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Disciplina: Metolologia Científica Professor: Anderson Fabricio O Universo Acadêmico Professor Anderson Fabrício Metodologia e Construção do Conhecimento Aula 2_Parte B– 16/08 ○ O Universo Acadêmico: Metodologia e Construção do Conhecimento ■ O Desenvolvimento do Pensamento Científico. Pauta A ciência no Ocidente cristão A ciência medieval continuou voltada para a discussão racional e permaneceu desligada da técnica e da pesquisa empírica. Era valorizado o conhecimento teórico em detrimento das atividades práticas. A retomada do pensamento aristotélico reforçou a concepção reforçou a concepção qualitativa da física e manteve a astronomia geocêntrica. Exceções à tradição As práticas alquimistas surgiram com artesãos metalúrgicos e constituíram o prelúdio da ciência química. As técnicas de laboratório eram depreciadas pela ciência oficial, por estarem vinculadas à atividade manual. A Igreja Católica perseguiu os alquimistas sob acusação de bruxaria. Ilustração da obra The ordinal of Alchemy, de Thomas Norton (c. 1477), que mostra mestre alquimista preparando ingredientes. A Escola de Oxford Em Oxford, na Inglaterra, os monges franciscanos Robert Grosseteste e Roger Bacon ocuparam-se com ciência natural e matemática. Estudaram fenômenos do som e da luz e teriam avançado na produção de lentes. Adotaram procedimentos científicos como observação e experimentação. A contribuição árabe A cultura árabe exerceu indiscutível influência no desenvolvimento da ciência, inclusive no Ocidente, no período do século VIII ao XII. Os árabes eram herdeiros de uma tradição de estudos de óptica, geografia, geologia e meteorologia. A partir da ocupação da Andaluzia, sul da Espanha, os árabes influenciaram a ciência e a filosofia no Ocidente, tendo sido os primeiros a traduzir Aristóteles. Crise do pensamento medieval No final da Idade Média, o princípio da autoridade exigia a aceitação incondicional dos textos bíblicos e das ideias dos grandes pensadores. Desenvolveu-se então uma tendência laica e de crítica à Igreja. O clero reagiu com violência, instituindo o Tribunal da Inquisição e o Index. Pensadores pré-renascentistas Guilherme de Ockham defendeu a separação entre fé e ciência, bem como a autonomia do poder civil ante o poder religioso. Dante Alighieri e Marsílio de Pádua defenderam a não intervenção do papa no exercício do poder do imperador. Para eles, a condução do Estado não cabia à Igreja Católica. Retrato de Dante Alighieri, de Sandro Botticelli, 1495 A criação de Adão, afresco de Michelangelo Buonarroti, 1511 A modernidade científica e filosófica Renascimento No Renascimento, o espiritualismo religioso da Idade Média cedeu espaço para o racionalismo do pensamento humanista. Antropocentrismo: o homem passa a assumir posição central nas reflexões dos novos pensadores. Racionalismo: na busca pelo conhecimento, a razão supera a fé. Saber ativo: conhecimento preocupado em transformar a realidade. Valorização do trabalho e da técnica. Língua: o latim começa a conviver com as línguas nacionais nas obras dos pensadores. Os humanistas fizeram críticas aos costumes, ao clero, à política e alguns deles elaboraram utopias. Pensadores humanistas Ensaios, de Montaigne, é uma obra que destaca a subjetividade: um olhar para dentro de si mesmo e o reconhecimento do uso autônomo da razão. Filósofo cético, Montaigne denunciou com agudeza e ironia os costumes do seu tempo, a hipocrisia e as superstições. Seus ensaios inauguraram um novo gênero literário, o ensaio, de cunho autobiográfico, algo inédito até então. Montaigne No século XVII, Galileu teorizou sobre o método científico: a ciência rompia com a filosofia aristotélico-escolástica. O filósofo desenvolveu o método de observação, a experimentação e recorreu à matemática: uma nova concepção de saber. A ciência