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gestão em saude A1

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30/10/2022 18:50 Gestão em serviços de saúde
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GESTÃO	EM	SERVIÇOS	DE	SAÚDE
UNIDADE	1	-	UMA	VISÃO	GERAL	DAS
ORGANIZAÇÕES	DE	SAÚDE
Autoria:	Joice	Chiareto	-	Revisão	técnica:	Thaisa	Cristina	Afonso
30/10/2022 18:50 Gestão em serviços de saúde
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Introdução
Vamos	 começar	 essa	 unidade	 de	Gestão	 em	 Saúde,	 nela	 iremos	 abordar	 diferentes	 sistemas	 de	 saúde,	 suas
origens,	pontos	fortes	e	fracos.
Para	 compreender	 como	 funcionam	 diferentes	 sistemas	 de	 saúde,	 primeiro	 precisamos	 compreender	 a
importância	da	gestão	saúde	para	a	sociedade	e	questionar:	o	que	diferencia	as	organizações	de	prestação	de
serviços	 de	 saúde	 das	 demais?	 Que	 caracterı́sticas	 essas	 organizações	 apresentam	 que	 necessitam	 ser
estudadas	de	 forma	particular?	Para	 trabalhar	essas	questões	os	primeiros	 tópicos	dessa	unidade	 tratam	da
importância	 da	 gestão	 em	 saúde	 e	 das	 caraterı́sticas	 especı́�icas	 de	 organizações	 de	 serviços	 de	 saúde
(divididas	em	hospitais	e	outras	organizações	de	saúde).
Após	discutirmos	esses	temas,	passamos	para	os	sistemas	de	saúde	em	si.		Algumas	questões	que	podemos
levantar	quando	a	esse	tema	são:	como	se	 foram	desenvolvidos	os	sistemas	de	saúde	em	diferentes	paı́ses?
Como	isso	 in�luenciou	sua	situação	atual?	 Iremos	discutir	o	sistema	de	saúde	brasileiro	na	esfera	pública	e
privada,	 também	os	 sistemas	da	Argentina	 e	 Inglaterra.	Abordamos	 as	 origens	desses	 sistemas	 e,	 de	 forma
resumida,	o	caminho	que	percorreram	até	as	caracterı́sticas	atuais	e	seus	pontos	fortes	e	fracos.
Bons	estudos!
1.1 Gestão em saúde 
Quando	 tratamos	da	gestão	em	saúde,	precisamos	discutir	 inicialmente	a	 importância	da	 saúde	para	 toda	a
sociedade,	pois	a	saúde	tem	um	impacto	muito	signi�icativo	no	bem-estar	da	população.	O	nı́vel	de	acesso	que
a	população	tem	aos	serviços	de	saúde	tem	impacto	em	diversas	áreas,	inclusive	no	crescimento	econômico.
Além	 de	 entendermos	 a	 saúde	 como	 um	 todo,	 precisamos	 tratar	 das	 especi�icidades	 das	 organizações	 que
prestam	os	serviços	de	saúde.	Essas	organizações	têm	caracterı́sticas	próprias,	 fazendo	com	que	as	práticas
de	 gestão	 que	 foram	 projetadas	 para	 outros	 setores	 precisem	 de	 adaptações	 signi�icativas	 para	 serem
e�icientes	na	gestão	de	saúde.	
1.1.1 A importância da gestão em saúde 
A	 saúde	 tem	 um	 grande	 impacto	 nas	 condições	 de	 vida	 e	 bem-estar	 da	 população,	 sendo	 considerada,	 no
Brasil,	 um	direito	 garantido	pela	Constituição	de	1988.	Mas,	 ao	mesmo	 tempo,	 a	 saúde	 sofre	 com	diversas
questões	que	 ainda	não	 foram	 resolvidas.	 Por	 exemplo,	 como	 	destacado	por	Piola	et	al.,	 (2013),	 quando	 a
população	 tem	mais	 acesso	 aos	 serviços	 de	 saúde,	 ela	 tende	 a	 viver	 mais,	 o	 que	 pressiona	 ainda	 mais	 o
sistema	de	saúde,	ou	seja,	o	sucesso	do	sistema	leva	a	mais	desa�ios	a	serem	superados.
Uma	função	importante	dos	cuidados	de	saúde	é	manter	o	funcionamento	da	sociedade.	Autores	como	Daniels
(2001)	 destacam	 que	 a	 falta	 de	 acesso	 e	 as	 consequências	 deste	 restringem	 as	 oportunidades	 abertas	 aos
indivı́duos.	 Assim,	 os	 cuidados	 de	 saúde	 contribuem	 à	 proteção	 da	 igualdade	 de	 oportunidades	 (DANIELS,
2001).	 Pessoas	 pobres	 e	 consequentemente	 com	 menor	 acesso	 à	 saúde,	 apresentam	 taxas	 mais	 altas	 de
morbidade	médica	e	mortalidade	prematura.	Quanto	maior	o	acesso	à	assistência	médica	melhor	o	estado	de
saúde	dessa	população	e	menores	são	as	taxas	de	hospitalização	(BINDMAN	et	al.,	1995	apud	AHMED	et	al.,
2001).
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#PraCegoVer:	mão	com	dedo	apontado	para	um	sı́mbolo	da	área	de	saúde,	em	formato	de	cruz.
	
Na	questão	de	custos,	a	consciência	de	custo	implica	em	uma	maior	preocupação	com	o	uso	desnecessário	de
serviços,	mas	os	gestores	devem	estar	igualmente	preocupados	com	problemas	relacionados	à	subutilização
de	 serviços	 (por	 exemplo,	 quantas	 pessoas	 que	 poderiam	 se	 bene�iciar	 de	 uma	 cirurgia,	 mas	 não	 a
receberam).	 Um	 nı́vel	 maior	 de	 gastos	 deixou	 de	 ser	 condição	 su�iciente	 para	 melhoria	 da	 qualidade	 do
serviço,	além	de	não	resolver	o	problema	de	inequidade	no	acesso	aos	serviços.
Em	paı́ses	mais	pobres	e	até	nos	desenvolvidos,	ainda	é	um	desa�io	levar	os	serviços	de	saúde	com	qualidade
aceitável	para	toda	a	população	e	encontrar	meios	de	�inanciar	esses	serviços,	que,	principalmente	na	esfera
pública,	 concorre	 por	 recursos	 com	 outras	 áreas	 (PIOLA,	 et	 al.,	 2013).	 Evidências	 mostram	 que	 existem
muitos	determinantes	sociais	da	saúde	e	as	polı́ticas	sociais	têm	efeitos	na	saúde	das	populações	(DANIELS,
2001).	O	acesso	 à	saúde	 é	complexo,	as	barreiras	ao	acesso	são	múltiplas	e	a	existência	de	planos	de	saúde
atenua,	mas	não	elimina	os	problemas	de	acesso.	Intervenções	e�icazes	para	melhorar	o	acesso	à	saúde	entre
os	pobres	podem	precisar	abordar	questões	de	transporte,	assistência	infantil	e	�inanceira,	além	de	alterar	as
percepções	dos	indivı́duos	que	os	levam	a	buscar	ou	evitar	cuidados	de	saúde	(AHMED	et	al.,	2001).	
