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1 A EVOLUÇÃO HISTÓRIA E TEÓRICA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL (EA)
O conceito de Educação Ambiental é mais antigo que o conceito de Educação para o Desenvolvimento Sustentável e, nos últimos anos, tem havido muita discussão sobre as inter-relações entre estes dois conceitos. O conceito de EA surgiu com a própria UNESCO, em 1946, mas foi reforçado em 1975, na Carta de Belgrado (UNESCO, 1975). Nessa Carta, afirmava-se que a meta da EA é formar uma população consciente e preocupada com o ambiente e com os problemas a ele associados e que seja capaz de trabalhar para resolver os problemas existentes e para evitar que surjam outros (LEITE & DOURADO,2015).
Nos finais da década de 1980 e inícios da década de 1990 começou a emergir uma nova concepção de Educação que viria a designar-se como Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EDS).
Em 1997, a Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e Sociedade, em Tessalónica, Grécia, considerou que os resultados da implementação das diversas orientações sobre EA tinham sido insuficientes e realçou a necessidade de uma educação voltada ao Desenvolvimento Sustentável (LEITE & DOURADO,2015).
No Brasil, a Política Nacional de Educação Ambiental - Lei nº 9795/1999, em seu Artigo 1º estabelece que "entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade"(IATO, et al, 2014) .
As Conferências de Estocolmo, em 1972, Belgrado (1975), Tbilisi (1977), Moscou (1987), Rio de Janeiro (1992), Tessalônica (1997), Rio+20 (2012) trouxeram em pauta a discussão da educação ambiental como um processo dialético de reconhecimento de valores e clarificação de conceitos, na busca de adoção de novos padrões de atitudes.
A Assembleia Geral das Nações Unidas com base na resolução n° 57/254 instituiu a “Década das Nações Unidas da Educação para o Desenvolvimento Sustentável” (2005-2014) com o propósito de estimular estratégias articuladas que permitissem à educação respostas às crises ambiental, social e econômica. Criaram- se assim condições que encorajaram os Estados-membros da ONU (entre eles o Brasil) a promoverem a integração dos valores do desenvolvimento sustentável em todas as formas de aprendizagem, abrindo perspectivas de diálogo entre os parceiros empenhados e com responsabilidades na construção de sociedades mais equilibradas ambiental, social e economicamente (IATO, et al, 2014).
Segundo Barreto, & Vilaça, (2018), atualmente a educação ambiental é frequentemente complementada com ‘para a sustentabilidade’, sendo um tema relevante e prioritário nas discussões de diversas instituições governamentais e não governamentais. Assim a Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EDS) traz consigo elementos complementares àquela visão de EA apenas sob a vertente ambiente, aproximando da discussão elementos como sociedade e economia.
Neste contexto, a disciplina de Educação e Desenvolvimento Sustentável pretende preparar o futuro Técnico Superior de Educação para o diagnóstico de problemas econômicos sociais e ambientais, bem como para a análise de ações educativas capazes de minorá-los e ou evitá-los, de uma forma sustentada (LEITE & DOURADO,2015).
Para dar cumprimento a esse propósito, um dos objetivos do programa da disciplina requer a análise das diversas perspectivas sobre EA e EDS, bem como a análise dos significados desses conceitos e das suas inter-relações, uma vez que, como já mencionado, não existe consenso absoluto sobre esse assunto.
O Capítulo 36 da Agenda 21
A Agenda 21 entendeu a "Promoção do treinamento" como um dos instrumentos mais importantes para desenvolver recursos humanos e facilitar a transição para um mundo mais sustentável, devendo ser dirigido a profissões determinadas e visar preencher lacunas no conhecimento e nas habilidades que ajudarão os indivíduos a achar emprego e a participar de atividades de meio ambiente e desenvolvimento.
Segundo a Agenda 21, ao mesmo tempo, os programas de treinamento devem promover uma consciência maior das questões de meio ambiente e desenvolvimento como um processo de aprendizagem de duas mãos. A "Promoção de treinamento" tem os seguintes objetivos:
1) estabelecer ou fortalecer programas de treinamento vocacional que atendam às necessidades de meio ambiente e desenvolvimento com acesso assegurado a oportunidades de treinamento, independentemente de condição social, idade, sexo, raça ou religião;
2) promover uma força de trabalho flexível e adaptável, de várias idades, que possa enfrentar os problemas crescentes de meio ambiente e desenvolvimento e as mudanças ocasionadas pela transição para uma sociedade sustentável;
3) fortalecer a capacidade nacional, particularmente no ensino e treinamento científicos, para permitir que Governos, patrões e trabalhadores alcancem seus objetivos de meio ambiente e desenvolvimento e facilitar a transferência e assimilação de novas tecnologias e conhecimentos técnicos ambientalmente saudáveis e socialmente aceitáveis;
4) assegurar que as considerações ambientais e de ecologia humana sejam integradas a todos os níveis administrativos e todos os níveis de manejo funcional, tais como marketing, produção e finanças.
A partir da publicação do relatório Nosso futuro comum, produzido pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Cmmad), a expressão desenvolvimento sustentável passou a ser difundida e tornou-se popular, com a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento e Meio Ambiente (Cnumad), realizada no Rio de Janeiro, em 1992 (BARBIERI e SILVA, 2011).
A Agenda 21, documento aprovado durante a Conferência do Rio de Janeiro, é um programa de ação abrangente para guiar a humanidade em direção a um desenvolvimento que seja ao mesmo tempo socialmente justo e ambientalmente sustentável. Ela é constituída por 40 capítulos, dedicados: às diversas questões sociais e ambientais de caráter planetário (erradicação da pobreza, proteção da atmosfera, conservação da biodiversidade etc.); ao fortalecimento dos principais grupos de parceiros para implantar as ações recomendadas (ONGs, governos locais, comunidade científica e tecnológica, sindicatos, indústria e comércio etc.); e aos meios de implementação, como mecanismos financeiros, desenvolvimento científico e tecnológico, cooperação internacional e a promoção do ensino (BARBIERI e SILVA, 2011).
Após a Eco-92, merecem menção, na discussão das ideias da educação ambiental, o "Congresso Mundial para Educação e Comunicação sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento", Toronto, Canadá (1992) e o "I Congresso Ibero- americano de Educação Ambiental: uma estratégia para o futuro", Guadalajara, México (1992), que se manifestaria em sequência, nos seguintes eventos: "II Congresso Ibero-americano de Educação Ambiental: em busca das marcas de Tbilisi", Guadalajara, México (1997); "III Congresso Ibero-americano de Educação Ambiental: povos e caminhos para o desenvolvimento sustentável", Caracas, Venezuela (2000); "IV Congresso Ibero-americano de Educação Ambiental: um mundo melhor é possível", Havana, Cuba (2003) e "V Congresso Iberoamericano de Educação Ambiental", Joinville, Brasil (2006).
A promoção do ensino está presente em praticamente todas as áreas e os programas da Agenda 21. Além disso, o Capítulo 36 é inteiramente dedicado à promoção do ensino, da conscientização pública e do treinamento. Embora conste em seu preâmbulo que as recomendações da Conferência de Tbilisi ofereceram os princípios fundamentais desse capítulo, uma análise de seu texto mostra que ele foi muito mais influenciado pela Conferência Mundial do Ensino para Todos para a Satisfação das Necessidades Básicas de Aprendizado, realizada em Jomtien, Indonésia, em 1990. Com efeito, apenas uma única menção foi feita à EA em todo o texto do Capítulo 36. Esse fato mostra uma mudança de trajetória no âmbito das conferências intergovernamentaispromovidas pela ONU e nos documentos produzidos por elas. A Declaração de Jomtien reafirma a ideia da educação como um direito fundamental de todos, mulheres e homens, de todas as idades, no mundo inteiro, e que pode contribuir para conquistar um mundo mais seguro, mais sadio, mais próspero e ambientalmente mais puro, ao mesmo tempo que favoreça o progresso social, econômico e cultural, a tolerância e a cooperação internacional. A Declaração reconhece que uma educação básica adequada é fundamental para fortalecer os níveis superiores de ensino, a formação científica e tecnológica e, por conseguinte, para alcançar um desenvolvimento autônomo. A educação básica é considerada, de modo amplo, como satisfação das necessidades de aprendizagem ao longo de toda a vida para todos (UNESCO, 1990).
A Comissão de Desenvolvimento Sustentável (CDS) foi criada em 1992 para acompanhar e avaliar a implantação das áreas de programas e atividades recomendadas pela Agenda 21 e a cooperação internacional relacionada com elas. A coordenação das atividades do Capítulo 36 da Agenda ficou a cargo da Unesco, que promoveu uma iniciativa internacional denominada Educação para o Futuro Sustentável (EPS), em 1994, com o propósito de reforçar os objetivos, as propostas e as recomendações constantes nesse capítulo e nas conferências mencionadas (BARBIERI e SILVA, 2011).
Essa mudança de prioridade modificaria a atuação da Unesco e do Pnuma em relação à EA. Tal mudança foi precedida pelo encerramento, em 1995, das atividades do Piea, que havia sido criado como resultado da Conferência de Estocolmo, como já mencionado. Em 1997, a Assembleia Geral da ONU, com base nessa avaliação da CDS, adotou um programa para implantar a Agenda 21, na qual os temas do Capítulo
36 passaram a ter as prioridades citadas. Esse programa usa as expressões educação para a sustentabilidade e educação para o futuro sustentável, cujos temas centrais incluem, entre outros, a educação permanente, a educação interdisciplinar e a educação multicultural (BARBIERI e SILVA, 2011).