do século XVII PH O TO S C A LA , F LO R EN C E/ G LO W IM A G ES / TR IB U N A D E G A LI LE U , F LO R EN Ç A Enquanto a física aristotélica era qualitativa, Galileu introduziu a medida, ao fazer a descrição quantitativa dos fenômenos. Investigou o espaço físico nos seus aspectos objetivos, ou seja, naqueles em que se pode aplicar um tratamento matemático. A nova física Para a concepção heliocêntrica – não aceita pela Igreja – Galileu aproveitou os estudos de Copérnico. Com o auxílio da luneta e da observação direta, destruiu a harmonia do cosmo aristotélico que persistia na visão ptolomaica geocêntrica. Estabeleceu as novas leis do Universo ao proceder à geometrização do espaço e a sua “democratização”: não há mundo superior ou inferior, todos os espaços se equivalem. A astronomia heliocêntrica Deve-se a Isaac Newton (1642-1727) a elaboração da teoria da gravitação universal. A teoria científica consiste em um sistema que reúne e explica várias leis referentes a fenômenos diversos. A síntese newtoniana Entre a razão e os sentidos Em busca do método Modernidade é o período que se esboçou no Renascimento e desenvolveu-se na Idade Moderna, atingindo seu auge na Ilustração, no século XVIII. A modernidade caracteriza-se pela valorização da razão, responsável pelo crescente interesse pelo método. A preocupação dos filósofos em não se enganar levou à revisão da metafísica tradicional. Duas respostas surgiram para essa nova questão: o racionalismo e o empirismo. Racionalismo: valorização da razão no processo de aquisição do conhecimento (Descartes, Espinosa, Leibniz). Empirismo: valorização da experiência sensível no processo de aquisição do conhecimento (Bacon, Locke, Berkeley, Hume). A dúvida metódica não admite certezas que não estejam imunes à dúvida. Descartes duvida do testemunho dos sentidos e do senso comum. Ele interrompe a cadeia de dúvidas diante de uma primeira intuição: “Penso, logo existo” (Cogito, ergo sum). Essa intuição primeira leva à afirmação da existência de Deus e do mundo. Racionalistas Retrato de Descartes, pintura de Frans Hals, 1649 TH IE R R Y LE M A G E/ R M N /O TH ER I M A G ES - M U S EU D O L O U V R E, P A R IS Descartes (1596-1650) buscava encontrar um método seguro que o conduzisse à verdade indubitável. Racionalistas Desenvolveu uma diferente concepção de Deus, como ser imanente ao Universo, ou seja, que não se separa de sua criação. Conhecimento adequado: o conhecimento racional é que nos permite distinguir os desejos verdadeiros daqueles que nos afastam dela. É este conhecimento que nos torna livres. Conhecimento inadequado: por ser estimulado exteriormente, constitui-se fonte de fantasias e ilusões. Retrato de Baruch Espinosa, pintura da escola alemã, 1665 PH O TO A U S TR IA N A R C H IV ES /S C A LA FL O R EN Ç A /G LO W IM A G ES / B IB LI O TE C A H ER Z O G LI C H E, W O LF EN B U ET TE L Espinosa (1632-1677) cria uma teoria original ao privilegiar a ética na construção do pensamento. Para ele, o conhecimento está vinculado ao desejo e aos afetos de alegria e de tristeza. Empiristas Francis Bacon (1561-1626) propunha um conhecimento baseado no saber experimental e na lógica indutiva. Criticou o saber contemplativo medieval e a lógica dedutiva aristótelica. Denunciou os preconceitos e as noções falsas que dificultam a apreensão da realidade, aos quais chama de ídolos: da tribo, da caverna, do mercado, do teatro. Para ele, a mente é como um papel em branco, por isso o conhecimento começa com a experiência sensível. Distinguiu duas fontes possíveis para nossas ideias: a sensação e a reflexão. A sensação resulta de um estímulo externo, pelo qual a mente é modificada por meio dos sentidos. A reflexão se processa internamente, é a percepção que a alma tem daquilo que nela ocorre. Empiristas Retrato do filósofo inglês John Locke, século XVII B IB LI