenvolvidas para a produção agrícola e alguns conceitos de organização social nas comunidades sedentárias. Ao fim do primeiro tópico, você deverá conseguir entender o que foi a revolução agrícola, diferenciar os centros populacionais, e compreender a importância das tecnologias para a produção agrícola frente às novas demandas populacionais. Por isso, é, extremamente, importante a sua dedicação ao longo da nossa jornada. Bons estudos! 2 REVOLUÇÃO AGRÍCOLA Na Idade da Pedra Lascada, há, aproximadamente, 12.000 anos, a espécie humana já utilizava utensílios feitos de pedras lascadas, para caça, pesca e coleta. O refinamento dessas lascas foi amplificado no período Neolítico, ou seja, na Idade da Pedra Polida, possibilitando, desse modo, “ao longo desse último período da Pré-História, menos de 10.000 anos depois, que várias dessas sociedades, entre as mais avançadas do momento, iniciassem a transição da predação à agricultura” (LAURENCE; ROUDART, 2009, p. 97). Os grupos humanos viviam, nesse período, como nômades, ou seja, viviam, exclusivamente, da predação de espécies selvagens e alimentos disponíveis pelos locais pelos quais se deslocavam, utilizando todos, ou quase todos, os recursos da região, sendo obrigados a migrar atrás de mais alimentos (LAURENCE; ROUDART, 2009). As regiões do mundo nas quais os grupos humanos, vivendo, exclusivamente, da predação de espécies selvagens, transformaram-se em sociedades, vivendo, principalmente, da exploração de espécies domésticas, são, finalmente, pouco numerosas, não muito difundidas e bem afastadas umas das outras. Elas constituíam o que chamamos de centros de origem da revolução agrícola neolítica, entendendo que o termo “centro” designa uma área, e não um ponto de origem. A partir de alguns desses centros, os quais nomearemos de centros irradiantes, a agricultura, em TÓPICO 1 - UNIDADE 1 4 seguida, estendeu-se para a maior parte das regiões do mundo. Cada centro irradiante corresponde, assim, a uma área de extensão particular, que compreende todas as regiões ganhas pela agricultura oriundas desse centro. No entanto, certos centros não deram origem a uma área de extensão tão importante. Esses centros, pouco, ou nada irradiantes, foram, a seguir, englobados numa ou noutra das áreas de extensão precedentes (LAURENCE; ROUDART, 2009, p. 100). A Revolução Agrícola ocorreu no período Neolítico, sendo confirmada em seis grandes centros populacionais. De acordo com Laurence e Roudart (2009), esses centros são denominados de centro do oriente-próximo (entre 10.000 a.C. e 9.000 a.C.), centro neo-guineense (10.000 a.C.), centro centro-americano (entre 9.000 a.C. e 4.000 a.C.), centro chinês (8.500 a.C.), centro sul-americano (6.000 a.C.) e centro norte- americano (entre 4.000 a.C. e 1.800 a.C.). QUADRO 1 – PRINCIPAIS CENTROS POPULACIONAIS CONTINENTAIS Centro Populacional Posição Geográfica Relação temporal Detalhes Oriente-próximo Ásia/Oriente Médio Entre 10.000 a.C. e 9.000 a.C. Constituiu-se na Síria- Palestina e, talvez, mais amplamente, no conjunto do Crescente Fértil. Centro neo- guineense África 10.000 a.C. Emergiu-se no coração da Papuásia-Nova Guiné. Centro-americano América Central Entre 9.000 a.C. e 4.000 a.C. Estabeleceu-se no sul do México. Centro chinês Ásia Oriental 8.500 a.C. Inicialmente, surgiu no norte da China, nos terraços de solos siltosos do médio rio Amarelo, e, depois, estendeu-se para nordeste e sudeste. Centro sul- americano América do Sul 6.000 a.C. Desenvolveu-se nos Andes peruanos ou equatorianos. Centro norte- americano América do Norte Entre 4.000 a.C. e 1.800 a.C. Instalou-se na bacia do médio Mississipi. FONTE: Adaptado de Laurence e Roudart (2009) FONTE: Adaptado de Laurence e Roudart (2009) 5 3 DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO O Centro do Oriente-Próximo se consolidou como um dos mais antigos pontos de origem da agricultura neolítica (LAURENCE; ROUDART, 2009). Nesse período, os grupos humanos possuíam hábitos nômades, caracterizados pala ausência de agricultura e sobrevivendo da coleta de frutos e de raízes. Posteriormente, tornaram-se conhecidos como grupos, ou sociedades sedentárias, pois passaram a possuir produção agrícola e excedentes agrícolas armazenados, os quais permitiam a fixação de uma residência em um local determinado, por não existir a necessidade de migrar em busca de alimentação (FOCHI; SILVA, 2017). Segundo Laurence e Roudart (2009), o período de transição da pré para a pós- revolução agrícola, nessa região, levou, ao menos, 1.000 anos, e, consequentemente, revolucionou fatores técnicos, econômicos e culturais desse período. Nessa região do mundo, há, aproximadamente, 12.000 anos antes da presente Era, o aquecimento pós-glaciário do clima fez com que a estepe fria de artemísia fosse substituída, progressivamente, pela savana de faias e de pistacheiras, rica em cereais selvagens (cevada, trigo einkorn – Triticum monococcum, trigo amidoreiro – Triticum dicoccum etc.), e que proporcionavam, também, outras fontes vegetais exploráveis (lentilhas, ervilha, ervilhaca e outras leguminosas), incluindo caças variadas (javalis, cervos, gazelas, aurochs, asnos, cabras selvagens, coelhos, lebres, pássaros etc.) e peixes em certos locais (LAURENCE; ROUDART, 2009, p. 102). NOTA Aurochs: Boi da Europa, próximo do zebu da Ásia, já extinto. Com as modificações climáticas e conforme a oferta alimentar disponível, gradativamente, a dieta passou a ser oriunda de um “regime, amplamente, vegetariano, [e] se baseava na exploração de recursos abundantes – como jamais existira, a ponto de permitir a subsistência de uma população numerosa e sedentária” (LAURENCE; ROUDART, 2009, p. 102). Conforme Eshed e Lippman (2019), existem milhares de frutos, cereais e vegetais comestíveis, assim, a sobrevivência das espécies depende de uma combinação nutricional, ofertada pela alimentação. Nessa perspectiva, é compreendido que a nutrição humana, através da ação de coletadores, foi desenvolvida e dominada, precocemente, entre os humanos. 