Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
n .,, o .. o o ... .. a.... • G) � '7 � a, :a a.... Q_ o ..... e ... " � a.... ::, o, , o .. o o -o ::, Q_ .... - · a, � o ,, � :1: )> 3 o � o, ::r m a.... - n ('i) .. -o ti o º ' i: , ,-. VI .. '-1 / 1 - VI �- 3 -o - ('i) X a, - a, n 3 VI � � o a, - o- a.... ('i) � - ('i) - ... <" o n VI C a.... 3 a, -o e � :J ('i) VI - a, a.... 3 ('i) :J -o a ....... a, a.... a.... ::;.:. ('i) e < :J ('i) a.... ... ... z a, o a, .... :J a, 1 3 o ('i) a, -o z � a, ('i) .o -o e e l'i> VI - · :J a, � a, - · a, ('i) 3 o ('i) 3 .... .o l'i> -O e � ('i) ('i) a, .... - - · VI a, - · n � o �. 3 a.... VI a, , :J � .o a.... e a, iii e a, e � 3 o rn 3 Q_ VI o e a, VI ... a, G) o o .... .... 3 ('i) VI - ('i) 3 <' .o .... e o a, :J a.... - a, o ::, <' ('i) .... VI Q_ a, Q_ ('i) -o ('i) .... 3 ('i) ('i) =.· n o, - · 3 - ('i) .... :J - ('i) :J ....... o .... 3 o, .... 1 VI ('i) a, n o 3 o � 2' íi:' :::, � ... e 3 o, Q 3 3 o, �- ro n .o 3 o e 3 o, -o � ro o :J ('i) :T" VI (\) -o =. · (\) o n Q_ a, (\) i:, -o o � - � � o Q_ 0- 0:. � · o � < -o o o .... ('i) a, õ i:, .... .o Q_ .... a, e a, a, , 3 �. ('i) "' � - , v n (\) .o o o- :J .... n � e � .... VI a,, o l'i> n o a, .... a, 3 c..o - a, ;: ;: i:, :J � o < . o e a, O Q_ :J c..o ('i) ::r .... VI O, O, � i:, e .... ('i) 3 Q_ ('i) a, - - a, a, VI o .. ('i) VI 1:) < 1 VI ('i) n o, ('i) .... - · .... o, Q_ o, Q_ ('i) - n 3 n :J a, o... Q_ e o, a, ::, ::, Q_ � Q_ o o, o o i:, VI a, Q_ � Q_ o, � ('i) VI Q, Q_ ('i) a, l'i> l:) ('i) n :J .... :J - n - · - Q_ ,:::, § a, o - · o, Q_ � o ('i) ('i) o ('i) � , � n 3 e - a, o, ('i) 3 -· n � a, :J :J a, .... ... ('i) U) ::, o, a, - ::, ('i) n a, VI 1:) ('i) o, < ãi " U) ('i) 3 e ... n -· o, n Q_ � a, < VI .... o Q_ Q_ - - · ('i) Q_ .. a, o, r.- VI () o o VI .... Q_ ('i) N o, vn 0, 1 3 i:, o, ::, ::r o, e ::, ... .... ('i) VI i:, ('i) o, ('i) ('i) :J _ ......... ('i) .... - · ('i) - ::, - o - o .... o, ... a, .. .... a, e i:, Q_ (\) a, a, 1 -. N - a, e a, , - o ('i) U) o i:, ('i) .o � VI - • -. Q_ - . !:!!.. O, , ('i) 3 °' -0 i:, I,{) - · C O VI ('i) a, ('i) .... VI - 01 1 ('i) � o o, o o, ('i) .o o - :J e: - · a, - · ('i) s . I,{) -o 3 Q_ a, , ('i) O, Q VI Q_ ... VI .. o ('i) ('i) - o .... a, � � o VI ._ o, 3 a,, �- 3 a, ('i) ......... o : ('i) ) ::, () a, - · e a, - Q_ o � � - 3 � o :o � a, .... .... o, a, n - o � 3 - o o .. a, a, n ::, a, a, ::, ==- vn VI a, a, .... VI 1 Q_ o VI ('i) :J o a, :J Q_ o :3 n Q, a, � 3 � i:, � o, :::, . ::, tQ !') o, � ('i) - . õ � CJ ('i) i:, o VI Q_ � .o e e o, ('i) .... VI o CT ('i) , .. ('i) VI VI - ('i) o, ::, D . a, ('i) i:, ('i) z ('i) e VI o, Q_ i:, 3 ('i) o ('i) � :J () � . VI a, n o, .... O,, CJ � ('i) .... 3 i:, a, ('i) .... .... r.- VI 5· e: - · a, o U) VI ('i) ('i) � () o, ::, a... a:. � .o o e 1VI ('i) ::, ......... ('i) � - -.. o ('i) � o .. - :3 Q_ Q_ � iii' i:, n l'i> e: n - - =. · < o, - ('i) .. e: 3 VI G) < o 3 ('i) VI Q_ o a, - o VI o, o VI ('i) :J < ãi' Q_ a, VI i:, � o Q, - · o N � ........,. 3 >.:- ('i) .o ('i) � � e: ::, s · :J ('i) � tQ () - "tl ::, C) o ::::,.... VI � ' VI o, ('i) ::, - · a... a, VI r) ' � � o o e: 3 a, 3 a, ::, e o, ('i) a; CT o .... o, a... e: ('i) 3 8 3 o .o e: ('i) VI � ::, s .... ('i) VI VI a, , o 3 o, VI i:, a, .... - a:. o VI ;p .... - ::, Q_ o Q_ o, n o ::, VI - o, - a, . I,{) , , . Ql t . , o . .. . ,r ; . Q... ' c_ J;. ' -� � (\) , ·· .� '� ( ..- . · 11 lt • ..o . ' , .. /' e � L (\) I ,. t.1 ; • '. o, VI Formas persuasivas de comunicação política Propaganda política e publicidade eleitoral Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Chanceler: Dom Altamiro Rossato Reitor: Ir. Norberto Francisco Rauch Conselho Editorial: Antoninho Muza Naime Antonio Mario Pascual Bianchi Délcia Enricone Jayme Paviani Luiz Antônio de Assis Brasil Regina Zilberman Telmo Berthold Urbano Zilles (presidente) Vera Lúcia Strube de Lima Diretor da EDIPUCRS: Antoninho Muza Naime Neusa Demartini Gomes Formas persuasivas de comunicação política Propaganda política e publicidade eleitoral 2ª edição Coleção Comunicação - 3 EDIPUCIS Porto Alegre, 2001 ©EDIPUCRS Capa: Cristiano Max Pereira Composição e arte: Suliani Eclitografia Revisão: do Autor Impressão e acabamento: Gráfica EPEC� Coleção Comunicação - vol. 3 Coordenador da coleção: Juremir Machado da Silva Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) G633f Gomes, Neusa Demartini Formas persuasivas de comunicação política: propaganda política e publicidade eleitoral / Neusa Demartini Gomes. - Porto Alegre: EDIPUCRS, 2. ed. 2001. 135 p.; (Coleção Comunicação, 3) ISBN: 85-7430-109-4 l. Comunicação Política. 2. Comunicação de Massa 3. Propagan da Política 4. Publicidade Eleitoral 1. Título CDD 301.16 301.161 341.28 Ficha Catalográfica elaborada pelo Setor de Processamento Técnico da BC-PUCRS Proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem a autorização expressa da Eclitora. EDIPUCRS Av. lpiranga, 6681 -Prédio 33 Caixa Postal l 429 90619-900- Porto Alegre -RS Brasil Foneljax: (51) 320.3523 Ramal 3523 www.pucrs.br/edipucrs/ E-mail: edipucrs@pucrs.br Sumário Prólogo/ 9 1 O que é campanha eleitoral/ 13 2 Funções das campanhas eleitorais/ 19 3 Fatores que influem no comportamento eleitoral / 23 4 Marketing político e marketing eleitoral / 27 5 A personalização do político e a formação da imagem / 41 6 O papel da publicidade na campanha eleitoral/ 47 7 Campanhas publicitárias eleitorais / 51 8 Publicidade eleitoral e propaganda política/ 53 9 Campanha publicitária eleitoral como processo comunicativo/ 59 10 O duplo caráter persuasivo e informativo da publicidade eleitoral e da propaganda política/ 65 11 O desenvolvimento da campanha/ 73 12 Os slogans/ 99 13 A difusão das campanhas / 103 14 Campanhas municipais/ 109 15 Os emissores/ 113 16 Oeleitorado receptor / 123 17 A legislação brasileira/ 129 Referências bibliográficas/ 133 Prólogo O Brasil é, desde as duas últimas décadas, um dos países mais respeitados internacionalmente pelo nível de sua publicida de e pela alta competência de seus profissionais. Armand Matte lart, em seu livro A Publicidade, assim se refere entusiastica mente à publicidade brasileira: ''Em 1981, o Brasil havia causa do sensação, adiantando-se ao pôquer dos grandes" e, comen tando sobre a situação das agências de publicidade no mundo todo, escreve: "Somente subsistem ilhotas que, apesar de uma forte pressão transnacional, conseguem conservar e, inclusive, desenvolver fortes agências nacionais. Entre estas (as ilhotas), países tão diferentes quanto Suíça, Finlândia e Brasil." Lastima velmente, porém, ainda não se pode fazer os mesmos comentários da nossa publicidade eleitoral. Somente o profissio nalismo dos bons publicitários não tem bastado para que o elei torado receba campanhas publicitárias eleitorais com tanta qua lidade quanto as campanhas comerciais planejadas, criadas e produzidas pelas nossas agências de publicidade. Para que pos samos atingir o mesmo nível, é preciso, além de entusiasmo, o conhecimento da teoria e da técnica desta forma de comunicação cujos objetivos são tão diferentes dos da publicidade comercial. As campanhas eleitorais brasileiras são aguardadas quase sem pre com indignação, quando não com sarcasmo, por boa parte da população. Não quero, com este comentário, fazer recair a culpa intei ramente nos profissionais de publicidade: o amadorismo e a ig norância de muitos candidatos, aliados à sede de poder, permi- 9 iPad de juan Neusa Demartini Gomes tem que, sem respeito algum, se passe por cima da sensibilidade e dos interesses da coletividade, abusando da ingenuidade de grande parte do povo brasileiro. Isto faz com que nosso período de campanhas eleitorais (bem maior do que em muitos países desenvolvidos) seja aguardado até como um castigo que vai rou bar-lhe, por algumas horas, e durante, 45 ou sessenta dias (im postas compulsoriamente, portanto sem direito à recusa), a li berdade de escolha da sua programação no rádio e na televisão. O comentário não pretende passar a idéia de que a autora se posicione contra o horário gratuito, embora boa parte dos brasi leiros o faça, 1 e isto, sem dúvida, pela forma como vem sendo utilizado: massificada e saturativamente, geralmente com um produto de qualidade duvidosa que não consegue, por mais que o cidadão comum se esforce, atrair sua atenção e, quanto mais, mantê-lo motivado durante aquele horário. Países mais ricos que o nosso gastam muito menos em pu blicidade eleitoral, conseguindo efeitos bem mais positivos. O irracionalismo e o desperdício parece que são os principais ele mentos levados em consideração quando se pensa em planejar a campanha publicitária. Um jornal paulista, alguns anos atrás, di vulgava, às vésperas das eleições, que um único candidato ao governo do Estado havia jogado nas ruas da capital paulista qua tro milhões de santinhos! 2 Outra pesquisa demonstrou que cerca de 8,5 milhões deles foram espalhados numa só cidade por parte dos 33 vereadores eleitos. Projetando estatisticamente, e consi derando os 615 candidatos que concorreram ao cargo, temos o absurdo total de cerca de 32 milhões de santinhos, distribuídos numa cidade cuja população eleitoral beira os 800.000 indiví duos ... Nada foi feito, até hoje, em termos de eficácia de comunica ção, para se verificar a influência das campanhas publicitárias no 1 2 Recente pesquisa realizada pela autora confirma a hipótese de que o período destina- do à publicidade eleitoral, que antecede às campanhas, não é aguardado com muito entusiasmo pelos eleitores: em Porto Alegre, 56% dos entrevistados consideraram o Horário Eleitoral Gratuito de Regular a Muito Ruim. Santinho e mosquitinho são os nomes populares dos volantes: impressos de pequeno porte muito utilizado nas campanhas publicitárias eleitorais, sobretudo no nível muni cipal. 