O TE C A B O D LE IA N , U N IV ER S IDA D E D E O X FO R D /G ET TY M A G ES John Locke (1632-1704) criticou a noção de ideias inatas. Empiristas Retrato do filósofo inglês David Hume, do gravurista e pintor W. Holl, século XVIII PA U L D S TE W A R T/ S C IE N C E PH O TO L IB R A R Y/ LA TI N S TO C K Para Hume (1711-1776) o conhecimento tem início com as percepções individuais, que podem ser impressões ou ideias. As impressões são as percepções originárias que se apresentam à consciência com maior vivacidade, tais como as sensações (ouvir, ver, sentir dor ou prazer etc.). As ideias são cópias pálidas das impressões e, portanto, mais fracas. Hume criticou a noção de causalidade, porque, para ele, as relações de causa e efeito resultam do hábito, criado pela associação de casos semelhantes. Hume admite seu ceticismo ao reconhecer os limites muito estreitos do entendimento humano. Berkeley (1685-1753) criticou o racionalismo e superou algumas noções dos próprios empiristas. Adotou um imaterialismo, pelo qual nega a possibilidade de conhecermos o mundo. Resume essas impossibilidades pela expressão “ser é ser percebido”: o ser das coisas consiste em ser percebido pelo sujeito pensante. Portanto, só a ideia é real: trata-se de um idealismo. Empiristas O Iluminismo Contextualização Datado do século XVIII, o Iluminismo foi um período caracterizado pela confiança no poder da razão para transformar o mundo e pelo otimismo no progresso do espírito humano. O século XVIII ficou marcado pelas revoluções burguesas, fortemente influenciadas pelo Iluminismo: independência dos Estados Unidos (1776), Revolução Francesa (1789), Conjuração Mineira (1789) e Conjuração Baiana (1798). Entre os pensadores iluministas, destacam-se Diderot, D’Alembert, Voltaire, Rousseau, Condorcet e Kant. Kant e o criticismo Retrato do filósofo Immanuel Kant, c. 1768 Immanuel Kant (1724-1804) foi o principal filósofo do Iluminismo alemão. Sua filosofia, conhecida como criticismo, colocou a razão em um tribunal. Kant superou a oposição entre o racionalismo e o empirismo: o conhecimento é constituído ao mesmo tempo de algo que recebemos da experiência (a posteriori) e de algo que já existe em nós mesmos (a priori). Kant e o imperativo categórico Estabeleceu a distinção entre fenômeno e coisa em si. Conhecemos apenas o fenômeno, enquanto a coisa em si só pode ser pensada, pois está além da experiência. A razão não pode resolver as questões metafísicas. As antinomias da razão (a existência de Deus, a liberdade, a imortalidade da alma etc.) são aceitas apenas como fé no terreno da moral. A moral kantiana é formalista. Analisando os princípios da ação moral, Kant estabelece o imperativo categórico: aquele que visa a uma ação como necessária por si mesma. A ação é boa em si e não por ter como objetivo outra coisa. A máxima do imperativo categórico é: “Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal”. O pensamento contemporâneo A filosofia contemporânea está diretamente relacionada ao desenvolvimento tecnológico e científico. Como refletir sobre a existência humana sem considerar os avanços tecnológicos? Na imagem, testes para modificação genética da semente da soja em um laboratório em St. Louis, Missouri, Estados Unidos, abril de 2010. O século XX foi marcado por transformações radicais: descobertas tecnológicas no campo da automação, da robótica e da microeletrônica, alteração da relação entre cidade e campo, mudanças nas relações interpessoais e em nível planetário. Também foi o século das reivindicações de muitas bandeiras – do feminismo, do poder jovem, negro, indígena e das minorias silenciadas. A crise da subjetividade. Vários pensadores como Marx, Nietzsche e Freud (os chamados “mestres da suspeita”) provocaram desconfiança na capacidade humana de conhecer a realidade exterior e de ter acesso transparente a si