6 A coleta diretamente da natureza era simplificada, pois, segundo Fukuoka (1995, p. 11), “árvores e gramas liberam sementes que caem no chão, onde germinam e se transformam em novas plantas. [...] O solo, nos campos, é trabalhado pelos pequenos animais e raízes, sendo enriquecido pelas plantas, com adubação verde”. Os recursos alimentares e as tecnologias desenvolvidas, nesse período, possibilitaram as progressões populacional e social, estruturando pequenos alojamentosarredondados, alicerçados sobre madeiras, pedras e uma liga formada por barro, com a origem de pequenos vilarejos (LAURENCE; ROUDART, 2009). Na Figura 1, será apresentada uma reconstituição da estrutura domiciliar do período Neolítico. NOTA Os desenvolvimentos tecnológicos da civilização humana, durante o período Neolítico, ocorreram de modo gradual. As tecnologias desenvolvidas variavam, de acordo com os centros populacionais e o período analisado. Com a possibilidade de os grupos humanos fixarem moradias, “o desenvolvimento desse novo modo de vida sedentário foi condicionado por toda uma série de inovações que permitiram explorar e utilizar, mais intensamente, os novos recursos”. Desse modo, foram desenvolvidos utensílios para a coleta, a trituração e o cozimento de todos os alimentos que formavam a estrutura da ração alimentar, baseada em vegetais e cereais, e complementada por pescados e caças (LAURENCE; ROUDART, 2009, p. 102). FIGURA 1 – RECONSTITUIÇÃO DE MORADIAS NO PERÍODO NEOLÍTICO FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/stonehenge-neolithic-houses-prehis- toric-megalithic-stone-726448873>. Acesso em: 24 abr. 2021. Alguns dos avanços tecnológicos desenvolvidos nesse período foram as foices de pedra talhada, além das dentadas com microfilos, facas, machados, moendas entalhadas na rocha, pilões, silos e fornos (LAURENCE; ROUDART, 2009). 7 FIGURA 2 – UTENSÍLIOS TECNOLÓGICOS DO PERÍODO NEOLÍTICO FONTE: <https://shutr.bz/3xJUx8f>. Acesso em: 24 abr. 2021. Em geral, admite-se que as primeiras semeaduras aconteceram de forma acidental, próximas às moradias, em lugares de debulha e de preparo culinário dos cereais nativos. A protocultura teria se desenvolvido nesses mesmos terrenos, já desmatados, enriquecidos de dejetos domésticos, e sobre terrenos, regularmente, inundados pelas cheias dos rios, por sedimentos de aluvião, que não exigiam nem desmatamento nem preparo do solo (LAURENCE; ROUDART, 2009, p. 105). NOTA Protocultura: Transferência de comportamentos de uma geração para outra entre primatas não humanos. DICA Neolítico é uma divisão cronológica da chamada Pré-História da humanidade, compreendida entre 10.000 a.C. e 4.000 a.C. Neolítico significa “pedra nova”, ou, ainda, Idade da Pedra Polida. Tais denominações indicam que as divisões, nesse período de existência humana, foram feitas a partir do desenvolvimento de artefatos produzidos pelos homens e de algumas práticas referentes às ações deles sobre a natureza. O fato de utilizarem artefatos construídos a partir de pedras polidas dava muita precisão aos cortes dos instrumentos de caça, pesca e utilização cotidiana. A maior parte dos artefatos era feita de sílex, ou quartzo, mas, também, de ossos de animais e marfim, chegando, ao fim do período, ao desenvolvimento de artefatos de metal. Acompanhe toda a matéria em https://bit.ly/3rr0hj7 8 O desenvolvimento da pedra polida foi fundamental para o preparo do terreno para o cultivo. Os machados de pedra lascada não eram úteis para esse fim, pois “se lascariam, se desgastariam rapidamente, além de serem de difícil fabricação” (LAURENCE; ROUDART, 2009, p. 105). Acredita-se que machados de pedra polida eram utilizados para abrir as clareiras na vegetação. Devido à pouca fragilidade, “podiam ser confeccionados com todos os tipos de pedras duras, inclusive, com pedras não talháveis, além de poderem ser afiados, sempre que necessário” (LAURENCE; ROUDART, 2009, p. 105). Após o preparo inicial, executava-se a limpeza do terreno, com a queima da vegetação ceifada, antes do cultivo dos cereais e vegetais. Os primeiros locais de desenvolvimento dessas técnicas foram o Centro do Oriente-Próximo, o Centro Norte- Americano e o Centro Chinês. 4 ORGANIZAÇÃO SOCIAL NEOLÍTICA Com o desenvolvimento das tecnologias para o plantio, a colheita e o abate de animais, a população humana começou a crescer, exponencialmente, no período entre 9.500 a.C. e 9.000 a.C. Os grupos sociais alteraram os próprios vilarejos, de 0,2 hectares para até três hectares. As casas que, outrora, possuíam formas arredondadas, passaram a apresentar uma forma quadrangular, desse modo, as “mudanças testemunham um crescimento da população das vilas e de uma transformação da organização social. Essa época coincide, ainda, com o desenvolvimento da cerâmica cozida utilitária, com o progresso da produção de machados e enxós de pedra polida” (LAURENCE; ROUDART, 2009, p. 105), incluindo o desenvolvimento de peças de artesanato e a conservação de ossadas. A domesticação das plantas e dos animais garantia a produção de uma dieta baseada em cereais, vegetais e carnes de abate. Essas adaptações sociais fogem de uma linha temporal linear, não sendo possível confirmar, até o momento, quanto tempo levou para todos os grandes centros populacionais dominarem essas técnicas (LAURENCE; ROUDART, 2009). NOTA No Neolítico, os grupos humanos deixaram de ser nômades, ou seja, mudavam, constantemente, de lugar, em busca de melhores condições de sobrevivência, e se transformaram em sedentários. Os hominídeos se fixaram em um determinado lugar. Isso possibilitou o desenvolvimento da agricultura. FONTE: <https://bit.ly/3vjPatl>. Acesso em: 24 abr. 2021. 9 FIGURA 3 – SOCIEDADE NEOLÍTICA FONTE: <https://www.shorthistory.org/prehistory/neolithic-society/>. Acesso em: 24 abr. 2021. Essa crescente populacional começa a extrapolar os recursos dos centros populacionais, foi o processo denominado de “superexploração do meio”. Desse modo, “a menos que essa população encontre um meio de conter o próprio crescimento [...], ou um meio de obter novos recursos, pelo deslocamento total, ou parcial, dos habitantes, rumo a territórios desocupados ou subexplorados, ou pela conquista e a colonização de territórios já ocupados” (LAURENCE; ROUDART, 2009, p. 107), a tendência seria o desenvolvimento de conflitos internos em busca de alimento e degradação estrutural do centro populacional. DICA [...] A revolução agrícola foi uma das marcas do período Neolítico. Com a sedentarização dos grupos humanos, pôde-se observar, além de reconhecer os fenômenos naturais e explorar a natureza em benefício do grupo. Além disso, o primitivo pôde utilizar a terra, plantando e colhendo frutos. Com essa mudança, aumentou-se o número populacional e os grupos humanos se transformaram em sociedades mais complexas, abrindo espaço para a formação de um Estado que as administrasse. Surgia, assim, a figura do chefe do grupo, uma pessoa respeitada e obedecida pelos demais. Outra mudança ocorrida, nesse período Neolítico, diz respeito à moradia. A caverna não era mais o lugar ideal para ser habitado. Foi muito útil nos tempos do Paleolítico, mas, no Neolítico, a sedentarização exigiu a construção de casas feitas de madeira, barro ou adobe. Para alguns estudiosos do período, a construção de moradias fez surgir os primeiros traços da arquitetura. A principal produção econômica foi a agricultura. Ao explorar a terra, os grupos neolíticos puderam plantar e colher sementes, além