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CADERNO-DE-RESUMOS-2018-12-15

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Luiz Souza (UFMG) 
Willi Gonçalves (UFMG) 
Karla Balzuweit (UFMG) 
Rita Lages (UFMG) 
Thiago Puglieri (UFPel) 
Márcia Rizutto (USP) 
Antônio Gilberto Costa (UFMG) 
Willi Gonçalves (UFMG) 
lacicor.eba.ufmg.br/antecipa 
ANTECIPA 2018 - Encontro da Associação Nacional de Pesquisa em Tecnologia e 
Ciência do Patrimônio – Caderno de resumos expandidos. 2. ed. / Organizadores: Willi 
de Barros Gonçalves; Rita Lages Rodrigues; Thiago Sevilhano Puglieri; Márcia de 
Almeida Rizzuto; Antônio Gilberto Costa – Belo Horizonte / MG: Lacicor/Cecor/EBA/ 
UFMG, 2018. 
135 p. 
ISBN: 
1.Ciência do Patrimônio. 2. Ciência da Conservação.
CDD: 
Informações sobre o evento 
Estabilização das bacias da Catedral Basílica de 
Salvador 
Betina Abreu, Janainna Araújo, Letícia Estrela 
A análise de técnicas e materiais para o tratamento de 
negativos de vidro 
Bárbara Andrade de Oliveira Alves, Marina Furtado 
Gonçalves 
Fotogrametria na documentação da paisagem – Um 
estudo urbano de Bocaina/SP (1.891-1.929) 
Bruna Cristina Bevilaqua 
Caracterização de fotografias em suporte de papel Juliana Bittencourt, Wanda Engel, Marcia A. 
Rizzutto 
Laboratório de Espectroscopia Molecular (IQUSP): 
Vinte Anos de Investigação de Bens Culturais 
Dalva L.A. de Faria 
Avaliação do gerenciamento ambiental de Coleções no 
Centro de Arte Popular CEMIG de Belo Horizonte-MG 
Bárbara C. Ferreira, Willi de Barros Gonçalves 
Ferramenta Simplificada de Diagnóstico de 
Conservação para Certificação de Reservas Técnicas 
Willi de Barros Gonçalves, Bárbara C. Ferreira, 
Naiara Gonçalves, Thais H.A. Costa
Nem tudo o que reluz é ouro: latão aplicado ao papel Marina Furtado Gonçalves, Luiz Antônio Cruz 
Souza, Márcia Almada, Isolda M. Castro Mendes 
A UFBA na salvaguarda do patrimônio cultural 
brasileiro 
Renata L. Gribel 
Fotogrametria aplicada a um mausoléu projetado por 
Lina Bo Bardi 
Brunna Heine 
Comportamento mecânico de argamassas de cal com 
adição de cinzas volantes para uso no restauro 
Ana Cristian Magalhães, Rosana Muñoz 
Pinturas murais de João Fahrion Carolina Moraes Marchese, Thiago Sevilhano 
Puglieri, Paula Viviane Ramos 
Do museu para o laboratório: os cadernos de 
encomenda de Udo Knoff como fonte de conhecimento 
científico sobre o patrimônio azulejar contemporânea 
brasileiro 
Eliana U. C. Mello 
Formas de Conservação e Restauração do Patrimônio 
Funerário em Cantaria de Lioz do Cemitério do Campo 
Santo, Salvador – BA 
Cibele de Mattos Mendes 
Memória do bacharelado em Conservação e 
Restauração de Bens Culturais Móveis da UFPel: 
análise dos projetos desenvolvidos de 2008 a 2018 
 Bárbara Moraes, Clara Ribeiro do Vale Teixeira, 
Raquel França Garcia Augustin, Ana Carolina 
Fernandes da Silva 
Pesquisa e Extensão integrados no Laboratório de 
Ciência do Patrimônio (LACIPA) da UFPel 
 Thiago Sevilhano Puglieri 
Projeto Hans Broos: Pesquisa Aplicada ao Patrimônio 
Cultural 
 Sara C. Santos, Bernardo B. Bielschowsky, Ana 
Paula P. Correa 
A Gestão do Sistema Alternativo de Climatização da 
Reserva Técnica Curt Nimuendajú do Museu Paraense 
Emílio Goeldi (MPEG) 
 Christiane Sofhia Godinho Santos, Luiz Antônio da 
Cruz Souza, Willi de Barros Gonçalves 
Ortofoto como instrumento para diagnóstico e 
mapeamento de danos de painéis azulejares: o caso 
da Igreja de Nossa Senhora da Vitória em Salvador 
(BA) 
 Larissa Corrêa Acatauassú Nunes Santos, Mário 
Mendonça de Oliveira 
Limpeza em cantaria de lioz, realizada na fachada da 
Basílica Santuário da Conceição da Praia, em 
Salvador/BA 
 Angélica Schianta, Janainna Araújo, Letícia Estrela 
The Conservation and Restoration Methods of 
Industrial Heritage:The Case Study of the Steam Road 
Roller of EBA/UFMG 
 Ronaldo André Rodrigues da Silva, João Cura 
D’Ars de Figueiredo Júnior, Valquíria de Oliveira 
Silva 
Ladrilhos hidráulicos integrados ao patrimônio 
arquitetônico de Salvador- Bahia-Brasil 
 Maria das Graças Rodrigues da Silva 
Estação Ferroviária Sapucaí: Um lugar em diálogo Lourenço Kallil Tomaz, Ana Paula Neto de Faria, 
Aline Montagna da Silveira 
El uso de la tecnología como herramienta de 
diagnóstico en el patrimonio dañado por desastre 
naturales 
 Montserrat Ramírez Vernet 
Adequação de ferramenta para avaliação das 
condições de conservação de plumárias indígenas em 
reserva técnica 
 Bianca C. R. Vicente, Luiz A. C. Souza, Willi B. 
Gonçalves 
Identificação de agentes pesticidas no acervo do 
MAE/USP por PXRF 
 Ana Carolina Delgado Vieira, Carlos Roberto 
Appoloni, Fábio Lopes 
Hyperspectral Imaging based on a Birefringent 
Interferometer Applied to the Analysis of Artworks 
 Barbara E. N. Faria, Gladystone R. da Fonseca, 
Antonio Perri, Daniela Comelli, Gianluca Valentini, 
Giulio Cerullo, Ana Maria de Paula, Cristian 
Manzoni 
 
 
A ANTECIPA – Associação Nacional de Pesquisa em Tecnologia e Ciência do Patrimônio foi 
fundada em 2015 com a finalidade de congregar os pesquisadores da área, apoiar e fomentar a 
pesquisa transdisciplinar, a produção científica e tecnológica, bem como a sistematização, 
difusão e intercâmbio de informações e conhecimentos do campo expandido da Ciência do 
Patrimônio, a cooperação técnica e a capacitação profissional, envolvendo de maneira 
abrangente os diversos aspectos da preservação e pesquisa do Patrimônio Cultural. 
 
A ANTECIPA concluiu o seu registro como pessoa jurídica em maio de 2018 e realiza em 
novembro do mesmo ano o seu 1o. Encontro Nacional. 
 
A Ciência do Patrimônio é um campo transdisciplinar de conhecimento que abrange todos os 
aspectos das atividades realizadas por pesquisadores, profissionais, empresas e cientistas no 
campo da preservação do Patrimônio Cultural, abrangendo não somente a investigação dos 
aspectos físicos e materiais que dão suporte à Conservação-Restauração de bens culturais, mas 
também a gestão, registro, documentação e interpretação do Patrimônio Cultural. 
 
Uma importante iniciativa internacional neste campo é a Plataforma Europeia Integrada de 
Infraestrutura de Pesquisa do Patrimônio Cultural - o consórcio IPERION-CH - financiado pelo 
programa Horizon 2020 da União Européia. Dentre outros objetivos, o IPERION visa a criação 
de redes para compartilhamento de infraestruturas de pesquisa voltadas para a Conservação-
Restauração do Patrimônio Cultural, como por exemplo a E-RIHS – European Research 
Infrastructure for Heritage Science. 
 
O 1o Encontro da ANTECIPA é realizado em conjunto com o Simpósio Internacional Heritage 
Science: the Role of Research Infrastructures, promovido pelo IPERION-CH. 
 
Mais informações no site da ANTECIPA: lacicor.eba.ufmg.br/antecipa 
 
 
Estabilização das bacias da Catedral Basílica de Salvador. 
Betina Abreu¹*, Janainna Araújo², Letícia Estrela³ 
1Universidade Federal da Bahia (BRA) 
2 Universidade Federal da Bahia (BRA) 
3 Universidade Federal da Bahia (BRA) 
*betinaabreu.ba@gmail.com 
leticiavelame@live.com 
 
Palavras-chave: Ciência da conservação, patrimônio, estabilização de estruturas, bacia, arenito. 
 
