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+ IT302 - Eletrônica de Potência – Aula 03 Dispositivos semicondutores: diodos e tiristores Características desejadas dos componentes semicondutores ◼Características desejadas de um componente semicondutor: ◼ Tensões de ruptura elevadas ◼ Tensões pequenas durante o estado de condução (transistores bipolares, diodos, etc) ou resistência de condução pequena (dispositivos MOSFET). ◼ Tempos de acionamento e desligamento pequenos ◼Grande capacidade de dissipação de potência: consegue conduzir elevadas correntes com perdas pequenas e com geometria que permita a fácil dissipação do calor 2 Características desejadas dos componentes semicondutores ◼Não existe um componente eletrônico com todas as características desejadas ◼Em geral existe um compromisso entre tensão de ruptura e perdas de condução. ◼Nos transistores bipolares (que são componentes de portadores minoritários) existe um compromisso entre perdas de condução e velocidade de chaveamento, ou seja, um componente mais rápido possui mais perdas e um componente mais lento tem menos perdas (isso tem a ver com o tempo de recombinação dos portadores). 3 Dispositivos eletrônicos de potência 4 Diodo de potência ◼Os componentes eletrônicos de potência são versões modificadas dos componentes de pequenos sinais. ◼O diodo de potência possui uma camada N- fracamente dopada e com grande comprimento. ◼A função da camada N- é alojar a zona de depleção. Com isso a zona de depleção tem um grande comprimento e o campo elétrico é melhor distribuído. ◼Apesar de seu comprimento maior e baixa dopagem a região N- não oferece muita resistência à passagem de corrente durante o estado de condução (quando o diodo está ligado) devido à injeção de portadores. 5 6 Diodo de potência ◼As elevadas dopagens nas regiões P+ e N+ proporcionam contatos ôhmicos com os terminais metálicos do anodo e do catodo. ◼Por terem muitos portadores majoritários livres, os semicondutores P+ e N+ comportam-se como bons condutores. ◼O diodo de potência possui então duas junções: uma P+N- e uma N-N+. ◼A área da seção transversal do componente depende da corrente máxima que o diodo vai conduzir. 7 Diodo de potência: curva IxV ◼ Na polarização direta a corrente sobe linearmente e não exponencialmente como no diodo de sinal. ◼ As quedas ôhmicas devido à condução de correntes de grande intensidade mascaram o comportamento exponencial do diodo básico. ◼ Com polarização reversa somente uma pequena corrente de fuga (saturação reversa) circula. Essa corrente independe da tensão reversa aplicada. ◼ Quando a tensão de ruptura é atingida a tensão reversa passa a ser constante e a corrente cresce, sendo limitada apenas pelo circuito. 8 Diodo de potência: curva IxV ◼ Diodo de pequenos sinais ◼ Diodo de potência Vj = tensão da junção Vd = queda de tensão na região de drift Vak = Vj + Vd = tensão de polarização do diodo 9 𝐼 = 𝐼𝑜 exp qVj kT − 1 𝐼 = 𝐼𝑜 exp qVj kT − 1 + 𝑉𝑑/𝑅𝑜𝑛 Diodo de potência: perdas de condução ◼ Praticamente toda a dissipação de potência no diodo ocorre durante a condução (polarização direta). ◼ Porém em altas frequências as perdas por chaveamento também começam a ser significativas. ◼ Durante o estado de condução existe uma redução substancial da resistência da região N- devido à grande injeção de portadores em excesso. É por isto que esta região de grande largura e baixa dopagem não causa tantas perdas como seria esperado. ◼ Em diodos de menor potência a tensão aplicada nos terminais é aproximadamente a mesma encontrada nas junções (em torno de 0,7 V). ◼ Em diodos de maior potência as quedas ôhmicas são significativas e a tensão nos terminais pode ser próxima de 1 V. 10 Diodo de potência: perdas de condução ◼ Com correntes muito elevadas deve ser levada em conta a dissipação de potência na região N- (perda ôhmica). Isso é o que limita a potência máxima nos diodos comerciais. ◼ Com elevadas correntes a característica ôhmica da região N- começa a prevalecer. Então uma estimativa da potência dissipada pelo diodo durante a condução