Buscar

docsity-its-em-mocambique-manejo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 117 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 117 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 117 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ITS em Moçambique - Manejo
Biologia
116 pag.
Document shared on www.docsity.com
Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com)
https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark
 
 
 
 
 
República de Moçambique 
Ministério de Saúde 
Programa Nacional de Combate às ITS/HIV/SIDA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Guia para Tratamento e 
Controle das Infecções de 
Transmissão Sexual (ITS) 
 
 
 
 
 
Maputo, Agosto 2006 
 
 
 
 
Document shared on www.docsity.com
Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com)
https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark
 2 
PPRREEFFÁÁCCIIOO 
 
Segundo a OMS, (2006), mais de 30 patógenos bacterianos, virais e parasitas, são 
transmitidos sexualmente incluindo o HIV. Estima-se que há mais de 340 milhões de 
novos casos de bactérias comuns e protozoários transmitidos sexualmente (ex. sífilis, 
gonorreia, clamídia, infecções genitais e tricomoníase) que ocorrem a nível mundial 
em homens e mulheres com idades entre 15-49 anos. 
 
Infecções de Transmissão Sexual (ITS) podem estar presentes sem sintomas, mas 
podem ter consequências severas a longo prazo tais como infertilidade, gravidez 
ectópica, doença crónica e morte. Em fetos e recém nascidos a clamídia, a gonorreia 
e a sífilis podem causar condições severas que muitas vezes ameaçam a vida. 
Infecções com Papiloma Vírus Humano aumentam a probabilidade de desenvolver o 
carcinoma do colo de útero, que é a segunda causa de morte por cancro em 
mulheres ao nível mundial (cerca de 240.000 mulheres por ano). Um diagnóstico 
correcto de uma ITS é essencial para a provisão de tratamento adequado e efectivo, 
(OMS, 2006). 
 
Co-factores biomédicos evidenciam que as ITS aumentam o risco de contaminação 
do HIV/SIDA. Estudos longitudinais em África, demonstraram forte associação entre 
ITS ulcerativas e não ulcerativas e a incidência em relação à Infecção pelo HIV. O 
Vírus de Herpes Simplex Tipo 2 é uma das causas mais comuns de úlceras genitais, 
desempenhando um papel importante no aumento da transmissão do HIV em África, 
(James Todd et al, 2005). 
 
Em Moçambique, dados da Vigilância Epidemiológica das ITS de 2005 mostraram que 
dos 525,045 casos de DTS notificados, as leucorréias eram as mais frequentes 
(40.1%) e as úlceras genitais (36.6%). Estas taxas são particularmente altas, tomando 
em conta que as ITS partilham os mesmos mecanismos de transmissão do HIV. 
 
Para que a abordagem das ITS tenha êxito, é necessário que todas as Unidades 
Sanitárias do País estejam envolvidas na melhoria do diagnóstico e tratamento, 
incluindo a extensão das formações à todos os níveis de serviços, tais como 
Consultas Externas, Consultas de Saúde Materno-Infantil, Serviços Amigos do 
Adolescente e Jovem, Maternidade, Internamento de Medicina e Triagem, de modo a 
atingir todos os provedores envolvidos no diagnóstico e tratamento das ITS. 
 
Este manual espelha a revisão e actualização dos algoritmos que foi feita em 
Moçambique em 2005, para assegurar que se ofereça melhor qualidade de 
atendimento e tratamento aos utentes, em conformidade com as recomendações da 
OMS e tomando em conta os desafios da SADC em relação à abordagem sindrómica 
e os esforços nacionais na Prevenção e Combate ao HIV/SIDA. 
 
 
 
 
Professor Doutor Paulo Ivo Garrido 
Ministro da Saúde 
 
Document shared on www.docsity.com
Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com)
https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark
 3 
 
GGrruuppoo ddee ttrraabbaallhhoo 
 
 
Dra. Felisbela Gaspar (MISAU) 
Dr. Rui Bastos (MISAU) 
Dr. Avertino Barreto (MISAU) 
Dra. Elena Folgosa (Faculdade de Medicina, UEM) 
Dra. Isabel Nhatave (Policy Project) 
Dra. Maria Teresa Seabra Soares de Britto e Alves 
(Universidade Federal de Maranhão, Brasil) 
Dr. Fulgencio Sambola (Universidade de Ghent) 
Dr. Wouter Arrazola de Onate (Universidade de Ghent) 
Dr. Celso Mondlane (FHI) 
Dra. Sílvia Gurrola (FHI) 
Mathew Westmark (CDC) 
Dra. Lucy Ramirez (CDC) 
Dra. Lori Newman (CDC) 
Dra. Irene Benech (CDC) 
Ute Zurmuehl (Consultora Comunicação) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Este manual foi produzido no âmbito do Acordo Cooperativo No U62/CCU023345 entre o Ministério 
de Saúde de Moçambique, Programa Nacional de Combate de ITS/HIV/SIDA e o Departamento de 
Serviços Humanos/Centros de Controle e Prevenção (CDC), Centro Nacional para HIV, ITS e 
Prevenção de Tuberculose (NCHSTP), Programa Global de SIDA (GAP) do Governo dos EUA. 
O conteúdo e da responsabilidade dos autores e não necessariamente representa a opinião do CDC. 
Document shared on www.docsity.com
Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com)
https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark
 4 
CCoonntteeúúddoo 
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO 5 
O QUE É UM ALGORITMO? 6 
COMO USAR UM ALGORITMO? 7 
VANTAGENS DOS ALGORITMOS 7 
CAPÍTULO 2 DETERMINANTES DA EPIDEMIOLOGIA DAS ITS 9 
CONSEQUENÇIAS PARA A SAÚDE DO INDIVÍDUO 9 
CONSEQUÊNCIAS SOCIAIS 10 
CARACTERÍSTICAS DAS ITS 11 
SÍNDROMES COMUNS NAS ITS E SEUS AGENTES ETIOLÓGICOS 11 
A MAGNITUDE DO PROBLEMA EM MOÇAMBIQUE 12 
O HIV/SIDA NO QUADRO DAS ITS 12 
CAPITULO 3 CUIDADO DE UM PACIENTE COM ITS 15 
ABORDAGENS NA ASSISTÊNCIA AS ITS 16 
COMO PREVENIR AS ITS 21 
ACONSELHAMENTO: UMA POTENTE ESTRATÉGIA 21 
HISTÓRIA CLÍNICA E EXAME FÍSICO 24 
GUIÃO BÁSICO PARA UMA BOA ANAMNESE 25 
EXAME GENITAL EM MULHERES 26 
EXAME GENITAL EM HOMENS 28 
LIMPEZA E DESINFECÇAO DO MATERIAL 29 
CAPITULO 4 ABORDAGEM SINDRÓMICA DO PACIENTE COM ITS 35 
CORRIMENTO URETRAL 36 
CORRIMENTO URETRAL 37 
ÚLCERA GENITAL NO HOMEM E NA MULHER 40 
CORRIMENTO VAGINAL 44 
DOR NO BAIXO VENTRE 49 
VIOLAÇÃO SEXUAL E ITS 52 
SÍFILIS CONGÉNITA 56 
OFTALMIA NEONATAL 59 
ESCROTO INCHADO 62 
BALANITE 65 
BUBÃO/ADENOPATIA INGUINAL 68 
CAPITULO 5 ABORDAGEM ETIOLÓGICA DO PACIENTE COM ITS 71 
CAPITULO 6 A MELHORIA DA GESTÃO DO PROGRAMA DE ITS 101 
ANEXOS 106 
Document shared on www.docsity.com
Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com)
https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark
 5 
 
Capítulo 1 Introdução 
 
Sabe-se que a luta contra a infecção pelo HIV/SIDA passa, necessariamente por um 
controle eficaz das outras ITS, pois hoje em dia está 
claramente reconhecido que as relações sexuais 
desprotegidas podem transmitir tanto o HIV quanto 
as outras ITS já conhecidas. Além disso, a existência 
de uma ITS pode aumentar o risco da pessoa infectar 
alguém ou ser infectado pelo vírus HIV, se não forem 
tomadas algumas precauções como a prática do sexo 
seguro. Muitas vezes a pessoa com ITS não apresenta 
sinais e sintomas de doença. Quando são identificados 
sinais e sintomas de alguma das ITS, dizemos que essa pessoa tem uma DTS. O 
homem e a mulher podem apresentar sintomas e sinais diferentes para uma mesma 
doença. 
 
Hoje, a existência de uma ITS resulta em consequências graves a longo prazo, como 
também traduz-se em alto risco de contrair uma doença como a SIDA, tanto para o 
indivíduo quanto para seu(s) parceiro(s) sexual(is), com graves consequências 
familiares. Por serem doenças de longo curso e muitas vezes sem sintomas é 
importante que sejam esclarecidas quais práticas sexuais colocam o indivíduo em 
risco de contrair uma ITS. Também é importante reforçar que uma pessoa pode 
frequentemente ter mais de uma ITS e que o fato de ter tido uma dessas doenças não 
o protege de adquiri-las de novo. Um indivíduo que tem ITS mais de uma vez tem 
práticas sexuais que o colocam em risco de contrair o HIV. 
 
Este Guia tem a finalidade de ajudar o trabalhador da saúde a abordar o paciente 
exposto às ITS de modo a: 
 
 diminuir ou cessar as suas queixas; 
 Quebrar a cadeia de transmissão, impedindo que a ITS seja transmitida para 
outras pessoas com quem tem relaçõessexuais, além de alertá-lo para o risco 
de se infectar pelo HIV; 
 Prevenir novas ocorrências, por meio de aconselhamento específico 
favorecendo a compreensão e o seguimento das prescrições médicas; 
 Prevenir consequências tardias das ITS tais como infertilidade, gravidez 
ectópica e dor pélvica crónica; 
 Prevenir a transmissão de ITS para recém-nascidos de mãe infectada. 
 