1. Introdução 
A Catedral Basílica de Salvador, datada de meados do século XVII, é um dos monumentos mais 
antigos da cidade. O edifício se trata de remanescente da antiga Igreja do Colégio dos Jesuítas de 
Salvador, sendo essa construção que conhecemos hoje, a sua quarta versão, apresentando uma 
feição mais elaborada e suntuosa que as anteriores. 
Tombado em 25 de maio de 1938, o monumento apresenta incomensurável importância artística, 
histórica e cultural e nos últimos anos passou por intervenção e restauração executada pelo Iphan. 
No dia 18 de janeiro de 2018, ocorreu a queda de uma das bacias da sacada, correspondente à 
fachada posterior da Catedral Basílica (Figura 01). A empresa de construção/restauração Marsou 
Engenharia, que nesta época realizava trabalho de restauração no edifício, requisitou consultoria ao 
Professor Arquiteto Mário Mendonça de Oliveira e solicitou para que ele realizasse parecer técnico 
com indicaçãodos procedimentos necessários para estabilização das peças. 
Em visita à área, foi observado trabalho de “requalificação” na pavimentação e passeios em local 
vizinho ao edifício, onde estavam sendo utilizados equipamentos que podiam produzir vibrações 
indesejáveis à Catedral, sendo este um dos principais suspeitos de ter influenciado no colapso da 
bacia. 
Um conjunto de fatores foram essenciais para a culminação do acidente ocorrido. O envelhecimento 
dos materiais, a ação do intemperismo e ação antrópica, estando a última, presente nas vibrações 
características de uma grande cidade, principalmente se tratando de Salvador, onde são comuns 
ruidosas manifestações populares, em especial em época de carnaval. 
2. Metodologia 
Com a queda da bacia e solicitação do parecer técnico, foi feita visita ao local para observações e 
investigações preliminares de quais situações poderiam ter levado ao colapso da pedra. 
Para a realização do projeto de estabilização das bacias das janelas rasgadas da Catedral Basílica de 
Salvador, inicialmente fez-se necessário o cadastro da bacia que rompeu, desenvolvido pela equipe 
do Núcleo de Tecnologia da Preservação e da Restauração (NTPR) utilizando o método de 
triangulação com trena metálica, escala e registro fotográfico (Figura 02). Nessa mesma etapa do 
trabalho, foram coletadas amostras da pedra que compõe esta referida bacia - no caso, um arenito - 
para a execução de ensaios no laboratório do NTPR. 
Com o desenvolvimento dos ensaios de absorção total (para observar os valores referentes à 
absorção de água e porosidade do material), do ensaio de massa unitária (para obtenção da 
densidade do material) e de pesquisa bibliográfica sobre os valores de referência para o arenito 
(CAPARÓ, Erwic Flores. Os arenitos de cimentação calcífera de antigos edifícios de Salvador - 
Origens. Salvador: PPGAU, Dissertação de Mestrado, 1997.), observou-se que o arenito presente na 
Basílica, de cimentação carbonática, é atualmente pouco compacto e muito intemperizado, 
apresentando-se com uma porosidade muito maior que a esperada, de acordo com os valores de 
6
referência para o arenito. Assim, essa condição de alta porosidade aliada à baixa densidade do 
material, leva à redução da resistência mecânica da pedra e facilita a percolação de água através das 
precipitações pluviométricas, contribuindo para a dissolução da sua matriz. Além disso, o material 
também pode ter sua matriz cálcica alterada pelos ataques da poluição atmosférica, colaborando 
para o enfraquecimento da pedra. 
Sabendo que essas características provavelmente estariam presentes nas outras bacias, viu-se a 
necessidade de fazer levantamentos individualizados de todo o conjunto de bacias das janelas 
rasgadas da antiga biblioteca da Catedral Basílica, analisando cada caso em fichas com proposição 
do melhor sistema de estabilização para cada uma. 
3. Resultados e discussão 
A partir dos resultados dos ensaios laboratoriais, onde foi detectado a diminuição da resistência 
mecânica do material lítico, o Professor Mário Mendonça de Oliveira desenvolveu projeto de 
estabilização das bacias (Figura 03), onde os procedimentos foram descritos em cada uma das 12 
fichas, de acordo com as necessidades específicas das mesmas. 
No geral, algumas características podem ser apontadas em comum nas peças analisadas como, a má 
resistência das rochas à flexão, o posicionamento das pedras em balanço e sem presença integral de 
engastes, a existência de pesado gradil de ferro nas sacadas e o fator das bacia serem divididas em 
duas partes, provavelmente para facilitar seu deslocamento, entretanto gerando instabilidade das 
mísulas. Além da alta porosidade detectada no ensaio de absorção total, que agrava a fragilidade 
dessas peças, evidenciando a importância da estabilização das mesmas. 
As intervenções realizadas (Figura 04) foram: remoção das obturações de cimento; retirada de 
alguns “gatos” e agrafes colocados no passado; implantação de agrafes longas (mínimo duas por 
bacia) de aço inoxidável rebaixada através de um corte, preenchida com epóxi fluido e arrematada 
na parte final com arenito pulverizado e Primal; implementação, quando necessária, de argamassa 
de cimento de alta resistência; preenchimento das juntas das peças com resina epóxi fluida; 
desentupimento de drenos existentes; e aplicação de paralóide por impregnação; assim como a 
escarificação do revestimento externo e parede, logo abaixo da bacia, para preenchimento com 
argamassa de grauteamento em profundidade de 10 cm, ou até encontrar o paramento de pedra, 
terminando o preenchimento com argamassa de cal. 
4. Conclusões 
Para concluir, gostaríamos de enfatizar a detecção de instabilidade em todas as bacias de pedra, 
fruto da dissolução da matriz carbonática ocasionada pela água da chuva ao longo dos anos. Aliado 
a isso, a fragilidade do material pode ter sido agravada com as vibrações geradas pelas obras feitas 
no exterior da Catedral, portanto foi recomendado a instalação de indicação de isolamento/proibição 
no passeio e na parte correspondente à biblioteca do edifício, até ser sanado definitivamente o 
problema. Além de sugerido a adoção de medidas preventivas em relação ao período de festa do 
carnaval, onde as músicas ultrapassam os 70db legais, gerando indesejada vibração. 
Vale salientar igualmente, que a intervenção feita para estabilizar as bacias foi de extrema 
importância para manutenção do patrimônio e segurança dos transeuntes, considerando o elevado 
peso que a pedra apresenta, podendo causar graves acidentes em caso de queda. Assim como, 
destacamos como se mostra valioso o suporte laboratorial nesses tipos de intervenções e louvável o 
suporte teórico e conhecimento tecno-prático inegável do Professor Mário Mendonça, para chegar 
aos melhores resultados neste processo delicado que é cuidar do patrimônio. 
 
 
 
7
 
 
 
Figura 01: Imagem aproximada da bacia rompida. 
Fonte: Mário Mendonça. 
 
 
 
Figura 02: Bacia (G16-12) apresentava presença de “gatos” instalados em intervenção anterior. 
Fonte: Equipe NTPR 
 
 
 
 
8
 
 
 
 
Figura 03: Corte Transversal da Bacia G16-12 indicação de intervenção. 
Fonte: Equipe NTPR 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 04: Estabilização da bacia G16-12 executada. 
Fonte: Elias Machado 
 
 
 
 
 
9
Agradecimentos 
Agradecemos ao Professor Mário Mendonça e ao Arq. Mestre Elias Machado, por solicitar auxílio 
no cadastro e no detalhamento técnico deste trabalho, acreditando na nossa competência. Além de 
nos favorecer a oportunidade de acompanhar e visitar as obras da Catedral, que foi de extrema 
contribuição para nossa formação como estudantes de graduação em contato com a vida prática no 
restauro. 
 
Referências 
OLIVEIRA, Mário Mendonça. Tecnologia da conservação e da restauração – materiais e estruturas. 
Salvador: EDUFBA, 4ed. 2011. 
AYRES-BARROS, Luís. As rochas dos monumentos portugueses – Tipologias e patologias. 
Lisboa: IPPAR, 2001. 
IPAC-SIC. Inventário de proteção do acervo cultural. Salvador: Secretaria de Indústria e Comércio, 
v.1, 1975. p. 23. 
CAPARÓ, Erwic Flores. Os arenitos de cimentação calcífera de antigos edifícios de Salvador - 
Origens. Salvador: PPGAU, Dissertação de Mestrado, 1997. 
 
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I Encontro da ANTECIPA (Associação Nacional de 
Pesquisa em Tecnologia e Ciência do Patrimônio) 
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A análise de técnicas e materiais para o tratamento de negativos de vidro 
Bárbara Andrade de Oliveira Alves1,*, Marina Furtado Gonçalves2. 
1Mestranda em Artes, Escola de Belas Artes, Universidade Federal de Minas Gerais (Brasil). 
2Doutoranda em História, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de 
Minas Gerais (Brasil). 
*barbara.consevacao@gmail.com 
 
Palavras-chave: Negativos de vidro; Técnicas e materiais; EDXRF; FTIR; Curt Lange. 
 
