Prévia do material em texto
( Universidade Católica de Moçambique Instituto de Educação à Distância Centro de Recurso de Chimoio Análise das motivações do êxodo rural no Distrito de Macate, estudo do caso povoado de Gojombe na Localidade de Chissassa 2018-2021 Mário Manuel Saramara Moiana Chimoio, Janeiro de 202 3 )// ] = Universidade Católica de Moçambique Instituto de Educação à Distância Centro de Recurso de Chimoio Análise das motivações do êxodo rural no Distrito de Macate, estudo do caso povoado de Gojombe na Localidade de Chissassa 2018-2021 Mário Manuel Saramara Moiana - 708193615 Monografia submetida ao Instituto de Educação à Distância da Universidade Católica de Moçambique para a obtenção do Grau de Licenciatura em Ensino de Geografia Supervisionado por: Celestino P. Tomocene Chimoio, Janeiro de 2023 Índice DECLARAÇÃO DE HONRA i AGRADECIMENTOS ii DEDICATÓRIA iii LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS iv LISTA DE TABELAS v RESUMO vi CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO 1 1.1. Delimitação do Tema ao nível: Espacial e Temporal 2 1.2. Enquadramento do tema 2 1.3. Justificativa 2 1.3.1. Relevância do Estudo 3 1.3.2. Relevância Pessoal 3 1.3.3. Relevância Científica 3 1.3.4. Relevância Social 3 1.4. Problematização 4 1.5.1. Primária 5 1.5.2. Secundária 5 1.6.1. Geral 5 1.6.2. Específicos 5 CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA 6 2. Conceitos Básicos 6 2.1. Tipos de Migração 6 2.1.1. Alguns Tipos de Migrações Internas 7 2.1.2. Políticas públicas, assimetrias espaciais e movimentos migratórios 8 2.1.3. As motivações migratórias para a cidade de Chimoio 9 2.1.4. Emprego e rendimentos 9 2.1.5. Educação 10 2.1.6. Saúde, água e energia – desigualdades socio-espaciais 10 2.1.7. As migrações internas 11 CAPÍTULO III: ASPECTOS METODOLÓGICOS 13 3. Tipo de Pesquisa 13 3.1. Instrumento de Recolha 13 3.2. Universo ou População 14 3.3. Amostra 14 3.4. Considerações Éticas do Trabalho 14 CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS 15 CAPÍTULO V: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 15 CAPÍTULO VI: CONCLUSÕES E SUGESTÕES 15 Referências bibliográficas 16 APÊNDICE 17 Apêndice 1 18 2 2 DECLARAÇÃO DE HONRA Eu, Mário Manuel Saramara Moiana, tenho a honra de declarar que o presente trabalho de pesquisa científica que tem requisitos como fim do curso para a obtenção do grau de Licenciatura em Ensino de Geografia é original e o seu conteúdo ainda não foi apresentado em outra instituição para a obtenção de qualquer outro grau académico. Esta pesquisa resultou da minha investigação pessoal, nele estão indicadas as fontes e as referências bibliográficas por mim utilizadas e citadas ao longo da presente monografia Chimoio, 29 de Janeiro de 2023 ________________________ (Mário Manuel Saramara Moiana) AGRADECIMENTOS Agradeço em primeiro lugar à DEUS todo-poderoso pela graça de viver e sustentar-me nas minhas fraquezas para continuar com os desafios que enfrento a cada romper do sol quando levanto-me, à minha família que incansavelmente me apoiou durante o início deste percurso. De igual maneira os meus agradecimentos vão para esta Instituição de Ensino Superior a qual vem proporcionando as habilidades e competências profissionais para soluções dos problemas da comunidade. Especiais agradecimentos vão para o meu supervisor que incansavelmente transmitiu-me o seu saber para que a presente monografia tivesse a qualidade científica - académica e aceite, deu-me força e coragem para prosseguir com o trabalho e superar todos os obstáculos, não se esquecendo das duras críticas que tornaram este trabalho excelente. Aos meus colegas, docentes do Curso de Licenciatura em Ensino de Geografia, pelos excelentes momentos de partilha de conhecimentos e de experiência, o meu muito obrigado. DEDICATÓRIA Dedico este trabalho de conclusão do curso de Licenciatura em Ensino de Geografia especialmente, à DEUS, por ser essencial em minha vida, guia do meu destino, o meu refúgio em tempos de desespero, aos meus pais, e aos meus filhos, e à todos que acreditaram em mim, encorajando-me para seguir em frente, proporcionando-me, deste modo, força para combater e vencer esta batalha também não se esquecendo aos colegas do curso de Licenciatura em Ensino de Geografia assim como ao meu supervisor que sempre acreditou na minha atitude, coragem e determinação. LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS MPF - Ministério do Plano e Finanças LISTA DE TABELAS Quadro 1…………………………………….pag.16 RESUMO