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Imprimir INTRODUÇÃO O estudo da criminologia objetiva compreender todo e qualquer fenômeno de natureza criminal, o que signi�ca dizer que a análise do crime, do delinquente e das circunstâncias do crime em si sempre estará relacionada às características que o caso concreto e o indivíduo têm. Assim, sabemos que a delinquência pode advir de qualquer sujeito, independentemente de classe social, etnia ou gênero e, justamente por isso, estudar crimes praticados pelos mais diversos atores é fundamental para atingirmos a compreensão plena criminológica. Nesse sentido, estudaremos a teoria das subculturas criminais e do interacionismo simbólico, as características dos crimes de colarinho branco no Brasil, o poder como fator criminógeno e as estratégias de enfrentamento. Vamos lá? TEORIA DAS SUBCULTURAS CRIMINAIS E DO INTERACIONISMO SIMBÓLICO A criminologia subdivide-se em teorias que visam explicar a origem do crime e quais impactos eles geram para a sociedade. Nesse sentido, pode-se dividir as teorias em dois grandes grupos, as teorias do consenso, que analisam a sociedade sob a ótica de que todos têm o seu papel na sociedade, e as teorias do con�ito, que explicam o crime por meio dos con�itos entre grupos sociais. A subcultura delinquente (também conhecida como subcultura criminal), uma das teorias do consenso, deve ser estudada com o foco na complexidade das relações humanas. A cultura dominante (também denominada de establishment) é combatida pelos integrantes de um grupo contrário aos valores estabelecidos, utilizando-se de violência e um código interno de condutas e punições (GONZAGA, 2018). A primeira vez que alguém utilizou o termo subcultura delinquente, foi no livro Delinquent boys (1955), de Albert Cohen. O autor fez a análise de jovens contra o sistema dominante e suas regras e que criaram posturas e formas de pensar próprias, não aceitando o que era imposto pela sociedade dominante (GONZAGA, 2018). Três ideias básicas sustentam a subcultura delinquente: 1) o caráter pluralista e atomizado da ordem social; 2) a cobertura normativa da conduta desviada; 3) as semelhanças estruturais, na gênese, dos comportamentos regulares e irregulares (PENTEADO FILHO, 2020). Essa teoria é contrária à noção de uma ordem social ofertada pela criminologia tradicional. As gangues são exemplos da subcultura criminal, pois elas criam as suas próprias regras, posturas e formas de pensar. Aula 1 DELINQUÊNCIA E CRIMES DE COLARINHO BRANCO Estudaremos a teoria das subculturas criminais e do interacionismo simbólico, as características dos crimes de colarinho branco no Brasil, o poder como fator criminógeno e as estratégias de enfrentamento. 40 minutos A teoria do interacionismo (labelling approach, etiquetamento, rotulação ou reação social), por sua vez, é uma das mais importantes teorias de con�ito. Esta teoria surgiu nos Estados Unidos, nos anos 1960, tendo como principais expoentes Erving Go�man e Howard Becker (GONZAGA, 2018). A teoria do interacionismo é considerada uma das teorias de con�ito por prever que a criminalidade não é uma qualidade da conduta humana, mas a consequência de um processo de estigmatização e marginalização, sendo impossível falar que o transgressor se adequa ao papel social que lhe é imposto. O criminoso, desse modo, se diferencia do “homem comum”, do não transgressor, em razão do estigma mencionado, ao passo que ele recebe um rótulo de marginalidade e, muitas vezes, não consegue o seu sustento pelas vias legais. A sociedade de�ne, por meio dos controles sociais informais, o que se tem como comportamento desviado, qual seja, todo o comportamento considerado perigoso e constrangedor, determinando quais são as sanções contra aqueles que se comportam da forma condenável (GONZAGA, 2018). Assim, diferentemente da teoria da subcultura delinquente, na qual existe uma cultura criminosa que cria as suas próprias regras e conduta, na teoria do interacionismo, o criminoso surge da marginalização, da rotulação como transgressor, o que evidencia a existência de con�itos e exclusão de determinados grupos. VIDEOAULA: TEORIA DAS SUBCULTURAS CRIMINAIS E DO INTERACIONISMO SIMBÓLICO Neste vídeo serão expostos os detalhes da teoria da subcultura delinquente, apresentando, com exemplos, como ocorre a integração entre grupos transgressores e não transgressores. Ademais, será abordada a teoria da rotulação, desdobramento da teoria do interacionismo. CARACTERÍSTICAS DOS CRIMES DE COLARINHO BRANCO NO BRASIL O crime de colarinho branco consiste no crime que, em regra, não é praticado de modo violento, tem motivação �nanceira e é praticado por determinados pro�ssionais. A expressão “crime do colarinho branco” decorre da tradução de “white colar crimes”, expressão utilizada pelo sociólogo norte-americano Edwin Sutherland, em 1939. Esse tipo de crime costuma ter duas características próprias, as quais o diferencia dos demais tipos de crime, sendo elas o status respeitável do autor do crime e a relação da atividade criminosa com a pro�ssão que ele exerce (PENTEADO FILHO, 2020). Os estudos de Edwin Sutherland partiram de uma análise sociológica da criminalidade, ganhando notoriedade e respeito da comunidade cientí�ca por ser bem embasada, o que permitiu, ainda na metade do século XX, a aceleração das pesquisas sobre o crime organizado, especi�camente no que dizia respeito ao âmbito empresarial (PENTEADO FILHO, 2020). Dentre os principais crimes de colarinho branco, há os crimes contra a ordem tributária, crimes contra a economia popular, crimes de relações de consumo, crimes relacionados ao mercado de ações, crimes falimentares e outros. Nesses casos, conforme explicitado inicialmente, os criminosos são, em regra, pessoas de Para visualizar o objeto, acesse seu material digital. renome social e político, muitas vezes com fácil acesso ao ambiente governamental. Também é fundamental explicar que o colarinho branco é a gola de tecido, ligada ou cosida à camisa, ao redor do pescoço, remetendo às camisas sociais brancas, sempre engomadas e impecáveis, as quais fazem lembrar indivíduos sempre bem arrumados, muitas vezes com poder aquisitivo considerável e status de in�uente na sociedade. É pautada nisso a expressão crimes de colarinho branco, ao passo que esses crimes teriam relação direta com aqueles que costumam fazer uso desse tipo de colarinho em suas vestimentas. Nesse sentido, crimes cotidianamente vistos nos noticiários, a exemplo do pagamento de propina, favorecimento, lobby e trá�co de in�uência são atividades diretamente vinculadas aos ilícitos em comento, ao passo que contam com o suporte de agentes públicos ímprobos (PENTEADO FILHO, 2020). Na sociedade, os crimes de colarinho branco têm lugar diverso dos crimes violentos, isso porque os crimes praticados com emprego de violência têm alto poder de comoção social, diferentemente dos crimes de colarinho branco, os quais, muitas vezes, acabam na posição intitulada de cifra dourada de criminalidade, justamente por, muitas vezes, sequer alcançar o conhecimento das autoridades competentes por investigar e coibir esse tipo de prática (PENTEADO FILHO, 2020). Assim, por muito tempo, esse tipo de crime foi considerado muito mais um mérito do que um crime propriamente, ou seja, uma mácula, revelando uma concepção subcultural acerca dos poderosos e in�uentes, o que se delineou como um modelo subcultural delinquente, proporcionado pela associação diferencial (PENTEADO FILHO, 2020). Mais recentemente, houve relativa mudança na compreensão da