1. Introdução 
A fotografia, como artefatomaterial, é constituída pelo elemento formador da imagem, por 
um suporte e a emulsão ou meio ligante. Dentre os materiais presentes no objeto fotográfico 
podemos citar a prata, pigmentos ou corantes como formadores da imagem; o papel, vidro ou 
plástico como suportes; e o colódio, albumina e gelatina como emulsão. 
Para se obter uma imagem é necessário que o suporte seja revestido por um material 
formador, sendo a prata o mais comum, utilizado desde o surgimento da fotografia devido às 
suas propriedades físico químicas. Os sais desse metal são compostos por cristais de prata 
regulares, apresentando estrutura cúbica, e cada cristal é formado pela ligação entre íons de 
prata (positivos) e íons brometo (negativos). O resultado desta interação são os haletos de 
prata que, quando colocados em um meio emulsificante que os permita ficar em suspensão e 
que possua transparência suficiente para entrada de luz, possibilitam a formação da imagem 
no momento da exposição (MOSCIARO, 2009). 
Em um primeiro momento, as provas fotográficas eram obtidas com o uso da câmera escura e 
a imagem era formada sobre um suporte celulósico coberto com sais de prata. Devido à baixa 
qualidade dos primeiros papéis fotográficos, bem como as dificuldades em se fixar os sais de 
prata sobre o suporte e a necessidade de se processar imediatamente a imagem, foram 
desenvolvidos e lançados, em 1848, os negativos de vidro em emulsão de albumina. Os 
negativos de vidro surgem como uma alternativa que tornaria o processo fotográfico mais 
viável, uma vez que o suporte em vidro atendia as características necessárias à produção 
fotográfica da época que, aliado à evolução dos meios ligantes, diminuiu o tempo de 
exposição e as dificuldades em transportar as chapas fotográficas de grande formato. Quando 
a gelatina surge como emulsão fotográfica o processo de produção das chapas se difunde, 
aumentando a oferta de negativos em gelatina e disseminando o seu uso. Esses negativos 
foram usados até o final do século XIX e início do século XX, até serem substituídos, devido 
a fragilidade do vidro, pelo rolo de papel fotográfico, lançado por George Eastman em 1885 
(REIMERINK, 2001). 
As imagens nos negativos de vidro são obtidas através do uso de uma câmera escura e uma 
chapa de vidro de tamanhos variados, sendo os mais comuns 9x12cm, 10x15cm, 13x18 cm e 
18x24 cm e espessura entre 2 mm e 5 mm, revestidas com sais de prata em emulsão que 
garante a fixação dos sais no suporte. A imagem formada apresenta tons e cores invertidas em 
relação ao objeto fotografado, o que caracteriza uma imagem negativa (PAVÃO, 1997). 
Para além da possibilidade de quebra do suporte dos negativos de vidro, são diversos os 
problemas de deterioração deste tipo de artefato. Pode ocorrer o amarelecimento da imagem 
causado pela oxidação dos íons de prata e pelo meio ligante, desprendimento da emulsão do 
suporte devido a variações climáticas ambientais, oxidação da prata causando um 
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I Encontro da ANTECIPA (Associação Nacional de 
Pesquisa em Tecnologia e Ciência do Patrimônio) 
27 e 28 de novembro de 2018, Belo Horizonte, Brasil 
 
espelhamento em suas bordas, assim como o aparecimento de abrasões e sujidades aderidas. 
Por se tratar de objetos de certa fragilidade, o acondicionamento adequado torna-se essencial, 
sendo que podemos encontrar negativos de vidro de valor histórico e artístico em arquivos, 
bibliotecas, museus e acervos particulares. A Biblioteca Central da Universidade Federal de 
Minas Gerais (BU/UFMG) é uma destas instituições e guarda a coleção de negativos de vidro 
de Curt Lange, composta por 70 negativos acondicionados em 11 caixas de papel. 
Curt Lange (1903-1997), nascido na Alemanha e naturalizado no Uruguai, foi um 
etnomusicólogo mundialmente reconhecido pelo seu trabalho. Com pesquisas desenvolvidas 
em diversos países, Lange chega pela primeira vez ao Brasil em 1934. No Brasil, entre os 
anos de 1944 e 1946, ministrou palestras sobre o “americanismo musical”, iniciando sua 
pesquisa sobre a música no estado de Minas Gerais e a música brasileira do século XX. Com 
formação também em arquitetura e interesse no campo cultural para além da música, Lange 
tinha um grande interesse em registrar cenas e aspectos da cultura brasileira. Devido à sua 
preocupação com os registros e sua guarda, Curt Lange formou um grande acervo sobre a 
cultura brasileira, em forma de registros fotográficos, cartas, manuscritos, trabalhos, 
partituras, dentre outros materiais, e doou, ainda em vida, a coleção para diversas instituições 
(MONTERO, 1998). 
Os negativos de vidro doados à BU/UFMG apresentam tipologias de deteriorações diversas, 
como desprendimento de emulsão, abrasões, sujidades aderidas e rompimento do suporte. 
Além disso, as embalagens de acondicionamento não são adequadas, bem como as condições 
de guarda. 
No intuito de conhecer a materialidade dos objetos que necessitam de intervenções de 
conservação e restauro e escolher o melhor tratamento para os negativos de vidro da Coleção 
sob a guarda BU/UFMG, apresenta-se as análises utilizadas para identificação dos materiais e 
técnicas dos objetos. 
2. Metodologia 
Como mencionado anteriormente, a Coleção Curt Lange é composta por aproximadamente 70 
negativos de vidro acondicionados em 11 caixas. Para o escopo deste trabalho, uma vez que 
não haveria tempo hábil para estudar todos os artefatos, optou-se por realizar uma seleção a 
partir de cálculo amostral aleatório, ou seja, aquele no qual todos os elementos têm a mesma 
probabilidade de serem selecionados (SANTOS, 2015). Assim, foram escolhidas quatro 
caixas da Coleção, totalizando 28 negativos de vidro. 
Para identificar os materiais e técnicas empregadas nos negativos de vidro selecionados, 
partiu-se do exame visual sob luz visível, auxiliado pelo uso de lupa de 10 vezes de aumento, 
para o conhecimento geral dos objetos. Os negativos foram identificados e procedeu-se com a 
documentação científica por imagem utilizando luz reversa, para registro do estado de 
conservação dos objetos naquele momento e identificação das imagens, e rasante, para 
observar as deteriorações. Após a constatação visual de que os negativos de vidro possuíam 
características físicas semelhantes, optou-se por escolher um dos 28 negativos para que se 
procedessem os exames laboratoriais de Espectroscopia no Infravermelho por Transformada 
de Fourier (FTIR) para a identificação da emulsão e Espectroscopia de Fluorescência de Raios 
X por dispersão de energia (EDXRF) para identificar o material formador da imagem. 
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O negativo foi levado ao Laboratório de Ciência da Conservação da Escola de Belas Artes da 
Universidade Federal de Minas Gerais (LACICOR/EBA/UFMG) e utilizou-se in situ o 
aparelho de EDXRF Espectrômetro Bruker modelo KeyMaster XRF TRACER III-V portátil 
com Anodo de Ródio, tensão de 15 kV e corrente de 55 µA, com acumulação de 60 segundos. 
Foram realizadas três medições em locais distintos e os dados obtidos foram posteriormente 
interpretados utilizando o software Artax. Com o auxílio de ponta de tungstênio, retirou-se 
uma microamostra para análise em um espectrômetro Bruker, modelo Alpha, módulo 
attenuated total reflection (ATR). O espectro foi coletado na faixa de 600 a 4000 cm-1, a uma 
resolução de 4 cm-1, com 24 scans. Os espectros foram visualizados pelo software OPUS e 
comparado com outros de referência. 
Os resultados dos exames organolépticos, documentação científica por imagem, EDXRF e 
FTIR foram analisados e são apresentados a seguir. 
3. Resultados e discussão 
Segundo Brandi (2004), restaura-se somente a matéria do bem cultural e, dessa maneira, o uso 
de técnicas adequadas e suporte científico para a tomada de decisões do conservador-
restaurador, faz-se necessário. Os artefatos são examinados a fim de obter respostas 
relacionadas àhistória da arte técnica e sobre a origem do objeto, ou seja, onde, quando e por 
quem a obra foi criada. Os exames científicos que procuram responder tais questões 
normalmente exigem a identificação dos materiais e técnicas empregados naquela obra, sendo 
que outros estudos visam responder a perguntas básicas sobre a conservação do objeto, seu 
estado físico e químico, causas de deterioração e vulnerabilidade às condições de 
acondicionamento ou exposição (WHITMORE, 2003). 
Para melhor identificação de materiais, técnicas construtivas, definição do próprio tratamento 
e seus riscos, procedem-se exames que podem ser classificados em três categorias, sendo elas: 
invasivos, microinvasivos e não invasivos (GONÇALVES, 2015). Ensaios não invasivos 
apresentam-se muito eficientes e, para a conservação e restauração de bens culturais, são os 
mais indicados, uma vez em que não há intervenções acentuadas sobre a obra (FIGUEIREDO 
JUNIOR, 2012). 
O equipamento de EDXRF utilizado permitiu que não fosse retirada amostra, configurando-se 
como exame não invasivo. O espectro resultante apontou para a presença de prata como 
elemento formador da imagem (Figura 1). 
 