de armazená-las para tempos futuros, ou para trocas de excedentes com outros grupos. Acompanhe toda a matéria em https://bit.ly/3M7hyFO 10 Os conceitos de sobrevivência dessas sociedades eram muito desenvolvidos, vislumbrando que todos os indivíduos tinham condições de semear o solo, incluindo o manejo de animais para a captura, a domesticação, o abate e a caça, algo dominado por todos, dos coletores até os caçadores. Ainda, uma das grandes dificuldades do período Neolítico era a organização social dentro dos centros populacionais em expansão. Desenvolveram-se métodos e regras para a retirada imediata de recursos para a alimentação, deixando reservas alimentares e sementes para o próximo plantio. Os abates de animais domésticos ocorriam de modo descontrolado, não tendo em consideração se eram jovens, se estavam em fase de crescimento ou se estariam findando a possibilidade de renovação do rebanho (LAURENCE;ROUDART, 2009). Difícil era, também, preservar os campos semeados por um grupo com direito de “coleta”, até então, reconhecido pelos outros grupos, e os animais de criação de direito de “caça”. Era, enfim, difícil garantir a repartição dos frutos do trabalho agrícola entre os produtores- consumidores de cada grupo, não somente no quotidiano, mas, sobretudo, e, ainda mais difícil, quando do desaparecimento dos anciãos e no momento da subdivisão de um grupo, que se tornara muito grande, em vários grupos menores (LAURENCE; ROUDART, 2009, p. 108). FIGURA 4 – RECONSTRUÇÃO DIGITAL DE UMA SOCIEDADE NEOLÍTICA FONTE: <https://shutr.bz/3EdRTIV>. Acesso em: 24 abr. 2021. A organização social começou a ascender a partir do remodelamento das moradias, mobiliários, sepulturas e do desenvolvimento artístico, possibilitando uma transição da predação da flora e da fauna para o desenvolvimento agrícola. Aparentemente, durante essa reformulação de ações predatórias para ações agrícolas, outras funções sociais surgiram, como a criação de grupos domésticos de produção e de consumo. Esses pequenos grupos, que receberam a nomenclatura de “grupos familiares”, eram responsáveis pela produção, pela coleta e pela distribuição dos alimentos entre si. Esses grupos familiares possuíam um teto próprio, um forno, um silo, e, conforme a estação, sementes estocadas ou no solo, cultivo de cereais em fase vegetativa ou ainda não colhidos, incluindo animais. Nessas unidades familiares bem extensas, a divisão do trabalho e das responsabilidades, conforme o sexo e a idade; a repartição dos produtos, mas, também, o destino dos rapazes, das moças e de certos bens, em caso de casamentos; e a transmissão de responsabilidades 11 e de bens quando do falecimento dos anciãos, ou, ainda, no momento da segmentação do grupo, obedeciam, necessariamente, a um mínimo de regras sociais. Elas garantiam a reprodução proporcional do grupo e das linhagens de plantas cultivadas e de animais domésticos dos quais dependia essa sobrevivência (LAURENCE; ROUDART, 2009, p. 109). 12 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • A utilização da pedra lascada proporcionou inúmeros avanços tecnológicos no período Neolítico. • Os grupos humanos conquistaram a possibilidade de se tornar sedentários, ou seja, de possuir um local fixo para moradia. • A Revolução Agrícola ocorreu em, pelo menos, seis grandes centros populacionais. • O centro populacional mais antigo, localizado até o momento, é o centro do Oriente-Próximo. • O centro populacional mais novo, localizado até o momento, é o centro Norte- Americano. • O desenvolvimento tecnológico da civilização humana, durante o período Neolítico, ocorreu de modo gradual. • No período Neolítico, as comunidades utilizavam ferramentas, como foices de pedra talhada e dentadas com microfilos, facas, machados, moendas entalhadas na rocha, pilões, silos e fornos. • Domesticaram-se plantas e animais para a produção de uma dieta baseada em cereais, vegetais e carnes de abate. • A organização social começou através do remodelamento de moradias, mobiliários, sepulturas e produções artísticas. RESUMO DO TÓPICO 1 13 1 Estudos apontam que a espécie humana utilizava ferramentas e utensílios de pedra lascada desde a Pré-História. Estima-se que o ser humano começou a utilizar a pedra polida na era: a) ( ) Glacial. b) ( ) Paleolítica. c) ( ) Neolítica. d) ( ) Idade dos Metais. 2 Com a domesticação animal e os conhecimentos na agricultura, desenvolveram-se os centros populacionais. A finalidade desses centros era produzir alimentos suficientes para toda a sociedade, podendo ocorrer atividades específicas, conforme o sexo e a idade dos indivíduos. Desse modo, relacione o centro populacional às respectivas características geográficas, numerando as colunas de modo adequado: I - Oriente-próximo II - Centro-americano III - Norte-americano IV - Sul-americano Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) I – III – IV – II. b) ( ) II – I – IV – III. c) ( ) IV – III – I – II. d) ( ) II – I – III – IV. 3 No período Paleolítico, ocorreram avanços funcionais de produção desenvolvidos pela espécie humana. Esses avanços promoveram uma progressão da população existente, através da produção de alimentos. Assim, disserte a respeito da utilização de utensílios e de ferramentas no período Neolítico, informando a finalidade e as consequências da utilização deles. AUTOATIVIDADE ( ) Estabeleceu-se no seu do México. ( ) Constituiu na Síria-Palestina, e, talvez, mais amplamante, conjunto do Crescente Fértil. ( ) Desenvolveu-se nos Andes peruanos ou equatorianos. ( ) Instalou-se na bacia do médio 14 4 De acordo com os estudos de Laurence e Roudart (2009), a Revolução Agrícola levou em torno de 1.000 anos para desenvolver os próprios potenciais técnicos, culturais e econômicos. Com o desenvolvimento técnico e de equipamentos apropriados, como era organizada a alimentação dos grupos sedentários? FONTE: LAURENCE, M. M.; ROUDART, L. História das agriculturas no mundo: do neolítico à crise contem- porânea. v. 69. São Paulo: UNESP, 2009. a) ( ) Era baseada em vegetais, cereais, pescados e caças. b) ( ) Era baseada, apenas, em leguminosas coletadas. c) ( ) Era baseada em vegetais e cereais coletados. d) ( ) Era baseada, apenas, na caça. 5 Anteriormente ao desenvolvimento dos centros populacionais, a espécie humana possuía o hábito e a necessidade de viver como nômade. Disserte a respeito de como você compreende esse estilo de vida. 15 ECOLOGIA 1 INTRODUÇÃO Caro acadêmico, bem-vindo ao Tópico 2! Você, provavelmente, já deve ter ouvido falar do tema Ecologia. Neste tópico, abordaremos as principais linhas de pensamento que sustentam o conceito de ecologia. Compreenderemos os níveis de organização ecológica, ponto a ponto, construindo, desse modo, a estrutura da biosfera. Ainda, traçaremos os conceitos dos principais biomas pelo globo terrestre, incluindo a sustentabilidade. Ao fim deste segundo tópico, você deverá conseguir compreender o conceito de ecologia e diferenciar e caracterizar os principais biomas e a organização da biosfera, desde a menor unidade até a estrutura macro. Por isso, é, extremamente, importante a sua dedicação ao longo desta nossa jornada. Bons estudos! 