Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Qualidade da Madeira por Fernando José Borges Gomes fjbgomes.fg@gmail.com Aula 4: Celulose e Hemiceluloses - importância mailto:fjbgomes.fg@gmail.com CELULOSE 2 Parede secundária (3 camadas) Lamela média Moléculas de celulose Fibras mm/µm Fibrilas µm/nm Estrutura cristalina Å 1 µm = 1/ 1000 000 m 1 nm = 1/ 1000 000 000m 1 Å = 0,1 nm ESTRUTURA MORFOLÓGICA DA MADEIRA Na parede celular, a celulose forma feixes (microfibrilas), que estão rodeados por uma matriz de hemiceluloses e lignina, formando as macrofibrilas, que estão na parede celular da fibra. 4 CELULOSE ❖Polímero de cadeia linear; ❖Insolúvel em solventes orgânicos neutros comuns, água, ácidos e álcalis diluídos (temperatura ambiente), porém pode ser dissolvida em solventes especiais; ❖D-anidro glicopiranose unidas por ligações éter do tipo β 1-4; ❖Estrutura organizada e parcialmente cristalina; 5 Estrutura da celulose 6 5 4 3 2 1 N-2 O OO H, OH OHO H OH H C H 2 OH OH O H CHO OH O H H H H H OH OH C H 2OH O OH C H 2 OH H H H H H OH H OH H H H C H 2 OH OH OH C H 2 OH OH -O Grupo terminal não redutor Unidade central de celobiose Grupo terminal redutor 1 413 3 2 2 4 C H 2 OH H OH O O O H OH O O C H 2OH O C H 2 OH H OH O O O O 43 2 1 Haworth: Conformacional: instável 6 Planta Celulose (%) Algodão 95-99 Bambu 40-50 Madeira 40-50 Casca de árvores 20-30 Cana-de-açúcar 40-45 Palha de arroz 30-40 Teores de celulose em diferentes biomassas 7 Teor de Celulose em Eucalyptus Clone Eucalyptus Brasileiros Eucalyptus globulus Eucalyptus nitens 1 48.7 40.6 35.5 2 47.6 40.6 36.8 3 48.3 43.6 38.5 4 47.9 43.1 40.0 5 46.2 42.1 37.8 6 48.0 44.2 39.0 7 47.5 45.1 38.6 8 46.4 44.7 38.1 9 45.4 49.1 39.3 10 45.0 49.8 41.1 8 Cristalinidade da Celulose ❖ Influenciada pelo número de ligações de H: ✓Cada unidade de glicose possui 5 oxigênios, o que facilita a formação de muitas ligações H ❖ Alta cristalinidade diminui reatividade da celulose; ❖ Cristalinidade depende da origem da celulose: ✓Ramie > algodão > madeira > celulose regenerada (celulose II); ❖ > cristalinidade > densidade ✓celulose cristalina = 1,59 ✓celulose amorfa = 1,49 ❖ Possíveis causas das regiões não-cristalinas: ✓Presença de hemiceluloses; ✓Curvatura das microfibrilas; ✓Descontinuidade das microfibrilas. 9 Estrutura da Fibrila de Celulose 10 58 60 62 64 66 68 70 72 74 D e g re e o f c ri s ta ll in it y , % E. globulus E. urograndis E. grandis B. Pendula A. mangium Wood Pulp Grau de Cristalinidade da Celulose na Madeira e na Polpa (kappa 16-19) por Difratometria de Raios -X 11 Mudança das ligações de hidrogênio durante a remoção de água de duas cadeias de celulose adjacentes 12 Higroscopicidade da Celulose (Celulose: mais higroscópica que P2O5) Fenômeno da Histerese $ $ $ $ 0 25 50 75 90 100 Umidade Relativa, % 0 2 4 6 8 10 12 14 Absorção de água, % Umidecimento Secagemsecagem 13 Isotermas de absorção e desorção de água pela celulose da madeira e do algodão a 20 °C 14 Propriedades do Polímero Celulose I. Peso molecular (PM) ou massa molar – PM = 162 . DP (grau de polimerização) – DP da celulose: 2.000 -15.000, dependendo de: • Espécie vegetal –Celulose da alga valônia, DP médio = 15.000 –Celulose do algodão, DP médio = 12.000 –Celulose parede secundária fibra de madeira, DP médio = 10.000 • Localização na parede celular –Celulose parede primária fibra de madeira, DP médio = 2.000; –Celulose parede secundária fibra de madeira = 10.000 HEMICELULOSES 15 HEMICELULOSES • Fração dos CH2O extraível em álcali • 20 - 30 % do peso da madeira • Polissacarídeos de baixo DP (~200), constituídos por diferentes açúcares e ácidos: – D-glicose, D-manose, D-galactose, D-xilose, L-arabinose, L- fucose – Ácido 4-O-metilglicourônico, ácido D-galactourônico e ácido D- glicourônico – Ácido acético 16 HEMICELULOSES • Estruturas ramificadas e amorfas • Associadas à lignina e a celulose • Função estrutural • Localizada em toda parede celular – Maior teor em S1 e S3 – Alto teor em células do parênquima • Estas células podem conter até 80% de xilanas em madeiras de folhosas 17 Constituintes das Hemiceluloses 18 -L-fucose Ác.4-O-metil- Ác. -D-galacturônico Ác. -D- glicourônico D-glicourônico O OH OH CH3 OHOH O OH HHOH 2C O OH OH OH HO HO O OH OH COOH OH HOO OH OH COOH OHH3CO O OH OH OH CH3 HO O OH OH COOH OH HO -D-glicose -D-manose -D-galactose -D-xilose -L-arabinose -L-raminose O OH OH OH CH2OH