mesmo. Contexto histórico A influência de Freud Desenvolveu estudos sobre a libido, a repressão, a associação livre e a interpretação dos sonhos, entre outros conceitos. A repercussão na filosofia se deve ao impacto sobre a concepção cartesiana de um sujeito que teria acesso pleno à sua consciência. Sigmund Freud, fundador da psicanálise, em seu escritório (1939). A LB U M /A K G -I M A G ES /L A TI N S TO C K Segundo a concepção de inconsciente, há uma esfera oculta, detentora de significados atuantes sobre as manifestações exteriores. Freud dividiu o aparelho psíquico em id (regido pelo princípio do prazer), ego (princípio de realidade) e superego (internalização das proibições). A fenomenologia – Husserl A fenomenologia trata dos modos de doação dos objetos (fenômenos) à consciência; critica a tradição metafísica em filosofia, como também a concepção positivista. Entre seus principais expoentes estão Husserl, Heidegger, Merleau-Ponty e Sartre. Husserl foi fundador da fenomenologia contemporânea. O principal conceito é o de intencionalidade: não existe objeto em si, porque o objeto é sempre para um sujeito que lhe dá significado. Influenciou pensadores como Heidegger, Sartre e Merleau-Ponty. A fenomenologia – Heidegger Heidegger desenvolveu o método fenomenológico. Definiu o Dasein como ser-no-mundo. O Dasein é facticidade (conjunto de determinações/fato) e transcendência (atribuição de sentido ao fato/liberdade). O Dasein é um ser temporal, um ser como possibilidade, como projeto. A angústia decorre daquilo que o ser é e o que ele poderá vir a ser. Sob esse aspecto, distingue-se a vida autêntica da inautêntica. O ser humano é um ser-para-a-morte, o que leva a um questionamento da própria existência. A fenomenologia – Merleau-Ponty Merleau-Ponty introduziu a fenomenologia na França. Elaborou uma concepção original sobre o corpo e a percepção: o corpo humano não é um objeto no mundo, mas é aquilo pelo qual o mundo existe para cada um de nós. Elaborou uma concepção de liberdade, opondo-se ao determinismo e ao livre-arbítrio: existem as condições em que vivo, mas ser livre é elaborar um plano de ação, de transformação da realidade vivida. Merleau-Ponty foi amigo de Sartre, a quem sempre dirigiu críticas. A fenomenologia – Sartre Sartre produziu uma variada e extensa obra intelectual, não apenas de filosofia, mas com contribuições na literatura, no teatro, em textos políticos e biografias. Desenvolveu a importante noção de engajamento. Afirmou em sua filosofia que “a existência precede a essência”, donde o termo existencialista: não existe um modelo de ser humano, mas nele o futuro encontra-se em aberto. Definiu o homem pela liberdade e pela ação, como aquele que está “condenado a ser livre”. A recusa da angústia da escolha leva à má-fé, ao autoengano. A Escola de Frankfurt Os filósofos da Escola de Frankfurt elaboraram uma teoria crítica em oposição à teoria tradicional. Criticaram os aspectos da razão instrumental, voltada para a eficácia e competitividade, que se sobrepunha à razão que diz respeito aos fins propriamente humanos. Principais representantes: Horkheimer, Adorno, Marcuse, Walter Benjamin, Erich Fromm e Habermas. Habermas e a ética do discurso Habermas pertence à segunda geração da Escola de Frankfurt. Em sua teoria do agir comunicativo, recusa a razão instrumental, voltada para o mundo do trabalho. Defende uma razão orientada para o mundo da vida, do entendimento mútuo entre as pessoas (sem perspectiva de revolução social). Para Habermas, a razão comunicativa é aquela que se apoia no diálogo e na interação entre os indivíduos do grupo e é mediada pela linguagem e pelo discurso. No mundo da economia e da política, os acordos são pactos, negociações em que prevalecem os interesses particulares e, portanto, a racionalidade instrumental. Ao contrário, a razão comunicativa é