Figura 1: Espectro de EDXRF indicando a presença da prata. 
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I Encontro da ANTECIPA (Associação Nacional de 
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A técnica de EDXRF apresenta limitações para detectar elementos de número atômico baixo, 
como o hidrogênio, oxigênio, carbono, entre outros, portanto não costuma ser utilizada para 
análise de materiais orgânicos (GONÇALVES, 2015). Desta forma, para identificar a 
emulsão, utilizou-se a FTIR. O resultado obtido, após comparação com espectros de 
referência, apontou a gelatina como material constituinte da emulsão (Figura 2). 
 
Figura 2: Espectro de FTIR indicando a presença de gelatina. 
A partir do conhecimento dos materiais presentes nos negativos de vidro, estabeleceram-se os 
tratamentos a serem conduzidos. Com o objetivo de remover sujidades superficiais e aderidas 
procedeu-se com a higienização mecânica com trincha macia e pera de borracha, em seguida 
foi realizada a higienização mecânica com auxílio de swabs embebidos em solução de álcool 
isopropílico e água (3:1). Para a consolidação da emulsão no suporte foi utilizada gelatina 
fotográfica Type grade b, preparada com 80 ml de água destilada para 40g de gelatina. O 
sistema foi deixado em repouso por 30 minutos em temperatura ambiente e, em seguida, foi 
aquecido em banho maria com temperatura controlada a 40º C até atingir sua total dissolução. 
A gelatina foi aplicada ainda quente, com pincel macio e movimentos suaves, consolidando a 
emulsão em desprendimento e o suporte. Para peças que apresentavam grande 
desprendimento a gelatina foi aplicada sobre toda a superfície do negativo visando a 
estabilização do sistema. Já as peças que apresentavam espelhamento da prata passaram pelos 
mesmos processos de higienização e consolidação, quando necessário, porém não foi 
realizado nenhum tratamento para reverter a oxidação da prata.	
4. Conclusões 
O conhecimento das técnicas e materiais presentes em um bem cultural, juntamente com o 
levantamento histórico e dos dados de qualquer tipo de intervenção de conservação-
restauração é essencial para a definição das estratégias e tratamento de acervos. Para a coleção 
de negativos de vidro selecionada os exames visuais, documentação científica por imagem 
com luzes reversa e rasante, bem como as espectroscopias EDXRF e FTIR foram 
fundamentais para a caracterização dos objetos, observar as deteriorações sofridas e 
identificar os componentes presentes nos artefatos. Após a análise dos resultados obtidos, em 
que se priorizou os exames não invasivos e microinvasivos, optou-se pela utilização da 
gelatina fotográfica Type grade b, material este compatível com os encontrados nos negativos 
de vidro. 
Uma vez que o acondicionamento é primordial para a conservação dos negativos de vidro, 
confeccionaram-se caixas em formato retangular, de papel neutro com tampa separada, para 
cada negativo foi confeccionado um envelope em formato cruz, com papel Canson ® 140g, 
neutro e como interface entre o envelope e as peças foi adicionado papel Filifold 200g; os 
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negativos foram colocados em posição vertical, mesma posição que as caixas deveriam 
permanecer no arquivo. Os artefatos foram devolvidos para a BU/UFMG, juntamente com o 
relatório dos exames, diagnóstico do estado de conservação e intervenções realizadas, a fim 
de servirem de referência para novos procedimentos e pesquisas futuras. 
Embora existam grandes acervos fotográficos nas instituições, foi observado, no que diz 
respeito a negativos de vidro, que há pouca demanda de material de referência quanto a 
exames para identificar suas técnicas, materiais e atuar em sua conservação e restauração. Os 
dados contidos nessa pesquisa visam ajudar instituições e conservadores-restauradores a 
encontrarem informações sobre como identificar e tratar estes materiais assim como fontes de 
pesquisa que os possibilitem atuar junto a este tipo de acervo. 
Referências 
BRANDI Cesare. Teoria da Restauração. São Paulo: Editora Ateliê, 2004. 
FIGUEIREDO JUNIOR, J. C. D. D. Química aplicada à conservação e restauração 
de bens culturais: uma introdução. Belo Horizonte: [s.n.], 2012. 163,167 p. 
GONÇALVES, Marina Furtado; SOUZA, Luiz Antônio Cruz. Separados no 
nascimento: estudo de técnicas, materiais e estado de conservação de dois manuscritos 
iluminados do século XVIII. 2015. 169, [9] f. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal 
de Minas Gerais, Escola de Belas Artes. 
MONTERO, L. M. Francisco Curt Lange (1903-1997): tributo a un americanista de 
excepción. In: SciELO Chile-Scientific Eletronic Library Online, 1998. Disponivel em: 
<http://www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0716-27901998018900002>. 
Acesso em: 28/10/2013. 
MOSCIARO, Clara. Cadernos técnicos n6. Diagnóstico de conservação em coleções 
fotográficas. Rio de Janeiro, Funarte, 2009. 
PAVÃO, L. Conservação de Colecções de Fotografia. Lisboa: Dinalivro, 1997. 24, 39, 44, 73, 
130, 132, 136, 137, 215,280 p. 
REIMERINK, R. K. História da fotografia. In: Sítio eletrônico da Kodak. Disponível em: 
<http://wwwbr.kodak.com/BR/pt/consumer/fotografia_digital_classica/para_uma_boa 
_foto/historia_fotografia/historia_da_fotografia01.shtml?primeiro=1>. Acesso em: 
15/08/2013. 
SANTOS, Glauber Eduardo de Oliveira. Cálculo amostral: calculadora on-line. Disponível 
em <http://www.calculoamostral.vai.la>. Acesso em 4 de agosto de 2015. 
WHITMORE, Paul M. The scientific examination of works of art on paper. In: Scientific 
examination of art: modern techniques in conservation and analysis. Washington, DC: 
National Academy of Sciences, 2003. p. 27-39. 
 
 
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Fotogrametria na documentação da paisagem 
Um estudo urbano de Bocaina/SP (1.891-1.929) 
Bruna Cristina Bevilaqua 
Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo 
*e-mail brunabevilaquaarq@gmail.com 
 
Palavras-chave: Patrimônio arquitetônico; Paisagem urbana; Fotogrametria; Complexo do café; 
Bocaina (cidade). 
 
1. Introdução 
A expansão do cultivo do café no Estado de São Paulo e suas consequências econômicas levaram a 
um marco de sua ocupação. A porção Centro-oeste assistiu, principalmente entre o século XIX e 
início do século XX, às primeiras transformações radicais de seu território: crescimento populacional, 
cultivo homogêneo nas lavouras, surgimento de aglomerações urbanas, dentre outras mudanças. 
Historicamente, sabe-se que as transformações espaciais mais profundas já sofridas em diferentescontextos procedem, predominantemente, de razões econômicas. Tais motivos econômicos atuaram 
de maneira categórica, através do complexo do café1, no Estado de São Paulo, transfigurando seu 
perfil espacial e agindo explicitamente sobre diversas relações. Essa interferência justifica o empenho 
dispensado por pesquisadores para analisar esse período e suas resultantes. 
Apesar disto, os estudos acerca deste período no Estado estão longe de serem esgotadas, uma vez que 
mitos e imprecisões ainda o cercam. A importância deste empenho contínuo, em especial sobre o que 
envolve a produção do espaço na Era do Café, se estabelece na compreensão de que este é “resultado 
da geografização de um conjunto de variáveis, de sua interação localizada” (SANTOS, 2.014, pág. 
37), o que torna, apesar de coligados pelos motivos de fomento, cada caso único e importante. 
1.1 Os agentes de transformação da paisagem: conhecendo a área de estudo 
O estudo aborda o território de Bocaina a partir da emancipação sociopolítica do município (1.891). 
A cidade, localizada no interior do Estado de São Paulo (a, aproximadamente, 300 quilômetros da 
Capital), é um dos testemunhos edificados da soberania econômica exercida pelo complexo do café 
no Centro-oeste Paulista. Fundada já no regime político republicano, a cidade respondeu a interesses 
dos grandes cafeicultores da região e tem em seu desenvolvimento um exemplo de conformação 
urbana em direta consonância com a atividade econômica vigente no local. 
Foi apenas entre 1.885 e 1.890 que surgiu o interesse em edificar ali uma capela e um arraial, a fim 
de facilitar o movimento religioso e fomentar o desenvolvimento de um comércio local 
(FURLANETO, 2.003). Ghirardello (2.002, pág. 125) ressalta o número significativo de cidades que, 
fundadas durante o século XIX, tiveram origem em patrimônios religiosos, a partir da doação de terras 
rurais à Igreja Católica, de forma que a igreja tutelava o futuro povoado, sob a proteção de um santo. 
Em um cenário muito semelhante a esse que teve início a Vila de São João Batista da Bocaina. 
Bocaina compõe o projeto territorial do Estado de São Paulo, onde as ocupações se alinham não 
apenas à consolidação de espaços urbanos, mas principalmente à infraestrutura relacionada aos 
espaços agrários (ZÓLIO, 2.011, pág. 09). A questão não era desenhar o urbano, mas realizar o 
planejamento territorial do Estado. “A forma urbana seria uma consequência, estaria muito mais 
 