pode ser: ◼ Isto porque: ◼ Ron = resistência do diodo durante o estado de condução (causada pela presença da região N-) on akP V I= ◼ Potência dissipada no diodo durante a condução sem considerar as perdas na região N-: 2 on j onP I RV I+= ak j onV V IR= + 11 Diodo de potência: características de chaveamento ◼O diodo de potência requer algum tempo para sair do estado desligado para o estado de condução e vice- versa. ◼Normalmente as características das folhas de dados são informadas para um determinado di/dt, que depende das características do circuito. ◼O di/dt depende do tipo de circuito no qual o diodo está sendo usado (indutivo, resistivo, capacitivo). ◼O comportamento com carga resistiva seria diferente (as transições seriam mais rápidas). 12 Diodo de potência: acionamento – turn-on (1ª fase – intervalo t1) ◼O acionamento é compreendido pelos intervalos t1 e t2 da figura mostrada no slide a seguir. ◼Dois processos físicos ocorrem em sequência durante o acionamento e podemos desmembrá-los em duas fases. ◼ 1ª fase (intervalo t1): Primeiramente as cargas espaciais da zona de depleção são retiradas e a zona de depleção é encolhida. ◼Observa-se um pico de tensão ao final desta fase. Quando a condução começa a resistência da região N- é grande, o que causa o surgimento de uma tensão elevada sobre o diodo. A resistência da região N- vai diminuir na 2ª fase. 13 Remoção das cargas espaciais e encolhimento da zona de depleção. Injeção de portadores minoritários Final da injeção de portadores: tensão atinge o valor de regime Tensão cai conforme a resistência de N- diminui 14 15 Diodo de potência: acionamento – turn-on (2ª fase – intervalo t2) ◼ 2ª fase (intervalo t2): Depois que a zona de depleção foi desfeita a junção fica diretamente polarizada e os portadores minoritários começam a ser difundidos. ◼ Durante o intervalo t2 (injeção de portadores minoritários) o excesso de portadores cresce até alcançar o valor de regime, que depende da máxima corrente que vai circular pelo circuito. N-P+ N+ 17 Diodo de potência: acionamento – turn-on (2ª fase – intervalo t2) ◼ Lacunas minoritárias são injetadas na região de drift pela borda da junção P+N- ◼ Elétrons minoritários são injetados na região de drift pela borda da junção N-N+ N-P+ N+ 18 Início da injeção de portadores minoritários no intervalo t2 19 Final da injeção de portadores minoritários no intervalo t2 20 Diodo de potência: acionamento – turn-on (2ª fase – intervalo t2) ◼Quando os portadores minoritários em excesso são injetados a resistência começa a cair até que a tensão chega ao valor final (aproximadamente 1 V). ◼O intervalo entre o pico da tensão e o instante em que a tensão se estabiliza (no valor pequeno perto de 1 V) representa o preenchimento da região N- com portadores excesso (lacunas minoritárias na borda com P+ e elétrons na borda com N+). 21 Diodo de potência: acionamento – turn-on ◼ O tempo de acionamento do diodo depende do di/dt (que depende do circuito). Um di/dt elevado permite a descarga rápida das cargas espaciais da zona de depleção. ◼ O valor final da corrente também influencia a velocidade de acionamento. Uma corrente elevada faz com que a injeção de portadores demore mais até chegar à situação de regime. ◼ Valores típicos: ◼ t1: centenas de nano-segundos ◼ t2: micro-segundos ◼ Componentes mais rápidos podem ser fabricados com a redução do tempo de vida dos portadores (recombinação mais rápida). Entretanto isto aumenta as perdas de condução do componente. ◼ Existe sempre um compromisso entre velocidade e perda de condução. (Componente mais rápido → mais perdas de condução) 22 Diodo de potência: desligamento –turn-off (1ª fase: t3+t4) ◼ O desligamento do diodo é compreendido pelo intervalo (t3 + t4 + t5) (veja próximo slide) ◼ O desligamento é essencialmente o processo inverso do acionamento. ◼ 1ª fase do turn-off (intervalo t3 + t4): Portadores minoritários em excesso na região N- são removidos. ◼ A remoção das cargas ocorre pela ação conjunta do processo de recombinação e da corrente negativa do circuito durante o intervalo (t3 + t4) ◼ Somente após a remoção dos portadores as junções podem tornar-se reversamente polarizadas (quando o diodo de fato é desligado). ◼ Enquanto existirem portadores em excesso as junções estarão diretamente polarizadas. Isto explica por que a tensão continua pequena (e positiva) durante o intervalo t3 + t4. 