2 ECOLOGIA A palavra ecologia se originou do grego oikos (casa) e logos (estudo), com o seguinte significado literal: “estudo da casa”. A definição veio a ser apresentada em 1866, por Ernest Haeckel, um discípulo de Charles Darwin. De acordo com ele, a ecologia é a ciência responsável pela compreensão relacional dos organismos com o ambiente (TOWNSEND; BEGON; HAPER, 2013). No Quadro 2, poderemos compreender a ecologia a partir da perspectiva de outros pesquisadores. UNIDADE 1 TÓPICO 2 - NOTA “Se você observar formigas colhendo migalhas na calçada ou assistir a um vídeo de ursos polares caçando no gelo marinho, você estará estudando ecologia. A partir dessas experiências simples, a maioria das pessoas sabe que os organismos, na Terra, estão conectados entre si e com o ambiente. Ecologia é a exploração dessas interconexões, e é mais, simplesmente, definida como o estudo das relações entre organismos e ambiente físico. Os ecólogos estudam essas interações em escalas diferentes e com métodos diferentes, mas todos concordam que a ecologia é, antes de tudo, um esforço científico” (SAVADA et al., 2020, p. 716). 16 Atualmente, um dos conceitos mais aceitos em relação à ecologia é a ciência que estuda a relação entre os seres vivos e os demais componentes do ambiente, ou seja, o estudo do ambiente, com seus fatores físicos, químicos e biológicos que afetam os organismos (ALVES; BRANDT; ALVES, 2013). Compreendemos que o planeta Terra é habitado por uma gigantesca gama de organismos. Esses organismos não estão distribuídos aleatoriamente. A divisão ocorre por características dos próprios organismos,como é expresso nas contribuições de Charles Darwin e Alfred Wallance, podendo, assim, ser compreendido os padrões da diversidade no nosso planeta (SAVADA et al., 2020). QUADRO 2 – PERSPECTIVAS DE ECOLOGIA Ernest Haeckel (1866) “É a ciência capaz de compreender a relação do organismo com o ambiente”. Bourdon-Sanderson (1893) “É a ciência que se ocupa das relações externas de plantas e animais entre si e com as condições passadas e presentes de existência”. Tansley (1904) “São aquelas relações de plantas, com o entorno e entre elas, que dependem, diretamente, de diferenças de habitats entre plantas”. Elton (1927) “É, principalmente, relacionada com o que pode ser chamado de sociologia e economia de animais, e não com a estrutura de outras adaptações que eles apresentam”. Andrewartha (1961) “É o estudo científico da distribuição e da abundância de organismos”. Phillipson (1969) “É o estudo das inter-relações entre o ser vivo e o ambiente físico, e com todos os outros organismos que vivem nesse ambiente”. Krebs (1972) “É o estudo científico das interações que determinam a distribuição e a abundância de organismos”. Rickles (1973) “É o estudo do ambiente natural, particularmente, das relações entre os organismos e as adjacências deles”. Odum (1977) “É o estudo da estruturação e da funcionalidade da natureza”. Dajoz (1978) “É a ciência que estuda as condições a partir da quais os seres vivos existem e as interações deles com o meio”. 17 Pianka (1983) “É estudo das relações entre os seres vivos e os fatores físicos e biológicos que os atingem, ou são afetados por eles, direta ou indiretamente”. Lopes e Rosso (2005) “A ecologia é uma área da biologia que se preocupa em estudar as relações entre os seres vivos e entre eles e o meio ambiente em que vivem”. FONTE: Adaptado de Townsend, Begon e Haper (2013) e Alves, Brandt e Alves (2013) FONTE: Adaptado de Townsend, Begon e Haper (2013) e Alves, Brandt e Alves (2013) Dentro da estrutura ecológica, existem conceitos específicos que devem ser compreendidos para o pleno desenvolvimento das atividades vinculadas à ecologia. Podemos definir a espécie como o conjunto de indivíduos semelhantes em características estruturais, funcionais e de reprodução, apresentando uma “propagação genética própria em resposta às pressões do ambiente ao longo da evolução” (ALVES; BRANDT; ALVES, 2013, p. 8). Os organismos são as unidades fundamentais na ecologia, todas as formas de vida, unicelulares ou pluricelulares, consideradas como seres vivos individuais, vivendo em um habitat, que é o perímetro a partir do qual uma determinada espécie vive dentro de um ecossistema. As regiões de transição entre duas ou mais comunidades de ecossistemas são denominadas de ecótonos, e o conjunto de todos os ecossistemas da Terra, presentes na litosfera, na hidrosfera e na atmosfera, é denominado de biosfera (ALVES; BRANDT; ALVES, 2013). NOTA “Ao estudar os efeitos ecológicos da mudança climática sobre uma determinada espécie, os ecólogos, talvez, tivessem que combinar observações de espectro de temperatura da espécie com experimentos de curto prazo a respeito dos efeitos do aquecimento na distribuição dela e, então, usar modelos para projetar como as distribuições poderiam mudar com a continuidade do aquecimento” (SAVADA et al., 2020, p. 717). FIGURA 5 – NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO ECOLÓGICA 18 FONTE: O autor A população é o conjunto de indivíduos de uma mesma espécie, os quais habitam em uma área em comum, sendo utilizada com inúmeras finalidades de mensuração, dentre elas, a natalidade, a mortalidade, a idade etc. Já as comunidades são definidas como os conjuntos de populações de um determinado local que podem interferir e interagir, direta ou indiretamente, umas com as outras. Todas essas comunidades fazem parte do ecossistema, e o local no qual essas comunidades habitam é denominado de biótipo. NOTA Savada et al. (2020, p. 717) apresentam que a “ecologia é o estudo científico das relações entre os organismos e o ambiente. A ecologia é estudada em múltiplos níveis de organização, desde indivíduos até a biosfera. Os ecólogos utilizam uma combinação de observações, experimentos e modelos para testar teorias ecológicas”. 19 FIGURA 6 – SISTEMAS ECOLÓGICOS FONTE: Savada et al. (2020, p. 716) 3 BIOMAS Os biomas descrevem os macros sistemas e as especificidades deles, sejam regionais ou subcontinentais, apresentando características, como vegetação nas florestas, areia nos desertos ou praias etc. Até o momento, foram apresentados os níveis da organização ecológica, e ilustrado como esse sistema funciona, mas você, acadêmico, já se perguntou se a latitude e a altitude podem influenciar a presença de determinados organismos? 