mais rica por ser construída a partir da relação entre os sujeitos como seres capazes de posicionarem-secriticamente diante das normas. Assim, a subjetividade transforma-se em intersubjetividade, mais propriamente em intercomunicação. Habermas e a ética do discurso Foucault desenvolveu pensamento próprio e criou um método de investigação histórica e filosófica. Seu método é arqueológico (visa a identificar a mudança de comportamentos ocorrida no início da Idade Moderna) e genealógico (para interpretar as mudanças e saber como “verdades” foram produzidas no âmbito do poder). Debruçou-se sobre os temas da loucura, da disciplina e da sexualidade para compreender como nasceu o processo de exclusão dos que não seriam “disciplináveis”: o novo poder da burguesia criava um novo saber sobre a loucura e o sexo. Foucault: verdade e poder Outras correntes filosóficas do século XX Outras correntes filosóficas que se destacam no século XX: pragmatismo, neopragmatismo e filosofia analítica. • O pragmatismo: surgiu nos Estados Unidos (final do século XIX) como herdeiro do empirismo britânico e crítico do racionalismo, por este ser fundacionista (justificação de uma crença com base em outra até chegar a um ponto de partida). • Para os pragmatistas, é a experiência que guia as nossas ações futuras: assim, os conceitos não são ideias abstratas, mas instrumentos de ação. • Principais representantes: Charles Peirce, William James e John Dewey. Richard Rorty e o neopragmatismo O neopragmatismo: tem como principal expoente o norte-americano Richard Rorty, que também sofreu influência da filosofia analítica. Como os demais, recusa o fundacionismo e também nega que a mente humana seja um espelho da natureza. Para ele, a racionalidade aperfeiçoa-se na comunidade, pela troca de crenças, mas não dispensa o diálogo permanente em um mundo em mutação. Filosofia analítica A filosofia analítica é representada por diversas tendências. A semelhança entre elas é a “virada linguística”, que consiste em se limitar à investigação da linguagem, já que nossa relação com o mundo se dá pela análise do significado: a análise lógica das sentenças que visa a superar os enganos da metafísica tradicional. Wittgenstein desenvolveu notável reflexão sobre a relação entre linguagem e pensamento. Sua filosofia desdobra-se em duas partes: num primeiro momento, investiga os limites da linguagem e vê como tarefa da filosofia a clarificação lógica dos pensamentos. Num segundo momento, não mais se atém ao que as expressões linguísticas se referem, e sim ao modo como são usadas, o que levou à discussão sobre os “jogos de linguagem” (cada palavra tem o seu significado pelo uso que assume, o que varia conforme o contexto). O discurso da pós-modernidade A perspectiva pós-moderna se caracteriza pela descrença nos valores iluministas, como o progresso e a razão. Expõe os aspectos de dominação da razão, muito mais do que os de emancipação. Os principais representantes são Jean-François Lyotard, Jacques Derrida, Gianni Vattimo e Jean Baudrillard. O sonho da razão produz monstros, gravura de Goya, c. 1797 A ciência contemporânea A ilustração faz uma brincadeira com o Homem vitruviano, de Leonardo da Vinci. A obra original, um dos símbolos do Renascimento, é uma referência nos estudos artísticos de proporção. O nascimento da ciência contemporânea A revolução científica do século XVII estabeleceu a separação entre filosofia e ciência. No decorrer dos séculos seguintes, assistimos ao surgimento das chamadas disciplinas científicas. Ainda no século XVIII, Lavoisier tornou a química uma ciência, com a adoção de experimentos e medidas rigorosas. No século seguinte foi a vez dos estudos sobre o átomo (Dalton). A física nuclear dependeu da contribuição de inúmeros cientistas. O nascimento da ciência contemporânea No campo das ciências biológicas, destaca-se