23 24 Neste instante a polaridade da fonte de alimentação do circuito foi invertida ou a fonte de alimentação foi desligada Diodo de potência: desligamento – turn-off (1ª fase: intervalo t3+t4) ◼ Durante a 1ª fase do desligamento o excesso de portadores é removido. N-P+ N+ 25 Diodo de potência: desligamento – turn-off (2ª fase: intervalo t5) ◼ Após a remoção dos portadores em excesso na fase anterior a zona de depleção começa a ser reconstruída. ◼ A reconstrução da zona de depleção demanda corrente negativa para o armazenamento das cargas espaciais. ◼ Neste momento já não existe mais movimentação de cargas através da junção. As cargas espaciais são criadas por corrente negativa drenada da fonte externa do circuito. ◼ Depois que os portadores em excesso foram retirados (no final do intervalo t4) a tensão do diodo começa a ficar negativa durante a reconstrução da zona de depleção. ◼ Conforme a zona de depleção vai se completando a corrente negativa começa a diminuir até zerar (no final do intervalo t5). 26 Diodo de potência: desligamento – recuperação reversa ◼ O intervalo trr = t4 + t5 (final da 1ª fase e 2ª fase do turn-off) é chamado de período ou tempo de recuperação reversa. ◼ Neste período existe a condução de corrente negativa para desalojar os portadores em excesso (1ª fase) e para reconstruir a zona de depleção com o armazenamento de cargas espaciais (2ª fase). ◼ A recuperação reversa (constituída na verdade por dois processos distintos) é a principal responsável pelo atraso no desligamento do diodo, ou seja, na comutação do estado de condução para o estado de corte. 27 Diodo de potência: desligamento – recuperação reversa ◼ O retorno da corrente para o nível zero que se inicia após o bloqueio (instante final do intervalo t4 e início do t5) pode ter grandes derivadas e isso pode causar sobretensões com a presença de indutâncias parasitas no circuito. ◼ Nos diodos soft recovery o decaimento desta corrente negativa durante a recuperação reversa é mais lento, evitando assim a ocorrência de sobretensões. ◼ Tipos especiais de diodos: soft recovery, fast recovery, ultra fast recovery 28 Diodo de potência ◼ Resultados experimentais: turn on e turn off corrente tensão corrente tensão Recuperação reversa Sobretensão no início da condução 29 Diodo Schottky ◼ Formado por apenas um tipo de semicondutor e um metal ◼ Normalmente o semicondutor tipo N é usado, pois a mobilidade de elétrons do material N é maior do que a de lacunas no material P ◼ Não possui junção PN ◼ É um componente de portadores majoritários. No caso do diodo do tipo N, somente elétrons conduzem corrente. Não há lacunas envolvidas no processo de funcionamento do componente. ◼ Por não ter portadores minoritários não apresenta o fenômeno da recombinação e não tem o processo de difusão de portadores. Vantagem: acionamento e desligamento são muito rápidos. ◼ Possui uma região N com dopagem moderada e uma região N+ para fazer o contato ôhmico com o metal no catodo (K). 30 Diodo Schottky ◼ Estrutura física: possui somente um tipo de semicondutor ◼ Possui uma junção metal-N (não existe junção PN) 31 Diodo Schottky ◼ Na fabricação do diodo usa-se um metal com nível de energia menor do que o silício ◼ Isto permite formar uma junção retificadora (no lugar de uma junção ôhmica) 32 Diodo Schottky ◼ A condução de corrente se dá apenas por elétrons majoritários 33 Diodo Schottky ◼ O desligamento do diodo Schottky é muito rápido porque não existem portadores minoritários em excesso para serem retirados, como ocorre no diodo de junção PN. ◼ O único atraso no desligamento ocorre pelo restabelecimento da zona de depleção do diodo. ◼ A recuperação reversa do Schottky não possui a etapa de retirada de