Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA RENATA CRISTÓFANI MARTINS 2 UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À BIOESTATÍSTICA E EPIDEMIOLOGIA 1. DEFINIÇÃO DE BIOESTATÍSTICA Muitas pessoas, mesmo sem saber, já usaram fundamentos e partes da estatística e da epidemiologia em seu dia a dia. Ao organizar uma festa, por exemplo, usamos o concei- to de estatística para preparar a lista de compras de comida. Se no churrasco teremos 20 convidados e, conforme as informações encontradas na internet, em média, o con- sumo de carne por pessoa é 100g, comprar 2kg de carne será suficiente para o evento? Saber o sexo e a idade dos convidados influencia na minha compra? Será que posso confiar na informação que eu encontrei na internet? Para responder essas perguntas, você utilizará conceitos de estatística e epidemiologia. Figura 01. Estatística Fonte: 123RF. Contar, medir, comparar e resumir informações são ações que estão presentes no coti- diano de todas as pessoas, independentemente da profissão. No entanto, a forma com que esses processos são realizados influencia na qualidade da informação obtida. A mí- dia divulga que um em cada cinco brasileiros terão hipertensão arterial sistêmica, mas saber que essa informação foi obtida em uma pesquisa com 50 indígenas no Canadá ou em uma população com 2.500 pessoas de todos os estados do Brasil mudaria o quanto você confia na informação? U1 3Bioestatística e Epidemiologia Introdução à Bioestatística e Epidemiologia A estatística não se resume a números e cálculos, ela considera todo o processo desde o modo em que os dados são coletados e analisados até a forma com que eles são interpretados e divulgados. IMPORTANTE! “Estatística é a ciência que fornece os princípios e os métodos para coleta, organização, resumo, análise e interpretação de informações” (VIEIRA, 2016, p. 1). 2. DEFINIÇÃO DE EPIDEMIOLOGIA Historicamente, a epidemiologia conta sobre os eventos relacionados à saúde, como nascimentos, casos de doenças e mortes. Um exemplo clássico se refere a John Snow, o pai da Epidemiologia moderna, que, no século XIX, investigou a epidemia de cólera em Londres, avaliando os casos e onde eles aconteceram para que, a partir dessas informações, conseguisse propor hipóteses causais e estratégias para reduzi-los. Esse marco amplia a atuação da epidemiologia para investigações sistemáticas de eventos com a finalidade de levantar hipóteses, definir meios de transmissão da doença e es- tratégias de ação Com o passar do tempo, a epidemiologia ampliou seu objeto de estudo para além das doenças transmissíveis, investigando o processo saúde-doença. Dessa forma, começa a busca por fatores de risco ou fatores determinantes para acontecimento de especí- ficas doenças, como o câncer, por exemplo. Nesse sentido, estrutura-se desenhos de estudos que possibilitam definir fatores causais. IMPORTANTE! Epidemiologia é “[...] ciência que estuda o processo saúde-doença em coletividades hu- manas, analisando a distribuição e os fatores determinantes do risco de doenças, agravos e eventos associados à saúde, propondo medidas específicas de prevenção, controle ou erradicação de doenças, danos ou problemas de saúde e de proteção, pro- moção ou recuperação da saúde individual e coletiva, produzindo informação e conhe- cimento para apoiar a tomada de decisão no planejamento, administração e avaliação de sistemas, programas, serviços e ações de saúde”. (ROUQUAYROL; GURGEL, 2018, p. 9, grifos nossos) 2.1. CONCEITOS BÁSICOS Para responder uma questão de estudo, uma parte importante da pesquisa se refere à composição e definição das variáveis do estudo. Variáveis são valores ou informações obtidas diretamente ou podem ser resultado de um agrupamento, classificação ou cál- culo de medidas coletadas. Elas podem ser características individuais, determinantes do processo saúde-doença, fatores de risco, eventos clínicos e desfechos, como morte, presença de doença, deficiência, sintomas e qualidade de vida. A epidemiologia classifica as variáveis de um estudo típico em três tipos, de acordo com Fletcher, Fletcher e Fletcher (2014, p. 6), uma variável independente é o suposto fator de risco ou causa que se estuda, ela pode explicar a causa do problema; uma variável 4 Bioestatística e Epidemiologia U1 Introdução à Bioestatística e Epidemiologia dependente, por sua vez, é o suposto desfecho ou efeito que se estuda, ela mede o fe- nômeno que se quer explicar, pode sofrer influência das variáveis independentes, como a relação entre