Este manual é resultado de um estudo realizado pelo Ministério da Saúde/CDC com 
o objectivo de actualizar as condutas e os protocolos de tratamento das ITS, de 
acordo com o conhecimento científico mais actual, além de promover a prevenção da 
infecção pelo HIV. 
Um profissional de saúde ao atender um paciente com ITS controlando-o 
adequadamente, pode significar uma oportunidade de intervir no crescimento da 
epidemia do HIV/SIDA neste país. 
Devemos sempre ter em conta que um paciente de ITS tem muitas dificuldades para 
falar de sua doença. O atendimento inadequado pode resultar em segregação e 
ITS 
Infecções de 
Transmissão Sexual é 
o termo actualmente 
indicado pela OMS, 
pois incorpora as 
infecções 
assintomáticas 
 
Document shared on www.docsity.com
Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com)
https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark
 6 
exposição a situações de constrangimento tanto para o profissional quando para o 
doente. Isso acontece quando os pacientes têm que expor seus problemas em locais 
sem privacidade ou a profissionais mal preparados que, muitas vezes, demonstram 
seus próprios preconceitos ao emitirem juízos de valor. Essas situações ferem a 
confidencialidade, discriminam as pessoas com ITS e contribuem para afastá-las dos 
serviços de saúde. 
 
Para muitas ITS as técnicas laboratoriais para o diagnóstico não estão disponíveis ou 
as unidades sanitárias não são capazes de oferecer resultados de testes conclusivos 
no momento da consulta, fazendo com que o paciente tenha que vir outra vez ao 
serviço e enfrentar longas filas de espera pelo atendimento. 
 
A demora em procurar tratamento para as ITS tem um importante impacto na sua 
disseminação, na medida em que, quanto mais tempo uma pessoa fica infectada, 
maiores são as oportunidades de transmissão dessa infecção para outras pessoas. 
Todas as ITS são passíveis de tratamento. Em algumas existe a possibilidade de cura e 
para outras ainda não estão disponíveis os medicamentos capazes de curá-las e 
podem reaparecer no indivíduo. A identificação dessas ITS recidivantes é fundamental 
para um bom controle e necessitam de abordagem cuidadosa, pois, muitas vezes 
estão associadas à infecção pelo HIV. Isto determina uma abordagem diferenciada do 
paciente e de seus contactos sexuais. 
 
Este Guia está organizado de modo a permitir que o trabalhador de saúde possa 
consultá-lo de maneira fácil, de modo a seguir as normas e protocolos definidos pelo 
Ministério da Saúde. Também é uma actualização e substitui o Guia para Tratamento 
das ITS em Moçambique publicado pelo Ministério da Saúde em 1999. Essas normas 
estão apresentadas em forma de algoritmos para cada uma das principais síndromes. 
O objectivo destes algoritmos é tentar prover, em uma única consulta o diagnóstico, 
tratamento e aconselhamentos adequados. Não há impedimento para que exames 
laboratoriais sejam colhidos ou oferecidos. A conduta, no entanto, não poderá 
depender da disponibilidade desses exames. 
 
 
O QUE É UM ALGORITMO? 
 
Algoritmos são as ferramentas essenciais da abordagem sindrómica. Permitem que 
profissionais de saúde diagnostiquem e tratem pacientes com ITS no primeiro 
atendimento, fornecendo orientação sobre os tratamentos recomendados. 
Um algoritmo é uma árvore de decisões e acções. Ele orienta o profissional por meio 
de quadro de decisões, indicando as acções que precisam ser tomadas. Cada decisão 
ou acção tem como referência uma ou mais rotas que levam a outro quadro, com 
outra decisão ou acção. Os aspectos mais importantes para o diagnóstico e 
tratamento do paciente não serão esquecidos, se forem seguidos cada um dos passos 
propostos no algoritmo. 
 
Document shared on www.docsity.com
Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com)
https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark
 7 
 
COMO USAR UM ALGORITMO? 
 
Ao conhecer os sintomas de um paciente, o profissional de saúde consulta o 
algoritmo correspondente à queixa e trabalha com as decisões e acções sugeridas 
pelo instrumento: 
 
1. Comece perguntando ao paciente sobre os sinais e sintomas que ele/ela 
 apresenta 
2. Identifique o algoritmo apropriado. Pode ser necessário utilizar um ou mais 
 algoritmos, dependendo da queixa apresentada. 
3. O quadro do problema clínico geralmente leva a um quadro de acção, o qual 
 pede que você examine o paciente e/ou colha a história clínica. 
4. A seguir, vá para o quadro de decisão. Após colher a história e examinar o 
 paciente, você deve ter a informação necessária para escolher SIM ou NÃO. 
5. Dependendo da escolha, poderá haver outros quadros de decisão e acção. 
 
 
VANTAGENS DOS ALGORITMOS 
 
Os algoritmos racionalizam e padronizam a tomada de decisão clínica. Sua utilização 
também pode padronizar o diagnóstico, o tratamento e os encaminhamentos. A 
padronização envolve: 
 
 Comparar os relatórios de diferentes unidades de saúde 
 Simplificar a colecta e análise de dados, o que, por sua vez, facilita a vigilância 
epidemiológica e a planificação (como aquisição de medicamentos, 
preservativos, quantidade de testes de laboratório e outros insumos). 
 Facilitar a supervisão dos profissionais de saúde, porque a abordagem é a 
mesma em todas as unidades de saúde. 
 Assegurar que os pacientes com DTS recebam o mesmo tratamento para um 
determinado quadro clínico em todas as unidades de saúde, aumentando a 
confiança nos serviços de saúde. 
 Retardar o desenvolvimento de resistência aos antibióticos nos 
microorganismos sexualmente transmitidos. 
Queixa principal 
Quadro de decisão 
Quadro de acção 
Tratamento 
Document shared on www.docsity.com
Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com)
https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark
 8 
 Incentivar o uso apropriado dos serviços de saúde, cessando os sintomas e 
queixas do paciente o mais precocemente possível, aumentando a 
credibilidade do serviço e o bem estar do paciente. 
 Reduzir o risco de reinfecção. 
 Reduzir a transmissão das ITS. 
 
Para garantir o manejo eficiente das ITS os algoritmos devem ser adaptados ao nível 
de desenvolvimento dos serviços de saúde. A possibilidade de uso dos algoritmos é 
determinada por: 
 
 Presença de laboratórios. 
 Disponibilidade de infraestrutura para exame físico (sala de exame com 
privacidade, mesa de exame, espéculos adequados, luvas, iluminação e 
equipamento para esterilizar os espéculos com regularidade). 
 Nível de treino do pessoal (por exemplo: eles estarão aptos a realizar exames 
com espéculos?). 
 Acesso a uma unidade de saúde com maior nível de complexidade de atenção 
– unidade sanitária de referência. 
 Medicamentos disponíveis nas unidades. 
 Tempo disponível da equipe para atender o paciente. 
 Capacidade do profissional de saúde em realizar aconselhamento para 
pacientes com ITS e HIV. 
 Percepções culturais e locais acerca das ITS e comportamento dos 
profissionais de saúde. 
Document shared on www.docsity.com
Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com)
https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark
 9 
 
Capítulo 2 
Determinantes da 
Epidemiologia das ITS 
 
A compreensão dos determinantes da epidemiologia de ITS é importante na 
planificação de uma abordagem de múltiplas facetas para seu controle, reconhecendo-
se assim as limitações de qualquer intervenção simples. 
 
O comportamento dos membros de uma comunidade em relação à busca de 
cuidadosmédicos influencia fortemente a capacidade dos sistemas de saúde em 
desenvolver intervenções com o objectivo de controlar as ITS. A demora em 
procurar tratamento para as ITS tem um impacto significativo na sua disseminação, 
na medida em que, quanto mais tempo uma pessoa fica infectada, maiores são as 
oportunidades de transmissão dessa doença para outras pessoas. 
 
Deve-se ressaltar que a maioria dos casos de ITS curáveis em mulheres causa 
infecções sub-clínicas ou assintomáticas. A gonorreia, por exemplo, normalmente 
causa sintomas nos homens, o que lhes permite procurar tratamento, enquanto que 
nas mulheres, com frequência ou a doença é assintomática ou tem sintomas 
menores. Os recursos diagnósticos disponíveis, mesmo em países desenvolvidos, 
para a triagem rotineira de mulheres assintomáticas, ou mesmo para o teste de 
mulheres sintomáticas, são limitados. 
 
 
CONSEQUÊNCIAS PARA A SAÚDE DO INDIVÍDUO 
 
DIP e infertilidade 
 
As sequelas da Doença Inflamatória Pélvica (DIP), consequência de infecções por 
gonococo ou clamídia, incluem a infertilidade, gravidez ectópica seguida da 
consequente mortalidade materna, e dores pélvicas crónicas. A esterilidade resultante 
da DIP é responsável por 50 a 80% da infertilidade na África; na América Latina soma 
aproximadamente 35%. Em culturas em que a maternidade é altamente valorizada, a 
infertilidade pode ser trágica. 
 
 
Estenose Uretral 
 
Homens que têm gonorréia podem desenvolver estenose uretral. O estrangulamento 
uretral é uma condição progressiva que cedo ou tarde exige uma correcção urológica, 
embora essa seja uma complicação rara em homens com gonorreia não tratada. 
 
Document shared on www.docsity.com
Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com)
https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark
 10 
 
Resultados adversos da gravidez e consequências neonatais 
 
O Treponema pallidum, responsável pela sífilis, ao atravessar a barreira placentária e 
infectar o feto pode causar prematuridade e doença neonatal, além de diagnósticos 
erróneos. A Neisseria gonorrhoeae e a Chlamydia trachomatis também causam infecção 
no recém nascido. 
 
 
Câncer Cervical 
 
O câncer cervical, um problema global, é atribuído à infecção crónica pelo 
papilomavírus humano. Muitas mulheres só detectam a doença em estágio avançado, 
levando a altas taxas de morbilidade e mortalidade. Em países em desenvolvimento, 
essa é a segunda causa mais comum de cancro em mulheres. 
 
 
Infecção pelo HIV/SIDA 
 
A infecção pelo HIV é mais facilmente adquirida e transmitida pela via sexual na 
presença de outra ITS, especialmente em casos de úlcera genital. A transmissão 
sexual do HIV ocorre da mesma maneira que outras ITS e a prevenção das ITS 
também previne a transmissão sexual do HIV. O tratamento efectivo das ITS diminui 
a quantidade de vírus presente nas secreções genitais, diminuindo o risco da 
transmissão. 
 