10 Formas persuasivas de comunicação política comportamento eleitoral do votante. O resultado das urnas é um indicador, mas ninguém pode afirmar que somente a campanha eleitoral, e em sua vertente publicitária, foi a responsável pelo sucesso ou pelo fracasso. O desperdício se dá de duas formas: tanto pelo seu aspecto material (matéria-prima, custo e tempo de produção) quanto pelo seu aspecto de eficácia (saturação e con seqüente incomunicação dos símbolos e signos que são os refe rentes da cultura política partidária). Todo partido tem seus referentes, e a primeira ênfase colo cada neste estudo é a de que as campanhas publicitárias eleito rais devem contribuir para consolidá-los, já que se apresentam de forma tão confusa no Brasil. A mudança constante no quadro partidário brasileiro, o troca-troca de partidos por parte dos can didatos; a pouca utilização dos símbolos e signos dos partidos, substituídos por símbolos personalistas dos milhares de candida tos, que a cada eleição são apresentados à população, faz com que se criem confusões de referentes no imaginário popular. Mas, este não é um problema, a princípio do comunicador, se di ria, apressadamente. O conceito de ato de comunicar (seja ele em formas jornalís ticas ou publicitárias) deve ser usado visando dar alguma contri buição para o desenvolvimento do indivíduo enquanto ser hu mano. A mudança de comportamento promovida por uma cam panha não deve ficar apenas no âmbito do votou, ou não votou em determinado candidato. A campanha também deve ser res- ponsável pelo crescimento do indivíduo enquanto cidadão. E do conhecimento de todos os comunicadores que o controle social que se manifesta na manipulação da opinião pública se dá de di versas maneiras, sendo uma das mais eficazes aquela que se re fere ao conhecimento dos mecanismos de comunicação, já que desinformar e/ou criar confusão deliberadamente ( ou inconscien temente) é uma maneira de manipular a opinião pública. A publicidade eleitoral brasileira, apesar de deficiente em termos de comunicação, pelo tempo que dura, e pela maneira como é tratada, se toma, por si mesma, um dos elementos mais importantes na decisão de voto. Cotteret afirma que "nas socie dades em vias de desenvolvimento, a eleição tem um alcance pa radoxal mente democrático [ ... ] e se comprovou que os procedi- 1 1 Neusa Demartini Gomes mentas eletivos favorecem estranhamente a integração social e política dos indivíduos e dos grupos que nela se envolvem: a eleição é um meio de educação cívica." O eleitor, quando tem boas informações, percebe com facili dade a sucessão de acontecimentos políticos e pode, então, con trastar as fontes de informação, observando a publicidade dos demais candidatos e partidos. Esta possibilidade o auxilia e lhe dá boas condições de eleger os líderes que mais mereçam sua confiança e, por acréscimo, delegar-lhes a defesa de seus inte resses. Também é preciso que se entenda que a cultura cívica, ou de cidadania participativa, não deve ser desenvolvida na população somente pelos candidatos ou partidos políticos. Mas é óbvio que, no caso brasileiro, com pouco tempo de exercício democrático e com o índice de analfabetismo ainda tão alto, mesmo que con centrado em poucas regiões, esse desenvolvimento demanda ações conjuntas de todos os setores da sociedade - além do go verno - através de programas educativos e de informação pelos meios de comunicação. Por este motivo, reafirmo como muito importante - e todo este estudo é conduzido nesta direção - a função também educativa que uma campanha eleitoral deve con ter. 12 NEUSA DEMARTINI GOMES Porto Alegre, outono, 1999. 1 O que é a campanha eleitoral Durante um certo período de tempo, que inicia na indicação de candidatos e culmina na campanha eleitoral, partidos e candi datos se confrontam numa verdadeira batalha,buscando cada qual comunicar-se com o eleitorado, se não da melhor forma, pe lo menos com a maior intensidade: o jogo da democracia é o jogo da competição Com este espírito, muitos assessores de campanhas pensam que é permitido aos candidatos e partidos políticos concorrentes, em períodos de eleições, extrapolarem todos os limites da ética. Isto porque, infelizmente, como guerra é guerra e, também, por que a política é pragmática, para eles os fins acabam justificando qualquer meio - e a qualquer preço - sempre que seja rentável. Convém lembrar que, mesmo nas guerras, há as convenções éti cas. Além disso, não devemos esquecer que as campanhas eleitorais devem ser lutas de idéias ou de progra mas, mais que de imagens e de sensacionalismos baratos. Nessas confrontações políticas, o período que precede as eleições democráticas para cargos públicos, regulamentado pela legislação eleitoral, é aquele em que partidos e candidatos ini ciam suas "campanhas eleitorais". Durante estes dias, tanto uns quanto outros devem procurar as estratégias de comunicação que sejam mais eficazes e que proporcionem, em última análise, vo tos em seu favor. A campanha eleitoral é o mais importante ele mento para o processo eleitoral democrático. 13 Neusa Demart,ni Gomes Antes da análise das funções da campanha, convém conside rar o conceito de eleição, independente de sua situação em um marco político ou não. A eleição vem sendo definida como forma de procedimento, reconhecida pelas regras de uma organiza ção, pela qual todos, ou alguns membros da mesma, escolhem uma pessoa, ou um reduzido número de pessoas, para desempe nhar um cargo com autoridade em tal organização. No plano da política, por necessidade natural, dada a impos sibilidade física de que todos os cidadãos participem continua mente nas decisões públicas, a solução adotada pelas democra cias contemporâneas foi a eleição de representantes para levar a cabo a adoção de tais decisões. Em qualquer tipo de democracia, mesmo nas monarquias modernas, a eleição é considerada como o único expoente f ormaJ da existên cia de representação. O significado do termo canipanha vem de outras atividades laborais, tais como a pesca e a agricultura, e que formam uma atividade operacional aludida a um período de tempo, marcado por etapas a serem cumpridas (preparar a terra, semear e colher, como no exemplo da agricultura). Outra atividade que também utiliza o termo campanha é a militar, quando se refere ao tempo durante o qual um exército planeja e executa uma ação, com vis tas a atingir um determinado objetivo. Assim, campanha eleitoral se entende como: o conjunto de atividades legais, organizadas ou desenvolvidas pe los partidos, coligações ou comitês de eleitores e candidatos, com o objetivo de arrecadar votos para que determinados políticos pos sam ocupar, por representação, os cargos políticos públicos. Na sociedade democrática, existem vários postos de coman do a serem preenchidos por pessoas que são submetidas à esco lha popular, chamados de políticos. Embora a maioria deles este ja, atualmente e, no mundo todo, em descrédito, ainda a socieda de moderna não inventou outra forma melhor para preencher es tes cargos de poder. No caso brasileiro, os políticos candidatos podem concorrer aos seguintes postos: 14 Formas persuasivas de comunicação política • âmbito nacional: presidente e vice-presidente, senadores e deputados federais; • âmbito estadual: governador e vice-governador, deputa dos estaduais; e • âmbito municipal: prefeito e vice-prefeito e vereadores. As campanhas, na sua f arma gráfica, e apoiadas pela legisla ção vigente, iniciam-se assim que o candidato se registra no Tri bunal Eleitoral (o que pode ocorrer até seis meses antes das elei ções). Já o horário disponível para publicidade eleitoral gratuita no rádio e na televisão ocupa o período de sessenta ou 45 dias antes das eleições, no que se refere ao primeiro turno, e quinze dias, quando houver um segundo turno. Para que o eleitor atue, seja em vista do seu próprio interes se, ou seja em vista do interesse da comunidade, necessita de uma mínima informação. Por se tratar de competição entre parti dos e candidatos, além da inf armação, as campanhas eleitorais vêm carregadas de elementos de persuasão, o que as caracteriza, num determinado momento como um esforço de publicidade eleitoral. A saturação a que o eleitor brasileiro está exposto leva a uma reflexão sobre a efetividade dessa comunicação recebida e se ela cumpre realmente seu papel informativo-persuasivo. Mui tas vezes se prestam mais para criar confusão, deixando de cum prir uma das funções principais das campanhas eleitorais: a de informar e contribuir para a formação de uma verdadeira cultura cívica no cidadão. Cultura cívica seria aqui entendida como os esforços gerais que buscam desenvolver no cidadão os concei tos que dizem respeito ao seu conhecimento dos símbolos e repre sentações da vida política. Estes símbolos e representações podem ser: os partidos polí ticos, os cargos públicos representativos e os seus direitos e de veres enquanto cidadãos. A formação da cultura cívica de uma nação não é da inteira respon sabilidade dos políticos e dos partidos políticos, mas no caso brasi leiro, com o desenvolvimento desta cultura em atraso histórico, esta 15 Neusa Demartini Gomes formação demanda ações conjiuntas de todos os setores da socie dade (além do governo), por meio de programas educativos. As campanhas eleitorais, pelo tempo que duram e pela ma neira