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ITS em Moçambique - Manejo Biologia 116 pag. Document shared on www.docsity.com Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark República de Moçambique Ministério de Saúde Programa Nacional de Combate às ITS/HIV/SIDA Guia para Tratamento e Controle das Infecções de Transmissão Sexual (ITS) Maputo, Agosto 2006 Document shared on www.docsity.com Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark 2 PPRREEFFÁÁCCIIOO Segundo a OMS, (2006), mais de 30 patógenos bacterianos, virais e parasitas, são transmitidos sexualmente incluindo o HIV. Estima-se que há mais de 340 milhões de novos casos de bactérias comuns e protozoários transmitidos sexualmente (ex. sífilis, gonorreia, clamídia, infecções genitais e tricomoníase) que ocorrem a nível mundial em homens e mulheres com idades entre 15-49 anos. Infecções de Transmissão Sexual (ITS) podem estar presentes sem sintomas, mas podem ter consequências severas a longo prazo tais como infertilidade, gravidez ectópica, doença crónica e morte. Em fetos e recém nascidos a clamídia, a gonorreia e a sífilis podem causar condições severas que muitas vezes ameaçam a vida. Infecções com Papiloma Vírus Humano aumentam a probabilidade de desenvolver o carcinoma do colo de útero, que é a segunda causa de morte por cancro em mulheres ao nível mundial (cerca de 240.000 mulheres por ano). Um diagnóstico correcto de uma ITS é essencial para a provisão de tratamento adequado e efectivo, (OMS, 2006). Co-factores biomédicos evidenciam que as ITS aumentam o risco de contaminação do HIV/SIDA. Estudos longitudinais em África, demonstraram forte associação entre ITS ulcerativas e não ulcerativas e a incidência em relação à Infecção pelo HIV. O Vírus de Herpes Simplex Tipo 2 é uma das causas mais comuns de úlceras genitais, desempenhando um papel importante no aumento da transmissão do HIV em África, (James Todd et al, 2005). Em Moçambique, dados da Vigilância Epidemiológica das ITS de 2005 mostraram que dos 525,045 casos de DTS notificados, as leucorréias eram as mais frequentes (40.1%) e as úlceras genitais (36.6%). Estas taxas são particularmente altas, tomando em conta que as ITS partilham os mesmos mecanismos de transmissão do HIV. Para que a abordagem das ITS tenha êxito, é necessário que todas as Unidades Sanitárias do País estejam envolvidas na melhoria do diagnóstico e tratamento, incluindo a extensão das formações à todos os níveis de serviços, tais como Consultas Externas, Consultas de Saúde Materno-Infantil, Serviços Amigos do Adolescente e Jovem, Maternidade, Internamento de Medicina e Triagem, de modo a atingir todos os provedores envolvidos no diagnóstico e tratamento das ITS. Este manual espelha a revisão e actualização dos algoritmos que foi feita em Moçambique em 2005, para assegurar que se ofereça melhor qualidade de atendimento e tratamento aos utentes, em conformidade com as recomendações da OMS e tomando em conta os desafios da SADC em relação à abordagem sindrómica e os esforços nacionais na Prevenção e Combate ao HIV/SIDA. Professor Doutor Paulo Ivo Garrido Ministro da Saúde Document shared on www.docsity.com Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark 3 GGrruuppoo ddee ttrraabbaallhhoo Dra. Felisbela Gaspar (MISAU) Dr. Rui Bastos (MISAU) Dr. Avertino Barreto (MISAU) Dra. Elena Folgosa (Faculdade de Medicina, UEM) Dra. Isabel Nhatave (Policy Project) Dra. Maria Teresa Seabra Soares de Britto e Alves (Universidade Federal de Maranhão, Brasil) Dr. Fulgencio Sambola (Universidade de Ghent) Dr. Wouter Arrazola de Onate (Universidade de Ghent) Dr. Celso Mondlane (FHI) Dra. Sílvia Gurrola (FHI) Mathew Westmark (CDC) Dra. Lucy Ramirez (CDC) Dra. Lori Newman (CDC) Dra. Irene Benech (CDC) Ute Zurmuehl (Consultora Comunicação) Este manual foi produzido no âmbito do Acordo Cooperativo No U62/CCU023345 entre o Ministério de Saúde de Moçambique, Programa Nacional de Combate de ITS/HIV/SIDA e o Departamento de Serviços Humanos/Centros de Controle e Prevenção (CDC), Centro Nacional para HIV, ITS e Prevenção de Tuberculose (NCHSTP), Programa Global de SIDA (GAP) do Governo dos EUA. O conteúdo e da responsabilidade dos autores e não necessariamente representa a opinião do CDC. Document shared on www.docsity.com Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark 4 CCoonntteeúúddoo CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO 5 O QUE É UM ALGORITMO? 6 COMO USAR UM ALGORITMO? 7 VANTAGENS DOS ALGORITMOS 7 CAPÍTULO 2 DETERMINANTES DA EPIDEMIOLOGIA DAS ITS 9 CONSEQUENÇIAS PARA A SAÚDE DO INDIVÍDUO 9 CONSEQUÊNCIAS SOCIAIS 10 CARACTERÍSTICAS DAS ITS 11 SÍNDROMES COMUNS NAS ITS E SEUS AGENTES ETIOLÓGICOS 11 A MAGNITUDE DO PROBLEMA EM MOÇAMBIQUE 12 O HIV/SIDA NO QUADRO DAS ITS 12 CAPITULO 3 CUIDADO DE UM PACIENTE COM ITS 15 ABORDAGENS NA ASSISTÊNCIA AS ITS 16 COMO PREVENIR AS ITS 21 ACONSELHAMENTO: UMA POTENTE ESTRATÉGIA 21 HISTÓRIA CLÍNICA E EXAME FÍSICO 24 GUIÃO BÁSICO PARA UMA BOA ANAMNESE 25 EXAME GENITAL EM MULHERES 26 EXAME GENITAL EM HOMENS 28 LIMPEZA E DESINFECÇAO DO MATERIAL 29 CAPITULO 4 ABORDAGEM SINDRÓMICA DO PACIENTE COM ITS 35 CORRIMENTO URETRAL 36 CORRIMENTO URETRAL 37 ÚLCERA GENITAL NO HOMEM E NA MULHER 40 CORRIMENTO VAGINAL 44 DOR NO BAIXO VENTRE 49 VIOLAÇÃO SEXUAL E ITS 52 SÍFILIS CONGÉNITA 56 OFTALMIA NEONATAL 59 ESCROTO INCHADO 62 BALANITE 65 BUBÃO/ADENOPATIA INGUINAL 68 CAPITULO 5 ABORDAGEM ETIOLÓGICA DO PACIENTE COM ITS 71 CAPITULO 6 A MELHORIA DA GESTÃO DO PROGRAMA DE ITS 101 ANEXOS 106 Document shared on www.docsity.com Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark 5 Capítulo 1 Introdução Sabe-se que a luta contra a infecção pelo HIV/SIDA passa, necessariamente por um controle eficaz das outras ITS, pois hoje em dia está claramente reconhecido que as relações sexuais desprotegidas podem transmitir tanto o HIV quanto as outras ITS já conhecidas. Além disso, a existência de uma ITS pode aumentar o risco da pessoa infectar alguém ou ser infectado pelo vírus HIV, se não forem tomadas algumas precauções como a prática do sexo seguro. Muitas vezes a pessoa com ITS não apresenta sinais e sintomas de doença. Quando são identificados sinais e sintomas de alguma das ITS, dizemos que essa pessoa tem uma DTS. O homem e a mulher podem apresentar sintomas e sinais diferentes para uma mesma doença. Hoje, a existência de uma ITS resulta em consequências graves a longo prazo, como também traduz-se em alto risco de contrair uma doença como a SIDA, tanto para o indivíduo quanto para seu(s) parceiro(s) sexual(is), com graves consequências familiares. Por serem doenças de longo curso e muitas vezes sem sintomas é importante que sejam esclarecidas quais práticas sexuais colocam o indivíduo em risco de contrair uma ITS. Também é importante reforçar que uma pessoa pode frequentemente ter mais de uma ITS e que o fato de ter tido uma dessas doenças não o protege de adquiri-las de novo. Um indivíduo que tem ITS mais de uma vez tem práticas sexuais que o colocam em risco de contrair o HIV. Este Guia tem a finalidade de ajudar o trabalhador da saúde a abordar o paciente exposto às ITS de modo a: diminuir ou cessar as suas queixas; Quebrar a cadeia de transmissão, impedindo que a ITS seja transmitida para outras pessoas com quem tem relaçõessexuais, além de alertá-lo para o risco de se infectar pelo HIV; Prevenir novas ocorrências, por meio de aconselhamento específico favorecendo a compreensão e o seguimento das prescrições médicas; Prevenir consequências tardias das ITS tais como infertilidade, gravidez ectópica e dor pélvica crónica; Prevenir a transmissão de ITS para recém-nascidos de mãe infectada. Este manual é resultado de um estudo realizado pelo Ministério da Saúde/CDC com o objectivo de actualizar as condutas e os protocolos de tratamento das ITS, de acordo com o conhecimento científico mais actual, além de promover a prevenção da infecção pelo HIV. Um profissional de saúde ao atender um paciente com ITS controlando-o adequadamente, pode significar uma oportunidade de intervir no crescimento da epidemia do HIV/SIDA neste país. Devemos sempre ter em conta que um paciente de ITS tem muitas dificuldades para falar de sua doença. O atendimento inadequado pode resultar em segregação e ITS Infecções de Transmissão Sexual é o termo actualmente indicado pela OMS, pois incorpora as infecções assintomáticas Document shared on www.docsity.com Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark 6 exposição a situações de constrangimento tanto para o profissional quando para o doente. Isso acontece quando os pacientes têm que expor seus problemas em locais sem privacidade ou a profissionais mal preparados que, muitas vezes, demonstram seus próprios preconceitos ao emitirem juízos de valor. Essas situações ferem a confidencialidade, discriminam as pessoas com ITS e contribuem para afastá-las dos serviços de saúde. Para muitas ITS as técnicas laboratoriais para o diagnóstico não estão disponíveis ou as unidades sanitárias não são capazes de oferecer resultados de testes conclusivos no momento da consulta, fazendo com que o paciente tenha que vir outra vez ao serviço e enfrentar longas filas de espera pelo atendimento. A demora em procurar tratamento para as ITS tem um importante impacto na sua disseminação, na medida