Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DE MINAS GERAIS ESCOLA DE ENFERMAGEM CÂNCER DE MAMA: MASTECTOMIA x QUALIDADE DE VIDA JOSIANE CAROLINE CÂNDIDO Belo Horizonte 2011 JOSIANE CAROLINE CÂNDIDO CÂNCER DE MAMA: MASTECTOMIA x QUALIDADE DE VIDA Monografia apresentado ao Curso de Especialização em Enfermagem Hospitalar do Departamento de Enfermagem Básica da Escola de Enfermagem da UFMG. Área de concentração: Oncologia. Orientadora: Profª. Silma Maria Cunha P. Ribeiro Belo Horizonte 2011 RESUMO De todos os tipos de neoplasias, exceto o câncer de pele não-melanoma, o câncer de mama é o mais incidente nas mulheres no mundo (cerca de um milhão de casos novos estimados por ano). Hoje o maior desafio do INCA é ampliar as ações de promoção da saúde, prevenção e diagnóstico precoce para reduzir os índices de incidência e mortalidade do câncer, além de propiciar qualidade de vida ao paciente. Neste sentido o presente estudo tem como objetivo geral: analisar a interferência da mastectomia na qualidade de vida dos pacientes. Trata-se de uma revisão integrativa, visto que ela permite sumarizar as pesquisas já concluídas e obter conclusões a partir de um tema de interesse. Para a coleta de dados foi elaborado um instrumento com o objetivo de facilitar o processo de coleta e análise dos dados. Podemos analisar que a maioria das publicações foram feitas por Médicos e Doutores, publicações feitas por enfermeiros estão escassas, esta cada vez menor o numero de publicações feitas pelos profissionais na área da Enfermagem, sendo assim preciso um incentivo para que essa classe se desempenhe mais para obter um índice significativo em suas publicações e mais conhecimento cientifico; podemos analisar que a maior parte dos delineamentos são estudos primários/qualitativos com nível de evidência fraco, onde o pesquisador busca a resposta do problema de estudo nos sujeitos da pesquisa; podemos observar uma concordância entre os autores das publicações, onde os autores concordam que a mastectomia leva à uma imagem corporal afetada na mulher e também uma discordância entre eles onde alguns citam que a mastectomia causa angustia, aflição, estresse, depressão, seqüelas psicossociais, que leva a uma série de fatores, onde um desencadeia outros sintomas. Diante do que foi visto e analisado, pode-se concluir que a mulher diante do câncer de mama esta susceptível a varias mudanças em sua vida tanto social quanto pessoal e através deste estudo podemos ver que os profissionais da área de saúde, principalmente os Enfermeiros que estão sempre acompanhando a paciente, devem estar preparados para atender essas pacientes em uma forma holística atendendo a todas as suas necessidades, a fim de promover a esta paciente um atendimento humanizado. ABSTRACT Of all types of cancer except skin cancer, melanoma, breast cancer is more common in women worldwide (roughly one million new cases estimated each year). Today the greatest challenge of INCA is to expand the actions of health promotion, prevention and early diagnosis to reduce rates of cancer incidence and mortality, as well as providing quality of life for patients. In this sense the present study has the general objective: to analyze the interference of mastectomy on quality of life of patients. It is an integrative review, since it allows to summarize the research already completed, and draw conclusions from a topic of interest. To collect data an instrument was developed in order to facilitate the process of collecting and analyzing data. We consider that most publications were made by doctors and teachers, publications made by nurses are scarce in this increasingly smaller number of publications made by professionals in the nursing area, so have an incentive for this class is to play more obtain a meaningful content in their publications and more scientific knowledge, we can consider that most of the designs are primary studies / qualitative level of evidence, weak, where the researcher seeks to answer the problem of study in the research subjects, we can observe an agreement among the authors of the publications where the authors agree that mastectomy leads to an affected body image in women and also a disagreement between them where some cite that mastectomy causes anguish, grief, stress, depression, psychosocial sequelae, which leads to a series of factors, with a trigger other symptoms. Given what was seen and analyzed, it can be concluded that women face breast cancer is susceptible to various changes in your life both socially and personally and through this study we see that the health professionals, especially nurses who are constantly monitoring the patient must be prepared to treat these patients in a holistic manner to meet all your needs in order to promote this humane patient care. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO................................................................................................6 2 OBJETIVO......................................................................................................10 3 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA.................................................................12 3.1 Câncer de mama.........................................................................................13 3.2 Tratamento...................................................................................................14 3.3 Qualidade de vida e o papel da Enfermagem..............................................17 4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.......................................................20 4.1 Referencial teórico-metodológico................................................................21 4.2 Método e etapas..........................................................................................22 4.3 População e amostra...................................................................................22 4.4 Critérios de inclusão....................................................................................23 4.5 Variáveis de estudo.....................................................................................23 4.6 Instrumento de coleta de dados...................................................................24 4.7 Análise dos dados........................................................................................24 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES....................................................................25 6 CONCLUSÕES...............................................................................................35 REFERÊNCIAS.................................................................................................37 APÊNDICE.........................................................................................................44 1 INTRODUÇÃO ______________________________________________________ No final do ano de 2005, a história do controle do câncer no Brasil ganhava um marco com a publicação da Política Nacional de Atenção Oncológica. Assumia-se, por meio de portaria, que a doença é um problema de saúde pública, o que implicava o envolvimento de toda a sociedade em ações nesse campo (INCA, 2010). A mobilização social passou a ser mais do que necessária: para o Instituto Nacional de Câncer (INCA), tornou-se imprescindível. Várias ações de comunicação começaram a ser desenvolvidas. Para conquistar a mobilização de forma efetiva, era preciso ampliar o debate sobre o controle da doença, alcançando novos espaços, adicionando outros discursos e enfatizando temas de menor destaque (INCA, 2010). O câncer corresponde a um conjunto de mais de cem doençasque têm em comum o crescimento desordenado e a invasão de tecidos e órgãos, podendo se espalhar e produzir metástases em diversas regiões do corpo. O tratamento tem como principais objetivos prevenir, curar, prolongar e melhorar a qualidade de vida do portador (DA SILVA et al., 2009). No Brasil, as estimativas do Instituto Nacional de Câncer apontam que até o final de 2008 deverão ocorrer mais de 470 mil novos casos de câncer. Esse número é maior do que o de pessoas infectadas pelo vírus da Aids nos últimos 25 anos, por exemplo (CASTRO, 2009). O câncer é uma das causas de aumentada mortalidade e morbidade no mundo, com mais de dez milhões de casos novos e mais de seis milhões de mortes por ano (TRUFELLI, et al., 2008). De todos os tipos de neoplasias, exceto o câncer de pele não- melanoma, o câncer de mama é o mais incidente nas mulheres no mundo (cerca de um milhão