 
 
CONSEQUÊNCIAS SOCIAIS 
 
Além das complicações das ITS para a saúde individual, também é importante 
observar as consequências sociais penosas dos casos de ITS não tratados, sofridas 
principalmente por mulheres de países em desenvolvimento. Muitas são 
estigmatizadas socialmente e sofrem prejuízos pessoais devido à infertilidade e 
gravidez interrompida (involuntariamente), podendo resultar em divórcio ou em 
comercialização do sexo. 
Aliados ao impacto da fertilidade surgem conflitos significativos entre os casais, suas 
famílias que ficam a par da situação e os amigos que fazem parte de seu sistema de 
suporte. Existe ainda o peso psicológico e emocional da perda de confiança e a 
consequente energia despendida pelos parceiros para retomar relações harmoniosas. 
O número de incidentes de violência, de comportamentos agressivos ou de 
represália devido à descoberta de uma ITS ainda não foi documentado. O que 
podemos apreender com a experiência é que as ITS trazem consequências 
emocionais para as pessoas envolvidas, incluindo a depressão e seus efeitos médicos 
e sociais. 
 
Document shared on www.docsity.com
Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com)
https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark
 11 
ITS curáveis: 
Gonorréia, infecção por Clamídia, 
Sífilis, Cancróide, Tricomoníase e 
síndromes relacionadas 
ITS não curáveis: 
SIDA, Herpes, Condiloma 
 
CARACTERÍSTICAS DAS ITS 
 
As ITS representam, em todo o mundo, problemas de difícil controle e graves 
consequências, especialmente infecções por gonococo e clamídia. A atenção a essas 
doenças dá-se principalmente nas Unidades Sanitárias 
de todos os níveis, desde a rede primária de saúde até 
a quaternária. Também pode acontecer, uma pessoa 
ter duas ou mais ITS e contaminar os seus parceiros 
sexuais com ambas as doenças. Deve-se sempre ter 
em mente que uma pessoa com ITS significa que seu(s) 
parceiro(s) sexual(is) também poderá(ão) estar com a 
doença e precisa(m) ser tratado(s). 
Os agentes etiológicos e síndromes associadas às ITS 
são diversificados. Estas podem, em geral, ser separadas em ITS para as quais existe 
tratamento para erradicar a infecção, e aquelas para as quais ainda não existe 
tratamento que erradique a infecção, (ou seja, todas as ITS virais, incluindo a Infecção 
pelo HIV/SIDA). Porém, mesmo para as infecções não curáveis há tratamentos que 
melhoram os sintomas do paciente. Este manual detalha as estratégias utilizadas 
actualmente na prevenção tanto das ITS curáveis quanto das não-curáveis, através de 
mudanças de comportamento e do uso de preservativos, e apresenta estratégias 
práticas e inovadoras para o diagnóstico precoce e tratamento das ITS. 
 
 
 
SÍNDROMES COMUNS NAS ITS E SEUS AGENTES ETIOLÓGICOS 
 
 
SÍNDROME 
 
 
AGENTES PRIMÁRIOS 
Corrimento Uretral N. gonorrhoeae, C. trachomatis, T. vaginalis, M. genitalium 
Escroto Inchado 
 
N. gonorrhoeae, C. trachomatis 
Corrimentos Vaginais N. gonorrhoeae, C.trachomatis, M. genitalium, T. Vaginalis* 
C. albicans, bactérias associadas à Vaginose Bacteriana** 
 
Dor no Baixo Ventre N. gonorrhoeae, C. trachomatis, bactérias associadas à VB 
Úlceras Genitais HSV-2, HSV-1, T. pallidum, H. ducreyi, C. trachomatis 
(variedades LGV) 
Verrugas genitais e anais Papilomavírus humano (tipos genitais) 
Escabiose/sarna S. scabiei 
Fitiríase P. pubis 
Abreviações: HSV= virus do herpes simples, LGV = lymphogranuloma venereum, 
VB= Vaginose Bacteriana 
*Transmitidas sexualmente 
** Não transmitidas sexualmente 
 
Document shared on www.docsity.com
Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com)
https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark
 12 
 
A MAGNITUDE DO PROBLEMA EM MOÇAMBIQUE 
 
O Sistema Nacional de Vigilância das ITS em Moçambique notificou, em 2003, 
484.093 casos de ITS. Das ITS notificadas, cerca de 35% foram úlceras genitais, 24% 
corrimentos uretrais e 41% corrimentos vaginais. Cerca de 7% das mulheres grávidas 
foram seropositivas ao RPR (teste de sífilis), em 2003. Um estudo realizado em 1999, 
baseado na população de mulheres de áreas rurais no sul de Moçambique, mostrou 
altas prevalências de ITS: tricomoníase 31%, sífilis 15%, gonorréia 13%, e clamídia 8%. 
Dados de 1992, também do sul de Moçambique, mostraram taxas similarmente 
elevadas de infecção em mulheres adultas: 24% de tricomoníase, 15% de sífilis, 12% 
de gonorréia, e 12% de clamídia. 
 
Em estudo realizado em 2003 com o objectivo de determinar a prevalência das ITS 
em mulheres atendidas nas clínicas de planeamento familiar em Moçambique detectou 
que entre as mulheres atendidas nas consultas de planeamento familiar, a prevalência 
das ITS foi: 4% de gonorreia, 8% de infecções por Chlamydia, 31% de Trichomonas, 6% 
de M. genitalium, 64% de vaginose bacteriana, 14% de candidíase, e 7% com os testes 
de RPR para sífilis positivos. Essas taxas apresentaram variações nas diferentes 
regiões geográficas. 
 
Os resultados do estudo realizadopelo Ministério da Saúde em 2003 para validar os 
algoritmos mostraram que dos homens com corrimento uretral, 65% tinham 
gonorréia, 15% clamídia, 12% tricomonas, e 10% M. genitalium. Dos homens e 
mulheres com úlceras genitais, os testes efectuados sugeriram sífilis em 8%, cancróide 
em 7%, herpes em 64%, e não foi identificado o agente etiológico em 26% dos casos. 
Das mulheres com corrimento vaginal, 17% tinham gonorréia, 11% clamídia, 34% 
tricomonas, 10% M. genitalium, 72% vaginose bacteriana, e 14% candidíase. 
Embora tenhamos que levar em conta os problemas de cobertura do sistema de 
notificação e as limitações para generalização dos resultados do estudo realizado em 
clínicas de planeamento familiar, podemos, a partir daí, entender a grande 
importância do controle adequado das ITS neste país. 
 
 
O HIV/SIDA NO QUADRO DAS ITS 
 
A análise dos resultados da ronda 2004 indica que a epidemia do HIV em 
Moçambique continua em crescimento embora existam diferenças nas tendências 
regionais. A tabela 1, abaixo, mostra a evolução das taxas ponderadas de prevalência 
do HIV, provinciais, regionais e nacional no período 2001-2004 em Moçambique. 
Como se pode observar, de forma geral, as regiões Sul e Norte mostram uma 
tendência crescente da epidemia, embora se observem diferenças no ritmo de 
crescimento entre as várias províncias. No Sul, o crescimento mais acentuado foi 
observado na cidade e província de Maputo e em Inhambane, enquanto na região 
Norte a província com crescimento mais acentuado foi a de Niassa. A região Centro, 
registou uma elevação mais acentuada da taxa na província de Sofala. As demais 
províncias da região central mostraram uma tendência para estabilidade. As taxas 
globais por região foram mais altas no Centro e no Sul do que no Norte. 
Document shared on www.docsity.com
Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com)
https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark
 13 
 
Tabela 1 - Taxas ponderadas de prevalência do HIV provinciais, 
regionais e nacional. Atribuição, Moçambique, 2001-2004 
 
Província 2001 2002 2004 Região 2001 2002 2004 
Maputo Cidade 15.5% 17.3% 20.7% 
 
Sul 
 
 
14.4% 
 
 
14.8% 
 
 
18.1% 
Maputo Província 14.9% 17.4% 20.7% 
Gaza 19.4% 16.4% 19.9% 
Inhambane 7.9% 8.6% 11.7% 
Zambézia 15.4% 12.5% 18.4% 
 
Centro 
 
 
16.8% 
 
 
16.7% 
 
 
20.4% 
Sofala 18.7% 26.5% 26.5% 
Manica 18.8% 19.0% 19.7% 
Tete 16.7% 14.2% 16.6% 
Niassa 5.9% 11.1% 11.1% 
Norte 
 
6.8% 
 
8.4% 
 
9.3% Nampula 7.9% 8.1% 9.2% 
Cabo Delgado 5.0% 7.5% 8.6% 
Nacional 13.0% 13.6% 16.2% 
 
 
 
Embora não possamos dispor de dados actualizados sobre a prevalência do HIV em 
pessoas com ITS em Moçambique, alguns achados do recente estudo sobre a 
prevalência das DTS em mulheres que procuram o serviço de planeamento familiar 
indicam o provável impacto que essa infecção pode estar causando. 
 
A análise do plano de tratamento das primeiras normas sobre o controle das ITS 
utilizando a abordagem sindrómica, elaboradas pelo Ministério da Saúde de 
Moçambique, indica que a sífilis e o cancróide eram prioritárias para o tratamento de 
lesões ulcerativas. O resultado do referido estudo, realizado em 2003/2004 
demonstra uma mudança no perfil etiológico dessas lesões. Dos homens e mulheres 
com úlceras genitais, os testes efectuados sugeriram sífilis em 8%, cancróide em 7% e 
herpes em 64%, percentagem bastante elevada, mesmo quando consideramos que em 
26% dos casos não foi possível identificar o agente etiológico da lesão ulcerada. 
 
Esses achados podem levantar uma importante questão para estudo, se consideramos 
o contexto actual da prevalência do HIV na população deste país. O impacto das 
demais ITS na transmissão sexual do HIV foi inicialmente suspeitado a partir de 
estudos epidemiológicos, que demonstravam que pessoas com uma ITS, ulcerativa ou 
não, pareciam ser mais susceptíveis a adquirir a infecção pelo HIV. Estudos 
subsequentes mostraram que a inflamação uretral e endocervical, causada pelas ITS 
não-ulcerativas, aumenta a libertação genital de células infectadas pelo HIV, e assim, 
provavelmente, aumenta a capacidade de um(a) paciente infectado(a) pelo HIV, de 
infectar as demais pessoas. 
 