em que, quanto mais tempo uma pessoa fica infectada, maiores são as oportunidades de transmissão dessa infecção para outras pessoas. Todas as ITS são passíveis de tratamento. Em algumas existe a possibilidade de cura e para outras ainda não estão disponíveis os medicamentos capazes de curá-las e podem reaparecer no indivíduo. A identificação dessas ITS recidivantes é fundamental para um bom controle e necessitam de abordagem cuidadosa, pois, muitas vezes estão associadas à infecção pelo HIV. Isto determina uma abordagem diferenciada do paciente e de seus contactos sexuais. Este Guia está organizado de modo a permitir que o trabalhador de saúde possa consultá-lo de maneira fácil, de modo a seguir as normas e protocolos definidos pelo Ministério da Saúde. Também é uma actualização e substitui o Guia para Tratamento das ITS em Moçambique publicado pelo Ministério da Saúde em 1999. Essas normas estão apresentadas em forma de algoritmos para cada uma das principais síndromes. O objectivo destes algoritmos é tentar prover, em uma única consulta o diagnóstico, tratamento e aconselhamentos adequados. Não há impedimento para que exames laboratoriais sejam colhidos ou oferecidos. A conduta, no entanto, não poderá depender da disponibilidade desses exames. O QUE É UM ALGORITMO? Algoritmos são as ferramentas essenciais da abordagem sindrómica. Permitem que profissionais de saúde diagnostiquem e tratem pacientes com ITS no primeiro atendimento, fornecendo orientação sobre os tratamentos recomendados. Um algoritmo é uma árvore de decisões e acções. Ele orienta o profissional por meio de quadro de decisões, indicando as acções que precisam ser tomadas. Cada decisão ou acção tem como referência uma ou mais rotas que levam a outro quadro, com outra decisão ou acção. Os aspectos mais importantes para o diagnóstico e tratamento do paciente não serão esquecidos, se forem seguidos cada um dos passos propostos no algoritmo. Document shared on www.docsity.com Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark 7 COMO USAR UM ALGORITMO? Ao conhecer os sintomas de um paciente, o profissional de saúde consulta o algoritmo correspondente à queixa e trabalha com as decisões e acções sugeridas pelo instrumento: 1. Comece perguntando ao paciente sobre os sinais e sintomas que ele/ela apresenta 2. Identifique o algoritmo apropriado. Pode ser necessário utilizar um ou mais algoritmos, dependendo da queixa apresentada. 3. O quadro do problema clínico geralmente leva a um quadro de acção, o qual pede que você examine o paciente e/ou colha a história clínica. 4. A seguir, vá para o quadro de decisão. Após colher a história e examinar o paciente, você deve ter a informação necessária para escolher SIM ou NÃO. 5. Dependendo da escolha, poderá haver outros quadros de decisão e acção. VANTAGENS DOS ALGORITMOS Os algoritmos racionalizam e padronizam a tomada de decisão clínica. Sua utilização também pode padronizar o diagnóstico, o tratamento e os encaminhamentos. A padronização envolve: Comparar os relatórios de diferentes unidades de saúde Simplificar a colecta e análise de dados, o que, por sua vez, facilita a vigilância epidemiológica e a planificação (como aquisição de medicamentos, preservativos, quantidade de testes de laboratório e outros insumos). Facilitar a supervisão dos profissionais de saúde, porque a abordagem é a mesma em todas as unidades de saúde. Assegurar que os pacientes com DTS recebam o mesmo tratamento para um determinado quadro clínico em todas as unidades de saúde, aumentando a confiança nos serviços de saúde. Retardar o desenvolvimento de resistência aos antibióticos nos microorganismos sexualmente transmitidos. Queixa principal Quadro de decisão Quadro de acção Tratamento Document shared on www.docsity.com Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark 8 Incentivar o uso apropriado dos serviços de saúde, cessando os sintomas e queixas do paciente o mais precocemente possível, aumentando a credibilidade do serviço e o bem estar do paciente. Reduzir o risco de reinfecção. Reduzir a transmissão das ITS. Para garantir o manejo eficiente das ITS os algoritmos devem ser adaptados ao nível de desenvolvimento dos serviços de saúde. A possibilidade de uso dos algoritmos é determinada por: Presença de laboratórios. Disponibilidade de infraestrutura para exame físico (sala de exame com privacidade, mesa de exame, espéculos adequados, luvas, iluminação e equipamento para esterilizar os espéculos com regularidade). Nível de treino do pessoal (por exemplo: eles estarão aptos a realizar exames com espéculos?). Acesso a uma unidade de saúde com maior nível de complexidade de atenção – unidade sanitária de referência. Medicamentos disponíveis nas unidades. Tempo disponível da equipe para atender o paciente. Capacidade do profissional de saúde em realizar aconselhamento para pacientes com ITS e HIV. Percepções culturais e locais acerca das ITS e comportamento dos profissionais de saúde. Document shared on www.docsity.com Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark 9 Capítulo 2 Determinantes da Epidemiologia das ITS A compreensão dos determinantes da epidemiologia de ITS é importante na planificação de uma abordagem de múltiplas facetas para seu controle, reconhecendo- se assim as limitações de qualquer intervenção simples. O comportamento dos membros de uma comunidade em relação à busca de cuidadosmédicos influencia fortemente a capacidade dos sistemas de saúde em desenvolver intervenções com o objectivo de controlar as ITS. A demora em procurar tratamento para as ITS tem um impacto significativo na sua disseminação, na medida em que, quanto mais tempo uma pessoa fica infectada, maiores são as oportunidades de transmissão dessa doença para outras pessoas. Deve-se ressaltar que a maioria dos casos de ITS curáveis em mulheres causa infecções sub-clínicas ou assintomáticas. A gonorreia, por exemplo, normalmente causa sintomas nos homens, o que lhes permite procurar tratamento, enquanto que nas mulheres, com frequência ou a doença é assintomática ou tem sintomas menores. Os recursos diagnósticos disponíveis, mesmo em países desenvolvidos, para a triagem rotineira de mulheres assintomáticas, ou mesmo para o teste de mulheres sintomáticas, são limitados. CONSEQUÊNCIAS PARA A SAÚDE DO INDIVÍDUO DIP e infertilidade As sequelas da Doença Inflamatória Pélvica (DIP), consequência de infecções por gonococo ou clamídia, incluem a infertilidade, gravidez ectópica seguida da consequente mortalidade materna, e dores pélvicas crónicas. A esterilidade resultante da DIP é responsável por 50 a 80% da infertilidade na África; na América Latina soma aproximadamente 35%. Em culturas em que a maternidade é altamente valorizada, a infertilidade pode ser trágica. Estenose Uretral Homens que têm gonorréia podem desenvolver estenose uretral. O estrangulamento uretral é uma condição progressiva que cedo ou tarde exige uma correcção urológica, embora essa seja uma complicação rara em homens com gonorreia não tratada. Document shared on www.docsity.com Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark 10 Resultados adversos da gravidez e consequências neonatais O Treponema pallidum, responsável pela sífilis, ao atravessar a barreira placentária e infectar o feto pode causar prematuridade e doença neonatal, além de diagnósticos erróneos. A Neisseria gonorrhoeae e a Chlamydia trachomatis também causam infecção no recém nascido. Câncer Cervical O câncer cervical, um problema global, é atribuído à infecção crónica pelo papilomavírus humano. Muitas mulheres só detectam a doença em estágio avançado, levando a altas taxas de morbilidade e mortalidade. Em países em desenvolvimento, essa é a segunda causa mais comum de cancro em mulheres. Infecção pelo HIV/SIDA A infecção pelo HIV é mais facilmente adquirida e transmitida pela via sexual na presença de outra ITS, especialmente em casos de úlcera genital. A transmissão sexual do HIV ocorre da mesma maneira que outras ITS e a prevenção das ITS também previne a transmissão sexual do HIV. O tratamento efectivo das ITS diminui a quantidade de vírus presente nas secreções genitais, diminuindo o risco da transmissão. CONSEQUÊNCIAS SOCIAIS Além das complicações das ITS para a saúde individual, também é importante observar as consequências sociais penosas dos casos de ITS não tratados, sofridas principalmente por mulheres de países em desenvolvimento. Muitas são estigmatizadas socialmente e sofrem prejuízos pessoais devido à infertilidade e gravidez interrompida (involuntariamente), podendo resultar em divórcio ou em comercialização do sexo. Aliados ao impacto da fertilidade surgem conflitos significativos entre os casais, suas famílias que ficam a par da situação e os amigos que fazem parte de seu sistema de suporte. Existe ainda o peso psicológico e emocional da perda de confiança e a consequente energia despendida pelos parceiros para retomar relações harmoniosas. O número de incidentes de violência, de comportamentos agressivos ou de represália devido à descoberta de uma ITS ainda não foi documentado. O que podemos apreender com a experiência é que as ITS trazem consequências emocionais para as pessoas envolvidas, incluindo a depressão e seus efeitos médicos e sociais. Document shared on