de casos novos estimados por ano). No Brasil, o câncer de mama é o mais prevalente no sexo feminino, entre 40 e 69 anos, sendo a maior causa de morte por câncer entre as mulheres (TRUFELLI et al., 2008). Hoje o maior desafio do INCA é ampliar as ações de promoção da saúde, prevenção e diagnóstico precoce para reduzir os índices de incidência e mortalidade do câncer, além de temar qualidade de vida ao paciente acometido pela doença (CASTRO, 2009). O câncer como doença crônico-degenerativa pode impor aos pacientes e familiares um grande desafio na adaptação a essa nova condição, pois o prognóstico da doença e a terapêutica a ser escolhida representam uma ameaça à saúde e à integridade do corpo (COSTA; LEITE, 2009). A vivência do diagnóstico de câncer de mama confronta a mulher com uma série de eventos estressores, compatíveis com o enfrentamento de uma doença que ameaça sua integridade física e que exige cuidados intensivos. Além disso, tem repercussões emocionais, familiares, laborais e na vida de relações decorrentes de um tratamento longo, invasivo e potencialmente turbulento (DA SILVA; DOS SANTOS, 2008). Pesquisas sobre a qualidade de vida das mulheres em tratamento do câncer de mama evidenciam que as mudanças no trabalho, lazer, relações familiares e sociais são originadas principalmente por aspectos psicológicos que por limitações físicas (ELSNER; TRENTIN; HORN, 2009). O impacto sobre o bem-estar no primeiro ano de tratamento é acentuado, colocando à prova a capacidade adaptativa da paciente que, repentinamente vê a linha de sua existência interceptada pela imersão em uma dimensão da realidade até então completamente desconhecida; isto é, o mundo inóspito do hospital; das consultas; dos exames e procedimentos invasivos; do afastamento das atividades cotidianas e os prejuízos no convívio familiar. Outra dimensão é a incerteza quanto ao futuro e o medo do contato com a própria finitude (DA SILVA; DOS SANTOS, 2008). O câncer de mama é provavelmente o mais temido pelas mulheres, em razão de sua alta freqüência e, sobretudo pelos seus efeitos psicológicos, os quais afetam a percepção da sexualidade e a própria imagem pessoal. Muitos pacientes acabam experimentando mudanças de status no seu emprego, nas relações sociais, na sua capacidade física e no seu papel dentro da família (ELSNER; TRENTIN; HORN, 2009). Diante do exposto, questiona-se qual a interferência do tratamento do Câncer de Mama na qualidade de vida do paciente? Espera-se que a resposta a esse questionamento, por meio de uma revisão bibliográfica, contribua para a formação do enfermeiro facilitando sua compreensão acerca desse processo para uma melhor abordagem desse problema na prática assistencial. A partir dessa visão, entende-se que a enfermagem pode contribuir para a prevenção e a promoção da saúde, prestando um cuidado de forma holística. Sendo o câncer um problema de saúde pública no Brasil é necessária a atenção por parte dos profissionais de saúde, em especial da enfermagem, que podem contribuir para o controle da doença por meio de ações de promoção de saúde, prevenção e detecção precoce, que são realizadas nos serviços (DA SILVA et al., 2010). 2 OBJETIVO ______________________________________________________ O objetivo dessa revisão é analisar a interferência da mastectomia na qualidade de vida dos pacientes. 3 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA ______________________________________________________ 3.1 Câncer de mama O câncer de mama é hoje doença freqüente entre as mulheres de todo o mundo, em especial as ocidentais. A cada ano, representa cerca de 22% dos novos casos de câncer entre as mulheres. Apesar dos recentes avanços no conhecimento da tumorogênese, prevenção, rastreamento, diagnóstico e tratamento do Câncer de mama, restam ainda lacunas (COUTO, 2007). O câncer de mama é o câncer mais comum em mulheres; cerca de 10% das mulheres nos países industrializados sofrem desta doença (DIAN et al., 2007). Estudos realizados no Brasil há mais de dez anos evidenciavam que entre 60 e 70% dos casos de câncer de mama eram detectados em estádios avançados. Mais recentemente, alguns estudos mostraram uma tendência ao aumento do número de casos iniciais ao diagnóstico, esse é um achado importante, mas são orivindos de