O corpo do trabalho procura explicar as razões que explicam esse comportamento. O êxodo rural acelera a urbanização. Mas, o crescimento de nossas cidades é cada vez menos influenciado pelo êxodo rural. Pelas estimativas feitas do êxodo rural em relação ao crescimento da população urbana, no período de 1991 a 2000, 33,1% do crescimento da população urbana foi contribuição do êxodo rural. O ritmo migratório rural-urbano é frequentemente superior à taxa de crescimento natural da população citadina, em resultado da procura de oportunidades de emprego por parte das populações rurais, o que reflecte (e cria novas) pressões sociais e económicas. O texto procura demonstrar como as políticas de desenvolvimento são geradoras de uma economia dual, afectando os movimentos migratórios e as dinâmicas demográficas e de urbanização, assim como a natureza do emprego e os processos de actividade e de acumulação económica. Dentre os factores responsáveis pelo fenómeno migratório em questão, destacam-se os seguintes: a falta de oportunidade no campo, a falta de apoio para a agricultura familiar, a violência praticada por assaltantes que invadem os campos de produção e as casas dos agricultores em busca de dinheiro e bens materiais. Palavra-Chave: Exodo rural, problemas urbanos; politicas publicas. CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO Segundo Raimundo (2009a, 2011), Moçambique não é excepção no que toca ao fenómeno dos movimentos migratórios, os quais são características preponderantes das populações locais, assentes nos condicionalismos sociais, económicos e políticos resultantes da descolonização, oportunidades de emprego e de formação, conflitos internos, cooperação internacional e desastres naturais. O movimento migratório de que o país tem sido palco apresenta ramificações aliadas ao seu passado histórico. A migração remonta ao século XV, com a chegada dos portugueses, embora Moçambique já fizesse parte há bastante tempo da rota comercial entre a costa oriental de África e o Golfo Pérsico e a Índia percorrida pelos árabes que se dedicavam ao comércio. O ritmo migratório rural-urbano é frequentemente superior à taxa de crescimento natural da população citadina, em resultado da procura de oportunidades de emprego por parte das populações rurais, o que reflecte (e cria novas) pressões sociais e económicas. Ao longo deste texto procura-se compreender os factores que levam as populações de origem rural a migrar para a cidade de chimoio, assim como compreender as dinâmicas de relacionamento das mesmas, uma vez na cidade, com o seu universo de origem. Finalmente, pretende-se aferir as expectativas de regresso das populações migrantes, considerando as representações sociais que constroem sobre os contextos de proveniência. O texto procura demonstrar como as políticas de desenvolvimento são geradoras de uma economia dual, afectando os movimentos migratórios e as dinâmicas demográficas e de urbanização, assim como a natureza do emprego e os processos de actividade e de acumulação económica. Assim sendo, a presente monografia de pesquisa está constituída em três (6) capítulos a destacar: Capítulo I: Introdução, II: Fundamentação Teoria e Capítulo III: Aspectos Metodológicos, onde encontramos: metodologia de pesquisa, tipo de pesquisa, instrumentos de recolha de dados, universo ou população e amostra; Capítulo VI: apresentação de resultados, Capítulo V: discussão de resultados e Capítulo III: conclusão e recomendação. Para a concretização dos objectivos definidos, fazer-se-á uma pesquisa qualitativa, onde segundo Marconi & Lakatos (2010, p.43)uma pesquisa qualitativa é aquela em que o ambiente natural é a fonte directa para a colecta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave. 1.1. Delimitação do Tema ao nível: Espacial e Temporal No que concerne a delimitação espacial o projecto, será realizado no povoado de Gojombe, Localidade de Chissassa, distrito de Macate, Província de Manica. Sendo Macate um distrito situado no centro da província de Manica, Moçambique, tem limite, a norte com a cidade de Chimoio e o distrito de Gondola (também a leste), a oeste com o distrito de Vanduzi e a sul com o distrito de sussundenga. A sede do distrito é a vila de Chissassa. Quanto a delimitação temporal o estudo decorrerá entre os meses Fevereiro a Dezembro do ano 2023 1.2. Enquadramento do tema O trabalho enquadra-se no âmbito do curso de ensino de Geografia ministrado pelo Instituto de Educação a Distância, na Universidade Católica de Moçambique. O tema associa-se as disciplinas de cunho pedagógico nomeadamente, a Geografia de População e Povoamento e as Metodologia de Investigação Científica que suportam conteúdos relacionadas as formas que devem ser ministradas as aulas de Geografia. 