A importância das ITS na transmissão do HIV e a eficácia potencial do controle das 
ITS em prevenir a transmissão sexual do HIV foram confirmadas em Mwanza, 
Tanzânia, onde um estudo aleatório e randomizado de abordagem sindrómica das ITS 
em comunidades obteve uma redução de 42% na incidência do HIV por um período 
de 2 anos. Assim, o controle e a prevenção das ITS tornaram-se componentes 
essenciais em programas de prevenção do HIV. 
Document shared on www.docsity.com
Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com)
https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark
 14 
 
Uma vez que os factores de risco para as ITS são os mesmos para a infecção pelo 
HIV/SIDA, o diagnóstico de ITS em um paciente pode ser sugestivo também de 
infecção pelo HIV. Esse facto determina a necessidade de investigar sempre a 
associação potencial do quadro apresentado com a infecção pelo HIV, especialmente 
quando em presença de sintomatologia não condizente com o quadro clássico de 
uma ITS ou em casos de falha de tratamento. 
 
Ao lado do seu grande potencial destrutivo – de vidas, de afectos, de famílias, de 
recursos – e exactamente por causa disso, a epidemia de SIDA tem fomentado uma 
grande mudança na sociedade. A forma mais recomendada para a prevenção da 
epidemia é o uso do preservativo nas relações sexuais, e o facto da transmissão 
sexual ser a categoria de exposição mais frequentemente envolvida na infecção, 
expõe particularidades da vida privada dos portadores do vírus. A epidemia de SIDA 
obriga que se fale de sexo, que se estabeleçam normas explícitas para o seu exercício 
e se reconheça a multiplicidade de comportamentos, práticas e finalidades envolvidas 
nos diferentes encontros sexuais que as pessoas travam ao longo das suas vidas. 
Ainda não podemos prever as consequências das mudanças sociais, económicas e 
culturais decorrentes desse movimento, mas já não é possível negar que o 
crescimento da epidemia do HIV/SIDA tem mudado drasticamente o perfil das ITS 
nos últimos anos. 
 
As ITS e o HIV actualmente andam juntos, estão intrinsecamente ligados, e o que se 
vê é que o tratamento, e principalmente a prevenção das ITS, tem sido a mola 
mestra, uma estratégia válida, para a redução do crescimento do HIV/SIDA.
Document shared on www.docsity.com
Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com)
https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark
 15 
Capitulo 3 
Cuidados a um Paciente com 
ITS 
 
Cuidar de um paciente com uma infecção de transmissão sexual não é uma 
intervenção simples em virtude de que essas doenças geralmente estão associadas a 
comportamentos considerados socialmente condenáveis, suas complicações e 
sequelas não são associadas com a ITS de base e ainda, há o desconhecimento de sua 
exacta magnitude. Cuidar de um paciente com ITS envolve não somente a terapia 
anti-microbiana adequada para obter a cura ou controle da infecção, mas também o 
aconselhamento para redução do risco desse paciente à infecção pelo HIV. 
 
Factores como a migração acelerada, a urbanização, a mobilidade da população, o 
sexo casual e comercial, a desigualdade entre os géneros, a pobreza, a insuficiência de 
serviços de diagnóstico e tratamento para as ITS, o não reconhecimento de sintomas 
de ITS pelo paciente e a alta prevalência do HIV, combinam-se para exacerbar o 
problema das ITS nos países em desenvolvimento. Factores tais como idade e sexo 
apresentam efeitos biológicos e comportamentais combinados na epidemia. A 
instabilidade económica e a insuficiência dos serviços de saúde e sociais também são 
factores contribuintes. 
 
A abordagem do indivíduo que procura o serviço de saúde com queixassugestivas de 
ITS deve sempre incluir: 
 
 História clinica 
 Exame físico geral e em particular da região genital 
 Diagnóstico correcto 
 Tratamento efectivo e precoce 
 Avaliação do risco de infecção pelo HIV 
 Encaminhamento, teste e aconselhamento para pacientes em risco de infecção 
 pelo HIV 
 Aconselhamento sobre práticas sexuais mais seguras 
 Promoção e oferta de preservativo 
 Investigação e tratamento dos parceiros sexuais 
 Registo e Notificação do caso 
 Se necessário, avaliação de infecção repetida ou persistente 
 
 
Document shared on www.docsity.com
Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com)
https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark
 16 
 
ABORDAGENS NA ASSISTÊNCIA AOS PACIENTES COM ITS 
 
As estratégias nacionais de controle das ITS são: a prevenção; a detecção precoce de 
casos; e o tratamento imediato dos portadores em todos os níveis de assistência. A 
abordagem sindrómica tem a finalidade de instituir precocemente o tratamento dos 
casos e de seus parceiros e dessa forma cessar as queixas dos pacientes e 
interromper a cadeia de transmissão. 
 
A prevenção de novas ocorrências deverá ser realizada por meio de aconselhamento 
específico, durante o qual as orientações são discutidas conjuntamente, favorecendo 
a compreensão e o seguimento das prescrições para o tratamento adequado e a 
adopção de práticas sexuais mais seguras, assim como a explicitação do risco em 
relação ao HIV/SIDA e oferta de testes para HIV e sífilis. 
 
 
A prevenção é a estratégia básica para o controle da transmissão das ITS e da 
infecção pelo HIV e deve ser realizada em qualquer oportunidade de contacto do 
indivíduo com o serviço de saúde. As principais actividades de prevenção incluem a 
informação constante para a população, oferta de preservativos e actividades 
educativas visando: 
 
 A percepção do risco de contrair uma ITS; 
 Mudanças no comportamento sexual; 
 Promoção e adopção de medidas preventivas com ênfase na utilização 
adequada do preservativo. 
 
O diagnóstico e tratamento dos portadores de ITS são em geral realizados utilizando-
se uma das três abordagens: etiológica, clínica ou sindrómica. 
 Etiológica - através da identificação do agente causal por meio de exames 
laboratoriais e instituição de terapêutica específica; 
 Clínica - que preconiza o tratamento de uma doença com base no quadro 
clínico apresentado pelo/a paciente; 
 Sindrómica - em que é instituído tratamento para os agentes causais mais 
frequentes de uma síndrome diagnosticada. 
 
Cada uma dessas formas de se abordar um paciente com ITS tem vantagens e 
desvantagens que devem ser analisadas de forma a definir a política local de controle 
das ITS. O Programa de Controle das ITS/HIV/SIDA de Moçambique recomenda o 
uso de duas abordagens: a etiológica em serviços que disponham de facilidades 
Directrizes da componente das ITS do Programa Nacional de 
 ITS-HIV/SIDA: 
1. Prevenção e controle das ITS-HIV na comunidade; 
2. Inserção da assistência à pessoas com ITS na rede básica; 
3. Manejo adequado de casos através da abordagem Sindrómica; 
4. Suprimento de medicamentos; 
5. Vigilância epidemiológica; 
6. Eliminação da sífilis congénita; 
7. Uso racional dos recursos laboratoriais; 
8. Treinos e pesquisas. 
Document shared on www.docsity.com
Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com)
https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark
 17 
Vantagens da Abordagem 
Sindrómica: 
 rapidez no atendimento; 
 maior cobertura na rede básica; 
 oportunidade de introdução de 
medidas preventivas; 
 padronização do tratamento; 
 satisfação da clientela; 
 proporcionar abordagem diagnóstica 
e tratamento racional em locais de 
acesso laboratorial restrito. 
laboratoriais, mais frequentes nos níveis de atenção terciários e quaternários; e a 
abordagem sindrómica, em unidades sanitárias de nível primário ou secundário. 
 
A disponibilidade de exames laboratoriais em tempo hábil nem sempre é suficiente 
para se definir a abordagem etiológica como a prioritária, se considerarmos as 
limitações das técnicas laboratoriais para a identificação de alguns patógenos. 
A abordagem clínica tem como limitante o facto de que é frequente a ocorrência de 
infecções mistas ou associação de duas ou mais ITS. Além disso, uma mesma doença 
pode se apresentar sob formas variadas, com grande diversidade entre si, conforme 
as relações que se estabelecem entre o agente etiológico e o indivíduo. Ou seja, nem 
sempre as manifestações das ITS se apresentam como classicamente são descritas 
nos compêndios médicos. 
 
A abordagem sindrómica permite um tratamento efectivo de pacientes sintomáticos, 
utilizando-se os algoritmos elaborados de acordo com a realidade local. Eles são 
simples e podem ser usados em locais distantes, desde que haja disponibilidade dos 
medicamentos necessários. Uma grande vantagem dessa abordagem é a possibilidade 
de tratamento precoce, o que impede novas infecções e quebra da cadeia de 
transmissão, em uma única visita ao serviço. 
 
A abordagem sindrómica se fundamenta no facto de que as ITS, apesar dos diversos 
agentes causais conhecidos, costumam-se manifestar de forma semelhante, podendo 
ser agrupadas nas seguintes síndromas principais: corrimento vaginal, corrimento 
uretral masculino, úlcera genital, desconforto ou dor no baixo ventre, escroto 
inchado e bubão inguinal. Cada uma dessas síndromas tem um algoritmo específico 
que deve ser seguido pelo profissional de saúde que adoptará o tratamento ali 
especificado. 
 
A abordagem sindrómica não é de uso exclusivo para as ITS. Várias outras doenças 
infecciosas também se servem dessa 
abordagem, especialmente nos casos em que 
o quadro se apresenta grave, determinando 
atenção terapêutica imediata com um ou mais 
anti-microbianos, visando dar cobertura aos 
principais agentes etiológicos responsáveis 
pelo quadro. Embora esse não seja o caso da 
maioria das pessoas com ITS, esses indivíduos 
frequentemente enfrentam situações que 
exigem uma abordagem terapêutica imediata, 
pois, é alta a possibilidade desse indivíduo não 
mais retornar à consulta, se não se sentir 
melhor, já que é portador de uma condição 
clínica cujo modo de aquisição o torna alvo 
fácil de discriminação e marginalização. 
 
 
A abordagem sindrómica poderá minimizar aspectos tais como: 
 procura de tratamento alternativo que nem sempre é bem indicado; 
 longa espera por resultados de exames; 
 persistência das queixas. 
Document shared on www.docsity.com
Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com)
https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark
 18 
 
Se houver laboratório na Unidade Sanitária, deve-se realizar a colheita prévia de 
amostras para os exames laboratoriais disponíveis, indicados para confirmação 
diagnóstica e orientação do esquema terapêutico a ser mantido. Entretanto, a 
participação do laboratório não deve servir para ocasionar atraso ao início do 
tratamento. Assim, a abordagem sindrómica pode ser a abordagem prioritária em 
unidades sanitárias de níveis de complexidade diferentes. 
A principal limitação da abordagem sindrómica no contexto de um programa de 
controle de ITS é a não cobertura dos pacientes com infecção sub-clínica ou 
assintomáticos e dos pacientes que não costumam procurar os serviços de saúde, 
apesar de sintomáticos. 
 
