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Introdução ao Direito das Obrigações ● Evolução Histórica: ↳ Na Antiga Grécia não havia um conceito específico de obrigação, mas os gregos tinham conhecimento de seus elementos. ↳ Aristóteles dividiu as relações obrigatórias em dois tipos: a) voluntárias: decorrentes de um acordo entre as partes. b) involuntárias: resultantes de um fato do qual nasce uma obrigação. ⇘ esse tipo de relação obrigacional foi subdividida em dois grupos decorrentes de atos ilícitos: ➔ ato ilícito cometido às escondidas (furto, adultério). ➔ ato ilícito cometido com violência (homicídio, roubo). ↳ Em Roma, não existia o termo OBRIGAÇÃO, mas sim a expressão nexum, verbo que significa “ligar, prender, unir e atar”. ↳ O nexum dava poder ao credor de exigir do devedor o cumprimeto de determinada prestação. ⇘ essa exigência era tão muito severa que caso ocorresse o inadimplemento, o devedor poderia responder com o seu próprio corpo. ↳ Dessa forma, pode-se perceber que a obrigação recaia sobre a pessoa do devedor, com uma responsabilização pessoal. ↳ O conceito de obrigação como instituto jurídico surgiu na época do Baixo Império, quando já não era mais admitido a execução pessoal de alguém. ↳ IMPORTANTE: antes a obrigação era vínculo meramente pessoal, sem qualquer sujeição ao patrimônio do devedor, que ficava vinculado à obrigação com seu próprio corpo. ⇘ o descumprimento só passou a recair sobre o patrimônio do devedor com a evolução do conceito de obrigação. ↳ A execução patrimonial desempenha melhor função que a pessoal, viabilizando a satisfação do crédito. ➔ sentidos da palavra dever: a) amplo: equivale a qualquer tipo de dever: moral, social, religiosa etc. b) estrito: refere-se ao âmbito jurídico e implica no dever de natureza econômica, no qual de um lado tem-se o credor e do outro o devedor. ⇘ credor exige, por meio dessa relação jurídica, uma prestação de dar, fazer ou não fazer. ● Divisão do Código Civil: ↳ O Código Civil é estruturado em duas partes. a) geral: pessoas, bens e fatos jurídicos. ↳ estuda os componentes de uma relação jurídica privada. b) especial: obrigações, empresarial, contratos, coisas/reais, família e sucessões. ↳ campos onde as relações privadas são protegidas. ↳ trânsito jurídico, apropriação, relações de afeto e transmissão de bens pela morte. ➔ direito das obrigações no Código Civil de 1916: ↳ localizado após o Direito de Família e Direito das Coisas. ↳ por ter sido elaborado no final do século XIX, refletia uma sociedade estável, agrária, conservadora e recém-saída de um regime de escravidão. ↳ as regras que compunham o Livro das Obrigações não contemplavam aspectos fundamentais da economia neocapitalista. ⇘ além disso, tratava de modo insuficiente os juros compensatórios e moratórios. ➔ direito das obrigações no Código Civil de 2002: ↳ abre a Parte Especial do Código. ⇘ o estudo dos outros diversos institutos do Direito Civil depende, necessariamente, do conhecimento prévio de conceitos do DIreito das Obrigações. ↳ não ocorreram mudanças substanciais na teoria geral das obrigações, mas alguns institutos ganharam assento em título específico. ● Direitos da Personalidade: ↳ “Direitos subjetivos da pessoa de defender o que lhe é próprio, ou seja, a identidade, a liberdade, a sociabilidade, a reputação, a honra, a autoria etc”. ⇘ são direitos inerentes à essência humana. a) conceito: direitos que tem por objeto os atributos físicos, psíquicos e morais da pessoa em si e em suas projeções iniciais. b) objeto: projeções físicas, psíquicas e morais do ser humano. c) natureza: direitos subjetivos inerentes à própria condição de pessoa. d) titularidade: Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade. e) características: absolutos, extrapatrimoniais, imprescritíveis, vitalícios, gerais, indisponíveis, impenhoráveis. f) classificação: Direito à Integridade Física; Direito à Integridade Psíquica e Direito à Integridade Moral. ● Âmbito do Direito das Obrigações: ↳ Existem direitos que não são exercidos sobre a própria pessoa, ou seja, são exercidos fora dela, sobre um bem jurídico exterior. ↳ Esses ben jurídicos SEMPRE serão de caráter econômico, englobando tudo que seja suscetível de apropriação econômica exclusiva pelo homem. ↳ Dentro dos direitos patrimoniais destacam-se: ➔ direitos reais: ↳ são assentados sobre um objeto específico considerado em determinado patrimônio, ou seja, trata-se de um direito que recai sobre a COISA. ↳ a coisa fica sujeita, diretamente, a vontade de seu titular, que exerce direito sem intervenção de quem quer que seja. ↳ integram o DIREITO DAS COISAS. ➔ direitos obrigacionais, pessoais ou de crédito: ↳ assim como os direitos reais, também pertencem ao campo do direito patrimonial. ↳ dependem