1.3. Justificativa Nota-se que deslocação de indivíduos para diferentes espaços territoriais internos e além-fronteiras, é cada vez acentuada e assume proporções que afectam a maior parte das regiões dacidade de Chimoio. Devido à sua relativa estabilidade socioeconómica e política na região, a imigração regular e irregular é uma realidade que tende a crescer, com implicações nos vários níveis da sociedade. Os dados estatísticos migratórios no país estão aquém do que realmente espelha a realidade actual. Os pressupostos por detrás da ocorrência dos movimentos migratórios em Macate, concretamente na localidade de Chissassa, envolvendo vários segmentos da sociedade – indivíduos (incluindo quadros qualificados), famílias inteiras e mesmo grupos – são complexos. As causas e a decisão de migrar, embora se relacionem com questões económicas, como muita literatura sobremigrações sugere, podem estar assentes em vários factores conjugados (políticos, socioeconómicos e culturais) encontrados no local de acolhimento. A migração e a mobilidade em Moçambique variam em conformidade com a localização regional, perfis histórico, económico e ambiental, realizando-se “em forma de trabalho migratório, movimentos pendulares e circulação de pessoas e bens entre fronteiras regionais – comércio transfronteiriço” 1.3.1. Relevância do Estudo De forma geral, as causas económicas, sendo o distrito basicamente agrícola, onde a maior parte dos indivíduos vive no campo, mais de 70% em situação de pobreza, a migração para os centros urbanos, constituem estratégias embora nem sempre triunfantes para melhorar as condições de vida. A cidade de Chimoio é apelativa, existem muitas infra-estruturas socioecónomicas e culturais, por comparação com o campo, o que permite encontrar empregos formais ou, na falta destes, ingressar no sector informal, bastante enraizado nas cidades e vilas moçambicanas. Esta diversificação de causas levou a criação desta pesquisa. 1.3.2. Relevância Pessoal O presente tema tem relevância pessoal, pois o mundo está em constante progresso gerando a competitividade, onde para sobreviver é necessário que apresente diferenciais, buscando benefícios que possa atrair, reter, satisfazer e fidelizar seus clientes em particular o cidadão na função. 1.3.3. Relevância Científica Ao nível académico servirá de fonte de consulta para as futuras investigações as motivações do êxodo rural no Distrito de Macate. 1.3.4. Relevância Social Os pressupostos por detrás da ocorrência dos movimentos migratórios em Macate, concretamente na localidade de Chissassa, envolvendo vários segmentos da sociedade – indivíduos (incluindo quadros qualificados), famílias inteiras e mesmo grupos – são complexos. As causas e a decisão de migrar, embora se relacionem com questões económicas, como muita literatura sobremigrações sugere, podem estar assentes em vários factores conjugados (políticos, socioeconómicos e culturais) encontrados no local de acolhimento. A migração e a mobilidade em Moçambique variam em conformidade com a localização regional, perfis histórico, económico e ambiental, realizando-se em forma de trabalho migratório, movimentos pendulares e circulação de pessoas e bens entre fronteiras regionais – comércio transfronteiriço. 1.4. Problematização Segundo Cervo e Bervian (2005, p. 84), problema é uma questão que envolve intrinsicamente uma dificuldade teórica ou prática para qual se deve encontrar uma solução. A primeira etapa da pesquisa é a formulação do problema, que pode ser na forma de formulação de perguntas. Tomando em consideração que problema é uma questão de ponto de partida, podemos nos apoiar na definição de GIL (2008), o qual define como qualquer questão não resolvida e que é objecto de discussão em qualquer domínio de conhecimento. Os movimentos migratórios internos têm sido associados, entre outros, aos factores políticos, a guerra civil dos 16 anos, as então incursões armadas dos países vizinhos, o crescimento das cidades bem como factores ambientais cíclicos manifestos em cheias, ciclones e secas. O contexto migratório moçambicano sugere uma forte movimentação interna entre as regiões e províncias do país. Observa-se que as assimetrias entre o campo e a cidade constituem um chamariz para as populações