HO O OH OH CH2OH OH HO O OH OH CH2OH OH HO OH H3CCHO grupo acetila Classificação das Hemiceluloses • Madeiras de Folhosas – Acetato de 4-O-metilglicourono-xilana – glicomananas • Madeiras de Coníferas – Arabino-4-O-metilglicourono-xilana – Acetato de Galactoglicomananas 19 Folhosas: Estrutura da O-Acetil-4-O-metilglicourono-xilana 20 _ Xylp _ 1 3 ( )2 Acetyl 7 4_ _ D Xylp_ _ 14_ _ D Xylp_ _ 1 4_ _ D Xylp_ _ 1 2 1 -D 4 _ O Me_ _ GlupAD_ _ O OAC OAC O O OH O O CO2H MeO OH OH O O OAC OH n O O O OH O OACO O OH O O OH OAC O OH OH O OAC HO OH O O OH OAC O O estrutural: simbólica: 21 Species Wood Kraft pulps (kappa 16-19) E. globulus 31 16 E. urograndis 31 14 E. grandis 25 13 B. pendula 24 14 A. mangium 28 13 Peso molecular de xilanas na madeira e na polpa kraft, medido por GPC (KDa) Reatividade Diferenças em relação à celulose: • Químicas: - Maior número de grupos funcionais - Monômeros menos estáveis - Menor peso molecular - Maior número de GTR • Físicas: - ramificadas - amorfas → maior facilidade de acesso aos reagentes - facilitam o inchamento da fibra 22 Importância prática das hemiceluloses ❖Aumentam o rendimento em produção de celulose; ❖Desejáveis na fabricação de papel refinado: ✓Hidrofílicas → facilitam o refino da polpa (lubrificante); ✓Melhoram resistências que dependem das ligações entre fibras (adesivo); ❖Indesejáveis na produção de polpa solúvel. 23 Implicação na produção de derivados Precisam ser removidas: - São impurezas prejudiciais à xantação, esterificação eterificação - Xilanas → somente 2 OH disponíveis para substituição - geram coloração durante nitração e acetilação - dificultam controle do grau de substituição - dificultam controle do grau de polimerização - Causam entupimento dos filtros devido formarem gel 24 25 Exemplo de produção de viscose 26 Impacto do conteúdo de ácidos urônicos na qualidade da madeira para a produção de polpa celulósica 27 Conteúdo de ácidos urônicos 28 Conteúdo de ácidos urônicos 29 Impacto dos ácidos urônicos no processo de polpação ➢ Fonte de metanol no sistema; ➢ Geração de ácidos hexenurônicos na polpa: ❖ Consumo de químicos no branqueamento ❖ Afeta a estabilidade da alvura Adaptado de TELEMAN, 1996; LI, 2011. Ácidos Hexenurônicos • Durante cozimentos kraft, os grupos ácidos 4-O- metilglucurônicos, das cadeias laterais da xilana, são convertidos para ácidos hexenurônicos (HexA); • Madeiras como eucalipto são grandes fontes destes ácidos, devido ao seu alto teor de xilanas. 30 Ácidos Hexenurônicos Reagem com ClO2 e O3 (Problemas branqueamento) • Não reagem com O2 e H2O2 • AcHex + O3 → Ácido Oxálico Ácido oxálico → oxalato de cálcio (inscrustações) (lignina também produz ac. oxálico) 31 Ácidos Hexenurônicos - AcHex • 1962 - proposta a existência AcHex em polpa • 1977 - AcHex determinado em composto modelo • 1994 - AcHex identificado em polpa kraft Problemas: • Relativamente estável em condições alcalinas • Contribui para número kappa • Consome reagentes de branqueamento eletrofílicos • Causa incrustações por canversão em ácido oxálico • Contribui para reversão de alvura 32 Cozimento vs AcHex Cozimento No KappaAc. Hex. mmol/Kg Kraft Conv. 25,5 22,7 LoSolids 21,0 15,3 Soda 25,0 0.5 Soda AQ 21,0 3,7 Polissulfeto 24,5 4,6 33 Álcali Efetivo e Ácido Hexenurônico 40 45 50 55 60 19,5% 16,5% 13,7% Álcali Efetivo, % A c . H e x e n u r ô n ic o , m m o le /K g 34 Número Kappa - Realidade Número Kappa – Volume, em ml, de KMnO4 necessário para reagir com a lignina em 1 grama de polpa celulósica KMnO4 reagem com compostos oxidáveis: - Lignina, AcHex, extrativos, carbonilas Principais Pequena Fração 35 36 Impacto do conteúdo de grupos acetila na qualidade da madeira para a produção de polpa celulósica 37 Conteúdo de grupos acetila O-acetil-galcatoglucomanana (exemplo de estrutura de coníferas) O-acetil-4-O- metilglicuronoxilana (exemplo de estrutura de folhosas) 38 Conteúdo de grupos acetila 39 Impacto dos grupos acetila no processo de polpação ➢ Consumo de álcali. ➢ Geração de acetato no licor de cozimento. Adaptado de PATIL, 2012. 40 Impacto dos grupos acetila no processo de polpação 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0 30 60 90 120 150 180 Tempo, min C o n s u m o d e A E , % D is s o lu ç ã o d o s C o n s ti tu in te s d a m a d e ir a , % Lignina Álcali Efetivo Hemicelulose Celulose 28 72 120 168 168 168168 Temperatura, °C Grupos acetil Gomide
Compartilhar