como são conduzidas, tornam-se os elementos mais impor tantes na decisão de voto, principalmente para a classe sociocul tural menos privilegiada, que é maioria em nosso país. Nas soci edades em vias de desenvolvimento, a eleição tem um alcance de consolidação democrática e os procedimentos eleitorais favore cem a integração social e política dos indivíduos e dos grupos: a eleição realmente funciona como um meio de educação cívica. Já é bastante popular a afirmação de que "só quem possui a informação possui o poder". O eleitor bem informado percebe o desenrolar dos acontecimentos políticos e pode contrastar, inclu sive, as fontes da comunicação que recebe, comparando-as entre si, criando melhores condições de eleger os líderes que mais me reçam sua confiança e delegando-lhes a defesa dos seus interes ses. ,, E importante que os partidos e os candidatos informem bem o eleitorado. Quando se apresentam diversos candidatos para o mesmo cargo, uma decisão racional exigiria um conhecimento do ponto de vista de cada um deles, para selecionar o mais ade quado ao interesse próprio do eleitor. E, do ponto de vista do in t1eresse coletivo (aceitando-se o fato de que o eleitor atua movido pelo desejo de selecionar o candidato que aparece como o mais qualificado para cumprir com os seus deveres públicos, como representante), o problema é o mesmo: dispor de inf armação su ficiente sobre os candidatos e partidos para levar a cabo a sele ção mais adequada. Logo, os pressupostos lógicos racionais da eleição como f arma de designação de representantes requerem a existência de informação para a escolha entre as diversas alter nativas. Então, resumindo: a campanha eleitoral deve ser, no seu sentido estrito, o conjunto de atividades que facilitariam uma parte importante de tal informação, difundindo as posições e respectivas qualidades dos partidos e candidatos. E bom reforçar que, além do eleitor, é necessário também um político bem inf armado porque, 16 --- Formas persuasivas de comunicação política o político bem informado terá mais chances de se manter no poder quando chegar lá. Uma guerra eleitoral pode se tomar saudável, na medida em que partidos e candidatos comecem a disputar a atenção dos elei tores pela boa qualidade da comunicação que oferecem: é assim que funciona na comunicação comercial e, por que não, na polí tica?O êxito de uma campanha eleitoral não se dá somente por que estejam integradas às ações parciais dentro de um plano de marketing, mas sim, pelo fato de que devem estar fundamentadas sobre a oferta de um programa promessa de serviços, em tomo do qual irão se estruturar todos os argumentos empre gados nos diferentes meios selecionados para sua difusão. Para se entrar na disputa com chances de ganhar, é preciso contar com uma série de meios ou recursos, que podem ser reduzidos aos seguintes: 1. Dinheiro, que é o meio universal por excelência. Napo leão dizia que, para ganhar uma batalha, era preciso três coisas: dinheiro, dinheiro e dinheiro. Pode-se dizer o mesmo de uma eleição, mas com a condição de que deve estar em mãos de quem saiba utilizá-lo bem. A história está cheia de casos de par tidos que perderam eleições apesar de terem bastante dinheiro para gastar e, de alguns perdedores que gastaram mais que o vencedor. No Brasil, como nos Estados Unidos e outros países, existem leis de financiamento de campanhas, que estabelecem limites, pretendendo com isso dar uma certa igualdade de condi- ções entre os concorrentes. E um tema bastante polêmico cuja discussão ainda não está encerrada. 2. Organização: contar com uma verdadeira máquina eleito ral. Sem ela, tudo pode ser em vão. Um exemplo foi o de um mi lionário americano, que deveria ter sido adversário de Clinton, e que contava com uma boa fortuna, mas carecia de uma boa má quina. Acabou desistindo da competição pela presidência ameri cana. 17 Neusa Demartini Gomes 3. Apoio de outras máquinas: tão importantes quanto a or ganização do partido, é a dessas outras associações de todo o ti po que, de uma ou outra maneira, funcionam como "correntes de transmissão" de um partido ou de um candidato: sindicatos, igre jas, associações culturais ou profissionais, etc., que apostam num candidato ou partido, e influem nos seus membros como votantes potenciais. 4. Meios de comunicação à disposição dos partidos e can didatos: a legislação brasileira regulamenta a utilização do rádio e da televisão no que diz respeito à publicidade eleitoral. Se até poucos anos atrás os comícios eram a essência de qualquer campanha eleitoral, agora esse papel foi absorvido pela imprensa, pelo rádio e, principalmente, pela televisão. A impren sa comercial exerce a maior influência, ainda que não filiada a nenhum partido, apoiando sem recato aquele partido ou candida to com o qual simpatiza. Porém, existem grandes casos na histó ria das eleições de candidatos apoiados pela imprensa, como o caso de Chirac na França, Carter e Mondale nos Estados Unidos, demonstrando que, mesmo bastante influente, a imprensa não pode alterar sempre as grandes correntes do eleitorado. 18 2 Funções das campanhas eleitorais Sob o ponto de vista que leve exclusivamente em conta o processo eleitoral, a campanha cumpriria unicamente uma fun ção informativa, difícil de substituir. Seria um meio de difusão de massa de informações que, de outra maneira, não estaria ao alcance dos eleitores. Numa visão mais detalhada, veríamos que, mesmo parecendo um paradoxo, a campanha eleitoral se justifi caria, inclusive, até sem se levar em conta a necessidade de elei- çoes. As campanhas eleitorais cumprem, portanto, o importante papel de informar, não somente durante o processo eleitoral co mo, também, em todo o sistema político, seja qual for. Este pa pel não vem se dando, historicamente, apenas nos países demo cráticos mas também, em países, como, por exemplo, os da anti ga União Soviética onde, mesmo quando havia uma relação de candidatos de um único partido, as eleições despertavam uma ilusão de informação bastante aguardada pela sociedade. Há casos onde se pode dizer que a função primária de in formar não existe (quando há um único candidato e o voto é obrigatório, por exemplo). Existem pois, outras funções que se atribuem às campanhas eleitorais: 1. Função de conversão, onde seu objetivo seria converter uma série de demandas dos sujeitos do sistema numa resposta por parte das autoridades do mesmo. Como concepção dinâmica do sistema político, as eleições atuariam tal qual uma correia de 19 Neusa Demartini Gomes transmissão, como o veículo por excelência (apesar de não ser o único) das demandas que se apresentam ao sistema. 2. Funções de comunicação política que, entre autoridades e sujeitos do sistema político, se vê com maior necessidade, in crementada durante o período eleitoral e, onde as campanhas fa riam possível tal comunicação política dos eleitores com as pos síveis presuntas autoridades do sistema e vice-versa. São dois enfoques bastante funcionalistas, mas que justifi cam, do ponto de vista teórico, o uso das campanhas eleitorais. Esta dupla via de comunicação (eleitores e autoridades do siste ma e vice-versa), sobretudo nas campanhas municipais, deveria ser uma constante no diálogo entre candidatos e eleitores. A experiência brasileira nos mostra que não há diálogo: os partidos vêm fazendo, na sua maior parte, uma comunicação política de mão única com a comunidade que vai elegê-los. No Brasil, as campanhas eleitorais são, freqüentemente, um meio de comunicação de uma só direção e com a intenção de persuadir, usando para isto outras técnicas inspiradas muito mais na publicidade comercial do que no uso da inf armação. O crité rio para a seleção da quantidade de elementos informativos ou persuasivos a serem passados durante as campanhas vai depen der do estágio de desenvolvimento cultural do país. Isto significa que, quanto mais culto o cidadão, maior a exigência e predomí nio de inf armações. Além das duas funções vistas, existem outras, catalogadas como de manutenção: 1. As campanhas como meio de legitimação política, onde o processo eleitoral, além de oferecer uma oportunidade para se lecionar representantes e linhas de ação a seguir, supõe um in tento de legitimar o sistema político, conferindo-lhe uma justifi cativa democrática. 2. As campanhas como meio de fixação dos temas de in teresse político, onde o estudo da possível influência dos meios de comunicação de massas na adoção de decisões eleitorais, leva a considerar a existência de um modo mais sutil de influência, diferente da mera persuasão política. Para tanto, vai concentrar a 20 Formas persuasivas de comunicação política atenção do eleitorado sobre certos pontos concretos que se defi niriam como centrais no processo político. A campanha, neste caso, agendaria temas a serem tratados na discussão política so bre os quais seriam organizadas as opiniões do eleitorado. Esta definição de temas cria um foco de interesse comum, unificando, em certo modo, a confusa soma de interesses e opi niões particulares, contribuindo assim para a integração do sis tema. 3. As campanhas como difusão dos símbolos políticos, numa época em que uma das características dos processos políti cos é a polarização de atitudes ao redor de elementos simbólicos que representam interesses, valores ou desejos mais ou menos conscientes. O PT (Partido dos Trabalhadores), por exemplo, utilizando a "Administração Participativa", tem um símbolo real e representa mudanças concretas na realidade social. Em nível nacional, a reforma agrária é outro símbolo coletivo usado por esse partido e que exigirá, caso concretizado, uma mudança ef e tiva na sociedade brasileira, como foi o "plano real", símbolo co letivo usado pelo PSDB (Partido da Social Democracia Brasilei ra) e que demandou mudanças profundas na sociedade, come çando pelo aprender a viver num país sem inflação. A campanha desempenha um papel importante na dimensão simbólica da vida política, não somente porque constitui um fa tor de difusão de símbolos visuais, conceituais ou sonoros (logo tipos, cores, slogans, hinos, bandeiras, etc.), como também a mesma campanha eleitoral seria, em si mesma, um sín1bolo, uma amostra da racionalidade do sistemapolítico. Quanto à difusão da simbologia política se nota, no Brasil, pouca preocupação dos candidatos com as do seu partido. Em pesquisas já realizadas, foi constatado que até mesmo muitos po líticos desconheciam os símbolos conceituais, visuais, ou sono ros dos partidos a que pertenciam. 