Figura	1	-	Ilustração	da	importância	da	saúde
Fonte:	iDEAR	Replay,	Mediapool,	2020.
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Tratando	de	qualidade,	a	saúde	fez	grandes	avanços	no	último	século,	o	que	aumentou	consideravelmente	as
expectativas	 dos	 pacientes	 e	 familiares.	 Mas	 com	 destacado	 por	 Mcglynn	 (1997),	 muitos	 aspectos	 da
qualidade	técnica	do	atendimento	não	podem	ser	avaliados	pelos	pacientes.	Por	exemplo,	há	planos	de	saúde
e	médicos	que	ofereçam	um	alto	nı́vel	de	qualidade	técnica,	mas	que	não	são	bem	avaliados	pelos	pacientes
em	termos	de	humanidade,	capacidade	de	resposta	ou	satisfação.
Portanto,	cabe	aos	gestores	de�inir	os	requisitos	de	qualidade	a	serem	seguidos,	o	modo	como	essa	qualidade
será	 mensurada,	 e	 também	 encontrar	 meios	 para	 lidar	 com	 esses	 desa�ios	 e	 tornar	 a	 saúde	 de	 qualidade
acessı́vel	para	o	maior	número	possı́vel	de	pessoas.	
VOCÊ O CONHECE?
A	professora	Ana	Maria	Malick	 é	Médica	pela	 Faculdade	de	Medicina	da	USP,	Mestre
em	 Administração	 de	 Empresas	 e	 Doutora	 pela	 USP,	 professora	 titular	 da	 Escola	 de
Administração	de	Empresas	de	São	Paulo	da	Fundação	Getúlio	Vargas.	Ela	 á	uma	das
autoras	mais	 reconhecidas	 na	 área	 de	 gestão	 em	 saúde,	 sendo	 seus	 trabalhos	muito
reconhecidos	na	área.
1.2 Caraterísticas específicas de organizações de serviços de
saúde
O	 IBGC	 (Instituto	Brasileiro	 de	Governança	 Corporativa)	 (2019,	 on-line),	 de�ine	 prestadores	 de	 serviços	 de
saúde	são	como	“o	conjunto	de	estabelecimentos	de	saúde,	incluindo	equipamentos	e	recursos	humanos	que
oferecem	 o	 cuidado	 aos	 bene�iciários	 em	 todos	 os	 nı́veis	 de	 atenção	 à	 saúde,	 considerando	 ações	 de
promoção,	prevenção,	tratamento	e	habilitação”.	Essa	de�inição	engloba,	de	forma	resumida,	os	mais	diversos
estabelecimentos.	
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#PraCegoVer:	no	quadro,	destacam-se	as	de�inições	resumidas	de	estabelecimentos	de	saúde.
	
Nas	organizações	de	saúde,	os	resultados	e	desempenhos	são	determinados	por	um	conjunto	heterogêneo	de
atores	e	de	suas	interações,	e	não	como	resultado	do	design	intencional	do	sistema	ou	por	uma	função	central
de	 comando	 e	 controle.	 Este	 é	 particularmente	 o	 caso	 no	 contexto	 da	 assistência	 médica,	 em	 que	 uma
in�inidade	de	pro�issionais,	seguradoras,	empresas,	agências	governamentais	e	consumidores	interagem	para
fornecer	produtos	e	serviços	de	saúde	(BASOLE;BODNER;	ROUSE,	2013).	
Quadro	1	-	De�inições	resumidas	de	estabelecimentos	de	saúde
Fonte:	Elaborado	pela	autora,	baseado	em	MINISTE�RIO	DA	SAU�DE,	2020.
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Desta	 forma,	não	 surpreende	que	 sejam	comuns	de�iciências	de	 custo	 e	qualidade	no	 setor	da	 saúde.	Além
disso,	mudanças	substanciais	nos	cuidados	de	saúde	são	difı́ceis	de	implementar	e	avaliar,	já	que	dependem
de	um	conjunto	de	pro�issionais	e	a	atuação	entre	eles.	As	 inovações	na	 área,	 tem	o	se	sucesso	ou	fracasso,
com	base	nas	reações	e	 interações	desse	conjunto	diversi�icado	de	agentes	que	atuam	no	setor	e	dentro	das
organizações.	
VOCÊ QUER LER?
O	 livro	 “Qualidade	na	gestão	 local	de	serviços	e	ações	de	saúde”,	de	1998,	produzido
por	Ana	Maria	Malik	 e	Laura	 Maria	 Cesar	 Schiesari	 é	 uma	 obra	 bastante	 conhecida
sobre	gestão	de	saúde.	 	Essa	obra	engloba	12	manuais	voltados	para	a	 área	gerencial
em	 saúde,	 tratando	 de	 temas	 como	 gestão	 da	 qualidade,	 planejamento,	 auditoria,
gestão	de	recursos	humanos,	entre	outros.	Atualmente	ele	está	disponıv́el	na	NESCON,
biblioteca	 virtual	 da	 faculdade	 de	 medicina	 da	 UFMG,	 acesse:
https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/qualidade-gestao-local.pdf
(https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/qualidade-gestao-
local.pdf).
1.3 Gestão de hospitais 
A	 organização	 de	 hospitais	 é	 regularmente	 vista	 como	 uma	 burocracia	 pro�issional,	 com	 caracterı́sticas
especı́�icas.	 Essa	 visão	 vem	de	 autores	 clássicos,	 como	Weber	 e	Mintzberg,	 que	 tratam	 a	 gestão	 hospitalar
assim	(MONTEIRO,	1999).	Essas	burocracias	pro�issionais	são	caracterizadas	pela	busca	de	padronização	de
procedimentos	e	produtos	por	meio	do	processo	de	burocracia:	a	organização	procura	associar	determinado
acontecimentos	 a	 um	 programa	 de	 padronização	 e,	 assim,	 organizar-se	 em	 torno	 do	 habilidades	 e
conhecimentos	de	seus	pro�issionais	encarregados	entender	a	necessidade	do	paciente	e	executar	a	ação	ou
procedimento	correspondente	(LEGA;	DE	PIETRO,	2005).
Essa	 organização	 em	 torno	 das	 habilidades	 é	 o	 que	 caracteriza	 o	 organograma	 funcional,	 em	 termos	 de
estrutura	organizacional,	muito	utilizada	em	organizações	de	serviços	de	saúde.
Os	pro�issionais	que	atuam	nos	hospitais	estão	muito	mais	comprometidos	com	valores,	normas,	códigos	de
ética	pro�issionais	e	não	com	a	hierarquia.	Esta	cultura	pro�issional	é	transmitida	durante	a	formação	desses
pro�issionais.	Grande	parte	do	poder	se	situa	na	base	da	hierarquia,	nos	pro�issionais	que	têm	contato	direto
com	 os	 pacientes,	 cada	 pro�issional	 trabalha	 e	 se	 submete	 apenas	 ao	 controle	 dos	 seus	 colegas	 que	 o
formaram	e	são	eles	que	têm	o	direito	de	o	censurar	em	caso	de	erro	pro�issional	(MONTEIRO,	1999).	
https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/qualidade-gestao-local.pdf
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#PraCegoVer:	 uma	 ilustração	 mostra	 diversos	 setores	 do	 hospital	 onde	 acontecem	 diferentes	 atividades
como	a	recepção,	sala	de	espera,	salas	de	exame,	espaços	de	internação	e	consultório.