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO CRÍTICA AO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: NOTAS SOBRE O MÉTODO
Segundo Leher (2016), a matriz discursiva dessa orientação é o desenvolvimento sustentável que, a rigor, não é um conceito científico, mas, sobretudo, uma ideologia penetrante e indispensável ao capital, em um contexto em que os problemas socioambientais alcançam perigosa escala planetária e as resistências se ampliam. Está fora de questão que a eficiência energética e o controle dos resíduos avançaram de modo extraordinário nas últimas décadas, repercutindo de modo positivo em determinados indicadores ambientais e em certos territórios. Entretanto, é a lógica destrutiva do capital – materializada no desenvolvimento desigual do capital nos territórios – que calibra a forma de consumo de energia, o custo possível das mercadorias e define a escala de circulação das mesmas em âmbito planetário.
A opção por um método que converte o Estado em unidade de análise bastante em si inevitavelmente leva à reiteração da ordem e ao reforço da institucionalidade vigente. Muitos estudos e pesquisas, ao focalizarem a análise interna desses documentos, concluem que existe uma polarização nas concepções sobre a problemática ambiental, como se houvesse um corte epistemológico entre o culto à vida silvestre e o eco cientificismo. A rigor, os dois enfoques possuem pressupostos comuns, conforme argumento adiante, ao examinar o Instituto (LEHER, 2016).
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA. Antes de seguir a análise, uma rápida explicitação dos termos é necessária:
· Culto à vida silvestre, orientação que busca se referenciar na ecologia – políticas que em geral resultam na delimitação de parques e áreas de preservação ambiental e da biodiversidade. Muitas dessas medidas são patrocinadas por organizações não governamentais de âmbito mundial, financiadas por corporações e, muito frequentemente, buscam regulamentar as reservas a despeito de conflitos com os povos que nelas vivem.
· Proposições ecocientificistas que argumentam que é possível corrigir o padrão de acumulação do capital, melhorando a eficiência do uso dos recursos naturais e aperfeiçoando os mecanismos técnicos de controle da contaminação. Se valem de proposições como desenvolvimento sustentável, modernização ecológica e indústrias verdes, validadas por selos de sustentabilidade ambiental. Essas proposições poderiam ser implementadas, na prática, por meio de impostos que levassem em consideração a variável ambiental, o uso de mercados de permissão de emissões e pelo desenvolvimento de tecnologias que economizassem energia e recursos naturais, por meio de formas mais eficientes e complexas de reciclagem: a ideia chave é a mitigação dos efeitos socioambientais da produção capitalista.
A matriz discursiva dessa orientação é o desenvolvimento sustentável que, a rigor, não é um conceito científico, mas, sobretudo, uma ideologia penetrante e indispensável ao capital, em um contexto em que os problemas socioambientais alcançam perigosa escala planetária e as resistências se ampliam. Está fora de questão que a eficiência energética e o controle dos resíduos avançaram de modo extraordinário nas últimas décadas, repercutindo de modo positivo em determinados indicadores ambientais e em certos territórios. Entretanto, é a lógica destrutiva do capital – materializada no desenvolvimento desigual do capital nos territórios – que calibra a forma de consumo de energia, o custo possível das mercadorias e define a escala de circulação das mesmas em âmbito planetário. O exemplo da Articulação Internacional dos Atingidos pela Val é significativo. A coordenadora de iniciativas populares existe, justamente, em virtude dos efeitos devastadores provocados pela mineração da Vale em distintas partes do planeta. Produtos sofisticados, ambientalmente certificados, estão inseridos em cadeias produtivas globais, que contém nódulos que requerem despojo de populações e elevado custo socioambiental. O pensamento ambiental eurocêntrico ignora isso (LEHER, 2016).
3 O desenvolvimento desigual do capitalismo, a circulação ampliada do capital e os processos contra tendenciais* frente à queda da taxa média de lucros explicam o motivo porque, a despeito dos avanços tecnológicos do pós-II Guerra, os problemas socioambientais agravaram-se de tal modo que a vida no planeta está sob ameaça, conforme os relatórios e pesquisas realizadas no âmbito do Painel Intergovernamental para a Mudança Climática - IPCC, na sigla em inglês, e sobretudo pela Conferência Mundial dos Povos sobre o Cambio Climático e os Direitos da Mãe Terra, realizado na Bolívia, em 2010 (LEHER, 2016).
Construindo Consenso Sobre a EA (Educação Ambiental) Associada ao Desenvolvimento Sustentável
Após a Conferência de Estocolmo de 1972, a EA (Educação Ambiental) passou a receber atenção especial em praticamente todos os fóruns relacionados com a temática do desenvolvimento e do meio ambiente. Dela resultou a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), que viria a dividir com a Unesco as questões relativas à EA no âmbito das Nações Unidas.
Foi estabelecido um plano de trabalho com 110 resoluções, e uma delas se refere à necessidade de implantar a EA de caráter interdisciplinar com o objetivo de preparar o ser humano para viver em harmonia com o meio ambiente (Resolução nº 96). Para cumprir essa resolução, a Unesco e o Pnuma criaram o Programa Internacional de Educação Ambiental (Piea), com o objetivo de promover o intercâmbio de ideias, informações e experiências em EA entre as nações de todo o mundo, fomentar o desenvolvimento de atividades de pesquisa que melhorem a compreensão e a implantação da EA, promover o desenvolvimento e a avaliação de materiais didáticos, currículos, programas e instrumentos de ensino, favorecer o treinamento de pessoal para o desenvolvimento da EA e dar assistência aos Estados membros com relação à implantação de políticas e programas deEA (BARBIERI e SILVA, 2011).
ALIANÇA MUNDIAL PELA SUSTENTABILIDADE
Em 2006, a Unesco criou um grupo de referência para subsidiar a Secretaria da Década com insumos conceituais e estratégias. A Secretaria da Unesco para a Década, com base em estudos e pesquisas sobre a educação para o desenvolvimento sustentável (EDS), está produzindo materiais educativos para a formação necessária para facilitar a emergência de uma reforma educacional que inclua a sustentabilidade como princípio e diretriz e que nos conduza a uma nova qualidade do ensino- aprendizagem. O Grupo de Referência da Década da Unesco tem como orientação básica cinco estratégias:
· estabelecer os princípios para uma grande aliança mundial pela sustentabilidade, governamental e não governamental;
· concretamente, iniciar pela criação e acompanhamento dos trabalhos das comissões nacionais da Década;
· criar centros de referência em diferentes partes do mundo para fomentar a discussão, a pesquisa e a intervenção na EDS;
· estabelecer estreita ligação com outras iniciativas e décadas da ONU, tais como: Década da Alfabetização, Educação para Todos, HIV/Aids e os Objetivos do Milênio;
· estabelecer uma estratégia de comunicação e informação fortemente ancorada nas novas tecnologias e, particularmente, na internet.
A Década no Contexto da Globalização
A globalização, impulsionada pela tecnologia, parece determinar cada vez mais nossas vidas. As decisões sobre o que nos acontece no dia-a-dia parecem nos escapar, por serem tomadas muito distante de nós, comprometendo nosso papel de sujeitos na história. Mas não é bem assim. Como fenômeno, como processo, a globalização é irreversível. Mas não esse tipo de globalização, esse modelo de globalização, o “globalista” (Ianni, 1996) ao qual estamos submetidos hoje: a globalização capitalista. Seus efeitos mais imediatos são o desemprego, o aprofundamento das diferenças entre os poucos que têm muito e os muitos que têm pouco, a perda de poder e de autonomia de muitos estados e nações. Há, pois, que distinguir os países que hoje comandam a globalização – os globalizadores (países ricos) – dos países que sofrem a globalização – os globalizados (pobres) (GADOTTI,2008).
Dentro deste complexo fenômeno, pode-se distinguir também a globalização econômica, realizada pelas transnacionais, da globalização da cidadania. Ambas se utilizam da mesma base tecnológica, mas com lógicas opostas.
Uma Grande Oportunidade para os Sistemas de Ensino
A Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável se constitui numa grande oportunidade para a renovação dos currículos dos sistemas formais de educação. O apelo do documento das Nações Unidas é, sobretudo, para os “Estados membros”. O documento resgata a história de lutas por uma cultura da sustentabilidade, desde Estocolmo (1972), passando pelo Nosso Futuro Comum (1987), pela Rio-92, pelo Fórum de Educação de Dakar (2000) e pelos Objetivos do Milênio (2002).
A Década representa um meio de implementação do capítulo 36 da Agenda 21, buscando reorientar e potencializar políticas e programas educativos já existentes como o da educação ambiental e iniciativas como a da Carta da Terra. O capítulo 36 da Agenda 21 enfatiza que a educação é um “fator crítico” para promover o desenvolvimento sustentável e para desenvolver a capacidade das pessoas no que se refere às questões do meio ambiente e do desenvolvimento. O mesmo capítulo identifica quatro desafios básicos para implementar uma EDS: melhorar a educação básica, reorientar a educação existente para alcançar o desenvolvimento sustentável, desenvolver a compreensão pública, o conhecimento e a formação (GADOTTI,2008).
A educação para o desenvolvimento sustentável, apesar de sua ambiguidade, é uma visão positiva do futuro da humanidade, um consenso apoiado por uma grande maioria. Com o aquecimento global, a Década tornou-se ainda mais atual, e pode contribuir para a compreensão das grandes crises atuais (água, alimento, energia etc.).
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CONCEITOS, SIGNIFICADOS E INTERPRETAÇÕES
O termo “desenvolvimento sustentável” surgiu a partir de estudos da Organização das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas, como uma resposta para a humanidade perante a crise social e ambiental pela qual o mundo passava a partir da segunda metade do século XX. Na Comissão Mundial para o Meio Ambiente e o desenvolvimento (CMMAD), também conhecida como Comissão de Brundtland, presidida pela norueguesa Gro Haalen Brundtland, no processo preparatório a Conferência das Nações Unidas – também chamada de “Rio 92” foi desenvolvido um relatório que ficou conhecido como “Nosso Futuro Comum”. Tal relatório contém informações colhidas pela comissão ao longo de três anos de pesquisa e análise, destacando-se as questões sociais, principalmente no que se refere ao uso da terra, sua ocupação, suprimento de água, abrigo e serviços sociais, educativos e sanitários, além de administração do crescimento urbano (BARBOSA, 2008).