Simultaneamente ao tratamento do caso presente, deve-se iniciar o tratamento 
dos(as) parceiros(as) sexuais, mesmo que assintomáticos, com a finalidade de quebrar 
a cadeia de transmissão e evitar a reinfecção. 
 
 
QUEM DEVERÁ SER CHAMADO? 
 
 
ITS CONTATOS TEMPO 
Corrimento uretral 
 
Parceiros sexuais 
 
 
Até 90 dias (3 meses) antes do início 
dos sintomas 
Úlceras genitais 
DIP 
Corrimento vaginal 
Sífilis – RPR positivo Parceiros sexuais Até 01 ano antes da data do exame 
Oftalmia neonatalMãe e seus parceiros sexuais atuais Sífilis congénita 
 
Infecção pelo HIV 
 
Parceiros actuais 
Considerar os parceiros desde o início da(s) actividade(s) de 
risco 
Condiloma Convocar parceiros sexuais atuais para aconselhamento 
 
Um grande desafio para o controle efectivo das ITS em determinada população deve-
se ao facto de que um grande número de pessoas com ITS não procura os serviços 
de saúde, ou por não apresentarem sintomas ou por motivos variáveis. Dentre esses 
motivos podemos citar a dificuldade em marcar consulta, falta de recursos para 
deslocamento até a unidade sanitária, vergonha, medo, preconceito, não percepção 
dos sinais e sintomas, dentre outros. Na figura abaixo, o Diagrama de Piot, procura 
esclarecer essa relação de um modo gráfico, para melhor visualização e 
entendimento. 
 
Document shared on www.docsity.com
Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com)
https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark
 19 
 
DIAGRAMA DE PIOT 
 
População Sexualmente Activa 
 
População com ITS 
 
Percebem os sintomas 
 
Procuram atendimento 
 
Diagnóstico correcto 
 
Tratamento 
 
Cura 
 
 
 
Parceiros 
 
Esse diagrama mostra-nos que muitas pessoas com ITS não procuram tratamento 
porque são assintomáticas ou tem poucos sintomas ou, ainda, não percebem esses 
sintomas como algo errado na sua saúde. Outros, mesmo apresentado sintomas, 
preferem procurar tratamentos alternativos, tradicionais ou em farmácias ou tratar a 
si próprios. Dentre aqueles que procuram uma unidade sanitária muitos podem não 
ter o diagnóstico ou tratamento feitos correctamente, ou mesmo não tomarem os 
medicamentos conforme indicado. Finalmente, uma pequena proporção das pessoas 
com ITS é curada e se previnem de novas infecções pelo controle adequado de seus 
parceiros sexuais. 
 
Tão importante quanto diagnosticar e tratar correctamente e o mais precocemente 
possível os portadores sintomáticos é realizar a detecção precoce dos casos 
assintomáticos. Dentre as estratégias que poderão suprir essa lacuna deve ser 
priorizado o rastreio de ITS assintomáticas, especialmente sífilis, gonorréia e clamídia 
em gestantes ou adolescentes, em serviços como os que executam atendimento 
ginecológico, em especial os de planeamento familiar, de atendimento pré-natal e 
serviços de prevenção do cancro do colo uterino e, dessa forma, aproveitar a 
oportunidade de contacto das pessoas com os serviços de saúde para investigar a 
presença de uma ITS assintomática ou não percebida. 
O tratamento, em todas as situações, deve ser instituído no momento da consulta, 
preferencialmente com medicação por via oral e em dose única ou com o menor 
número possível de doses. A espera em longas filas e a possibilidade de marcar a 
consulta para outro dia, associadas à falta de medicamentos, são talvez os principais 
factores que induzem à busca de atenção em outros lugares tais como, na farmácia, no 
mercado ou na medicina tradicional. 
 
É obrigatório, para os programas de controle das ITS, intervirem no topo deste 
diagrama de PIOT, através de esforços educacionais para diminuir o risco, tornar os 
preservativos mais acessíveis, realizar buscas de casos através de parceiros e rastrear 
mulheres no pré-natal e planeamento familiar à procura de casos de sífilis. A sinergia 
dos esforços nesta direcção - prevenção e busca de novos casos - em conjunto com 
Document shared on www.docsity.com
Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com)
https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark
 20 
um melhor manejo clínico de casos (que é o foco tradicional), aponta para uma 
abordagem mais eficiente e para melhor controle das ITS. Essa abordagem demanda 
uma maior atenção para os aspectos sócio-comportamentais das ITS, assim como para 
o contexto político, além dos serviços de atendimento à saúde mais voltados para o 
paciente. 
 
Aqui se vislumbra um grande desafio para as unidades sanitárias, pois, a medida em 
que uma comunidade se encontra consciente e motivada a buscar tratamento para as 
ITS, a pressão sobre a unidade de saúde é maior no sentido de atenderem a suas 
demandas. Da mesma forma, uma vez que os serviços clínicos se tornem mais eficazes 
e mais acolhedores aos utentes, é mais provável que a comunidade venha a procurá-
los. 
 
A acessibilidade dos serviços em relação à comunidade é um importante dado para 
detectar se de fato aqueles que sabem que podem estar infectados vão procurar 
tratamento. Factores que prejudicam a aceitabilidade dos serviços são: taxas altas para 
o utente, longas filas de espera, falta de privacidade, falta de empatia e aceitação por 
parte dos trabalhadores de saúde e falta de medicamentos eficazes. 
 
 
O atendimento imediato de uma ITS não é apenas uma acção curativa, mas também, é 
principalmente, uma acção preventiva da transmissão do HIV e do surgimento de 
outras complicações. O quadro abaixo resume os passos necessários para um 
controle adequado das ITS nas unidades sanitárias de qualquer nível de complexidade: 
 
O PROFISSIONAL DE SAÚDE DEVE SEMPRE: 
 
1. Promover a prevenção e controle das ITS nas comunidades 
 especialmente na população de alto risco; 
2. Ensinar como reconhecer os sintomas e quando procurar 
 assistência; 
3. Promover a procura precoce dos serviços para curar as ITS, 
 evitar complicações e a infecção pelo HIV; 
4. Promover práticas de sexo seguro incluindo uso correcto e 
 consistente de preservativos, redução do número de 
 parceiros sexuais e iniciação sexual mais tardia; 
5. Detectar infecções assintomáticas; 
6. Despiste de sintomas de ITS nos serviços de planeamento 
 familiar e pré-natal; 
7. Despiste de sintomas de ITS sempre que examinar um 
 paciente que tenha vida sexual activa; 
8. Abordagem sintomática usando os algoritmos na assistência 
 a pessoas com DTS; 
9. Fazer o tratamento correcto e completo; 
10. Aconselhamento aos pacientes para se manterem não 
 infectados após o tratamento; 
11. Convocar os parceiros sexuais e reforçar as medidas 
 preventivas. 
Document shared on www.docsity.com
Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com)
https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark
 21 
 
 
COMO PREVENIR AS ITS 
 
A melhor forma de prevenir uma ITS é evitar a exposição. Assim, a possibilidade de 
uma pessoa se expor às ITS pode ser reduzida pela adopção das seguintes medidas: 
 
 Retardar o início da actividade sexual, especialmente para jovens e 
adolescentes; 
 Reduzir o número de parceiros sexuais; 
 Uso correcto e consistente do preservativo, masculino ou feminino. 
 
Em qualquer uma dessas situações há necessidade de se discutir com o paciente o 
“porquê” e o “como” isso deve ser feito, sempre do ponto de vista do paciente, 
levando em conta suas atitudes, crenças e hábitos. Para que isso seja feito de forma 
efectiva e dê os resultados esperados o profissional de saúde deve escutar 
activamente o paciente e levá-lo a compreender a relação existente entre o seu 
comportamento e o problema de saúde que ele está apresentando. 
 
Para que essa interacção seja efectiva, é importante que se cuide da forma como 
acontece o processo de comunicação. As pessoas se 
comunicam de diferentes maneiras. Algumas vezes, 
comunicam-se mediante gestos, sinais, ou certa postura 
corporal, a que chamamos de comunicação não verbal ou 
não audível; e outras, através da palavra, à qual chamamos 
de comunicação verbal ou audível. Quando trabalhamos 
nos serviços de saúde há que tomar em conta a linguagem 
verbal e não verbal na interacção com os doentes, isto é, 
saber “escutar” ambas as formas de comunicação e, saber 
que a sua própria linguagem corporal, gestual, tom de 
voz, palavras específicas estão a comunicar alguma 
emoção ao doente. O fato de estar consciente fará com que a relação do profissional 
com o doente seja de qualidade, contando assim com um indivíduo satisfeitocom o 
serviço oferecido. 
 
ACONSELHAMENTO: UMA POTENTE ESTRATÉGIA 
 
O aconselhamento é um processo de escuta activa, dinâmico, de confiança entre duas 
pessoas, em que uma pessoa ajuda a outra a tomar decisões e a realizá-las na prática. 
Aconselhamento não é dar conselhos. É, antes de tudo ouvir, não julgar e procurar 
mostrar a ligação entre as ITS e as atitudes, comportamentos e crenças da pessoa. O 
aconselhamento é uma estratégia chave na prevenção e controlo da infecção pelo HIV 
e das ITS. 
Comunicação verbal ou 
audível é aquela em que as 
pessoas se comunicam pela 
palavra falada. 
Comunicação não verbal ou 
não audível, aquela em que as 
pessoas se comunicam pelos 
gestos, maneira de ficar em pé, 
sentados, expressões faciais e 
mesmo pelo silêncio. 
Document shared on www.docsity.com
Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com)
https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark
 22 
 
Os principais objectivos do aconselhamento são: 
 
1. Dar apoio emocional e suporte institucional através da realização 
 de testes, fornecimento de material de IEC e prestar informações 
 gerais sobre as ITS e HIV/SIDA 
2. Identificar e corrigir crenças ou mitos errados 
3. Trocar informações sobre as ITS, HIV/SIDA, suas formas de 
 transmissão, prevenção e tratamento. 
4. Ajudar a fazer um plano de redução de comportamento de risco 
 para a infecção pelo HIV e outras ITS. 
5. Promover a adesão ao tratamento prescrito 
6. Estimular a convocação de parceiros sexuais. 
7. Apoiar na identificação de grupos (ou pessoas) de apoio que 
 ajudem na mudança de comportamentos. 
8. Referir, quando necessário, para outros serviços de saúde 
 especializados. 
 
