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APOSTILA PM-CE 2021 - NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

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Módulo Online 
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA 
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NOÇÕES DE 
CRIMINOLOGIA 
 
 
 
 
Módulo Online 
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA 
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Módulo Online 
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA 
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NOÇÕES DE 
CRIMINOLOGIA 
 
 
 
 
 
Módulo Online 
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA 
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Módulo Online 
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA 
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INTRODUÇÃO 
 Olá, caríssimo aluno do curso do Curso do Professor Gustavo 
Brígido, é para você que me dirijo nessa introdução! Primeiramente, 
meus parabéns em dobro para você, tanto por optar pelo sacerdócio 
que é a preparação para o concurso público, como a confiança 
depositada nessa preparação! 
 Nesse nosso material veremos os pontos que o edital prevê como 
conteúdo para o concurso da gloriosa e centenária Polícia Militar do 
Estado do Ceará no que tange à nova disciplina de Criminologia, 
assunto nunca antes cobrado para o cargo de Soldado e que são 
essenciais para a aprovação. 
 Sou o professor Humberto Quezado, minhas graduações são em 
Direito e Ciências Sociais, com especialização em Direito Público, e 
mestrado na área de Transplantes (Medicina). Como servidor da Perícia 
Forense do Estado do Ceará, trabalho em casos de pessoas 
desaparecidas e pacientes desconhecidos, e vejo a Segurança Pública 
como ela é de fato. Como professor da Academia Estadual de 
Segurança Pública, de Universidades e do Curso Professor Gustavo 
Brígido, levo essa experiência de mais de dez anos de sala de aula para 
a sua aprovação. 
 Sem mais delongas, vamos falar sobre Criminologia? 
 
ASSUNTOS PREVISTOS NO 
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 
DO EDITAL 
 Após o edital, verificamos que os seguintes assuntos que entraram 
como previstos no conteúdo programático para o concurso são os 
seguintes: 
1. O crime como fato social. 
2. Instituições sociais relacionadas com o crime: as Polícias, o Poder 
Judiciário, o Ministério Público, os sistemas penitenciários etc. 
3. A extensão da criminalidade no mundo e no Brasil. 
4. O crime como fenômeno de massa: narcotráfico, terrorismo e crime 
organizado. 
5. O crime como fenômeno isolado: estudo do homicídio. 
6. Classificação de tipos criminosos: criminoso nato; criminoso 
ocasional; criminoso habitual ou profissional; criminoso passional; 
criminoso alienado; criminoso menor (delinquência juvenil); a mulher 
criminosa. 
7. As atividades repressivas, preventivas e educacionais para diminuir 
os índices de criminalidade. 
 
CRIMINOLOGIA - CONCEITO 
Criminologia seria um hibridismo, ou seja, a junção de duas palavras 
de idiomas diferentes, formando uma terceira palavra com um novo 
significado. No caso, a junção do latim crimino com o grego logos, 
significando, nesse contexto, o estudo do crime. 
Ocorre que essa origem etimológica pode nos levar a um reducionismo, 
pois a Criminologia moderna não estuda tão somente o crime. 
Atualmente, a doutrina é uníssona em delinear os objetos de estudo da 
Criminologia como sendo: 
 O Crime 
 O Delinquente 
 A Vítima 
 O Controle Social 
O crime consiste na conduta contrária às normas sociais, ao Direito, e 
que pode ser objeto da devida reprimenda por parte da sociedade. Há 
um conceito jurídico de crime, o qual compreende-se que o crime é 
fato típico, antijurídico e culpável, sendo objeto de estudo do Direito 
Penal e análise do Direito Processual Penal. É mais importante, para o 
nosso contexto, o conceito social do crime, o crime enquanto fato social, 
e veremos isso em momento posterior. 
O delinquente é a pessoa que pratica a conduta delituosa. As teorias 
mais modernas têm o delinquente como centro de seus estudos, visto 
que muitas delas entendem-no como centro e fim dos chamados 
fatores criminógenos (que levam determinada pessoa a cometer o 
crime). 
A vítima vem redescobrindo, modernamente seu papel de importância 
na compreensão do fenômeno criminoso. A vitimologia, enquanto área 
desta ciência que estamos agora analisando, tem um papel 
importantíssimo na análise de todo esse fenômeno, e das formas que 
ele pode ser combatido efetivamente. 
Por fim, o controle social são os mecanismos dos quais a sociedade 
lança mão para, de fato, controlar nosso comportamento. Um exemplo 
simples são as multas de trânsito, que (ao menos em tese) impedem as 
pessoas de atravessarem um farol vermelho. Veremos isso com maior 
profundidade quando vermos as instituições. 
De modo a compreendermos, eu trouxe duas definições clássicas de 
Criminologia. Vejamos: 
“A ciência empírica e interdisciplinar que tem por objeto o crime, o 
delinquente, a vítima e o controle social do comportamento delitivo; e 
que aporta uma informação válida, contrastada e confiável sobre a 
gênese, dinâmica e variáveis do crime – contemplado este como 
fenômeno individual e problema social, comunitário; assim como sobre 
sua prevenção eficaz, as formas e estratégias de reação ao mesmo e 
as técnicas de intervenção positiva no infrator.” Antônio Garcia Pablos 
de Molina 
 
 “Criminologia é um conjunto de conhecimentos que estudam o 
fenômeno e as causas da criminalidade, a personalidade do 
delinquente, sua conduta delituosa e a maneira de ressocializá-lo” 
Edwin Sutherland 
Assim como toda e qualquer ciência, a Criminologia também serve a 
determinados objetivos, quais sejam: 
• Compreensão do fenômeno criminal. 
• Fornecimento de informações para intervenções preventivas. 
• Compreensão da etiologia do crime. 
• Defesa da necessidade de rapidez e a certeza da aplicação da 
sanção penal. 
• Estabelecimento de diálogo entre o Direito Penal e outros saberes 
relativos ao fenômeno delitivo. 
• Avaliação dos diferentes modelos de resposta ao crime. 
• Demonstração das dimensões individual e social do fenômeno 
criminal. 
• Diálogo entre protagonistas do crime. 
• Reparação do dano. 
• Pacificação social. 
Firmados esses conceitos, é importantíssimo lembrarmos que ele vai 
dar o tom de todos os nossos estudos. Sigamos com os próximos 
pontos do edital. 
 