rurais menos desenvolvidas, devido à existência de infra-estruturas e oportunidades sociais e económicas nas cidades. Este tipo de migração rural-urbano resulta também. Segundo Raimundo (2009b), das políticas socialistas traçadas pelo Estado moçambicano que desembocaram em imperfeições na economia rural, bem como no insucesso do desenvolvimento cooperativista, que se supunha iria estimular o desenvolvimento rural através da criação de aldeias comunais. Olhando para as causas económicas, sendo o distrito basicamente agrícola, onde a maior parte dos indivíduos vive no campo, mais de 70% em situação de pobreza, a migração para os centros urbanos, constituem estratégias embora nem sempre triunfantes para melhorar as condições de vida. A cidade de Chimoio é apelativa, existem muitas infra-estruturas socioecónomicas e culturais, por comparação com o campo, o que permite encontrar empregos formais ou, na falta destes, ingressar no sector informal, bastante enraizado nas cidades e vilas moçambicanas. Diante desta problemática, o presente projecto reflecte sobre a seguinte questão de pesquisa: · Quais são os principais indicadores do êxodo rural no distrito de Macate, concretamente no povoado de Gojombe, localidade de Chissassa? 1.5. Hipóteses 1.5.1. Primária É provável que a falta de serviços básicos, como escolas secundarias, hospital e empresas seja a maior motivação do êxodo rural no distrito de Macate, concretamente no povoado de Gojombe. 1.5.2. Secundária É provável que a implantação de hospitais, escolas secundarias, microempresas e entre outras infra-estruturas minimizaria o êxodo rural no distrito de Macate, concretamente no povoado de Gojombe. 1.6. Objectivos A presente pesquisa tem como objectivo: 1.6.1. Geral · Analisar as motivações do êxodo rural no Distrito de Macate, no povoado de Gojombe na Localidade de Chissassa 2018-2021. 1.6.2. Específicos · identificar os aspectos motivacionais para ocorrência da migração no distrito de Macate; · Caracterizar as Políticas públicas, assimetrias espaciais e movimentos migratórios; · Descrever as motivações migratórias para a cidade de Chimoio; · Descrever o impacto das migrações internas. CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA Neste capítulo, proceder-se-á ao enquadramento dos conceitos teóricos operatórios mais importantes para a presente pesquisa. Estes conceitos irão ajudar a compreender melhor a abordagem sobre a Análise das motivações do êxodo rural no Distrito de Macate, estudo do caso povoado de Gojombe na Localidade de Chissassa 2018-2021 2. Conceitos Básicos Segundo Portela e Vesentini (2009), o êxodo rural é o processode migração rural-urbana, ou seja, o deslocamento de populações do campo para as cidades levando à intensa urbanização como consequência. Os projectos migratórios reflectem, deste modo, desigualdades de acesso a recursos de poder escassos, relacionados com oportunidades de trabalho e de rendimento, com acesso a mercados de consumo, a centros de saúde ou educacionais, ou a bens de primeira necessidade como água e energia. Se a literatura vem sendo fértil nas análises dos problemas de crescimento acelerado das grandes cidades, em virtude de movimentos migratórios rurais, uma menor atenção tem sido conferida aos factores de êxodo rural ou às relações existentes entre as populações de descendência camponesa, uma vez nas cidades, com o seu meio de origem, assim como dos efeitos desses êxodos nas comunidades rurais de proveniência. 2.1. Tipos de Migração Entende-se por migração, qualquer mobilidade espacial feita por sociedades humanas. A migração é um movimento que de um lado se configura em emigração, quando o movimento é de saída de um determinado país; e imigração, quando o movimento é de entrada em um determinado país. Para Mapengo (2011), as migrações podem ser de vários tipos, como: a) Migração internacional ou externa: aquela que se realiza de um país para o outro. b) Migração nacional ou interna: aquela que se realiza dentro do mesmo país. Essa se subdivide em : b.1) Migração inter-regional: aquela que se realiza de uma região para outra. b.2) Migração intra-regional: aquela que se realiza dentro da mesmo região. Se levarmos em consideração o tempo de permanência do migrante temos: a) Migração definitiva: quando a migração se dá sem que o migrante saiamais do local para onde foi, ou que não voltei mais para o local de onde saiu. b) Migração temporária: quando a migração se dá por um tempo que podeser determinado ou indeterminado. Ainda Mapengo (2011), a forma como se deu a migração tem: a) Migração espontânea: quando ela se dá por vontade própria do migrante. b) Migração forçada: quando ela se dá por uma vontade externa ao interesse do migrante. c) Migração planeada: quando ela se dá de forma planejada afim de cumprirem determinado objectivo. 