sociedade sobre esse tipo de crime, ao passo que tem se adquirido maior consciência de que esses são delitos também cruéis, os quais, muitas vezes, lesam toda a sociedade, desviam dinheiro público e são capazes de deixar incontáveis indivíduos à margem da miséria. Ademais, no Brasil, a Lei Federal nº 7.492/1986, que trata dos crimes contra o sistema �nanceiro nacional, é conhecida como Lei dos Crimes de Colarinho Branco, justamente por tratarde crimes que se encaixam na concepção supraexplanada. VIDEOAULA: CARACTERÍSTICAS DOS CRIMES DE COLARINHO BRANCO NO BRASIL Neste vídeo analisaremos o teor da Lei Federal nº 7.492/1986, popularmente conhecida como Lei dos Crimes de Colarinho Branco, que trata dos crimes contra o sistema �nanceiro nacional. O "PODER" COMO FATOR CRIMINÓGENO E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO Os crimes, em razão da gama de tipos que podem ser enquadrados como práticas criminosas, podem ser cometidos por pessoas com baixo poder e com alto poder (aquisitivo, in�uência, etc.). Para exempli�car a referida a�rmação, é imprescindível destacar que, em 1949, o criminologista Edwin Sutherland buscou estudar os crimes cometidos pelos executivos de alto escalão norte-americanos, chegando a estabelecer os termos “white-colllar” (colarinho-branco) e “blue-collar” (colarinho-azul) (GONZAGA, 2018). Para visualizar o objeto, acesse seu material digital. Nesse sentido, os criminosos de colarinho branco são aquelas pessoas de classe socioeconômica alta e que cometem muitos delitos que, via de regra, geram dano de maior valor pecuniário. Já os criminosos de colarinho azul são os que praticam os chamados “crimes comuns” e que têm menor poder aquisitivo ou menor in�uência social. A prática criminosa, assim, não é exclusiva dos criminosos de colarinho azul, o que afasta o caráter de patologia inerente aos criminosos ou até mesmo a exclusividade de que apenas pessoas pobres delinquem. O poder (econômico, social, etc.) é, inclusive, um vetor para a prática criminosa, sendo este fator determinante para a prática dos crimes de colarinho branco. Sutherland, em sua obra, apresenta como uma das principais críticas o fato de que os criminosos de colarinho branco di�cilmente são responsabilizados criminalmente por suas condutas, estabelecendo um verdadeiro “cinturão de impunidade”, uma vez que estão em um determinado estrato social que a justiça criminal não consegue alcançar, muito por causa do poder econômico que ostentam e pelas amizades com funcionários públicos (GONZAGA, 2018). Este cinturão de impunidade não protege os criminosos de colarinho azul, ou seja, os desprovidos de poderes, fazendo com que os crimes reconhecidos (e penalizados) sejam, via de regra, os “crimes comuns”. A partir deste tratamento diferenciado, surge outra dicotomia, também estabelecida pelos pensamentos de Edwin Sutherland, a saber: a divisão entre as cifras negras ou ocultas, isto é, os crimes de colarinho branco que geralmente passam “despercebidos” e que apresentam altos índices de impunidade; e as cifras douradas ou de ouro, que consistem nos crimes de colarinho azul e que são reconhecidos e penalizados pelo Estado (GONZAGA, 2018). Para coibir a prática criminosa e a impunidade das pessoas com alto “poder”, algumas medidas podem ser adotadas. Uma das medidas de combate aos crimes de colarinho branco e da impunidade gerada pelo “cinturão de impunidade” pode ser estabelecida por órgãos do sistema penal, os quais devem instituir políticas de fortalecimento das corregedorias, de modo que os setores �scalizadores internos das instituições tenham material técnico, autonomia e corpo su�ciente para realizar as investigações internas e para afastar eventuais desvios de conduta. O procedimento é extremamente importante, pois o “cinturão de impunidade” dos crimes de colarinho branco é constituído por práticas desviantes oriundas das in�uências ilícitas existentes nos órgãos do sistema penal. As corregedorias são importantes instrumentos de combate à corrupção. Além disso, é extremamente importante que sejam criadas políticas de fortalecimento dos canais de ouvidoria, relevante instrumento para o recebimento de denúncias e para o combate aos desvios de conduta e, consequentemente, da impunidade. Somado a isso, se faz urgente a instalação de delegacias e varas criminais especializadas no combate aos delitos em questão. VIDEOAULA: O "PODER" COMO FATOR CRIMINÓGENO E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO Aula em vídeo contextualizando a importância da Criminologia na �scalização da qualidade democrática do Estado como ferramenta de justiça social. Para visualizar o objeto, acesse seu material digital. ESTUDO DE CASO Para contextualizar a sua aprendizagem, imagine que você é o responsável pelas políticas de prevenção e combate ao crime do seu Estado e que foi procurado pela sua equipe técnica para de�nir as políticas dos próximos anos. Ocorre que o seu Estado é nacionalmente conhecido pela existência de corrupção e de crimes contra o erário. Contudo, curiosamente, os índices que averiguam quais são os crimes que de fato são punidos apontam que os crimes são massivamente cometidos por pessoas com baixo poder aquisitivo. Diante do exposto, com base no seu conhecimento da criminologia, responda os seguintes questionamentos: é comum que a corrupção e os crimes que afetam consideravelmente o erário sejam cometidos por pessoas com baixo poder aquisitivo? Existe um nome especí�co para classi�car os criminosos com baixo poder aquisitivo e alto poder aquisitivo? Há, no seu Estado, impunidade contra algum tipo de crime? Se sim, qual e por quê? Quais são as medidas que podem ser adotadas para que ocorra a penalização das pessoas que praticam corrupção e os crimes que afetam consideravelmente o erário? Justi�que a sua resposta com base no seu conhecimento da criminologia. RESOLUÇÃO DO ESTUDO DE CASO Olá, estudante! Tudo bem? Vamos retomar o caso em estudo? No caso em questão, você é o responsável pelas políticas de prevenção e combate ao crime do seu Estado e foi procurado pela sua equipe técnica para de�nir as políticas dos próximos anos. No que tange ao cometimento de atos de corrupção e crimes que afetam consideravelmente o erário, importa destacar que estes ilícitos são praticados por criminosos de colarinho branco, ou seja, pessoas que têm alto poder aquisitivo e que, de certo modo, têm também abertura e in�uência ilícita em diversos setores do poder público. É impossível conceber que pessoas com baixo poder aquisitivo possam cometer crimes que prejudiquem consideravelmente o erário, ao passo que elas não têm poder para a prática dos referidos crimes. Os chamados criminosos de colarinho azul cometem, via de regra, os chamados “crimes comuns”. Diante do exposto, os criminosos com baixo poder aquisitivo podem ser classi�cados como de colarinho azul, enquanto os com alto poder aquisitivo são os de colarinho branco. Como a prática dos crimes que prejudicam consideravelmente o erário e os atos de corrupção são praticados pelos criminosos de colarinho branco, se houvesse o combate e a penalização desses ilícitos, os índices apontariam para a penalização de criminosos com alto poder aquisitivo. Contudo, na prática, os índices apurados no caso apontam pela prática criminosa massiva de pessoas de baixo poder aquisitivo (colarinho- azul), o que evidencia a existência do comum “cinturão de impunidade” para a proteção dos criminosos de colarinho branco. Como o “cinturão de impunidade” se forma principalmente pela existência de in�uências ilícitas