 
 
 
 
Módulo Online 
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA 
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Crime enquanto fato social 
É público e notório que o crime acontece na sociedade, e não só é algo 
corriqueiro, como algumas teorias até o entendem como algo 
necessário, e que uma sociedade sem crimes é uma sociedade 
doente. 
Mas, antes de tudo, o que é um fato social? 
Esse conceito é fornecido por Émile Durkheim, e se refere a hábitos e 
maneiras de agir (e de pensar) que determinam a forma como os 
indivíduos se comportam em determinada sociedade. 
“Toda maneira de agir fixa ou não, suscetível de exercer sobre o 
indivíduo uma coerção exterior; ou, ainda, que é geral na extensão de 
uma sociedade dada, apresentando uma existência própria, 
independente das manifestações individuais que possa ter” (Durkheim 
– As Regras do Método Sociológico) 
A partir dessa definição, e da doutrina majoritária em Sociologia, 
entende-se que todo fato social possui as seguintes características: 
 Gerais: Apresentam-se como regras gerais, que induzem o modo 
de agir das pessoas. Dizer que determinado fato social é geral, é 
compreender que há, no seio da sociedade uma verdadeira 
consciência em torno de determinado fato, oriunda da própria 
sociedade. Em outros termos, é algo que acontece com generalidade. 
Ex.: Casamento. Independente da concepção do casamento, há uma 
instituição casamento, que é observada como existente na maioria 
das sociedades. 
 Coercitivos: Uma vez que são formados por uma consciência 
coletiva, ele é verificável e não pode ser modificado pela ação individual. 
A vontade individual não é forte o suficiente para impedir o 
acontecimento do fato social. Ex.: Independe da vontade de qualquer 
pessoas, casamentos continuarão acontecendo, e gerando efeitos 
na sociedade. 
 Exteriores: Estão “fora” do indivíduo, existem exteriormente e 
anteriormente à ele. Ex.: Mantendo-nos ainda no casamento, esta 
instituiçãotambém existe antes de nós, e nos é exterior (ao menos o 
casamento alheio!). 
Assim, conhecedores do conceito de fato social em sentido amplo, 
podemos concluir que o crime é, sobretudo, um fato social. Contudo, 
ele possui um revés: Além de ser um fato social, com todas as suas 
características, ao crime podemos vincular um conceito sociológico, 
onde se aponta que este possui as seguintes características: 
 Incidência massiva na população: Não há como se atribuir a 
condição de crime a evento isolado, ainda que cause certa abjeção da 
comunidade. Há necessidade que o fato se repita. Deve haver 
reiteração da conduta no seio da sociedade. 
 Incidência aflitiva: O fato deve produzir sofrimento e mal-estar na 
vítima e na sociedade como um todo. Não é razoável que um fato 
desprovido de qualquer relevância seja punido na esfera penal. Está 
intimamente ligado com o Princípio da Insignificância! 
 Persistência espaço-temporal: Não se deve criminalizar um fato que 
não se distribua por todo o território nacional, e ao longe de determinado 
período. 
o Exemplo (Rogério Sanches): Lei 12.663/2012 (Lei Geral da Copa), 
com vigência até 31.12.2014 (lei temporária), que criminaliza a 
falsificação do “logo” da FIFA: “art. 33. Expor marcas, negócios, 
estabelecimentos, produtos, serviços ou praticar atividade promocional, 
não autorizados pela FIFA ou por pessoa por ela indicada, atraindo de 
qualquer forma a atenção pública nos locais da ocorrência dos Eventos, 
com o fim de obter vantagem econômica ou publicitária: Pena - 
detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano ou multa”. 
 Inequívoco consenso social de etiologia e reação: A sociedade 
como um todo deve apresentar um consenso acerca das origens dessa 
conduta (criminosa e antissocial por definição), bem como um mesmo 
consenso sobre a necessidade de reação (da sociedade) contra essa 
conduta. 
o Exemplo: Abuso de álcool. Percebamos que o álcool não deixa de 
ser uma droga, visto que causa dependência, destrói famílias e é motor 
para a prática de crimes, porém é lícita. Assim, é possível qualificar o 
álcool como droga ilícita para fins penais? 
A instituições sociais relacionadas com o crime 
Naturalmente, o crime é um fato social, ou seja, ocorre, 
inevitavelmente, no seio da sociedade. Essa mesma sociedade é 
composta de Instituições, e, em nosso edital são nomeadas claramente, 
para fins didáticos: “Polícias, Poder Judiciário, Ministério Público, etc.” 
De fato, a sociedade passa e atinge seus objetivos também por 
intermédio de instituições. Mencionar a existência de Instituições 
Sociais que possuem relação com o crime traz a necessidade de 
falarmos o que são tais instituições: 
 Possuem estrutura social permanente 
 Marcada por padrões comportamentais 
 Delimitadoras de valores e normas aos membros do grupo 
No caso do Estado, ou seja, Instituições Públicas, estão intimamente 
ligadas ao Controle Social Formal. E em que consiste essa 
modalidade de controle? 
Recebe o nome de controle social o conjunto de mecanismos, 
positivos ou negativos, que são acionados pela por cada sociedade, ou 
grupo social, que objetivam induzir os membros a adequarem seu 
comportamento às normas. A doutrina aponta que existem dois tipos de 
controle, o controle social formal e informal. 
Controle Social Formal: O controle é exercido por estruturas 
institucionalizadas. Existe a participação do Estado. A sanção aqui 
possui um caráter coercitivo (podendo envolver penas privativas de 
liberdade, restritivas de direito, e multas). Há, contudo, o devido 
processo legal. Temos como exemplos o Judiciário, Polícia, Sistema 
Penitenciário, Autoridades de Trânsito... 
Controle Social Informal: São exercidas por instituições que, a priori, 
não foram feitas para controlar, mas, na prática, moldam o 
comportamento de seus integrantes. A sanção reveste-se somente de 
um caráter social (pois é externada por intermédio de uma pressão do 
grupo social). Em geral, não existem procedimentos, nem devido 
processo legal. Ex.: Família, clube, escola. 
 