	
O	pro�issional	tende	a	se	identi�icar	mais	com	a	sua	pro�issão	que	com	a	organização	para	a	qual	trabalha.	O
pro�issional	garante	o	seu	poder	na	organização,	não	apenas	pelo	controle	sobre	o	seu	próprio	trabalho,	mas
procura	controlar	as	decisões	de	carácter	administrativo	que	lhes	dizem	respeito	(MONTEIRO,	1999).
Figura	2	-	Ilustração	de	alguns	setores	de	um	hospital:	sala	de	atendimento,	internação,	sala	de	exames,	sala
de	espera	e	recepção
Fonte:	elenab,	Mediapool,	2020.
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E� 	 nesse	 contexto	 que,	 à	medida	 que	 as	 regras	mudam	 (novas	 ferramentas	 de	 recompensa,	 diferenciação	 de
carreiras	 pro�issionais	 e	 administrativas,	 entre	 outros)	 e	 a	 turbulência	 ambiental	 aumenta	 (pressão	 dos
cidadãos,	 necessidade	 de	 contenção	 de	 custos,	 qualidade,	 medicina	 baseada	 em	 evidências	 etc.),	 pressões
principalmente	 �inanceira,	de	expectativas	e	de	especialização,	 fazem	com	que	os	hospitais	sintam	cada	vez
mais	a	necessidade	de	recon�igurar	seu	design	interno	(LEGA;	DE	PIETRO,	2005).
Na	 área	 �inanceira	 os	 hospitais	 são	 responsáveis	 por	 uma	 parte	 considerável	 dos	 gastos	 da	 população	 e
precisam	 ser	 mais	 e�icientes	 para	 justi�icar	 esses	 gastos.	 Principalmente	 porque	 eles	 foram	 afetados	 por
cortes	nos	orçamentos,	principalmente	os	hospitais	que	precisam	de	�inanciamento	público,	mas	ao	mesmo
tempo	precisam	atender	as	necessidades	de	seus	pacientes	(LEGA;	DE	PIETRO,	2005).
As	 expectativas	 do	 público	 em	 relação	 à	 assistência	 médica,	 a	 necessidade	 de	 prestação	 de	 contas	 e	 a
padronização	da	prática	clı́nica	são	exigidas	por	ambos	os	consumidores	e	órgãos	reguladores	pro�issionais.
A	 combinação	 desses	 esforços	 tem	 sido	 denominada	 “governança	 clı́nica”,	 pois	 requer	 um	 hospital	 para
integrar	controle	�inanceiro,	desempenho	do	serviço	e	qualidade	clı́nica.
A	especialização	é	um	processo	contı́nuo	das	ciências	médicas,	os	hospitais	requerem	treinamento	contı́nuo
para	médicos	e	enfermeiros	para	garantir	que	eles	possam	responder	rapidamente	às	mudanças	no	ambiente.	
CASO
Os	hospitais	sofrem	muitos	questionamentos	quanto	ao	seu	modelo	produtivo	e	tem
sido	 frequentemente	 gerenciado	 por	 pro�issionais	 de	 outras	 áreas,	 sem
conhecimentos	 sólidos	 em	 administração.	 Nesse	 contexto	 surge	 a	 necessidade	 de
conhecer	 o	 consumo	 de	 recursos	 dentro	 do	 processo	 de	 prestação	 de	 serviços,
acompanhamento	e	controle	para	tomada	de	decisão	adequada.
Nesse	contexto	foi	realizada	uma	pesquisa	em	um	hospital	de	Florianópolis	-	SC	para
levantar	 as	 di�iculdades	 de	 implantação	 de	 um	 sistema	 de	 custos.	 As	 informações
levantadas	 culminaram	 na	 identi�icação	 de	 oito	 fatores	 que	 mais	 di�icultam	 o
processo	 de	 implantação	 de	 um	 sistema	 de	 custos	 na	 área	 hospitalar,	 a	 saber:	 (1)
falta	 de	 escopo	 do	 projeto,	 (2)	 falta	 de	 participação	 da	 direção,	 (3)	 utilização	 de
consultores,	 (4)	 resistência	 cultural,	 (5)	 falta	 de	 conhecimento	 para	 usar	 as
informações,	(6)	divisão	funcional	arraigada	e	sem	visão	de	processo,	(7)	necessidade
de	uso	de	um	software	e	(8)	necessidade	de	treinamento.
A	 autora	 concluiu	 que	 para	 lidar	 com	 essas	 di�iculdades	 é	 preciso	 interesse	 da
organização	 e	 levar	 em	 conta	 as	 barreiras	 que	 esse	processo	 irá	 encontrar	 (ROCHA,
2004).	
1.4 Sistema de saúde brasileiro – suas origens, pontos
fortes e fracos
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No	Brasil,	 a	 saúde	 é	 uma	das	 áreas	que	 sofre	maior	 interferência	 e	 regulação	do	governo.	Grande	parte	dos
hospitais	brasileiros	está,	em	maior	ou	menor	nı́vel,	envolvido	com	o	Sistema	U� nico	de	Saúde	(SUS).	As	Santas
Casas,	por	exemplo,	são	instituições	privadas,	mas	que	atendem	principalmente	pacientes	cobertos	pelo	SUS.	
Determinados	 serviços	 são	 executados	 exclusivamente	 pelo	 SUS,	 como	 é	 o	 caso	 dos	 transplantes,	 por
exemplo,	em	que	a	�ila	é	única	e	é	controlada	pelo	SUS	(SALU,	2013).
1.4.1 Antecedentes do SUS
A	Constituição	a�irma	que	“a	saúde	é	direito	de	todos	e	dever	do	Estado,	garantido	mediante	polı́ticas	sociais	e
econômicas	que	visem	à	redução	do	risco	de	doença	e	outros	agravos	e	ao	acesso	universal	e	 igualitário	 às
ações	 e	 serviços	 para	 sua	 promoção,	 proteção	 e	 recuperação”	 (BRASIL,	 [2016]).	 A	 Constituição	 também
estabelece	a	organização	do	sistema	público	de	saúde	de	acordo	com	as	seguintesdiretrizes:
I	—	descentralização,	com	direção	única	em	cada	esfera	de	governo;
II	 —	 atendimento	 integral,	 com	 prioridade	 para	 as	 atividades	 preventivas,	 sem	 prejuı́zo	 dos
serviços	assistenciais	[e];
III	—	participação	da	comunidade	(BRASIL,	[2016]).	
Antes	da	 criação	do	Sistema	U� nico	de	Saúde	 (SUS),	o	Ministério	da	Saúde	 (MS),	 com	o	apoio	dos	estados	e
municı́pios,	atuava	de	forma	bastante	limitada	na	vida	da	população	brasileira	as	ações	de	promoção	da	saúde
e	prevenção,	como	as	campanhas	de	vacinação	(MINISTE�RIO	DA	SAU�DE,	2002).	
VOCÊ O CONHECE?