nos órgãos do sistema penal, existem algumas práticas que visam coibir os desvios de conduta, como forma de estabelecer a punibilidade dos crimes de colarinho branco. Deverão ser estabelecidas políticas que visam o fortalecimento das corregedorias dos órgãos do sistema penal, ao passo que só com uma investigação interna intensiva os desvios de conduta serão coibidos. Além disso, fortalecer os canais de ouvidoria para o recebimento e impulsionamento de denúncias de corrupção nos órgãos penais é imprescindível. Para visualizar o objeto, acesse seu material digital. Saiba mais O estudante e o pro�ssional do direito precisam ter, minimamente, interesse em entender o conteúdo e o âmbito jurídico. Para tanto, é fundamental se debruçar na leitura de livros e artigos que permitam melhor compreensão sobre os temas estudados. Nesse sentido, para aprofundar o conteúdoaprendido, o artigo “Punição aos crimes do colarinho branco: o que falta fazer?” é uma sugestão interessante, em especial por promover a re�exão sobre potenciais alternativas e melhorias que podem ser implementadas na apuração e julgamento desse tipo de delito. Para saber mais, clique no link a seguir: "Punição aos crimes do colarinho branco: o que falta fazer"? INTRODUÇÃO Quando tratamos da delinquência e da medicina legal no contexto do estudo da criminologia, necessariamente precisamos nos questionar sobre o ponto de relação entre o estudo criminológico e a medicina. A partir disso, logo concluiremos que dentre os principais objetos de estudo da medicina legal estão a psicopatologia forense, que estuda as doenças mentais no contexto jurídico e a imputabilidade penal, especi�camente no que tange aos transtornos mentais. A imputabilidade é tão relevante para o debate em questão que o Código Penal vigente se preocupou em destinar um título ao assunto. Nesse sentido, estudaremos a criminologia e a sua relação com a medicina legal, a imputabilidade penal e os transtornos mentais e a psicopatologia forense. Vamos lá? A CRIMINOLOGIA E A MEDICINA LEGAL A criminologia é uma ciência interdisciplinar, ao passo que estudar o crime, analisando o criminoso, a vítima, as circunstâncias e as consequências, não pode ser feito apenas sob a ótica jurídica. Uma ciência que tem íntima relação com a criminologia é a medicina, mais especi�camente a medicina legal, especialidade médica e jurídica que utiliza dos instrumentos e conhecimentos técnico-cientí�cos da medicina para o esclarecimento de fatos de interesse do Poder Judiciário e do sistema penal. A medicina legal pode ser utilizada nos diversos âmbitos do direito, sendo inclusive meio de produção de provas do procedimento judicial. Aula 2 DELINQUÊNCIA E A MEDICINA LEGAL Estudaremos a criminologia e a sua relação com a medicina legal, a imputabilidade penal e os transtornos mentais e a psicopatologia forense. 42 minutos https://www.migalhas.com.br/depeso/298302/punicao-aos-crimes-do-colarinho-branco--o-que-falta-fazer Na criminologia, a medicina legal pode ser utilizada para entender, dentre outras coisas, as circunstâncias do crime, a postura da vítima e as consequências da prática ilícita, principalmente pela realização de perícias e estudos clínicos. Além disso, a medicina legal é imprescindível para a construção da criminologia clínica, ciência que valendo-se dos conceitos, princípios e métodos de investigação médico-psicológicos e sociofamiliares, estuda o indivíduo condenado, para investigar a sua conduta criminosa, sua personalidade, seu “estado perigoso” (diagnóstico) e suas perspectivas de desdobramentos futuros (prognóstico), de modo que seja possível propor estratégias de intervenção, com o intuito de superar ou conter uma possível tendência criminal e a evitar a reincidência (tratamento) (PENTEADO FILHO, 2020). A conduta criminosa acaba sendo compreendida como a conduta anormal, desviada, como provável expressão de uma anomalia física ou psíquica, dentro de uma concepção predeterminista do comportamento, geralmente imposta pela cultura dominante, pelo que ocupa lugar de destaque o diagnóstico de periculosidade (PENTEADO FILHO, 2020). A criminologia clínica tem como objeto o exame criminológico, isto é, o entendimento dos fatores que levam uma pessoa a cometer determinado crime. Conforme mencionado, a criminologia clínica interdisciplinar (com aspectos fortes do direito e da medicina) visa analisar o comportamento criminoso e estudar as estratégias de intervenção junto ao encarcerado (pessoa que já passou pelo processo de penalização), as pessoas envolvidas com ele e com a execução da sua pena. Assim, na referida ciência, busca-se conhecer o encarcerado como pessoa, buscando as suas vontades, aspirações e conhecer as verdadeiras motivações da conduta criminosa. Por exemplo: um indivíduo que tem determinada psicopatia comete o crime por um motivo determinado, enquanto um criminoso que não tem nenhuma de�ciência psicológica ou física comete o mesmo crime, mas por outra motivação. Entender a mente do criminoso e as causas do crime é indispensável para o estudo da criminologia clínica. Esta criminologia irá traçar as estratégias de intervenção, abordando os diretores e agentes de segurança penitenciários, visando envolvê-los em um trabalho conjunto com os técnicos, assim como envolver todos os demais serviços do presídio e, de forma especial, a família do detento (PENTEADO FILHO, 2020). A aplicação da criminologia clínica leva em conta as respostas às estratégias de intervenção propostas, valendo- se não só de avaliações técnicas, mas também das observações dos outros pro�ssionais, como os agentes de segurança penitenciários, as quais serão tecnicamente colhidas e interpretadas pelo corpo técnico (PENTEADO FILHO, 2020). A aplicação da criminologia clínica no Brasil é de difícil implementação, ao passo que é praticamente impossível usar estudos com o envolvimento dos integrantes do sistema penitenciário e carcerário se não existe estrutura mínima para os encarcerados. VIDEOAULA: A CRIMINOLOGIA E A MEDICINA LEGAL Neste vídeo serão abordadas especi�camente as características da criminologia clínica, apresentando, com exemplos, as contribuições desta ciência para o estudo do crime. Ademais, também serão apresentadas outras contribuições da medicina legal para a criminologia. Para visualizar o objeto, acesse seu material digital. IMPUTABILIDADE PENAL E OS TRANSTORNOS MENTAIS O ordenamento jurídico brasileiro não conceitua a imputabilidade, cabendo à doutrina destrinchar esse termo tão presente nas discussões sobre os transtornos mentais e o crime. Assim, podemos dizer que a imputabilidade consiste em atribuir responsabilidade a alguém, ou seja, se determinado individuo praticar uma conduta delituosa, após o devido processo legal, será imputada a ele uma pena compatível ao crime cometido. Contudo, para que ocorra a supracitada imputação, é preciso que o indivíduo tenha capacidade plena de entendimento, assim como domínio de sua vontade. É importante que você compreenda que a imputabilidade não se confunde com a capacidade, ao passo que a capacidade é o gênero, ou seja, tem conceito e amplitude maior. A imputabilidade, por sua vez, é espécie, em razão de ser vinculada apenas à esfera penal, isto é, porque diz respeito especi�camente à atribuição da culpa e da sua consequente pena. Do lado oposto ao da imputabilidade, tem-se a inimputabilidade, que consiste na incapacidade de o sujeito entender o caráter criminoso da sua conduta. Nesse sentido, a pessoa inimputável não tem capacidade plena de entendimento do ato