O relatório Brundland considera que a pobreza generalizada não é mais inevitável e que o desenvolvimento de uma cidade deve privilegiar o atendimento das necessidades básicas de todos e oferecer oportunidades de melhoria de qualidade de vida para a população. Um dos principais conceitos debatidos pelo relatório foi o de “equidade” como condição para que haja a participação efetiva da sociedade na tomada de decisões, através de processos democráticos, para o desenvolvimento urbano (BARBOSA, 2008).
Não é esperado que toda uma Nação se conscientize de seu papel essencial no quadro ambiental e social mundial. Apesar disso, as diversas discussões sobre o termo “desenvolvimento sustentável” abrem à questão de que é possível desenvolver sem destruir o meio ambiente.
O Direito Ambiental deve ser firmado em princípios e normas específicas, que têm como premissa buscar uma relação equilibrada entre o homem e a natureza ao regular todas as atividades que possam afetar o meio ambiente. O fato de que o desenvolvimento sustentável tenha respaldo na comunidade brasileira e poder, através do Direito Ambiental, fazer parte de uma disciplina jurídica, torna o termo capaz de definir um novo modelo de desenvolvimento para o país (BARBOSA, 2008).
Críticas e Objeções ao Desenvolvimento Sustentável
A expressão “desenvolvimento sustentável” se tornou popular após a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, em 1992, embora já estivesse presente, com diferentes denominações, desde a Conferência de Estocolmo, de 1972.
A definição de desenvolvimento sustentável da Comissão Brundtand, de 1987, passou a ser citada em praticamente todos os documentos oficiais da ONU e suas agências, como a Unesco, Pnuma, Pnud, Unido e Unctad, em documentos oficiais de entidades intergovernamentais, como OMC, OMS e Banco Mundial, em leis nacionais e subnacionais, em documentos de empresas e ONGs, e já faz parte do repertório de pessoas mais esclarecidas do público em geral. Hoje, é crescente o número de empresas que a colocam em suas missões e declarações. A adesão foi tanta e tão rápida que não é exagero afirmar que se trata de verdadeiro sucesso em termos de popularidade. Mas também não são poucos os que se manifestaram contrários à ideia de desenvolvimento sustentável.
Com efeito, nas medidas de mitigação dos problemas socioambientais, as ações de educação ambiental são convocadas para provocar o encontro harmonioso entre os “cidadãos” expropriados e os grandes empreendimentos econômicos. As resistências verificadas no IBAMA e no ICMBio são trincheiras e ações localizadas que provocam correções, ajustes, revisões, mudanças de rota de gasodutos, indenização a pescadores e outros atingidos. Entretanto, as medidas de educação ambiental exigidas pelo órgão fiscalizador, ainda que a favor das populações afetadas, são efetivadas, via de regra, por parcerias público-privadas com organizações que, contraditoriamente, dependem do financiamento da empresa que o órgão público está interpelando. As tensões são inevitáveis,visto que o setor público exige a mitigação dos efeitos das ações provocadas pela empresa que financiará o programa de educação ambiental. É uma relação que, a despeito da correção, ética e disposição crítica da ONG (ou mesmo do grupo universitário), torna o futuro do trabalho crítico incerto e vulnerável às pressões mais ou menos sutis das empresas. Ademais, como é possível constatar nos grandes empreendimentos, essas medidas corretivas são rapidamente internalizadas nos custos dos produtos e serviços ou, então, têm seus cursos absorvidos pelo Estado, em nome da preservação ambiental. No cômputo geral, é um ambiente inóspito para vicejar o pensamento crítico, passível de ser adensado teoricamente e sistematizado (LEHER, 2016).
De fato, a educação ambiental crítica não pode ser nutrida teórica e politicamente, de modo endógeno, no âmbito do Estado.
Se a educação ambiental crítica encontra dificuldade de se desenvolver, teórica e praticamente, nos conflitos advindos do processo de licenciamento de grandes empreendimentos, é necessário indagar se nas escolas públicas está sendo possível tal adensamento teórico-prático. Um exame dos programas governamentais, parcerias com empresas, experiências escolares e de formação docente, confirma que a perspectiva crítica se desenvolve em um ambiente educacional francamente hostil. Com efeito, a incorporação, nas diversas esferas do Estado, da agenda empresarial veiculada pelo Todos pela Educação, pela coalizão ultraconservadora Escola Sem Partido, pelas entidades sindicais patronais (Sistema S), pelas corporações (Vale S.A., Gerdau...) e pelas entidades empresariais do agronegócio
(Associação Brasileira do Agronegócio), torna quase que estéril o solo para vicejar a educação ambiental inscrita na perspectiva histórico-crítica e libertária. O controle do capital sobre a educação básica busca pasteurizar, por meio de seu moinho triturador, todas as práticas educativas críticas nas escolas (LEHER, 2016).
Ademais, em virtude da presença de movimentos sociais que reivindicam a perspectiva crítica, os intelectuais do capital chegam a se valer até mesmo do léxico pós-moderno para assimilar e esvaziar as proposições emancipatórias de seus sentidos anticapitalistas produzidos nas lutas de classes. É necessário, por conseguinte, dialogar com a produção do conhecimento decorrente das lutas contra o despojo e de seus nexos com espaços de produção de conhecimento científico referenciado em uma ética pública.
A retomada do crescimento com um objetivo do desenvolvimento sustentável tanto suscita críticas e desconfianças por diversas razões quanto aplausos e regozijos. No entanto, foi a menção à retomada do crescimento que trouxe popularidade ao desenvolvimento sustentável entre os políticos profissionais de modo geral, pois o crescimento econômico sempre foi bandeira fácil de carregar e de render votos.
Para os governantes, o crescimento econômico gera impostos e uma gestão mais tranquila, pois aumenta a possibilidade de atender às demandas de diversos setores da sociedade, além do fato de que uma economia em crescimento gera menos greves e necessidades de recursos para atender desempregados. Um político que propõe em sua plataforma reduzir o crescimento econômico certamente teria uma vida política curta. (BARBIERI e SILVA, 2011).
Educação e sustentabilidade
A forma de educação que, em nível mundial, está sendo preconizada para enfrentar o desafio de construção de sociedades sustentáveis é a Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EDS) ou a Educação para a Sustentabilidade (EpS).
Essa forma de educação passou a ser preconizada internacionalmente pela Organização das Nações Unidas (ONU) a partir de 2002 e tem como meta beneficiar as pessoas com uma educação em que seus valores e comportamentos possam gerar e gerir sociedades sustentáveis.
À medida que os debates a respeito da sustentabilidade se aprofundam e envolvem cada vez mais pessoas, instituições e organizações da sociedade civil, compreendemos que a solução dos problemas ecológicos é complexa. Aos poucos, percebemos que sem uma mudança de paradigma certamente não seremos capazes de encontrar alternativas razoáveis aos grandes desafios que a crise ecológica impõe à sociedade global (TROMBETTA, 2014).
Essa abordagem de desenvolvimento sustentável discute as desigualdades econômicas e sociais entre os diferentes países como uma das causas da degradação ambiental e propõe políticas para o enfrentamento desses problemas. No entanto, podemos observar que as estratégias propostas para substituir os atuais processos de crescimento econômico pelo desenvolvimento sustentável dizem respeito a modificações nas políticas de desenvolvimento, a mudanças nos processos de desenvolvimento econômico da sociedade atual. Em nenhum momento questiona-se o modelo de desenvolvimento em si, mas suas estratégias. Assim, desenvolvimento sustentável diz respeito a uma forma de crescimento econômico das nações que levam em conta o comprometimento dos recursos naturais para as futuras gerações. A nova ordem internacional a que ele se refere seria controlar a exploração dos recursos naturais em níveis suportáveis em todo mundo. Em resumo, a proposta de desenvolvimento sustentável é de crescimento econômico com controle ambiental. A desigualdade é tratada como um desajuste a ser superado pela universalização do desenvolvimento econômico, porém com sustentabilidade (DE CAMPOS TOZONI- REIS, 2011).
Apesar desse aspecto, a influência do conceito de desenvolvimento sustentável manteve-se amparada principalmente no âmbito das políticas nacionais e internacionais. O Banco Mundial lançou em 1992 um relatório sobre desenvolvimento e meio ambiente, em que deixou clara sua postura neomalthusiana, afirmando que, apesar dos conflitos entre crescimento econômico e qualidade ambiental, é possível encontrar caminhos para adequar o modelo de crescimento econômico ao bem comum
SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NO BRASI L1
Conhecer a biodiversidade brasileira é uma condição fundamental para a elaboração e o aperfeiçoamento de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento sustentável de nosso país. Ao se abordar a temática da biodiversidade, faz-se necessária uma breve definição do termo.
A relevância desse tema se traduz na decisão, pela Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), de declarar 2010 como o Ano Internacional da Biodiversidade, com o objetivo precípuo de aumentar a consciência sobre a importância da preservação da biodiversidade em todo o mundo, assim como destacar sua influência na qualidade de vida humana e dinamizar iniciativas de redução da sua perda (CARDOSO JR, 2010).
A diversidade dentro de espécies abrange toda a variação de indivíduos de uma população, bem como entre populações distintas de uma mesma espécie. Embora essa definição pudesse incluir outros aspectos, tais como diversidade morfológica e comportamental, entre outras, na prática, vem sendo tratada como equivalente à diversidade genética.
A diversidade entre espécies, por sua vez, refere-se usualmente ao número de espécies (riqueza) presentes em determinado tipo de ambiente ou região de interesse
– por exemplo, o Brasil. Ainda como apontado por esses autores, a diversidade de ecossistemas é mais ambígua que as outras categorias relacionadas na CDB e, em termos práticos, vem sendo abordada como a diversidade de fisionomias de vegetação, de paisagens ou de biomas (CARDOSO JR, 2010).