a teoria da evolução orgânica (Lamarck e Darwin). Os estudos de Darwin mostram que a origem de novas espécies está fundamentada na variação e seleção natural. Darwin estabeleceu uma teoria evolucionista das espécies. Sua teoria não foi aceita porque fazia frente a concepções religiosas bastante arraigadas na época. À teoria de Darwin opõe-se o criacionismo, que defende a origem divina (bíblica) do ser humano e descarta a ideia de uma origem a partir de um ancestral simiesco. A genética, com a ideia de hereditariedade, teve Mendel (1822-1884) como precursor. Em 1952, Francis Crick e James Watson descobriram a molécula de DNA. Com essa descoberta, a hereditariedade passou a ser compreendida de modo mais adequado. A partir da década de 1970, vislumbrou-se a possibilidade de interpretar o plano genético de qualquer organismo vivo. Ainda no século XIX, teve início uma crise da ciência moderna, com o aparecimento das geometrias não euclidianas e da física não newtoniana. A física newtoniana (clássica), baseada no conhecimento das causas dos fenômenos, dá lugar à teoria da relatividade de Einstein, que introduz a ideia de uma quarta dimensão: espaço-tempo. Heisenberg apresenta o princípio da incerteza e da indeterminação científica. A ciência passa a necessitar de uma revisão epistemológica, de um novo paradigma. O nascimento da ciência contemporânea Novas orientações epistemológicas A epistemologia tornou-se o exame crítico do conhecimento científico, do valor objetivo dos princípios das hipóteses e das conclusões das diferentes ciências. Segundo Poincaré, as teorias não são nem falsas nem verdadeiras, mas úteis. Nesse sentido, a infalibilidade da ciência seria ilusória. A lógica simbólica ou matemática passa a ser a nova linguagem da ciência contemporânea. A criação de uma linguagem artificial serve para combater as imprecisões da linguagem corriqueira. São seus representantes: Boole, Frege, Russell, Gödel. Círculo de Viena – integrado por cientistas, lógicos e filósofos da ciência que adotam o princípio da verificabilidade. Rudolf Carnap é seu principal representante. Cabe à filosofia o esclarecimento do discurso científico. Popper, inicialmente, sofre influência do Círculo de Viena. Posteriormente, rejeita o princípio da verificabilidade. Recorre ao princípio da falseabilidade (ou refutabilidade): toda hipótese é submetida ao levantamento de possíveis maneiras de ser falseada ou refutada pela experiência. A hipótese se torna teoria quando resiste à refutação. Popper é considerado pós-positivista. Kuhn introduz a noção de paradigma, como a visão de mundo aceita pela comunidade científica, e que orienta a pesquisa científica, constituindo o período da “ciência normal”. Os momentos de crise são aqueles em que várias anomalias são acumuladas, levando a uma mudança de paradigma. Feyerabend pode ser classificado como “anarquista epistemológico”, já que, segundo ele, não deveria haver imposição de métodos, mas a liberdade de pluralismo metodológico. Novas orientações epistemológicas O nascimento das ciências humanas As ciências humanas demoraram mais tempo para se tornar autônomas, o que só começou a ocorrer no final do século XIX. Várias áreas do conhecimento sobre o ser humano foram ampliadas: a sociologia, a antropologia, a história, a geografia humana, a linguística, a economia, a psicologia, a etnologia etc. Para que as ciências humanas se constituíssem, seria preciso definir com rigor o método e o objeto específico de cada uma delas. Nas primeiras tentativas, as ciências humanas sofreram profunda influência do positivismo e, portanto, do método utilizado pelas ciências da natureza. A tendência humanista A tendência humanista, ou hermenêutica, fez a crítica ao positivismo ao recusar a mera explicação causal, típica das ciências da natureza, para privilegiar a compreensão da vida psíquica. A