praticado, tampouco domínio de sua vontade. O Código Penal vigente traz em seu corpo um título dedicado ao tema, momento em que aduz, especi�camente em seu artigo 26, sobre os inimputáveis. Desse modo, o referido artigo dispõe que é isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento (BRASIL, 1940). Ainda no artigo 26, em seu parágrafo único, o Código Penal disciplina sobre a redução da pena, quando dispõe que a pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento (BRASIL, 1940). Nesse contexto, conforme pode-se perceber a partir da previsão que consta no Código Penal, aqueles que apresentarem, no tempo do ato, doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado serão isentos de pena. Ademais, é fundamental entender que existem critérios para o diagnóstico da inimputabilidade, sendo eles: a) critério biológico, que rege que basta queo sujeito tenha alguma doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, para que seja con�gurada a inimputabilidade; b) critério psicológico, que rege que devem ser analisadas as condições mentais/psíquicas do sujeito no momento do cometimento do crime, independentemente de doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado; e c) critério biopsicológico, que rege que devem ser consideradas as condições mentais/psíquicas do sujeito no momento do cometimento do crime, somadas a doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, consistindo, portanto, na união dos dois primeiros critérios. Por �m, é importante reforçar que o inimputável, que se encaixe nas referidas condições, é isento de pena, mas, em razão de sua periculosidade, deve ser submetido a uma medida de segurança, que pode ser ambulatorial ou de internação. VIDEOAULA: IMPUTABILIDADE PENAL E OS TRANSTORNOS MENTAIS Neste vídeo abordaremos mais sobre as psicopatias, enfatizando as diferenças existentes entre estes indivíduos e as pessoas que têm a delinquência psicótica. Além disso, discutiremos mais sobre a �gura do serial killer. PSICOPATOLOGIA FORENSE A psicopatologia, em breve síntese, é o ramo da ciência que estuda a natureza essencial das doenças mentais, analisando as mudanças estruturais e funcionais relacionadas a elas e as suas formas de manifestação. A psicopatologia forense, desse modo, estuda as doenças mentais com ênfase no contexto jurídico. A criminologia, principalmente a criminologia clínica, se utiliza muito da psicopatologia forense, ao passo que o estudo das doenças mentais, físicas ou psicológicas, é imprescindível para estudar os crimes motivados por psicopatias e analisar o comportamento dos transgressores. A psicopatia é um transtorno de personalidade, não sendo considerada como doença mental para �ns de concessão de medida de segurança (inimputabilidade). Trata-se de um tipo de transtorno mental que muitas vezes é motivado por alguma ruptura familiar ou social, esta que resulta em anomalias no desenvolvimento psíquico, o que a psiquiatria forense chama de perturbação mental (GONZAGA, 2018). Os transtornos da psicopatia culminam em desarmonia da afetividade e da excitabilidade com integração de�citária dos impulsos, das atitudes e das condutas, manifestando-se no relacionamento interpessoal (GONZAGA, 2018). Os indivíduos portadores das psicopatias são improdutivos e seus comportamentos são muitas vezes turbulentos, com atitudes incoerentes e pautadas pelo imediatismo de satisfação (egoísmo). As psicopatias, para a criminologia clínica e criminologia como um todo, são extremamente importantes, ao passo que os seus portadores muitas vezes se envolvem em atos criminosos, com ênfase nos antissociais. São exemplos de psicopatia: transtorno de personalidade antissocial, sociopatia, transtorno de caráter, transtorno sociopático ou transtorno dissocial (GONZAGA, 2018). Para os doutrinadores, os psicopatas, em razão da indiferença afetiva com os sentimentos de terceiros e por se preocuparem apenas consigo, podem recorrer a atos ambiciosos desmensurados para alcançar seus objetivos de forma exclusiva, levando ao cometimento de crimes de colarinho branco, como corrupção, peculato, fraude em licitações, entre outros, que arruínam o patrimônio público em seu benefício (GONZAGA, 2018). Também podem praticar atos de crueldade excessiva, como assassinatos em série, por exemplo. Dentro do campo das anomalias psíquicas, uma �gura muito citada é a do serial killer, indivíduo que ostenta a fama de ter personalidade perigosa. Desse modo, pode-se falar que ele tem uma propensão para a prática do delito, por não ter respeito pelas regras sociais e por ter di�culdade em conviver com outras pessoas, o que torna esse tipo de agente um ser isolado e antissocial. Para a criminologia, o serial killer só pode ser considerado assim quando ele reincidir pelo menos três vezes em práticas delitivas semelhantes, dentro de um curto período. A diferença entre um assassino em massa, que mata várias pessoas de uma vez só (ex. massacre em uma escola) é que o serial killer elege detalhadamente suas vítimas, selecionando pessoas que tenham características semelhantes de forma a fazer, ao �nal, a sua obra-prima (GONZAGA, 2018). Para visualizar o objeto, acesse seu material digital. O serial killer é um psicopata que pratica crimes em série e com as mesmas características, podendo a�rmar que o indivíduo passou do estado latente para o estado patente, iniciando toda a sua trama criminosa. VIDEOAULA: PSICOPATOLOGIA FORENSE Neste vídeo abordaremos mais sobre as psicopatias, enfatizando as diferenças existentes entre estes indivíduos e as pessoas que têm a delinquência psicótica. Além disso, discutiremos mais sobre a �gura do serial killer. ESTUDO DE CASO Para contextualizar a sua aprendizagem, imagine que você é advogado e foi procurado por uma antiga cliente que tem um �lho de 28 anos, apresenta desenvolvimento mental incompleto e sofre de transtorno bipolar. Ela explica que, principalmente em decorrência desse transtorno, e por recusar acompanhamento médico e tratamento, nos últimos meses ele sofreu com vários surtos, chegando até, em alguns momentos, a não reconhecer a própria mãe. Somado a isso, ele nunca conseguiu conviver em sociedade, justamente por sempre ter recusado tratamento. Ocorre que, na última semana, em mais um momento de surto, ele agrediu violentamente o vizinho, que teve de ser conduzido com urgência ao hospital em estado grave. Em razão disso, a sua cliente está demasiadamente preocupada, principalmente porque os familiares da vítima disseram que vão “colocar o agressor na cadeia” e ela está preocupada justamente porque o seu �lho tem o desenvolvimento mental incompleto e sofre de transtorno bipolar, não tendo condições, segundo ela, de ser preso e, assim, conviver em uma cela com outros apenados. Diante do exposto, responda os seguintes questionamentos: no caso em questão, se processado e julgado, qual deverá ser o tratamento legal conferido ao �lho da sua cliente? À luz da criminologia, o que con�gura o caso em questão? RESOLUÇÃO DO ESTUDO DE CASO Olá, estudante! Tudo bem? Vamos retomar o caso em estudo? No caso em questão, você é advogado e foi procurado por uma antiga cliente que tem um �lho de 28 anos, cujo desenvolvimento mental é incompleto e apresenta, ainda, transtorno bipolar. Em decorrência desse transtorno e por recusar acompanhamento médico e tratamento, nos últimos meses. ele sofreu com vários surtos, chegando até, em alguns momentos, a não reconhecer a própria mãe. Somado a isso, ele nunca conseguiu conviver em sociedade, justamente por sempre ter recusado tratamento. Na última