O Nível Genético
A diversidade genética está na base dos processos ecológico-evolutivos, que determinam, em última instância, a constituição dos níveis superiores (espécies e ecossistemas). A manutenção da composição intraespecífica de alelos (diferentes versões de um mesmo gene) é tão importante quanto a conservação de espécies ou ecossistemas. Essa composição pode variar muito entre os indivíduos de uma mesma população ou entre populações diferentes de uma mesma espécie. Isso significa que em uma população com 100 irmãos ou primos espera-se encontrar menos biodiversidade do que em uma com indivíduosnão aparentados.
Conservar a variabilidade intraespecífica é importante dos pontos de vista ético e estético, mas também por motivos mais pragmáticos.
A baixa diversidade genética compromete a viabilidade de populações em longo prazo, pois diminui sua capacidade de adaptação a mudanças ambientais e sua resiliência a estresses bióticos ou abióticos – como ataques de patógenos ou períodos muito quentes. Uma população geneticamente homogênea, ainda que grande, sempre possui maior risco de extinção, pois pode ter todos os seus indivíduos dizimados por uma mesma doença, por exemplo.
Uma vez que a perda de hábitats e a fragmentação são as maiores responsáveis pela redução da diversidade genética, investir no desenvolvimento de técnicas de manejo em paisagens fragmentadas reveste-se de uma importância evidente. Sabe- se, por exemplo, que a persistência de populações em paisagens fragmentadas é criticamente dependente da manutenção da conectividade entre fragmentos, o que diminui o isolamento (CARDOSO JR, 2010).
Pesquisas sobre a ecologia e a genética de populações mostram-se fundamentais, pois o desconhecimento do poder de dispersão das espécies de interesse, assim como da sua estrutura genética populacional antes da fragmentação, pode ser um sério empecilho à sua conservação. Estudos com anfíbios e aves mostram que a erosão genética não ocorre imediatamente após o processo de fragmentação. Assim, a preservação de fragmentos onde a deriva genética e a endogamia ainda não são pronunciadas pode ser crítica para a manutenção da diversidade genética e viabilidade das populações em uma determinada região. Apesar de poucos projetos terem abordado efeitos temporais da fragmentação, os resultados indicam que diferentes estratégias devem ser adotadas de acordo com a idade dos fragmentos (CARDOSO JR, 2010).
Nível De Espécies
A diversidade é um dos aspectos mais fascinantes do mundo vivo. Nos últimos 300 anos, a partir das viagens de exploração – a mais célebre certamente foi a de Darwin a bordo do Beagle – o conhecimento sobre a diversidade da vida cresceu exponencialmente. Fundamentais à sua consolidação foram as teorias sobre a definição biológica de espécie. Ainda que não seja um consenso, já que atualmente há diversas definições para a espécie, o conceito proposto por Mayr (1999) fundamenta-se em três premissas:
· A espécie é um grupo de populações naturais reprodutivamente isolado de outros grupos semelhantes;
· Considerando seu isolamento reprodutivo, todos os processos evolutivos que ocorram em uma determinada espécie restringem-se a ela e a seus descendentes: a espécie seria a moeda da evolução biológica; e
· A espécie é também a unidade básica em ecologia e nenhum ecossistema será compreendido de forma plena sem que se conheçam as espécies que o integram e suas respectivas interações. Dessa maneira, a diversidade – ou riqueza – de espécies traduz-se em inestimável patrimônio sob os pontos de vista evolutivo, ecológico e econômico (CARDOSO JR, 2010).
A tarefa de apresentar um diagnóstico do estado da biodiversidade brasileira em nível de espécies é gigantesca, considerando sua acentuada riqueza e, ao mesmo tempo, a magnitude daquilo que ainda falta ser conhecido. O estudo mais abrangente até o momento, no que se refere à síntese do conhecimento atual, foi realizado no âmbito do projeto Estratégia Nacional da Biodiversidade, do MMA. A partir de informações obtidas de especialistas nos grupos taxonômicos mais bem conhecidos e catalogados, estimou-se que o país teria, em média, cerca de 13% do total mundial desses grupos, algo entre 168.640 e 212.650 espécies.
Enquanto para organismos maiores da biota vegetal e animal a aplicação dos métodos tradicionais de classificação possibilita a identificação da espécie, para os microrganismos é comum que a caracterização taxonômica seja feita apenas em nível de gênero, o que traz restrições às estimativas de riqueza de espécies para a microbiota. Sob o aspecto de estudo da diversidade, há ainda limitações associadas à grande variabilidade genética registrada em microrganismos em ambiente natural (não cultivados em laboratório). Dessa maneira, antes da abordagem sobre o estado de conhecimento da flora e da fauna, apresentam-se aspectos singulares acerca da diversidade e da conservação da microbiota (CARDOSO JR, 2010).
Microrganismos são seres vivos unicelulares microscópicos, incluindo bactérias, arqueas, fungos, protozoários e vírus. Sua importância ecológica e econômica é fundamental: toda a cadeia da vida no planeta, assim como parte significativa das atividades econômicas, depende dos processos por eles realizados, destacando-se atividades de fotossíntese, ciclagem de nutrientes, manutenção da fertilidade e estrutura de solos e processos industriais em diversos setores, destacando-se os de química, papel e celulose, alimentos e bebidas. Além disso, microrganismos desempenham papel fundamental no tratamento de efluentes industriais, esgotos e resíduos sólidos. O isolamento e o cultivo de microrganismos em laboratório respondem também por considerável parcela das inovações nas áreas médica, biotecnológica e ambiental. A despeito de sua importância, há uma significativa defasagem no conhecimento de sua diversidade em relação a outros grupos, tais como animais e plantas superiores. Em nível mundial, estima-se que tenham sido descritos cerca de 5% das espécies estimadas de fungos, 0,1% a 12% dos procariotos (arqueas e bactérias), 31% dos protozoários e 4% dos vírus. Como o conhecimento sobre a diversidade desses grupos no Brasil é ainda incipiente, presume-se que também há um vasto campo propício à descoberta de novas espécies (CARDOSO JR, 2010).
Os invertebrados respondem por 95% das espécies animais hoje viventes e o número de espécimes tombados em coleção brasileira é quase oito vezes maior que o total de vertebrados. Ainda que a maioria dos filos seja total ou parcialmente marinha, os invertebrados terrestres destacam-se pela sua riqueza e suas importâncias ecológica e econômica. Há filos numerosos, como o Arthropoda,9 que inclui aproximadamente 1,5 milhão de espécies já descritas e estudos recentes estimam que esse total pode alcançar até quarenta vezes o número atualmente conhecido.
Avaliado de forma resumida o estado de conhecimento da biodiversidade, busca-se a seguir apresentar o nível de proteção – e por consequência de ameaça – a que estão sujeitas as espécies brasileiras.
Estado da Conservação da Flora e da Fauna
A primeira lista oficial brasileira das espécies de plantas ameaçadas de extinção data de 1968, tendo sido identificadas 13 espécies de plantas, sendo que metade era de orquídeas. Em 1980, houve a segunda atualização, com o acréscimo de apenas uma espécie. A terceira atualização veio após 12 anos, em janeiro de 1992; poucos meses depois, em abril, ocorreu a quarta atualização, com o acréscimo de apenas uma planta. A partir daquele ano, incluíram-se nessa lista espécies de biomas diversos à Mata Atlântica, refletindo o processo de ocupação dos estados da Amazônia e dos cerrados do Centro-Oeste. Desde então, a quantidade de espécies ameaçadas praticamente aumentou dez vezes. Apenas recentemente, em 2008, a lista de plantas superiores foi novamente atualizada, listando 472 espécies ameaçadas de extinção e 1.079 com deficiência de dados.
Os Principais Ecossistemas Brasileiros
O Brasil possui uma grande diversidade de ecossistemas. Quase todo o seu território está situado na zona tropical. Por isso, nosso país recebe grande quantidade de calor durante todo o ano, o que favorece essa grande diversidade. Veja, no mapa a seguir, exemplos dos principais ecossistemas encontrados no Brasil.
Floresta Amazônica
Estende-se além do território nacional, com chuvas frequentes e abundantes. Apresenta flora exuberante, com espécies, como a seringueira, o guaraná, a vitória- régia, e é habitada por inúmeras espécies de animais, como o peixe-boi, o boto, o pirarucu, a arara. Para termos uma ideia da riqueza da biodiversidade desses ecossistemas, ele apresenta, até o momento,1,5 milhão de espécies de vegetais identificadas por cientistas.
Com uma área de aproximadamente 5,5 milhões de km², a Floresta Amazônica é a principal cobertura vegetal do Brasil, ocupando 45% do nosso território, além de espaços de mais nove países, sendo também a maior floresta tropical do mundo. É chamada de Floresta latifoliada equatorial.
A Floresta Amazônica caracteriza-se por ser heterogênea, havendo um elevado quantitativo de espécies, com cerca de 2500 tipos de árvores e mais de 30 mil tipos de plantas. Além disso, ela é perene, ou seja, permanece verde durante todo o ano, não perdendo as suas folhas no outono. Apresenta uma densidade elevada, o que é propício ao grande número de árvores por m².
Costuma-se classificar essa floresta conforme a proximidade dos cursos d’água. Dessa forma, existem três subtipos principais: mata de igapó, mata de várzea e mata de terra firme.
Mata de Igapó
Também chamada de floresta alagada, a mata de igapó caracteriza-se por se localizar muito próxima aos rios, estando permanentemente inundada. Apresenta plantas de pequeno porte em comparação ao restante da vegetação da Amazônia e que costumam ser hidrófilas, ou seja, adaptadas à umidade. Possui, em geral, raízes elevadas que acompanham os troncos.