cigarro e câncer de pulmão. Segundo Pereira (2004, p. 46), nesse caso, a variável dependente seria o câncer de pulmão, pois sua presença pode ser influencia- da pela variável independente cigarro. Por fim, uma variável externa não faz parte di- reta da questão principal, mas pode estar relacionada e afetar a relação entre a variável independente e dependente. Um fator de confusão é um exemplo de variável externa. A qualidade de uma pesquisa é avaliada a partir da presença de erros cometidos. Nesse contexto, viés é um erro sistemático e ao delinear o projeto é preciso pensar em estratégias metodológicas que diminuam a chance desse erro acontecer. Existem três principais tipos de vieses: o viés de seleção, viés de aferição e viés de confusão ou de confundimento. Figura 02. Variáveis e vieses de pesquisa Fonte: 123RF. SAIBA MAIS O viés de seleção ocorre quando se comparam grupos com características diferentes que não são as variáveis principais, mas que influenciam no desfecho. Isso acontece porque a seleção da amostra foi falha é que alguma característica não foi considerada. Por exemplo, ao fazer uma pesquisa sobre uma possível medicação que emagrece, a pesquisa não considerou o grau de atividade física dos sujeitos. Então, aqueles que to- maram o remédio e emagreceram podem ser fisicamente ativos e os que não tomaram a medicação sejam sedentários. Como a seleção da amostra nos grupos não conside- rou a atividade física, não é possível considerar que o emagrecimento de fato foi por causa da medicação, pois foram comparados grupos com características diferentes. U1 5Bioestatística e Epidemiologia Introdução à Bioestatística e Epidemiologia SAIBA MAIS O viés de aferição ocorre quando o erro é na aferição de alguma variável, como usar uma balança não calibrada, realizar a técnica incorreta de aferição da pressão arterial ou usar equipamentos diferentes para aferir alguma variável. Já o viés de confusão ou de confundimento ocorre quando duas variáveis podem in- fluenciar o efeito que uma tem sobre um desfecho ou quando se confunde qual variável influencia no desfecho. Desse modo, será que uma variável realmente causa o desfecho ou essa associação não existe e a verdadeira causa na verdade é outra variável? Um fator de confusão está associado à exposição, ele deve ter uma associação causal com o desfecho e não deve ser uma etapa do caminho da exposição gerar o desfecho. Por exemplo, uma pesquisa demonstra uma associação de depressão como fator cau- sal para ter câncer de pulmão. Nesse contexto, um fator de confundimento é o tabagismo, pois fumar causa câncer de pulmão e fumar está associado à depressão, pois esse é um hábito apresentado frequentemente em pessoas depressivas. Portanto, o viés de confusão ocorre com a variável tabagismo, que impacta da associação principal da pesquisa, depressão e cân- cer de pulmão. 3. MÉTODO DE PESQUISA Uma pesquisa tem várias etapas, logo, ao desenvolver o método que será utilizado na coleta e análise dos dados devemos realizar diversas escolhas. Essas decisões devem ser feitas com o objetivo de melhorar a qualidade da pesquisa, mas, como nem sempre isso é possível, o pesquisador pode ser obrigado a escolher a opção mais viável e não a mais adequada. IMPORTANTE! Para ajudar na decisão do pesquisador é importante saber as vantagens e desvantagem de cada possibilidade. Assim, ter o conhecimento de quais são os possíveis vieses que podem acontecer são conhecimentos essenciais paradesenhar o estudo de maneira a contornar as dificuldades. 3.1. AMOSTRAGEM Uma das primeiras etapas ao realizar ou avaliar uma pesquisa é decidir quem serão os participantes. Por exemplo, considere que você deseja realizar uma pesquisa sobre a frequência do uso de drogas, lícitas e ilícitas, nos universitários que moram no Brasil. Pela facilidade de acesso, você aplica um questionário com os estudantes da Univer- sidade São Francisco (USF) que estão cursando o componente curricular de Bioesta- tística e Epidemiologia. Nesse contexto, realizar a coleta de dados dessa maneira trará resultados confiáveis e compatíveis com o objetivo da pesquisa? Na pesquisa, considera-se população o grupo de pessoas que tem a característica que desejamos estudar, já a amostra é composta pelos indivíduos que foram selecionados 6 Bioestatística e Epidemiologia U1 Introdução à Bioestatística e Epidemiologia para a pesquisa (VIEIRA, 2016, p. 91). No exemplo da pesquisa sobre drogas, a po- pulação é: todos os universitários que moram no Brasil e a amostra é: todos os