semana, em mais um momento de surto, ele agrediu violentamente seu vizinho, que teve que ser conduzido com urgência ao hospital em estado grave. Diante disso, você precisa responder: no caso em questão, se processado e julgado, qual deverá ser o tratamento legal conferido ao �lho da sua cliente? À luz da criminologia, o que con�gura o caso em questão? O caso em tela trata de uma pessoa inimputável, que não tinha capacidade plena de entendimento do ato praticado, tampouco domínio de sua vontade no momento da agressão. Sobre isso, o Código Penal vigente aduz, em seu artigo 26, que é isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental Para visualizar o objeto, acesse seu material digital. incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Se processado e julgado, ele deverá ser encaminhado para um hospital de custódia e de tratamento psiquiátrico (HCTP) e cumprirá medida de segurança, espécie de sanção penal imposta a pessoas com doenças mentais. Saiba mais Para entender de forma aprofundada a delinquência e os impactos que os criminosos com transtornos psíquicos podemcausar na sociedade, o artigo “A psicopatia no direito penal brasileiro: respostas judiciais, proteção da sociedade e tratamento adequado aos psicopatas – uma análise interdisciplinar” é uma ótima alternativa. "A psicopatia no direito penal brasileiro: respostas judiciais, proteção da sociedade e tratamento adequado aos psicopatas – uma análise interdisciplinar" Para visualizar o objeto, acesse seu material digital. INTRODUÇÃO Dentre os fatores que podem contribuir para o cometimento do crime, a desigualdade econômica e a pobreza se destacam. Inúmeros são os estudos que correlacionam esses fatores à criminalidade, resultando em dados que apontam que quanto maior a pobreza, maiores os índices de delitos. Em razão disso, estudar como a criminologia trata a desigualdade econômica e a pobreza é extremamente importante para entender como esses temas se vinculam. Ademais, ambas têm relação direta também com o per�l do encarcerado no Brasil, ao passo que, conforme veremos, o per�l do apenado no país é o do homem preto, entre 18 e 45 anos, sem ter sequer o ensino fundamental completo e que responde comumente por crimes relacionados às drogas. Por �m, estudar a Lei de Drogas e a seletividade penal também consiste em um desa�o necessário, em razão de os crimes relacionados às drogas serem os mais comuns no Brasil. Vamos lá? DESIGUALDADE ECONÔMICA E POBREZA: PRINCIPAIS FATORES CRIMINÓGENOS NO BRASIL Aula 3 AS CONDIÇÕES SOCIOECONÔMICAS E O PERFIL DO ENCARCERADO NO BRASIL A criminologia trata a desigualdade econômica e a pobreza é extremamente importante para entender como esses temas se vinculam. 44 minutos http://www.mpce.mp.br/wp-content/uploads/2019/07/ARTIGO-9.pdf A vertente sociológica da criminalidade tem íntima in�uência na gênese delitiva, ao passo que existe multiplicidade de fatores externos que desencadeia em determinado fator criminógeno, muitas vezes que não existia na pessoa. Entre os fatores mesológicos da sociologia da criminalidade, logo no início da vida, destaca-se a infância abandonada, que resulta em um número crescente de crianças que ganham as ruas, transformando-se em pedintes pro�ssionais, viciados em drogas, muitas vezes criminalizadas, sob o tacão do “pai de rua”, que as explora economicamente (PENTEADO FILHO, 2020). Um desses fatores externos que resulta em fatores criminógenos é a pobreza, principalmente quando tratamos das diferenças entre emprego, desemprego e subemprego. É imprescindível destacar que a vertente sociológica da criminalidade não imputa ao pobre a prática criminosa. O que se estuda é a relação entre a desigualdade social e pobreza, com ênfase na prática criminosa como resultado da discriminação. As estatísticas criminais evidenciam a existência de relação de intimidade entre a pobreza e a criminalidade, contudo, não é possível falar que a pobreza é um fator extremo de criminalidade. Se assim fosse, não poderíamos falar nos altos índices dos “crimes do colarinho branco”, geralmente praticados pelas camadas mais altas da sociedade (PENTEADO FILHO, 2020), por exemplo. Todavia, quando falamos nos crimes contra o patrimônio, a grande maioria dos transgressores é semialfabetizada, pobre (quando não miserável), com formação moral inadequada (PENTEADO FILHO, 2020). O crime surge pela desigualdade social, ao passo que os transgressores, desprovidos de qualquer condição �nanceira, nutrem ódio ou aversão pelas pessoas que detêm posses e valores, sentimentos que fazem crescer uma tendência criminal violenta no indivíduo. A pobreza e suas causas somente funcionam como incentivo dos sentimentos de exclusão, revolta social e criminalidade (PENTEADO FILHO, 2020), razão pela qual não é possível conceber que o pobre comete crimes, apenas que a criminalidade pode surgir da discriminação, desigualdade social e pobreza. A repressão policial tem valor limitado, ao passo em que ataca as consequências da criminalidade patrimonial e não as suas causas, utilizando como justi�cativa, as premissas da criminologia crítica ou radical (PENTEADO FILHO, 2020). Com os altos índices de natalidade dos últimos anos e a redução do nível de oferta de emprego, muitos estão desempregados ou subempregados, não tendo, assim, renda su�ciente para manter as suas famílias ou a si mesmo, fato que pode resultar em um fator criminógeno preocupante. Com a falta de renda e a discriminação, muitas vezes a prática criminosa é a consequência e a única via dos indivíduos, os quais passam a praticar crimes contra o patrimônio, trá�co de drogas, etc. (crimes de colarinho azul). Se a pobreza pode gerar a vida delitiva, a abastança de recursos também pode facilitar a prática criminosa, na medida em que os crimes de colarinho branco, lavagem de dinheiro, delitos ambientais, corrupção do Poder Público, etc., são comuns em todos os Estados do globo. VIDEOAULA: A DESIGUALDADE ECONÔMICA E POBREZA: PRINCIPAIS FATORES CRIMINÓGENOS NO BRASIL Neste vídeo abordaremos mais sobre a relação existente entre pobreza e prática criminosa, apresentando, com exemplos, que o crime pode ser resultado da desigualdade social. Além disso, discutiremos mais sobre os fatores da mal vivência e discrepância entre as classes sociais para o aumento da criminalidade. O PERFIL DO ENCARCERADO BRASILEIRO Apesar de qualquer pessoa estar sujeita à prática de crimes, ou seja, apesar de qualquer indivíduo poder se tornar delinquente, as estatísticas apontam que, no Brasil, existe um per�l de criminoso. Quando falamos em per�l, estamos nos referindo a um conjunto de características, a padrões comuns em determinada população estudada. É importante explicar que o referido per�l é constituído por uma gama de fatores, seja por desigualdade social, pobreza, tipo de cidadão que comumente está à margem da pobreza, questões vinculadas ao gênero ou até mesmo por causa de erros policiais, estes que comumente atingem determinado público. Nesse sentido, é fundamental estudar qual é o per�l do encarcerado no Brasil, de modo a entender quais são as razões que levam esse tipo de per�l a cometer crimes e até mesmo quais são os motivos que levam essas pessoas a, mesmo muitas vezes sendo inocentes, serem injustamente encarceradas. Atualmente, o Brasil tem 773.151 pessoas privadas de liberdade em todos os regimes. Custodiados apenas em unidades prisionais, sem considerar delegacias, o país tem 758.676 presos. No que diz respeito aos presos provisórios, o país tem 33% de indivíduos nessa situação (BRASIL, 2021b). No que