estudos envolvendo poucos pacientes ou de bases de dados de registros hospitalares (MARTINS et al., 2009). Os fatores de risco associados ao câncer de mama são: história familiar dessa doença; nuliparidade; idade tardia ao nascimento do primeiro filho; a menarca precoce; menopausa tardia e história pessoal de atipia celular (ASHIKARI et al., 2008). Apesar de estar bem estabelecido que o diagnóstico precoce e o tratamento adequado interferem nas taxas de mortalidade e na prevalência da neoplasia, poucos são os dados disponíveis quanto ao tamanho do tumor no momento do diagnóstico do câncer de mama no Brasil, trata-se de uma informação elementar e que não se tem acesso (MARTINS et al., 2009). A despeito do diagnóstico precoce e dos avanços no tratamento do câncer de mama, a morbidade e a mortalidade associadas a esta doença permanecem elevadas. A prevenção primária, portanto, parece oferecer as melhores chances de impacto favorável sobre esta neoplasia; a mesma está embasada na quimioprevenção, estilo de vida e nas cirurgias de redução de risco (mastectomias, adenectomias e ooforectomias bilaterais) (DE OLIVEIRA; ALDRIGHI; RINALDI, 2006). Atualmente, a detecção precoce do nódulo mamário ainda é muito significativa para a obtenção de tratamento e prognóstico satisfatórios. A prática do autoexame é fundamental para a detecção, sendo de fácil compreensão e acessível à mulher. Esse exame mostra-se muitas vezes, como uma forte arma contra a doença, impedindo a mutilação das mamas por meio da mastectomia e até mesmo a morte da paciente (DA SILVA et al., 2010). As ações direcionadas para detecção precoce nas mulheres de alto risco são: a vigilância rigorosa por meio de exame clínico das mamas semestral ou anual, e a mamografia anual (ASHIKARI et al., 2008). 3.2 Tratamento A maioria das mulheres submetidas ao tratamento de câncer de mama é submetida à cirurgia. Para estágios iniciais de câncer de mama, vários estudos têm demonstrado sobrevida equivalente entre mastectomia conservadora e radical (WALJEE et al., 2007). O diagnóstico e o tratamento do câncer de mama pode ter um profundo impacto na imagem corporal, especialmente porque a mama é um símbolo da feminilidade e da sexualidade. O tratamento de câncer de mama pode afetar negativamente a imagem corporal. Isso leva à adaptação de abordagens de preservaçãoda mama a fim de manter a integridade do corpo e da satisfação com aparência (BAXTER et al., 2006). O câncer de mama deve ser abordado por uma equipe multidisciplinar visando ao tratamento integral da paciente. As modalidades terapêuticas disponíveis, atualmente, são: a cirúrgica e a radioterápia para o tratamento loco-regional; e a hormonioterapia e a quimioterapia para o tratamento sistêmico (DA SILVA et al., 2010). A cirurgia para o câncer de mama requer a excisão de qualquer tumor invasivo ate o alcance de margens negativas. Logo o tumor deve ser retirado "em bloco", com alguns centímetros de tecido normal. No final do século XIX, William Halsted desenvolveu a técnica de mastectomia radical que revolucionou a mastologia. Por volta dos anos 1870, somente 4% das mulheres sobreviviam três anos após uma cirurgia de câncer de mama. Com a técnica de Halsted, na qual a mama inteira era retirada, além de músculos da parede torácica e dos linfonodos axilares (Halsted, 1898). Assim, o número de mulheres que sobreviviam três anos sem metástases passou para 46,5% (CANTINELLI et al., 2006). A mastectomia é um procedimento cirúrgico, cuja finalidade é erradicar a presença local do câncer. A cirurgia é uma das formas de tratamento mais temidas pela mulher, levando a sentimentos de tristeza, vergonha e depressão (DA SILVA et al., 2010). As mulheres submetidas à retirada cirúrgica de linfonodos axilares para o tratamento do câncer de mama estão sujeitas a complicações, entre elas, o linfedema de braço, definido como uma condição crônica, na qual existe acúmulo excessivo de líquido, com alta concentração proteica no interstício e de tratamento e reversibilidade difíceis e complexos (MEIRELLES; MAMEDE; SOUZA e PANOBIANCO, 2006). A alteração básica para a formação do linfedema deve-se à falência do sistema linfático. O aumento anormal da concentração de proteínas no interstício, resulta em um edema de alta concentração protéica (MEIRELLES; MAMEDE; SOUZA e PANOBIANCO, 2006). A principal causa do linfedema pós-cirurgia mamária para o tratamento do câncer de mama é a retirada dos linfonodos axilares; alguns fatores como a radioterapia, as complicações pós-operatórias, a infecção, a linfangite, o nível da radicalidade da técnica cirúrgica e outros são relatados na literatura como fatores desencadeantes ou agravantes do linfedema, o que indica sua natureza multifatorial (MEIRELLES; MAMEDE; SOUZA e PANOBIANCO, 2006). Protocolos fisioterapêuticos para o tratamento do linfedema, que incluem drenagem linfática manual, enfaixamento compressivo funcional, exercícios, orientações ao autocuidado e à automassagem e uso de braçadeira elástica, divididos em uma fase intensiva e outra de manutenção do tratamento, mostram que a fase intensiva de tratamento é eficiente para reduzir significativamente o linfedema dessas mulheres, e que esta redução se dá, principalmente, na primeira semana de tratamento, sendo que após a terceira semana, a redução ocorre de maneira pouco significativa (MEIRELLES; MAMEDE; SOUZA e PANOBIANCO, 2006). A quimioterapia adjuvante vem sendo a opção de escolha no tratamento em alguns casos de câncer de mama e câncer de intestino, diminuindo a chance de recidiva e aumentando a sobrevida dos pacientes (MACHADO; SAWADA, 2008). Os principais efeitos colaterais ou toxicidades do tratamento quimioterápico são hematológicos, gastrointestinais, cardiotoxicidade, hepatotoxicidade, toxicidade pulmonar, neurotoxicidade, disfunção reprodutiva, toxicidade vesical e renal, alterações metabólicas, toxicidade dermatológicas e reações alérgicas e anafilaxia (MACHADO; SAWADA, 2008). A radioterapia é um tratamento localizado, que usa radiação ionizante, produzida por aparelhos ou emitida por radioisótopos naturais. É, na sua grande maioria, feita em regime ambulatorial. A dose total é fracionada em aplicações diárias por um período variável de até dois meses (LORENCETTI; SIMONETTI, 2005). Sua indicação no tratamento do câncer ocorre em três circunstâncias: não há outro tratamento curativo; a terapia alternativa é considerada tóxica ou como função paliativa em casos avançados. Tem como finalidade a interrupção do crescimento e reprodução de células cancerosas e normais. Como as células malignas crescem rapidamente, muitas delas estarão se dividindo e serão mais susceptíveis à radioterapia do que as células normais (LORENCETTI; SIMONETTI, 2005). Os pacientes tratados com a radioterapia podem experimentar diversos efeitos colaterais como dor, fadiga, alterações cutâneas, perda da auto-estima e confiança, mudanças na mobilidade e sensação no lado afetado, choque emocional, confusão, ansiedade, angústia, medo, sentimentos de isolamento e mudanças na rotina. O papel da enfermagem, portanto, é ajudar os pacientes não só a lidar com os efeitos colaterais como também com problemas emocionais durante a radioterapia (LORENCETTI; SIMONETTI, 2005). A hormonioterapia adjuvante com Tamoxifeno 20 mg/dia por 5 anos deve ser empregada em todas as pacientes com receptor hormonal positivo, sendo o benefício observado nas pacientes na pré ou pós-menopausa, com ou sem utilização de quimioterapia (BARROS; BARBOSA; GEBRIM, 2001). Tanto o tamoxifeno como os inibidores da aromatase estão sendo indicados no tratamento adjuvante e neoadjuvante do câncer de mama. Apesar de apresentarem perfil de tolerabilidade melhor que o da quimioterapia, podem apresentar efeitos adversos que não devem ser desconsiderados (CONDE et al., 2006). O aumento no risco de câncer de endométrio, eventos tromboembólicos, toxicidade ocular e ondas de calor nas usuárias de tamoxifeno, e a intensificação da mialgia, artralgia e diminuição da massa óssea, para as usuárias dos inibidores da aromatase, são alguns desses efeitos (CONDE et al., 2006). Os inibidores da aromatase representam outra classe de fármacos indicados no tratamento hormonal da neoplasia de mama. Têm mostrado bons resultados em termos de sobrevida livre de doença e de incidência de câncer na mama contralateral (CONDE et al., 2006). 