20 FIGURA 7 – BIOMA AMAZÔNICO FONTE: <https://shutr.bz/3xBjClF>. Acesso em: 24 abr. 2021. FIGURA 8 – BIOMA DESÉRTICO FONTE: <https://shutr.bz/3uQT5yP>. Acesso em: 24 abr. 2021. DICA O Brasil é formado por seis biomas com características distintas: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal. Cada um desses ambientes abriga diferentes tipos de vegetação e de fauna. Como a vegetação é um dos componentes mais importantes da biota, os estados de conservação e de continuidade dela definem a existência, ou não, de hábitats para as espécies, a manutenção de serviços ambientais e o fornecimento de bens essenciais à sobrevivência das populações humanas. Para a perpetuação da vida nos biomas, é necessário o estabelecimento de políticas públicas ambientais, incluindo a identificação de oportunidades para a conservação, o uso sustentável e a repartição de benefícios da biodiversidade. • Amazônia: é o maior bioma do Brasil e abriga mais de 2.500 espécies de árvores e 30 mil de plantas. • Caatinga: ocupa dez estados brasileiros, abriga 1.487 espécies de fauna e 27 milhões de pessoas. 21 • Cerrado: detém 5% da biodiversidade do planeta e é reconhecido como a savana mais rica do mundo. • Mata Atlântica: cerca de 15% do território é coberto pelo bioma, e é reconhecida como Patrimônio Nacional. • Pampa: contempla paisagens naturais variadas, de serras a planícies, de morros rupestres a coxilhas. • Pantanal: é considerado uma das maiores extensões úmidas contínuas do planeta. Acompanhe toda a matéria em https://antigo.mma.gov.br/biomas.html. FIGURA 9 – PRINCIPAIS BIOMAS DO MUNDO Tundra Floresta boreal Zona de montanha Floresta temperada decidual Floresta temperada perenifólia Bosques arbustivos e arbóreos temperadosGelo polar Equador Floresta estacional tropical Floresta tropical pluvial Campo temperado Deserto FONTE: Savada et al. (2020, p. 727) NOTA “Os ecólogos classificam os biomas terrestres, principalmente, pelas formas de crescimento das próprias plantas dominantes, que refletem a evolução dessas plantas segundo os padrões anuais de temperatura e precipitação” (SAVADA et al., 2020, p. 726). Dentre todos os biomas encontrados no globo terrestre, abordaremos a floresta tropical pluvial, o deserto, o campo temperado, a floresta temperada decidual, a floresta boreal, a floresta temporada perenifólia e a tundra. 22 A floresta tropical pluvial se localiza nas regiões equatoriais, devido às altas temperaturas e aos períodos chuvosos durante o ano. Esse bioma é propício para o crescimento das espécies, chegando a ter até 500 espécies distintas por quilometro quadrado, valor equivalente a 140 campos de futebol. Estima-se que esse bioma abrigue 50% de todas as espécies conhecidas até o momento (ALVES; BRANDT; ALVES, 2013; SAVADA et al., 2020). Elas “[...] fornecem, aos seres humanos, uma gama de produtos, incluindo frutos (secos e polposos), medicamentos, combustível, polpa e madeira para móveis” (SAVADA et al., 2020, p. 727). O bioma deserto é localizado em duas faixas aproximadas: 30º de latitude norte e 30º de latitude sul. Quanto mais distante das bordas continentais, menor a incidência de chuvas, como é o caso da região centraldo Saara (sito na África) e a região central da Austrália (sito na Oceania) (SAVADA et al., 2020). FIGURA 10 – BIOMA DESERTO EM PONTOS DISTINTOS DO GLOBO A) Deserto do Saara, no continente africano A) Cactus cholla. B) Deserto Pinnacles, no continente da Oceania B) Orix da Arábia. FONTE: <https://bit.ly/36tq9DO>. Acesso em: 24 abr. 2021. Nesse bioma, a flora e a fauna se adaptam, estrutural e fisiologicamente, para conservar água. Os animais de pequeno porte possuem hábitos noturnos, desse modo, evitam a temperatura escaldante do dia. Vislumbramos que “os mamíferos do deserto apresentam adaptações fisiológicas para a conservação de água, incluindo um número reduzido de glândulas sudoríparas e rins produtores de urina, altamente, concentrada” (SAVADA et al., 2020, p. 728). FIGURA 11 – ADAPTAÇÕES DA FLORA E DA FAUNA NO BIOMA DESERTO FONTE: <https://bit.ly/3OlKAn2>. Acesso em: 24 abr. 2021. 23 FIGURA 12 – CAMPOS TEMPERADOS NOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA E NO CANADÁ A) Campos de Sand Hill no Valentine National Wildlife Refuge, Nebraska, Estado Unidos. B) Doninha-de-patas-pretas selvagem (Mustela nigripes) no Grasslands National Park, Saskatchewan, Canadá. FONTE: <https://bit.ly/3JOibm9>; <https://bit.ly/3xABDQQ>. Acesso em: 24 abr. 2021. Os campos temperados são localizados em várias regiões do mundo, como nos pampas da Argentina, nos velds da África do Sul e nas planícies da América do Norte. São caracterizados por altas temperaturas na temporada de verão e longos períodos de seca durante o ano (SAVADA et al., 2020). A vegetação dos campos é, estruturalmente, simples, mas rica em espécies de gramíneas e ervas latifoliadas perenes. As plantas de campo suportam grandes quantidades de mamíferos herbívoros e estão adaptadas ao pastejo e ao fogo. Elas armazenam grande parte da energia no subsolo e rebrotam rapidamente, após serem queimadas ou pastejadas. Existem, comparativamente, poucas árvores nos campos temperados, porque elas não conseguem sobreviver às condições de queimadas ou secas periódicas A camada superior dos solos dos campos é, geralmente, rica e profunda, sendo, portanto, excepcionalmente, bem adequada para o cultivo de lavouras, como de milho e de trigo (SAVADA et al., 2020, p. 729). A floresta temperada decidual é encontrada na Europa, no leste da América do Norte e da Ásia. Nesse bioma, a temperatura varia de -5ºC a 20ºC nas temporadas de inverno e verão, respectivamente. Devido a essas alterações térmicas, “as árvores decíduas, que dominam essas florestas, perdem as folhas durante os invernos frios, e produzem novas folhas durante os verões quentes e úmidos” (SAVADA et al., 2020, p. 730). Se compararmos o número de espécies encontradas nas regiões com esse bioma, visualizaremos uma diversidade nos Estados Unidos e no leste da Ásia, possivelmente, por esses locais não sofrerem a cobertura das geleiras do Pleistoceno (SAVADA et al., 2020). 