1 Cano (1.977) chama de complexo cafeeiro uma rede de componentes que possibilitaram o desenvolvimento desta cultura. 
Ainda segundo o autor, os aspectos ligados a este complexo eram: a atividade produtora do café (principal dentre todas), a 
agricultura produtora de alimentos e matérias-primas, atividade industrial (produção de equipamentos para beneficiamento do 
café, indústria de sacaria de juta e demais compartimentos da indústria manufatureira), implantação e desenvolvimento do 
sistema ferroviário paulista, expansão de sistemas bancários, atividade de comércio e importação, desenvolvimento de 
atividade geradora de infraestrutura e atividades inerentes à urbanização e à atividade do Estado. (CANO, 1.977, apud. 
COSTA, 2.003, pág. 55). 
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relacionada ao papel dessa cidade na articulação territorial” (COSTA 2003, pág. 51). O escoamento 
da produção cafeeira antes do estabelecimento das ferrovias era fator determinante para o 
estabelecimento das lavouras. A localização geográfica de Bocaina demonstra que nesse aspecto o 
local era privilegiado, por dispor de possibilidade de escoamento por via hídrica. O rio Jacaré-Pepira, 
que nasce na cidade de São Pedro, delimita o território de Bocaina – depois de passar por Bariri, ele 
deságua na bacia Tietê. 
 
Figura 1. Área urbana de Bocaina, porção proposta para levantamento e destaque para local de teste. Fonte: autora, 
2.018.2 
A cidade de Bocaina exemplifica como o complexo do café teve interferência irrefutável em aspectos 
políticos, sociais e culturais. Tais conexões são clarificadas por Santos (2.002, pág. 29) quando, 
primeiramente, classifica a técnica como “conjunto de meios instrumentais e sociais, com os quais o 
homem realiza sua vida, produz e, ao mesmo tempo, cria espaço”, sendo que, em um determinado 
lugar, não se tem técnicas isoladas e sim uma operação simultânea de várias técnicas socioculturais 
que geram a estrutura de um lugar (SANTOS, 2.002, pág. 58). 
A produção arquitetônica local, durante o período estudado, refere-se, principalmente, a um estilo 
eclético. Segundo Benincasa, (2003, pg. 277) essa associação de estilos, apesar de ter seu repertório 
formal muito criticado, foi produto de um período muito criativo e inovador, principalmente em 
função das inovações tecnológicas oriundas do desenvolvimento industrial na época. 
Os fatos históricos acerca de Bocaina revelam que a cidade vivenciou o apogeu e o declínio da 
monocultura cafeeira, responsável pelos principais contornos desta história. Portanto, estudá-la é, em 
suma, investigar parte da trajetória do café no Brasil. O recorte final do período investigado foi eleito 
devido ao grande impacto que a quebra da Bolsa de Nova Iorque teve sobre a produção da cultura 
cafeeira na cidade. Obras como o calçamento das ruas foram paralisadas por mais de 20 anos, de 
1.929 a 1.951, quando voltaram a edificar aquele espaço (FURLANETO, 2.003). 
 
 
2 O levantamento foi realizado com base no mapa da Prefeitura Municipal de Bocaina e atualizado através da 
associação ao mapa disponível na plataforma Google Maps, 2.018. 
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1.2 Estudo para documentação através da fotogrametria 
O presente estudo analisou, aplicando os conhecimentos adquiridos durante a disciplina Mídias 
Digitais na Documentação do Patrimônio Histórico Arquitetônico, do Programa de Pós-graduação do 
Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, ministrada pelos professores 
Márcio Minto Fabricio (IAU-USP), Arivaldo Leão Amorim (UFBA) e Natalie Johanna Groetelaars 
(UFBA), a viabilidade de levantamento para fins de documentação das fachadas que compõe a 
paisagem urbana de Bocaina, utilizando a fotogrametria3 e o software de processamento 
Photomodeler (modelo UAS). 
Os cálculos tiveram como base o tempo exigido para a realização das tomadas fotográficas, coleta de 
dados gerais sobre a edificação e processamento de dados iconográficos para reconstituição dos 
elementos arquitetônicos em análise. A importância do acervo arquitetônico de Bocaina e a ausência 
de uma política pública que garanta sua salvaguarda são as razões pelas quais se fez este estudo. O 
relatório apresenta as etapas transcorridas durante o levantamento, tanto em campo quanto no 
processamento dos dados, as dificuldades encontradas em cada etapa, os produtos obtidos e o tempo 
direcionado a realização destas atividades. 
2. Metodologia 
Devido as dificuldades que se estabelecem em razão da distância do sitio de estudo, os trabalhos de 
levantamento de dados em campo foram executados ao longo de um dia, o que foi providencial para 
que se pudesse lançar uma estatística a respeito do tempo que se levaria para, futuramente, realizar 
documentação de todo o acervo nos mesmos moldes. 
Tabela 1. Levantamento de dados em campo – ficha de acompanhamento 
 
 Fonte: autora 2.018. 
Preencheu-se os dados da tabela a cima (para organização e registro dos dados levantados), realizou-
se tomadas fotográficas e tomadas métricas, para compatibilização do modelo, com trena laser. O 
levantamento métrico concentrou-se em mediçõeshorizontais e verticais de pontos referências das 
fachadas, tornando possível, no software, o processamento das dimensões nos eixos “x” e “y”. Para 
facilitar a compreensão, as dimensões foram locadas em croquis simplificados das fachadas 
levantadas e, quando necessário, acompanhadas de observações. 
 
3 “A Fotogrametria é um técnica que permite extrair das fotografias, as formas, as dimensões e as posições dos 
objetos. Para o levantamento preciso dos objetos, são necessários alguns cuidados como, por exemplo, os 
parâmetros da câmera, o posicionamento adequado da câmera e a determinação do pontos de controle” 
(GROETELAARS 2004, pg. 32). 
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As tomadas fotográficas foram realizadas principalmente pela manhã, uma via pública generosa e 
ausência de obstáculos físicos foram fatores que propiciaram os melhores registros, sendo que os 
mesmos foram tomados com intuito de constituírem a produção de ortofotos. A distância focal da 
lente é também fator crucial para a obtenção da fachada completa em uma única tomada ortogonal. 
O levantamento métrico foi realizado com trena a laser, e as fotografias realizadas com uma câmera 
fotográfica digital Canon (modelo EOS Rebel T6) e objetiva Canon 18mm. 
 
Figura 2. Tomadas fotográficas para reconstituição de fachada. Fonte: Autora, 2.018. 
 
3. Resultados 
Realizou-se, ao longo de um dia, tomadas fotográficas e métricas de 44 fachadas. O que significa que, 
desconsiderando possíveis e prováveis situações adversas, poderia obter-se o levantamento 
fotogramétrico e os dados necessários ao processamento dos 221 imóveis de interesse histórico do 
local (contabilizados pela prefeitura municipal) em cerca de uma semana. 
 
Figura 3. Reconstituição do perfil de via a partir de método fotogramétrico. Fonte: Autora, 2018. 
A documentação integral do acervo arquitetônico oriundo do período deverá ter potencial para 
suscitar a análise sobre os objetos arquitetônicos que ainda compõem a paisagem, sendo possível 
ainda auxiliar na implementação de políticas públicas voltadas para salvaguarda deste acervo. 
 
Figura 4. Vetorização de fachada a partir de levantamento fotogramétrico. Fonte: Autora, 2018. 
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A realização de modelos a partir do método fotogramétrico poderá estabelecer a separação entre a 
forma aparente: aquela percebida por um espectador a partir de certo ponto de vista e a forma real, 
que se caracteriza por meio de desenhos precisos e escalonados (GROETELAARS, 2.004, pág. 12), 
gerados a partir da fotogrametria terrestre ou de curta distância. 
 