Mata de Várzea
Assim como a mata de igapó, a várzea também sofre com as inundações, porém apenas no período das cheias dos grandes rios, por se encontrar em áreas um pouco mais elevadas.
É uma mata muito fechada, com elevada densidade, árvores altas (em média 20m de altura) e, em geral, com galhos espinhosos, o que dificulta o seu acesso. As espécies mais conhecidas são o Jatobá e a Seringueira, essa última muito usada na extração de látex, a matéria-prima da borracha.
Mata de Terra Firme
Também chamada de caetê, a mata de terra firme caracteriza-se por se encontrar relativamente distante dos grandes cursos d’água, localizando-se em planaltos sedimentares. Em razão disso, não costuma ser alvo de inundações, recobrindo a maior parte da floresta e apresentando as maiores médias de altura (algumas árvores chegam a alcançar os 60m).
A importância da Floresta Amazônica reside, principalmente, em sua função ambiental. No entanto, ao contrário do que muitos pensam, ela não é o “pulmão do mundo”, pois o oxigênio por ela produzido é consumido pela própria floresta. Sua importância ambiental reside no controle das temperaturas, graças ao aumento da umidade, que é resultado da constante evapotranspiração da floresta, produzindo massas de ar úmido para todo o continente sul-americano, os chamados Rios Voadores.
É importante não confundir o Bioma Amazônia com a Floresta Amazônica. O primeiro termo refere-se às características gerais que envolvem a mata, os animais, os rios, os solos e a flora, o segundo limita-se às características da floresta.
Mata de Cocais
A mata de cocais situa-se entre a floresta amazônica e a caatinga. São matas de carnaúba, babaçu, buriti e outras palmeiras. Vários tipos de animais habitam esse ecossistema, como a arara canga e o macaco cuxiú.
A Mata dos Cocais é um tipo de cobertura vegetal situada entre as florestas úmidas da região Norte e as terras semiáridas do Nordeste do Brasil, sendo uma zona de transição entre os biomas Caatinga, Floresta Amazônica e Cerrado. Abrange predominantemente o Meio-Norte (sub-região formada pelos estados do Maranhão e Piauí), mas também se estende pelos estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Tocantins.
Influenciado pela sua localização, esse bioma possui três tipos de climas: equatorial úmido - quente e chuvoso, predominando em menos de 20% do bioma; tropical semiúmido - predomina em mais de 65%, com estações secas e úmidas bem definidas e temperaturas médias elevadas; tropical semiárido – quente e seco, com chuvas escassas e irregulares, predomina em 15% do bioma.
A Mata dos Cocais se formou ocupando lacunas de outras formações vegetais (cerrados e florestas amazonenses), que foram desmatadas para criação de pasto e exploração de madeira. Seu solo é rico em minérios como: ferro, ouro, diamante, bauxita, alumínio e níquel. Uma característica interessante é que o solo, na região dos cocais, possui um lençol freático pouco profundo, permanecendo úmido o ano inteiro.
A vegetação da Mata dos Cocais é dominada pela palmeira babaçu (sendo a mais importante a Orbignya speciosa), que predomina nos locais mais úmidos como o Maranhão, norte do Tocantins e oeste do Piauí. Na área menos úmida, que abrange
o leste do Piauí e litorais do Ceará e Rio Grande do Norte, predomina a palmeira carnaúba (Copernicia cerifera). As outras principais palmeiras são o buriti (Mauritia flexuosa) e a oiticica (Licania rigida). Uma grande quantidade de arbustos e vegetações de pequeno porte também são encontradas nos locais de menores altitudes.
O babaçu chega a atingir 20 metros de altura e uma árvore pode produzir até
2.000 frutos (cocos) por ano. Dentro dos frutos existem as amêndoas, das quais é extraído um óleo muito utilizado em diversas indústrias (alimentícias, farmacêuticas, químicas, etc.). Outras partes do coco também são aproveitadas, como o epicarpo (camada externa), que é utilizado na produção de estofados, embalagens, vasos, placas, etc.
A carnaúba também é utilizada de várias formas. O uso mais importante é a extração da cera de suas folhas, que é utilizada na fabricação de diversos produtos.
Assim, a Mata dos Cocais representa uma importante fonte de renda para a população local. (CARDOSO JR, 2009).
A fauna nesse bioma é muito diversa, destacando-se a arara-vermelha, gavião- real, jaguatirica, lobo-guará, macaco cuxiú (endêmico do Brasil) e outras muitas espécies de mamíferos, aves, répteis e anfíbios. Nos rios vivem a ariranha, o boto, o acará-bandeira (peixe), entre outros.
A Mata dos Cocais está sendo prejudicada pelo desmatamento desordenado para desenvolvimento da pecuária e cultura de soja. Além disso, a extração de minerais que ocorre nesse ambiente acaba por fragilizá-lo ainda mais.
Mata Atlântica
Com uma área de 1.110.182 km2, o bioma Mata Atlântica10 é um complexo ambiental que incorpora cadeias de montanhas, platôs, vales e planícies ao longo de toda a faixa continental atlântica brasileira, avançando em direção ao interior do Brasil nas regiões sudeste e sul (CARDOSO JR, 2009).
Essa enorme biodiversidade é resultado, em grande parte, da ampla gama de latitudes pela qual a Mata Atlântica se distribui (27º de 3ºS a 30ºS), das grandes variações em altitude (desde o nível do mar até 2.700 m, nas montanhas da Mantiqueira e Caparaó, nos estados de São Paulo, Minas Gerais, do Rio de Janeiro e do Espírito Santo) e dos regimes climáticos diversos presentes ao longo de sua extensão – desde regimes subúmidos e estações secas no Nordeste até áreas que atingem 4 mil mm/ano de pluviosidade, nas montanhas da Serra do Mar.
A cobertura vegetal da Mata Atlântica começou a ser mapeada utilizando-se a análise de imagens de satélite no início da década de 1990, em um trabalho conjunto entre a organização não governamental SOS Mata Atlântica e o Inpe. Desde então, as duas instituições têm publicado regularmente um atlas contendo informações sobre a dinâmica da vegetação da Mata Atlântica – desmatamentos, fragmentação e, mais recentemente, regeneração. A quinta e última edição, correspondente ao período 2005-2008, foi lançada em 2009 (CARDOSO JR, 2009).
Unidades de conservação podem ser consideradas como fragmentos de habitat natural em um bioma altamente modificado pela ação humana, como é o caso da Mata Atlântica – mas também de outros biomas já bastante desflorestados e alterados, como a Caatinga e o Cerrado. A descontinuidade que existe entre as UCs, preenchida por uma paisagem antropizada constituída por áreas urbanas, industriais e rurais, áreas degradadas e em regeneração, bem como as características dos remanescentes da paisagem natural (por exemplo, tamanho, perímetro e grau de isolamento – distância – em relação a fragmentos adjacentes) têm implicações importantes em relação à capacidade desses fragmentos conservarema biodiversidade
Pantanal
Com uma área total de 150.355 km2, o bioma Pantanal está inserido na Bacia do Alto Paraguai e abrange no Brasil parte dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Seus limites coincidem com a chamada “Planície do Pantanal” ou “Pantanal Mato-grossense”, que representa a parte mais baixa da bacia hidrográfica e é também a maior superfície interiorana inundável do mundo (IBGE, 2004a).
Considerando-se sua reduzida área em relação aos demais biomas brasileiros, a riqueza de espécies do Pantanal pode ser considerada elevada, embora haja na região um baixo número de endemismos.
A principal atividade econômica no Pantanal é a pecuária bovina de corte, realizada de forma extensiva em pastagens naturais. O gado foi introduzido em fazendas no Pantanal a partir de 1740, o que foi favorecido por extensas áreas de campo nativo. Porém, foi somente a partir de 1914, com a criação da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil – de Bauru a Corumbá –, que a pecuária entrou no circuito nacional.
Por se tratar de um bioma altamente influenciado pelo regime hídrico, qualquer intervenção humana que altere os ciclos hidrológicos naturais poderá colocar em risco a biodiversidade, as populações humanas e as atividades econômicas estabelecidas na região. Nesse sentido, as maiores ameaças ao bioma referem-se à execução de dragagens, à construção de diques e barragens ao longo da planície do Pantanal, ou mesmo no planalto adjacente, pertencente à Bacia do Alto Paraguai, onde estão localizadas as cabeceiras de diversos rios que compõem a bacia pantaneira.
O bioma Pantanal conta com apenas cinco UCs, o menor número e o que proporcionalmente tem a menor cobertura por UCs entre os biomas continentais brasileiros. São duas UCs federais e três estaduais, todas de proteção integral, cuja área total soma aproximadamente 440 mil ha, o que corresponde a 2,9% da área do bioma. As duas UCs federais, o Parque Nacional do Pantanal Matogrossense (135.600 ha) e a Estação Ecológica do Taiamã (14.300 ha), foram criadas em 1981. Em 2000 o Mato Grosso do Sul criou o Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro (77 mil ha) e na década atual o Mato Grosso constituiu suas duas unidades, o Parque Estadual do Guirá (103 mil ha) e o Monumento Natural Estadual Morro de Santo Antônio (258 ha).
Campos Sulinos
No Brasil, o bioma Campos Sulinos abrange parte do território do Rio Grande do Sul. São cerca de 170 mil Km2. Além das fronteiras do país, ele se estende por terras do Uruguai e da Argentina.
Os campos sulinos são também conhecidos como pampas, palavra de origem indígena que quer dizer “região plana”. Na verdade, os pampas são apenas um pedaço das terras dos campos sulinos. O bioma engloba também campos mais altos e algumas áreas semelhantes a savanas.
Nos campos do Sul já foram encontradas 102 espécies de mamíferos, 476 de aves e 50 de peixes.
