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Identidade surda diz respeito aos sujeitos surdos que se inserem plenamente na comunidade surda e se reconhecem como pertencentes à mesma, usam apenas língua de sinais, apresentam características culturais e forma de estar no mundo baseadas na visualidade, defendem e militam pelo direito de ser diferente e de vivenciar a cultura surda. Identidade híbrida: característica de pessoas com surdez adquirida, que aprenderam inicialmente a estar e participar do meio e construir o pensamento como ouvintes, utilizando também uma língua oral para se comunicar, e que passaram a estar imersas no contexto da surdez, como pessoas surdas. Sendo anteriormente ouvintes, essas pessoas dependem concomitantemente da linguagem oral e da sinalizada. Identidade de transição: maior parte dos surdos, sendo oriundos de famílias ouvintes, passa por um processo de transição entre a tentativa de estar no mundo a partir da perspectiva ouvinte e de uma linguagem oral e visual truncada, característica dos primeiros anos de sua vida, para um contato tardio com a comunidade surda, comunicação visual sinalizada e a experiência visual de mundo. Identidade flutuante: característica de pessoas que não foram inseridas em alguma comunidade surda. Essas pessoas costumam ter dificuldades de se reconhecer/aceitar como surdas e buscam sua referência na cultura ouvinte. Valorizam e seguem a representação ouvinte, considerando-a superior à surda. Independentemente do nível de seu comprometimento, usam aparelhos auriculares e se orgulham de se apropriar de algum elemento da cultura ouvinte, como a utilização da língua oral. Rejeitam a cultura surda. Identidade embaraçada: característica de pessoas que não têm referência nem na cultura surda, nem na ouvinte. Apresentam dificuldades de comunicação, sendo as expressões que usam, por vezes, incompreensíveis. Não sabem usar língua de sinais. Têm a vida, o comportamento e aprendizados determinados pela perspectiva ouvinte. As comunidades surdas, como espaços de partilha linguística e cultural presentes em milhares de cidades do mundo, reúnem Surdos e ouvintes – em geral, usuários das línguas de sinais – com expectativas, histórias, olhares e/ou costumes comuns ‘mundo surdo’, restringindo-o apenas àqueles que usam a língua de sinais e se identificam com a cultura surda” (MAGNANI, 2007, p. 3). espaço de trocas simbólicas em que as línguas de sinais, a experiência visual e os artefatos culturais surdos A formação das comunidades surdas, onde as forças hegemônicas (ouvintistas) são refratadas por novos olhares e práticas sobre a surdez, decorrem – em grande medida – da expressão de identidades de resistência [1] e identidades de projeto [2] de parte do povo surdo, como as define Castells (2001). Acessibilidade do surdo cego • 27 de junho é o Dia Internacional da Pessoa com Surdocegueira. • É uma condição em que as deficiências visual e auditiva estão juntas • Experiência é muito mais tátil. • Instrutor mediador • Guia intérprete Comunicação Alfabeto em Braille nos dedos Escrita com o dedo Tadoma LIBRAS tátil Comunicação social Háptica Fala ampliada Ambiente e informação Os textos podem ganhar versões em Braille, caracteres e contrastes ampliados + Libras As figuras devem ser simples e ter descrições. Também podem ser usados recursos táteis e uso de bengala. Capacitismo é o preconceito contra pessoas com deficiência (PCDs). Está enraizado na mente de muitas pessoas, se vê nas palavras, nas ações e na organização social. Os próprios deficientes podem ter esse preconceito, uma vez que, acham que só serão inteiros e capazes se tiverem todas as capacidades. • Entendem a deficiência é uma tragédia, um castigo e por causa dela são infelizes • Não tem autonomia, não trabalho ou ter família • Não fazemos parte da sociedade, o estado não nos inclui, a única forma de mudar esse contexto seria se não tivéssemos a doença - Ter pena de nós mesmos - Nos ver como incapazes (alguns acham que apenas a escola e a socialização é o suficiente), como se não houvessem talentos - Recusa por ajuda (autoafirmação) que não preciso de ajuda apesar de sim precisar. - Superproteção: de familiares → fazem tudo e não permitem que o próprio deficiente crie autonomia e fique dependente. Fazem tudo e não ensinam como. Não cobram, não estimulam e não deixam conhecer. - Pensamento que não fazem nada, como se fossem aposentados - Admiração exagerada pela autonomia (morar sozinho, trabalhar, casar), apesar de ter dificuldades essa superestima ao redor do assunto é depreciante. - Infantilização – tratar como crianças - Ver somente a deficiência e não ver a pessoa → a deficiência não define, a pessoa tem história, gostos, talentos, personalidade - Divinização: achar que são anjos ou assexuados. São humanos iguais e sentem emoções e atrações da mesma forma. -Discriminação: dificultar ou negar a participação em alguma atividade por causa da deficiência - Crítica e adiamento de direitos, como se a acessibilidade não fosse importante. E como se fosse um privilégio e uma injustiça para os demais, como se estivessem roubando de outro. Mas não, as adequações são necessárias porque pessoas são diferentes. - Tratamento desumano → abuso sexual, violência física, cárcere privado e morte. → Importante é desconstruir a imagem de coitadinho, de fraco e incapaz que o senso comum traz e reformular a partir da verdade: apesar das limitações, são seres capazes e humanos com sentimentos e caráter. LIBRAS E SAÚDE ART. 196 – A saúde é um direito de todos e dever do Estado, garantindo mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação (Constituição F, 1988) Os profissionais dos serviços públicos de saúde, não estão preparados para lidar com as pessoas surdas, que, na grande maioria, não têm domínio da língua portuguesa, o que dificulta, ainda mais, a comunicação entre profissionais e paciente. (Iezzoni, 2004; Zozove & Doukas, 1994; Ubido, Huntington & Warburton, 2002) Art. 25. A partir de um ano da publicação deste Decreto, o Sistema Único de Saúde - SUS e as empresas que detêm concessão ou permissão de serviços públicos de assistência à saúde, na perspectiva da inclusão plena das pessoas surdas ou com deficiência auditiva em todas as esferas da vida social, devem garantir, prioritariamente aos alunos matriculados nas redes de ensino da educação básica, a atenção integral à sua saúde, nos diversos níveis de complexidade e especialidades médicas (NA LEGISLAÇÃO) Decreto 5626/2005 • I - ações de prevenção e desenvolvimento de programas de saúde auditiva; II - tratamento clínico e atendimento especializado, respeitando as especificidades de cada caso; III - realização de diagnóstico, atendimento precoce e do encaminhamento para a área de educação; IV - seleção, adaptação e fornecimento de prótese auditiva ou aparelho de amplificação sonora, quando indicado; V - acompanhamento médico e fonoaudiológico e terapia fonoaudiológica; VI - atendimento em reabilitação por equipe multiprofissional; CAPÍTULO VII DA GARANTIA DO DIREITO À SAÚDE DAS PESSOAS SURDAS OU COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA • VII - atendimento fonoaudiológico às crianças, adolescentes e jovens matriculados na educação básica, por meio de ações integradas com a área da educação, de acordo com as necessidades terapêuticas do aluno; VIII - orientações à família sobre as implicações da surdez e sobre a importância para a criança com perda auditiva ter, desde seu nascimento, acesso à Libras e à Língua Portuguesa; IX - atendimento às pessoas surdas ou com deficiência auditiva na rede de serviços do SUS e das empresas que detêm concessão ou permissão de serviços públicos de assistência à saúde, por profissionais capacitados para o uso de Libras ou para sua tradução e interpretação; e X - apoio à capacitação e formaçãode profissionais da rede de serviços do SUS para o uso de Libras e sua tradução e interpretação CAPÍTULO VII DA GARANTIA DO DIREITO À SAÚDE DAS PESSOAS SURDAS OU COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA • VII - atendimento fonoaudiológico às crianças, adolescentes e jovens matriculados na educação básica, por meio de ações integradas