4. As campanhas como meio de educação cívica, já que a informação fornecida não se I imita a i I ustrar sobre dados refe rentes unicamente a uma situação eleitoral concreta. Há um acúmulo de informações que o cidadão recebeu, por meio das campanhas eleitorais, durante toda sua vida. A campanha deve 21 Neusa Demartini Gomes administrar essa inf armação acumulada, numa ação educacional e socializadora do conhecimento político. Num país como o Bra sil as campanhas deveriam contribuir mais para a educação polí tica do que simplesmente para a seleção política. 5. A campanha moderna como meio de seleção e recru tamento de pessoal político que, por meio da utilização dos meios de comunicação de massas, converte-se na prova de fogo para novos candidatos a lideranças políticas. Neste caso, a ima gem feita pela publicidade eleitoral é um passo decisivo para o êxito ou o fracasso de um novo membro da elite política, e pode resultar em um importante fator para o establishment dos mem bros mais antigos nela, dependendo da perfonnance dos novos. 6. As campanhas como meios de transparência da ação política dos candidatos e dos partidos, como uma função a mais detectada nos últimos anos. Atualmente, a imprensa de qualquer país busca, avidamente, informações sobre os candida tos no que diz respeito a sua vida, não somente pública, como privada. Um bom exemplo foi o episódio provocado pelo PRN (Partido da Renovação Nacional), quando do enfrentamento, em 1989, entre seu candidato Fernando Collor de Mello, e o candi dato do PT (Partido dos Trabalhadores), Luiz Inácio da Silva, conhecido como Lula: com a utilização, por parte de Collor, de um fato negativo da vida privada de Lula e, seguido mais tarde, em 1992, pela ameaça do impeachment ao presidente eleito (Collor). A imprensa brasileira tem um interesse especial em in vestjgar a vida dos candidatos e informar à opinião pública sobre ocorrências obscuras. Assim, a campanha contribui de f arma po sitiva para que os eleitores elejam aqueles que melhor conduzam suas vidas. Já começa a ser prática saudável na política brasileira as vexatórias destituições de candidaturas que se viram envolvi das por escândalos políticos investigados pela imprensa. 22 3 Fatores que influem no comportamento eleitoral A campanha publicitária é um, dentre uma série, de fatores que contribuem para o comportamento eleitoral e exerce in fluência nos indivíduos, tanto quanto os demais. Para defrnir um modelo conceituai dos influenciadores no comportamento elei toral, existem vários fatores de ordem bastante diversa, alguns de ordem individual e outros de caráter contextual ou do meio ambiente social e político de cada lugar. A seguinte classificação geral destes fatores foi utilizada por Johnston, em 1986: 1. Características dos votantes como indivíduos, ou tam bém chamado efeito de grupo ou da estrutura social, onde cada eleitor pertence ou não a um ou vários grupos sociais de algum tipo. Isto vai determinar uma disposição mais ou menos marcada em votar em algum partido, numa disposição compartilhada e com certa intensidade, com o resto dos membros do seu grupo. 2. Características contextuais dos meios ambientes locais - os fatores geográficos espaciais em função da sua composição social global, sua cultura política particular, sua estrutura eco nômica e os aspectos locais das características de uma campanha e uma eleição particular. A consideração do primeiro tipo conduz à realização dos tí picos estudos "individualistas" dos sociólogos, enquanto que a combinação dos dois tipos de efeitos (individuais e geográficos) 23 Neusa Demartini Gomes produz uma maior variedade de análises. Assim, pode-se falar do seguinte conjunto de efeitos explicativos para o comportamento eleitoral: 1. Efeitos de contágio espacial, quando as atitudes pessoais dos eleitores se vêem afetadas pelas relações com outros eleito res que vivem na área. São produzidas distorções na rede de in formação da área, de modo que há um predomínio de algum grupo social, o que determina um curso do fluxo informativo a favor deste grupo concreto. 2. Efeitos de cultura política regional, que se dá com os eleitores de um determinado lugar, quando socializados e educa dos numa opinião política concreta que predomina no lugar. Isto quer dizer que, entre os eleitores daquele lugar, haveria uma crença firmemente arraigada de que o partido X, ou candidatos deste partido, seriam aqueles que melhor os representariam. 3. Efeitos de proteção local ocorrem quando os eleitores dão seu apoio a um partido numa eleição concreta, porque con sideram que esta opção política é a que melhor defende o con junto do lugar de um grave perigo que afeta a própria sobrevi vência da comunidade, à margem dos grupos sociais e ideológi cos em que essa população esteja dividida. Por exemplo, a im plantação de uma empresa química poluente pode levar a este ti po de comportamento eleitoral. Outro exemplo: a vinda de uma nova montadora de carros para um distrito industrial é uma si tuação concreta de como as pessoas se agrupam em tomo de um ideal, protegendo-se pelo voto em um determinado candidato ou partido que apoie a iniciativa, se vista como um empreendimento que vem sanar um problema provocado pelo desemprego local. 4. Efeitos da campanha eleitoral com o apoio dos eleitores a um partido de acordo com a sua intensidade, características e qualidade. No Brasil, este efeito é muito importante, já que as campanhas publicitárias eleitorais configuram a forma mais im portante na qual os eleitores entram em contato com os políticos e com os partidos. Este efeito é medido por freqüentes pesquisas a que são submetidos os eleitores durante todo o período, princi palmente aquele destinado à publicidade eleitoral gratuita no rá- 24 Formas persuasivas de comunicação política dio e na televisão. A nossa legislação tem permitido pesquisas prévias com até um ano de antecedência, ainda sem candidatos efetivos, o que já configura uma forma de consulta popular e in duz o eleitor, até então indeciso, a uma tendência ao candidato que estiver na ponta. Também pesquisas muito próximas às elei ções (proibidas em muitos paises democráticos) são grande in fluenciadoras de votos. Muitas vezes os eleitores deixam-se le var pelos resultados mais positivos em favor de determinados candidatos, já que não gostariam de ter seu voto derrotado, caso optassem por outro menos favorecido pelo resultado das pesqui sas. 5. Efeitos de vizinhos e de amigos ocorrem tanto por parte do eleitor quanto do candidato, uma vez que cada pessoa é um foco emissor de informações e persuasões favoráveis. 6. Efeitos de relocalização ou da imigração que podem se dar em duas situações diferentes: a) quando um imigrante chega a determinado lugar e quer facilitar sua integração, vota de acor do com esta comunidade e b) quando os imigrantes fazem os partidos mudarem sua evolução histórica, porque com a integra ção de novos grupos é necessário, muitas vezes, a mudança de programas em função da mudança dos comportamentos produzi- dos pelo grupo novo. E muito comum acontecer este efeito, nas suas duas versões, em grandes metrópoles que acolhem imigran tes e migrantes, como é o caso de São Paulo. 7. Efeito das votações táticas, e que costumam ocorrer quando as influências causais somente são relativamente signifi cativas no contexto do sistema eleitoral majoritário. Neste caso, certas circunscrições eleitorais, de população especialmente he terogênea, podem variar facilmente de opção eleitoral, inclinan do-se, por vezes, pelo candidato de um partido e, em outros momentos, pe]o de outro. Isto pode levar a algumas variações signi ficativas na maioria eleitoral que se produza no país. No Brasil, é freqüente este efeito, e é muito importante para a estratégia dos partidos brasileiros. 25 Neusa Demartini Gomes Junto a todos estes fatores, não se pode esquecer o compo nente aleatório, levando-se em conta que o comportamento elei toral da população não é totalmente racional como se pretende. Este componente aleatório, em nosso país, adquire uma grande importância e analistas políticos, nacionais e estrangeiros, infe lizmente, confirmam que o voto dos brasileiros continua sendo muito mais emocional que ra cional, embora as campanhas eleitorais durem tanto tempo. 