O	 professor	 Júlio	 Araújo	 Carneiro	 da	 Cunha	 fez	 diversas	 pesquisas	 sobre	 gestão	 de
hospitais.	 Um	 de	 seus	 trabalhos	 mais	 conhecidos	 é	 “Avaliação	 de	 desempenho	 e
e�iciência	 em	 organizações	 de	 saúde:	 um	 estudo	 em	 hospitais	 �ilantrópicos”	 trata	 do
funcionamento	 de	 hospitais	 �ilantrópicos	 e	 também	 do	 desempenho	 dessas
instituições.	 Uma	 versão	 resumida	 do	 trabalho	 está	 disponıv́el	 em:
https://rae.fgv.br/rae/vol53-num5-2013/avaliacao-desempenho-organizacional-
estudo-aplicado-em-hospitais-�ilantropicos	 (https://rae.fgv.br/rae/vol53-num5-
2013/avaliacao-desempenho-organizacional-estudo-aplicado-em-hospitais-
�ilantropicos).	
https://rae.fgv.br/rae/vol53-num5-2013/avaliacao-desempenho-organizacional-estudo-aplicado-em-hospitais-filantropicos
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Inicialmente	a	assistência	 à	saúde	era	feita	por	meio	do	Instituto	Nacional	de	Previdência	Social	(INPS),	que
posteriormente	 passou	 a	 ser	 chamado	 de	 Instituto	 Nacional	 de	 Assistência	 Médica	 da	 Previdência	 Social
(INAMPS).
O	 INAMPS	 prestava	 assistência	 a	 seus	 associados,	 aqueles	 que	 faziam	 parte	 da	 economia	 formal,	 e	 seus
dependentes.	Quanto	mais	desenvolvida	a	economia	de	uma	região,	com	maior	presença	de	trabalho	formais
e,	consequentemente,	maior	o	número	de	bene�iciários	do	INAMPS	(MINISTE�RIO	DA	SAU�DE,	2002).
Assim,	nesse	perı́odo	pré-SUS	os	cidadãos	estavam	divididos	em	três	categorias	quanto	à	assistência	à	saúde:
a)	 aqueles	 que	 podiam	 pagar	 pelos	 serviços,	 b)	 aqueles	 que	 tinham	 direito	 a	 assistência	 prestada	 pelo
INAMPS,	e	c)	aqueles	que	não	tinham	nenhum	direito	(MINISTE�RIO	DA	SAU�DE,	2002).
Depois	 de	 diversas	 mudanças,	 no	 �inal	 dos	 anos	 80,	 o	 INAMPS	 adotou	 uma	 série	 de	 medidas	 que	 o
aproximaram	mais	de	uma	cobertura	universal,	que	foi	o	inı́cio	da	caminhada	para	a	assistência	universal	que
temos	hoje.
Em	 1988,	 a	 Constituição	 Federal,	 no	 art.	 196,	 determinou	 que	 “a	 saúde	 é	 direito	 de	 todos	 e	 dever	 do
Estado(...)”	 e,	 no	 art.	 198,	 que:	 “o	 sistema	 único	 de	 saúde	 será	 �inanciado	 com	 recursos	 do	 orçamento	 da
seguridade	social,	da	União,	dos	Estados,	do	Distrito	Federal	e	dos	Municı́pios,	além	de	outras	fontes”.	Aqui
foi	 implantada	 a	 universalidade	 do	 acesso	 aos	 serviços	 de	 saúde,	 o	 que	 foi	 um	 grande	 passo	 no	 acesso	 à
população	a	esses	serviços,	pois	principalmente	os	trabalhadores	informais	e	/	ou	população	de	baixa	renda,
�icava	praticamente	excluı́da	no	sistema	anterior.	Em	termos	de	responsabilidade,	caberia	ao	governo	prover
saúde	integral	e	gratuita	para	toda	a	população	(SALU,	2013).
VOCÊ QUER VER?
O	documentário	 “A	Revolta	da	Vacina”,	dirigido	por	Eduardo	Vilela	Tielen,	2015,	 trata
da	 história	 da	 vacina	 da	 varıóla	 e	 a	 revolta	 popular	 ocorrida	 na	mesma	 época.	 Traz
uma	 perspectiva	 interessante	 de	 alguns	 aspectos	 do	 sistema	 de	 saúde	 da	 época.
Assista	em:	https://www.youtube.com/watch?v=amwFWGMJhUw&feature=emb_title.
30/10/2022 18:50 Gestão em serviços de saúde
https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=18495&section=8 11/21
A	Lei	nº	8.080	instituiu	o	SUS,	com	comando	único	em	cada	esfera	de	governo	e	de�iniu	o	Ministério	da	Saúde
como	gestor	no	âmbito	da	União	(PIOLA	et	al.,	2013).	Com	o	estabelecimento	do	SUS,	foi	implantado	o	acesso
universal	 a	 saúde,	 ao	 menos	 em	 termos	 de	 legislação	 (SILVA,	 2011).	 Destaca-se	 que	 as	 mudanças
estabelecidas	 pela	 legislação	 não	 resolveram,	 em	 termos	práticos,	 as	 limitações	 de	 acesso	 aos	 serviços	 de
saúde.	Como	o	SUS	utilizava	a	estrutura	já	existente	do	INAMPS,	os	recursos	disponı́veis	não	eram	su�icientes
para	atender	necessidades	de	toda	a	população	(PIOLA	et	al.,	2013).	
VOCÊ QUER LER?
O	 documento	 do	 Ministério	 da	 Saúde	 intitulado	 “O	 Sistema	 Público	 de	 Saúde
Brasileiro”,	 publicado	 em	 2002,	 trata	 de	 forma	 de	 forma	 detalhada	 a	 construção	 e
história	do	sistema	de	saúde	brasileiro,	desde	 logo	antes	da	criação	do	Sistema	U� nico
de	 Saúde.	 Acesse	 e	 leia	 o	 documento	 na	 ıńtegra:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/sistema_saude.pdf
(https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/sistema_saude.pdf).
1.5 O Sistema Único de Saúde (SUS)
O	Sistema	U� nico	de	Saúde	(SUS)	se	baseia	em	três	princı́pios.	
O	 SUS	 é	 um	 dos	 maiores	 sistemas	 públicos	 de	 saúde	 do	 mundo	 e,	 nos	 anos	 2000,	 o	 único	 a	 fornecer
assistência	 integral	 e	 gratuita	 para	 toda	 a	 população,	 inclusive	 aos	 pacientes	 portadores	 do	 HIV,	 pacientes
renais	crônicos	e	pacientes	com	câncer	(MINISTE�RIO	DA	SAU�DE,	2002).
Universali
zação
Considera	a	saúde	como	um	direito	de	todos	e	cabe	ao	Estado	assegurar	este	direito.
O	acesso	deve	ser	garantido,	independentemente	de	sexo,	raça,	religião,	ocupação	ou
outras	caracterı́sticas	pessoais	ou	sociais.
Equidade	
	
O	objetivo	 desse	 princı́pio	 é	 diminuir	 desigualdades,	 ou	 seja,	 investir	mais	 onde	 a
carência	pelos	serviços	é	maior.
Integralid
ade
Pressupõe	 a	 articulação	 da	 saúde	 com	 outras	 polı́ticas	 públicas	 que	 tenham
repercussão	na	saúde	e	na	qualidade	de	vida	dos	indivı́duos.	