com a área da educação, de acordo com as necessidades terapêuticas do aluno; VIII - orientações à família sobre as implicações da surdez e sobre a importância para a criança com perda auditiva ter, desde seu nascimento, acesso à Libras e à Língua Portuguesa; IX - atendimento às pessoas surdas ou com deficiência auditiva na rede de serviços do SUS e das empresas que detêm concessão ou permissão de serviços públicos de assistência à saúde, por profissionais capacitados para o uso de Libras ou para sua tradução e interpretação; e X - apoio à capacitação e formação de profissionais da rede de serviços do SUS para o uso de Libras e sua tradução e interpretação. Resolução nº 4, de 7 de novembro de 2001/ Conselho Nacional de Educação • Art. 5º A formação do médico tem por objetivo dotar o profissional dos conhecimentos requeridos para o exercício das seguintes competências e habilidades específicas: III – comunicar -se adequadamente com os colegas de trabalho, os pacientes e seus familiares, • Quando o surdo busca atendimento de saúde e está com sinais clínicos de doença, é mais fácil para o médico detectar o que está ocorrendo; porém, em doenças sem causa aparente, em que é necessário coletar, de modo ampliado, a história do paciente, a situação torna-se mais complicada. A proposta que se torna necessária é que os médicos, principalmente aqueles componentes da Atenção Básica e da Saúde da Família, sejam capacitados para se comunicarem de maneira eficiente com tais clientes. • O grande desafio das universidades é formar profissionais que não sejam, apenas, instrumentos de transmissão de conhecimentos, mas, sobretudo, de novas atitudes e práticas que valorizem a diversidade humana A maioria disse não para: Gosta de ir ao médico, vai ao médico com frequência, qual frequência, se entende a receita médica, se se sente seguro em tomar as medicações, se existe confusão no seu atendimento, se o atendimento ao surdo pelo sus é de má qualidade (esse foi maioria sim) e se tem condições financeiras para fazer um atendimento melhor (não) A respeito da ausência de intérpretes nos serviços de saúde, a maioria achou necessário e importante a presença de um intérprete ou bilingual (até para facilitar a comunicação médico/paciente). Ressaltaram alguns fatores que impactam na presença do intérprete → a confiança, O tempo disponível, o constrangimento de se expor frente ao intérprete e sentimentos de piedade. O relacionamento do surdo com o médico fica extremamente comprometido, pois, eles não conseguem interagir, nem criar um elo, devido à dificuldade de comunicar-se, sendo uma relação difícil tanto para o surdo como para o profissional da saúde que na maioria das vezes não estão preparados para atender está clientela (OTHERO, DALMASO, 2009) Decorrendo disso, em geral, é o acompanhante do surdo quem explica ao profissional os problemas de saúde que o paciente apresenta, logo, o paciente surdo não tem oportunidade nem mesmo de expor as suas dúvidas e a sua individualidade necessária para sua exposição e seu melhor atendimento (mesma referência de cima) LEGISLAÇÃO Lei 10.436 / 2002 • Art. 1 o É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela associados. • Art. 2 o Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais - Libras como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil. • Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais - Libras não poderá substituir a modalidade escrita da língua portuguesa. DECRETO No 5.626/2005. • Regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000. • CAPÍTULO II :DA INCLUSÃO DA LIBRAS COMO DISCIPLINA CURRICULAR • CAPÍTULO III: DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LIBRAS E DO INSTRUTOR DE LIBRAS • CAPÍTULO IV:DO USO E DA DIFUSÃO DA LIBRAS E DA LÍNGUA PORTUGUESA PARA O ACESSO DAS PESSOAS SURDAS À EDUCAÇÃO Art. 16. A modalidade oral da Língua Portuguesa, na educação básica, deve ser ofertada aos alunos surdos ou com deficiência auditiva, preferencialmente em turno distinto ao da escolarização, por meio de ações integradas entre as áreas da saúde e da educação, resguardado