24 NOTA Pleistoceno: época geológica da história da Terra que, segundo muitos geólogos, começou há cerca de 1.750.000 anos e terminou, aproximadamente, há dez mil anos. A época plistocena abrangeu um período chamado de Idade do Gelo, quando várias camadas de gelo cobriram vastas regiões da Terra. Antropólogos creem que o ser humano primitivo começou, gradualmente, a evoluir para a forma atual durante o Plistoceno. FIGURA 13 – BIOMA FLORESTA TEMPERADA DECIDUAL FONTE: <https://www.nps.gov/im/ncrn/eastern-deciduous-forest.htm>; <https://www.viajarpelomundo. com/2015/11/miyajima-uma-ilha-sagrada.html>. Acesso em: 24 abr. 2021. A) Floresta temperada decidual nos Estados Unidos da América. B) Floresta ma ilha de Miyajuma, Japão. A floresta boreal possui invernos longos e com baixíssimas temperaturas, podendo chegar a -30ºC no mês de janeiro. A vegetação dominante, nesse bioma, são as coníferas, o que facilita desaglomerar a neve sobreposta. “Os mamíferos dominantes da floresta boreal, como o alce-americano e as lebres, comem folhas, mas as sementes, nos estróbilos (cones) das coníferas, sustentam uma diversidade de roedores, aves e insetos“ (SAVADA et al., 2020, p. 730). FIGURA 14 – BIOMA FLORESTA BOREAL FONTE: <https://shutr.bz/3EsL86i>. Acesso em: 24 abr. 2021. 25 O bioma floresta temperada perenifólia é localizado nas costas dos continentes dos Hemisférios Norte e Sul. Possui invernos úmidos e amenos, e verões frios e secos. A vegetação varia, conforme a posição geográfica desse bioma, são predominantes, as coníferas, no Hemisfério Norte, e, as faias-do-sul, no Sul (SAVADA et al., 2020). O bioma tundra é encontrado, apenas, em latitudes altas (> 65º). Uma das principais características dele são as baixas temperaturas, incluindo os curtos espaços férteis. “Esse bioma é embasado por pergelissolo (permafrost) – solo permeado com água, permanentemente, congelada. Os poucos centímetros superiores do solo descongelam durante os curtos verões, quando o Sol pode estar acima do horizonte 24 horas por dia“ (SAVADA et al., 2020, p. 371). A vegetação predominante são as ciperáceas, ervas latifoliadas, gramíneas, arbustos, liquens e musgos. A fauna é caracterizada, em sua maioria, em migrantes de verão, ou dormentes de longos períodos anuais. FIGURA 15 – BIOMA TUNDRA FONTE: <https://shutr.bz/37ssvDh>. Acesso em: 24 abr. 2021. DICA Produção agropecuária, na Mata Atlântica, pode se tornar neutra em carbono dentro de 20 anos As emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) de todos os setores do bioma Mata Atlântica (agricultura, mudança de uso da terra, tratamento de resíduos, energia e indústria) foram de 8,55 gigatoneladas de CO2 equivalentes (GtCO2e, medida utilizada para comparar as emissões de vários Gases de Efeito Estufa baseada no potencial de aquecimento global de cada um) entre 2000 e 2018. Apenas com as emissões de 2018, de 450 MtCO2e, o bioma poderia ser considerado, naquele ano, o 18º país com mais emissões do mundo, na frente do Reino Unido. Foram emitidas 55 GtCO2e, resultado dos 115 milhões de hectares (ha) de florestas desmatadas em 521 anos. Esse valor é 20% maior do que o emitido pelo desmatamento da Amazônia. Os dados são do estudo realizado em parceria entre a Fundação SOS Mata 26 Atlântica, o Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola) e o SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa), iniciativa do Observatório do Clima. O estudo será apresentado nesta quarta (3/11), em evento paralelo, na Conferência do Clima de Glasgow (COP-26). Segundo Luis Fernando Guedes Pinto, diretor de Conhecimento da SOS Mata Atlântica, essas metas são viáveis, dependendo de medidas de governança e da adoção de melhores práticas por tomadores de decisão dos setores públicos e privados. “As ações necessárias, para atingirmos esse cenário, combinam políticas de comando e controle e de incentivos conhecidas, mas que precisam ser, plenamente, implementadas, ou aprimoradas, como o Código Florestal, o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc), o Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg) e o Plano Safra, que, por sua vez, deve ser complementado com as vontades políticas internacional, nacional e subnacional, além de investimentos do setor privado. Não há barreiras tecnológicas para a implantação, e já tivemos avanços, nesse sentido, nos últimos anos”, enumera. O estudo aponta caminhos que devem ser priorizados para um bioma neutro em todos os setores de emissão: substituição do uso de combustíveis fósseis por renováveis no transporte nas metrópoles; tratamento de resíduos (esgoto e lixo) nas cidades, associado à recuperação do metano e à geração de energia a partir da combustão dele; combate ao desmatamento (em especial, nos estados de MG, BA, PR, SC e MS, que concentram 91% do total no bioma); adoção de uma agricultura de baixo carbono, com a recuperação de pastagens e de solos degradados; pecuária mais eficiente; fixação biológica do nitrogênio; e restauração florestal e criaçãode áreas protegidas. Acompanhe toda a matéria em https://www.sosma.org.br/noticias/producao-agropecuaria- na-mata-atlantica-pode-se-tornar-neutra-em-carbono-dentro-de-20-anos. 4 PONTO DE PARTIDA DA SUSTENTABILIDADE No momento em que o histórico da agricultura é traçado, é possível visualizar momentos nebulosos no passado. Os primeiros indícios de lavoura ocorreram na Revolução Agrícola, apresentada no Tópico 1 desta unidade. De acordo com Khatounian (2001), os desastres ecológicos estão presentes, com frequência, a partir das degradações dos recursos naturais. O desenvolvimento e as expansões das civilizações ocasionaram o esgotamento da base natural do planeta. Um dos fatores que pode ter corroborado com o esgotamento de recursos naturais foi a ação sedentária dos centros populacionais. Com um número expressivo de habitantes, a demanda de alimentos e de recursos acabou sendo elevada, e, nem sempre, a demanda de produção era suficiente para os locais habitáveis (KHATOUNIAN, 2001; LAURENCE; ROUDART, 2009). Mas a história humana não se alimentou, apenas, de catástrofes. Em vários pontos do planeta, e em várias épocas, acumularam- se conhecimentos a respeito de formas mais sustentáveis de existência. Talvez, o exemplo de maior expressão seja as civilizações orientais baseadas no arroz irrigado. Há, pelo menos, 40 séculos, essas “civilizações do arroz” ocupam os mesmos terrenos e mantêm, 27 apenas, com o uso de recursos locais, rendimentos de 2t a 4t de arroz por hectare. Na época das grandes navegações, já era, o Extremo Oriente, densamente, povoado para os padrões de então, e muito mais opulento do que a semibárbara Europa, ainda não bem saída do feudalismo (KHATOUNIAN, 2001, p. 18). FIGURA 16 – TERRAÇO DE ARROZ ORIENTAL FONTE: <https://shutr.bz/3JRVRIk>. Acesso em: 24 abr. 2021. NOTA Quando assumirmos que a natureza vem sofrendo danos em decorrência do conhecimento e do comportamento do homem, e renunciarmos a esses instrumentos de caos e destruição, ela recuperará a capacidade de alimentar todas as formas de vida. Em certo sentido, o caminho, rumo à agricultura natural, é o primeiro passo em direção ao restabelecimento da natureza (FUKUOKA, 1995). Ao chegar na América do Sul, no período das grandes navegações, os europeus se depararam com um sistema sustentável, baseado na agricultura e nas ações de coleta. Esse método combinado não proporcionava grandes modificações nos locais, pois eram abertos pequenos roçados para o cultivo, havendo uma manutenção da flora ao redor. Essa área roçada era abandonada após um determinado tempo, gradativamente, sendo ocupada pela mata nativa (KHATOUNIAN, 2001). A ingestão proteica e de outros nutrientes não cultivados, nos roçados, era proveniente da caça, da pesca e da coleta de pequenos frutos. De acordo com Khatounian (2001, p. 2), “alguns antropólogos mencionam que a razão natural das guerras entre os indígenas, na época do descobrimento, era o domínio das áreas de coleta de proteínas”. 