Polícias e Sistema Penitenciário 
CF. Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e 
responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem 
pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos 
seguintes órgãos: 
I - polícia federal; 
II - polícia rodoviária federal; 
III - polícia ferroviária federal; 
IV - polícias civis; 
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares; 
VI - polícias penais federal, estaduais e distrital. 
(...) 
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à 
proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei. 
(...) 
 
 
 
 
Módulo Online 
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA 
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Segurança Pública é uma situação onde a normalidade da vida em 
sociedade impera. Nesse sentido, o caput do artigo menciona 
claramente que a Segurança Pública é um dever do Estado, direito e 
responsabilidade de todos. A alteração ilegítima dessa situação de 
normalidade afigura-se, portanto, em uma completa violação de direitos. 
Nesse contexto, é necessário compreender a Segurança Pública e o 
Sistema Penitenciário, e as Instituições integrantes, de modo a 
conhecer as atribuições de cada ator. 
 
Poder Judiciário 
CF. Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário: 
 I - o Supremo Tribunal Federal; 
 I-A - o Conselho Nacional de Justiça; 
 II - o Superior Tribunal de Justiça; 
 III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; 
 IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho; 
 V - os Tribunais e Juízes Eleitorais; 
 VI - os Tribunais e Juízes Militares; 
 VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e 
Territórios. 
O poder judiciário é o poder (ou função) estatal responsável pelo 
exercício da jurisdição. O ato ou efeito de “dizer o direito” é definido de 
forma magistral pelo professor Pedro Lenza: 
“uma das funções do Estado, mediante a qual este se substitui aos 
titulares dos interesses em conflito para, imparcialmente, buscar a 
pacificação do conflito que os envolve, com justiça. Essa pacificação é 
feita mediante a atuação da vontade do direito objetivo que rege o caso 
apresentado em concreto para ser solucionado; e o Estado 
desempenha essa função sempre por meio do processo, seja 
expressando imperativamente o preceito (através de uma sentença de 
mérito), seja realizando no mundo das coisas o que o preceito 
estabelece (através da execução forçada)” 
Essa importantíssima função possui também suas características 
próprias, quais sejam: 
 Lide: A existência de uma “pretensão resistida”. Ou seja, uma vez 
que a obrigação legal não é cumprida espontaneamente, a parte lesada 
pode buscar o Judiciário para que, substituindo a vontade das partes, 
resolva o conflito. 
 Inércia: Dizer-se inerte significa dizer que o Judiciário somente age 
por provocação. Noutros termos, o Judiciário adota uma postura quase 
“passiva” até que é provocado por uma das partes. 
 Definitividade: Uma vez que as decisões exaradas pelo Judiciário 
transitem em julgado, elas se tornam definitivas, sem qualquer 
possibilidade de alteração. 
 
Ministério Público 
O Ministério Público é uma das funções essenciais à justiça. Isso 
significar dizer que é uma das instituições (juntamente com a advocacia, 
a advocacia pública e a defensoria pública) sem as quais a jurisdição 
não poderia ser exercida em sua plenitude. 
Em suma, o Ministério Público é responsável por defender os 
interesses da sociedade, e, da sua gama de funções, a que mais se 
sobressair é a de propor a ação penal, sendo o MP detentor do direito 
da ação penal pública (condicionada ou incondicionada). 
CF. Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à 
função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem 
jurídica, do regime democrático e dos interessessociais e individuais 
indisponíveis. 
Essas funções somente poderão ser exercidas por integrantes de 
carreiras específicas do MP, cujo ingresso na carreira é feito através de 
concurso público e provas e títulos, assegurada a participação da OAB, 
exigindo-se 3 anos de atividade jurídica na posse do cargo. 
Assim, tais instituições exercem, cada uma seguindo a sua competência 
e atribuições, parte do Controle Social Formal. 
Nesse contexto, o controle social formal pode ser organizado em cinco 
grupos: 
 Polícia Militar: Policiamento ostensivo – prevenção criminal 
 Polícia Judiciária (Civil/Federal/Perícia): Investigação 
 Ministério Público: Acusação 
 Judiciário: Julgamento 
 Sistema Penitenciário: Ressocialização – Caráter Punitivo-
Pedagógico da pena 
Extensão da criminalidade no mundo e no Brasil 
A violência, de fato, é integrante do espectro da personalidade humana. 
Desse modo, é possível mensurar a sua extensão diante do cenário 
mundial ou nacional. 
No mundo, esse estudo é feito pelo Escritório das Nações Unidas 
sobre Drogas e Crime, enquanto no Brasil, um dos principais Institutos 
de Pesquisa é o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), 
vinculado ao Fórum Brasileiro de Segurança Pública. 
 