www.docsity.com Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark 11 ITS curáveis: Gonorréia, infecção por Clamídia, Sífilis, Cancróide, Tricomoníase e síndromes relacionadas ITS não curáveis: SIDA, Herpes, Condiloma CARACTERÍSTICAS DAS ITS As ITS representam, em todo o mundo, problemas de difícil controle e graves consequências, especialmente infecções por gonococo e clamídia. A atenção a essas doenças dá-se principalmente nas Unidades Sanitárias de todos os níveis, desde a rede primária de saúde até a quaternária. Também pode acontecer, uma pessoa ter duas ou mais ITS e contaminar os seus parceiros sexuais com ambas as doenças. Deve-se sempre ter em mente que uma pessoa com ITS significa que seu(s) parceiro(s) sexual(is) também poderá(ão) estar com a doença e precisa(m) ser tratado(s). Os agentes etiológicos e síndromes associadas às ITS são diversificados. Estas podem, em geral, ser separadas em ITS para as quais existe tratamento para erradicar a infecção, e aquelas para as quais ainda não existe tratamento que erradique a infecção, (ou seja, todas as ITS virais, incluindo a Infecção pelo HIV/SIDA). Porém, mesmo para as infecções não curáveis há tratamentos que melhoram os sintomas do paciente. Este manual detalha as estratégias utilizadas actualmente na prevenção tanto das ITS curáveis quanto das não-curáveis, através de mudanças de comportamento e do uso de preservativos, e apresenta estratégias práticas e inovadoras para o diagnóstico precoce e tratamento das ITS. SÍNDROMES COMUNS NAS ITS E SEUS AGENTES ETIOLÓGICOS SÍNDROME AGENTES PRIMÁRIOS Corrimento Uretral N. gonorrhoeae, C. trachomatis, T. vaginalis, M. genitalium Escroto Inchado N. gonorrhoeae, C. trachomatis Corrimentos Vaginais N. gonorrhoeae, C.trachomatis, M. genitalium, T. Vaginalis* C. albicans, bactérias associadas à Vaginose Bacteriana** Dor no Baixo Ventre N. gonorrhoeae, C. trachomatis, bactérias associadas à VB Úlceras Genitais HSV-2, HSV-1, T. pallidum, H. ducreyi, C. trachomatis (variedades LGV) Verrugas genitais e anais Papilomavírus humano (tipos genitais) Escabiose/sarna S. scabiei Fitiríase P. pubis Abreviações: HSV= virus do herpes simples, LGV = lymphogranuloma venereum, VB= Vaginose Bacteriana *Transmitidas sexualmente ** Não transmitidas sexualmente Document shared on www.docsity.com Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark 12 A MAGNITUDE DO PROBLEMA EM MOÇAMBIQUE O Sistema Nacional de Vigilância das ITS em Moçambique notificou, em 2003, 484.093 casos de ITS. Das ITS notificadas, cerca de 35% foram úlceras genitais, 24% corrimentos uretrais e 41% corrimentos vaginais. Cerca de 7% das mulheres grávidas foram seropositivas ao RPR (teste de sífilis), em 2003. Um estudo realizado em 1999, baseado na população de mulheres de áreas rurais no sul de Moçambique, mostrou altas prevalências de ITS: tricomoníase 31%, sífilis 15%, gonorréia 13%, e clamídia 8%. Dados de 1992, também do sul de Moçambique, mostraram taxas similarmente elevadas de infecção em mulheres adultas: 24% de tricomoníase, 15% de sífilis, 12% de gonorréia, e 12% de clamídia. Em estudo realizado em 2003 com o objectivo de determinar a prevalência das ITS em mulheres atendidas nas clínicas de planeamento familiar em Moçambique detectou que entre as mulheres atendidas nas consultas de planeamento familiar, a prevalência das ITS foi: 4% de gonorreia, 8% de infecções por Chlamydia, 31% de Trichomonas, 6% de M. genitalium, 64% de vaginose bacteriana, 14% de candidíase, e 7% com os testes de RPR para sífilis positivos. Essas taxas apresentaram variações nas diferentes regiões geográficas. Os resultados do estudo realizadopelo Ministério da Saúde em 2003 para validar os algoritmos mostraram que dos homens com corrimento uretral, 65% tinham gonorréia, 15% clamídia, 12% tricomonas, e 10% M. genitalium. Dos homens e mulheres com úlceras genitais, os testes efectuados sugeriram sífilis em 8%, cancróide em 7%, herpes em 64%, e não foi identificado o agente etiológico em 26% dos casos. Das mulheres com corrimento vaginal, 17% tinham gonorréia, 11% clamídia, 34% tricomonas, 10% M. genitalium, 72% vaginose bacteriana, e 14% candidíase. Embora tenhamos que levar em conta os problemas de cobertura do sistema de notificação e as limitações para generalização dos resultados do estudo realizado em clínicas de planeamento familiar, podemos, a partir daí, entender a grande importância do controle adequado das ITS neste país. O HIV/SIDA NO QUADRO DAS ITS A análise dos resultados da ronda 2004 indica que a epidemia do HIV em Moçambique continua em crescimento embora existam diferenças nas tendências regionais. A tabela 1, abaixo, mostra a evolução das taxas ponderadas de prevalência do HIV, provinciais, regionais e nacional no período 2001-2004 em Moçambique. Como se pode observar, de forma geral, as regiões Sul e Norte mostram uma tendência crescente da epidemia, embora se observem diferenças no ritmo de crescimento entre as várias províncias. No Sul, o crescimento mais acentuado foi observado na cidade e província de Maputo e em Inhambane, enquanto na região Norte a província com crescimento mais acentuado foi a de Niassa. A região Centro, registou uma elevação mais acentuada da taxa na província de Sofala. As demais províncias da região central mostraram uma tendência para estabilidade. As taxas globais por região foram mais altas no Centro e no Sul do que no Norte. Document shared on www.docsity.com Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark 13 Tabela 1 - Taxas ponderadas de prevalência do HIV provinciais, regionais e nacional. Atribuição, Moçambique, 2001-2004 Província 2001 2002 2004 Região 2001 2002 2004 Maputo Cidade 15.5% 17.3% 20.7% Sul 14.4% 14.8% 18.1% Maputo Província 14.9% 17.4% 20.7% Gaza 19.4% 16.4% 19.9% Inhambane 7.9% 8.6% 11.7% Zambézia 15.4% 12.5% 18.4% Centro 16.8% 16.7% 20.4% Sofala 18.7% 26.5% 26.5% Manica 18.8% 19.0% 19.7% Tete 16.7% 14.2% 16.6% Niassa 5.9% 11.1% 11.1% Norte 6.8% 8.4% 9.3% Nampula 7.9% 8.1% 9.2% Cabo Delgado 5.0% 7.5% 8.6% Nacional 13.0% 13.6% 16.2% Embora não possamos dispor de dados actualizados sobre a prevalência do HIV em pessoas com ITS em Moçambique, alguns achados do recente estudo sobre a prevalência das DTS em mulheres que procuram o serviço de planeamento familiar indicam o provável impacto que essa infecção pode estar causando. A análise do plano de tratamento das primeiras normas sobre o controle das ITS utilizando a abordagem sindrómica, elaboradas pelo Ministério da Saúde de Moçambique, indica que a sífilis e o cancróide eram prioritárias para o tratamento de lesões ulcerativas. O resultado do referido estudo, realizado em 2003/2004 demonstra uma mudança no perfil etiológico dessas lesões. Dos homens e mulheres com úlceras genitais, os testes efectuados sugeriram sífilis em 8%, cancróide em 7% e herpes em 64%, percentagem bastante elevada, mesmo quando consideramos que em 26% dos casos não foi possível identificar o agente etiológico da lesão ulcerada. Esses achados podem levantar uma importante questão para estudo, se consideramos o contexto actual da prevalência do HIV na população deste país. O impacto das demais ITS na transmissão sexual do HIV foi inicialmente suspeitado a partir de estudos epidemiológicos, que demonstravam que pessoas com uma ITS, ulcerativa ou não, pareciam ser mais susceptíveis a adquirir a infecção pelo HIV. Estudos subsequentes mostraram que a inflamação uretral e endocervical, causada pelas ITS não-ulcerativas, aumenta a libertação genital de células infectadas pelo HIV, e assim, provavelmente, aumenta a capacidade de um(a) paciente infectado(a) pelo HIV, de infectar as demais pessoas. A importância das ITS na transmissão do HIV e a eficácia potencial do controle das ITS em prevenir a transmissão sexual do HIV foram confirmadas em Mwanza, Tanzânia, onde um estudo aleatório e randomizado de abordagem sindrómica das ITS em comunidades obteve uma redução de 42% na incidência do HIV por um período de 2 anos. Assim, o controle e a prevenção das ITS tornaram-se componentes essenciais em programas de prevenção do HIV. Document shared on www.docsity.com Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark 14 Uma vez que os factores de risco para as ITS são os mesmos para a infecção pelo HIV/SIDA, o diagnóstico de ITS em um paciente pode ser sugestivo também de infecção pelo HIV. Esse facto determina a necessidade de investigar sempre a associação potencial do quadro apresentado com a infecção pelo HIV, especialmente quando em presença de sintomatologia não condizente com o quadro clássico de uma ITS ou em casos de falha de tratamento. Ao lado do seu grande potencial destrutivo – de vidas, de afectos, de famílias, de recursos – e exactamente por causa disso, a epidemia de SIDA tem fomentado uma grande mudança na sociedade. A forma mais recomendada para a prevenção da epidemia é o uso do preservativo nas relações sexuais, e o facto da transmissão sexual ser a categoria de exposição mais frequentemente envolvida na infecção, expõe particularidades da vida privada dos portadores do vírus. A epidemia de SIDA obriga que se fale de sexo, que se estabeleçam normas explícitas para o seu exercício e se reconheça a multiplicidade de comportamentos, práticas e finalidades envolvidas nos diferentes encontros sexuais que as