4. Conclusões 
O relatório demonstrou que o levantamento através da fotogrametria e o processamento de dados no 
software Photomodeler é um alternativa viável na produção da documentação do patrimônio 
arquitetônico que compõe a paisagem urbana de Bocaina. Calcula-se, em média, que um pesquisador 
possa fazer todo o trabalho de campo e, ainda, processar todos os dados necessários para a geração 
dos modelos de fachada dos 221 casarões, provenientes do período áureo da produção cafeeira local, 
em cerca de 40 dias. Esta estimativa não conta com prováveis contratempos durante o trabalho, 
entretanto, mesmo superestimando os números, não se presume um método de levantamento mais 
acessível, que alie menor custos e tempo de trabalho. 
Associado ao tempo, a riqueza de detalhes arquitetônico que este tipo de levantamento proporciona 
é providencial quando se trata de edificações com densa quantidade de elementos nas fachadas, como 
é o caso de algumas edificações da cidade. O trabalho em campo, se planejado, ocorre de maneira 
branda. A cidade, que conta com cerca de 12.000 habitantes (segundo estimativas do IBGE), não 
detém uma frota significativa de veículos, o que torna o trabalho mais ágil e menos perigoso. É 
possível considerar este tipo de levantamento ideal para o contexto estudado, seus fatores respondem 
satisfatoriamente às necessidades do sítio e, ainda, seu produto final poderá integrar uma ação pública 
organizada para salvaguarda do conjunto arquitetônico local. 
 
Referências 
BENINCASA, Vladimir. Velhas Fazendas. Arquitetura e Cotidiano nos Campos de Araraquara. 
EduFSCAR; São Paulo, 2003. 
COSTA, Luiz Augusto Maia. O ideário urbano paulista na virada do século. O engenheiro Theodoro 
Sampaio e as questões territoriais e urbanas modernas (1886-1903). Editora Rima. São Carlos, 2003. 
FURLANETO, Walmir. Uma Cidade e um Pouco de sua História. Volume II. 2003. 
GHIRARDELLO, Nilson. À Beira da Linha: formações Urbanas da Noroeste Paulista. EDITORA 
UNESP. São Paulo, 2002. 
GROETELAARS, Natalie Johanna. Um Estudo da Fotogrametria Digital na Documentação de Formas 
Arquitetônicas e Urbanas. Dissertação (mestrado) apresentada ao PPG-AU da UFBA. Salvador, 2004. 
SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo, razão e emoção. Edusp. São Paulo, 2002. 
SANTOS, Milton. Espaço e Método. Edusp, 5. ed.. São Paulo, 2014. 
ZOLIO, Julciléa Cristina. Lugares Esquecidos. A preservação do patrimônio no interior paulista: 
investigação sobre as cidades de Dourado e Nova Europa. Dissertação (mestrado) apresentada à 
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - USP. São Paulo, 2011. 
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Caracterização de fotografias em suporte de papel	
Juliana Bittencourt1*, Wanda Engel2, Marcia A. Rizzutto2 
1Museu de Arqueologia e Etnologia, Universidade de São Paulo, São Paulo (BRASIL) 
2Laboratório de Arqueometria e Ciências Aplicadas ao Patrimônio Cultural, Instituto de Física, 
Universidade de São Paulo, São Paulo (Brasil) 
*bittencourt.ju@gmail.com 
 
Palavras-chave: Ciência da conservação; Espectroscopia de fluorescência de raios X por 
dispersão de energia (EDXRF); Espectroscopia de Infravermelho com Transformada de 
Fourier por Refletância Total Atenuada (FTIR-ATR); Fotografia. 
 
1. Introdução	
A aplicação de análises espectroscópicas para a caracterização de materiais componentes de 
fotografias é recente em comparação às análises realizadas em outros objetos do patrimônio 
cultural, abordagens inicialmente conceituadas na primeira metade do século XX com a 
estruturação da área de Ciência da Conservação (FRONER, 2016, p.72). A disciplina da 
conservação de fotografias se conforma apenas na década de 1970, em paralelo ao 
reconhecimento do valor histórico e artístico das fotografias e sua valorização pelo mercado 
de arte (KENNEDY, 2010, p.89), com a formação de profissionais em programas 
especializados que estabeleceram as bases teóricas e práticas dessa especialização no campo 
da conservação de bens culturais. 
É notória a diversidade de materiais empregados na fabricação de fotografias: desde o seu 
surgimento no século XIX mais de 150 processos fotográficos foram inventados. A 
identificação dos seus materiais componentes é uma atividade primordial para o 
conhecimento destes objetos, integra as atividades de salvaguarda do ciclo curatorial e 
representa um desafio para a sua documentação, diagnóstico do estado de conservação e 
definição de parâmetros para armazenamento e exibição. Através da análise da estratigrafia e 
materiais componentes também é possível identificar a técnica de produção de uma fotografia 
e aspectos materiais que refletem as inúmeras variações e adaptações realizadas por 
fotógrafos e estúdios fotográficos. 
Este estudo teve como objetivo verificar a aplicabilidade das técnicas de Espectroscopia de 
Fluorescência de Raio X por Dispersão de Energia (EDXRF) e Espectroscopia de 
Infravermelho por Transformada de Fourier por RefletânciaTotal Atenuada (FTIR-ATR) para 
a caracterização dos materiais componentes de fotografias em suporte de papel e assim 
fornecer subsídios para pesquisas realizadas no âmbito da cultura material, fundamentar a 
escolha de materiais e métodos para tratamentos de conservação e auxiliar no estabelecimento 
de medidas efetivas de conservação preventiva. 
A fotografia analisada se destaca por seu bom estado de conservação, com a preservação de 
detalhes nas áreas de menor e maior densidade. Não apresenta sinais de esmaecimento nem 
espelho de prata – resultado da oxidação da prata em cópias com este material formador da 
imagem. Apresenta selo no verso com referência ao estúdio londrino dos fotógrafos William e 
Daniel Downey e à casa impressora Marion, Imp. Paris. Trata-se de um retrato da rainha 
Vitória (1819-1901) do Reino Unido em formato carte de visite. Este formato, inventado e 
patenteado por André Adolphe-Eugène Disdéri (1819-1889) em 27 de novembro de 1854, se 
popularizou e estimulou a prática colecionista de retratos de personalidades da época, como a 
rainha Vitória. 
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Figura 1: Frente e verso da fotografia analisada. 
2. Metodologia	
As análises espectroscópicas são complementares às etapas preliminares de examinação e 
documentação com luz visível, microscopia e fluorescência visível induzida por radiação 
ultravioleta (TRAGNI, 2005, p.29). A Fluorescência de raios X por dispersão de energia é 
utilizada para identificação dos elementos químicos formadores da imagem e verificação da 
possível presença de elementos inorgânicos no suporte de papel ou em recobrimentos 
(NEIVA et al., 2013, p. 379). A análise com Espectroscopia de Infravermelho com 
Transformada de Fourier por Refletância Total Atenuada é realizada para confirmar e 
identificar a presença de aglutinantes orgânicos e recobrimentos1 (STULIK, 2013, p.2; 
MAINES, 2005, p.36). 
A fotografia foi inicialmente identificada através da inspeção visual e microscópica de acordo 
com as indicações existentes na literatura (REILLY, 1986, p.121; LAVÉDRINE, 2009, p. 20). 
Em seguida foram realizadas análises espectroscópicas para comprovação dos resultados e 
verificação da sua aplicabilidade para a identificação de fotografias e impressões 
fotomecânicas em suporte de papel. Os resultados obtidos foram corroborados com as 
referências existentes na literatura técnica e documentados para constituição de corpus 
referencial para análises posteriores. 
 
3. Resultados e discussão 
A inspeção microscópica permite identificar se as fibras do suporte primário de papel estão 
recobertas ou não por um aglutinante e verificar a presença de uma camada de barita (sulfato 
																																								 																					