O aconselhamento visa ajudar na tomada de uma decisão e envolve, muitas vezes, 
informações objectivas que permitem à pessoa utilizar melhor os seus recursos 
pessoais. Pretende, portanto, ajudar o indivíduo a lidar com problemas reais de modo 
satisfatório. 
 
O aconselhamento pode ser realizado tanto em grupo como individualmente, antes, 
durante ou após a consulta médica. O aconselhamento em grupo, permite que as 
pessoas repensem suas dificuldades, compartilhem suas dúvidas, troquem 
sentimentos e conhecimentos. Os grupos realizados com pessoas enquanto esperam 
pelo atendimento individual além de exemplificarem um bom momento para essa 
abordagem, optimizam o tempo que a pessoa passa na unidade sanitária. 
 
É importante, entretanto, que o profissional que faz o aconselhamento esteja atento 
para perceber os limites que separam as questões que devem ser abordadas no 
aconselhamento em grupo, daquelas pertinentes ao atendimento individual. 
 O aconselhamento deve ser feito por todos os profissionais de saúde. É fundamental 
que a pessoa que realiza esta actividade tenha informações actualizadas e 
tecnicamente correctas sobre as ITS/HIV. O aconselhador deve adoptar uma postura 
de acolhimento valorizando o que o paciente sabe, pensa e sente a respeito do seu 
problema de saúde, facilitando assim a formação do vinculo de confiança essencial em 
todo o processo. Independentemente do tempo que vá durar a consulta esses 
procedimentos são de grande importância para o controle das ITS e estão resumidos 
nos pontos abaixo. 
Document shared on www.docsity.com
Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com)
https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark
 23 
 
 
OS PROCEDIMENTOS BÁSICOS DO ACONSELHAMENTO 
INCLUEM: 
 
1. Receber bem o paciente, perguntar seu nome e apresentar-se; 
2. Usar linguagem que o paciente entenda; 
3. Reafirmar a confidencialidade e o sigilo das informações prestadas; 
4. Identificar com clareza a demanda do indivíduo, quais são suas queixas, 
 sinais e sintomas e início do quadro actual; 
5. Prestar apoio emocional ao indivíduo; 
6. Facilitar para que o indivíduo expresse seus sentimentos; 
7. Identificar as crenças e os valores do indivíduo acerca das ITS- 
 HIV/SIDA; 
8. Utilizar linguagem compatível com a cultura do indivíduo; 
9. Trocar informações específicas sobre as ITS apresentadas; 
10. Avaliar com o indivíduo seus antecedentes em relação a outras ITS e 
 as situações de risco que culminaram nesta ITS, oferecendo a 
 possibilidade de testagem para o HIV, se estiver disponível; 
11. Reforçar a necessidade da adopção de práticas sexuais mais seguras 
 para a redução de riscos; 
12. Explicar as complicações decorrentes de não fazer o tratamento, ou 
 do tratamento ser incompleto ou da auto-medicação; 
13. Reforçar a necessidade do tratamento dos parceiros sexuais; 
14. Trocar informações sobre ITS-HIV/SIDA, suas formas de transmissão, 
 prevenção e tratamento, com ênfase nas situações de risco do 
 indivíduo; 
15. Explicar o benefício e demonstrar o uso correcto do preservativo, 
 avaliando possíveis dificuldades quanto ao uso e sua superação; 
16. Verificar sempre se o paciente entendeu o que foi discutido 
 solicitando que repita as informações mais importantes; 
17. Nunca: 
 a. Movimentar-se constantemente ou sair da sala 
 b. Fazer comentários que envolvam julgamentos ou expressão 
 facial de esaprovação. 
18. Aconselhamento não é dar conselhos 
 
Em várias situações, a colecta da história clínica do paciente mistura-se e articula-se 
com o processo de aconselhamento. Ao mesmo tempo em que o profissional de 
saúde colhe a história do quadro que trouxe o paciente à consulta médica, também 
realiza o aconselhamento, seguindo os passos acima descritos. 
Document shared on www.docsity.com
Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com)
https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark
 24 
 
 
HISTÓRIA CLÍNICA E EXAME FÍSICO 
 
Algumas pessoas com ITS têm sintomas e procuram tratamento nas unidades 
sanitárias, enquanto outras não o fazem. Investigar activamente a existência e o 
reconhecimento de sinais e sintomas é uma forma efectiva de reduzir os danos 
causados pelas ITS e prevenir a infecção pelo HIV. Em mulheres, infecções 
assintomáticas e silenciosas podem ser tão sérias quanto as sintomáticas. Sífilis, 
gonorréia e clamídia têm consequências graves e frequentemente são assintomáticas 
ou têm sinais e sintomas discretos. Nos homens, a presença de sinais e sintomas são 
mais frequentes, porém, estes comummente os ignoram, se não são muito severos. 
 
Estes factos definem a necessidade de se investigar 
activamente as queixas mais comuns de pessoas com ITS. 
Devido ao estigma associado às ITS, os pacientes sempre 
relutam em falar sobre suas condições. É necessário fazê-
los sentirem-se mais confortáveis durante a colecta da 
história clínica (anamnese) e do exame físico e genital. O 
profissional de saúde deve mostrar-se interessado, 
simpático, não agredir ou julgar o paciente e aceitá-lo 
com todos os seus problemas e, simultaneamente, ser 
capaz de estabelecer com ele uma relação directa, 
afectiva e de confiança. 
 
A história sexual do paciente fornece informações importantes para as decisões que 
serão tomadas no tratamento e aconselhamento do indivíduo. É fundamental que a 
colecta da história ocorra em um ambiente acolhedor, com privacidade e 
confidencialidade, onde o paciente possa responder às perguntas do profissional sem 
que ninguém o ouça, excepto quem o atende. 
 
História Clínica: 
 Acolha o paciente 
 Apresente-se 
 Encoraje-o a falar 
 Olhe para o seu paciente 
 Faça uma pergunta de cada vez 
 Ouça o seu paciente 
 Incentive-o a fazer perguntas e 
responda-as 
Document shared on www.docsity.com
Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com)
https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark
 25 
GUIÃO BÁSICO PARA UMA BOA ANAMNESE 
 
1. Investigue a razão da visita: pergunte os motivos que o trazem à consulta 
a. Que motivo o trouxe à consulta hoje? 
b. É a primeira consulta ou consulta de controle? 
c. Tem algum problemanos genitais? 
2. História social do indivíduo, incluindo factores que aumentam o risco de 
 ITS/HIV: situação familiar e aspectos culturais e espirituais. 
a. Você trabalha fora de casa? O que você faz? 
b. Quem vive actualmente em sua casa? 
c. Quantos filhos tem e de que idade, mora com outras pessoas? 
d. Vive com algum parceiro/a? Há quanto tempo? 
3. Sintomas relacionados à presente queixa 
a. O que está sentindo? 
b. Há quanto tempo começaram as queixas? 
c. Como evoluíram os sintomas? 
d. Já sentiu isso antes? 
4. Gravidez actual, data da última menstruação e uso de contraceptivos. 
a. Você está grávida agora? 
b. Quando foi a última menstruação? 
c. Quando foi a última gravidez? 
d. Usa algum método para não engravidar? 
5. História sexual, incluindo comportamentos que podem aumentar o risco de 
 ITS/HIV 
a. Quando foi a última relação sexual? 
b. Quantos parceiros você teve nos últimos três meses? 
c. Conhece o preservativo (masculino e/ou feminino)? 
d. Usou preservativo na última relação sexual? Porquê? 
e. Você pratica sexo anal? Vaginal? Oral? 
6. Sintomas de ITS: perguntar activamente as queixas principais das ITS 
 associadas a síndromes específicas que não tenham sido referidas. 
a. Tem corrimento vaginal/uretral? 
b. Comichão ou irritação nos órgãos genitais? 
c. Dor no baixo ventre? 
d. Dor ao urinar? 
e. Feridas, úlceras ou verrugas nos órgãos genitais? 
f. Inchaço ou tumefacção escrotal? Tumefacção ou inchaço na virilha? 
7. História médica incluindo reacção adversa ou complicações com uso de 
 alguma medicação 
a. Há quanto tempo começaram as queixas? 
b. Tem alguma outra doença? Qual? 
c. Tem algum medicamento que você toma todos os dias? 
d. Tem alergia a algum medicamento? Qual? Como sabe? 
e. Já tomou ou usou algum medicamento para esta doença? 
8. Explique-lhe o problema identificado e a conduta a seguir 
Document shared on www.docsity.com
Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com)
https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark
 26 
 
Os pacientes devem ser examinados nas mesmas condições de privacidade usadas 
para a colecta da história clínica. Eles devem-se sentir seguros de que ninguém irá 
entrar na sala quando estiver sendo examinado(a). O exame físico deve incluir: 
 Avaliação do estado geral do paciente: peso, alterações na coloração 
da pele, erupções ou outras lesões cutâneas. 
 Sinais vitais 
 Aspecto físico, pele e mucosas, exame da boca e da garganta, procura 
de linfadenopatia na região cervical, axilar e inguinal 
 Exame específico da área genital. 
 
 
 
EXAME GENITAL EM MULHERES 
 
O exame genital em mulheres inclui sempre três procedimentos: a inspecção da 
genitália externa, do períneo e do ânus, o exame com espéculo e o toque bimanual. 
Em cada um desses procedimentos há padrões a serem seguidos. 
 