pessoas travam ao longo das suas vidas. Ainda não podemos prever as consequências das mudanças sociais, económicas e culturais decorrentes desse movimento, mas já não é possível negar que o crescimento da epidemia do HIV/SIDA tem mudado drasticamente o perfil das ITS nos últimos anos. As ITS e o HIV actualmente andam juntos, estão intrinsecamente ligados, e o que se vê é que o tratamento, e principalmente a prevenção das ITS, tem sido a mola mestra, uma estratégia válida, para a redução do crescimento do HIV/SIDA. Document shared on www.docsity.com Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark 15 Capitulo 3 Cuidados a um Paciente com ITS Cuidar de um paciente com uma infecção de transmissão sexual não é uma intervenção simples em virtude de que essas doenças geralmente estão associadas a comportamentos considerados socialmente condenáveis, suas complicações e sequelas não são associadas com a ITS de base e ainda, há o desconhecimento de sua exacta magnitude. Cuidar de um paciente com ITS envolve não somente a terapia anti-microbiana adequada para obter a cura ou controle da infecção, mas também o aconselhamento para redução do risco desse paciente à infecção pelo HIV. Factores como a migração acelerada, a urbanização, a mobilidade da população, o sexo casual e comercial, a desigualdade entre os géneros, a pobreza, a insuficiência de serviços de diagnóstico e tratamento para as ITS, o não reconhecimento de sintomas de ITS pelo paciente e a alta prevalência do HIV, combinam-se para exacerbar o problema das ITS nos países em desenvolvimento. Factores tais como idade e sexo apresentam efeitos biológicos e comportamentais combinados na epidemia. A instabilidade económica e a insuficiência dos serviços de saúde e sociais também são factores contribuintes. A abordagem do indivíduo que procura o serviço de saúde com queixassugestivas de ITS deve sempre incluir: História clinica Exame físico geral e em particular da região genital Diagnóstico correcto Tratamento efectivo e precoce Avaliação do risco de infecção pelo HIV Encaminhamento, teste e aconselhamento para pacientes em risco de infecção pelo HIV Aconselhamento sobre práticas sexuais mais seguras Promoção e oferta de preservativo Investigação e tratamento dos parceiros sexuais Registo e Notificação do caso Se necessário, avaliação de infecção repetida ou persistente Document shared on www.docsity.com Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark 16 ABORDAGENS NA ASSISTÊNCIA AOS PACIENTES COM ITS As estratégias nacionais de controle das ITS são: a prevenção; a detecção precoce de casos; e o tratamento imediato dos portadores em todos os níveis de assistência. A abordagem sindrómica tem a finalidade de instituir precocemente o tratamento dos casos e de seus parceiros e dessa forma cessar as queixas dos pacientes e interromper a cadeia de transmissão. A prevenção de novas ocorrências deverá ser realizada por meio de aconselhamento específico, durante o qual as orientações são discutidas conjuntamente, favorecendo a compreensão e o seguimento das prescrições para o tratamento adequado e a adopção de práticas sexuais mais seguras, assim como a explicitação do risco em relação ao HIV/SIDA e oferta de testes para HIV e sífilis. A prevenção é a estratégia básica para o controle da transmissão das ITS e da infecção pelo HIV e deve ser realizada em qualquer oportunidade de contacto do indivíduo com o serviço de saúde. As principais actividades de prevenção incluem a informação constante para a população, oferta de preservativos e actividades educativas visando: A percepção do risco de contrair uma ITS; Mudanças no comportamento sexual; Promoção e adopção de medidas preventivas com ênfase na utilização adequada do preservativo. O diagnóstico e tratamento dos portadores de ITS são em geral realizados utilizando- se uma das três abordagens: etiológica, clínica ou sindrómica. Etiológica - através da identificação do agente causal por meio de exames laboratoriais e instituição de terapêutica específica; Clínica - que preconiza o tratamento de uma doença com base no quadro clínico apresentado pelo/a paciente; Sindrómica - em que é instituído tratamento para os agentes causais mais frequentes de uma síndrome diagnosticada. Cada uma dessas formas de se abordar um paciente com ITS tem vantagens e desvantagens que devem ser analisadas de forma a definir a política local de controle das ITS. O Programa de Controle das ITS/HIV/SIDA de Moçambique recomenda o uso de duas abordagens: a etiológica em serviços que disponham de facilidades Directrizes da componente das ITS do Programa Nacional de ITS-HIV/SIDA: 1. Prevenção e controle das ITS-HIV na comunidade; 2. Inserção da assistência à pessoas com ITS na rede básica; 3. Manejo adequado de casos através da abordagem Sindrómica; 4. Suprimento de medicamentos; 5. Vigilância epidemiológica; 6. Eliminação da sífilis congénita; 7. Uso racional dos recursos laboratoriais; 8. Treinos e pesquisas. Document shared on www.docsity.com Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark 17 Vantagens da Abordagem Sindrómica: rapidez no atendimento; maior cobertura na rede básica; oportunidade de introdução de medidas preventivas; padronização do tratamento; satisfação da clientela; proporcionar abordagem diagnóstica e tratamento racional em locais de acesso laboratorial restrito. laboratoriais, mais frequentes nos níveis de atenção terciários e quaternários; e a abordagem sindrómica, em unidades sanitárias de nível primário ou secundário. A disponibilidade de exames laboratoriais em tempo hábil nem sempre é suficiente para se definir a abordagem etiológica como a prioritária, se considerarmos as limitações das técnicas laboratoriais para a identificação de alguns patógenos. A abordagem clínica tem como limitante o facto de que é frequente a ocorrência de infecções mistas ou associação de duas ou mais ITS. Além disso, uma mesma doença pode se apresentar sob formas variadas, com grande diversidade entre si, conforme as relações que se estabelecem entre o agente etiológico e o indivíduo. Ou seja, nem sempre as manifestações das ITS se apresentam como classicamente são descritas nos compêndios médicos. A abordagem sindrómica permite um tratamento efectivo de pacientes sintomáticos, utilizando-se os algoritmos elaborados de acordo com a realidade local. Eles são simples e podem ser usados em locais distantes, desde que haja disponibilidade dos medicamentos necessários. Uma grande vantagem dessa abordagem é a possibilidade de tratamento precoce, o que impede novas infecções e quebra da cadeia de transmissão, em uma única visita ao serviço. A abordagem sindrómica se fundamenta no facto de que as ITS, apesar dos diversos agentes causais conhecidos, costumam-se manifestar de forma semelhante, podendo ser agrupadas nas seguintes síndromas principais: corrimento vaginal, corrimento uretral masculino, úlcera genital, desconforto ou dor no baixo ventre, escroto inchado e bubão inguinal. Cada uma dessas síndromas tem um algoritmo específico que deve ser seguido pelo profissional de saúde que adoptará o tratamento ali especificado. A abordagem sindrómica não é de uso exclusivo para as ITS. Várias outras doenças infecciosas também se servem dessa abordagem, especialmente nos casos em que o quadro se apresenta grave, determinando atenção terapêutica imediata com um ou mais anti-microbianos, visando dar cobertura aos principais agentes etiológicos responsáveis pelo quadro. Embora esse não seja o caso da maioria das pessoas com ITS, esses indivíduos frequentemente enfrentam situações que exigem uma abordagem terapêutica imediata, pois, é alta a possibilidade desse indivíduo não mais retornar à consulta, se não se sentir melhor, já que é portador de uma condição clínica cujo modo de aquisição o torna alvo fácil de discriminação e marginalização. A abordagem sindrómica poderá minimizar aspectos tais como: procura de tratamento alternativo que nem sempre é bem indicado; longa espera por resultados de exames; persistência das queixas. Document shared on www.docsity.com Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark 18 Se houver laboratório na Unidade Sanitária, deve-se realizar a colheita prévia de amostras para os exames laboratoriais disponíveis, indicados para confirmação diagnóstica e orientação do esquema terapêutico a ser mantido. Entretanto, a participação do laboratório não deve servir para ocasionar atraso ao início do tratamento. Assim, a abordagem sindrómica pode ser a abordagem prioritária em unidades sanitárias de níveis de complexidade diferentes. A principal limitação da abordagem sindrómica no contexto de um programa de controle de ITS é a não cobertura dos pacientes com infecção sub-clínica ou assintomáticos e dos pacientes que não costumam procurar os serviços de saúde, apesar de sintomáticos. Simultaneamente ao tratamento do caso presente, deve-se iniciar o tratamento dos(as) parceiros(as) sexuais, mesmo que assintomáticos, com a finalidade de quebrar a cadeia de transmissão e evitar a reinfecção. QUEM DEVERÁ SER CHAMADO? ITS CONTATOS TEMPO Corrimento uretral Parceiros sexuais Até 90 dias (3 meses) antes do início dos sintomas Úlceras genitais DIP Corrimento vaginal Sífilis – RPR positivo Parceiros sexuais Até 01 ano antes da data do