1 Recobrimentos foram amplamente utilizados, eram aplicados na superfície das fotografias em suporte de papel 
para modificar o seu aspecto e para alcançar maior permanência. 
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de bário) ou de partículas de pigmento dispersas, principalmente nas áreas de menor 
densidade ou altas luzes. Na fotografia analisada, as fibras do papel são visíveis com aumento 
de 30x e a mesma não possui camada de barita. As bordas parecem perfiladas. 
Os resultados com EDXRF2 comprovam a ausência de bário (Ba) e estrôncio (Sr) associados 
à camada de barita. Elementos presentes como impurezas no papel como cálcio (Ca), cloro 
(Cl), enxofre (S) e potássio (K) bem como cobre (Cu) e zinco (Zn) são relativamente mais 
presentes no espectro referente às áreas de menor densidade uma vez que a interferência do 
aglutinante é menor, indicando que camada pode ser menos espessa nestas áreas. A pequena 
quantidade de prata (Ag) pode estar relacionada à interferência do tubo do equipamento, pois 
caso se tratasse do elemento formador da imagem o pico seria maior. 
O espectro EDXRF referente à área de maior densidade da fotografia analisada indica a 
presença de ferro (Fe) e pequena quantidade de mercúrio (Hg), o espectro da área de menor 
densidade confirma a presença dos mesmos elementos, ainda que em menor proporção. A 
presença de mercúrio (Hg) poderia indicar uma viragem caso se tratasse de uma fotografia de 
prata e gelatina ou referenciar uma impressão de Woodburytipo uma vez que o uso de 
pequenas quantidades de cloreto de mercúrio é indicado na literatura para aumentar a 
permanência deste tipo de impressão. Neste último caso, a presença de mercúrio (Hg) está 
baseada na identificação dos picos espectrais La 9,99 e 11,82 keV no espectro de XRF 
(STULIK, 2013, p.14). A presença de ferro (Fe) poderia indicar que além da eventual 
utilização de um pigmento de carvão foram utilizados corantes orgânicos e uma pequena 
quantidade de pigmento contendo ferro. 
O espectro FTIR-ATR3 apresenta os picos correspondentes a Amida I e Amida II. Estes dois 
picos espectrais são típicos de diferentes proteínas (albumina, gelatina, caseína, etc.) e uma 
inspeção detalhada da região espectral entre 1470 e 1250 cm-1 se faz necessária para 
diferenciar o aglutinante de albumina e de gelatina. De acordo com a literatura, o espectro de 
uma fotografia com aglutinante de gelatina tem três picos espectrais em aproximadamente 
1442, 1401 e 1329 cm-1, diferentemente do espectro do aglutinante de albumina que apresenta 
dois picos espectrais com intensidades parecidas em aproximadamente 1448 e 1385 cm-1. 
Ainda que possa existir uma ligeira mudança entre as posições e proporções desses picos, a 
“tendência” espectral se mantém ao analisar fotografias de albumina e gelatina com 
concentrações relativamente altas de aglutinantes e sem recobrimentos (STULIK, 2013. p.21). 
A análise com ATR-FTIR confirmou a presença de um aglutinante de gelatina o que reafirma 
a possibilidade de se tratar de uma impressão a carvão ou um Woodburytipo, hipótese 
endossada pela utilização já documentada destes processos de impressão pelo estúdio 
fotográfico W. & D. Downey. Ambos processos são reconhecidamente mais permanentes o 
que o estado de conservação deste carte de visite comprovaria. A análise da borda da imagem 
pode auxiliar na diferenciação destes processos já que os Woodburytipos teriam que ser 
perfilados para serem então aderidos a um suporte secundário e as impressões a carvão, como 
são transferidas, não apresentam esta característica. A borda do objeto analisado parece 
perfilada e é provável que se trate de um Woodburytipo. 
 
																																								 																					
2 Foram utilizado equipamento Amptek, 30 kV, 40 µA e contagem realizada por 100s. 
3 Equipamento Bruker modelo Alfa, cristal de ZnSe (seleneto de zinco), faixa de transmissão de 4000-600 cm-1. 
As medidas foram feitas com 32 varreduras. Foi utilizado o módulo ATR ( Refletância Total Atenuada). 
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Figura 4: Os espectros ATR-FTIR da fotografia analisada na área de menor densidade (azul) 
e na área de maior densidade (verde) indicam a presença do pico espectral correspondente à 
Amida I em 1624 cm-1 e à Amida II em 1537 cm-1 além dos três picos que remetem ao 
espectro da gelatina em 1449 cm-1, 1403 cm-1 e 1334 cm-1. 
 
Uma das preocupações que nortearam a utilização de certos materiais e técnicas para a 
produção de fotografias, ainda no século XIX, foi necessidade de produzir cópias mais 
permanentes uma vez que a percepção precoce de que as imagens estavam sujeitas ao 
esmaecimento fez com que uma série de fatores extrínsecos e intrínsecos aos objetos 
fotográficos fossem identificados como responsáveis pela sua impermanência. Na época, as 
pesquisas foram direcionadas à compreensão dos mecanismos e causasda deterioração de 
fotografias produzidas com base na fotossensibilidade dos halogênios de prata e na busca por 
processos mais permanentes (CARTIER-BRESSON, 2004, p.1). O processo de impressão a 
carvão foi apresentada em 1855 como a solução para a conservação das cópias fotográficas e 
a impressão Woodburytipo foi um dos primeiros processos fotomecânicos que viabilizou a 
reprodução com qualidade das tonalidades de uma fotografia. 
 
4. Conclusões 
As análises realizadas comprovam a potencialidade das análises espectroscópicas para 
identificação dos materiais componentes de fotografias, ampliando o conhecimento tanto da 
substância formadora da imagem quanto do aglutinante utilizados em sua fabricação. 
Considerando as características destas técnicas para a análise de fotografias, sua principal 
vantagem é oferecer um método objetivo de análise sem que seja necessário obter uma 
amostra ou gerar algum dano físico, uma vez que os instrumentos não pressionam a superfície 
dos objetos analisados. Entretanto, os resultados devem ser interpretados conjuntamente com 
outros aspectos técnicos e históricos. É necessário confirmar a presença de cromo (Cr) 
realizando medidas com maior tempo de contagem uma vez que a presença deste elemento é 
decisiva para a identificação de impressões a carvão ou Woodburytipos já que ambos 
processos apresentam uma pequena quantidade de cromo formado fotoquimicamente. A 
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concentração relativa deste elemento é o principal parâmetro para diferenciar ambos 
processos. 
A importância da pesquisa realizada reside no fornecimento de um marco interpretativo para a 
caracterização de fotografias, de acordo com a literatura técnica da área da conservação. Os 
resultados permitem compreender melhor o estado de conservação de fotografias e 
impressões fotomecâncias e fornecem subsídios para a identificação das técnicas e métodos 
utilizados por fotógrafos e estúdios fotográficos, além de informações relevantes sobre a 
circulação e conservação destes objetos. 
 
Agradecimentos 
Leandro Melo, Solange Ferraz de Lima e Verônica Spnela. 
J.B. agradece à CAPES pela bolsa de mestrado e M.A.R. agradece ao CNPq e FAPESP pelos 
auxílios financeiros recebidos para desenvolvimento de projetos nesta área de pesquisa. 
 
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Laboratório de Espectroscopia Molecular (IQUSP): Vinte Anos de Investigação 
de Bens Culturais 
Dalva L. A. de Faria 
Instituto de Química da Universidade de São Paulo 
dlafaria@iq.usp.br 
 
Palavras-chave: Ciência do patrimônio; Bens culturais; Pigmento; Espectroscopia; Microscopia 
Raman. 
 
1. Introdução	
Em seus diversos aspectos, o conhecimento da composição química de bens culturais ou de seus 
produtos de decaimento é de vital importância na Ciência do Patrimônio. Pela natureza dos objetos 
de estudo pode-se concluir que as ferramentas analíticas ideais sejam aquelas que não afetam de 
modo direto ou indireto a integridade química, física ou estética do bem cultural em investigação, 
nem no momento da análise, nem após sua realização. As técnicas espectroscópicas atendem esses 
quesitos por não haver contato material com o objeto e por seu potencial em fornecer informações 
detalhadas e específicas sobre as substâncias químicas presentes. 
Desde a década de 1970 havia o manifesto interesse no desenvolvimento de equipamentos Raman 
capazes de analisar partículas micrométricas e Hirschfeld em 1973 reporta pela primeira vez a 
adaptação de um espectrômetro Raman para essa finalidade (HIRSCHFELD, 1973), sendo seguido 
por outros pesquisadores (ROSASCO et al., 1975; DELHAYE; DHAMELINCOURT, 1975). O 
instrumento desenvolvido por Delhaye e Dhamelincourt permitia, além do registro de espectros de 
microamostras, também a obtenção de imagens Raman das substâncias presentes, ou seja, era capaz 
de fornecer a distribuição espacial dessas substâncias em uma amostra heterogênea. A melhoria no 
desempenho dos microscópios Raman foi fundamental para que seu uso na investigação de 
problemas ligados a bens culturais se disseminasse e microscópios dedicados, com alta eficiência na 
captação e detecção da radiação espalhada que começaram a ser comercializados no início da 
década de 1990 tiveram e tem o papel central nesse crescimento. No Laboratório de Espectroscopia 
Molecular (LEM) do Instituto de Química da USP seu uso nesse tipo de aplicação teve início em 
1996, com a aquisição de um microscópio Raman dedicado. Até onde se tem conhecimento, o LEM 
teve papel pioneiro na América do Sul nesse tipo de aplicação da microscopia Raman. 
Neste texto estão sumarizados alguns dos estudos envolvendo bens culturais que vem sendo 
realizados no Laboratório de Espectroscopia Molecular do IQUSP desde a metade da década de 
1990. 
 
2. Metodologia	
A maioria dos resultados apresentados neste resumo foi obtida de modo não invasivo ou 
virtualmente não invasivo e envolveu uma ampla gama de técnicas, apesar das principais 
contribuições serem originadas da microscopia Raman, a qual é capaz de fazer a caracterização 
química das substâncias presentes no objeto/amostra estudado(a) de modo não destrutivo. 
 