26 4 Marketing político e marketing eleitoral O emprego de formas publicitárias na comunicação política é justificado pela introdução dos chamados "marketing político" e "marketing eleitoral". No nosso país, os dois termos vêm sen do utilizados indiscriminadamente, porém, há diferenças semân ticas entre os dois conceitos: quando falamos em marketing político estamos tratanto de uma es tratégia permanente de aproximação do partido e do candidato com o cidadão em geral. Portanto, não apenas em épocas de eleições, gerando um es forço que, além de permanente, deverá ser sistemático e organi zado e que perdurará durante toda as suas vidas. Fazer marketing político significa incluir a formação de futuros eleitores, ou seja, uma estratégia que vai abranger diferentes tipos de públicos, em vários segmentos socioculturais e faixa etária. Já o marketing eleitoral trata de uma estratégia voltada para o eleitor, com o objetivo de fazer o partido ou candidato vencer uma determinada eleição, o que se dá, também, num determinado momento da vida políti ca de um país. Destas duas estratégias não constam apenas os esforços de comunicação, mas todo um conjunto de técnicas e de instrumen tos específicos que serão selecionados, dependendo dos objeti vos específicos que se quer atingir. 27 Neusa Demartini Gomes Como exemplo de marketing político podemos citar um es forço para dar notoriedade a uma ideologia partidária; a pesquisa das necessidades dos cidadãos a fim de criar-se um programa novo que revitalize o partido ou o candidato; a divulgação desta pesquisa em forma de programa; um debate entre líderes políti cos e sindicais para a discussão de determinadas posturas parti dárias; um programa de palestras e conferências em escolas de todos os níveis; um envolvimento, através do patrocínio de even tos culturais, esportivos, ecológicos, etc., dentre muitas opções e combinações delas que se apresentam. O marketing eleitoral acontece como uma estratégia da épo ca de eleições e visa, além de eleger partidos e candidatos, cha mar a atenção para determinados nomes e siglas partidárias que, futuramente, ganhando ou não as eleições, poderão vir a disputar outros cargos. Em ambos os casos, o seu objeto é a relação entre o eleitor e o candidato, relação esta que inclui, além de outras fases e instrumentos, a comunicação nas suas formas política e eleitoral. Mesmo tendo a comunicação como objeto final, alguns auto res condenam o uso dos termos "marketing político" e "marke ting eleitoral", porque existem diferenças que separam objetivos de marketing empresarial daqueles que estas duas últimas for mas de marketing perseguem. Para estes autores, estas diferen ças são suficientemente significativas e justificariam uma mu dança de denominação, já que parece sem sentido chamar "coª mercial ou empresarial" técnicas empregadas com fins eleitorais. A origem do termo pode suscitar conotações pejorativas para a política, no momento que estabelece analogia com a atividade comercial. A respeito disso, pode-se dizer que o prestígio do conceito de "marketing político e eleitoral" para alguns, ou seu pejorativo sentido para outros, estão ligados, sem dúvida, em parte, ao mis tério e ao exotismo da palavra niarketing. Hoje, na sociedade de massa, não é possível pensar-se em fazer política sem uma estra tégia voltada para as massas, como são as de marketing. Há uma preocupação dos cientistas políticos em saber até que ponto ele influencia a participação política. Ora, como instrumento, dis- 28 Formas persuasivas de comunicação política cursa para todos os públicos, uma vez que usa os meios de co municação de massa, mesmo que segmente por veículo, horário, etc. o seu público-alvo. E difícil detectar se a participação políti- ca real do cidadão, que deveria ter sido despertada por outros meios que não este, pode ser diferenciada daquela meramente repetitiva criada pela campanha. O que se pode afirmar sim, é que o marketing político e o eleitoral colaboram para despertar a atenção dos cidadãos com respeito à indiferença que, cada vez mais, é de dicada às campanhas eleitorais. Portanto, podemos afirmar que ambos têm efeitos úteis à participação política, motivo pelo qual seu uso deve observar os aspectos éticos implícitos no conhecimento e utilização de todas as técnicas que permitem a tomada de poder, mesmo que seja pe lo voto. Na realidade, estas práticas de novas formas de fazer política (new politics) c,olaboraram para notáveis modificações na dinâ mica política democrática, no que diz respeito ao importante pa pel que jogam os meios massivos atualmente. A equipe de Eise nhower foi a primeira que utilizou o marketing político e o elei toral, isto no ano de1952 ... mas o melhor exemplo de sua utiliza ção se deu durante as eleições francesas que promoveram Gis card D'Estaing à presidência da república e, posteriormente, com a subida de Reagan ao poder norte-americano. No Brasil, a prática de um estudo mais profundo ainda deixa muito a desejar. Tanto o marketing político quanto o eleitoral são bastante diferentes do que se vem fazendo, em geral, até ho je no país: os esforços de última hora para popularizar e levar algum candidato ao poder. A união das duas estratégias deve ser entendida como uma técnica de reflexão dirigida a procurar, criar e desenvolver as satisfações necessárias que permitam: a. a curto prazo - ir avançando sobre o eleitorado; b. a médio prazo - melhorar a posição no poder e c. a longo prazo - situar o partido ou o candidato em lugar de destaque político. 29 Neusa Demartini Gomes Logo, bem mais do que uma pesquisa e uma publicidade de última hora, o marketing político e o eleitoral se resumem em ações permanentes e coordenadas, em planos perfeitamente traçados com seriedade, baseados em estudos que se nutrem de dados empiricamente obtidos, e coordenados em função de objeti vos que se quer atingir. Ou ainda: o marketing político e o eleitoral são conjuntos de técnicas que tra zem os meios de reflexão suficientes para fixar as estratégias mais oportunas, e que permitam ao candidato ou partido conseguir o ob jetivo político ou eleitoral pré-fixado. Na empresa, o marketing é uma filosofia prática, uma forma de direção que se adianta ao futuro; faz sua previsão e consegue o desenvolvimento industrial, cumprindo a função técnica de pesquisar, planejar, executar e controlar empiricamente. Como na atividade empresarial, o marketing político e o eleitoral sur gem como conseqüência da concorrência: saber que o adversário pode nos desbancar e que é necessário que se desbanque o adversário. A concorrência que a democracia estimula e que a legitima como tal vai se acentuar até limites extremos nos confrontos elei torais, quando o cidadão se vê obrigado a optar e a eleger seus líderes, escolhendo desta maneira sua forma de vida política. Se os partidos políticos e os seus candidatos utilizam esta técnica para chegar e manter-se no poder, é necessário que sua comuni cação com o eleitor seja orientada por meio de técnicas que ex ponham o projeto de vida que oferece ao eleitorado, de forma in tensa e sistemática (durante períodos não somente destinadosà campanha eleitoral, mas em toda a trajetória de vida do partido). Esse projeto de vida oferecido ao eleitorado pelos partidos e definidos pelos líderes políticos (e não pelos assessores de mar keting ou de comunicação dos partidos), deve ser o ponto de par tida para o ajuste do programa com a realidade social, econômi ca e política do momento. Somente depois de definida a linha política a seguir, a equipe de comunicação colocará seus recur sos e seus conhecimentos em ação para conseguir os objetivos políticos fixados. 30 -- Formas persuasivas de comunicação política Como é mais importante ter um mercado do que uma fábri ca, igual ao marketing empresarial, tanto o marketing político quanto o eleitoral terão como pontos de partida a análise, a pes quisa e o conhecimento do eleitorado. As atividades não devem ser ações independentes, mas sim, formar um todo integrado e coerente, assim como estarem plane jadas de uma forma sistemática, como no esquema a seguir: Análise Estratégia onde: Controle 1. Análise - esta primeira etapa é a que estuda a situação atual do partido ou candidato frente aos demais, dentro da oferta política: dar-nos-á respostas para sabermos onde estamos e o que fazemos aqui. Os elementos mais importantes a serem analisados nesta fase são os seguintes: Fatores demográficos Fatores econômicos Análise do mercado político Diagnóstico dos fatores 31 Neusa Demartini Gomes l.a. Fatores demográficos • tamanho e densidade da população • estrutura da população por: idade, sexo, estado civil, clas se social, tamanho da família, hábitat geográfico. 1. b. Fatores econômicos • evolução da renda nacional nos últimos anos; • distribuição da renda por: setores, regiões, estados, famí lias, individual ou per capita; • distribuição e evolução do gasto familiar; • índices econômicos: preços, salários, cesta básica, infla ção, PIB, etc. l.c. Análise do mercado político • quantificação do eleitorado; • quantificação de cada segmento; • evolução política do eleitorado em geral e de cada seg mento em particular; • parte do mercado eleitoral que correspondeu a cada um dos partidos que participaram nas eleições anteriores. I .d. Diagnóstico dos fatores do marketing-mix São estudados e analisados aqui, tanto a nossa posição, quanto a dos concorrentes, passando pelos seguintes elemen tos: • Análise dos candidatos que se apresentam e dos partidos que os respaldam: ideologia básica, programas eleitorais, candidatos e seus perfis, equipes dos candidatos. • Análise dos votos obtidos: conhecendo-se o tamanho do mercado político, analisar-se-á a evolução dos votos obti dos nas últimas campanhas, assim como os obtidos pelos outros partidos. Estes resultados eleitorais vão se referir tanto às eleições gerais quanto às municipais, e serão es pecificadas por áreas geográficas e por segmentos de po pulação votante. • Análise do eleitor: é a parte mais importante do estudo, pois um bom plano de marketing, tanto político em geral, quanto o específico eleitoral, deve basear-se num estudo profundo do eleitor. Os pontos importantes a serem leva- 32 Formas persuasivas de comunicação política dos em consideração são as necessidades que cada um dos grupos tenha; a imagem que cada partido tem ou que cada candidato apresente; o comportamento ou o hábito do voto; o comportamento diante dos meios e dos supor tes publicitários, concretizando, neste aspecto, o que se refere à audiência de meios, recordação da publicidade eleitoral ou política e compreensão das mensagens rece bidas. • Análise da publicidade eleitoral: é conveniente conhecer alguns pontos tais como as inversões em publicidade do conjunto de partidos políticos e sua evolução no tempo; inversão e evolução de cada partido político nesta área do marketing; meios e suportes utilizados e proporção de in versões em cada um deles; análise das mensagens empre gadas pelos partidos e candidatos concorrentes do nosso; eficácia das nossas campanhas e das concorrentes. 