exame Oftalmia neonatalMãe e seus parceiros sexuais atuais Sífilis congénita Infecção pelo HIV Parceiros actuais Considerar os parceiros desde o início da(s) actividade(s) de risco Condiloma Convocar parceiros sexuais atuais para aconselhamento Um grande desafio para o controle efectivo das ITS em determinada população deve- se ao facto de que um grande número de pessoas com ITS não procura os serviços de saúde, ou por não apresentarem sintomas ou por motivos variáveis. Dentre esses motivos podemos citar a dificuldade em marcar consulta, falta de recursos para deslocamento até a unidade sanitária, vergonha, medo, preconceito, não percepção dos sinais e sintomas, dentre outros. Na figura abaixo, o Diagrama de Piot, procura esclarecer essa relação de um modo gráfico, para melhor visualização e entendimento. Document shared on www.docsity.com Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark 19 DIAGRAMA DE PIOT População Sexualmente Activa População com ITS Percebem os sintomas Procuram atendimento Diagnóstico correcto Tratamento Cura Parceiros Esse diagrama mostra-nos que muitas pessoas com ITS não procuram tratamento porque são assintomáticas ou tem poucos sintomas ou, ainda, não percebem esses sintomas como algo errado na sua saúde. Outros, mesmo apresentado sintomas, preferem procurar tratamentos alternativos, tradicionais ou em farmácias ou tratar a si próprios. Dentre aqueles que procuram uma unidade sanitária muitos podem não ter o diagnóstico ou tratamento feitos correctamente, ou mesmo não tomarem os medicamentos conforme indicado. Finalmente, uma pequena proporção das pessoas com ITS é curada e se previnem de novas infecções pelo controle adequado de seus parceiros sexuais. Tão importante quanto diagnosticar e tratar correctamente e o mais precocemente possível os portadores sintomáticos é realizar a detecção precoce dos casos assintomáticos. Dentre as estratégias que poderão suprir essa lacuna deve ser priorizado o rastreio de ITS assintomáticas, especialmente sífilis, gonorréia e clamídia em gestantes ou adolescentes, em serviços como os que executam atendimento ginecológico, em especial os de planeamento familiar, de atendimento pré-natal e serviços de prevenção do cancro do colo uterino e, dessa forma, aproveitar a oportunidade de contacto das pessoas com os serviços de saúde para investigar a presença de uma ITS assintomática ou não percebida. O tratamento, em todas as situações, deve ser instituído no momento da consulta, preferencialmente com medicação por via oral e em dose única ou com o menor número possível de doses. A espera em longas filas e a possibilidade de marcar a consulta para outro dia, associadas à falta de medicamentos, são talvez os principais factores que induzem à busca de atenção em outros lugares tais como, na farmácia, no mercado ou na medicina tradicional. É obrigatório, para os programas de controle das ITS, intervirem no topo deste diagrama de PIOT, através de esforços educacionais para diminuir o risco, tornar os preservativos mais acessíveis, realizar buscas de casos através de parceiros e rastrear mulheres no pré-natal e planeamento familiar à procura de casos de sífilis. A sinergia dos esforços nesta direcção - prevenção e busca de novos casos - em conjunto com Document shared on www.docsity.com Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark 20 um melhor manejo clínico de casos (que é o foco tradicional), aponta para uma abordagem mais eficiente e para melhor controle das ITS. Essa abordagem demanda uma maior atenção para os aspectos sócio-comportamentais das ITS, assim como para o contexto político, além dos serviços de atendimento à saúde mais voltados para o paciente. Aqui se vislumbra um grande desafio para as unidades sanitárias, pois, a medida em que uma comunidade se encontra consciente e motivada a buscar tratamento para as ITS, a pressão sobre a unidade de saúde é maior no sentido de atenderem a suas demandas. Da mesma forma, uma vez que os serviços clínicos se tornem mais eficazes e mais acolhedores aos utentes, é mais provável que a comunidade venha a procurá- los. A acessibilidade dos serviços em relação à comunidade é um importante dado para detectar se de fato aqueles que sabem que podem estar infectados vão procurar tratamento. Factores que prejudicam a aceitabilidade dos serviços são: taxas altas para o utente, longas filas de espera, falta de privacidade, falta de empatia e aceitação por parte dos trabalhadores de saúde e falta de medicamentos eficazes. O atendimento imediato de uma ITS não é apenas uma acção curativa, mas também, é principalmente, uma acção preventiva da transmissão do HIV e do surgimento de outras complicações. O quadro abaixo resume os passos necessários para um controle adequado das ITS nas unidades sanitárias de qualquer nível de complexidade: O PROFISSIONAL DE SAÚDE DEVE SEMPRE: 1. Promover a prevenção e controle das ITS nas comunidades especialmente na população de alto risco; 2. Ensinar como reconhecer os sintomas e quando procurar assistência; 3. Promover a procura precoce dos serviços para curar as ITS, evitar complicações e a infecção pelo HIV; 4. Promover práticas de sexo seguro incluindo uso correcto e consistente de preservativos, redução do número de parceiros sexuais e iniciação sexual mais tardia; 5. Detectar infecções assintomáticas; 6. Despiste de sintomas de ITS nos serviços de planeamento familiar e pré-natal; 7. Despiste de sintomas de ITS sempre que examinar um paciente que tenha vida sexual activa; 8. Abordagem sintomática usando os algoritmos na assistência a pessoas com DTS; 9. Fazer o tratamento correcto e completo; 10. Aconselhamento aos pacientes para se manterem não infectados após o tratamento; 11. Convocar os parceiros sexuais e reforçar as medidas preventivas. Document shared on www.docsity.com Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark 21 COMO PREVENIR AS ITS A melhor forma de prevenir uma ITS é evitar a exposição. Assim, a possibilidade de uma pessoa se expor às ITS pode ser reduzida pela adopção das seguintes medidas: Retardar o início da actividade sexual, especialmente para jovens e adolescentes; Reduzir o número de parceiros sexuais; Uso correcto e consistente do preservativo, masculino ou feminino. Em qualquer uma dessas situações há necessidade de se discutir com o paciente o “porquê” e o “como” isso deve ser feito, sempre do ponto de vista do paciente, levando em conta suas atitudes, crenças e hábitos. Para que isso seja feito de forma efectiva e dê os resultados esperados o profissional de saúde deve escutar activamente o paciente e levá-lo a compreender a relação existente entre o seu comportamento e o problema de saúde que ele está apresentando. Para que essa interacção seja efectiva, é importante que se cuide da forma como acontece o processo de comunicação. As pessoas se comunicam de diferentes maneiras. Algumas vezes, comunicam-se mediante gestos, sinais, ou certa postura corporal, a que chamamos de comunicação não verbal ou não audível; e outras, através da palavra, à qual chamamos de comunicação verbal ou audível. Quando trabalhamos nos serviços de saúde há que tomar em conta a linguagem verbal e não verbal na interacção com os doentes, isto é, saber “escutar” ambas as formas de comunicação e, saber que a sua própria linguagem corporal, gestual, tom de voz, palavras específicas estão a comunicar alguma emoção ao doente. O fato de estar consciente fará com que a relação do profissional com o doente seja de qualidade, contando assim com um indivíduo satisfeitocom o serviço oferecido. ACONSELHAMENTO: UMA POTENTE ESTRATÉGIA O aconselhamento é um processo de escuta activa, dinâmico, de confiança entre duas pessoas, em que uma pessoa ajuda a outra a tomar decisões e a realizá-las na prática. Aconselhamento não é dar conselhos. É, antes de tudo ouvir, não julgar e procurar mostrar a ligação entre as ITS e as atitudes, comportamentos e crenças da pessoa. O aconselhamento é uma estratégia chave na prevenção e controlo da infecção pelo HIV e das ITS. Comunicação verbal ou audível é aquela em que as pessoas se comunicam pela palavra falada. Comunicação não verbal ou não audível, aquela em que as pessoas se comunicam pelos gestos, maneira de ficar em pé, sentados, expressões faciais e mesmo pelo silêncio. Document shared on www.docsity.com Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark 22 Os principais objectivos do aconselhamento são: 1. Dar apoio emocional e suporte institucional através da realização de testes, fornecimento de material de IEC e prestar informações gerais sobre as ITS e HIV/SIDA 2. Identificar e corrigir crenças ou mitos errados 3. Trocar informações sobre as ITS, HIV/SIDA, suas formas de transmissão, prevenção e tratamento. 4. Ajudar a fazer um plano de redução de comportamento de risco para a infecção pelo HIV e outras ITS. 5. Promover a adesão ao tratamento prescrito 6. Estimular a convocação de parceiros sexuais. 7. Apoiar na identificação de grupos (ou pessoas) de apoio que ajudem na mudança de comportamentos. 