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/sistema_saude.pdf
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Com	 a	 Constituição	 de	 1988	 o	 registro	 no	mercado	 formal	 de	 trabalho	 não	 servia	mais	 para	 discriminar	 o
acesso	 aos	 serviços	 públicos	 de	 saúde	 (TREVISAN;	 JUNQUEIRA,	 2007).	 Além	 disso,	 a	 busca	 pela
descentralização	dos	serviços	de	saúde	prestados	pelo	SUS,	seguindo	a	determinação	da	Constituição	de	1988,
foca	 na	 transferência	 de	 poder,	 responsabilidades	 e	 recursos	 da	 União	 e	 dos	 estados	 para	 os	 municı́pios
(PIOLA	et	al.,	 2013).	 Contudo,	 a	União	mantém	o	 controle	do	 repasse	de	 recursos	 (TREVISAN;	 JUNQUEIRA,
2007)	e	essas	transferências,	em	boa	parte,	são	condicionadas	ou	vinculadas	à	ações	e	programas	especı́�icos
(MACHADO;	LIMA;	BAPTISTA,	2011).
Em	 termos	 de	 área	 de	 atuação,	 o	 SUS	 também	 trata	 de	 outras	 questões	 como	 a	 Vigilância	 Sanitária,	 de
responsabilidade	da	ANVISA,	a	saúde	das	populações	indı́genas	e	regulação	da	saúde	suplementar	à	saúde	que
é	responsabilidade	da	Agência	Nacional	de	Saúde	Suplementar	(ANS)	(MINISTE�RIO	DA	SAU�DE,	2002).
Nos	 anos	 90,	 os	municı́pios	 passaram	 a	 receber	mais	 responsabilidades	 no	 sistema	 de	 saúde,	 já	 nos	 anos
2000	a	esfera	estadual	também	ganhou	destaque	por	meio	da	Norma	Operacional	Básica	do	SUS	(NOB-96)	e	da
Norma	Operacional	de	Assistência	à	Saúde	(NOAS)	(UGA� ;	SANTOS,	2006).
De	 acordo	 com	Machado;	 Lima	 e	 Baptista	 (2011),	 em	 termos	 de	 divisão	 das	 funções	 de	 gestão	 podemos
identi�icar	 quatro	 grandes	 funções	 na	 gestão	 da	 saúde	 pública	 no	 Brasil:	 a)	 formulação	 de
polı́ticas/planejamento;	b)	 �inanciamento;	c)	regulação,	coordenação,	controle	e	avaliação	(do	sistema	e	dos
prestadores);	d)	prestação	direta	de	serviços	de	saúde.	
#PraCegoVer:	uma	 mulher	 trabalha	 em	 planilha	 no	 computador	 e	 segura	 um	 lápis	 para	 fazer	 anotações,
representando	 a	 realizaçãode	 atividades	 de	 regulação,	 coordenação,	 controle	 e	 avaliação,	 referentes	 ao
sistema	e	dos	prestadores	de	serviços.
	
Já	 o	 �inanciamento	 do	 SUS	 é	 uma	 responsabilidade	 comum	 dos	 três	 nı́veis	 de	 Governo	 (MINISTE�RIO	 DA
SAU�DE,	 2002).	 Além	 das	 transferências	 do	 Fundo	 Nacional	 de	 Saúde,	 os	 fundos	 estaduais	 e	 municipais
recebem	aportes	de	seus	próprios	orçamentos.	Alguns	estados	promovem	repasses	de	recursos	próprios	para
os	fundos	municipais	de	saúde,	de	acordo	com	regras	de�inidas	no	âmbito	estadual	(MINISTE�RIO	DA	SAU�DE,
2002).	Contudo	é	sabido	que	não	há	recursos	su�icientes	para	prover	a	saúde	no	modo	como	especi�ica	o	SUS,
os	recursos	arrecadados	não	são	aplicados	adequadamente	e	a	abrangência	e	qualidade	dos	serviços	de	saúde
Figura	3	-	Representação	de	atividade	de	coordenação,	controle	e	avaliação
Fonte:	Rawpixel.com,	Mediapool,	2020.
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são	muito	inferiores	ao	esperado	(SALU,	2013).	Ainda	há	gastos	que	dizem	respeito	à	 justiça	tributária	e	não
são	contabilizados	no	gasto	total	com	saúde.	São	conhecidos	como	subsı́dios	ou	renúncia	 �iscal,	 isenções	e
abatimentos.	(PIOLA	et	al.,	2013).
Outra	 caracterı́stica	 importante	 do	 �inanciamento	 do	 SUS	 é	 o	 foco	 na	 descentralização	 das	 origens	 dos
recursos,	entre	os	anos	90	e	2000	foram	ampliadas	as	responsabilidades	de	estados	municı́pios	nessa	questão
(UGA� ;	SANTOS,	2006).
1.6 O sistema privado de saúde no Brasil
O	sistema	de	saúde	brasileiro	compreende	um	sistema	público-privado	misto,	no	qual	os	serviços	privados
complementam	 os	 serviços	 públicos	 e	 competem	 entre	 si	 (PILOTTO;	 CELESTE,	 2017),	 a	 parte	 privada	 do
sistema	é	chamada	de	saúde	suplementar.
Uma	 parte	 privada	 do	 sistema	 de	 saúde	 brasileiro	 consiste	 em	 serviços	 de	 saúde	 privado,	 que	 oferece
diferentes	tipos	de	planos,	com	diferentes	coberturas,	taxas	mensais	e	subsı́dios	�iscais	(PILOTTO;	CELESTE,
2017).	
1.6.1 Saúde suplementar
No	Brasil	o	sistema	de	saúde	é	pluralista	tanto	em	termos	institucionais	quanto	no	que	diz	respeito	a	fontes
de	�inanciamento	e	a	modalidades	de	atenção	à	saúde.	Essa	pluralidade	se	expressa	em	quatro	vias	básicas	de
acesso	da	população	aos	serviços	de	saúde.	
#PraCegoVer:	no	quadro,	destacam-se	as	vias	de	acesso	aos	serviços	de	saúde	no	Brasil	.
	
A	saúde	suplementar	é	regulada	pela	Agência	Nacional	de	Saúde	Suplementar	(ANS)	(MINISTE�RIO	DA	SAU�DE,
2020b).	 Esses	 serviços	 podem	 ser	 utilizados	 por	 qualquer	 indivı́duo,	 dependendo	 da	 disponibilidade	 do
serviço	de	saúde	ou	de	sua	capacidade	de	pagamento.
Uma	questão	que	merece	destaque	é	que	o	desembolso	direto	é	mais	difundido	nos	paı́ses	mais	pobres,	o	que
aumenta	ainda	mais	a	inequidade	e	exclusão	dos	mais	pobres	no	acesso	aos	serviços	de	saúde.
O	 setor	 de	 saúde	 suplementar,	 muitas	 vezes,	 atua	 oferecendo	 complementação,	 em	 função	 de	 coberturas
incompletas	do	serviço	público,	 como	 taxas	adicionais	de	consulta,	 serviços	especializados	não	cobertos	e
outros	casos	(SCHULTZ,	2010).	O	setor	privado	brasileiro	 é	bem	dinâmico	e	 inclui	prestadores	privados	ao
SUS,	planos	e	seguros	de	saúde,	ao	qual	estão	vinculados	cerca	de	50	milhões	de	pessoas,	que	também	utiliza
o	SUS	(MACHADO,	2018).