No mundo 
O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) aponta 
que estatísticas mundiais sempre apresentarão desvios, pelos 
seguintes motivos: 
 Metodologias diferentes para cada país; 
 Crimes que pode não entrar nas estatísticas oficiais; 
 Burocracia; 
 Corrupção governamental. 
O UNODC aponta que os países mais violentos do mundo: Honduras, 
Venezuela, El Salvador, Jamaica, Guatemala, Colômbia, África do Sul, 
Trinidad e Tobago, Porto Rico, Brasil, República Dominicana, México, 
Panamá, Namíbia, Sudão do Sul, República Centro-Africana, Congo, 
Equador, Bolívia, Nicarágua. 
 Taxa de homicídio por 100.000 habitantes de Honduras: 92,7 
 Taxa de homicídio por 100.000 habitantes de Caucaia/CE: 98,2 
O Brasil, infelizmente, ocupa uma triste posição de destaque quando 
se fala em criminalidade, na medida em que ostenta, em alguns 
municípios (conforme se observou), taxas de homicídios superiores ao 
país mais violento do mundo. 
 
 
 
 
 
Módulo Online 
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA 
|8| 
À título de ilustração, vejamos o seguinte quadro: 
 
Figura 1. O Brasil tem mais assassinatos que todos os países em azul JUNTOS. (Fonte: UNODC) 
 
Muitos são os problemas apontados, visto que o Brasil é um país de 
dimensões continentais, aliado a um histórico de problemas e 
desigualdade sociais, corrupção endêmica e má utilização do 
dinheiro público. Em decorrência disso, o enfrentamento da violência 
torna-se um imenso desafio. 
 
No Brasil 
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública é editado pelo Fórum 
Brasileiro de Segurança Pública, após a análise de uma série de dados 
acerca dos mais variados crimes (e vítimas). 
O Fórum criou um importante conceito – MVI (Mortes Violentas 
Intencionais), cujos crimes incluem: 
 Homicídios Dolosos/Feminicídios 
 Latrocínios 
 Lesões Corporais Seguidas de Morte 
 Mortes decorrentes de Intervenções Policiais 
Percebam que, na metodologia utilizada pelo Ipea não estão inclusos 
crimes como aborto, estupro com resultado morte, ou extorsão 
mediante sequestro com resultado morte. Considerando que tais 
crimes diferem juridicamente do homicídio, é preciso verificar de que 
forma tais condutas são registradas nas estatísticas criminais oficiais 
(gerenciadas pelas Secretarias de Segurança Pública dos Estados). 
Falando-se do Estado do Ceará, essa estatística é feita pela SUPESP, 
através de sua Gerência de Estatística e Geoprocessamento (GEESP), 
vinculada à Secretaria da Segurança Pública do Estado do Ceará 
(SSPDS). 
A metodologia da SUPESP é um pouco diferente, pois, ao invés de MVI, 
eles usam o conceito de CVLI’s (Crimes Violentos Letais e Intencionais), 
mas que incluem basicamente os mesmos crimes das MVI’s, à exceção 
das mortes por intervenção policial, pois, de acordo com a GEESP, tais 
mortes não são intencionais, pois possuem excludente de ilicitude. 
Percebamos a tabela relativa aos CVLI’s ocorridos no Ceará no ano de 
2020: 
 
Figura 2. Fonte: GEESP/SUPESP/SSPDS 
 
Voltando-se ao Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2021, 
apontou-se também que, em 2020, os maiores crescimentos de MVI 
ocorreram no Maranhão, com 30,2%; Paraíba com 23,1%; e Piauí com 
20,1%. 
As principais causas, de acordo com o Anuário, ainda são a expansão 
das facções criminosas, com episódios de confrontos e disputa de 
território. 
Uma variável socioinstitucional importante no ano de 2020 foi a 
recomendação da liberação de presos pelo CNJ. Isso aconteceu de 
forma pouco criteriosa, de modo que presos das mais diversas 
periculosidades, faccionados, homicidas e traficantes foram colocados 
em liberdade. 
 
 
 
 
Módulo Online 
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA 
|9| 
A flexibilização da aquisição de armas de fogo proporcionou um 
maior número de armas em circulação. Desde 2017, o número de armas 
em circulação dobrou. 
Saindo da esfera dos MVI’s, o Anuário apontou que a pandemia de 
Covid-19 também influenciou uma série de aspectos voltados à 
criminalidade. Uma menor circulação de pessoas levou a uma 
diminuição de crimes contra o patrimônio. 
Em 2020, o Brasil chegou a ter 29,7% do efetivos das forças de 
segurança pública infectados (e, consequentemente afastados) pelo 
Covid-19. Esse fato também contribuiu negativamente para o 
enfrentamento da criminalidade, haja vista o menor número de policiais 
nas ruas. 
O crime como fenômeno de massa: narcotráfico, terrorismo e 
crime organizado 
 