2.1.1. Alguns Tipos de Migrações Internas Segundo Portela e Vesentini (2009), as migrações internas temos os seguintes movimentos: a) Êxodo rural: tipo de migração que se dá com a transferência depopulações rurais para o espaço urbano. Esse tipo de migração em geral tende a ser definitivo. As principais causas dele são: a industrialização, a expansão do sector terciário e a mecanização da agricultura. O êxodo rural está directamente ligado ao processo de Urbanização. b) Êxodo urbano: tipo de migração que se dá com a transferência depopulações urbanas para o espaço rural. Hoje em dia é um tipo de migração muito incomum. 2.1.2. Políticas públicas, assimetrias espaciais e movimentos migratórios As análises académicas vêm demonstrando o carácter incoerente e desestruturado das políticas públicas, com efeitos improcedentes sobre o desenvolvimento da agricultura e do mundo rural. Da análise do orçamento de Estado, Cassamo et al. (2014), “constatam a alocação de valores bastante reduzidos para a agricultura, assim como baixos níveis de execução orçamental”. Poroutro lado, os investimentos em infra-estruturas de apoio à actividade agrícola (por exemplo, em regadios) não mereceram significativa importância nas políticas públicas. Da mesma forma, Mosca e Dada (2014), constatam uma incoerência entre a estratégia de aumento da produtividade agrícola e a política de concessão de subsídios, processo fortemente politizado e com débeis mecanismos de monitorização, facilitando desta forma a utilização indevida e os baixos índices de reembolso. Da mesma forma, a informalidade da grande maioria dos produtores agrícolas (sem documentação, títulos de uso da terra ou bens que sirvam de garantia bancária) condicionam o acesso a subsídios. Comparativamente com outros sectores da economia, o sector agrário apresenta riscos acrescidos, com efeitos sobre o retorno do capital, tornando-se pouco competitivo para absorver recursos e pouco atractivo para a banca comercial. O volume de crédito destinados agricultura é baixo e dirige-se maioritariamente para as culturas de exportação, comercialização e pequena transformação, negligenciando os pequenos produtores de alimentos5. Por outro lado, as taxas de juro apresentam-se altas, desincentivando o investimento no sector. A situação é agravada pelas reduzidas ou inexistentes taxas alfandegárias para produtos agrícolas,prejudicando os produtores locais. Inversamente, pelo facto de a agricultura ser essencialmentefamiliar e de subsistência e não dirigida para a exportação, os instrumentos de política monetária(nomeadamente de desvalorização de metical) têm efeitos limitados sobre a produção agrícola. Por outro lado, para Mosca e Abbas (2016), “os mercados agrícolas mantêm-se fortemente desestruturados e marcados por fortes assimetrias espaciais”. Em consequência das longas distâncias, das deficientes condições das vias de acesso (sobretudo das estradas secundárias e terciárias), persistem as dificuldades de escoamento das zonas produtoras para os centros urbanos. Os custos de transporte são agravados pelos problemas de manutenção e pelo facto de grande parte da comercialização interna serializada por comerciantes de pequena dimensão. O isolamento das populações e o défice de organização dos produtores não só gera assimetrias de informação sobre os preços como reduz a respectiva capacidade de negociação. Da parte do Estado, constata-se uma fraca capacidade para promover a investigação, a extensão rural ou a organização dos produtores e comerciantes, bem como para a fiscalização da actividade ou diálogo com a sociedade civil. 2.1.3. As motivações migratórias para a cidade de Chimoio Para além das origens e redes migratórias, um segundo assunto que se pretende analisar relaciona se com as motivações dessa migração. Entre os motivos apresentados para a vinda para Chimoio,o acesso ao emprego e rendimento constituiu o principal factor referido, mencionado por cerca de dois terços (64,7%) dos inquiridos, bem mais frequente que as oportunidades educativas (20,4%)e o ajuntamento com outros membros da família (17,0%). A referência aos restantes aspectos assumiu um carácter mais residual, nomeadamente acesso à saúde e educação, água e energia, transporte e bens de consumo. 