8. Referir, quando necessário, para outros serviços de saúde especializados. O aconselhamento visa ajudar na tomada de uma decisão e envolve, muitas vezes, informações objectivas que permitem à pessoa utilizar melhor os seus recursos pessoais. Pretende, portanto, ajudar o indivíduo a lidar com problemas reais de modo satisfatório. O aconselhamento pode ser realizado tanto em grupo como individualmente, antes, durante ou após a consulta médica. O aconselhamento em grupo, permite que as pessoas repensem suas dificuldades, compartilhem suas dúvidas, troquem sentimentos e conhecimentos. Os grupos realizados com pessoas enquanto esperam pelo atendimento individual além de exemplificarem um bom momento para essa abordagem, optimizam o tempo que a pessoa passa na unidade sanitária. É importante, entretanto, que o profissional que faz o aconselhamento esteja atento para perceber os limites que separam as questões que devem ser abordadas no aconselhamento em grupo, daquelas pertinentes ao atendimento individual. O aconselhamento deve ser feito por todos os profissionais de saúde. É fundamental que a pessoa que realiza esta actividade tenha informações actualizadas e tecnicamente correctas sobre as ITS/HIV. O aconselhador deve adoptar uma postura de acolhimento valorizando o que o paciente sabe, pensa e sente a respeito do seu problema de saúde, facilitando assim a formação do vinculo de confiança essencial em todo o processo. Independentemente do tempo que vá durar a consulta esses procedimentos são de grande importância para o controle das ITS e estão resumidos nos pontos abaixo. Document shared on www.docsity.com Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark 23 OS PROCEDIMENTOS BÁSICOS DO ACONSELHAMENTO INCLUEM: 1. Receber bem o paciente, perguntar seu nome e apresentar-se; 2. Usar linguagem que o paciente entenda; 3. Reafirmar a confidencialidade e o sigilo das informações prestadas; 4. Identificar com clareza a demanda do indivíduo, quais são suas queixas, sinais e sintomas e início do quadro actual; 5. Prestar apoio emocional ao indivíduo; 6. Facilitar para que o indivíduo expresse seus sentimentos; 7. Identificar as crenças e os valores do indivíduo acerca das ITS- HIV/SIDA; 8. Utilizar linguagem compatível com a cultura do indivíduo; 9. Trocar informações específicas sobre as ITS apresentadas; 10. Avaliar com o indivíduo seus antecedentes em relação a outras ITS e as situações de risco que culminaram nesta ITS, oferecendo a possibilidade de testagem para o HIV, se estiver disponível; 11. Reforçar a necessidade da adopção de práticas sexuais mais seguras para a redução de riscos; 12. Explicar as complicações decorrentes de não fazer o tratamento, ou do tratamento ser incompleto ou da auto-medicação; 13. Reforçar a necessidade do tratamento dos parceiros sexuais; 14. Trocar informações sobre ITS-HIV/SIDA, suas formas de transmissão, prevenção e tratamento, com ênfase nas situações de risco do indivíduo; 15. Explicar o benefício e demonstrar o uso correcto do preservativo, avaliando possíveis dificuldades quanto ao uso e sua superação; 16. Verificar sempre se o paciente entendeu o que foi discutido solicitando que repita as informações mais importantes; 17. Nunca: a. Movimentar-se constantemente ou sair da sala b. Fazer comentários que envolvam julgamentos ou expressão facial de esaprovação. 18. Aconselhamento não é dar conselhos Em várias situações, a colecta da história clínica do paciente mistura-se e articula-se com o processo de aconselhamento. Ao mesmo tempo em que o profissional de saúde colhe a história do quadro que trouxe o paciente à consulta médica, também realiza o aconselhamento, seguindo os passos acima descritos. Document shared on www.docsity.com Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark 24 HISTÓRIA CLÍNICA E EXAME FÍSICO Algumas pessoas com ITS têm sintomas e procuram tratamento nas unidades sanitárias, enquanto outras não o fazem. Investigar activamente a existência e o reconhecimento de sinais e sintomas é uma forma efectiva de reduzir os danos causados pelas ITS e prevenir a infecção pelo HIV. Em mulheres, infecções assintomáticas e silenciosas podem ser tão sérias quanto as sintomáticas. Sífilis, gonorréia e clamídia têm consequências graves e frequentemente são assintomáticas ou têm sinais e sintomas discretos. Nos homens, a presença de sinais e sintomas são mais frequentes, porém, estes comummente os ignoram, se não são muito severos. Estes factos definem a necessidade de se investigar activamente as queixas mais comuns de pessoas com ITS. Devido ao estigma associado às ITS, os pacientes sempre relutam em falar sobre suas condições. É necessário fazê- los sentirem-se mais confortáveis durante a colecta da história clínica (anamnese) e do exame físico e genital. O profissional de saúde deve mostrar-se interessado, simpático, não agredir ou julgar o paciente e aceitá-lo com todos os seus problemas e, simultaneamente, ser capaz de estabelecer com ele uma relação directa, afectiva e de confiança. A história sexual do paciente fornece informações importantes para as decisões que serão tomadas no tratamento e aconselhamento do indivíduo. É fundamental que a colecta da história ocorra em um ambiente acolhedor, com privacidade e confidencialidade, onde o paciente possa responder às perguntas do profissional sem que ninguém o ouça, excepto quem o atende. História Clínica: Acolha o paciente Apresente-se Encoraje-o a falar Olhe para o seu paciente Faça uma pergunta de cada vez Ouça o seu paciente Incentive-o a fazer perguntas e responda-as Document shared on www.docsity.com Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark 25 GUIÃO BÁSICO PARA UMA BOA ANAMNESE 1. Investigue a razão da visita: pergunte os motivos que o trazem à consulta a. Que motivo o trouxe à consulta hoje? b. É a primeira consulta ou consulta de controle? c. Tem algum problemanos genitais? 2. História social do indivíduo, incluindo factores que aumentam o risco de ITS/HIV: situação familiar e aspectos culturais e espirituais. a. Você trabalha fora de casa? O que você faz? b. Quem vive actualmente em sua casa? c. Quantos filhos tem e de que idade, mora com outras pessoas? d. Vive com algum parceiro/a? Há quanto tempo? 3. Sintomas relacionados à presente queixa a. O que está sentindo? b. Há quanto tempo começaram as queixas? c. Como evoluíram os sintomas? d. Já sentiu isso antes? 4. Gravidez actual, data da última menstruação e uso de contraceptivos. a. Você está grávida agora? b. Quando foi a última menstruação? c. Quando foi a última gravidez? d. Usa algum método para não engravidar? 5. História sexual, incluindo comportamentos que podem aumentar o risco de ITS/HIV a. Quando foi a última relação sexual? b. Quantos parceiros você teve nos últimos três meses? c. Conhece o preservativo (masculino e/ou feminino)? d. Usou preservativo na última relação sexual? Porquê? e. Você pratica sexo anal? Vaginal? Oral? 6. Sintomas de ITS: perguntar activamente as queixas principais das ITS associadas a síndromes específicas que não tenham sido referidas. a. Tem corrimento vaginal/uretral? b. Comichão ou irritação nos órgãos genitais? c. Dor no baixo ventre? d. Dor ao urinar? e. Feridas, úlceras ou verrugas nos órgãos genitais? f. Inchaço ou tumefacção escrotal? Tumefacção ou inchaço na virilha? 7. História médica incluindo reacção adversa ou complicações com uso de alguma medicação a. Há quanto tempo começaram as queixas? b. Tem alguma outra doença? Qual? c. Tem algum medicamento que você toma todos os dias? d. Tem alergia a algum medicamento? Qual? Como sabe? e. Já tomou ou usou algum medicamento para esta doença? 8. Explique-lhe o problema identificado e a conduta a seguir Document shared on www.docsity.com Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark 26 Os pacientes devem ser examinados nas mesmas condições de privacidade usadas para a colecta da história clínica. Eles devem-se sentir seguros de que ninguém irá entrar na sala quando estiver sendo examinado(a). O exame físico deve incluir: Avaliação do estado geral do paciente: peso, alterações na coloração da pele, erupções ou outras lesões cutâneas. Sinais vitais Aspecto físico, pele e mucosas, exame da boca e da garganta, procura de linfadenopatia na região cervical, axilar e inguinal Exame específico da área genital. EXAME GENITAL EM MULHERES O exame genital em mulheres inclui sempre três procedimentos: a inspecção da genitália externa, do períneo e do ânus, o exame com espéculo e o toque bimanual. Em cada um desses procedimentos há padrões a serem seguidos. Inspecção da genitália externa Antes de iniciar o exame certifique-se que há privacidade. Solicite que a mulher dispa as suas roupas, deite-se de costas na mesa do exame e dobre os joelhos. Mantenha-a coberta com um lençol. Após explicar o que irá fazer, coloque uma luva e inicie a inspecção, sempre sob boa iluminação. Examine atentamente a área genital externa, incluindo períneo e ânus, procurando por corrimento, edema, irritação cutânea, verrugas, úlceras ou feridas. Sempre que encontrar alguma alteração que não tiver sido referida pela paciente pergunte o que é e há quanto tempo apareceu. Pergunte também se já usou algum tratamento para isso. Se houver corrimento ou alguma lesão anote as suas características como tamanho, aspecto da lesão e dor à palpação, assim como côr, cheiro e quantidade do corrimento. Document shared on www.docsity.com Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark 27 Exame Especular Antes de iniciar o exame certifique-se de que tem iluminação adequada, o espéculo está limpo, desinfectado e esterilizado e de que está usando luva. A seguir siga os seguintes passos: 1. Insira um dedo na abertura vaginal, puxe gentilmente para baixo de forma a expor a entrada vaginal, empurrando um pouco o períneo o que contribuirá para o relaxamento da musculatura. 