alunos que responderam ao questionário. Uma amostra pode ser adequada se for capaz de fornecer resultados similares aos que existem na população. Na maioria dos casos, usa-se uma amostra principalmente pela economia do tempo e custo. Não é viável fazer exame laboratorial em todos os moradores da cidade para sa- ber a proporção de munícipes que tem alguma doença. Segundo Viera (2016, p. 92-93), as pesquisas que realizam levantamento de dados de toda a população são chamadas de censo e não precisam de amostragem. Outro motivo para usar amostras é em casos em que não é possível estudar toda a po- pulação. Por exemplo, você deixou uma embalagem de leite aberta a noite inteira fora da geladeira e, agora, precisa saber se o leite já estragou. Se a análise da qualidade for feita com todo o conteúdo do pacote, mesmo que o resultado seja que é possível consu- mir o leite, não seria possível realizar isso já que todo o produto foi totalmente utilizado no teste. Nesse caso, é obrigatório o uso de uma amostra de pequena quantidade do produto para que, se possível, utilizar o restante. Figura 03. Amostragem Fonte: 123RF. O uso de amostra tem um valor científico impactante, pois, ao usar menos sujeitos é possível coletar dados mais completos. Se a amostragem foi realizada corretamente, os valores reais que devemos encontrar na população estarão dentro de uma margem de erro do valor encontrado na amostra (VIEIRA, 2016, p. 93-94). IMPORTANTE! As características das pessoas da amostra impactam na qualidade do resultado. Por isso, as descrições dos sujeitos da pesquisa e de todas as etapas de seleção desses indivíduos são essenciais para avaliar a qualidade dos resultados. U1 7Bioestatística e Epidemiologia Introdução à Bioestatística e Epidemiologia ` Métodos amostrais É possível obter uma amostra por diversos métodos. Assim, escolher qual método uti- lizar é uma decisão dos pesquisadores a partir de suas características, vantagens e desvantagens. Logo, é de extrema importância que o método seja seguido exatamente como definido e que sua descrição permita que ele seja reproduzido. Nesse sentido, muitas pessoas comparam os métodos de uma pesquisa com uma receita culinária, em que é preciso deixar claro todas as etapas para que outros consigam realizar e chegar no mesmo resultado. Uma amostra probabilística ou aleatória é quando a seleção dos sujeitos de pesqui- sa é feita ao acaso. Na prática, isso significa que a seleção foi feita por sorteio. Nessa técnica, um princípio importante é que todos os indivíduos da população têm a mesma probabilidade conhecida de participarem da amostra. Para que ela possa ser executada é necessário conhecer e identificar toda a população. SAIBA MAIS Considere uma pesquisa da cidade de Votorantim (SP), com o objetivo de investigar quais são as medicações que os residentes com diabetes mellitus usam. Nesse caso, a popu- lação se trata dos diabéticos que moram na cidade. Seria possível ter conhecimento de quem são todos indivíduos da população antes de realizar o sorteio? Ainda não temos um cadastro obrigatório e único com informações de saúde da população, independentemente de as pessoas serem ou não usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS). Por não ser possível listar todos os diabéticos da cidade, não é possível obter uma amostra aleatória para essa pesquisa. A amostra pode ser aleatória simples quando o sorteio acontece a partir de toda a população. Esse método é utilizado quando a população é homogênea e não exis- tem características individuais que irão atrapalhar a análise dos dados. Porém, há casos que alguns subgrupos podem ter características diferentes que influenciem nos dados coletados. Ao fazer uma avaliação sobre a disciplina Estudo do Ser Humano Contemporâneo da USF, pode-se considerar que os estudantes terão avaliações similares independente do curso ou área de conhecimento que cursam? Nesse contexto, podemos supor que os alunos da área de humanas devem gostar mais da disciplina do que os alunos de exa- tas, portanto, a população não é homogênea. Em casos como o descrito anteriormente, a amostra pode ser aleatória estratificada. Esse método é usado quando a população tem subgrupos (estratos) que podem ter comportamentos diferentes. Para selecionar a amostra, deve-se dividir a população nos subgrupos e sortear os su- jeitos em cada estrato, desse modo, podemos garantir a representação de cada subgru- po. Normalmente, os estratos são sexo, idade e/ou classe social, mas eles podem ser divididos conforme as características da população. A distribuição do número de partici- pantes da pesquisa em cada extrato deve ser proporcional a distribuição dos subgrupos na população. Se a população é distribuída com 30% sexo masculino e 70% feminino, uma amostra estratificada de 10 indivíduos deve selecionar 7 mulheres e 3 homens. 