portadores, portanto é muito rápida. ◼ Existe recuperação reversa apenas para a reconstrução da barreira de depleção. ◼ O acionamento (turn on) do Schottky também é rápido pois não há injeção de portadores minoritários 34 Diodo Schottky ◼ O diodo Schottky possui tensões de ruptura menores pois a camada N- não pode ter uma dopagem exageradamente fraca (o que permitiria zonas de depleção mais extensas e campos elétricos menores – ou tensões maiores). ◼ Uma dopagem muito fraca teria o efeito indesejado de uma resistência de condução muito grande, ocasionando perdas. ◼ Como não existe injeção de portadores minoritários, a região N- não se torna mais condutiva quando o diodo está em condução (como ocorre no diodo de junção PN). ◼ A dopagem do Schottky deve ser moderada. Não pode ser muito alta para não eliminar o efeito retificador (produzindo um contato ôhmico). Também não pode ser muito fraca, pois isso aumentaria as perdas. ◼ Pelo fato de a dopagem N- não poder ser muito fraca, o Schottky não pode ter zonas de depleção muito profundas e por isso não suporta tensões reversas muito elevadas. 35 Diodo Schottky: princípio de funcionamento ◼ Metal e semicondutor antes de formar a junção O metal tem um nível de energia mais baixo O silício tem um nível de energia mais alto 36 Nível de Fermi. Pode ser entendido como um “nível médio” de energia entre as bandas de condução e valência. É o nível que tem 50% de chance de ser ocupado pelos elétrons de valência. Nível de Fermi do semicondutor dopado. Nível de Fermi do semicondutor intrínseco. Nível de Fermi do metal. ◼ Metal e semicondutor: formação da junção 37 Diodo Schottky ◼ Junção Metal-Semicondutor (N-) ◼ Sem polarização Quando a junção é formada os níveis de Fermi igualam-se (sem polarização) Com a migração de elétrons para o metal é criada uma zona de depleção Diferença de energia associada à tensão da junção criada pelo campo elétrico das cargas espaciais Anodo Catodo 38 Diodo Schottky ◼ Junção Metal-Semicondutor (N-) ◼ Polarização reversa A polarização reversa (com tensão VR) amplia a diferença de energia. Agora o silício ficou menos energético e os elétrons não conseguem de jeito nenhum migrar para o metal. O diodo está bloqueado. 39 Diodo Schottky ◼ Junção Metal-Semicondutor (N-) ◼ Polarização direta A polarização direta (com tensão Va) reduz a zona de depleção e facilita a passagem dos elétrons do silício para o metal. Uma corrente de elétrons pode então ser estabelecida. 40 Diodo Schottky: estrutura do diodo prático e característica de chaveamento Observa-se que assim que a corrente se inverte a tensão já começa a crescer (ficando negativa). Não existe o intervalo t4 do diodo PN (compare as figuras). Isso porque não existem portadores minoritários. Canal do osciloscópio está invertido! 41 Diodos especiais: fast / ultra fast recovery ST Microelectronics Tandem = tecnologia com dois diodos em série no mesmo encapsulamento 43 Diodos especiais: SiC Schottcky ◼ Tecnologia nova, onde o SiC (carbeto de silício) é o semicondutor empregado ◼ Desvantagem: custo ◼ Comparação entre diodos de três tecnologias no desligamento: Tecnologia com dois diodos em série no mesmo encapsulamento Diodo de carbeto de silício Diodode silício 44 Materiais emergentes ◼ Materiais como o carbeto de silício (SiC) e o arseneto de gálio (GaAs) podem ser usados na fabricação de dispositivos no lugar do silício ◼ O SiC tem despontado como a próxima geração dos semicondutores de potência, mas seu custo ainda é elevado ◼ Fabricantes estão em busca de aprimoramentos nas técnicas de fabricação para produzir componentes com capacidades de corrente cada vez maiores e a custos menores ◼ O SiC possibilita comutações 4 vezes mais rápidas e tensões de junção 15% inferiores em comparação com diodos de Si. 45 Tiristor ◼O nome tiristor engloba uma família de dispositivos semicondutores que possuem em comum uma estrutura de 4 camadas semicondutoras numa sequência p-n-p-n, apresentando um funcionamento biestável. ◼O tiristor de uso mais difundido é o SCR (retificador controlado de