Narcotráfico 
Lei 11.343/06: Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, 
fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, 
transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a 
consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização 
ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
É crime equiparado a hediondo, juntamente com Terrorismo e Tortura. 
Naturalmente, o tráfico de drogas é a maior fonte de financiamento do 
crime organizado, e nisso reside a necessidade de combater essa fatia 
da criminalidade. Da mesma forma, a discussão que há acerca da 
descriminalização do uso de certas drogas passa, necessariamente, 
pelo aspecto criminológico. 
Detalhe importante, o art. 28 da Lei de Drogas não é descriminalização 
do uso de drogas. De acordo com o STF, houve despenalização. A 
conduta permanece sendo crime, mas é punida de outra forma. 
Vejamos: 
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer 
consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em 
desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às 
seguintes penas: 
I - advertência sobre os efeitos das drogas; 
II - prestação de serviços à comunidade; 
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso 
educativo. 
§ 1º Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo 
pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de 
pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar 
dependência física ou psíquica. 
 
Terrorismo 
Combater o terrorismo consiste em um verdadeiro mandamento 
constitucional. Entende-se, nesse contexto, que no bojo de nossa 
Constituição existem uma série de mandados de penalização (ou de 
criminalização). Noutros termos, o legislador constitucional entendeu 
por bem criar a obrigação de legislar sobre determinados crimes, ao 
legislador infraconstitucional. 
CF. Art. 5º (...) 
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou 
anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas 
afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles 
respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, 
se omitirem; 
Assim, criou-se a Lei nº 13.260/2016,prevendo e definindo Terrorismo. 
Lei 13.260/2016. (...) Art. 2º O terrorismo consiste na prática por um ou 
mais indivíduos dos atos previstos neste artigo, por razões de xenofobia, 
discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião, quando 
cometidos com a finalidade de provocar terror social ou generalizado, 
expondo a perigo pessoa, patrimônio, a paz pública ou a incolumidade 
pública. 
§ 1º São atos de terrorismo: 
I - usar ou ameaçar usar, transportar, guardar, portar ou trazer consigo 
explosivos, gases tóxicos, venenos, conteúdos biológicos, químicos, 
nucleares ou outros meios capazes de causar danos ou promover 
destruição em massa; 
IV - sabotar o funcionamento ou apoderar-se, com violência, grave 
ameaça a pessoa ou servindo-se de mecanismos cibernéticos, do 
controle total ou parcial, ainda que de modo temporário, de meio de 
comunicação ou de transporte, de portos, aeroportos, estações 
ferroviárias ou rodoviárias, hospitais, casas de saúde, escolas, estádios 
esportivos, instalações públicas ou locais onde funcionem serviços 
públicos essenciais, instalações de geração ou transmissão de energia, 
instalações militares, instalações de exploração, refino e 
processamento de petróleo e gás e instituições bancárias e sua rede de 
atendimento; 
V - atentar contra a vida ou a integridade física de pessoa: 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos, além das sanções 
correspondentes à ameaça ou à violência. 
A doutrina majoritária entendem que o terrorismo fere a paz pública, em 
seu sentido subjetivo (confiança coletiva na ordem jurídica e social). 
Os atos de terrorismo consistem na prática de atentados contra a vida, 
integridade física, ameaça, e mais uma série de condutas previstas no 
§1º do art. 2º da Lei de Terrorismo que tenham: 
• Especial motivo de agir (Motivação) 
o Aspecto que motiva os atos de terrorismo – Xenofobia, 
Discriminação ou Preconceito (raça, cor, etnia e religião) 
• Especial finalidade 
o O que pretende o agente com a sua conduta – Método terrorista – 
Provocar terror social ou generalizado – Criação de um sentimento 
disseminado de pânico. 
 
Crime Organizado 
A ideia de crime organizado é própria da legislação italiana, sendo a 
definição legal brasileira o fruto de toda uma construção social, e 
modernização legislativa, que veio para, através da ação em conjunto 
de todas as áreas da segurança pública, conseguir combater à contento 
as chamadas organizações criminosas. 
Nesse sentido, a lei nº 9.034/95, em seu §1º do art. 1º assim define: 
Lei 9.034/1995. Art. 1º 
§ 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou 
mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de 
tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou 
indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de 
infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) 
anos, ou que sejam de caráter transnacional. 
Importante perceber que a Organização Criminosa (o crime organizado) 
é um meio para a consecução de uma finalidade! E, para a lei brasileira, 
precisa ser: 
• Associação de 4 ou mais pessoas 
• Estruturalmente ordenada 
• Divisão de tarefas, ainda que informal 
• Objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer 
natureza, mediante prática de infrações penais cujas penas máximas 
sejam superiores a 4 anos, ou de caráter TRANSNACIONAL. 
 
 
 
 
 