2. Com a outra mão, segure o espéculo com as lâminas fechadas, na vertical. Insira com cuidado até a metade e rode de modo que as lâminas fechadas fiquem na horizontal e o cabo do espéculo esteja em baixo. 3. Gentilmente abra um pouco as lâminas e procure visualizar a cérvix ou colo do útero, movendo o espéculo devagar até que o colo seja visto entre as lâminas. Fixe o espéculo nessa posição. 4. Examine a cérvix que deve ter uma coloração rosa e identifique o orifício central e a presença de secreções. É normal a presença de pequena quantidade de secreção mucosa clara. Procure por sinais de infecção cervical como secreções amareladas e abundantes, ferimentos ou tumorações, dor ou sangramento fácil quando tocado. Faça a colecta de material para exame quando for indicado, conforme a orientação do laboratório. 5. Para remover o espéculo, puxe-o gentilmente até que a cérvix não esteja mais entre as lâminas. Feche as lâminas ao mesmo tempo em que roda o espéculo puxando-o para fora. Aproveite este movimento para examinar as paredes da vagina. Exame Bimanual Este exame também deverá ser previamente explicado para a paciente e realizado com luva estéril, sem necessidade de ser do tipo cirúrgico. 1. Insira um dedo na abertura vaginal, puxe gentilmente para baixo de forma a expor a entrada vaginal, empurrando um pouco o períneo para baixo, o que contribuirá para o relaxamento da musculatura. 2. Introduza, então, os dedos médio e indicador, previamente lubrificados, procurando sentir a elasticidade vaginal, presença de tumorações ou abaulamentos, consistência e tamanho do colo do útero e abertura do canal cervical. 3. Coloque um dedo de cada lado do colo uterino e movimente gentilmente a cérvix observando a reacção da paciente e dor à mobilização. 4. Com a outra mão, toque a parede do abdome inferior, respeitando os movimentos respiratórios e aproveitando a expiração para a palpação profunda. 5. A mão vaginal empurra o colo e o útero para cima, permitindo que o fundo do mesmo seja palpado entre a mão vaginal e a mão abdominal. Durante a palpação, notar seu tamanho, consistência, mobilidade, regularidade de sua Document shared on www.docsity.com Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark 28 forma, o ângulo em relação ao colo e a vagina e a possível sensibilidade da paciente a esta manobra. 6. Palpe os órgãos anexiais. Insira os dedos vaginais lateralmente ao colo até o fundo, tracionando as estruturas na pelve com a mão abdominal. Normalmente essas estruturas são difíceis de sentir, especialmente em mulheres obesas ou após a menopausa. Deve-se procurar por tumorações ou alterações de sensibilidade, assim como identificar tamanho, forma e consistência do que for palpado. 7. Quando terminar limpe e desinfecte suas luvas se forem reutilizáveis. Lave suas mãos com água e sabão. O cumprimento de todos os passos da anamnese, do exame físico e a colecta de secreções e material para a realização do diagnóstico etiológico, (em locais onde esse recurso for disponível) o oferecimento para a realização do diagnóstico serológico da infecção pelo HIV e sífilis e o aconselhamento devem fazer parte da rotina. No entanto, lembramos que a realização do exame para a detecção da infecção pelo HIV deve ocorrer se o profissional for capacitado para realizar o aconselhamento pré e pós-teste. EXAME GENITAL EM HOMENS Antes de iniciar o exame da área genital diga ao paciente todos os passos que você vai fazer, de modo a obter a sua confiança e colaboração.Para uma melhor inspecção, tanto da região inguinal quanto dos órgãos genitais externos, o paciente deverá estar em pé, com as pernas afastadas e o profissional de saúde sentado. Sempre que encontrar alguma alteração que não houver sido referida pelo paciente pergunte o que é e há quanto tempo apareceu. Pergunte também se já usou algum tratamento para isso, ou se já teve isso antes. 1. Palpe a região inguinal procurando por aumento de gânglios, nódulos e bubões. 2. Palpe a bolsa escrotal, procurando identificar o testículo, epidídimo e cordão espermático, em ambos os lados. 3. Examine o pénis, procurando por alguma alteração: ferida, úlcera, verrugas, secreção, edema e eritema. 4. Peça ao paciente para retrair o prepúcio, se houver, e examine a glande e o meato uretral. Se não houver corrimento visível, solicite ao paciente que ordenhe a uretra, comprimindo o pénis da base à glande. 5. Peça ao paciente para curvar-se para a frente, afastando as nádegas com suas próprias mãos ou, melhor ainda, deitado de lado com leve flexão do tronco para a frente e da coxa não encostada na maca de exame, em direcção ao tórax. 6. Examine a região anal procurando por alterações como úlceras, vesículas, verrugas, secreções ou fissuras. 7. Quando terminar limpe e desinfecte suas luvas se forem reutilizáveis. Lave suas mãos com água e sabão. Document shared on www.docsity.com Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark 29 Todos os passos citados anteriormente, anamnese, exame físico, colecta de secreções e material para a realização do diagnostico etiológico, oferecimento para a realização do diagnostico serológico da infecção pelo HIV e sífilis e o aconselhamento, também devem fazer parte da rotina do atendimento de pessoas do sexo masculino. No entanto, lembramos que a realização do exame para a detecção da infecção pelo HIV deve ocorrer se o profissional for capacitado para realizar o aconselhamento pré e pós-teste. Ao final da consulta, após explicar o problema identificado e a conduta, oriente-o sobre os passos a seguir após a consulta e se é preciso continuar com o tratamento em casa. Além disso, faça algumas perguntas para verificar o entendimento do que foi dito e se o entendimento do paciente não for o esperado, explique novamente. LIMPEZA E DESINFECÇÃO DO MATERIAL Precauções Básicas A implementação das precauções básicas tem por objectivo reduzir o risco de transmissão de microorganismos de fontes de infecção conhecidas ou desconhecidas dentro do sistema de saúde. Aplicam-se ao sangue e a todos os outros fluídos corporais, pele não íntegra e mucosas. Estas incluem as seguintes: Considerar a todas as pessoas (doentes e trabalhadores de saúde) como potencialmente infecciosas e susceptíveis às infecções. Lavar as mãos, é o procedimento mais importante para prevenir a contaminação cruzada (de pessoa a pessoa ou de um objecto contaminado a uma pessoa). Usar as luvas antes de qualquer procedimento invasivo ou entrar em contacto com fluídos corporais ou instrumentos sujos e lixo contaminado. Utilizar barreiras físicas (equipamento de protecção individual) para se proteger de salpicos e derrames de fluídos corporais. Utilizar agentes anti-sépticos para limpeza da pele ou das mucosas, antes de cirurgia, limpeza de feridas, lavagem higiénica de mãos ou lavagem cirúrgica com um produto anti-séptico a base de álcool. Utilizar práticas de trabalho seguras tais como, não reencapsular nem dobrar as agulhas, passar instrumentos cortantes com segurança e suturar, quando necessário, com agulhas cegas. Descartar o lixo infeccioso ou contaminado de forma segura. Processar os instrumentos, luvas e outros itens, depois da sua utilização segundo as normas. Luvas Os tipos de luvas mais utilizadas nos serviços de saúde são três: Luvas cirúrgicas utilizam-se nos procedimentos invasivos e cirúrgicos. Luvas de material plástico ou vinil para exame, utilizam-se em alguns procedimentos de avaliação de doentes. Luvas de borracha utilizam-se nos procedimentos de limpeza e lavanderia. Document shared on www.docsity.com Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark 30 O tipo de luva a ser utilizado, depende do sector hospitalar. Por exemplo, o pessoal de limpeza utiliza luvas de borrachas ou de limpeza e não luvas cirúrgicas. As luvas devem ser utilizadas quando se prever contacto com sangue e fluídos corporais, mucosas ou pele não íntegra, para manuseio de itens ou superfícies sujas com sangue e fluídos e para punção venosa ou outros acessos vasculares. As luvas deverão ser trocadas após contacto com cada paciente. Em procedimentos cirúrgicos recomenda-se o uso de luvas reforçadas (de maior espessura) ou, na sua falta, de duas luvas para reduzir o risco de exposições em acidentes pérfuro- cortantes. Quando se utilizam as luvas não se deve realizar outras actividades, prejudicando outras pessoas, por exemplo: apertar botões de elevadores, atender telefones ou tocar em outros objectos. Calçando as luvas 1. Quando se utilizam luvas deve-se tomar em conta o seguinte: Use um par de luvas (individual) para cada paciente para evitar contaminação cruzada. Não use luvas de um pacote rasgado ou cujo prazo tenha sido expirado. Não use luvas com furos, rasgadas ou descascadas. Nunca toque a parte externa das luvas enquanto as estiver a colocar; manuseie-as apenas pela parte interna que está virada para fora. Se as luvas forem contaminadas acidentalmente, devem ser trocadas imediatamente. Lave as mãos depois que as luvas forem retiradas. 