Para que você possa imaginar como é a fauna deste bioma, vamos citar alguns de seus integrantes. No grupo dos mamíferos, podemos citar o tatu, o guaxinim, o zorrilho, o graxaim (Pseudalopex gymnocercus) e outras duas espécies em risco de extinção: o gato-dos-pampas ou gato palheiro (Leopardus pajeros) e a preguiça-de- coleira.
Entre as aves mais comuns estão o cisne-de-pescoço-preto, o marreco, a perdiz, o quero-quero, o pica-pau do campo e a coruja-buraqueira, que ganhou este nome por fazer seus ninhos em buracos cavados no solo.
Fazem parte das 50 espécies de peixes catalogadas o lambari-listrado, o lambari-azul, o tambuatá, o surubim e o cação-anjo.
E por lá existem também répteis e insetos. No primeiro grupo está a tartaruga- verde-e-amarela, a jararaca-do-banhado, a cobra-cipó e o cágado-de-barbicha. Entre
os insetos, podemos destacar a vespa da madeira e o conhecido bicho-da-maçã, também chamado traça-das-frutas.
São chamados de pampas os campos mais planos que estão localizados ao sul do estado do Rio Grande do Sul. Neles existe uma vegetação campestre, que parece um imenso tapete verde. Nos pampas predominam espécies que medem até um metro de altura. São comuns as gramíneas, que às vezes transformam os campos em grandes capinzais.
Nos pampas a vegetação pode, então, ser considerada rala e pobre em espécies. Ela vai se tornando mais rica nas proximidades de áreas mais altas. Nas encostas de planaltos, existem matas com grandes pinheiros e outras árvores, como a Cabreúva, a grápia, a caroba, o angico-vermelho e o cedro. Nestas regiões, chamadas de campos altos, é encontrada a Mata de Araucária, onde a espécie vegetal predominante é o pinheiro-do-paraná.
Próximo ao litoral, a paisagem é marcada pela presença de banhados, ambientes alagados onde aparecem juncos, gravatás e aguapés. O mais conhecido banhado é o de Taim, onde foi criada, em 1998, uma estação ecológica administrada pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) para preservação de tão importante ecossistema.
Na região dos pampas o solo é fértil. Por isso, estes campos são normalmente procurados para desenvolvimento de atividades agrícolas.
Ainda mais férteis são as áreas com solo do tipo "terra roxa", batizado assim devido ao nome que receberam dos italianos que vieram para o Brasil trabalhar na lavoura. Por causa de sua cor avermelhada, eles chamavam o solo de terra rossa, pois em italiano, rosso é vermelho. Só que quem começou a chamar de terra roxa não sabia italiano e acabou confundindo rosso com roxo por conta do som da palavra.
Em áreas de planalto os solos são também avermelhados, mas não possuem a fertilidade da terra roxa. Na planície litorânea o solo é bastante arenoso.
Algumas áreas dos pampas estão sofrendo processo de desertificação, devido à retirada da vegetação nativa e sua substituição por monoculturas ou pastos.
O relevo nos campos sulinos é suavemente ondulado. Predominam planícies, mas podem ser encontradas algumas colinas, na região conhecidas como “coxilhas”.
Além das coxilhas existem também alguns planaltos. Cavernas e grutas são comuns. A pedra do Segredo, em Caçapava do Sul, tem 160 metros de altura e três cavernas em seu interior.
Destacam-se como rios importantes deste bioma o Santa Maria, o Uruguai, o Jacuí, o Ibicuí e o Vacacaí. Estes e outros da região se dividem em duas bacias hidrográficas: a Costeira do Sul e a do rio da Prata. Tratam-se de rios que apresentam boas condições para navegação, constituindo verdadeiras hidrovias na região.
Próximo ao litoral existem muitos lagos e lagoas. A Lagoa dos Patos, localizada no município de São Lourenço do Sul, é a maior laguna do Brasil e a segunda maior da América Latina, com 265 km de comprimento.
O clima da região é o subtropical úmido. O que isso significa? Bom, isso quer dizer que, nos campos sulinos, os verões são quentes, os invernos são frios e chove regularmente durante todo o ano.
Quando falamos em invernos frios, estamos falando de temperaturas que podem registrar menos que 0º C, ou seja, que podem ser negativas. Quando falamos de verões quentes, estamos falando de temperaturas que podem chegar a 35º C. É a região com a maior amplitude térmica do país, isto é, onde há maior variação de temperatura.
Caatinga
A caatinga, palavra originária do tupi-guarani, que significa “mata branca”, é o único sistema ambiental exclusivamente brasileiro. Possui extensão territorial de
734.478 km², correspondendo a cerca de 10% do território nacional. Ela está presente nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Bahia, Piauí e norte de Minas Gerais.
As temperaturas médias anuais são elevadas, oscilam entre 25°C e 29°C. O clima é semiárido; e o solo, raso e pedregoso, é composto por vários tipos diferentes de rochas.
A ação do homem já alterou 80% da cobertura original da caatinga, que atualmente tem menos de 1% de sua área protegida em 36 unidades de conservação, que não permitem a exploração de recursos naturais.
As secas são cíclicas e prolongadas, interferindo de maneira direta na vida de uma população de, aproximadamente, 25 milhões de habitantes.
As chuvas ocorrem no iníciodo ano e o poder de recuperação do bioma é muito rápido, surgem pequenas plantas e as árvores ficam cobertas de folhas.
A região enfrenta também graves problemas sociais, entre eles os baixos níveis de renda e de escolaridade, a falta de saneamento ambiental e os altos índices de mortalidade infantil.
Desde o período imperial, tenta-se promover o desenvolvimento econômico na caatinga, porém, a dificuldade é imensa em razão da aridez da terra e da instabilidade das precipitações pluviométricas. A principal atividade econômica desenvolvida na caatinga é a agropecuária. A agricultura destaca-se na região através da irrigação
artificial, possibilitada pela construção de canais e açudes. Alguns projetos de irrigação para a agricultura comercial são desenvolvidos no médio vale do São Francisco, o principal rio da região, juntamente ao Parnaíba.
Vegetação – As plantas da caatinga são xerófilas, ou seja, adaptadas ao clima seco e à pouca quantidade de água. Algumas armazenam água, outras possuem raízes superficiais para captar o máximo de água da chuva. E há as que contam com recursos para diminuir a transpiração, como espinhos e poucas folhas. A vegetação é formada por três estratos: o arbóreo, com árvores de 8 a 12 metros de altura; o arbustivo, com vegetação de 2 a 5 metros; e o herbáceo, abaixo de 2 metros. Entre as espécies mais comuns estão a amburana, o umbuzeiro e o mandacaru. Algumas dessas plantas podem produzir cera, fibra, óleo vegetal e, principalmente, frutas.
Fauna – A fauna da caatinga é bem diversificada, composta por répteis (principalmente lagartos e cobras), roedores, insetos, aracnídeos, cachorro-do-mato, arara-azul (ameaçada de extinção), sapo-cururu, asa branca, cutia, gambá, preá, veado-catingueiro, tatupeba, sagui-do-nordeste, entre outros animais.
A primeira área protegida criada no bioma foi a Floresta Nacional do AraripeApodi, no estado do Ceará, em 1946. A década de 1990 foi a que apresentou o maior incremento em área de UCs, mas esse incremento se deveu praticamente à criação de apenas três APAs: dunas e veredas do baixo-médio São Francisco (1 milhão de ha), pelo governo do estado da Bahia e Chapada do Araripe (0,9 milhão de ha) e Serra do Ibiapaba (1,6 milhão de ha), pelo governo federal. Na atual década a Bahia criou mais uma APA de grande extensão, a do Lago de Sobradinho (1,2 milhão de ha) (gráfico 3). A maior unidade de conservação de proteção integral do bioma Caatinga é o Parque Nacional da Chapada Diamantina, no estado da Bahia, com cerca de 150 mil ha. Das 67 UCs do bioma, 20 têm área entre 10.001 e 100.000 ha, 21 têm área entre 1.001 e 10.000 ha e 19 têm área menor do que 1.000 ha.
Zona Costeira
Conforme mencionado, a Zona Costeira e Marinha tem sido tratada como um “sétimo bioma” brasileiro no âmbito das políticas governamentais, especialmente as ambientais, embora a definição oficial de bioma, baseada na distribuição contígua da vegetação, não lhe seja aplicável. A Zona Costeira e Marinha é a fusão de conceitos, ações e políticas relacionadas à gestão e do ordenamento territorial, e ao reconhecimento da soberania nacional sobre recursos econômicos marinhos (CARDOSO JR, 2010).
A Zona Costeira e Marinha (ZCM) acompanha os mais de 8 mil quilômetros da costa brasileira e abriga uma grande diversidade de ambientes, como estuários, praias, dunas, os únicos recifes de coral de todo o Atlântico Sul e a maior extensão contínua de manguezais do planeta. Cinco dos seis biomas continentais brasileiros possuem interface com a ZCM (BRASIL, 2008). Considerando aspectos físicos e biológicos, estima-se que existam entre três e nove grandes regiões marinhas no Brasil.
A biodiversidade marinha da costa brasileira é ainda relativamente pouco conhecida. No caso de invertebrados bentônicos, já foram registradas pouco mais de 1.300 espécies na costa sudeste do Brasil, com elevado grau de endemismo, mas muitas regiões e ambientes ainda precisam ser adequadamente inventariados. Para grupos mais bem conhecidos, os peixes somam aproximadamente 750 espécies, cuja diversidade é relativamente uniforme ao longo da costa e de baixo grau de endemismo (CARDOSO JR, 2010).
O nível de proteção do ambiente marinho por UCs é o mais baixo comparado aos biomas continentais brasileiros. Apenas 1,5% da zona marinha é coberta por UCs e esta porcentagem cai para meros 0,3% caso a área de APAs não seja contabilizada. São ao todo 40 UCs, 22 federais e 18 estaduais, que somam 5,4 milhões de ha. Entretanto, excluindo-se as APAs – que representam 89,4% da área de UCs de uso sustentável –, a área protegida por UCs é de um milhão de ha (CARDOSO JR, 2010).