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NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA 
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Crimes como fenômenos de massa 
O que estes crimes tem em comum? 
Todas essas condutas e práticas reforçam o caráter coletivo do crime, 
de modo que o crime pode acontecer como expressão coletiva de 
determinado grupo, e como forma de manutenção e perpetuação de sua 
estrutura. 
Isso pode ser explicado pela Teoria da Associação Diferencial. 
A situação econômica norte-americana, na década de 30 era a seguinte: 
• Pós primeira guerra – economia norte americana em alta – gasto e 
investimentos desenfreados – Crise de 1929 (Grande Depressão) 
• 1933 –Franklin D. Roosevelt – new deal – Política de alta 
intervenção do estado na economia. 
As medidas intervencionistas encontraram resistência junto às grandes 
corporações. Assim, os grandes empresários, contrários às medidas 
intervencionistas do Estado, na tentativa de “defender-se”, iniciaram a 
prática de vários crimes do colarinho branco, como sonegação de 
impostos e evasão de divisas, com vistas a fugir do Fisco. Criou-se a 
era dos White Collar Crimes (expressão cunhada por Sutherland) 
• Crimes que, em geral, não podem ser explicados por uma situação 
econômica desfavorável, ou mesmo falta de acesso à educação formal. 
• Crimes cujas cifras negras são altíssimas, pois às vezes a própria 
população e o governo sequer entende como crime de elevado potencial 
ofensivo. 
A Associação Diferencial é uma das Teorias do Consenso. O crime é 
visto como algo “aprendido” e doutrinado. Há um processo de 
internalização. 
Valoriza o caráter organizacional e coletivo do crime. 
 “Uma pessoa torna-se delinquente por causa de um excesso de 
definições favoráveis à violação das leis sobre definições desfavoráveis 
à violação delas”. Edwin Sutherland 
Um dos maiores reflexos dessa teoria é a “Operação Lava Jato”, visto 
que boa parte dos envolvidos não estava ligada a histórico econômico 
desfavorável. Ao contrário, os acusados eram grandes empresários 
brasileiros que envolveram-se com o maior esquema de corrupção até 
então descoberto. 
Um ponto importante é que a Associação Diferencial não considera 
fatores impulsivos, ocasionais ou passionais. Nessas hipóteses, não se 
fala em aprendizado, mas em uma reação isolada. 
Crime como fenômeno individual: Estudo do Homicídio 
Aqui cuida-se não do crime enquanto fenômeno coletivo, mas como 
fenômeno individual. Dessa forma, a causa motivadora da prática do 
homicídio terá importância pois, em determinados casos transforma um 
homicídio simples em homicídio qualificado, ou em homicídio 
privilegiado! 
Vejamos como a lei define esses tipos penais: 
 
Homicídio Simples: 
 Art. 121. Matar alguem: 
 Pena - reclusão, de seis a vinte anos. 
A conduta aqui consiste tão somente em matar, ou seja, a eliminação 
da vida extrauterina. Em sua modalidade simples não há motivação, 
não há modo específico através do qual o homicídio se dá. A 
consumação ocorre concomitantemente à morte da vítima. É, portanto, 
um crime Instantâneo, ou Instantâneo de efeitos permanentes. 
A conduta admite tentativa, na forma do art. 14, II-CP, visto que o 
homicídio pode não ocorrer por circunstâncias alheias à vontade do 
agente. 
Até então, cuida-se do homicídio simples, como se vê. Havendo, 
contudo, motivação, podemos hipóteses especiais, como o homicídio 
privilegiado ou qualificado. 
Homicídio “Privilegiado” – Caso de Diminuição de Pena: 
 § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor 
social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida 
a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto 
a um terço. 
O que seria um motivo de Relevante Valor Social ou Moral? 
Relevante valor social – Diz respeito a um interesse da coletividade. 
Ex.: Matar o “maníaco do parque.” 
Relevante valor moral – Diz respeito a um interesse particular do 
responsável pela prática do homicídio, aprovado pelo conceito prático 
de moral. Ex.: Eutanásia. 
Homicídio Qualificado 
§ 2° Se o homicídio é cometido: 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo 
torpe; 
II - por motivo futil; 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro 
meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; 
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro 
recurso que dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido; 
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem 
de outro crime: 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos 
Existe um interesse criminológico maior, naturalmente,nas hipóteses 
qualificadoras de ordem subjetiva, visto que essas dizem respeito às 
motivações do crime. Estamos falando aqui dos incisos I, II e V. As 
demais são de ordem objetiva, e dizem respeito aos meios e modos 
de execução do homicídio. 
Feminicídio 
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: 
(...) 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino 
quando o crime envolve: 
I - violência doméstica e familiar; 
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 
Homicídio Funcional 
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da 
Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força 
Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em 
decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente 
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: 
VIII - (VETADO): 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
As duas hipóteses qualificadoras acima dizem respeito à vítima. Noutros 
termos, o homicídio teve como elemento condutor, e como principal 
motivação a situação especial da vítima. 
Aqui, o interesse criminológico é extremo, na medida em que a figura 
da vítima é essencial ao cometimento do crime. 
Por fim, ainda sobre o homicídio, é importante lembrar que a modalidade 
qualificada, em qualquer de suas formas, é crime hediondo. Assim, são, 
portanto: 
• Inafiançáveis, insuscetíveis de graça, anistia e indulto. 
• Progressão de regime diferenciada 
o 2/5 da pena (primário) 
o 3/5 da pena (reincidente) 
• Livramento condicional após 2/3 da pena (sem reincidência 
específica) 
 
 
 
 
 
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NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA 
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Classificação dos Tipos Criminosos 
Tradicionalmente, a doutrina em Criminologia sempre se preocupou em 
realizar a tipologia criminosa. Classificar os tipos criminosos, 
buscando prever motivações e potencial criminógeno é um dado 
bastante importante em muitos estudos criminológicos. Todavia, 
historicamente, existem termos e classificações que estão francamente 
em desuso, conforme veremos. 
Pois bem, O primeiro a nos trazer uma classificação dos tipos 
criminosos foi Cesare Lombroso, em sua obra O Homem Delinquente 
(1876), onde este classificava os criminosos em: 
• Criminoso Nato 
• Criminoso Louco 
• Criminoso de ocasião 
• Criminoso por paixão 
Para Lombroso, o crime era um fenômeno biológico, não um 
fenômeno exclusivamente social ou jurídico. Em outros termos, o 
criminoso o criminoso era um ser atávico, um selvagem que já nasce 
delinquente. 
Utilizando-se do método empírico-indutivo ou indutivo-experimental, o 
positivismo criminal de Lombroso buscava através da análise dos fatos, 
explicar o crime sob um viés científico. Em suma, concebia o criminoso 
como um indivíduo distinto dos demais, um subtipo humano. 
Dessa forma, fundamentava o direito de castigar, não como meio e 
finalidade de punir o agente que praticou o ato delituoso, mas sim, com 
o propósito de conservar a sociedade, combatendo assim a 
criminalidade. 
A despeito de sua inegável importância histórica, a classificação 
proposta por Lombroso não é mais utilizada. 
 