 
Inspecção da genitália externa 
 
 Antes de iniciar o exame certifique-se que há privacidade. Solicite que a mulher dispa 
as suas roupas, deite-se de costas na mesa do exame e dobre os joelhos. Mantenha-a 
coberta com um lençol. Após explicar o que irá fazer, coloque uma luva e inicie a 
inspecção, sempre sob boa iluminação. Examine atentamente a área genital externa, 
incluindo períneo e ânus, procurando por corrimento, edema, irritação cutânea, 
verrugas, úlceras ou feridas. Sempre que encontrar alguma alteração que não tiver 
sido referida pela paciente pergunte o que é e há quanto tempo apareceu. Pergunte 
também se já usou algum tratamento para isso. Se houver corrimento ou alguma 
lesão anote as suas características como tamanho, aspecto da lesão e dor à palpação, 
assim como côr, cheiro e quantidade do corrimento. 
Document shared on www.docsity.com
Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com)
https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark
 27 
Exame Especular 
 
Antes de iniciar o exame certifique-se de que tem iluminação adequada, o espéculo 
está limpo, desinfectado e esterilizado e de que está usando luva. A seguir siga os 
seguintes passos: 
 
1. Insira um dedo na abertura vaginal, puxe gentilmente para baixo de forma a 
 expor a entrada vaginal, empurrando um pouco o períneo o que contribuirá 
 para o relaxamento da musculatura. 
2. Com a outra mão, segure o espéculo com as lâminas fechadas, na vertical. 
 Insira com cuidado até a metade e rode de modo que as lâminas fechadas 
 fiquem na horizontal e o cabo do espéculo esteja em baixo. 
3. Gentilmente abra um pouco as lâminas e procure visualizar a cérvix ou colo 
 do útero, movendo o espéculo devagar até que o colo seja visto entre as 
 lâminas. Fixe o espéculo nessa posição. 
4. Examine a cérvix que deve ter uma coloração rosa e identifique o orifício 
 central e a presença de secreções. É normal a presença de pequena 
 quantidade de secreção mucosa clara. Procure por sinais de infecção cervical 
 como secreções amareladas e abundantes, ferimentos ou tumorações, dor ou 
 sangramento fácil quando tocado. Faça a colecta de material para exame 
 quando for indicado, conforme a orientação do laboratório. 
5. Para remover o espéculo, puxe-o gentilmente até que a cérvix não esteja mais 
 entre as lâminas. Feche as lâminas ao mesmo tempo em que roda o espéculo 
 puxando-o para fora. Aproveite este movimento para examinar as paredes da 
 vagina. 
 
 
Exame Bimanual 
 
Este exame também deverá ser previamente explicado para a paciente e realizado 
com luva estéril, sem necessidade de ser do tipo cirúrgico. 
 
1. Insira um dedo na abertura vaginal, puxe gentilmente para baixo de forma a 
 expor a entrada vaginal, empurrando um pouco o períneo para baixo, o que 
 contribuirá para o relaxamento da musculatura. 
2. Introduza, então, os dedos médio e indicador, previamente lubrificados, 
 procurando sentir a elasticidade vaginal, presença de tumorações ou 
 abaulamentos, consistência e tamanho do colo do útero e abertura do canal 
 cervical. 
3. Coloque um dedo de cada lado do colo uterino e movimente gentilmente a 
 cérvix observando a reacção da paciente e dor à mobilização. 
4. Com a outra mão, toque a parede do abdome inferior, respeitando os 
 movimentos respiratórios e aproveitando a expiração para a palpação 
 profunda. 
5. A mão vaginal empurra o colo e o útero para cima, permitindo que o fundo 
 do mesmo seja palpado entre a mão vaginal e a mão abdominal. Durante a 
 palpação, notar seu tamanho, consistência, mobilidade, regularidade de sua 
Document shared on www.docsity.com
Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com)
https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark
 28 
 forma, o ângulo em relação ao colo e a vagina e a possível sensibilidade da 
 paciente a esta manobra. 
6. Palpe os órgãos anexiais. Insira os dedos vaginais lateralmente ao colo até o 
 fundo, tracionando as estruturas na pelve com a mão abdominal. 
 Normalmente essas estruturas são difíceis de sentir, especialmente em 
 mulheres obesas ou após a menopausa. Deve-se procurar por tumorações ou 
 alterações de sensibilidade, assim como identificar tamanho, forma e 
 consistência do que for palpado. 
7. Quando terminar limpe e desinfecte suas luvas se forem reutilizáveis. Lave 
 suas mãos com água e sabão. 
 
O cumprimento de todos os passos da anamnese, do exame físico e a colecta de 
secreções e material para a realização do diagnóstico etiológico, (em locais onde esse 
recurso for disponível) o oferecimento para a realização do diagnóstico serológico da 
infecção pelo HIV e sífilis e o aconselhamento devem fazer parte da rotina. No 
entanto, lembramos que a realização do exame para a detecção da infecção pelo HIV 
deve ocorrer se o profissional for capacitado para realizar o aconselhamento pré e 
pós-teste. 
 
 
EXAME GENITAL EM HOMENS 
 
Antes de iniciar o exame da área genital diga ao paciente todos os passos que você vai 
fazer, de modo a obter a sua confiança e colaboração.Para uma melhor inspecção, 
tanto da região inguinal quanto dos órgãos genitais externos, o paciente deverá estar 
em pé, com as pernas afastadas e o profissional de saúde sentado. Sempre que 
encontrar alguma alteração que não houver sido referida pelo paciente pergunte o 
que é e há quanto tempo apareceu. Pergunte também se já usou algum tratamento 
para isso, ou se já teve isso antes. 
 
1. Palpe a região inguinal procurando por aumento de gânglios, nódulos e 
 bubões. 
2. Palpe a bolsa escrotal, procurando identificar o testículo, epidídimo e cordão 
 espermático, em ambos os lados. 
3. Examine o pénis, procurando por alguma alteração: ferida, úlcera, verrugas, 
 secreção, edema e eritema. 
4. Peça ao paciente para retrair o prepúcio, se houver, e examine a glande e o 
 meato uretral. Se não houver corrimento visível, solicite ao paciente que 
 ordenhe a uretra, comprimindo o pénis da base à glande. 
5. Peça ao paciente para curvar-se para a frente, afastando as nádegas com suas 
 próprias mãos ou, melhor ainda, deitado de lado com leve flexão do tronco 
 para a frente e da coxa não encostada na maca de exame, em direcção ao 
 tórax. 
6. Examine a região anal procurando por alterações como úlceras, vesículas, 
 verrugas, secreções ou fissuras. 
7. Quando terminar limpe e desinfecte suas luvas se forem reutilizáveis. Lave 
 suas mãos com água e sabão. 
 
Document shared on www.docsity.com
Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com)
https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark
 29 
Todos os passos citados anteriormente, anamnese, exame físico, colecta de secreções 
e material para a realização do diagnostico etiológico, oferecimento para a realização 
do diagnostico serológico da infecção pelo HIV e sífilis e o aconselhamento, também 
devem fazer parte da rotina do atendimento de pessoas do sexo masculino. No 
entanto, lembramos que a realização do exame para a detecção da infecção pelo HIV 
deve ocorrer se o profissional for capacitado para realizar o aconselhamento pré e 
pós-teste. 
Ao final da consulta, após explicar o problema identificado e a conduta, oriente-o 
sobre os passos a seguir após a consulta e se é preciso continuar com o tratamento 
em casa. Além disso, faça algumas perguntas para verificar o entendimento do que foi 
dito e se o entendimento do paciente não for o esperado, explique novamente. 
 
LIMPEZA E DESINFECÇÃO DO MATERIAL 
Precauções Básicas 
A implementação das precauções básicas tem por objectivo reduzir o risco de 
transmissão de microorganismos de fontes de infecção conhecidas ou desconhecidas 
dentro do sistema de saúde. Aplicam-se ao sangue e a todos os outros fluídos 
corporais, pele não íntegra e mucosas. Estas incluem as seguintes: 
 
 Considerar a todas as pessoas (doentes e trabalhadores de saúde) 
 como potencialmente infecciosas e susceptíveis às infecções. 
 Lavar as mãos, é o procedimento mais importante para prevenir a 
 contaminação cruzada (de pessoa a pessoa ou de um objecto 
 contaminado a uma pessoa). 
 Usar as luvas antes de qualquer procedimento invasivo ou entrar em 
 contacto com fluídos corporais ou instrumentos sujos e lixo 
 contaminado. 
 Utilizar barreiras físicas (equipamento de protecção individual) para se 
 proteger de salpicos e derrames de fluídos corporais. 
 Utilizar agentes anti-sépticos para limpeza da pele ou das mucosas, 
 antes de cirurgia, limpeza de feridas, lavagem higiénica de mãos ou 
 lavagem cirúrgica com um produto anti-séptico a base de álcool. 
 Utilizar práticas de trabalho seguras tais como, não reencapsular nem 
 dobrar as agulhas, passar instrumentos cortantes com segurança e 
 suturar, quando necessário, com agulhas cegas. 
 Descartar o lixo infeccioso ou contaminado de forma segura. 
 Processar os instrumentos, luvas e outros itens, depois da sua 
 utilização segundo as normas. 
Luvas 
Os tipos de luvas mais utilizadas nos serviços de saúde são três: 
 Luvas cirúrgicas utilizam-se nos procedimentos invasivos e cirúrgicos. 
 Luvas de material plástico ou vinil para exame, utilizam-se em alguns 
procedimentos de avaliação de doentes. 
 Luvas de borracha utilizam-se nos procedimentos de limpeza e lavanderia. 
Document shared on www.docsity.com
Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com)
https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark
 30 
 
O tipo de luva a ser utilizado, depende do sector hospitalar. Por exemplo, o pessoal 
de limpeza utiliza luvas de borrachas ou de limpeza e não luvas cirúrgicas. 
As luvas devem ser utilizadas quando se prever contacto com sangue e fluídos 
corporais, mucosas ou pele não íntegra, para manuseio de itens ou superfícies sujas 
com sangue e fluídos e para punção venosa ou outros acessos vasculares. 
As luvas deverão ser trocadas após contacto com cada paciente. Em procedimentos 
cirúrgicos recomenda-se o uso de luvas reforçadas (de maior espessura) ou, na sua 
falta, de duas luvas para reduzir o risco de exposições em acidentes pérfuro-
cortantes. 
Quando se utilizam as luvas não se deve realizar outras actividades, prejudicando 
outras pessoas, por exemplo: apertar botões de elevadores, atender telefones ou 
tocar em outros objectos. 
 
Calçando as luvas 
1. Quando se utilizam luvas deve-se tomar em conta o seguinte: 
 
 Use um par de luvas (individual) para cada paciente para evitar 
 contaminação cruzada. 
 Não use luvas de um pacote rasgado ou cujo prazo tenha sido 
 expirado. 
 Não use luvas com furos, rasgadas ou descascadas. 
 Nunca toque a parte externa das luvas enquanto as estiver a colocar; 
 manuseie-as apenas pela parte interna que está virada para fora. 
 Se as luvas forem contaminadas acidentalmente, devem ser trocadas 
 imediatamente. 
 Lave as mãos depois que as luvas forem retiradas. 
 