Quadro	2	-	Vias	de	acesso	aos	serviços	de	saúde	no	Brasil
Fonte:	Elaborado	pela	autora,	baseado	em	PIOLA	et	al.,	2013.
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O	caso	brasileiro	mostra	que	há	espaço	para	a	oferta	de	forma	privada	dos	serviços	que	a	população	precisa,
mas	não	são	oferecidos	pelo	sistema	público,	e	 como	nenhum	sistema	de	saúde	 é	 capaz	de	oferecer	 todo	e
qualquer	procedimento,	essa	mistura	de	público-privado	é	inerente	em	todos	os	sistemas	de	saúde	(PIOLA	et
al.,	 2013).	 Depois	 dos	 anos	 60	 foram	 incrementados	 os	 incentivos	 governamentais	 à	 contratação	 de
prestadores	privados	(MACHADO,	2018),	mas	isso	também	gera	crı́tica,	pois	os	subsı́dios	para	contratação	de
planos	de	saúde,	via	renúncia	de	arrecadação	�iscal,	poderiam	ser	destinados	ao	SUS	para	prover	assistência
médica	aos	segmentos	mais	vulneráveis	da	população	(SCHULTZ,	2010).
1.6.2 Planos de saúde
Na	 década	 de	 50	 surgiram	 os	 primeiros	 planos	 de	 saúde,	 esses	 eram	 vinculados	 às	 empresas	 que
proporcionavam	esse	benefı́cio	aos	seus	colaboradores.	Esses	planos	não	 tinham	uma	base	 legal	adequada,
mas	já	utilizavam	os	moldes	de	arrecadação	de	recursos	com	as	empresas	e	empregados	que	são	utilizados
até	hoje.	Dois	exemplos	desses	planos	são	a	Cassi	(Caixa	de	Assistência	aos	Funcionários	do	Banco	do	Brasil)
e	 da	 Geap	 (Instituto	 de	 Aposentadorias	 e	 Pesões	 dos	 Industriários).	 Outras	 empresas,	 como	 Petrobrás,
Eletrobrás,	 Copel,	 Sanepar,	 Sabesp	 adotaram	 o	 mesmo	 modelo	 posteriormente.	 Os	 planos	 de	 saúde	 como
conhecemos	hoje	foram	moldados	nos	anos	60,	chamados	de	planos	de	assistência	médica	e	posteriormente,
em	1970,	chamados	de	seguros	de	saúde	(SCHEIDWEILER,	2019).
Na	década	de	90	houve	avanços	com	o	Código	de	Defesa	do	Consumidor,	e	em	1998	a	Lei	n.	9.656,	de	3	de
junho	 de	 1998,	 de�iniu	 as	 regras	 especı́�icas	 do	 setor,	 em	 1999	 a	 ANS	 passou	 a	 estabelecer	 de	 forma	mais
detalhada	a	regulamentação	para	o	setor.
No	 Brasil	 os	 planos	 podem	 ser	 contratados	 pela	 pessoa	 fı́sica	 e	 familiares,	 ou	 por	 uma	 empresa	 a	 qual	 o
indivı́duo	 esteja	 vinculado.	 O	 plano	 deve	 garantir	 o	 direito	 a	 atendimento	 em	 nı́vel	 ambulatorial,	 exames
complementares,	 procedimentos	 cirúrgicos,	 tratamentos	 de	 alto	 custo	 e	 outros	 necessários	 para	 o
atendimento.
Em	 2018	 existiam	 por	 volta	 de	 47	 milhões	 de	 bene�iciários	 de	 planos	 de	 saúde	 e	 aproximadamente	 24
milhões	de	bene�iciários	de	planos	odontológicos.	(SCHEIDWEILER,	2019).	
Figura	4	-	Planos	de	saúde	requerem	contratos,	individuais	ou	coletivos
Fonte:	Saklakova,	Mediapool,	2020.
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#PraCegoVer:	a	mão	de	uma	pessoa	assinando	documentos	em	papel,	representando	os	contratos	realizados
entre	as	companhias	que	oferecem	planos	de	saúde	e	os	sujeitos	que	os	contratam.
	
Um	plano	de	saúde	pode	ser	adquirido	de	forma	individual	ou	coletiva,	o	pagamento	acontece	através	de	uma
quantia	 mensal	 �ixa,	 independente	 do	 uso	 que	 se	 faz	 dos	 serviços	 de	 saúde	 credenciados.	 Boa	 parte	 da
população	 economicamente	 ativa	 e	 com	 trabalho	 formal,	 utiliza	 os	 serviços	 oferecidos	 pela	 saúde
suplementar.	 Tanto	 que	 muitas	 decisões	 governamentais	 promovem	 incentivos	 diretos	 e	 indiretos	 para	 o
desenvolvimento	do	mercado	privado	de	saúde,	 tanto	na	prestação	de	serviços	quanto	na	gestão	privada	da
assistência,	paralela	à	ampliação	da	cobertura	pública	(PIOLA	et	al.,	2013).
Os	planos	de	saúde	também	enfrentam	desa�ios	em	sua	gestão,	como	gerir	os	riscos	relacionados	a	pacientes
com	diferentes	nı́veis	de	necessidade	de	serviços	de	saúde.	Pois	as	operadoras	precisam	seguir	a	 legislação
que	limita	as	restrições	de	serviços	e	reajustes,	como	a	Lei	9.656	de	3	de	junho	de	1998	(KANAMURA,	VIANA,
2007).
Em	contrapartida,	as	operadoras	desenvolvem	uma	seleção	adversa	por	meio	da	qual	empresas	de	assistência
à	 saúde	 selecionam	 indivı́duos	 que	não	 interessam	na	 carteira,	 por	 apresentarem	patologias	 ou	 pela	 idade,
devido	ao	custo	assistencial	demandado	nestes	grupos.	Tentando	se	proteger,	e	garantir	o	lucro,	as	empresas
investem	 na	 criação	 de	 setores	 de	 gestão	 risco,	 visando	 criar	 barreiras	 à	 adesão	 de	 indivı́duos	 doentes	 ou
idosos	(SCHULTZ,	2010).
1.7 Sistemas de saúde em outros países – suas origens,
pontos fortes e fracosA	organização	do	sistema	de	saúde	pode	variar	muito	de	paı́s	para	paı́s.	Dadas	essas	variações,	é	interessante
discutirmos	as	caracterı́sticas	dos	sistemas	de	alguns	outros	paı́ses	e	comparar	com	o	sistema	brasileiro.
Para	 isso	 foram	 selecionados	 dois	 sistemas	 de	 saúde,	 um	 europeu	 e	 um	 latino-americano,	 que	 apresentam
importantes	contrastes	com	o	sistema	brasileiro.	Discutimos	aqui	os	sistemas	britânico	e	argentino.	
1.7.1 O sistema de saúde britânico
Criado	em	1948,	o	National	Health	Service	(NHS)	é	o	sistema	de	Saúde	do	Reino	Unido,	possui	caráter	público
e	foi	organizado	em	três	componentes:	serviços	hospitalares	especializados,	serviços	quali�icados	e	de	saúde
pública	(NICOLETTI;	DE	MATTOS	FARIA,	2017).	Seus	principais	objetivos	eram	estar	disponı́vel	para	todos	os
que	necessitam	de	cuidados	de	saúde,	ser	abrangente	na	prestação	de	serviços	e	ser	livre	para	o	uso	(OLIVER,
2005),	que	são	os	mesmos	objetivos	que	guiaram	a	criação	do	SUS	(NICOLETTI;	DE	MATTOS	FARIA,	2017).