8 Bioestatística e Epidemiologia U1 Introdução à Bioestatística e Epidemiologia EXEMPLO 1 Considere uma pesquisa com o objetivo de avaliar a proporção de pessoas com depressão entre os estudantes matriculados na Universidade São Francisco. Entre 10.350 estudantes, 33% são bolsistas. Para obter resultados significativos será necessária uma amostra com 75 pessoas. Uma amostra aleatória simples seria obtida a partir do sorteio de 75 pessoas entre os 10.350 estudantes. Já uma amostra aleatória estratificada seria obtida dividindo a pop- ulação entre bolsistas e pagantes, depois sorteando 50 pessoas entre os pagantes e 25 entre os bolsistas para manter a proporção com a população. Uma amostra semiprobabilística tem parte do processo de seleção com uma aborda- gem aleatória. A amostra sistemática tem regras pré-estabelecidas que devem ser seguidas sistematicamente. A parte aleatória acontece por meio de um sorteio que in- dica o valor que deve ser sorteado e repetido sistematicamente. Para utilização desse método, é necessário que a população esteja distribuída em ordem e, por isso, esse é um método comum para seleção de prontuários. A primeira etapa é dividir a popula- ção em grupos, em que o número de grupos deve ser igual ao número de indivíduos na amostra. A segunda etapa se trada de sortear um número dentro de uma faixa de valor que é definida pelo número de pessoas em cada grupo. Após o sorteio, deve-se selecionar a pessoa que ocupa a posição sorteada em cada grupo. Se a população é de 250 pessoas e se deseja uma amostra de 10 indivíduos, a amostra sistemática será a seleção da sétima pessoa de cada um dos vinte e cinco grupos considerando que o sorteio de 1 a 25 deu 7. A amostra por conglomerados seleciona grupos de pessoas definidos por algum moti- vo que são encontrados na população, como um município, uma clínica ou uma escola. Nesse caso, o sorteio não é dos sujeitos e sim dos conglomerados. Para utilização desse método, o pesquisador deve ter acesso a todos os conglomerados possíveis, ou o pesquisador corre o riscode ter uma amostra que não tem acesso. A vantagem desse método amostral é concentrar a coleta em menos locais. Em vez de sortear entre todas as internações do município e correr o risco de ter que coletar dados em múltiplos hos- pitais, com esse método é possível sortear o conglomerado e realizar a pesquisa em um único local. Uma condição importante para realizar a amostragem por esse método é que a população deve ser igual em todos os locais ou corre-se o risco de selecionar um hospital que só interna casos graves e prejudicar a qualidade da amostra. Em alguns casos, mais de um método amostral é utilizado. Isso acontece frequente- mente quando o primeiro método é por conglomerado, pois, dentro de um conglome- rado pode ter uma quantidade maior do que a necessária. Então, utiliza-se de outro método para uma seleção dos indivíduos dentro do conglomerado selecionado. A amostra por cotas seleciona com o objetivo de garantir representatividade e propor- ção igual a população, a lógica desse método é similar a cotas de vagas para acesso aos processos seletivos. A amostra é dividida garantindo vagas para pessoas com ca- racterísticas diferentes, em que os grupos de cotas são similares aos estratos, frequen- temente divididos por sexo, idade e/ou classe social. O preenchimento das vagas é por acesso, desse modo, nesse método não existe sorteio. Nesse contexto, é comum que o U1 9Bioestatística e Epidemiologia Introdução à Bioestatística e Epidemiologia entrevistador fique em locais de alto movimento para tentar encontrar pessoas que pre- encham as características das cotas. Essa é uma estratégia muito utilizada em razão de sua praticidade e baixo custo. EXEMPLO 2 Considere uma pesquisa com o objetivo de avaliar a proporção de pessoas com depressão entre os estudantes matriculados na Universidade São Francisco. Entre 10.350 estudantes, 33% são bolsistas. Para obter resultados significativos será necessária uma amostra com 75 pessoas. Uma amostra sistemática seria obtida sorteando um número de 1 a 138 (considere que o resultado foi o número 84). A amostra será a octogésima quarta pessoa de cada grupo de 138 pessoas. Já uma