Com área de 35 mil ha, a unidade de conservação mais antiga da zona costeira é a Reserva Biológica do Atol das Rocas, no litoral do Rio Grande do Norte, de 1979. Em 1980 foi criado também o Parque Nacional de Cabo Orange, no extremo norte do Amapá – bioma Amazônia –, com uma área de pouco mais de 600 mil ha, dos quais aproximadamente 200 mil ha correspondem a ambientes marinhos, trecho que constitui a maior área contínua de unidade de conservação de proteção integral existente na zona marinha. Na década seguinte, mais cinco UCs federais de proteção integral exclusivas à zona marinha foram criadas, com destaque para as duas maiores, o Parque Nacional Marinho de Abrolhos (aproximadamente 90 mil ha) e o de Fernando de Noronha (aproximadamente 11mil ha). A maior UC estadual de proteção integral é o Parque do Parcel de Manuel Luiz, no Maranhão, criado em 1991, com 50 mil ha. Nas últimas duas décadas, apenas duas pequenas UCs de proteção integral foram criadas, ambas pelo estado de São Paulo, cobrindo uma área de pouco mais de 5 mil ha. Assim como nos biomas terrestres, a ênfase tem sido dada à criação de unidades de proteção de uso sustentável, que totalizam 11 APAs (2,5 milhões de ha) e nove reservas extrativistas marinhas (500 mil ha) (CARDOSO JR, 2010).
Restinga
A restinga é uma planície arenosa costeira, de origem marinha, incluindo a praia, cordões arenosos, depressões entre cordões, dunas e margem de lagunas, com vegetação adaptada às condições ambientais”.
Sobre a restinga é possível se encontrar a vegetação de restinga, que é um conjunto das comunidades vegetais, fisionomicamente distintas, sob influência marinha e fluviomarinha, que ocorrem distribuídas em mosaico e em áreas de grande diversidade ecológica, sendo consideradas comunidades edáficas, por dependerem mais da natureza do substrato que do clima.
A cobertura vegetal nas restingas pode ser encontrada em praias e dunas, sobre cordões arenosos, e associadas a depressões. Na restinga os estágios sucessionais diferem das formações ombrófilas e estacionais, ocorrendo notadamente de forma mais lenta, em função do substrato que não favorece o estabelecimento inicial da vegetação, principalmente por dissecação e ausência de nutrientes.
O corte da vegetação ocasiona uma reposição lenta, geralmente de porte e diversidade menores, onde algumas espécies passam a predominar. Os diferentes tipos de vegetação ocorrentes nas restingas brasileiras variam desde formações herbáceas, passando por formações arbustivas, abertas ou fechadas, chegando a florestas cujo dossel varia em altura, geralmente não ultrapassando os 20m. São em geral caracterizada por comunidade com pouca riqueza, quando comparada a outras comunidades vegetais, sendo protegidas por lei devido à sua fragilidade.
Em muitas áreas de restinga no Brasil, especialmente no sul e sudeste, ocorrem períodos mais ou menos prolongados de inundação do solo, fator que tem grande influência na distribuição de algumas formações vegetacionais. A periodicidade com que ocorre o encharcamento e a sua respectiva duração são decorrentes principalmente da topografia do terreno, da profundidade do lençol freático e da proximidade de corpos d’água (rios ou lagoas), produzindo em muitos casos um mosaico de formações inundáveis e não inundáveis, com fisionomias variadas, o que até certo ponto justifica o nome de “complexo” que é empregado para designar as restingas.
As formaçõesherbáceas ocorrem principalmente nas faixas de praia e ante dunas, em locais que eventualmente podem ser atingidos pelas marés mais altas, ou então em depressões alagáveis. Nas zonas de praia, dunas frontais e dunas mais próximas ao mar, predominam espécies herbáceas, em alguns casos com pequenos arbustos e árvores, que ocorrem tanto de forma isolada e pouco expressiva, como formando agrupamentos mais densos, com variações nas suas respectivas fisionomias, composições e graus de cobertura. A vegetação das praias e dunas tem ocorrência praticamente ao longo de toda a costa brasileira, mas a sua exata circunscrição e os termos empregados para designá-la variam muito. As pressões antrópicas no sentido de ocupação e urbanização da zona costeira já suprimiram muitas áreas representativas desta formação em vários pontos no litoral brasileiro.
As formações arbustivas das planícies litorâneas, que para muitos autores constituem a restinga propriamente dita são os tipos vegetacionais que mais chamam a atenção no litoral brasileiro, tanto pelo seu aspecto peculiar, com fisionomia variando desde densos emaranhados de arbustos junto a trepadeiras, bromélias terrícolas e cactáceas, até moitas com extensão e altura variáveis, intercaladas por áreas abertas que em muitas locais expõem diretamente a areia, principal constituinte do substrato nestas formações. Os termos “scrub”, “thicket”, “escrube” e “fruticeto” já foram empregados para designar comunidades e/ou formações desta natureza, notadamente na região litorânea.
As formações florestais que ocorrem na planície litorânea brasileira variam bastante ao longo da costa, sendo essas variações geralmente atribuídas às influências das formações vegetacionais adjacentes e às características do substrato, principalmente sua origem, composição e condições de drenagem.
Estas florestas variam desde formações com altura do estrato superior a partir de 5m, em geral livres de inundações periódicas decorrentes da ascensão do lençol freático durante os períodos mais chuvosos, até formações mais desenvolvidas, com alturas em torno de 15-20m, muitas vezes associadas a solos hidro mórficos e/ou orgânicos.
Estes dois tipos de florestas em geral acompanham as variações topográficas decorrentes da justaposição dos cordões litorâneos, ao menos onde tais feições são bem definidas. Em locais situados mais para o interior da planície costeira, geralmente em terrenos mais deprimidos onde tais alinhamentos não são claramente definidos e os solos são saturados hidricamente e têm uma espessa camada orgânica superficial, ocorrem florestas mais desenvolvidas semelhantes florística e estruturalmente àquelas situadas nas depressões entre os cordões.
A fauna ocorrente nas restingas brasileiras está relativamente menos estudada quando comparada com os conhecimentos que já se acumulam sobre a composição e estrutura dos seus diferentes tipos vegetacionais. Dentre os estudos tratando de grupos de animais invertebrados, podem ser mencionados os realizados com os artrópodos, notadamente com diferentes grupos de insetos, estes constituindo a maioria dos relatos encontrados. A fauna de vertebrados ocorrente nas restingas brasileiras também é relativamente pouco pesquisada, com destaque para os trabalhos realizados no litoral do Rio de Janeiro, principalmente com pequenos mamíferos e répteis.
Manguezal: Os mangues ou manguezais são um ecossistema típico de áreas litorâneas, alagadas, onde há o encontro da água do mar com a dos rios dando um aspecto salobro à água dessas regiões. É de sua característica a transição entre aspectos marinhos e terrestres e sua presença em locais com clima tropical ou subtropical. Sua vegetação é composta por três tipos de árvores que podem atingir até 20 metros de altura em certos pontos do país: Rhizophora mangle (mangue-bravo ou	vermelho), Laguncularia	racemosa (mangue-branco) e	Avicena schaueriana (mangue-seriba ou seriúba).
Os mangues estão presentes em diversas partes do mundo como Oceania, África, Ásia, alguns países da América e Brasil. No Brasil esse ecossistema pode ser encontrado no nordeste do país em Cabo Orange no estado do Amapá até a região sul em Laguna em Santa Catarina compreendendo um total de 20 mil quilômetros quadrados, 15 % do total em todo o mundo.
Este é um ecossistema rico em diversas espécies de animais como peixe-boi- marinho, caranguejo, lontra, jacaré, cobras, mexilhão, aranhas, craca, lagartos, tartaruga, crocodilos entre outros.
· Esse tipo de ecossistema possui o solo extremamente rico em nutrientes e matéria orgânica, raízes e material vegetal em decomposição.
· As raízes aéreas são uma de suas características mais marcantes, e têm como principal função proporcionar a respiração das plantas já que o solo é pobre em oxigênio e elas obtêm o mesmo fora dele.
· O cheiro dos mangues também é um aspecto bem característico, isso ocorre devido à presença de água salobra e matérias vegetais em estado de decomposição.
· Suas sementes são geralmente compridas, finas e pontudas para garantir a reprodução ao se fixarem melhor ao caírem no solo úmido.
· A caça e comércio do caranguejo, espécie com grande população nos mangues, é o que garante o sustento de diversas famílias que vivem na região.
Uma das principais ameaças a esse ecossistema é a exploração, (como a caça do caranguejo) que teve início com fins comerciais em países da Ásia ganhando expansão rápida para demais países detentores de mangues. O uso desordenado e de maneira não sustentável de seus recursos causa uma depredação quase que irrefreável, em países como Tailândia e Filipinas a área de manguezal teve grande parte dizimada por conta da super-exploração, chegando a ser reduzida em 110.000 hectares da área original de 448.000 nas Filipinas.
No Brasil não é diferente, porém algumas leis foram estabelecidas com o intuito de promover a preservação dos manguezais. A lei de número 4.771 de 15 de setembro de 1965 define os mangues como APPs (Área de Preservação Permanente), e a Resolução da CONAMA de número 369 de março de 2006 estabelece a proibição da supressão de vegetação ou qualquer outro tipo de intervenção, salvo apenas em casos de utilidade pública para as áreas de mangues. Ainda assim esse ecossistema é o mais ameaçado dentre todos nos Brasil.