hermenêutica procede à interpretação dos fatos, o que requer outro tipo de método. Representam essa tendência o filósofo Dilthey, os filósofos da fenomenologia – que influenciaram os psicólogos da Gestalt (Köhler e Koffka) – e a psicanálise. A sociologia Os principais responsáveispelo nascimento das ciências sociais na segunda metade do século XIX foram Émile Durkheim, Karl Marx e Max Weber. Influenciado pelo positivismo, Durkheim afirmava que uma metodologia que buscasse a objetividade da ciência sociológica deveria examinar os fatos sociais como “coisas”. Com base no método do materialismo histórico e do materialismo dialético, Marx concluiu que as relações de produção, que caracterizam a exploração do trabalhador pelos donos dos meios de produção, tendem a ser mantidas. Max Weber fez estudos sobre direito e urbanização, bem como pesquisou os fatores culturais que influenciaram a ascensão do capitalismo. Sob esse último aspecto, não se restringe à análise econômica, mas destaca o papel da religião e da ética no fortalecimento do capitalismo. Distanciou- se do positivismo ao atenuar os aspectos causais “objetivos” e ao aceitar as nuances importantes das crenças como motivos consideráveis. A sociologia O interesse pela antropologia cresceu após a colonização, que expôs os contrastes entre os hábitos e os costumes das várias culturas. O contato com povos não europeus ampliou os estudos de campo e a etnografia. As principais metodologias antropológicas foram: darwinismo social (Tylor e Spencer); relativismo cultural (Franz Boas), funcionalismo (Malinowski) e estruturalismo (Lévi-Strauss). A antropologia A psicologia comportamentalista (behaviorismo), influenciada pelo positivismo, teve como principal representante Burrhus Skinner, que se baseou em experiências de reflexos condicionados operantes em animais. Suas conclusões tiveram ampla aplicação com seres humanos na educação programada e na terapia reflexológica. A psicologia comportamentalista As ciências cognitivas tomaram impulso na década de 1950. Constituíram- se de modo multidisciplinar, com a participação da psicologia, linguística, inteligência artificial e posteriormente da etologia, antropologia e neurociências. As neurociências evoluíram após a descoberta dos fundamentos dos neurônios e da dinâmica do sistema nervoso. O avanço tecnológico tornou possível conhecer melhor o funcionamento do cérebro. G EO R G E S TE IN M ET Z /C O R B IS /L A TI N S TO C K Ciências cognitivas O robô Kismet, criado no Laboratório de Inteligência Artificial do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts, Estados Unidos), interage com seres humanos por meio de expressões e vocalizações (1998). Disciplina: Metolologia Científica O Universo Acadêmico Pauta O �Desenvolvimento�do�Pensamento�Científico Número do slide 5 Número do slide 6 Número do slide 7 Número do slide 8 Número do slide 9 Número do slide 10 Número do slide 11 Número do slide 12 Número do slide 13 Número do slide 14 Número do slide 15 Número do slide 16 Número do slide 17 Número do slide 18 Número do slide 19 Número do slide 20 Número do slide 21 Número do slide 22 Número do slide 23 Número do slide 24 Número do slide 25 Número do slide 26 Número do slide 27 Número do slide 28 Número do slide 29 Número do slide 30 Número do slide 31 Número do slide 32 Número do slide 33 Número do slide 34 Número do slide 35 Número do slide 36 Número do slide 37 Número do slide 38 Número do slide 39 Número do slide 40 Número do slide 41 Número do slide 42 Número do slide 43 Número do slide 44 Número do slide 45 Número do slide 46 Número do slide 47 Número do slide 48 Número do slide 49 Número do slide 50 Número do slide 51 Número do slide 52 Número do slide 53 Número do slide 54 Número do slide 55 Número do slide 56 Número do slide 57
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