3. Resultados e discussão 
A identificação de pigmentos e corantes é o tema mais recorrente quando se trata de aplicações da 
microscopia Raman na Ciência do Patrimônio e, efetivamente, a primeira publicação na América do 
Sul nesse assunto foi um estudo de uma pintura a óleo de Cândido Portinari (“Retrato de Murilo 
Mendes”) publicada em 1998 (DE OLIVEIRA et al, 1998). A esse estudo seguiram-se vários 
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outros, podendo ser citados os que envolveram a identificação da paleta de Benedito Calixto (DE 
FARIA et al., 1999), a avaliação da autenticidade de um desenho atribuído a Tarsila do Amaral (DE 
FARIA e PUGLIERI, 2011) e a caracterizaçãode uma cópia de guache de autoria de Maurice 
Utrillo feita pelo atelier de Daniel Jacomet (DE FARIA e PUGLIERI, 2016). A degradação de 
policromias com a consequente formação de eflorescências também foi investigada no caso de uma 
pintura contemporânea (esmalte sobre alumínio) de autoria de Emanuel Nassar (PUGLIERI et al., 
2016). Também podem ser citados a identificação de pigmentos egípcios antigos presentes em 
fragmentos de sarcófago (DAVID et al., 2001; EDWARDS et al., 2004) e de pigmentos em pinturas 
murais romano-britânicas da região de Northamptonshire, Reino Unido (EDWARDS et al., 2003). 
No caso de pinturas rupestres, foram publicados diversos artigos visando a identificação de 
pigmentos (DE FARIA e LOPES, 2011) com a perspectiva de ampliar o conhecimento sobre 
práticas e técnicas dominadas por diferentes culturas ou então compreender melhor os processos 
associados à deterioração dos pictogramas (DE FARIA e MENEZES, 2011). 
A identificação correta de colorantes depende do uso de espectros de referência confiáveis e da 
interpretação adequada dos resultados: estudo realizado recentemente mostrou que a literatura 
reportava erroneamente o espectro da tartrazina (corante sintetizado pela primeira vez no final do 
Século XIX) como sendo do pigmento amarelo da Índia que teria sido usado entre os Séculos XV e 
XIX (DE FARIA et al., 2017). Ainda, foi demonstrado que a intensidade da banca em ca. 660 cm-1 
no espectro da hematita não pode ser tomada como indicador de que tenha sido produzida por 
aquecimento intencional de goethita (DE FARIA e LOPES, 2007) e, como último exemplo, a 
espectroscopia Raman foi usada recentemente para demonstrar que a coloração turquesa de 
simulantes de azul maia (material híbrido formado por índigo e paligorsquita) não é devida à 
formação de dehidroíndigo (DHI), uma forma oxidada de índigo (BERNARDINO et al., 2018). 
Outro aspecto importante que vem sendo explorado refere-se às características e propriedades do 
pigmento em si, como é o caso do caput mortuum, um pigmento histórico de coloração púrpura 
constituído por Fe2O3. Mostrou-se que sua cor não está relacionada ao tamanho das partículas do 
pigmento, mas sim a defeitos estruturais que tem impacto em seu espectro de absorção no visível e 
infravermelho próximo (SANTOS, 2018). 
A questão da identificação de aglutinantes em pinturas rupestres foi abordada em simulações feitas 
em laboratório usando as espectroscopias Raman e FTIR e Cromatografia a Gás acoplada a 
Espectrometria de Massa (GC-MS), que mostraram que óxido de ferro (III) e de manganês (IV) 
aceleram a decomposição de linoleato de metila, empregado para simular o comportamento de 
aglutinantes (BERNARDINO et al., 2014). Diversos lipídios de potencial interesse como 
aglutinantes e seus produtos de degradação foram investigados por espectroscopia Raman, 
Ressonância Magnética Nuclear (NMR) e GC-MS (MAIER et al., 2005). 
Estudos sobre têxteis e seus colorantes geralmente tem de contornar a forte luminescência 
apresentada pelas amostras, razão pela qual é frequentemente necessário utilizar o efeito SERS 
(Surface Enhanced Raman Scattering) para a obtenção de espectros. Foi dessa forma que amostras 
de fibras coloridas (vermelhas e verdes) do período pré-Colombiano encontradas no Perú foram 
caracterizadas (BERNARDINO et al., 2015). 
A corrosão de objetos feitos em metal também é tema de interesse, em especial no contexto da 
conservação preventiva. Chumbo é um metal frequentemente encontrado em bens culturais e foram 
publicados estudos sobre sua corrosão por compostos orgânicos voláteis (VOCs) emitidos por 
fontes naturais ou antropogênicas (DE FARIA e PUGLIERI, 2010; DE FARIA et al., 2013; 
PUGLIERI et al., 2014). 
Biomateriais tem maior susceptibilidade à deterioração, o que aumenta a complexidade do estudo e 
geralmente implica em luminescência, dificultando o uso da espectroscopia Raman. Apesar disso, 
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foi possível estudar ossos encontrados em sepultamentos em sambaquis no sul do Brasil (DE 
FARIA et al., 2005; EDWARDS et al., 2001) e artefatos de resina usados por indígenas como 
adornos labiais perfurantes (tembetás) (DE FARIA et al., 2004; DE FARIA et al., 2005). 
Apesar de menos intensamente estudadas, contas são objetos que chamam a atenção pela sua 
importância em sociedades antigas. A espectroscopia Raman foi empregada no estudo de contas 
encontradas nos sítios arqueológicos de Sipán (Lambaieque, Perú) (DE FARIA et al., 2014). 
A preocupação com a conservação preventiva de bens culturais também pode ser encontrada na 
publicação que reporta o desenvolvimento de sensores capazes de identificar precocemente a ação 
de agentes químicos potencialmente agressivos através de microbalanças de quartzo 
(CAVICCHIOLI e DE FARIA, 2006). 
 
4. Conclusões 
Neste resumo foram apresentados alguns exemplos de trabalhos realizados no LEM, nos quais a 
microscopia Raman teve papel chave na caracterização da composição química local de objetos e 
ambientes, contribuindo especialmente nos campos da conservação preventiva, química forense, 
história da arte e química de bens culturais. 
 
Agradecimentos 
Às agências de fomento (CNPq, Capes e, especialmente, Fapesp), ao auxílio de alunos e pós-
doutorandos, bem como de colegas de outras Instituições de Pesquisa e Museus. 
 
Referências 
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Avaliação do gerenciamento ambiental de Coleções no Centro de Arte Popular 
CEMIG de Belo Horizonte- MG 
Bárbara C. Ferreira 1, Willi de Barros Gonçalves 2 
1 Conservação-Restauração de Bens Culturais Móveis Universidade Federal de Minas Gerais | Brasil 
2Prof. Adjunto – Curso de Conservação-Restauração de Bens Culturais Móveis LACICOR – Laboratório de 
Ciência da Conservação CECOR – Centro de Conservação-Restauração de Bens Culturais UFMG - 
Universidade Federal de Minas Gerais | Brasil 
*barbara.bcf@hotmail.com 
 
Palavras-chave: Sustentabilidade na preservação do Patrimônio Cultural; Conservação preventiva 
de bens culturais; Gerenciamento Ambiental de coleções; Sistemas de climatização para museus 
arquivos e bibliotecas; Eficiência energética de edifícios que abrigam coleções. 
 
1. Introdução 
 
Este resumo apresenta a pesquisa desenvolvida no âmbito do Trabalho de Conclusão de Curso para 
a graduação no curso de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis (FERREIRA, 2017) 
que investigou o gerenciamento ambiental de coleções empregado no Centro de Arte Popular da 
Cemig. 
O Centro de Arte Popular da Cemig (CAP), inaugurado em 2012, é um dos espaços integrantes do 
Circuito Cultural Praça da Liberdade e está sob a gestão da Superintendência de Museus e Artes 
Visuais da Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais. As obras que constituem a coleção de 
Arte Popular foram elaboradas por artistas mineiros nos mais diversos suportes como madeira, 
cerâmica, tecidos e pedras e são originárias, em sua maioria, do Vale do Jequitinhonha, Cachoeira 
do Brumado, Divinópolis, Prados, Ouro Preto e Sabará. O espaço conta com salas para exposições 
de longa duração e outras de exposição temporária onde são realizadas exposições de artistas de 
outras regiões do Brasil. 
O edifício que abriga o CAP, localizado na Rua Gonçalves Dias nº 1608, foi projetado pelo 
arquiteto mineiro Luiz Signorelli em 1928 originalmente para uso residencial. O uso de edificações 
já existentes para abrigar espaços expositivos é comum no Brasil, mas muitas vezes estas não 
apresentam certas características relevantes para um funcionamento eficaz. Para a adequação do 
edifício às necessidades referentes ao microclima dos ambientes de um museu, podem ser utilizados 
recursos e estratégias arquitetônicas de climatização que podem incluir o uso de sistemas ativos de 
ar condicionado (como o que é empregado no CAP nas salas de exposição 01 e 02). Porém tal 
abordagem nem sempre apresenta bons resultados, uma vez que, equipamentos mecânicos muitas 
vezes são danificados ou desligados o que gera flutuações climáticas

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