silício), chamado simplesmente de tiristor. Outros componentes, no entanto, possuem basicamente uma mesma estrutura: LASCR (SCR ativado por luz), também chamado de LTT (light triggered thyristor), TRIAC (tiristor triodo bidirecional), DIAC (tiristor diodo bidirecional), GTO (tiristor comutável pela porta), MCT (tiristor controlado por MOS) O conteúdo desta seção sobre tiristores é baseado na apostila IT302 do Prof. J. A. Pomilio 49 Tiristor: funcionamento ◼O tiristor é formado por quatro camadas semicondutoras, alternadamente p-n-p-n, possuindo 3 terminais: anodo e catodo, pelos quais flui a corrente principal, e a porta (ou gate) que, com uma pequena injeção de corrente, faz com que se estabeleça a corrente anódica. 50 Tiristor: polarização direta ◼ Se entre anodo e catodo tivermos uma tensão positiva, as junções J1 e J3 estarão diretamente polarizadas, enquanto a junção J2 estará reversamente polarizada. Não haverá condução de corrente até que a tensão Vak se eleve a um valor que provoque a ruptura da barreira de potencial em J2. reversa direta direta Zona de depleção 51 Tiristor: polarização direta ◼ Se houver uma tensão Vgk positiva, circulará uma corrente através de J3, com portadores negativos (elétrons minoritários) indo do catodo (região N+) para a porta (região P). ◼ Por construção, a camada P ligada à porta é suficientemente estreita para que parte destes elétrons que cruzam J3 transbordem para a região N-, sendo então acelerados em direção ao anodo. reversa direta direta 52 Tiristor: polarização direta ◼ Com a injeção de portadores através da junção J2 (que é reversamente polarizada), estabelece-se uma corrente entre anodo e catodo. ◼ Mesmo com a retirada da corrente da porta (gate) a corrente continua fluindo, com elétrons indo do catodo (K) para o anodo (A). reversa direta direta 53 Tiristor: polarização reversa ◼ Quando a tensão Vak for negativa, J1 e J3 estarão reversamente polarizadas, enquanto J2 estará diretamente polarizada. ◼ Uma vez que a junção J3 é intermediária a regiões de alta dopagem, ela não é capaz de bloquear tensões elevadas, de modo que cabe à junção J1 manter o estado de bloqueio do componente. direta reversa reversa Zona de depleção Zona de depleção 54 Tiristor: analogia com transistores ◼ Pode-se fazer uma analogia do tiristor com uma associação de dois transistores. ◼ Quando uma corrente Ig positiva é aplicada, Ic2 e Ik crescem. ◼ Como Ic2 = Ib1, T1 conduzirá e teremos Ib2 = Ic1 + Ig, que aumentará Ic2 e assim o dispositivo evoluirá até a saturação, mesmo que Ig seja retirada. 55 Tiristor: funcionamento ◼ O componente se manterá em condução desde que, após o processo dinâmico de entrada em condução, a corrente de anodo tenha atingido um valor superior ao limite IL, chamado de corrente de "latching". Corrente de latching 56 Tiristor: funcionamento ◼Para desligar o tiristor é necessário que a corrente por ele caia abaixo do valor mínimo de manutenção (IH), quando os elétrons injetados pela base não conseguem mais penetrar a zona de depleção formada pela junção J2. Corrente de desligamento 57 Tiristor: funcionamento ◼ Devido a características construtivas do dispositivo, a aplicação de uma polarização reversa do terminal de gate do tiristor não permite o desligamento. ◼ Mesmo aplicando-se uma corrente negativa no gate, a corrente de gate é pequena demais para conseguir esvaziar os portadores minoritários da região P. Corrente de desligamento Apenas o tiristor do tipo GTO pode ser desligado pelo gate. 58 Tiristor: 1º modo de acionamento Acionamento por aplicação de tensão direta elevada ◼ Quando polarizado diretamente, no estado desligado, a tensão de polarização é aplicada sobre a junção J2 (que está reversa) ◼ O aumento da tensão Vak leva a uma expansão da região de transição tanto para o interior da camada do gate quanto para a camada N adjacente. ◼ Mesmo na ausência de corrente de gate, por efeito térmico, sempre existirão cargas livres que penetram na região de transição (no caso, elétrons), as quais são aceleradas pelo campo elétrico presente em J2. ◼ Para valores elevados de tensão (e, consequentemente, de campo elétrico), é possível iniciar um processo de avalanche, no qual as cargas aceleradas, ao chocarem-se com átomos vizinhos, provocam a expulsão de novos portadores, os quais reproduzem o processo. ◼ Este fenômeno, do ponto de vista do comportamento do fluxo de cargas pela junção J2, tem efeito similar ao de uma injeção de corrente pelo gate, de modo que, após ter início a passagem de corrente acima do limiar de IL o dispositivo vai se manter em condução. 