2. Previsão - faz-se um salto no tempo, até o futuro, para adivinhar onde estaremos, se seguimos as circunstâncias atuais, passado um prazo de tempo pré-fixado. A pergunta a fazer é: se continuarmos assim, como estaremos no futuro? A situação em que o partido ou o candidato se encontra é a conseqüência de uma série de fatos detectados na ·análise que se fez na primeira fase. Diante desta posição, os dirigentes do partido devem per guntar-se até onde esta tendência vai levar, do ponto de vista global do mercado eleitoral. No marketing político e eleitoral, não são totalmente válidas as extrapolações que se façam sob uma ótica puramente matemá tica já que, nessas previsões, incidem uma série de circunstân cias aleatórias, completamente imprevisíveis, e que vão desde fatos sociopolíticos normais, conseqüência das conjunturas evo lutivas do país, até o grau de simpatia ou antipatia que um de terminado candidato faça o eleitor sentir. Porém, isto não sig nifica que não se trabalhe sobre previsão de votos, tanto globais, por partidos ou por candidatos, baseados em estudos de mercado que sempre se realizam em períodos eleitorais. 33 Neusa Demartini Gomes 3. Objetivos - quando os estrategistas marcam ou determi nam o fim onde querem chegar e quais as metas a serem atingi das, modificando, inclusive, o curso do que foi previsto: como querem chegar no futuro? Toda pessoa ou grupo deve ter objeti vos na vida, mas o político. em especial, não pode atuar sem eles. As eleições existem. mas nem sempre quando o político as deseja. Ele terá uma confrontação direta a cada certo tempo legal e, quando terminar este tempo. ele terá que esperar as próximas eleições. Portanto, é um trem, que se o tiver perdido, partido e candidato deverão esperar para ver se pegam o próximo e, desta maneira, poderão chegar atrasados no seu destino e. então, já a viagem não servirá de nada. A seguir, os diferentes tipos de objetivos, todos fixados com base no profundo conhecimento da situação do partido e do mer cado político no qual se desenvolve . Objetivos do plano den;arketing ...-�w Objetivos de pesquisa __ ..,. do mercado político Objetivos do produto político: artido, candidatos, programa Objetivos de publicidade eleitoral Objetivos de captação de votos Convém lembrar, outra vez, que os objetivos devem ser de terminados pelos dirigentes dos partidos, informados e assesso rados por sua equipe, da qual fazem parte o assessor de comuni cação ou de marketing. 34 Formas persuasivas de comunicação política Os objetivos devem: • ser concretos e realistas: quer dizer, quantificáveis, os que possam ser, e atingíveis; • ser formulados por escrito, com a finalidade de se evitar distorções ou interpretações equivocadas; • já estar previamente aceitos por todos os que militam e sobre quem vai cair a obrigação de consegui-los, e pela direção executiva do plano; • ser desenvolvidos em planos de ação que contemplem as atividades que vão ser realizadas para atingi-los; • possuir mecanismos de controle que permitam avaliar o processo e corrigir desvios; • determinar os papéis que cabem a cada um dos participan tes do plano estratégico de marketing, definindo os limi tes das suas atividades. 4. Estratégia - sabendo quem somos, onde estamos e aonde queremos ir, deve-se determinar o rumo a seguir para atingir as expectativas: qual será o melhor caminho para alcançar os obje tivos propostos? É a ordem de posta em marcha para os diferentes elementos da operação de marketing do partido ou candidato. É fundamen tal, pois sem programa de ação que os respaldem, os objetivos deixam de ter significado. A estratégia, que não pode ser única, deve ser redigida em termos amplos e gerais, mas deve conter, apesar disto, indicações concretas do caminho a ser seguido para se atingir os objetivos pré-fixados. Na determinação da estraté gia se costuma diferenciar duas etapas: a) elaboração das possíveisestratégias, destacando as vanta gens e desvantagens de cada uma e b) escolha definitiva de uma das alternativas. 5. Táticas - depois de determinado o caminho principal, de verão ser especificadas as diferentes tarefas ou ações (plano de ação) de marketing para alcançar esses objetivos: que ações de marketing são recomendadas? Quem deverá levá-las a cabo? Quando? Em que momento serão começadas e finalizadas? Que recursos humanos e econômicos se dispõem? O conjunto de táti- 35 Neusa Demartini Gomes cas, ou plano de ação, é o que se denomina programa de marke ting eleitoral ou de marketing político, e pode ser esquematizado como vem a seguir: Ações a realizar Recursos econômicos necessários Cronograma de tempo Responsáveis pelas ações Resultados a serem obtidos Os seguintes aspectos devem estar bem detalhados no plano de ação: • ações específicas que vão se realizar; • momentos em que tais ações devem ser realizadas; • resultados previstos a serem obtidos com cada uma delas; • pessoas responsáveis de executar cada ação; • recursos econômicos necessários para seu perfeito desen volvimento. 6. Controle - esta última etapa consiste no estabelecimento de um adequado sistema para controlar o plano previamente es tabelecido, com o objetivo de que as diferenças entre o previsto e o realizado, ou desvios, não sejam muito grandes. Depois de examinados os seis pontos, indicamos uma série de questões necessárias para a realização de um planejamento: a) Qual é o nosso- estatuto básico? Que objetivos perseguimos? Os objetivos são realizáveis? São utópicos? São conservadores? Quais são nossos princípios ideológicos? 36 Formas persuasivas de comunicação política - Quais são as atividades que vamos desenvolver no plano de marketing do partido? b) Que posição ocupamos? - Quantos votos conseguimos nas últimas eleições ? - Qual nossa participação no mercado político? - Qual a nossa cobertura geográfica? Quais as suas limita- ções, e por quê? - Quais pessoas dentro do nosso partido ( ou independentes) teriam condições de formar parte da nossa candidatura? Quais obteriam maior número de votos? e) Que características tem o nosso partido? - Quais nossas características diferenciadoras em relação aos demais partidos? - Quais das nossas características poderiam ser consideradas como pontos fortes? - Quais os nossos pontos fracos? d) O que está sucedendo no mercado político? - Quantos votantes potenciais há no país? Quais são suas características específicas? Qual a tendência que o eleitorado vem seguindo? Quais as mudanças previstas no mercado eleitoral? Que novas necessidades os futuros eleitores vão ter? Que mudanças sociopolíticas e econômicas se pode espe rar? Que novas legislações afetarão o eleitorado ou o nosso par tido? e) Qual o impacto que as mudanças causarão no nosso partido? - Que problemas vamos enfrentar? - Que oportunidades vamos ter? - Poderemos contar com novos eleitores? - Poderemos aumentar a cobertura e eficácia geográfica do partido? - Nosso partidp poderá satisfazer algumas necessidades no vas que irão surgir? - Teremos ameaças ou reações por parte de políticas compe tidoras? 37 Neusa Demartini Gomes f) Qual será a nossa posição se for mantida a tendência atual do partido? - Qual o nosso objetivo, em número de votos, para as próxi mas eleições? Qual será nossa participação no mercado, com esse núme ro? Como conseguiremos uma maior penetração no mercado? Com os eleitores atuais? Com novos segmentos? Qual sistema de controle deverá ser estabelecido? g) Quais programas de marketing eleitoral ou político devere mos i,nplantar? - Como aproveitar nossos pontos fortes? - Como corrigir nossos pontos fracos? - Que atividades deveremos fazer para responder aos desafios dos partidos concorrentes? - Que ações de marketing ou planos alternativos deveremos estabelecer para possíveis falhas? h) Como distribuir os recursos económicos do partido? - Que expansão geográfica desejamos atingir? - Quais novos candidatos incrementarão o número de políti- cos do nosso partido? - Que inversão de capital será necessária? De onde virá? Quem administrará? - Como se distribuirão os recursos econômicos entre as di versas atividades de marketing do partido? i) Como realizaremos os planos de ação? - Que atividades concretas deverão ser realizadas do ponto de vista do marketing eleitoral? - Quando será executada cada atividade? - Que organização do partido ou do serviço de marketing será necessário estabelecer? Será necessário reorganizar os gru pos da organização política? - Quem terá cada responsabilidade? - Que pessoal será necessário para cumprir as atividades? - Temos o pessoal dentro do partido? - Será necessário contratar especialistas de fora? 38 Formas persuasivas de comunicação política - Convirá treinar os militantes que demonstrem capacidade para tais missões, pensando no futuro? Este é, resumidamente, um plano de marketing. Cada uma destas etapas merece um estudo à parte, pela importância que tem dentro do planejamento global. E muito importante que, an- tes de tomar uma decisão, possa se pensar sobre o fato de que a comunicação política vai além do marketing eleitoral ou políti co, na medida em que ela busca a melhor maneira de tomar um homem, um partido, uma causa ou alguma idéia conhecidos, sem contabilizar apenas um resultado imediato. Tendo isto em conta, convém dizer que entrar nas etapas acima e assumir a responsabilidade de uma campanha eleitoral não é tarefa para principiantes. O jogo é duro. Exige profissionalismo e competência, porque marketing é uma técnica e não uma religião, na qual se confia nos milagres para a solução de problemas. 