Isso	leva	a	crer	que	o	NHS	poderia	ter	servido	de	base	para	a	criação	do	SUS	(NICOLETTI;	DE	MATTOS	FARIA,
2017).
Nos	 anos	 90	 o	 sistema	 sofreu	 algumas	 reformas	 que	 rea�irmaram	 seu	 o	 caráter	 universal	 e	 reverteram	 a
polı́tica	de	cortes	(TANAKA;	OLIVEIRA,	2007).	O	sistema	permaneceu	integralmente	público	e	centralizado	até
2004,	quando	houve	uma	separação	para	os	quatro	paı́ses	que	compõem	o	Reino	Unido:	 Inglaterra,	Escócia,
Paı́s	 de	Gales	 e	 Irlanda	do	Norte.	 Atualmente,	 a	 base	do	 sistema	permanece	 a	mesma	nesses	 paı́ses,	mas	 a
execução	apresenta	algumas	peculiaridades	em	cada	um	deles	(NICOLETTI;	DE	MATTOS	FARIA,	2017).
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Quanto	a	execução	dos	serviços	em	si,	o	acesso	começa	com	o	registro	dos	usuários	em	uma	unidade	básica
de	 saúde	 na	 qual	 um	 grupo	 de	 médicos	 clı́nicos	 gerais	 trabalham	 em	 conjunto,	 de	 maneira	 associada	 ou
contratada.	Essas	clı́nicas	funcionam	como	sistema	de	�iltragem	e	são	responsáveis	por	uma	lista	de	pessoas
cadastradas	na	unidade	básica	de	saúde,	geralmente	por	referência	geográ�ica	(DE	OLIVEIRA	TOSO;	FILIPPON;
GIOVANELLA,	 2016).	 Esse	 nı́vel	 de	 atendimento	 inclui	 serviços	 como	 consultas	 médicas,	 exames,
contraceptivos,	 procedimentos	 cirúrgicos	 simples	 e	 imunizações.	 Ainda,	 existem	 unidades	 que	 atendem
situações	 especı́�icas:	 usuários	 de	 drogas,	 saúde	 mental	 ou	 grupos	 vulneráveis	 (DE	 OLIVEIRA	 TOSO;
FILIPPON;	GIOVANELLA,	2016).
Outras	inovações	foram	introduzidas	no	sistema	são	os	NHS	Walk-in	Centers	e	o	NHS	Direct.	Adicionalmente	a
essa	ampliação	na	atenção	primária,	foi	determinado	o	nı́vel	de	Atenção	Secundária,	que	abrange	atendimento
ambulatorial	 especializado	 e	 procedimentos	 de	 alta	 complexidade	 realizados	 em	 hospitais	 (TANAKA;
OLIVEIRA,	2007).
Em	termos	de	�inanciamento,	a	maior	parte	do	�inanciamento	do	sistema	de	saúde	britânico	advém	do	setor
público,	principalmente	de	impostos	gerais,	com	uma	pequena	contribuição	do	sistema	de	Seguridade	Social.
Portanto,	 o	 sistema	 público	 inglês	 conta	 com	 fontes	 de	 �inanciamento	 semelhante	 às	 do	 SUS	 (TANAKA;
OLIVEIRA,	2007).
O	 único	 gasto	 dos	 cidadãos	 britânicos	 no	 sistema	público	 de	 saúde	 se	 refere	 ao	 pagamento	por	 prescrição
medicamentosa	ambulatorial.	O	repasse	dos	recursos	para	os	diferentes	municı́pios	se	dá	por	um	critério	per
capita,	com	base	de	captação	ponderada,	ou	seja,	 é	ajustado	a	fatores	demográ�icos	e	epidemiológicos,	como
idade,	saúde	e	localização	da	população	(TANAKA;	OLIVEIRA,	2007).
Nessa	questão	a	NHS	difere	bastante	do	SUS,	no	qual	os	recursos	�inanceiros	têm	sido	realocados	visando	a
atenção	 primária,	mas	 a	maior	 parte	 dos	 esforços	 ainda	 �icam	 nos	 serviços	 de	média	 e	 alta	 complexidade
(TANAKA;	OLIVEIRA,	2007)
Outro	 aspecto	 importante,	 em	 se	 tratando	 de	 �inanciamento	 em	 saúde,	 é	 a	 crescente	 participação	 do	 setor
privado	 em	 ambos	 os	 sistemas.	 A	 Inglaterra	 com	 economia	 abalada	 pela	 crise	 europeia	 de	 2009	 levou	 o
governo	a	 estabelecer	polı́ticas	de	 cortes	no	NHS,	 estimando	 reduzir	 os	 gastos	 em	 saúde	 em	20	bilhões	de
libras	 entre	 2010	 e	 2015.	Mas	 os	 gastos	 públicos	 do	 paı́s	 permanecem	 superiores	 a	 80%	 e	 a	 cobertura	 de
serviços	da	população	não	foi	afetada	mesmo	com	a	crise,	mostrando	que	o	sistema	foi	capaz	de	manter	o	seu
caráter	universal	(NICOLETTI;	DE	MATTOS	FARIA,	2017).
VOCÊ SABIA?
A	NHS	 tem	 um	 site	 voltado	 para	 os	 usuários	 do	 sistema	 de	 saúde	 britânico.	 Ele
apresenta	dados	como	localização	de	hospitais,	dentistas,	clıńicas	e	outros	serviços
de	 saúde	 e	 disponibiliza	 aplicativos	 para	 ajudar	 os	 usuários	 a	 gerenciar	 e
melhorar	 sua	 saúde,	 informações	 sobre	 medicamentos.	 Também	 apresenta
indicadores	 de	 saúde	 e	 outras	 informações	 sobre	 o	 funcionamento	 do	 sistema.
Conheça	mais	em:	https://www.nhs.uk/	(https://www.nhs.uk/).
https://www.nhs.uk/
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Desde	sua	criação	o	NHS	buscou	o	fortalecimento	da	atenção	básica	para	garantir	que	todos	recebam	cuidados
primários	 básicos,	 incluindo	 imunizações	 de	 rotina,	 antes	 que	 os	 recursos	 sejam	 gastos	 em	 transplantes
cardı́acos	ou	em	outros	serviços	com	custos	muito	altos	e	que	trazem	pequenos	benefı́cios	a	poucas	pessoas
(ENTHOVEN,	1991).	Diferente	do	SUS,	no	qual	as	polı́ticas	para	melhorar	efetivamente	a	atenção	básica	foram
publicadas	tardiamente	(NICOLETTI;	DE	MATTOS	FARIA,	2017).
1.7.2 O sistema de saúde argentino
O	 sistema	 de	 saúde	 da	 Argentina	 consiste	 em	 três	 subsistemas	 separados,	mas	 inter-relacionados:	 o	 setor
público,	 o	 setor	 privado	 e	 os	 fundos	 de	 seguro	 social	 de	 saúde.	 Como	muitos	 paı́ses	 latino-americanos,	 a
Argentina	possui	um	sistema	de	saúde	fragmentado	e	segmentado	(CAVAGNERO,	2008).
