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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS NATURAIS E EXATAS CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM PROCESSOS QUÍMICOS QMC 1094 - TECNOLOGIA QUÍMICA EXPERIMENTAL II Bruna da Cunha Padoin Geovana Mussato Mello Mateus Dias Silva RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA: SÍNTESE E VULCANIZAÇÃO DO TIOCOL Santa Maria, RS 2023 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 3 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................. 4 3 OBJETIVO ......................................................................................................... 5 4 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................. 6 4.1 MATERIAIS E EQUIPAMENTOS ...................................................................... 6 4.2 REAGENTES ..................................................................................................... 6 4.3 MÉTODOS ......................................................................................................... 6 4.3.1 Síntese: preparação do Na2S4 ......................................................................... 6 4.3.2 Síntese: Formação do Polissulfeto ................................................................ 7 4.3.3 Síntese: Tratamento do Produto e vulcanização .......................................... 7 5 RESULTADOS ................................................................................................. 7 6 CONCLUSÃO ................................................................................................... 9 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 10 3 1 INTRODUÇÃO A descoberta da vulcanização é atribuída a Charles Goodyear (EUA) e ao Thomas Hancock (Inglaterra), os quais em 1840 desenvolveram suas patentes.1 Com esse processo, a borracha que não tinha uma importância relevante pelo desconhecimento de suas propriedades físicas, passou a ter várias utilidades que ainda estão presentes atualmente. A revolução desses é consequência das alterações nas propriedades químicas e físicas quando comparamos com o material não vulcanizado. Foi constatado que não havia mais o amolecimento do material em altas temperaturas, ou congelamento em temperaturas mais baixas, além de torná-lo resistente aos ataques químicos. Dessa forma, a vulcanização de borrachas tornou-se algo atrativo a ser utilizado em diferentes ramos da indústria, tornando-se um processo amplamente utilizado.1 4 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Os elastômeros são polímeros com elevado peso molecular, formados a partir de longas cadeias, sendo classificados como macromoléculas. Essas cadeias são compostas por uma unidade química repetida (UQR), a qual denomina-se um monômero. A junção de diversos monômeros (Fig. 1) gera um polímero2,3. Um elastômero na sua forma natural, geralmente é facilmente influenciado pela temperatura ambiente, podendo perder sua viscosidade, além de ser sensível às variações térmicas e pode se solubilizar a solventes orgânicos. Essas características tornam esse polímero inviável para aplicações industrial e na geração de subprodutos.3 Figura 1 - Monômero da borracha natural, – poli(cis-isopreno) Fonte: (RODRIGUES, 2010) Para a aplicação dessas borrachas no ramo industrial, é necessário um processo prévio de vulcanização. A vulcanização trata-se de uma reação química a qual ocorre na presença de calor, onde o aditivo químico reage com o elastômero, transformando-o em uma rede tridimensional, sob a formação de ligações cruzadas entre os agentes químicos e o polímero, melhorando as propriedades físico-químicas do material.3 Quando a borracha natural é submetida à ação do calor juntamente com o enxofre (S), os átomos de S atacam a dupla ligação da borracha (C=C) estabelecendo mediante ligações covalentes, pontes de S entre as cadeias, gerando a rede tridimensional (Fig. 2). Nessa reação, o S é o agente de 5 vulcanização e a borracha passa do estado plástico para elástico. Dessa maneira, é formado um polímero de odor desagradável, sendo inerte aos solventes orgânicos utilizados na indústria, bem como ácidos diluídos.3 Figura 2 - Mecanismo da reação de vulcanização de um elastômero Fonte: (FOGAÇA) 3 OBJETIVO O objetivo é sintetizar tiocol linear e posteriormente vulcanizá-lo. Com isso, a obtenção dos dois produtos, fazer testes de resistências para ambos e observar suas semelhanças e diferenças. 6 4 MATERIAIS E MÉTODOS 4.1 MATERIAIS E EQUIPAMENTOS Os materiais utilizados para realização dos experimentos foram graal e pistilo, cápsulas de porcelana, béqueres de vidro, copos descartáveis pequenos, funil e Balão de fundo redondo, espátulas metálicas, balança analítica, prensa com aquecimento, envelope metálico, algodão e papel filtro. 4.2 REAGENTES Os reagentes usados foram Hidróxido de Sódio (NaOH) P.A., Enxofre (S), Éter de Petróleo, Acetona (H6C3O), Ácido Sulfúrico (H2SO4) 10%, Hidróxido de Sódio (NaOH) 5%, Tetracloreto de Carbono (CCl4), Triclorometano (CHCl3), Disulfeto de Carbono (CS2), Ácido Clorídrico (HCl) 2%, Dicloroetano (CH2Cl-CH2Cl) 20% em solução alcoólica, Óxido de Zinco (ZnO), Óxido de Magnésio (MgO) e Tetrasulfeto de Sódio (Na2S4). 