28 NOTA O governo brasileiro ampliou a importância da sustentabilidade na agropecuária brasileira, incorporando, ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), competências e responsabilidades que estavam em outros ministérios. A implementação do Código Florestal, a Política de Governança Fundiária, uma nova visão para a agricultura familiar e para a assistência técnica e a extensão rural, incluindo a reincorporação da aquicultura e da pesca ao MAPA, permitem repensar nas políticas e nas ações voltadas para a sustentabilidade de forma integrada e coordenada. Diante dessa nova estrutura administrativa e dos enormes desafios a fim de aumentar o protagonismo da agricultura brasileira no cenário mundial, o MAPA desenvolveu um planejamento para o período entre 2020 e 2023, o qual tem, como principal objetivo, o fortalecimento de uma agricultura sustentável, eficiente e competitiva. FONTE: <https://bit.ly/3oShyjL>. Acesso em: 24 abr. 2021. Segundo Lamas (2020, s.p.), “a sustentabilidade passou a considerar um novo componente, que é a governança, tornando-se, assim, mais abrangente. Dessa forma, está sendo frequente o uso do tripé ambiental, social e governança – chamado de ESG, como critério de sustentabilidade”. Quando se fala de ESG os aspectos observados são os impactos ambientais e sociais na cadeia de negócios, as emissões de carbono, a gestão dos resíduos e dos rejeitos oriundos de uma determinada atividade, as questões trabalhistas e de inclusão dos trabalhadores e a metodologia de contabilidade, ou seja, as práticas de gestão, também, são consideradas. FONTE: <https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/57539373/artigo--- sustentabilidade-na-agricultura>. Acesso em: 24 abr. 2021. A questão da sustentabilidade vem ganhando, a cada dia, mais força quando se refere à produção de alimentos, fibra e energia. Com os novos conceitos, a questão quantitativa deixa de ser a variável mais importante da equação da produção agrícola. Assim, a grandeza de um empreendimento não será mensurada pelo número, ou tamanho das máquinas que realizam uma determinada operação no campo, mas, sim, por como se dá a produção daquela soja, milho ou algodão, por exemplo. O consumidor de produtos alimentícios, o qual utiliza ovo na fabricação, passa a considerar se o ovo foi produzido por galinhas criadas em gaiolas ou soltas (LAMAS, 2020, s.p.). Aborda-se a agricultura sustentável como uma filosofia baseada nos objetivos humanos e no entendimento do impacto de longo prazo das nossas atividades no meio ambiente e das de outras espécies. Desse modo, a agricultura sustentável cria um sistema agrícola integrado, que possui competências para conservar recursos naturais. 29 Esse sistema reduz a degradação do meio ambiente, mantém a produtividade agrícola e promove a economia, em curto e longo prazos, mantendo as comunidades rurais estáveis e com qualidade de vida. A seguir, compreenderemos alguns dos pilares desse método sustentável (CAMPO, 2020): • possui objetivos de curto e longo prazos (econômicos e ambientais); • utiliza as tecnologias mais avançadas; • busca a conservação dos recursos naturais; • valoriza a produtividade agrícola e o lucro econômico; • visa a sistemas agrícolas equitativos; • almeja a qualidade de vida das gerações atuais e futuras; • reduz a degradação do meio ambiente com práticas modernas e sustentáveis. NOTA O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento deu início, em 11 de julho de 2021, a XVII Campanha Anual de Promoção do Produto Orgânico. O tema da campanha de 2021, “Alimento Orgânico: Sabor e Saúde em sua Vida”, pretendia ressaltar os benefícios do alimento orgânico para a promoção da saúde, as seguranças alimentar e nutricional, o sabor e o aproveitamento integral dos alimentos, aliados ao respeito ao meio ambiente e à justiça social. Outra abordagem importante foi informar, aos consumidores, onde encontrar, além de identificar os produtos e os serviços vinculados à produção orgânica. Em decorrência da pandemia da COVID-19, do isolamento e do distanciamento social necessários para o enfrentamento da crise sanitária, o lançamento da XVII Campanha Anual de Promoção do Produto Orgânico se deu de forma virtual, nos dias 12 e 13 de julho de 2021, utilizando as redes sociais e o site do MAPA. FONTE: <https://bit.ly/3xBOoL5>. Acesso em: 24 abr. 2021. Seminário Virtual 12/07/21: Lançamento da XVII Campanha Anual de Promoção do Produto Orgânico: <https://www.youtube.com/watch?v=OlnPt4SSrLs>. Seminário Virtual 13/07/21: Lançamento da XVII Campanha Anual de Promoção do Produto Orgânico: <https://www.youtube.com/watch?v=xt6-a4HRhRA>. 30 NOTA A sustentabilidade deve ser vista pelas dimensões econômica, social e ambiental. A dimensão econômica, muitas vezes, a mais considerada, é fundamental para a efetividade de qualquer atividade. Toda atividade precisa proporcionar o retorno financeiro suficiente para garantir a manutenção dos processos ea adequada rentabilidade econômica para os que estão, diretamente, envolvidos. Por sua vez, a dimensão social está fundamentada na capacidade que uma determinada atividade tem de reduzir as desigualdades e/ou proporcionar equidade social, ou seja, condições dignas sob os aspectos da saúde, alimentação, educação, moradia, vestuário e lazer, para todos os envolvidos com a atividade. Por fim, a dimensão ambiental está fundamentada na capacidade que uma atividade tem de tomar medidas preventivas para evitar alterações no ambiente que possam perturbá-lo, de tal forma a interferir na vida das plantas e dos animais. FONTE: <https://bit.ly/3vmstEW>. Acesso em: 24 abr. 2021. 31 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • Há a ciência que estuda a relação entre os seres vivos e os demais componentes do ambiente, ou seja, o estudo do ambiente, com fatores físicos, químicos e biológicos que afetam os organismos. • Uma espécie é o conjunto de indivíduos semelhantes em características estruturais, funcionais e de reprodução. • Um organismo é a unidade fundamental da ecologia. São todas as formas de vida, unicelulares ou pluricelulares, consideradas como seres vivos individuais. • O habitat é o perímetro a partir do qual uma determinada espécie vive dentro de um ecossistema. • O bioma é um macro sistema e possui especificidades e características que definem os tipos de flora e de fauna possíveis de serem encontrados. 