59 Tiristor: 1º modo de acionamento Junção reversa com tensão elevada direta direta Zona de depleção Acionamento por aplicação de tensão direta elevada 60 Tiristor: 2º modo de acionamento Ação da corrente positiva de porta (é o modo usual de disparo) ◼ Sendo o disparo através da corrente de porta a maneira mais usual de ligar o tiristor, é importante o conhecimento dos limites máximos e mínimos para a tensão Vgk e a corrente Ig. Faixa de operação 61 Tiristor: 2º modo de acionamento Ação da corrente positiva de porta ◼ O valor Vgm indica a mínima tensão de gate que garante a condução de todos os componentes de um dado tipo, na mínima temperatura especificada. ◼ O valor Vgo é a máxima tensão de gate que garante que nenhum componente de um dado tipo entrará em condução, na máxima temperatura de operação. ◼ A corrente Igm é a mínima corrente necessária para garantir a entrada em condução de qualquer dispositivo de um certo tipo, na mínima temperatura. ◼ Para garantir a operação correta do componente, a reta de carga do circuito de acionamento deve garantir a passagem além dos limites Vgm e Igm, sem exceder os demais limites (tensão, corrente e potência máximas). 62 Tiristor: 2º modo de acionamento Ação da corrente positiva de porta ◼ Para garantir a operação correta do componente, a reta de carga do circuito de acionamento deve garantir a passagem além dos limites Vgm e Igm, sem exceder os demais limites (tensão, corrente e potência máximas). Tensão mínima Corrente mínima Faixa de operação 63 Tiristor: 3º modo de acionamento Taxa de crescimento da tensão direta ◼ Quando reversamente polarizada, a área de transição de uma junção comporta-se de maneira similar a um capacitor, devido ao campo criado pelas cargas espaciais. ◼ Considerando que praticamente toda a tensão está aplicada sobre a junção J2 (quando o tiristor estiver desligado e polarizado diretamente), a corrente que atravessa a junção é dada por: Onde Cj é a capacitância da junção indesejado 64 Tiristor: 3º modo de acionamento ◼ Quando Vak cresce, a capacitância diminui. Entretanto, se a taxa de variação da tensão for suficientemente elevada, a corrente que atravessará a junção pode ser suficiente para levar o tiristor à condução. ◼ Uma vez que a capacitância cresce com o aumento da área do semicondutor,os componentes para correntes mais elevadas tendem a ter um limite de dv/dt menor. ◼ Observe que a limitação diz respeito apenas ao crescimento da tensão direta (Vak > 0). A taxa de crescimento da tensão reversa não é importante, uma vez que as correntes que circulam pelas junções J1 e J3 neste caso não têm a capacidade de levar o tiristor ao estado de condução. ◼ Utilizam-se circuitos RC (snubbers) em paralelo com os tiristores com o objetivo de limitar a velocidade de crescimento da tensão direta sobre eles. indesejado 65 Tiristor: 4º modo de acionamento Temperatura ◼ Em altas temperaturas, a corrente de fuga numa junção P-N reversamente polarizada dobra aproximadamente com o aumento de 8 oC. ◼ A elevação da temperatura pode originar uma corrente através de J2 suficiente para levar o tiristor à condução. reversa direta direta Corrente de fuga reversa indesejado 66 Tiristor: 5º modo de acionamento Energia radiante ◼ Energia radiante dentro da banda espectral do silício, incidindo e penetrando no cristal, produz considerável quantidade de pares elétrons-lacunas, aumentando a corrente de fuga reversa, possibilitando a condução do tiristor. ◼ Este tipo de acionamento é o utilizado nos LASCR, cuja aplicação principal é em sistemas que operam em elevado potencial, onde a isolação necessária só é obtida por meio de acoplamentos óticos. 