3.3 Qualidade de vida e o papel da Enfermagem A palavra câncer carrega um estigma muito forte, pois, em geral as pessoas logo o associam com a morte. No caso das mulheres, o câncer de mama ainda é mais temido pelo fato de acometer uma parte valorizada do corpo dessas mulheres e em muitas culturas desempenham uma função significativa para sua sexualidade e identidade (DA SILVA et al., 2010). A mama é a metonímia do feminino, e, dentro de uma espiral de complexidade, o seu acometimento expõe as pacientes a uma série de questões: o seu posicionamento como mulher, atraente e feminina, ou a mãe que amamenta (CANTINELLI et al., 2006). A mulher acometida do câncer de mama vivencia, em sua trajetória, inúmeras situações. Essas, em geral, referem-se a sua integridade biopsicossocial, a incerteza do sucesso do tratamento, a possibilidade da recorrência e a morte. Aceitar a sua nova condição e adaptar-se à nova imagem de seu corpo exige um esforço muito grande para o qual não estão preparadas (DA SILVA et al., 2010). Dos pacientes que se submetem mastectomia, poucas mulheres são submetidas a reconstrução mamária. Na Austrália, as taxas de reconstrução de mama variam de 6 a 8% após a mastectomia. A conservação da mama está associada com melhora na qualidade de vida em relação à mastectomia (NANO et al., 2005). A perda da mama é um acontecimento traumático na vida de uma mulher e que o efeito benéfico de reconstrução da mama em seu psicossocial, sexual e bem-estar tem sido notável (DIAN et al., 2007). Os benefícios psicossociais da reconstrução mamária na gestão de câncer de mama têm sido amplamente aceita por alguns, mas outros debate os benefícios da reconstrução em termos de melhoria da qualidade de vida e imagem corporal após a mastectomia (NANOet al., 2005). Reações de ajustamento ou mesmo depressão e ansiedade têm forte impacto sobre a sexualidade. A questão também pode ser muito significativa no contexto de casais que ainda não tiveram prole e ainda estão em idade reprodutiva. O medo de abandono também é um fator significativo, a partir do pensamento de que essas mulheres podem estar privando seus parceiros de atividade sexual. A autora enfatiza que mesmo mulheres mais velhas podem sentir o impacto sobre a sua sexualidade (CANTINELLI et al., 2006). A mastectomia ainda é um dos tratamentos a que a maioria das mulheres com câncer é submetida. É uma intervenção temida e que, por fazer parte do tratamento, interfere no estado físico, emocional e social, resultando na mutilação de uma região do corpo que desperta libido e desejo sexual (DA SILVA et al., 2010). A assistência de enfermagem ao cliente com câncer é repleta de desafios cotidianos, visto que, como mencionamos anteriormente, a própria palavra câncer é carregada de significados e, para muitos, é sinônimo de dor e morte (DA SILVA et al., 2010). Desta forma, é necessário que os profissionais de enfermagem revejam os conceitos, mitos e tabus acerca dos cuidados prestados a mulheres com câncer de mama. Assim sendo, ressaltamos a importância de conhecer as representações sociais que as mulheres mastectomizadas têm sobre a mama, uma vez que possibilitará a reformulação de preconcepções e a elaboração de novos conceitos sobre esse agravo (DA SILVA et al., 2010). Portanto, o apoio, o carinho, a atenção e o suporte emocional são essenciais para o cuidado às mulheres mastectomizadas, considerando que proporcionam um melhor enfrentamento da doença e superação desses momentos difíceis de sua vivência. Ressalte-se que muito ainda precisa ser feito para melhorar a qualidade de vida das mulheres mastectomizadas, a fim de que possam conviver com as alterações corporais resultantes da doença e de seus tratamentos (DA SILVA et al., 2010). 4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ______________________________________________________ 4.1 Referencial teórico-metodológico A Medicina Baseada em Evidências, ou baseada em informações científicas de boa qualidade, é um movimento criado na década de 1990, derivado da epidemiologia clínica, com o objetivo de organizar as informações mais relevantes, buscando condutas em saúde mais eficientes, isto é, com melhor resposta ao paciente, mais seguras e com custo adequado às circunstâncias. Na verdade, trata-se não apenas de um privilégio da Medicina, mas de todas as áreas de atenção à saúde (BORK, 2005). A prática baseada em evidências é uma metodologia da prática clínica difundida entre os profissionais de saúde. Consiste