se refere ao gênero, a grande maioria dos presos é do sexo masculino, representando mais de 90%. Já as mulheres correspondem a cerca de 8% dos apenados. É interessante destacar que o número de mulheres encarceradas tem crescido nos últimos anos, conforme as estatísticas mais recentes: em 2019, 37,8 mil mulheres foram presas, contra 36,4 mil em 2018 (BRASIL, 2021a). No que concerne à faixa etária, 34% dos apenados têm de 18 a 24 anos, 25% têm de 25 a 29 anos, 19% têm de 30 a 34 anos, 17% têm de 35 a 45 anos, 7% têm de 46 a 60 anos e 1% têm de 61 a 70 anos (BRASIL, 2021c). Assim, �ca bastante evidente que a maioria dos encarcerados têm entre 18 e 45 anos, con�gurando uma população mais jovem. Quando o tema é a etnia ou a cor da pele, tem-se que 67% é preta, 31% branca e 1% tem outras etnias ou cores de pele (BRASIL, 2021c). Conforme pode-se perceber, a grande maioria da população carcerária é preta. Outros dados relevantes dizem respeito à formação acadêmica, ao passo que 53% dos apenados não completaram sequer o ensino fundamental, tendo 12% o fundamental completo, sendo 9% alfabetizados, 9% com o ensino médio completo, 6% analfabetos e apenas 1% tem o ensino superior completo (BRASIL, 2021c). No que diz respeito aos crimes praticados, 39,42%, responde por crimes relacionados às drogas, a exemplo do trá�co. 36,74% responde por crimes contra o patrimônio, a exemplo do roubo. 11,38% responde por crimes contra a pessoa e 4,3% responde por crimes contra a dignidadesexual (2021a). Por �m, pode-se constatar que os dados apontam que o per�l do encarcerado no Brasil é o do homem preto, entre 18 e 45 anos, sem ter sequer o ensino fundamental completo e que responde comumente por crimes relacionados às drogas. Ademais, entender o que leva essas pessoas ao mundo do crime é fundamental, ao Para visualizar o objeto, acesse seu material digital. passo que julgá-las apenas pelo crime que cometeram seria reduzir a criminologia à suposta vontade do delinquente, o que seria um erro. VIDEOAULA: O PERFIL DO ENCARCERADO BRASILEIRO Neste vídeo abordaremos o encarceramento dos presumidos inocentes, de modo a entender quem são as vítimas desse tipo de situação e como ela comumente ocorre. LEI DE DROGAS E A SELETIVIDADE PENAL A relação entre as drogas e sociedade é tema abordado por praticamente todos os operadores do direito, tanto no contexto da criminologia, quanto no Direito Penal. O Supremo Tribunal Federal vem discutindo sobre a descriminalização das drogas da mesma forma que a doutrina vem trabalhando há bastante tempo sobre os efeitos práticos de uma legalização gradativa do consumo pessoal de drogas hoje ilícitas. Quando falamos da descriminalização, esta que se consubstancia na ideia do abolitio criminis (abolição do crime), o Estado passaria a não mais processar as pessoas que fossem �agradas usando ou portando drogas para consumo pessoal (GONZAGA, 2018). A revogação do crime, no Direito Penal, atenderia ao que a doutrina chama de não ofensividade da conduta de usar drogas, ao passo que o usuário coloca apenas a própria saúde em risco. O uso de drogas em locais públicos ou em outras residências, seguindo a mesma premissa, não ofende o bem jurídico alheio, razão pela qual não se pode falar em ofensividade do ilícito do uso de drogas. Os juristas e doutrinadores do Direito Penal e criminologia que defendem a manutenção da criminalização do uso das drogas, alertam para o fato de que as drogas podem estimular os tra�cantes na disputa dos seus clientes por meio de territórios que mais pareceriam com locais de guerra civil (bocas de fumo) e a legalização permitiria uma busca desenfreada pelas drogas em tais regiões perigosas (GONZAGA, 2018). Assim, na visão desses autores, seriam criadas verdadeiras “zonas quentes” da criminalidade, ou seja, seriam criadas zonas de intensos con�itos e de frequentes práticas criminosas (com as disputas entre tra�cantes). Contudo, essas “zonas quentes” já existem por inúmeros motivos, não sendo a prática do uso de drogas a principal causa. A Lei Federal nº 11.343, de 23 de agosto de 2006, também conhecida como Lei de Drogas, dispõe em seu artigo 28 que quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal será submetido às penas de: advertência sobre os efeitos das drogas; prestação de serviços à comunidade; e medida educativa de comparecimento em programa ou curso educativo (BRASIL, 2006). Esta mesma lei, no artigo 33, caput, dispõe que quem importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal, será submetido à pena de reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa (BRASIL, 2006). Para visualizar o objeto, acesse seu material digital. O grande problema ocorre no momento do enquadramento da transgressão como “uso de drogas” ou “trá�co de drogas”. O entendimento judicial mais comumente adotado é o de que o tra�cante porta mais de um tipo de droga para atender a sua clientela, enquanto que o usuário portaria apenas a droga que consome. Contudo, na prática da repressão às drogas, os indivíduos de classes sociais menos abastadas acabam sendo enquadrados como tra�cantes mesmo com pequenas quantidades de drogas (de um único tipo), enquanto pessoas mais ricas são vistas como usuárias, mesmo estando com grande volume de drogas. A seletividade gera grande desigualdade de penalidade no uso de drogas. VIDEOAULA: LEI DE DROGAS E A SELETIVIDADE PENAL Neste vídeo abordaremos mais sobre a seletividade existente na aplicação da Lei de Drogas, com ênfase na existência de grande desigualdade social e do aumento dos índices criminais gerado pelo tratamento diferenciado dos indivíduos abordados portando drogas. ESTUDO DE CASO Para contextualizar a sua aprendizagem, imagine que você é advogado e foi procurado pela Comissão de Direito Penal da Seccional da Ordem dos Advogados da sua cidade para ministrar uma palestra sobre “O per�l do apenado no Brasil”. O presidente da referida comissão solicitou que você faça uma abordagem criminológica do tema, objetivando apresentar dados sobre o assunto, de modo a situar os colegas advogados sobre temática tão relevante. Diante o exposto, re�ita sobre e reúna as seguintes informações: qual é o per�l do apenado no Brasil? Quais dados estatísticos embasam essas informações? A desigualdade social e a pobreza têm relação com o per�l do encarcerado brasileiro? RESOLUÇÃO DO ESTUDO DE CASO Olá, estudante! Tudo bem? Vamos retomar o caso em estudo? No caso em questão, você é advogado e foi procurado pela Comissão de Direito Penal da Seccional da Ordem dos Advogados da sua cidade para ministrar uma palestra sobre “O per�l do apenado no Brasil” e, para tanto, deve fazer uma abordagem criminológica do tema, objetivando apresentar dados sobre o assunto. Adentrando nos dados que você deve reunir, no que diz respeito ao per�l do apenado no Brasil, segundo dados divulgados anualmente pelo Departamento Penitenciário Nacional, o per�l do encarcerado no Brasil é o do homem preto, entre 18 e 45 anos, com ensino fundamental incompleto e que responde comumente por crimes relacionados às drogas. Sobre a desigualdade social e a pobreza, com base na mesma fonte, é possível a�rmar que ambos os fatores têm relação direta com o per�l do encarcerado brasileiro, sendo o delinquente, em sua maioria, homem pobre e que não teve acesso à educação. Para visualizar o objeto, acesse seu material digital. Para visualizar o objeto, acesse seu material digital. Saiba mais Entender como a pobreza e a desigualdade social se correlacionam com a criminologia é importante para que você consiga pensar como