2. Para calçar as luvas, devem ser seguidos os seguintes passos: Preparar uma grande área seca para abrir as luvas. Obter o tamanho correcto. Lavar e secar bem as mãos. Passar um pouco de pó de talco nas mãos (não nas luvas) se a parte interna das luvas não tiver talco. Abrir o embrulho externo das luvas e colocar o pacote de luvas numa superfície esterilizada, com a boca da luva voltada para si. (Isto poderia ser a extremidade inferior do pacote). Prestar atenção para não tocar a superfície interna do embrulho se pretender utilizá-la como um campo esterilizado. Pegar a luva pela parte da boca que está dobrada para fora. Cuidado em só tocar na parte interna da boca (isto é, a parte que estará a tocar a sua pele quando a luva estiver colocada). Document shared on www.docsity.com Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark 31 Enquanto estiver a segurar a luva, escorregar a outra mão dentro da luva. Apontando os dedos da luva para o chão irá manter os dedos abertos pela força da gravidade. Cuidado para não tocar qualquer coisa. Segurar a luva acima da cintura irá ajudar. Se a primeira luva não estiver colocada correctamente, esperar para fazer qualquer ajuste ou correcção quando a segunda estiver colocada (depois poderá usar os dedos esterilizados de uma luva para ajustar a porção esterilizada da outra). Para pegar a segunda luva, escorregar os dedos da mão com luvas entre a parte dobrada e a porção esterilizada da segunda luva. Isto é muito importante para evitar contaminar a luva que foi colocada na primeira mão com a mão que está sem luva. Colocar a segunda luva na mão que está descoberta, puxando-a firme através da parte dobrada. Não tentar ajustar os punhos uma vez que as luvas estejam colocadas, já que pode acabar por contaminá-las. Ajustar a posição dos dedos da luva até que a luva esteja confortavelmente ajustada. Manter sempre as mãos com luvas acima do nível da cinturae à frente para evitar contaminação acidental. Se uma luva tiver sido contaminada, parar e perguntar a si mesma se a luva irá tocar um instrumento esterilizado ou contaminado, as membranas mucosas ou tecidos esterilizados. Se a resposta for positiva, deverá ou retirar a luva e colocar outra, ou pôr outra luva esterilizada sobre a luva contaminada. Ao retirar as luvas, evitar que a superfície que esteja esterilizada entre em contacto com as suas mãos (o exterior das luvas está agora contaminado). Primeiro, descontaminar colocando as duas mãos com luvas em solução de cloro a 0,5%. Depois, retirar as luvas, colocando a parte de dentro para fora. Deitar as luvas no lixo ou deixe que as luvas fiquem imersas na solução por 10 minutos se vão ser processadas. Lembrar que: Quando se utilizam as luvas, não se deve realizar outras actividades com as mãos. O uso de luvas não dispensa a lavagem das mãos. Document shared on www.docsity.com Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark 32 Lavagem das mãos É o processo de remoção mecânica de sujeira, de restos da pele e da redução de microrganismos transitórios. A lavagem das mãos deve ser realizada usando sabão simples e água limpa. A lavagem das mãos deve ser feita antes de: Examinar um doente (higiénica) Colocar luvas cirúrgicas esterilizadas ou sujeitas a desinfecção de alto nível antes de uma operação (lavagem cirúrgica) ou luvas de exame para procedimentos de rotina, tais como o exame pélvico. A lavagem das mãos deve ser realizada depois de: Qualquer situação em que as mãos possam ser contaminadas, tais como manuseio de instrumentos contaminados, contacto com mucosas, sangue ou fluídos corporais, contacto prolongado e intenso com um doente (anti-sepsia). Remoção das luvas. Para a lavagem higiénica das mãos devem ser seguidos os seguintes passos: 1. Molhar as mãos com água corrente e abundante 2. Aplicar o sabão simples 3. Esfregar vigorosamente todas as áreas das mãos e dedos durante 10 a 15 segundos, prestando atenção sob as unhas e entre os dedos 4. Enxaguar as mãos com abundante água limpa. 5. Secar as mãos com uma toalha de papel e usar a toalha para fechar a torneira. Caso não haja água: Utilize uma solução de 3 – 5 ml de uma mistura de um anti-séptico tal como, o álcool de 60-90% e glicerina pode ser eficaz, sempre e quando não houver sujeira visível. Esta solução prepara-se agregando 2 ml de glicerina a 100 ml de álcool. Dado que os anti-sépticos não removem a sujeira ou matéria orgânica, as mãos que apresentam sujeira visível, em primeiro lugar, devem ser lavadas com água e sabão. Passos sequenciais no processamento de artigo hospitalar O primeiro passo é a descontaminação. O material é mergulhado em hipoclorito de sódio a 0,5% durante 10 minutos. O segundo passo é a limpeza do material com água e sabão corrente. Os instrumentos devem ser abertos ou desmontandos, quando possível, utilize escovas para remover a matéria suja, prestando atenção ao interior e às áreas de união. Depois da Detergent Detergent Document shared on www.docsity.com Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark 33 lavagem com água e sabão, os instrumentos devem ser enxaguados com água corrente e limpa. A secagem do material deve ser feita ao ar ou utilizando uma toalha limpa. A secagem evita a interferência da humidade com a esterilização e garante a manutenção do material. Os resíduos de água dos artigos aumenta a diluição do produto de desinfecção de alto nível, portanto é importante a secagem dos artigos antes da imersão. O terceiro passo: depois da lavagem do artigo, segue a esterilização ou desinfecção. 1. O material que vai à estufa ou à autoclave (meio físico) deve ser preparado da seguinte maneira: Embrulhar e colocá-lo em caixas limpas (perfuradas melhor) se necessário. O embrulho pode ser de pano, papel ou envelopes apropriados. Rotular a caixa ou o embrulho e proceder à esterilização, obedecendo às normas. Colocar o testemunho (fita ou tubos) conforme o agente esterilizador. Arrumar de forma que o ar possa circular e o vapor possa entrar em todas as superfícies. Esperar durante 20-30 minutos depois de desligar a fonte de calor até que o marcador de pressão registe zero. Retirar a tampa e deixar que os embrulhos sequem por completo (cerca de 30 minutos) antes de removê-los. Retirar e guardar os pacotes num tabuleiro ou prateleira e cobri-los com papel ou uma toalha de algodão. Os pacotes podem ser armazenados até o período de uma semana, se mantidos secos, ou um mês, se fechados dentro de um saco plástico. Os objectos desembrulhados devem ser usados no mesmo dia. O tempo da esterilização depende do equipamento e característica do aparelho indicadas pelo fabricante. 2. Na Desinfecção de Alto Nível (DAN), o material deve ser: Mergulhado no recipiente com a solução química correspondente por um período de 20 minutos. A solução deve cobrir totalmente o material. O mais utilizado é hipoclorito de sódio a 0,1% ou Cidex a 2%. Utilizar uma pinça desinfectada a alto nível ou esterilizada para retirar os itens da solução com o desinfectante. Lavar bem os materiais com água e deixar que sequem ao ar livre. Os materiais podem ser guardados, por uma semana, num recipiente coberto quando bem secos. Se húmidos, devem ser utilizados imediatamente. Na Desinfecção de Alto Nível através da fervura devem ser seguidos os seguintes passos: Sterilizing Agent Sterilizing Agent Document shared on www.docsity.com Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark 34 Os instrumentos devem ferver por 20 minutos, a contar do momento um item adicional é colocado depois que o processo de fervura tiver iniciado, comece a contar o tempo novamente. Nunca deixe os itens fervidos permanecer na água até esfriar uma vez que os microrganismos podem começar a crescer em água fria como também é possível que os instrumentos comecem a enferrujar na água depois de algum tempo. Colocar os itens, uma vez retirados do ebulidor, em recipientes esterilizados ou desinfectados a alto nível. Os itens podem ser armazenados num recipiente coberto até uma semana, mas se estiverem molhados, devem ser usados no mesmo dia. O Quarto passo: Os itens podem ser utilizados novamente ou armazenados. 1 2 3 4 5 67 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 67 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 67 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 67 8 9 10 11 12 Document shared on www.docsity.com Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark 35 Capitulo 4 Abordagem Sindrómica do Paciente com ITS Document shared on www.docsity.com Downloaded by: yolanda-vaz (yolandamehira@gmail.com) https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermark 36 Queixa de corrimento uretral ou disúria História Clínica e exame físico Pressão sobre a uretra, se necessário Corrimento presente? Tratamento para: Gonorréia, Clamídia e Tricomonas 1. Ciprofloxacina 500mg VO Dose Única 2. Azitromicina 1g VO Dose Única 3. Metronidazol 2g VO Dose Única * Sim Não Outra ITS? Usar algoritmo específico Sim Não * O metronidazol deve ser tomado ao deitar-se a noite. Não ingerir bebidas alcoólicas nas próximas 24 horas Tem suspeita de SIDA? Sim Não Aconselhamento pré-teste Solicitação do teste HIV Encaminhamento de acordo com o resultado
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