Criminoso Nato 
Na doutrina, somente dois autores mencionam o criminoso nato: 
Para Cesare Lombroso, o criminoso nato é o que tem instinto para a 
prática de delitos, nas palavras do autor, é um “selvagem para a vida 
em sociedade.” Após a aplicação de estudos antropométricos 
comparativos entre mais de 25 mil encarcerados e cadáveres oriundos 
de mortes violentas. 
Lombroso constatou que entre esses homens e cadáveres existiam 
características em comum, físicas e psicológicas, que o fizeram crer que 
eram os estigmas da criminalidade. A esses sinais ele deu o nome de 
atavismo, o retrocesso genético, que evidenciaria o “atraso” do 
delinquente diante da sociedade. 
Para Enrico Ferri, o criminoso nato possui deficiência do senso moral. 
Ao menos em tese, ele não teria nenhum problema psiquiátrico. 
Demonstraria, contudo, fortes estigmas que evidenciariam uma atrofia 
do senso moral. 
O criminoso, então seria alguém naturalmente desprovido de 
moralidade. 
 
Criminoso Ocasional 
Tem-se, em suma que o criminoso ocasional é levado, naturalmente, 
pela ocasião. 
Ele possui, ao menos em tese, personalidade normal, mas é 
influenciado pelo meio de convívio, levados por condições pessoais a 
cometerem crimes contra o patrimônio (majoritariamente). 
Embora já classificado pelos autores clássicos, também são abordados 
por autores modernos, como Guido Palomba e Odon Ramos 
Maranhão. 
Criminoso Habitual ou Profissional 
Classicamente, a definição de criminoso habitual é de Enrico Ferri, e 
consiste no criminoso que faz do crime seu meio de vida. Em virtude 
disso, os criminosos habituais são inevitavelmente reincidentes na ação 
criminosa. 
O art. 78 do Código Penal Militar define que é criminoso habitual quem: 
a) reincide pela segunda vez na prática de crime doloso da mesma 
natureza, punível com pena privativa de liberdade em período de tempo 
não superior a cinco anos, descontado o que se refere a cumprimento 
de pena; b) embora sem condenação anterior, comete sucessivamente, 
em período de tempo não superior a cinco anos, quatro ou mais crimes 
dolosos da mesma natureza, puníveis com pena privativa de liberdade, 
e demonstra, pelas suas condições de vida e pelas circunstâncias dos 
fatos apreciados em conjunto, acentuada inclinação para tais crimes. 
Evidentemente, essa definição cabe somente a crimes militares, 
sendo seus efeitos restritos à essa seara jurídica específica. Contudo, o 
Código de Processo Penal (após as mudanças do Pacote Anticrime) 
menciona “conduta criminal habitual”, quando estabelece que, nessas 
hipóteses, não poderá o agente ser beneficiado pelo acordo de não 
persecução penal. 
Código de Processo Penal. Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento 
e tendo o investigado confessado formal e circunstancialmente a prática 
de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima 
inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de 
não persecução penal, desde que necessário e suficiente para 
reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições 
ajustadas cumulativa e alternativamente: 
(...) 
§ 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes 
hipóteses: 
(...) 
II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios 
que indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto 
se insignificantes as infrações penais pretéritas; 
 
Criminoso Passional 
Enrico Ferri também nos trouxe a primeira definição de criminoso 
passional. Segundo o autor clássico, este tipo criminoso age por 
impulso, durante transtorno psíquico. 
Modernizando a definição, Guido Palomba, o chama de criminoso 
impetuoso, posto que influenciados por impulsos momentâneos. Em 
geral, estão relacionados a crimes passionais, homicídios ou lesões 
corporais. Vinganças imediatas (sem planejamento), algumas hipóteses 
de feminicídio ou mesmo brigas de trânsito estariam incluídos aqui. 
Cometem, pois, o crime, movidos por impulsos emotivos e 
momentâneos sem premeditar o seu contento. São as paixões 
pessoais que guiam a conduta criminosa, ou mesmo fanatismo político 
ou social. 
Não raro se arrependem de sua conduta. 
 
Criminoso Alienado 
A denominação de criminoso alienado também é de Enrico Ferri, e diz 
respeito a problemas psiquiátricos graves relacionados à 
criminalidade. 
Modernamente, em especial o nosso Código Penal, é preciso relacionar 
esse tipo criminoso à inimputabilidade (enquanto elemento da 
culpabilidade). Em outros termos, se o autor do delito tem condições 
de compreender o caráter ilícito de sua conduta e de portar-se de 
acordo com este entendimento. 
 