32 1 Compreendemos que os níveis de organização da ecologia caracterizam e conceituam os elementos que compõem tudo que é vivo. A espécie é representada por indivíduos semelhantes, e, de modo funcional, estrutural e reprodutivo, o habitat é o local onde os seres vivos habitam dentro de um ecossistema. Nesse contexto, disserte a respeito do nível organizacional da população. 2 Analise o mapa a seguir. A partir da ilustração proposta por Savada et al. (2020, p. 726), poderemos observar os biomas predominantes do Brasil. AUTOATIVIDADE FONTE: Savada et al. (2020, p. 726) Sobre esses Biomas, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Floresta tropical pluvial e campo temperado. b) ( ) Floresta tropical pluvial e floresta estacional tropical. c) ( ) Floresta estacional tropical e campo temperado. d) ( ) Floresta tropical pluvial e mata atlântica. Tundra Floresta boreal Zona de montanha Floresta temperada decidual Floresta temperada perenifólia Bosques arbustivos e arbóreos temperadosGelo polar Equador Floresta estacional tropical Floresta tropical pluvial Campo temperado Deserto 33 3 Os biomas possuem características específicas para o desenvolvimento da flora e da fauna. Quais das opções a seguir são características do bioma da floresta tropical pluvial? I- Altas temperaturas II- Períodos chuvosos anuais III- Desenvolvimento de espécies IV- Fauna preparada para baixas temperaturas V- Dificuldade para o desenvolvimento de espécies a) ( ) I – II – III. b) ( ) II – IV – V. c) ( ) I – II – V. d) ( ) I – IV – V. 4 A sustentabilidade é uma questão evidente nas sociedades humanas desde as origens. Assim, disserte a respeito do modelo sustentável que os europeus vivenciaram ao chegar nas Américas. 5 Os biomas apresentam características de flora e de fauna, incluindo a presença de vegetação abundante, ou áreas desérticas. A partir das características específicas dos biomas, onde podemos encontrar o bioma da floresta temperada decidual? a) ( ) Na Europa, no Leste da América do Norte e no Oeste da Ásia. b) ( ) Na Europa, no Leste da América do Norte e na Ásia. c) ( ) Na Ásia, na América Central e no Brasil. d) ( ) Na Europa, no Leste da América do Norte e na América do Sul. 34 35 TÓPICO 3 - AGROECOLÓGICO 1 INTRODUÇÃO Caro acadêmico, seja bem-vindo ao último tópico desta unidade! Provavelmente, você já deve ter ouvido falar do tema agroecológico e da relação dele com a sustentabilidade. Neste tópico final, abordaremos as principais escolas agrícolas do mundo e a perspectiva global da agricultura ecológica. Ao fim desta primeira unidade, você deverá conseguir entender e relacionar todos os processos de desenvolvimento de origem da agricultura, desde a origem, nas sociedades sedentárias, durante a Revolução Agrícola, até o período contemporâneo, com altíssimas demandas de produção. Por isso, é, extremamente, importante a sua dedicação ao longo desta nossa jornada. Bons estudos! 2 AGRICULTURA ECOLÓGICA Compreendemos que a ideia de desenvolvimento da agricultura ecológica é justificada pela compreensão das consequências das produções em larga escala. Os recursos para a produção alimentar, no planeta, não são mais suficientes para o contingente populacional global. Com isso, a produção comercial de alimentos se tornou uma grande fonte de renda, mas, segundo Khatounian (2001, p. 24), com consequências irreparáveis: No início dos anos 1960, a publicação de Silent Spring, de Rachel Carson, chamou a atenção da opinião pública para os danos que a utilização de inseticidas estava causando ao ambiente, inclusive, a grandes distâncias das áreas de aplicação. Nas décadas de 1970 e de 1980, sucedem-se as constatações da poluição generalizada do planeta, dos pingüins [SIC] na Antártida aos ursos polares no Ártico, e se avizinha a exaustão iminente das reservas de importantes recursos naturais. Em 1992, esse conjunto de informações se cristaliza em uma série de documentos apresentados e aprovados na Terceira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, a ECO-92, no Rio de Janeiro. Nessa época, as alterações climáticas não parecem mais especulação, e os buracos, na camada de ozônio, são um fato. A Terra deixara de ser um campo ilimitado; tornara-se um pequeno jardim da humanidade. Com a finalidade de desenvolvimento da agricultura ecológica, originaram- se nove escolas que abarcam o tema. A especificidade de cada uma será descrita no decorrer desta unidade. UNIDADE 1 36 FIGURA 17 – ESCOLAS DE AGRICULTURA ECOLÓGICA FONTE: O autor A escola baseada na biodinâmica teve, como figura central, o educador e filósofo Rudolf Steiner. O objetivo dessa escola era o de desenvolver um método rápido contra o declínio das lavouras, devido aos adubos químicos. Esse método preconizava a moderna abordagem sistêmica, entendendo a propriedade como um organismo, e destacava a presença de bovinos como um dos elementos centrais para o equilíbrio do sistema. Foi muito difundido nos países de língua e/ou influência germânica. A escola biodinâmica foi a primeira a estabelecer um sistema de certificação para produtos (KHATOUNIAN, 2001, p. 25). Aqui no Brasil, esse estilo de agricultura foi iniciado nas colônias alemãs, sendo pioneiro na região Sudeste do país. A fazenda Estância Demétria, localizada em Botucatu/SP, desenvolveu-se e assumiu “novas funções e se desmembrou em outras organizações, que são, atualmente, ativas na formação de pessoal, certificação e divulgação” (KHATOUNIAN, 2001, p. 25). 37 DICA Fazenda ícone da agroecologia, no Brasil, pode virar loteamento A Estância Demétria, situada em Botucatu (SP), criada pelo empresário Pedro Schmidt, é a mais antiga instituição brasileira de agricultura não convencional. FONTE: http://glo.bo/3jR1jRi Acesso em: 15 fev. 2022. Criada, em 1974, pelo empresário Pedro Schmidt, a Estância Demétria fica no município paulista de Botucatu. São 225 quilômetros da capital. A propriedade rural estimulou, na própria terra, não apenas, a produção agroecológica, batizada de “biodinâmica”, mas disseminou essa cultura pelo país, por meio de associações de certificação de propriedades e cursos de extensão e pós-graduação reconhecidos pelo Ministério da Educação. Por mais de 20 anos, a própria Ana Maria Primavesi, agrônoma que deixou um dos maiores legados educacionais para a área da agroecologia, no Brasil, ministrou diversos cursos no local. Em Itaí, município que fica a 117 km de Botucatu, Primavesi criou,
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