2.1.4. Emprego e rendimentos Como se referiu no ponto anterior, a procura de emprego e de rendimentos constituiu a principal motivação migratória referida pelos inquiridos. Os dados indicam que, comparando com o local de origem, na cidade os rendimentos obtidos são claramente superiores. Ainda que se admita que a chegada à cidade se tenha traduzido numa melhoria do rendimento monetário, os dados apresentados merecem, contudo, algumas reservas. Por um lado, muitas populações migraram para a capital há várias décadas, numa altura em que os valores auferidos no local de origem eram inferiores aos dos dias actuais. Por outro lado, importa considerar que, se os rendimentos obtidos em contextos urbanos são comparativamente superiores, o elevado custo de vida existente na cidade (por exemplo, em transporte ou em bens alimentares) não deixa de ter impactos negativos sobre o nível de vida dos inquiridos. 2.1.5. Educação O segundo factor mais mencionado que motivou a partida do local de origem relacionou-se coma procura de oportunidades educativas (20,4%), particularmente observável entre as populações do Sul (29,4%) da província e entre os homens (24%) inquiridos. Da análise dos dados disponibilizados pelo Ministério da Educação constata-se que, no ano de2013, a cidade de Maputo concentrava mais estabelecimentos do ensino secundário (79) do que as províncias do Niassa (16), Cabo Delgado (20), Tete (22), Manica (26), Inhambane (29), Gaza(36) ou até mesmo da populosa Zambézia (43), factor que não deixará de estar na origem de projectos migratórios. Ao nível do ensino superior, e apesarde a tendência ser de descentralização, de acordo com dados oficiais do Ministério da Educação, no ano 2010, 46,7%da população universitária do país estava matriculada na província de Maputo Cidade, o que ilustrava a forte concentração de oferta de ensino. 2.1.6. Saúde, água e energia – desigualdades socio-espaciais Ainda que os resultados do questionário, não mostrem que o acesso a saúde (2,1%), água (2,1%) ou energia (2,1%) tenham sido referidos como importantes factores migratórios, as estatísticas oficiais dão conta de elevadas assimetrias de acesso a estas infra-estruturas sociais, particularmente entre a cidade de Chimoio e o resto do país. Os dados da Direcção de Recursos Humanos do Ministério da Saúde expressam uma forte concentração de médicos na capital do país, a cidade de Chimoio concentra mais de um terço (37,9%) de todos os médicos do país, sendo que existem mais médicos na cidade de Maputo do que em todas as províncias a norte do rio Save (exceptuando Sofala). Esta discrepância entre a capital e o resto do país é particularmente notória a partir do rácio médico por habitante. Os dados do Ministério da Saúde demonstram a existência, na cidade de Maputo, de 42,8 médicos por cada 100.000 habitantes, valor bem superior ao registado nas províncias da Zambézia (1,7),Tete (2,9), Nampula (3,1) ou Cabo Delgado (3,1), províncias que têm beneficiado de crescentes volumes de investimento. A discrepância é atenuada ao nível do pessoal de enfermagem, ainda que Maputo continue a apresentar o maior rácio de enfermeiros por 100.000 habitantes, mais de três vezes superior à média nacional. 2.1.7. As migrações internas Após a independência em 1975, o movimento das populações dentro das fronteiras internas e internacionais intensificou-se devido sobretudo à guerra civil que se seguiu, com impacto a todos os níveis, desde climáticos e ambientais, passando pela urbanização acentuada com ausência de planificação urbana, dando às cidades por vezes características de cidades-rurais. Segundo Muanamoha & Raimundo (2013) “são apologistas de que depois da independência o país assinalou um aumento da movimentação de população que adveio de factores políticos, o conflito armado de 16 anos, as incursões armadas dos países vizinhos, realizadas na época pela África do Sul e ex-Rodésia (Zimbabwe), bem como factores ambientais cíclicos tais como cheias, ciclones e secas”. Todas estes factores, além de outros, concorreram para a rápida urbanização do país, com todas as consequências socioeconómicas e culturais daí decorrentes. Segundo Araújo (1990), “observa que a falta de acompanhamento socioeconómico dos movimentos migratórios do campo para as cidades, para além do deficiente ordenamento das mesmas, conduziu a um acentuado nível de pobreza das famílias que vivem nas suas periferias, ao aumento do desemprego, bem como à