problemas estruturais e cotidianos podem contribuir para o resultado crime. O artigo “Crime e pobreza: velhos enfoques, novos problemas” propõe uma importante re�exão sobre o assunto. INTRODUÇÃO O estudo sobre o encarceramento em massa perpassa pelo debate sobre a guerra às drogas, ao passo que, atualmente, no Brasil, cerca de 39,42% dos apenados responde por crimes relacionados às drogas, a exemplo do trá�co. Somado a isso, as facções criminosas, espécies do crime organizado no Brasil, são organizações que alteram a lógica social e a lógica estatal, ao passo que constituem um dos tipos criminosos mais difícil de se combater, demandando forte inteligência do poder público. Assim, a criminologia, por meio de embasamento fornecido as políticas criminais de prevenção e combate aos crimes em comento, tem papel importante na discussão acerca dos temas em discussão, motivo pelo qual torna fundamental o estudo dos assuntos que veremos a seguir. Vamos lá? A GUERRA ÀS DROGAS E O ENCARCERAMENTO EM MASSA A Lei de Drogas, isto é, a Lei Federal nº 11.343/2006, dispõe em seu artigo 28, dentre outras coisas, sobre o porte de drogas para consumo pessoal, o qual gera pena extremamente mais branda que o trá�co de drogas (BRASIL, 2006). Este último crime é previsto no artigo 33, caput, da Lei de Drogas, com pena de reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa (BRASIL, 2006). Ocorre que existe grande seletividadeno sistema penal, na medida em que os indivíduos de classes sociais menos abastadas acabam sendo enquadrados como tra�cantes mesmo quando são �agrados com pequenas quantidades de drogas (de um único tipo), enquanto pessoas mais ricas são vistas como usuárias, mesmo portando com grande volume de drogas. Esta seletividade resulta em um sistema carcerário lotado de indivíduos pobres e, via de regra, negros e pardos (em razão da grande desigualdade social existente no Brasil). Além disso, a repressão às drogas é tema que geralmente leva muitas pessoas, em especial os indivíduos pobres, ao cárcere. Aula 4 DELINQUÊNCIA E O TRÁFICO DE DROGAS O estudo sobre o encarceramento em massa perpassa pelo debate sobre a guerra às drogas, ao passo que, atualmente, no Brasil, cerca de 39,42% dos apenados responde por crimes relacionados às drogas, a exemplo do trá�co. 49 minutos https://www2.mppa.mp.br/sistemas/gcsubsites/upload/60/crime%20e%20pobreza.pdf A cada problema social que surge em relação às drogas, como em casos em que inúmeros dependentes se amontoam em centros urbanos para fazerem o consumo pessoal de drogas, como no caso da “Cracolândia” em São Paulo, o sistema penal é chamado para endurecer ou criar tipos penais já existentes, bem como para adotar políticas de repressão em massa, como se o uso emergencial das políticas penais fosse acabar com os graves problemas sociais que a�igem os países pobres do hemisfério sul do planeta (GONZAGA, 2018). Os con�itos existentes entre o sistema penal e criminal dominante e as drogas (principalmente o uso das drogas) aumentam consideravelmente os índices de encarceramento dos transgressores que se relacionam com os crimes que envolvem drogas. Quando se fala em índices de encarceramento no Brasil, no que diz respeito aos crimes praticados, 39,42%, responde por crimes relacionados às drogas, a exemplo do trá�co. 36,74% responde por crimes contra o patrimônio, a exemplo do roubo. 11,38% responde por crimes contra a pessoa e 4,3% responde por crimes contra a dignidade sexual (BRASIL, 2021). Como se vê, mesmo o Brasil sendo um país com altos índices da prática de crimes contra o patrimônio, os números do encarceramento de crimes relacionados às drogas superam os dos crimes contra o patrimônio. O grande problema paira, conforme narrado, quando nos deparamos com a grande seletividade na aplicação da Lei de Drogas pelo sistema penal vigente. Essa seletividade resulta em altos índices de encarceramento de pobres, haja vista que estes indivíduos são comumente enquadrados como tra�cantes, mesmo que estejam portando pequenas quantidades de drogas. Destaque-se que o problema social das drogas não foi resolvido pelo sistema penal com a aplicação da pena privativa de liberdade e com previsão de medidas alternativas. Mesmo diante do grande montante de encarcerados por crimes que envolvem drogas, o trá�co destas continua a ser praticado largamente no Brasil, o que evidencia que as políticas penais adotadas não são as mais adequadas. Exatamente por isso, a tese de que a criminologia é que deve mais uma vez emprestar os seus estudos empíricos para resolver esse grave problema social do trá�co e do uso das drogas vem se fortalecendo ao longo dos últimos anos. VIDEOAULA: : A GUERRA ÀS DROGAS E O ENCARCERAMENTO EM MASSA Neste vídeo abordaremos mais sobre o encarceramento dos transgressores envolvidos com os crimes relacionados às drogas. AS FACÇÕES CRIMINAIS E A ORGANIZAÇÃO DO CRIME NO BRASIL O termo crime organizado é utilizado para designar a criminalidade organizada, ou seja, grupos liderados por criminosos e com o objetivo de se articularem para praticar atividades de natureza delituosa, as quais, em regra, têm �nalidade pecuniária. No Brasil, a Lei Federal nº 12.850/2013 regulamenta o combate às organizações criminosas e em seu artigo 1º, § 1º, de�ne o conceito legal desse tipo de organização, quando dispõe que é considerada organização criminosa a associação de quatro ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, Para visualizar o objeto, acesse seu material digital. mesmo que informalmente, visando obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, por meio da prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a quatro anos, ou que sejam de caráter transnacional (BRASIL, 2013). Nesse sentido, por consistir na organização da criminalidade com �nalidade lucrativa e utilizando de intimidação para alcançar este objetivo, o crime organizado representa severa ameaça para a segurança pública (GONZAGA, 2018), o que demanda do Estado planejamento e medidas de combate a esse tipo de perigo. Em razão da sua estruturação, pode-se a�rmar que o crime organizado é o tipo de criminalidade mais difícil de combater, ao passo que muitas vezes ele usa de inteligência e de �nanciamento robusto para a prática dos crimes. Nesse sentido, o crime organizado pode ser dividido em duas espécies: a criminalidade organizada do tipo ma�osa, que consiste na criminalidade baseada na utilização de violência e intimidação, com hierarquia na sua estrutura, distribuição de tarefas, planejamento de lucros, clientela e imposição da lei do silêncio (GONZAGA, 2018) e a criminalidade organizada do tipo empresarial, que não tem apadrinhados, tampouco iniciação, apresentando arquitetura empresarial, ao passo que objetiva apenas o lucro de seus sócios. Esta última espécie consiste em uma verdadeira empresa, em estrutura, focada na atividade delitiva e tem como membros criminosos empresários, comerciantes, políticos e outros (GONZAGA, 2018). No Brasil, esses tipos de organizações criminosas podem ser exempli�cados por meio das facções criminosas Comando Vermelho, Primeiro Comando da Capital, Família do Norte e Sindicato do Crime, bem como, no que se refere à espécie de criminalidade organizada do tipo empresarial, associação de empreiteiros ou empresários que visam valores de natureza pública, por meio de corrupção ativa, fraude em licitações e outros crimes de grande impacto público. Ademais, exemplo de como as facções criminosas podem alterar a lógica social e impactar o poder público são os casos de rebeliões em