67 Tiristor: parâmetros básicos ◼ Tensão direta de ruptura (VBO) ◼ Máxima tensão reversa (VBR) ◼ Máxima corrente de anodo (Iamax): pode ser dada como valor RMS, médio ou de pico ◼ Máxima temperatura de operação (Tjmax): temperatura acima da qual, devido a um possível processo de avalanche, pode haver destruição do cristal. 68 Tiristor: parâmetros básicos ◼ Resistência térmica (Rth): é a diferença de temperatura entre 2 pontos especificados ou regiões, dividida pela potência dissipada sob condições de equilíbrio térmico. É uma medida das condições de fluxo de calor do cristal para o meio externo. ◼ Máxima taxa de crescimento da tensão direta Vak (dv/dt). 69 Tiristor: parâmetros básicos ◼ Máxima taxa de crescimento da corrente de anodo (di/dt): fisicamente, o início do processo de condução de corrente pelo tiristor ocorre no centro da pastilha de silício, ao redor da região onde foi construída a porta, espalhando-se radialmente até ocupar toda a superfície do catodo, à medida que cresce a corrente. Mas se a corrente crescer muito rapidamente, antes que haja a expansão necessária na superfície condutora, haverá um excesso de dissipação de potência na área de condução, danificando a estrutura semicondutora. 70 Tiristor: limitação de di/dt ◼ O limite de di/dt é ampliado para tiristores de tecnologia mais avançada fazendo-se a interface entre gate e catodo com uma maior área de contato, por exemplo, “interdigitando” o gate. 71 Tiristor: parâmetros básicos ◼ Corrente de manutenção de condução (IH): a mínima corrente de anodo necessária para manter o tiristor em condução, abaixo da qual o componente se desliga. ◼ Corrente de disparo (IL): mínima corrente de anodo requerida para manter o SCR ligado imediatamente após ocorrer a passagem do estado desligado para o ligado e ser removida a corrente de porta. corrente tensão 72 Tiristor: turn on e turn off ◼O processo de acionamento é relativamente simples e pode ser feito com a aplicação de uma corrente pulsada no gate. Circuitos de acionamento para esta finalidade são de fácil construção. ◼O processo de desligamento, por outro lado, é complicado. Não é possível desligar o tiristor por ação do gate. ◼O desligamento pode ocorrer por comutação natural ou comutação forçada. ◼O caso mais comum é a comutação natural. Nas aplicações com comutação forçada o tiristor pode ser substituído por transistores nas aplicações modernas. 73 Tiristor: turn off ◼ Para o tiristor desligar-se as junções J1 e J3 devem estar reversamente polarizadas. ◼ Isto torna necessário a remoção dos portadores em excesso (pois as junções estavam diretamente polarizadas durante a condução). ◼ Além disso as zonas de depleção de J1 e J3 devem ser reconstruídas. Recuperação reversa, como no diodo 74 Tiristor: turn off ◼ Comutação natural 75 Circuitos de disparo Acoplamento óptico ◼ O acoplamento com optoacopladores apresenta como principal vantagem a imunidade a interferências eletromagnéticas, além da alta isolação de potencial. São dispositivos nos quais o emissor e o receptor estão integrados, apresentando uma isolação típica de 2500 V. 90 Circuitos de disparo Fibras ópticas ◼ Em aplicações de alta tensão pode-se obter isolamento de centenas de quilovolts com fibras ópticas. ◼ A potência necessária para o disparo é provida por duas fontes: uma para alimentar o emissor (em geral a própria fonte do circuito de controle) e outra para o lado do receptor. ◼ Eventualmente, a própria carga armazenada no capacitor do circuito amaciador (ou rede de equalização), através de um transformador de corrente, pode fornecer a energia para o lado do receptor, a partir da corrente que circula pelo tiristor, assegurando potência durante todo o período de condução. 91 Lição de casa ◼ N. Mohan, T. Undeland, W. Robins, Power electronics, 3ª Ed. ◼ Capítulos 2, 19, 20, 23 e 24 – Diodos e tiristores ◼ Leitura recomendada: Apostila IT302 – Prof. J. A. Pomilio – FEEC/UNICAMP, 2014 97