39 I 5 A personalização do político e a formação da imagem Até pouco tempo atrás e, em geral, nos países com o jogo político ainda em estágio de subdesenvolvimento, o que coinci dia normalmente com os que tinham um índice de analfabetismo muito grande, não era o partido que promovia o homem, mas o homem que promovia o partido. Esta prática vinha justificada pela afirmação de que os povos mais atrasados intelectualmente não podem sentir atração pelo programa político de um partido, que é algo bem mais complexo, e que poucos chegam a entendê lo. Porém, atualmente, o que se nota como tendência universal, independente de estágio de desenvolvimento social e, no mundo todo, democrático ou não, é a personalização em que os políticos estão apostando para motivar o eleitor ao voto. Nos dois casos, o magnetismo pessoal dos políticos vem cumprindo um papel mui to importante, e a massa acaba sendo atraída pela imagem, mais do que por qualquer outro fator. Com esta introdução, queremos afirmar que a tendência ina ta da comunicação política é a personaliza,ção. Schwartzenberg ( 1978, p. 9) inicia seu conhecido best seller dizendo que "em outros tempos, política eram idéias. Hoje são pessoas ou me lhor, personagens." Este pensador francês defendia a tese de que, nas origens da democracia, o poder era quase anônimo e que a democracia su punha uma luta contra os poderes pessoais da monarquia ou da ditadura para oferecer em troca um sistema de poder não persa- 41 Neusa Demartini Gomes nalizado, quase anônimo. Com o passar dos tempos, vemos que o poder democrático vem se degenerando novamente para a per sonalização, ou seja, a identificação do Poder com quem o en carna, no sentido mais pleno da palavra, o que resultaria numa personalização ou vedetização dos políticos e a criação do "Estado espetáculo". Observando a história dos sistemas políticos, chega-se à conclusão que em nenhum momento a atividade política escapou da fascinação pela personalização. Não é, portanto, fenômeno do nosso tempo. É fato sabido que um dos motivos que move algu mas pessoas a ocuparem-se dos problemas públicos é a vaidade, traduzida pela vontade de serem aclamadas ou reconhecidas pe los demais. Uma olhada na história, sob a ótica da propagandapolítica, mostra-nos uma fartura de exemplos: desde os tempos da antigüidade, gregos e romanos, em sua comunicação política, buscaram sempre o culto à imagem pessoal, mediante o uso de estátuas, cunhagem de seus rostos em moedas, etc. Já na Idade Moderna, observam-se lideranças personalistas, tais como Napo leão Bonaparte, que representou, sem dúvida, um dos maiores expoentes da reconversão de um poder democrático em um po der personalista que não hesitou em instrumentalizar todo tipo de meios impressos disponíveis para identificar qualquer ação política com sua pessoa, até o ponto de converter-se no redator chefe de toda a imprensa, mediante a infinidade de intervenções concretas de seu amplo esquema de propaganda. O ressurgimento deste antigo fenômeno, que deixou de exis tir durante um pequeno lapso de tempo, entre os séculos XVI e XIX, quando a imprensa veio eclipsar os meios emotivos, como a voz, o gesto ou a imagem audiovisual, vem agora com força proporcionada por novas tecnologias da comunicação como são o rádio, o cinema, a televisão e a intemet. Baseada ou não no personalismo e na imagem, o que não se pode fazer é uma comunicação política com um acúmulo de simboliza ções personalizadas, anedóticas ou mesmo simplistas, isso porque a acumulação de elementos de personalização pode gerar uma comunicação política carregada de mitificações, tanto 42 Formas persuasivas de comunicação política positivas quanto negativas. Quando se consegue uma soma de imagens positivas, idealizamos o protagonista, concedendo-lhe o que se chama carisma. Mas isso nem sempre ocorre positiva mente, motivo pelo qual deve haver muito cuidado na seleção. destas simbolizações personalizadas. A publicidade comercial nos oferece como modelos dois en foques gerais e de sucesso para a formação da imagem que, quando bem tratados, podem ser trasladados para a política. Es tes enf oques podem ser resumidos em duas fórmulas básicas: a. a argumentativa, baseada em ldéias de Venda, preconiza da por Claude Hopkins e conhecida sob as siglas U.S.P ( Unique Selling Proposition ou Proposta Unica de Ven- das) e b. a constituída por imagens mentais, sem nenhum argumen to específico, conhecida como Imagem de Marca. Alguns autores acreditam que estas teorias publicitárias não servem aos fins políticos, e teria que se inventar outras armas e técnicas, criando-se uma comunicação política ad hoc. Haveria esta necessidade de novas formas porque o grau de implicação política do eleitor, como demonstram muitos estudos, é muito baixo; quer dizer, se oferece muito pouco ao eleitor sobre a es truturação e funções dos partidos e sobre outros temas políticos de seu interesse. Por se dar este tipo de comunicação, esvaziada de conteúdo político, é que podemos aproximar a comunicação política que se faz no Brasil muito mais à publicidade comercial do que propriamente à propaganda política e, por conseqüência, à comunicação mais persuasiva do que informativa. Atualmente, as assessorias de comunicação de partidos e de políticos sentem uma atração irresistível pelo uso da segunda fórmula, ainda que, em muitos casos, a proposta de se buscar novas fórmulas mais adequadas à comunicação política seja bem mais eficaz, principalmente quando os partidos e candidatos es tão preocupados em formar uma boa opinião pública. Para que haja eficácia na utilização da Proposta Unica de Vendas adaptada à publicidade eleitoral, os partidos ou os can didatos devem possuir um bom elemento diferenciador. Porém, cada dia está mais difícil encontrar esse diferenciador objetivo, 43 Neusa Oemartini Gomes intrínseco ou concreto, já que existem mais semelhanças que di ferenças na oferta partidária ou entre seus escolhidos para entra rem na competição, fazendo com que o volume de partidos e candidatos se encontre, a cada eleição, mais parecido a uma espécie de supermercado político. Sendo uma oferta muito variada, geralmente a escolha do produto é feita por impulso, diferente daquela feita por reflexão sobre as vantagens oferecidas, ocasião em que poucos candida tos são apresentados. Quando a escolha do enfoque da publicidade eleitoral recai sobre o da formação da imagem do candidato, os principais pas sos a serem dados são os mesmos do processo de f armação de imagem de um produto qualquer: 1. Necessidade de um candidato bem apresentado, com uma boa imagem pessoal que o faça destacar-se dos demais; com um atrativo o mais carismático possível, e cumprindo os requisitos exatos que o segmento da população a quem nos dirigimos exige da pessoa que quer que a represente. Sua presença física vai ser a embalagem, destacada pelo brilho e pela competência. 2. Preparação de uma campanha publicitária que familiarize o partido ou o candidato com o eleitorado, onde seja mostrada sua personalidade, e que informe os eleitores sobre os benefícios que lhe serão proporcionados se votarem no partido ou no can didato da nossa campanha. É claro que, por mais atrativa que seja a embalagem, o pú blico não adquire o produto pelo que há apenas por fora, mas também pelo que há dentro: o seu conteúdo. 3. Destaque dos "momentos políticos" mais significativos do partido ou candidato. A publicidade eleitoral perdeu os matizes próprios da campanha comercial (lançamento, recordação de marca e manutenção): na campanha eleitoral tudo é lançamento, portanto, aquilo que os americanos chamam de Big One (O Maior) deve concentrar-se na pessoa do candidato ou no logoti po do partido (se é interessante fazê-lo). A graduação das fases da campanha estará baseada no "momento político". 44 Formas persuasivas de comunicação política 4. Seleção da "Promessa ou Benefício" do partido ou candi dato, a ser obtida pelo eleitor se votar no seu programa. Geral mente este benefício vem na forma de um slogan, resumindo to da a sua imagem e seu programa político. 5. Estabelecimento do "Posicionamento" do partido ou can didato (positioning ), o que consiste em situá-los esquematica mente dentro de algumas linhas que os definam e que, ao mesmo tempo, os diferenciem da concorrência. Para isto, é necessário estar de posse de pesquisas que mostrem o posicionamento dos demais partidos ou candidatos. Diferente de qualquer posicionamento de produto, o candidato não vai procurar um nicho ainda não explorado, o que poderia entrar em conflito com a sua postura ideológica. Porém, o posicionamento vai se dar na forma como ele, candidato ou partido, vai resolver deter minados problemas, ou seja, o seu programa. 