amostra por conglomerados seria obtida sorteando uma sala de aula e os partici- pantes da pesquisa seriam quem assiste aula nesse local. Uma amostra por cotas teria 50 vagas para pagantes e 25 vagas para bolsistas. Para realizar a pesquisa, o pesquisador poderia ficar na entrada principal da universidade e perguntar para cada aluno se eles eram bolsistas ou pagantes. As primeiras pessoas que preenchessem os critérios seriam selecionadas. A amostra de conveniência ou não probabilística é composta por pessoas que o pesquisador tem fácil acesso. Nesse método, não existe sorteio ou alguma etapa que garanta aleatoriedade e representatividade da população. Ele é similar ao método amostral por cotas, em que a diferença é que, por conveniência, não há os grupos de características específicas. Essa é uma das estratégias mais utilizadas por ser muito prática e barata, normalmente, os profissionais que desenvolvem pesquisa usam esse método ao fazerem a pesquisa somente com os seus pacientes. Pessoas leigas podem explicar esse método descrevendo que a seleção das pessoas ocorreu ao acaso, conforme encontravam as pessoas na rua. Para estatística, o termo acaso está relacionado à aleatoriedade de um evento acontecer e não a ausência de método de coleta. EXEMPLO 3 Considere uma pesquisa com o objetivo de avaliar a proporção de pessoas com depressão entre os estudantes matriculados na Universidade São Francisco. Entre 10.350 estudantes, 33% são bolsistas. Para obter resultados significativos será necessária uma amostra com 75 pessoas. Uma amostra de conveniência seria obtida distribuindo o questionário on-line para todos os estudantes por meio de grupos de redes sociais. ` Tamanho da amostra A vantagem da amostra é não precisar avaliar a população inteira. Entretanto, o tama- nho da amostra tem que ser pequeno para otimizar tempo e recursos, mas grande o suficiente para ter significância estatística. Quanto maior o tamanho da amostra, maio- res as chances dos valores encontrados (estimativas) serem próximos aos valores reais encontrados na população (parâmetros). Para saber se um novo tratamento é eficaz, não se pode avaliar somente 10 pessoas, é preciso de um número suficiente que con- siga garantir que o que foi observado não é uma exceção. 10 Bioestatística e Epidemiologia U1 Introdução à Bioestatística e Epidemiologia Desse modo, para saber o tamanho ideal existem cálculos que definem o número ideal para a amostra ter significância e qualidade. De acordo com a situação, pode-se utilizar fórmulas diferentes. Normalmente, os critérios que precisam ser definidos ao fazer o cálculo são: margem de erro, nível de confiança e proporção na população. 3.2. INFERÊNCIA ESTATÍSTICA Uma vez que se obtém os resultados é preciso avaliar a qualidade deles e o quanto é possível usá-los para supor que é assim que eventos acontecem na população. Então, primeiramente, avalia-se a validade interna que define a grau que os resultados represen- tam a amostra. Um bom estudo sem vieses e erros sempre tem alta validade interna. Por sua vez, a validade externa define o quanto o resultado pode representar a população. Nesse sentido, chama-se de inferência estatística a ação de generalizar os resultados da sua amostra para a população. Para fazer a inferência é necessário avaliar as carac- terísticas da amostra e refletir se ela é representativa da população. Uma amostra é tendenciosa quando suas características não são similares a popula- ção. Dessa forma, toda amostra tendenciosa ocorre por viés de seleção. Uma pesquisa sobre uso de drogas entre brasileiros teve uma amostra somente de alunos universitá- rios. Com os dados obtidos não é possível concluir que todos os brasileiros se compor- tam como na amostra. Portanto, para utilizar os resultados da pesquisa para embasar sua conduta profissio- nal, o estudo tem que ter alta validade interna e externa. Ela não pode ter vieses e uma amostra tendenciosa. REFLITA Procure nos artigos científicos se os autores deixam claro o método amostral utilizado. Será que descrever como foi feita a seleção facilita a avaliação de validade da pesquisa e da presença de vieses? Sem a descrição do método amostral é possível definir a presença de viés de seleção? Objeto de Aprendizagem Enunciado: Faça um quadro comparativos dos diferentes métodos amostrais. Método amostral Característica Vantagem Desvantagem Execução Aleatória Simples Estratificada Sistemática Por conglomerados Por cotas Conveniência EDUCANDO PARA A PAZ _heading=h.30j0zll _GoBack
Compartilhar