2. Para calçar as luvas, devem ser seguidos os seguintes passos: 
 
 Preparar uma grande área seca para abrir as luvas. 
 Obter o tamanho correcto. 
 Lavar e secar bem as mãos. Passar um pouco de pó de talco nas mãos 
 (não nas luvas) se a parte interna das luvas não tiver talco. 
 Abrir o embrulho externo das luvas e colocar o pacote de luvas numa 
 superfície esterilizada, com a boca da luva voltada para si. (Isto poderia 
 ser a extremidade inferior do pacote). Prestar atenção para não tocar 
 a superfície interna do embrulho se pretender utilizá-la como um 
 campo esterilizado. 
 Pegar a luva pela parte da boca que está dobrada para fora. Cuidado 
 em só tocar na parte interna da boca (isto é, a parte que estará a tocar 
 a sua pele quando a luva estiver colocada). 
Document shared on www.docsity.com
Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com)
https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark
 31 
 
 Enquanto estiver a segurar a luva, escorregar a outra mão dentro da 
 luva. Apontando os dedos da luva para o chão irá manter os dedos 
 abertos pela força da gravidade. Cuidado para não tocar qualquer 
 coisa. Segurar a luva acima da cintura irá ajudar. 
 Se a primeira luva não estiver colocada correctamente, esperar para 
 fazer qualquer ajuste ou correcção quando a segunda estiver colocada 
 (depois poderá usar os dedos esterilizados de uma luva para ajustar a 
 porção esterilizada da outra). 
 Para pegar a segunda luva, escorregar os dedos da mão com luvas 
 entre a parte dobrada e a porção esterilizada da segunda luva. Isto é 
 muito importante para evitar contaminar a luva que foi colocada na 
 primeira mão com a mão que está sem luva. 
 Colocar a segunda luva na mão que está descoberta, puxando-a firme 
 através da parte dobrada. 
 Não tentar ajustar os punhos uma vez que as luvas estejam colocadas, 
 já que pode acabar por contaminá-las. 
 Ajustar a posição dos dedos da luva até que a luva esteja 
 confortavelmente ajustada. 
 Manter sempre as mãos com luvas acima do nível da cinturae à frente 
 para evitar contaminação acidental. 
 Se uma luva tiver sido contaminada, parar e perguntar a si mesma se a 
 luva irá tocar um instrumento esterilizado ou contaminado, as 
 membranas mucosas ou tecidos esterilizados. Se a resposta for 
 positiva, deverá ou retirar a luva e colocar outra, ou pôr outra luva 
 esterilizada sobre a luva contaminada. 
 Ao retirar as luvas, evitar que a superfície que esteja esterilizada entre 
 em contacto com as suas mãos (o exterior das luvas está agora 
 contaminado). 
 Primeiro, descontaminar colocando as duas mãos com luvas em 
 solução de cloro a 0,5%. Depois, retirar as luvas, colocando a parte de 
 dentro para fora. Deitar as luvas no lixo ou deixe que as luvas fiquem 
 imersas na solução por 10 minutos se vão ser processadas. 
 
Lembrar que: 
 
 Quando se utilizam as luvas, não se deve realizar outras actividades com as 
 mãos. 
 O uso de luvas não dispensa a lavagem das mãos. 
Document shared on www.docsity.com
Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com)
https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark
 32 
 
Lavagem das mãos 
É o processo de remoção mecânica de sujeira, de restos da pele e da redução de 
microrganismos transitórios. A lavagem das mãos deve ser realizada usando sabão 
simples e água limpa. 
A lavagem das mãos deve ser feita antes de: 
 
 Examinar um doente (higiénica) 
 Colocar luvas cirúrgicas esterilizadas ou sujeitas a desinfecção de alto 
 nível antes de uma operação (lavagem cirúrgica) ou luvas de exame 
 para procedimentos de rotina, tais como o exame pélvico. 
 
A lavagem das mãos deve ser realizada depois de: 
 
 Qualquer situação em que as mãos possam ser contaminadas, tais 
 como manuseio de instrumentos contaminados, contacto com 
 mucosas, sangue ou fluídos corporais, contacto prolongado e intenso 
 com um doente (anti-sepsia). 
 Remoção das luvas. 
 
Para a lavagem higiénica das mãos devem ser seguidos os seguintes passos: 
 
1. Molhar as mãos com água corrente e abundante 
2. Aplicar o sabão simples 
3. Esfregar vigorosamente todas as áreas das mãos e dedos durante 10 a 
 15 segundos, prestando atenção sob as unhas e entre os dedos 
4. Enxaguar as mãos com abundante água limpa. 
5. Secar as mãos com uma toalha de papel e usar a toalha para fechar a 
 torneira. 
Caso não haja água: 
Utilize uma solução de 3 – 5 ml de uma mistura de um anti-séptico tal como, o álcool 
de 60-90% e glicerina pode ser eficaz, sempre e quando não houver sujeira visível. 
Esta solução prepara-se agregando 2 ml de glicerina a 100 ml de álcool. Dado que os 
anti-sépticos não removem a sujeira ou matéria orgânica, as mãos que apresentam 
sujeira visível, em primeiro lugar, devem ser lavadas com água e sabão. 
 
Passos sequenciais no processamento de artigo hospitalar 
O primeiro passo é a descontaminação. O material é mergulhado 
em hipoclorito de sódio a 0,5% durante 10 minutos. 
O segundo passo é a limpeza do material com água e sabão 
corrente. Os instrumentos devem ser abertos ou desmontandos, 
quando possível, utilize escovas para remover a matéria suja, 
prestando atenção ao interior e às áreas de união. Depois da 
Detergent
Detergent
Document shared on www.docsity.com
Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com)
https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark
 33 
lavagem com água e sabão, os instrumentos devem ser enxaguados com água corrente 
e limpa. 
A secagem do material deve ser feita ao ar ou utilizando uma toalha limpa. A secagem 
evita a interferência da humidade com a esterilização e garante a manutenção do 
material. 
Os resíduos de água dos artigos aumenta a diluição do produto de desinfecção de alto 
nível, portanto é importante a secagem dos artigos antes da imersão. 
O terceiro passo: depois da lavagem do artigo, segue a esterilização ou desinfecção. 
 
1. O material que vai à estufa ou à autoclave (meio físico) deve ser preparado da 
seguinte maneira: 
 
 Embrulhar e colocá-lo em caixas limpas (perfuradas melhor) se 
 necessário. O embrulho pode ser de pano, papel ou envelopes 
 apropriados. 
 Rotular a caixa ou o embrulho e proceder à esterilização, obedecendo 
 às normas. Colocar o testemunho (fita ou tubos) conforme o agente 
 esterilizador. 
 Arrumar de forma que o ar possa circular e o vapor possa entrar em 
 todas as superfícies. 
 Esperar durante 20-30 minutos depois de desligar a fonte de calor até 
 que o marcador de pressão registe zero. Retirar a tampa e deixar que 
 os embrulhos sequem por completo (cerca de 30 minutos) antes de 
 removê-los. 
 Retirar e guardar os pacotes num tabuleiro ou prateleira e cobri-los 
 com papel ou uma toalha de algodão. Os pacotes podem ser 
 armazenados até o período de uma semana, se mantidos secos, ou um 
 mês, se fechados dentro de um saco plástico. Os objectos 
 desembrulhados devem ser usados no mesmo dia. O tempo da 
 esterilização depende do equipamento e característica do aparelho 
 indicadas pelo fabricante. 
2. Na Desinfecção de Alto Nível (DAN), o material deve ser: 
 
 Mergulhado no recipiente com a solução química 
 correspondente por um período de 20 minutos. A 
 solução deve cobrir totalmente o material. O mais 
 utilizado é hipoclorito de sódio a 0,1% ou Cidex a 2%. 
 Utilizar uma pinça desinfectada a alto nível ou 
 esterilizada para retirar os itens da solução com o 
 desinfectante. 
 Lavar bem os materiais com água e deixar que sequem 
 ao ar livre. Os materiais podem ser guardados, por 
 uma semana, num recipiente coberto quando bem 
 secos. Se húmidos, devem ser utilizados imediatamente. 
 
Na Desinfecção de Alto Nível através da fervura devem ser seguidos os seguintes 
passos: 
Sterilizing
Agent
Sterilizing
Agent
Document shared on www.docsity.com
Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com)
https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark
 34 
 Os instrumentos devem ferver por 20 minutos, a contar do momento 
 um item adicional é colocado depois que o processo 
 de fervura tiver iniciado, comece a contar o tempo 
 novamente. 
 Nunca deixe os itens fervidos permanecer na água até 
 esfriar uma vez que os microrganismos podem 
 começar a crescer em água fria como também é 
 possível que os instrumentos comecem a enferrujar 
 na água depois de algum tempo. 
 Colocar os itens, uma vez retirados do ebulidor, em recipientes 
 esterilizados ou desinfectados a alto nível. Os itens podem ser 
 armazenados num recipiente coberto até uma semana, mas se 
 estiverem molhados, devem ser usados no mesmo dia. 
 
O Quarto passo: Os itens podem ser utilizados novamente ou armazenados. 
 
 
 
1
2
3
4
5
67
8
9
10
11
12
1
2
3
4
5
67
8
9
10
11
12
1
2
3
4
5
67
8
9
10
11
12
1
2
3
4
5
67
8
9
10
11
12
Document shared on www.docsity.com
Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com)
https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark
 35 
 
 
 
 
 
 
 
 
Capitulo 4 
Abordagem Sindrómica do 
Paciente com ITS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Document shared on www.docsity.com
Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com)
https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark
 36 
Queixa de corrimento uretral ou disúria 
História Clínica e exame físico 
Pressão sobre a uretra, se 
necessário 
Corrimento 
presente? 
Tratamento para: 
Gonorréia, Clamídia e Tricomonas 
1. Ciprofloxacina 500mg VO Dose Única 
2. Azitromicina 1g VO Dose Única 
3. Metronidazol 2g VO Dose Única * 
Sim 
Não Outra ITS? 
Usar algoritmo específico 
Sim 
Não 
* O metronidazol deve 
ser tomado ao deitar-se 
a noite. Não ingerir 
bebidas alcoólicas nas 
próximas 24 horas 
Tem suspeita 
de SIDA? 
Sim 
Não 
 Aconselhamento pré-teste 
 Solicitação do teste HIV 
 Encaminhamento de acordo 
com o resultado

Continue navegando