6. Divulgação de todos os atributos e qualidades que o parti do e o candidato possuem, e que os convertam em candidatos preferenciais deste segmento de eleitorado. O mais indicado é encontrar um bom argumento e dar a ele, exclusivamente, toda a ênfase na campanha. 7. Cuidar a apresentação pessoal do candidato em suas apa rições públicas. Isto quer dizer: presença física de acordo com a imagem que se quer formar. Para isto, deve ser submetido a uma série de exames técnicos: fotogenia, maquilagem, consultoria de roupas, dicção, movimentação em cena, etc. Quanto maior a eleição, maior a equipe de "formadores de ima gem". Também é de se levar em conta que, quanto mais personali dade tem o partido ou o candidato, mais simples será o trabalho parafonnar sua imagem e vice-versa. 45 6 O papel da publicidade na campanha eleitoral Uma campanha eleitoral consiste em convencer o eleitor de que o programa oferecido é aquele que melhor vai beneficiá-lo. Mas consiste também em desbancar o adversário, fulminá-lo, derrubar os argumentos que ele oferece. A publicidade eleitoral, como um instrumento de comunica ção política, vai contribuir para que os objetivos políticos fixa dos na estratégia de ação de marketing sejam alcançados. A utilização de conhecimentos sobre os instrumentos de co municação política que não dizem respeito exclusivo à publici dade mere"ce dos profissionais decomunicação a mesma impor tância dada às campanhas publicitárias eleitorais, já que alguns objetivos só serão cumpridos usando-se outros instrumentos de comunicação. Para que se tenha uma idéia de conjunto, e do va lor de cada uma destas técnicas, no esquema a seguir, podem ser observados os lugares que cada uma ocupa dentro do planeja mento global de marketing político: Publicidade e Propaganda Promoção Plano deMarketing , Relações Públicas Prospecção 47 Neusa Demartini Gomes a) A propaganda, que nem sempre vem na forma publicitá ria, mas como reportagem, editorial, entrevista, etc. O Horário Eleitoral Gratuito em rádio e televisão se presta, quando os par tidos dispõem de muito tempo, para este tipo de comunicação in formativa-persuasiva. b) A publicidade propriamente dita, cujos formatos de spots para rádio e televisão, anúncios gráficos, malas-diretas, etc. são perfeitamente reconhecidos pelos eleitores, já que as grandes in versões publicitárias de tipo comercial dos últimos anos fizeram com que os indivíduos assimilassem e reconheçam alguns códi gos e um tipo de linguagem e comunicação muito bem diferen ciado do resto dos conteúdos dos meios. São mensagens mais rápidas, bastante eficazes, tanto para partidos e candidatos que dispõem de muito tempo, quanto para aqueles que têm um mí nimo de espaço. c) As Relações Públicas, cujo programa implica em ações que se dirigirão ao público com os objetivos a segujr: • Criar um clima de identificação geral do partido com a comunidade, ou seja, a criação e divulgação de toda a simbologia, observando o princípio básico da percep ção e atenção do indivíduo. • Proporcionar a aceitação do partido em nível de grupos de interesse, tais como a imprensa, a concorrência, o governo, o exterior, etc. Aceitação não significa adesão e identificação, mas admitir a existência, elevação da imagem, colaboração, convivência pacífica, etc. Opi niões, reais ou não, podem ser formadas a respeito do partido ou do candidato, cabendo às Relações Públicas reforçar as opiniões positivas e reais e eliminar ou, ao menos, tentar atenuar as opiniões inexatas e negativas. • Proporcionar a aceitação do partido em nível geral, quando o partido deverá contar com um grupo de traba lho especificamente dedicado a isso, com o fim de me lhorar a imagem do grupo político e aumentar sua acei tação. Isto pode-se conseguir, por exemplo, ajudando se em alguns momentos críticos certos grupos sociais, como, por exemplo, em catástrofes ou, em outros mo- 48 Formas persuasivas de comunicação politica mentos, escutando soas reivindicações e fazendo-os sentir confiança. d) As Promoções, que tratam da criação de eventos de apro ximação direta com o público cujos fatos deverão se revestir de tal importância a ponto de serem transformados em notícias de interesse jornalístico. Podem ser criadas ações tais como: • Dirigidas ao público alvo, como os comícios, reuniões, manifestações, palestras, debates públicos, conferên cias, etc., que tenninam como comentários políticos e propaganda de boca em boca. Como a organização de um grande ato público é muito cara, melhor preparar poucos, mas brilhantes. São atos que mantêm viva a chama dos militantes que precisam da presença física de seus líderes. Para obter resultados satisfatórios, os políticos devem estar sempre bem preparados para o debate público. • Dirigidas aos grupos de influência, já que sua colabo ração é fundamental. Os grupos de influência são mul tiplicadores de informações através das relações huma nas e, nestas oportunidades, deve-se divulgar aspectos interessantes da vida dos candidatos, por exemplo. • Dirigidas sobre os próprios competidores e, para isto, deve-se conhecer os seus planos de atuação, seus pro gramas seus itinerários eleitorais, para ir rebatendo ou desmentindo, por onde vá, as afirmações que realize. e) A Prospecção ou a ininterrupta busca de novos adeptos ao partido, o que não pode ser limitado a épocas eleitorais. Este é um dos objetivos do marketing político. E um esforço contínuo de ir ganhando terreno dia-a-dia. A publicidade atual é importante devido a dois fatores de terminantes: a) a distância existente entre o político e o eleitor e b J a abundância de partidos e candidatos estandardizados, cuja diferenciação está por ser criada e dada a conhecer, a partir do que se chama imagem. 49 Neusa Oemartini Gomes Trata-se, pois, de lançar um produto político ao mercado eleitoral, utilizando as técnicas já provadas pela publicidade co mercial, inclusive com seu conteúdo persuasivo. A maneira como se realiza a publicidade, com seu estilo, sua intensidade, sua técnica, etc. é fundamental. Como no Brasil o candidato atrai mais votos do que qualquer programa de partido ou ideologia, ele vai passar por um processo de mitificação de sua imagem pública, e será a publicidade que vai servir de início para que este processo possa acontecer. A campanha publicitária deverá divulgar, além dessa ima gem, as diretrizes fundamentais do programa político e, inclusi ve, a personalidade do partido. No Brasil, é difícil para os co municadores passarem esta personalidade, uma vez que alguns dos seus fatores são alterados de eleição para eleição. Os símbolos do partido, traduzidos pela sua sigla, seu logotipo e suas cores, são importantes elementos que participam da configu ração da personalidade do partido, e deveriam estar presentes em todas as peças das campanhas publicitárias de seus candidatos. Os emblemas, insígnias, logotipos, bandeiras, impressos e demais peças publicitárias deverão guardar uma coerência sim bólica, ajudando assim à identificação geral do partidu. A cor e a forma de tais materiais são princípios básicos sobre a percepção e a atenção do indivíduo; em conseqüência, devem permanecer uniformes em todos os elementos que se utilizem para a identifi cação geral. Mas se sabe que, motivado pelo forte personalismo dos can didatos, algumas campanhas publicitárias de políticos brasileiros chegam ao extremo de não dar pistas aos eleitores sobre o parti do político ao qual o candidato pertence. Os sinais identificadores ideológicos de partido são: a sigla, o logo tipo, as cores, o hino, o slogan e o programa. Utilizados isolados ou em conjunto, esses sinais vão dar vá rias informações aos eleitores, inclusive as de ordem ideológica, quando bem selecionados pelos candidatos e partidos. 50 7 Campanhas publicitárias eleitorais Os fundamentos técnicos que embasam o estudo das campa nhas publicitárias comerciais são, en1 princípio, os mesmos utili zados para as campanhas publicitárias eleitorais. Muitos profissionais insistem no mesmo tratamento, mas um candidato não é um sabonete (mesmo que escorregue de uma tendência a outra); não é um xampu (só porque faz a cabeça de alguns eleitores) e muito menos um detergente Gá que promete uma vida pública limpa). O tratamento dado ao partido, ou ao candidato, vai variar em função da forma de publicidade a que o sistema esteja acostu mado ou necessitado: existem duas escolas que firmaram tendências diferentes na esco lha do enfoque da comunicação eleitoral na sua forma publicitária: a européia e a americana. a) A européia, segundo a qual os resultados de uma conduta . eleitoral podem ocasionar mudanças apreciáveis na estruturação do sistema; as diferenças entre os programas eleitorais podem resultar dicotômicas, tanto na apresentação dos problemas quan to na oferta de soluções; quando a oferta programática se asse melha em aspectos específicos, as diferenças aparecem na ideo logia inspiradora; e o político eleito não vem investido do cará ter de homem prodigioso, conferido sempre aos presidentes ame- . ncanos. 51 Neusa Demartini Gomes No caso europeu, ele se converte em alvo das críticas da oposição, em função das suas medidas de governo, o que rapi damente pode produzir a desmitificação do personagem. O que mais diferencia
Compartilhar