o direito de opção da família ou do próprio aluno por essa modalidade. • CAPÍTULO V- DA FORMAÇÃO DO TRADUTOR E INTÉRPRETE DE LIBRAS - LÍNGUA PORTUGUESA Art. 19. Nos próximos dez anos, a partir da publicação deste Decreto, caso não haja pessoas com a titulação exigida para o exercício da tradução e interpretação de Libras - Língua Portuguesa, as instituições federais de ensino devem incluir, em seus quadros, profissionais com o seguinte perfil: I - profissional ouvinte, de nível superior, com competência e fluência em Libras para realizar a interpretação das duas línguas, de maneira simultânea e consecutiva, e com aprovação em exame de proficiência, promovido pelo Ministério da Educação, para atuação em instituições de ensino médio e de educação superior; II - profissional ouvinte, de nível médio, com competência e fluência em Libras para realizar a interpretação das duas línguas, de maneira simultânea e consecutiva, e com aprovação em exame de proficiência, promovido pelo Ministério da Educação, para atuação no ensino fundamental; III - profissional surdo, com competência para realizar a interpretação de línguas de sinais de outros países para a Libras, para atuação em cursos e eventos. CAPÍTULO VI - DA GARANTIA DO DIREITO À EDUCAÇÃO DAS PESSOAS SURDAS OU COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA CAPÍTULO VII-DA GARANTIA DO DIREITO À SAÚDE DAS PESSOAS SURDAS OU COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA Art. 25. # IX - atendimento às pessoas surdas ou com deficiência auditiva na rede de serviços do SUS e das empresas que detêm concessão ou permissão de serviços públicos de assistência à saúde, por profissionais capacitados para o uso de Libras ou para sua tradução e interpretação; e X - apoio à capacitação e formação de profissionais da rede de serviços do SUS para o uso de Libras e sua tradução e interpretação. Lei 12.319/2010 • Art. 1 o Esta Lei regulamenta o exercício da profissão de Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS • A formação profissional do tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa, em nível médio, deve ser realizada por meio de: • I - cursos de educação profissional reconhecidos pelo Sistema que os credenciou; • II - cursos de extensão universitária; e • III - cursos de formação continuada promovidos por instituições de ensino superior e instituições credenciadas por Secretarias de Educação. • Art. 6 o São atribuições do tradutor e intérprete, no exercício de suas competências: I - efetuar comunicação entre surdos e ouvintes, surdos e surdos, surdos e surdos-cegos, surdos- cegos e ouvintes, por meio da Libras para a língua oral e vice-versa; II - interpretar, em Língua Brasileira de Sinais - Língua Portuguesa, as atividades didático- pedagógicas e culturais desenvolvidas nas instituições de ensino nos níveis fundamental, médio e superior, de forma a viabilizar o acesso aos conteúdos curriculares; III - atuar nos processos seletivos para cursos na instituição de ensino e nos concursos públicos; IV - atuar no apoio à acessibilidade aos serviços e às atividades-fim das instituições de ensino e repartições públicas; e V - prestar seus serviços em depoimentos em juízo, em órgãos administrativos oupoliciais. Art. 7 o O intérprete deve exercer sua profissão com rigor técnico, zelando pelos valores éticos a ela inerentes, pelo respeito à pessoa humana e à cultura do surdo e, em especial: I - pela honestidade e discrição, protegendo o direito de sigilo da informação recebida; II - pela atuação livre de preconceito de origem, raça, credo religioso, idade, sexo ou orientação sexual ou gênero; III - pela imparcialidade e fidelidade aos conteúdos que lhe couber traduzir; IV - pelas postura e conduta adequadas aos ambientes que frequentar por causa do exercício profissional; V - pela solidariedade e consciência de que o direito de expressão é um direito social, independentemente da condição social e econômica daqueles que dele necessitem; VI - pelo conhecimento das especificidades da comunidade surda.
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