4.3 MÉTODOS A reação de síntese foi divida em três etapas. A primeira é a preparação do tetrasulfeto de sódio (Na2S4), posteriormente ocorreu a formação do tiocol e por fim, o tratamento do produto. Após a obtenção do tiocol, foi feito o processo de vulcanização com esse produto. 4.2.1 Síntese: preparação do Na2S4 Em uma cápsula com 50 mL de água, em ebulição, é adicionado cuidadosamente 15,6008 g de NaOH juntamente com 10,960 g de S. A mistura então é agitada até que haja a dissolução dos reagentes. Após a formação de uma solução de cor marrom-clara, é feita a filtração em um funil com algodão. Com a mistura mantida em uma temperatura na faixa de 30-40 ºC. Após, a solução filtrada é 7 diretamente vertida no balão de reação, sendo esperada a reação conforme a Equação 1: 6NaOH + 10S → 2Na2S4 + Na2S2O3 + 3H2O Equação 1 4.2.2 Síntese: Formação do Polissulfeto A solução filtrada é aquecida a 60 ºC e adicionado 0,760g de MgO, para atuar como agente dispersante, sob agitação vigorosa. Com um funil dosador, 50 mL de Dicloroetano são adicionados, com uma vazão de 8-10 gotas por min, mantendo-se a temperatura próxima a 60ºC. Assim, ocorre a formação do composto a seguir, dada pela reação conforme a Equação 2: CH2ClCH2Cl + Na2S4 → [CH2-CH2-(S=S)-(S=S)] Equação 2 4.2.3 Síntese: Tratamento do Produto e vulcanização O tiocol formado foi pesado em uma balança analítica, onde foi possível obter 8,007 g do produto. Após isso, o tiocol é transferido para o graal e macerado com o pistilo juntamente com 0,400 g de ZnO e 0,802 g de CH3(CH2)16COOH. Essa nova mistura é colocada com o auxílio de uma espátula em um envelope metálico e submergido em água morna por alguns minutos para a eliminação de possíveis gases. Em seguida, o material é prensado sob temperatura de 120 ºC por 3 min. Depois de prensado e em temperatura ambiente, o envelope é aberto e o tiocol vulcanizado é obtido e lavado em água corrente. 5 RESULTADOS A preparação do Na2S4 resultou em um líquido marrom contendo 2Na2S4, Na2S2O3, 3H2O. Posteriormente, com a formação do tiocol, formou-se o polissulfeto, ou seja, um produto sólido, denominado de elastômero que possui cadeia linear e tem propriedade de um termoplástico. Posteriormente,com a vulcanização formou-se um 8 material elástico com propriedades de um material termorrígido e consequentemente com cadeia ramificada. Imagem 1 – Formação do Tiocol Fonte: Autor (2023) Imagem 2 – Tiocol Fonte: Autor (2023) Imagem 3 – Tiocol vulcanizado Fonte: Autor (2023) 9 Após a obtenção dos dois materiais (vulcanizado e não vulcanizado), foi feito um teste de resistência com diferentes solventes. Os resultados dos testes estão sendo mostrados na tabela 1. Tabela 1 - Teste de resistência frente a solventes Solventes Tiocol Vulcanizado Tiocol Não Vulcanizado Éter de Petróleo -- -- Tolueno -- +- CCl4 -- ++ CHCl3 -- ++ CS2 -- ++ Acetona -- -- H2SO4 10% -- ++ NaOH 5% -- ++ Fonte: autoral Legenda: dissolução (++), inchado (+-), não observado (--) Com o teste de resistência foi observado que o material não vulcanizado começou a se dissociar na maioria dos solventes. Já no material vulcanizado não foi observado nenhuma mudança. Portanto, com concordância com a literatura, mostrou que um material vulcanizado possui mais resistência química. Também foi observado que o material vulcanizado possui uma maior resistência mecânica. Em contanto com a mão, o tiocol não vulcanizado se esfarelava e o vulcanizado possuía uma elasticidade. 6 CONCLUSÃO Conclui-se que com o processo de vulcanização se consegue um material com diferentes propriedades do original. O produto vulcanizado, possui uma maior resistência química e mecânica e com isso, com o mesmo material podemos ter diversas utilidades. 10 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Costa, H. M. da., Visconte, L. L. Y., Nunes, R. C. R., & Furtado, C. R. G. (2003). Aspectos históricos da vulcanização. Polímeros, (Polímeros, 2003 13(2)), 125–129. https://doi.org/10.1590/S0104-14282003000200011 2. MANO, E.B.; MENDES, L.C. Introdução a Polímeros. 2° ed. Ed. Blücher, São Paulo, 1999. 3. RODRIGUES, Erick Batista. Estudo da estabilidade das propriedades mecânicas e químicas de compostos de borracha vulcanizados com enxofre após envelhecimento térmico e oxidativo. 2010. Dissertação (Mestrado em Engenharia Metalúrgica e de Materiais) - Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010. doi:10.11606/D.3.2010.tde- 20082010-134833. 4. FOGAÇA, Jennifer Rocha Vargas. "Vulcanização da borracha"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/quimica/vulcanizacao-borracha.htm. 5. MANO, Eloisa Biasotto. Química Experimental de Polímeros. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788521214977/pageid/103 6. MANO, Eloisa Biasotto. POLIMEROS COMO MATERIAIS DE ENGENHARIA. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788521216643/pageid/29. https://brasilescola.uol.com.br/quimica/vulcanizacao-borracha.htm https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788521214977/pageid/103 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788521216643/pageid/29
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