A poluição também é outra grande inimiga dos manguezais. A poluição proveniente das cidades costeiras e de indústrias instaladas na região como o depósito de lixo nos mares e rios, derramamentos de petróleo, são fatores que contribuem para a degradação do ecossistema 
Cerrado
A primeira unidade de conservação do bioma foi a Floresta Estadual Bebedouro, criada pelo estado de São Paulo em 1937. Na década de 1940 foram criadas mais duas UCs, a Floresta Estadual de Avaré, também pelo estado de São Paulo e a Floresta Nacional de Silvânia, pelo governo federal, no estado de Goiás. Até 1960 nove UCs existiam no bioma, sendo sete de uso sustentável e duas de proteção integral. A maior destas, criada em 1959, era o Parque Nacional do Araguaia, que abrangia toda a Ilha do Bananal – aproximadamente 2 milhões de ha.
Em 1971 os limites foram redefinidos, devido à criação da Terra Indígena do Parque do Araguaia. Mais recentemente, a criação da Terra Indígena Inãwébohona se sobrepôs em 377.113 ha à área remanescente do Parque Nacional do Araguaia, que é de cerca de 550 mil ha. Ao mesmo tempo, o Decreto de 18 de abril de 2006, que homologou a demarcação administrativa desta terra indígena, estabeleceu o Parque Nacional do Araguaia como bem público da União submetido a regime jurídico de dupla afetação, destinado à preservação do meio ambiente e à realização dos direitos constitucionais dos índios, passando este a ser administrado em conjunto pela Fundação Nacional do Índio (Funai), pelo Ibama9 e pelas Comunidades Indígenas Javaé, Karajá e Avá-Canoeiro. Outra unidade de conservação do Cerrado que teve os limites drasticamente reduzidos foi o Parque Nacional Chapada dos Veadeiros, em Goiás. Criado originalmente em 1961 como Parque Nacional do Tocantins, com aproximadamente600 mil ha, hoje o parque conta com aproximadamente 10% da área original.
É a segunda maior formação vegetal brasileira. Estendia-se originalmente por uma área de 2 milhões de km², abrangendo dez estados do Brasil Central. Hoje, restam apenas 20% desse total. Típico de regiões tropicais, o cerrado apresenta duas estações bem marcadas: inverno seco e verão chuvoso. Com solo de savana tropical, deficiente em nutrientes e rico em ferro e alumínio, abriga plantas de aparência seca, entre arbustos esparsos e gramíneas, e o cerradão, um tipo mais denso de vegetação, de formação florestal. A presença de três das maiores bacias hidrográficas da América do Sul (Tocantins-Araguaia, São Francisco e Prata) na região favorece sua biodiversidade.
Estima-se que 10 mil espécies de vegetais, 837 de aves e 161 de mamíferos vivam ali. Essa riqueza biológica, porém, é seriamente afetada pela caça e pelo comércio ilegal. O cerrado é o sistema ambiental brasileiro que mais sofreu alteração com a ocupação humana. Atualmente, vivem ali cerca de 20 milhões de pessoas. Essa população é majoritariamente urbana e enfrenta problemas como desemprego, falta de habitação e poluição, entre outros. A atividade garimpeira, por exemplo, intensa na região, contaminou os rios de mercúrio e contribuiu para seu assoreamento. A mineração favoreceu o desgaste e a erosão dos solos. Na economia, também se destaca a agricultura mecanizada de soja, milho e algodão, que começa a se expandir principalmente a partir da década de 80. Nos últimos 30 anos, a pecuária extensiva, as monoculturas e a abertura de estradas destruíram boa parte do cerrado. Hoje, menos de 2% está protegido em parques ou reservas.
Pequenas árvores de troncos torcidos e recurvados e de folhas grossas, esparsas em meio a uma vegetação rala e rasteira, misturando-se, às vezes, com campos limpos ou matas de árvores não muito altas – esses são os Cerrados, uma extensa área de cerca de 200 milhões de hectares, equivalente, em tamanho, a toda a Europa Ocidental. A paisagem é agressiva, e por isso, durante muito tempo, foi considerada uma área perdida para a economia do país.
Os Cerrados apresentam relevos variados, embora predominem os amplos planaltos. Metade do Cerrado situa-se entre 300 e 600m acima do nível do mar, e apenas 5,5% atingem uma altitude acima de 900m. Em pelo menos 2/3 da região o inverno é demarcado por um período de seca que se prolonga por cinco a seis meses. Seu solo esconde um grande manancial de água, que alimenta seus rios.
Entre as espécies vegetais que caracterizam o Cerrado estão o barbatimão, o pau-santo, a gabiroba, o pequizeiro, o araçá, a sucupira, o pau-terra, a catuaba e o indaiá. Debaixo dessas árvores crescem diferentes tipos de capim, como o capim- flecha, que pode atingir uma altura de 2,5m. Onde corre um rio ou córrego, encontram- se as matas ciliares, ou matas de galeria, que são densas florestas estreitas, de árvores maiores, que margeiam os cursos d’água. Nos brejos, próximos às nascentes de água, o buriti domina a paisagem e forma as veredas de buriti.
A presença humana na região data de pelo menos 12 mil anos, com o aparecimento de grupos de caçadores e coletores de frutos e outros alimentos naturais. Só recentemente, há cerca de 40 anos, é que começou a ser mais densamente povoada.
A província do cerrado, como denominada por EITEN, englobando 1/3 da biota brasileira e 5% da flora e fauna mundiais. É caracterizada por uma vegetação savanícola tropical composta, principalmente de gramíneas, arbustos e árvores esparsas, que dão origem a variados tipos fisionômicos, caracterizados pela heterogeneidade de sua distribuição.
Muitos autores aceitam a hipótese do oligotrofismo distrófico para formação do Cerrado, sua vegetação com marcantes característica adaptativas a ambientes áridos, folhas largas, espessas e pilosas, caule extremamente suberizado, etc. Contudo apesar de sua aparência xeromórfica, a vegetação do cerrado situa-se em regiões com precipitação média anula de 1500 mm, estações bem definidas, em média com 6 meses de seca, solos extremamente ácidos, profundos, com deficiência nutricional e alto teor de alumínio.
Segundo EITEN os tipos fisionômicos do cerrado (latu sensu) se distribuem de acordo com três aspectos do substrato onde se desenvolvem: a fertilidade e o teor de alumínio disponível; a profundidade; e o grau de saturação hídrica da camada superficial e subsurpeficial. Os principais tipos de vegetação são:
Cerrado (strictu sensu) - é a vegetação característica do cerrado, composta por exemplares arbustivo-arbóreos, de caules e galhos grossos e retorcidos, distribuídos de forma ligeiramente esparsa, intercalados por uma cobertura de ervas, gramíneas e espécies semi-arbustivas.
Floresta mesofítica de interflúvio (cerradão) - este tipo de vegetação cresce sob solos bem drenados e relativamente ricos em nutrientes, as copas das árvores, que medem em média de 8-10 metros de altura, tocam-se o que denota um aspecto fechado a esta vegetação.
Campo rupestre - encontrado em áreas de contato do cerrado com o caatinga e floresta atlântica, os solos deste tipo fisionômico são quase sempre rasos e sofrem bruscas variações em relação a profundidade, drenagem e conteúdo nutricional. É caracteristicamente, composto por uma vegetação arbustiva de distribuição aberta ou fechada.
Campos litossólicos miscelâneos - são caracterizados pela presença de um substrato duro, rocha mãe, e a quase inexistência de solo macio, este quando presente não ocupa mais que poucos centímetros de profundidade até se deparar com a camada rochosa pela qual não passam nem umidade nem raízes. Sua flora é caracterizada por um tapete de ervas latifoliadas ou de gramíneas curtas, havendo em geral a ausências de exemplares arbustivos, ou a presença de raríssimos espécimes lenhosos, neste caso enraizados em frestas da camada rochosa.
Vegetação de afloramento de rocha maciça - representada por cactos, liquens, musgos, bromélias, ervas e raríssimas árvores e arbustos, cresce sob penhascos e morros rochosos.
Pampa
Com uma área de 176.496 km2, o bioma Pampa está presente no Brasil14 somente na porção sul do Rio Grande do Sul (abaixo do paralelo 30º), onde ocupa 53% do estado (IBGE, 2004a). A área corresponde aos campos da metade sul e das missões do Rio Grande do Sul, enquanto o restante do estado é ocupado pelo bioma Mata Atlântica, localizado ao norte.
Quando comparado aos demais biomas continentais brasileiros, há relativamente poucos dados disponíveis sobre o bioma Pampa, utilizando-se o recorte definido pelo IBGE (2004a). Uma das razões é que, sob o ponto de vista da pesquisa biológica, este geralmente é tratado como parte de uma área mais abrangente de vegetação campestre do sul do Brasil, os chamados “Campos Sulinos”. Além de todo o bioma Pampa, os Campos Sulinos incluem também áreas localizadas no Planalto Sul-Brasileiro, os quais formam mosaicos com as florestas na metade norte do Rio Grande do Sul e nos estados de Santa Catarina e Paraná. Estes campos do Planalto Sul-Brasileiro, porém, estão inseridos no bioma Mata Atlântica, na definição do IBGE (2004a) (CARDOSO JR, 2010).
Assim como os demais biomas, o Pampa teve sua vegetação mapeada em escala 1:250.000, utilizando a interpretação de imagens de satélite Landsat obtidas em 2002.15 As imagens foram interpretadas buscando-se identificar categorias que indicassem um domínio fisionômico florestal ou campestre e que dessem ideia do grau de pressão antrópica sobre a formação (CARDOSO JR, 2010).
ENERGIA SUSTENTÁVEL
A definição do tipo de energia utilizada em um dado pais ou região e decorrente da necessidade de se atender a demanda doméstica e de aumentar o nível de inserção no mercado econômico internacional. As políticas públicas, ao apoiarem a produção de bens, o desenvolvimento regional, o atendimento das famílias, os cuidados ambientais; e ao estimularem a geração de energia da fonte A ou B, são vetores importantes no desenho do modelo energético. Nesse sentido o Brasil tem sido exemplo mundial no uso de energias

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