emergência de problemas ambientais que advém do uso intensivo das florestas que existem na cintura das cidades”. O autor refere ainda que no continente africano em geral e em Moçambique em particular, a tendência crescente dos movimentos migratórios do campo para as cidades desencadeia uma transferência cultural que, aliada a relações conflituosas e desiguais, leva ao surgimento de espaços de segregação caracterizados por um proeminente dualismo rural-urbano, que se apresenta de forma visual e oposta em que a dimensão do fenómeno migratório gradualmente cria a sua própria cultura no meio de antagonismos de vária ordem, onde prevalecem por bastante tempo atitudes, hábitos e comportamentos rurais dando origem a um fenómeno que apesar de transitório ruraliza os espaços urbanos (Araújo, 2003, p. 166). O Relatório do Ministério do Plano e Finanças (MPF, 1998) aponta que a “avalanche” de migrantes internos, principalmente aquela que é feita de forma unidireccional campo-cidade, por razões relacionadas com a guerra e o retorno de deslocados e refugiados sem acompanhamento de condições sociais para o enquadramento desta população, condicionou a distribuição espacial em Moçambique. As migrações são fundamentalmente campo-cidade e cidade-cidade. Os novos investimentos à escala nacional, por exemplo, os corredores de desenvolvimento de Maputo, Beira e Nacala são pólos atractivos na procura de emprego e com impacto na redistribuição espacial da população. Os movimentos internos como resultantes, além dos conflitos armados, da diferenciação de desenvolvimento socioeconómico entre as regiões, fazem com que os agentes migrantes procurem outras regiões atractivas, com melhores oportunidades individuais. O contexto migratório moçambicano, na sua generalidade, sugere uma forte movimentação interna entre as regiões e províncias do país (quadro 1), apresentando uma migração interna acumulada significativa, cujos saldos migratórios4 negativos são visíveis sobretudo nas províncias de Inhambane, Gaza e Zambézia com (-205.680), (-188.211) e (-144.459). Quadro 1 – Volume de Migração Interna Acumulada por Província (2007) Província Imigrantes internos (absolutos) Emigrantes internos (absolutos) Saldo Migratório (absoluto) Niassa 45.480 35.962 9.518 C. Delgado 40.947 48.791 -7.844 Nampula 97.574 98.882 - 1.308 Zambézia 67.003 211.462 - 144.459 Tete 41.289 87.020 - 45.731 Manica 157.669 53.519 104.150 Sofala 171.298 160.390 10.908 Inhambane 67.126 272.806 - 205.680 Gaza 63.449 251.660 - 188.211 Maputo-Província 453.347 85.501 367.846 Maputo-Cidade 343.919 243.108 100.811 Total 1.549.101 1.549.101 - Fonte: Muanamoha & Raimundo (2013), a partir dos dados do censo de 2007. CAPÍTULO III: ASPECTOS METODOLÓGICOS Neste capítulo, serão abordados os seguintes aspectos: (i) as metodologias de pesquisa e recolha de dados, (ii) o processo de recolha de dados, (iii) a caracterização e o perfil dos informantes, e (iv) descrição do universo e a amostra. 3. Tipo de Pesquisa Segundo Marconi & Lakatos (2010, p.43) “A metodologia é a parte fundamental para o desenvolvimento do trabalho académico e visa esclarecer os caminhos que foram percorridos para se chegar aos objectivos propostos”. Para a elaboração deste trabalho de pesquisa e o cumprimento dos objectivos, foram usados vários métodos como: Quanto a forma de abordagem: É uma pesquisa qualitativa onde segundo Marconi & Lakatos (2010, p.43) “O ambiente natural é a fonte directa para colecta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave”. Este método permitiu a recolha e a analise dos dados indutivamente. Isto é, as informações obtidas não foram quantificadas. Método de abordagem: indutivo – “sendo indução um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados particulares, infere-se uma verdade geral ou universal, não contida nas partes examinadas”. 3.1. Instrumento de Recolha Como o estudo é qualitativo, a pesquisa teve como método de procedimento a bibliografia e documental. Foram utilizados como procedimentos técnicos: _Pesquisa bibliográfica:consistiu na fundamentação dos aspectos com mais substâncias relacionadas com os propósitos do tema proposto em pesquisa através de obras literárias que abordam sobre conteúdos relacionadoscom o tema em estudo, incluindo artigos, teses, dissertações e internet. Os critérios de selecção dos artigos foram, por conseguinte, referentes aos temas relacionados ao uso de manual do professor. 