do cumprimento de uma prestação (dar, fazer ou não fazer) devida pelo devedor ao credor, que se encontram vinculados em uma relação jurídica obrigacional. ↳ “o direito das obrigações estuda as relações jurídicas pelas quais uma pessoa pode exigir de outra determinado comportamento, por força de lei, contrato ou manifestação unilateral de vontade. ➢ conceito atual: ↳ “obrigação é a relação jurídica de caráter transitório (se não fosse, implicaria em servidão e escravidão) estabelecida entre devedor e credor, cujo objeto consiste numa prestação pessoal econômica (sempre que houver seu descumprimento, é o patrimônio do devedor que responderá) positiva ou negativa, devida pelo primeiro (devedor) ao segundo (credor), garantindo-lhe o adimplemento através de seu patrimônio.” ● Direito Pessoal: ↳ São relações jurídicas que se originam do Direito das Obrigações. ↳ Obrigação X Obrigação. ● Direitos Reais - Aspectos Geris: ↳ A análise sobre esses direitos é bastante complexa, porque envolve a análise das relações entre os sujeitos de direitos sobre os bens. ⇘ aquilo sobre a qual o indivíduo exerce a sua dominação. ↳ São relações jurídicas que se estabelecem entre uma pessoa uma coisa, pela qual o titula desse direito poderá extrair dela todas as suas utilidades. ⇘ todas as pessoas que não são o titular, devem se abster de exercer poder de dominação sobre essa mesma coisa. ↳ Direito do titular sobre a coisa X Obrigação de toda a coletividade de respeitar o exercício daquele direito. ⇘ eficácia erga omnes. ➔ defeitos do negócio jurídico - fraude contra credores: ↳ o patrimônio é a garantia geral dos credores Art. 957. Não havendo título legal à preferência, terão os credores igual direito sobre os bens do devedor comum. ↳ se o devedor desfalca a ponto de seu patrimônio não quitar mais a dívida, esse se torna insolvente. ↳ é o ato de alienação ou oneração de bens praticado pelo devedor insolvente, ou à beira da insolvência, com o propósito de prejudicar o credor pré-existente, em virtude da diminuição de seu patrimônio. ↳ a vontade manifestada pelo agente corresponde exatamente ao que ele deseja, mas possui a intenção de prejudicar terceiros, e por isso é classificado como vício social. ● Direito Obrigacional X Direito Real: Direito Real Direito Obrigacional sujeito um único sujeito. sujeito ativo e passivo. ação ação real contra quem indistintamente detiver a coisa. ação pessoal que se dirige apenas contra o indivíduo que figura na relação jurídica. objeto a coisa. a prestação. abandono pode ser abandonado. não pode ser abandonada. sequela segue seu objeto onde quer que se encontre. não incide. usucapião modo de aquisição do direito. não incide. Direito Real Direito Obrigacional relação pessoa e coisa. pessoa (s) e pessoa (s). tipo de direito absolutos (aplicáveis erga omnes). relativos (atingem pessoas determinadas vinculadas à obrigação). criação só podem ser criados por lei. podem ser criados conforme a vontade humana, observada a ordem pública e a função social do contrato. exercício tem a possibilidade do titular perseguir a coisa onde quer que ela se encontre. o titular do direito obrigacional somente pode exigir a coisa do outro sujeito na relação obrigacional e depende de suacooperação. ● Principais Características do Direito das Obrigações: a) assentado no princípio da autonomia da vontade: ↳ significa que as pessoas possuem ampla liberdade para exteriorizar a sua vontade, amparadas pelas normas gerais e desde que não desrespeitem os princípios e que a ordem pública e os bons costumes não sejam feridos. ↳ além disso, as pessoas devem se comportar de acordo com a boa-fé, respeitando a função social do contrato, a parte mais fraca do contrato e a dignidade da pessoa humana. b) menos sensível às mutações sociais: ↳ não quer dizer que seja imutável e estático, já que o próprio Direito é uma área mutável. ↳ porém, por se ratar de uma matéria política e social, sofre menos mudanças que o Direito de Família, por exemplo. c) não sofre influências locais: ↳ como dito no exemplo acima, o Direito de Família é muito influenciado por questões morais e religiosas. ↳ esse ramo do Direito já não sofre tantas influências. d) universal: ↳ por não ser influenciado, é quase imutável, pois as situações dele decorrentes são, praticamente, as mesmas no mundo todo. ⇘ exemplo: a compra e venda possuem as mesmas características em qualquer ugar do mundo. e) evolução ligada ao fator econômico: ↳ essa área está presa no elemento econômico por trás dele. ↳ “ o direito das obrigações retrata a estrutura econômica da sociedade”. f) presta-se mais à unificação: ↳ busca a unificação do Direito Privado, com um tratamento unitário através do Código Civil.
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