O	 governo	 de	 Perón	 (1946-1955)	 fortaleceu	 as	 mutuais,	 antecessoras	 das	 obras	 sociais,	 mas	 nas	 últimas
décadas	houve	predominância	do	sub�inanciamento	e	a	 fragmentação	do	sistema	de	saúde	de	acordo	com	a
capacidade	de	pagamento	dos	pacientes	(MACHADO,	2018).
Na	 década	 de	 90	 o	 governo	 implantou	 reformas	 voltadas	 para	 abertura	 econômica	 e	 privatização,	 essas
reformas	foram	realizadas	em	aliança	com	os	empresários,	Banco	Mundial	e	o	Fundo	Monetário	Internacional
(MACHADO,	2018).	
Entre	 os	 anos	 90	 e	 2000	 foram	 realizadas	 mais	 mudanças,	 mas	 muitas	 provı́ncias	 persistiam	 com
sub�inanciamento	e	di�iculdades	no	acesso	aos	serviços	(MACHADO,	2018).
O	sistema	de	saúde	da	Argentina	é	atualmente	composto	por	três	setores	integrados	entre	si	e	fragmentados	no
interior:	setor	público,	setor	social	seguro	obrigatório	(Obras	Sociais)	e	setor	privado.	
VOCÊ QUER LER?
O	 site	 do	 ministério	 da	 saúde	 da	 Argentina	 disponibiliza	 notıćias,	 formações	 e
capacitações,	 banco	 de	 recursos	 e	 campanhas,	 informações	 epidemiológicas,	 e	muitas
outras	 informações.	 Acesse	 e	 conheça	 mais	 em:	 https://www.argentina.gob.ar/salud
(https://www.argentina.gob.ar/salud).
•
Setor	público
https://www.argentina.gob.ar/salud
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O	 ministério	 da	 saúde	 argentino	 possui	 a	 responsabilidade	 sobre	 as	 funções	 de	 normalização,
regulamentação,	 planejamento	 e	 avaliação	 das	 ações	 de	 saúde,	 conta	 com	 diversos	 organismos
descentralizados	e	também	administra	programas	especiais	como	os	programas	de	imunização,	maternidade
e	infância,	HIV	e	doenças	sexualmente	transmissı́veis.
Nas	 últimas	 décadas	 foram	 implantadas,	 na	 Argentina,	 diversas	 polı́ticas	 e	 estratégias	 que	 iniciam	 o
reconhecimentoda	 deterioração	 da	 e�iciência	 operacional	 e	 da	 igualdade	 de	 distribuição	 tanto	 do	 setor
público	como	do	setor	do	sistema	operacional	(BELLO� ;	BECERRIL-MONTEKIO,	2011).
O	modelo	argentino	constitui	um	caso	especı́�ico	por	alta	fragmentação.	A	cobertura	do	serviço	de	saúde	se
encontra	distribuı́da	entre	o	setor	público,	o	Obras	Sociais	e	o	setor	privado,	com	uma	fraca	coordenação	entre
setores.
O	 setor	público	 está	 integrado	pelas	 estruturas	 administrativas	provinciais	 e	 nacionais	 de	nı́vel
ministerial,	 e	 os	 hospitais	 e	 centros	 de	 saúde	 públicos	 que	 oferecem	 serviços	 gratuitos	 a	 toda	 a
pessoa	 que	 procura,	 em	 geral	 pessoas	 com	 segurança	 social	 e	 com	 capacidade	 de	 pagamento
(BELLO� ;	 BECERRIL-MONTEKIO,	 2011).	 O	 setor	 público	 se	 �inancia	 com	 recursos	 �iscais.	 A
administração	 central	 e	 os	 organismos	 provinciais	 descentralizados	 se	 �inanciam
fundamentalmente	com	recursos	do	pressuposto	nacional	(BELLO� ;	BECERRIL-MONTEKIO,	2011).	
O	 setor	 de	 seguro	 social	 obrigatório	 se	 organiza	 no	 torno	 das	 Obras	 Sociais	 que	 cobrem	 os
trabalhadores	assalariados	e	suas	famı́lias	após	dois	anos	de	atividade.	Além	disso,	cada	uma	das
provı́ncias	 cuida	 de	 um	 sistema	 operacional	 que	 cubra	 os	 locais	 públicos	 de	 jurisdição.	 O
�inanciamento	 das	 Obras	 Sociais	 nacional	 provém	 do	 pagamento	 de	 8%	 do	 salário	 dos
trabalhadores	ativos;	3%	para	o	trabalhador	e	5%	para	o	patrão.	O	OS	das	provı́ncias	se	�inancia	da
mesma	 forma,	 com	 contribuições	 dos	 administradores	 governamentais	 e	 contribuições	 dos
governos	provinciais	na	qualidade	dos	 implementadores.	Uma	parte	das	contribuições	para	o	OS
�inanciado	 pelo	 Fundo	 Solidário	 de	 Redistribuição,	 que	 se	 destina	 a	 aumentar	 a	 equidade	 na
distribuição	dos	recursos	entre	as	entidades	(BELLO� ;	BECERRIL-MONTEKIO,	2011).
O	 setor	 privado	 inclui:	 a)	 os	 pro�issionais	 que	 prestam	 serviços	 independentes	 a	 pacientes
particulares	 associados	 as	 Obras	 Sociais	 especı́�icos	 ou	 a	 sistemas	 privados	 de	 medicina	 pré-
pagados;	 b)	 os	 estabelecimentos	 assistenciais,	 contratados	 também	por	OS,	 e	 c)	 as	 entidades	 de
seguro	 voluntário	 (BELLO� ;	 BECERRIL-MONTEKIO,	 2011).	 As	 atividades	 no	 setor	 privado	 são
�inanciadas	com	matérias	primas	que	vendem	produtos	e	com	pagamentos	da	população	que	não
têm	 um	 seguro	 de	 saúde	 e	 que	 recebem	 a	 atenção	 de	 um	 prestador	 privado	 (BELLO� ;	 BECERRIL-
MONTEKIO,	 2011).	 O	 setor	 privado	 de	 seguro	 de	 saúde	 é	 composto	 por	 organizações	 sem	 �ins
lucrativos	 e	 com	 �ins	 lucrativos,	 conhecidas	 como	 mútuos	 e	 pré-pagas,	 respectivamente
(CAVAGNERO,	2008).	
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Setor	de	seguro	social	obrigatório
Setor	privado
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Conclusão
Concluı́mos	essa	unidade	na	qual	abordamos	a	importância	da	gestão	de	saúde	e	algumas	especi�icidades	da
gestão	em	saúde.	Também	discutimos	o	funcionamento	do	sistema	de	saúde	brasileiro	(público	e	privado)	e
como	funcionam	os	sistemas	de	saúde	britânico	e	argentino.	
Nesta	unidade,	você	teve	a	oportunidade	de:
conhecer a importância da gestão em saúde;
conhecer o funcionamento do sistema único de saúde; 
conhecer o funcionamento do sistema de saúde privado no
Brasil; 
compreender o funcionamento dos planos de saúde no Brasil;
entender um pouco sobre a configuração dos sistemas de saúde
em outros países. 
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