 
 
 
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NOÇÕESDE CRIMINOLOGIA 
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O Código Penal prevê, respectivamente, hipótese de exclusão de 
imputabilidade e de redução de pena, caso o autor seja totalmente ou 
parcialmente incapaz de entender o caráter ilícito de sua conduta, ou de 
portar-se de acordo com este entendimento, na forma do seu art. 26: 
Código Penal. Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença 
mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao 
tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o 
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse 
entendimento. 
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o 
agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por 
desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente 
capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo 
com esse entendimento. 
Importante mencionar, nesse contexto que o inimputável não é sujeito 
à pena de prisão, mas, por força do art. 97 do Código Penal, é sujeito 
à medida de segurança, ainda que por tempo indeterminado. 
Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação 
(art. 26). Se, todavia, o fato previsto como crime for punível com 
detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial. 
Prazo 
§ 1º - A internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo 
indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, mediante 
perícia médica, a cessação de periculosidade. O prazo mínimo deverá 
ser de 1 (um) a 3 (três) anos. 
Perícia médica 
§ 2º - A perícia médica realizar-se-á ao termo do prazo mínimo fixado e 
deverá ser repetida de ano em ano, ou a qualquer tempo, se o 
determinar o juiz da execução. 
Desinternação ou liberação condicional 
§ 3º - A desinternação, ou a liberação, será sempre condicional devendo 
ser restabelecida a situação anterior se o agente, antes do decurso de 
1 (um) ano, pratica fato indicativo de persistência de sua periculosidade. 
§ 4º - Em qualquer fase do tratamento ambulatorial, poderá o juiz 
determinar a internação do agente, se essa providência for necessária 
para fins curativos. 
 
Criminoso Menor 
Embora não seja uma tipologia propriamente dita, a questão da 
criminalidade juvenil já foi objeto de intensos estudos criminológicos, na 
medida em que este fenômenos sempre existiu. 
Aqui merece destaque o Sociólogo norte-americano Alberto Cohen, o 
qual, em sua tese de PhD, denominada Delinquent Boys – The culture 
of the gang, criou a chamada Teoria da Subcultura Delinquente, a 
qual busca explicar justamente a delinquência juvenil, vislumbrando a 
prática criminosa como um elemento cultural, e verdadeiro motivo de 
coesão entre as gangues, compostas por pessoas cada vez mais 
jovens. 
Em nosso ordenamento jurídico temos que, conforme inteligência do art. 
27 do Código Penal, os menores de idade são inimputáveis. Vejamos: 
Código Penal. Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são 
penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na 
legislação especial. 
A lei especial divide a figura do criminoso menor em duas importantes 
situações, quais sejam, criança e adolescente. 
ECA. Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa 
até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e 
dezoito anos de idade. 
Assim sendo, temos que o menor não comete crime, mas ato 
infracional equiparado a crime. Sendo caso de criança (ou seja, até 
11 anos), não pode sequer ser submetido a medidas socioeducativas. 
Em hipóteses extraordinárias ele pode ser abrigado. 
Existem, a serem aplicadas em situações excepcionais, algumas 
medidas socioeducativas, previstas no art. 112 do Estatuto da Criança 
e do Adolescente: 
ECA. Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade 
competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas: 
I - advertência; 
II - obrigação de reparar o dano; 
III - prestação de serviços à comunidade; 
IV - liberdade assistida; 
V - inserção em regime de semi-liberdade; 
VI - internação em estabelecimento educacional; 
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI 
 
A Mulher Criminosa 
É algo público e notório que mulheres cometem menos crimes que os 
homens. 
A população carcerária feminina subiu de 5.601 para 37.380 detentas 
entre 2000 e 2014, um crescimento de 567% em 15 anos, e, em sua 
maioria é por tráfico de drogas, motivo de 68% das prisões (dados do 
CNJ). 
Estudar-se a figura do feminino na Criminologia afigura-se importante, 
pois aponta-se o crescimento da participação feminina em crimes como 
tráfico de drogas, homicídio, estelionato e roubo. 
As atividades repressivas, preventivas e educacionais para 
diminuir os índices da criminalidade 
A pena possui, no Brasil, caráter punitivo-pedagógico. Em outros 
termos, ela tem por objetivo punir (não vingar), e ensinar o autor, através 
das penas privativas de liberdade e restritivas de direitos. 
Conforme sabemos, o Direito Penal é a chamada ultima ratio, ou seja, 
a pena, enquanto medida de proteção social, deve ser sempre uma 
situação de exceção, de modo que a liberdade é sempre a regra. Além 
dessa noção, uma vez aplicada a pena privativa de liberdade, em 
desfavor do autor, ele tem para si uma série de aspectos que devem ser 
observados no cumprimento de sua pena, previstos na Lei de 
Execuções Penais. 
Merecem destaque a Remição e a Detração Penal. A remição ocorre 
quando o preso condenado trabalha ou estuda, e diminui o seu 
tempo de pena. À cada 12h (divididas em 3 dias) de estudos diminui-
se 1 dia de pena, e a cada 3 dias de trabalho, diminui-se 1 dia de pena. 
E a detração penal é o abatimento da pena do condenado do tempo que 
passou preso preventivamente. 
Sob o viés repressivo, há, também a criação de Delegacias, Juizados e 
Batalhões especializados, visando trabalhar com violência setorial 
(violência de gênero e homotransfobia, por exemplo). 
Além disso, o enfoque é multifatorial, ou seja, parte, além da repressão 
geral, uma série de aspectos destinados a setores específicos, tais 
como: 
• Violência de gênero 
• Delinquência juvenil 
• Violência policial 
• Preconceito e Discriminação 
 
 
Há 9 anos, transformando sonhos em aprovações!

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