3.2. Universo ou População O universo ou população é o conjunto de seres animados ou inanimados que apresentam pelo menos uma característica em comum (Marconi & Lakatos, 2010, p.43). Para a presente pesquisa serão inqueridos o chefe da localidade (1), o líder comunitário (1), 8 famílias. 20 pessoas da comunidade local. 3.3. Amostra Lakatos & Marconi (2005), “amostra é a parte do universo seleccionado de acordo com alguns critérios de amostragem”. Pautamos pelo uso de uma amostragem probabilística que baseia-se na escolha aleatória dos pesquisados, significando o aleatório que a selecção se faz de forma que cada membro da populaçãotinha a mesma probabilidade de ser escolhido. Esta maneira permite a utilização de tratamento estatístico, que possibilita compensar erros amostrais e outros aspectos relevantes para a representatividade e significância da amostra. 3.4. Considerações Éticas do Trabalho Segundo o relatório da Belmont (the Belmont Report, 2000), os princípios básicos da ética perante a investigação, que envolvam os seres humanos, assentam em três pilares básicos, respeito pelas pessoas, a beneficência e a justiça. O respeito pelas pessoas garante que os indivíduos devam ser tratados como agentes autónomos. Beneficência, qualquer pessoa envolvida numa investigação deve ser tratada de forma ética, não só respeitam as suas decisões e protegendo as do perigo, bem como garantir o seu bem estar. A justiça, assenta essencialmente no tratamento igualitário, o que significa que o conhecimento e os benefícios alcançados devem ser partilhados de forma justa. As informações e resultados que saíram desta pesquisa, são exclusivamente tratados duma forma global e não individualizada. Qualquer esclarecimento necessário, foi feito mediante uma prévia explicação dos objectivos da pesquisa e suas finalidades. CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS CAPÍTULO V: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS CAPÍTULO VI: CONCLUSÕES E SUGESTÕES Referências bibliográficas · Cassamo, A; Mosca, J; e Arafat, Y (2014) “Orçamento de Estado para aAgricultura” in Observador Rural, 9. Maputo: Observatório do Meio Rural. · Krokfors, C (1995) “Poverty, Environmental Stress and Culture as Factors in AfricanMigrations” in Jonathan Baker and Tade Akin Aina (Eds.) The Migration Experience in Africa.Uppsala: Nordiska Afrikaintitutet, pp. 54-64. · Lakatos, E. M. & Marconi, M. de A. (1991). Metodologia Científica. 2ª Edição, São Paulo, Editora Atlas SA. · Mapengo, M. (2011) Migração rural-urbana e crescimento da população da cidade de Maputo. Maputo: Publiflix Lda, · Mosca, J e Dadá, Y. A (2014) “Investimento no sector agrário” in ObservadorRural, nº 14. Maputo: Observatório do Meio Rural. · Muanamoha, R; Raimundo, I. (2013) A dinâmica migratória em Moçambique. In: ARNALDO, Carlos; CAU, Boaventura (Org.). Dinâmicas da População e Saúde em Moçambique. Maputo: Cepsa · Portela, F; Vesentini, J W. (2009) Êxodo Rural e urbanização. 17. ed. São Paulo: Ática, · Raimundo, I. (2009b) International Migration Management and Development in Mozambique: What Strategies? International Migration Review, v. 47, n. 3, p. 93-122, jul. · Raimundo, I. (2009c) Gender choice and migration in Mozambique. Household dynamics and urbanization in Mozambique. Germany: VDM, Verlag Dr Muller GmbH & co. KG, APÊNDICE Apêndice 1 Localidade de Chissassa- Macate O presente questionário destina-se ao Líder comunitário e o chefe da Localidade, de modo a obter dados subordinados ao tema: Analise das motivações do êxodo rural no Distrito de Macate, estudo do caso povoado de Gojombe na Localidade de Chissassa 2018-2021 Leia atentamente as questões e responda. I. IDENTIFICAÇÃO 1.1 – Localidade:___________________________ 1.2 – Distrito:______________________________ 1.3 – Sexo: Feminino ( ) Masculino ( ) 1.4 - Idade: __________ II. PERGUNTAS 1. Quantas famílias existem nesta localidade ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2. Qual é a maior fonte de renda das famílias ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3. Que motivações levam as populações saírem da zona de origem para a cidade de Chimoio? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4. A falta de serviços básicos podem influenciar a saída da população para a cidade? __________________________________________________________________________________________________________ 5. Que solução daria para estancar as saídas massivas da população para cidades? ________________________________________________________________________________________ Obrigado pela Colaboração 22