presídios causadas por confrontos de facções adversárias. No ano de 2017, uma rebelião ocorrida no Presídio de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte, tomou proporções nacionais e repercutiu até internacionalmente, em razão da sua dimensão e natureza cruel e desumana. Nesse referido episódio, as facções Sindicato do Crime e Primeiro Comando da Capital se confrontaram, o que culminou em dezenas de mortos e um cenário sangrento, tudo em prol da tomada do poder no presídio e no estado do RN. VIDEOAULA: AS FACÇÕES CRIMINAIS E A ORGANIZAÇÃO DO CRIME NO BRASIL Neste vídeo abordaremos exemplos práticos e de grande repercussão nacional de organizações criminosas empresariais. CONTRIBUIÇÕES DA CRIMINOLOGIA NA FORMAÇÃO DE POLÍTICAS CRIMINAIS Em primeiro plano, importa destacar que políticas criminais consistem no conjunto sistemático de princípios e regras por meio dos quais o Estado promove a luta de prevenção e repressão das infrações penais. Estas políticas podem ser preventivas ou repressivas, conforme narrado, e a criminologia apresenta forte in�uência sobre as políticas preventivas de combate às infrações penais. Para visualizar o objeto, acesse seu material digital. Sintetizando, considera-se prevenção delitiva o conjunto de ações que visam evitar a ocorrência do delito, sendo as políticas criminais preventivas o conjunto sistemático de princípios e regras utilizado pelo Estado na prevenção do crime. A noção preventiva delitiva não é algo que surgiu nos últimos anos, na medida em que, desde os primórdios da ciência da criminologia, tenta-se buscar os melhores parâmetros para a prevenção do crime. Esta noção preventiva suportou inúmeras transformações com o passar dos tempos em função da in�uência recebida de várias correntes do pensamento jus�losó�co (PENTEADOFILHO, 2020). Para alcançar a prevenção das práticas delitivas, torna-se necessária a aplicação de dois tipos de medidas preventivas: as medidas que atingem indiretamente o delito e as medidas que atingem diretamente o delito (PENTEADO FILHO, 2020). As medidas indiretas visam as causas do crime, sem atingi-lo de forma direta e imediata (PENTEADO FILHO, 2020). Essas políticas indiretas devem focar em dois caminhos, o indivíduo e o meio em que ele vive. Por outro lado, as medidas diretas de prevenção direcionam-se para a infração penal em atividade ou em formação. Dentre as inúmeras políticas de prevenção direta encontram-se o fornecimento de equipamentos para as políticas investigativas, políticas de combate aos crimes de colarinho branco, treinamento de policiais, dentre outras medidas. As políticas preventivas, sejam elas diretas ou indiretas, podem ser classi�cadas entre medidas de prevenção primária, secundária e terciária, estas que são contribuições diretas da criminologia para as políticas criminais do Estado (PENTEADO FILHO, 2020). A prevenção primária ataca a raiz do con�ito, como a melhoria na educação, fornecimento de empregos, moradias, segurança, etc. Esta prevenção primária visa reduzir as desigualdades sociais, ao passo em que a pobreza e a discriminação geram como consequência o aumento dos índices criminais. O Estado, de forma célere, deve, observando a prevenção primária, implantar os direitos sociais progressiva e universalmente, atribuindo a fatores exógenos a etiologia delitiva (PENTEADO FILHO, 2020). A prevenção secundária destina-se a setores da sociedade (grupos sociais) que podem vir a sofrer com os problemas criminais, não os indivíduos, voltando-se a políticas de curto e médio prazo de maneira seletiva, ligando-se à ação policial, programas de apoio, controle das comunicações etc. Por �m, a prevenção terciária já se volta ao transgressor já recluso (encarcerados), visando a sua recuperação e evitando a reincidência. A prevenção é feita por meio de medidas socioeducativas, como a laborterapia, a liberdade assistida, a prestação de serviços comunitários etc. VIDEOAULA: CONTRIBUIÇÕES DA CRIMINOLOGIA NA FORMAÇÃO DE POLÍTICAS CRIMINAIS Neste vídeo abordaremos mais sobre as contribuições da criminologia na formação de políticas criminais, com ênfase nas demais políticas preventivas de combate ao crime. ESTUDO DE CASO Para visualizar o objeto, acesse seu material digital. Para contextualizar a sua aprendizagem, imagine que você é professor universitário e foi procurado por uma estudante que trouxe a seguinte dúvida para você: Diante do exposto, responda o seguinte questionamento: com base no relato da aluna, qual é a espécie das organizações criminosas que provocaram a matança no Presídio de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte, em 2017? RESOLUÇÃO DO ESTUDO DE CASO Olá, esrudante ! Tudo bem? Vamos retomar o caso em estudo? No caso em questão, você é você é professor universitário e foi procurado por uma aluna que trouxe a seguinte dúvida para você: Diante disso, você precisa responder qual é a espécie das organizações criminosas que provocaram o trágico cenário no Presídio de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte, em 2017. Assim, as referidas organizações criminosas con�guram a espécie do tipo ma�osa, que consiste na criminalidade baseada na utilização de violência e intimidação, com hierarquia na sua estrutura, distribuição de tarefas, planejamento de lucros, clientela e imposição da lei do silêncio. Esses tipos de organizações criminosas podem ser exempli�cados por meio das facções criminosas Comando Vermelho, Primeiro Comando da Capital, Família do Norte e Sindicato do Crime. Por �m, é importante destacar que as facções criminosas ma�osas têm impacto considerável na sociedade e consequentemente no poder público, ao passo que situações como a ocorrida no Presídio de Alcaçuz, além de culminarem na morte de vários apenados, demandaram inteligência, planejamento e repressão estatal, causaram pânico na sociedade, sofrimento às famílias dos envolvidos e dispêndio aos cofres públicos. “professor, vi um documentário sobre a rebelião que ocorreu em 2017 no Presídio de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte. O documentário menciona que organizações criminosas foram responsáveis por um dos cenários mais bárbaros de que se tem história no âmbito do sistema penitenciário brasileiro. Contudo, o documentário não menciona a natureza dessas organizações criminosas e, após assistir sua aula sobre organizações criminosas, �quei com essa dúvida”. “professor, vi um documentário sobre a rebelião que ocorreu em 2017 no Presídio de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte. O documentário menciona que organizações criminosasoram responsáveis por um dos cenários mais bárbaros que se tem história no âmbito do sistema penitenciário brasileiro. Contudo, o documentário não menciona a natureza dessas organizações criminosas e, após assistir sua aula sobre organizações criminosas, �quei com essa dúvida”. Para visualizar o objeto, acesse seu material digital. Saiba mais O encarceramento em massa, a guerra às drogas e a formação de facções criminosas são realidades no Brasil. Entender a origem desses problemas é muito importante para compreender como a criminologia aborda esses temas. O artigo “Entre as escolhas e os riscos possíveis: a inserção das jovens no trá�co de drogas” trata sobre jovens que cometeram delitos, fazendo uma análise empírica sobre o tema. Aula 1 GONZAGA, C. Manual de criminologia. São Paulo: Saraiva Educação, 2018. PENTEADO FILHO, N. S. Manual esquemático de criminologia. São Paulo: Saraiva Educação, 2020. Aula 2 BRASIL. 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