na utilização de evidências científicas, produzidas por estudos desenvolvidos com rigor metodológico, para tomada de decisões sobre as melhores condutas frente a cada caso. A formação de uma evidência científica segue alguns passos: formulação de uma questão clínica, busca de evidências, avaliação crítica da evidência encontrada e tomada de decisão com base nessa evidência (PEDROLO et al., 2009). Por definição, a Prática Baseada em Evidências compreende "o uso consciente, explicito e judicioso da melhor evidência atual para a tomada de decisão sobre o cuidar individual do paciente". Compreende um processo integralizador da competência clínica individual com os achados clínicos gerados pelas pesquisas sistemáticas existentes e nos princípios da epidemiologia clínica (DOMENICO; IDE, 2003). Considerando-se que as pesquisas são desenhadas para responderem basicamente a uma questão clínica específica, cabe ao profissional de saúde correlacionar os tipos de perguntas e os tipos de estudos. Assim sendo, busca- se pelo melhor delineamento de pesquisa que responde a determinado tipo de questão (BORK, 2005). 4.2 Métodos e etapas Para realizar este estudo optou-se pelo método de revisão integrativa, visto que ele permite sumarizar as pesquisas já concluídas e obter conclusões a partir de um tema de interesse. A revisão integrativa é um método de pesquisa que permite a busca, a avaliação crítica e a síntese das evidências disponíveis do tema investigado, sendo o seu produto final o estado atual do conhecimento do tema investigado, a implementação de intervenções efetivas na assistência à saúde e a redução de custos, bem como a identificação de lacunas que direcionam para o desenvolvimento de futuras pesquisas (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008). Para a elaboração da revisão integrativa, no primeiro momento o revisor determina o objetivo específico, formula os questionamentos a serem respondidos ou hipóteses a serem testadas, então realiza a busca para identificar e coletar o máximo de pesquisas primárias relevantes dentro dos critérios de inclusão e exclusão previamente estabelecidos (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008). De acordo com Roman e Friedlander (1998), a revisão integrativa de pesquisa ou a pesquisa integrativa, como alguns autores preferem denominá- la, possibilita ao interessado reconhecer os profissionais que mais investigam um assunto, suas áreas de atuação e suas contribuições mais relevantes; permite separar o achado científico de opiniões e idéias; permite descrever o conhecimento no seu estado atual; e promove o impacto da pesquisa sobre a prática profissional. 4.3 População e amostra A população foi constituída por uma busca realizada nas bases de dados LILACS e MEDLINE, da biblioteca virtual em saúde – BVS, e também na base de dados PUBMED. Para definir a população no LILACS foi utilizado como estratégias de busca o formulário básico, com o descritor de assunto "Câncer da Mama" no primeiro campo, "Mastectomia" no segundo campo e "Aceitação pelo Paciente de Cuidados de Saúde" no terceiro campo; no MEDLINE, a busca também se deu através do formulário básico, com todos os índices nos dois campos, totalizando a população de 23 referencias; na PUBMED foi realizada uma busca no campo pesquisa avançada com os descritores "Breast Neoplasms"[Mesh] AND "Mastectomy"[Mesh] AND "Quality of Life"[Mesh] AND "Patient Acceptance of Health Care"[Mesh], totalizando 63 referencias (Quadro 1). Na Biblioteca Virtual da UFMG foi realizada uma busca no campo pesquisa avançada com a palavra “mastectomia” totalizando 14 referencias. A amostra foi constituída por toda a produção científica que atenderam aos critérios de inclusão definidos no estudo, após uma análise crítica da literatura. QUADRO 1 População e Amostra FONTE POPULAÇÃO AMOSTRA LILACS 1 - MEDLINE 22 - PUBMED 63 19 BVUFMG 14 - TOTAL 100 19 4.4 Critérios de inclusão Para os critérios de inclusão foram selecionados somente os estudos que respondem a pergunta da presente revisão, artigos publicados em português, inglês e espanhol e que adotarem os tipos de delineamento, primário, secundário e revisão e período de busca a partir do ano de 2005. 4.5 Variáveis de estudo Foram selecionados as variáveis relacionadas aos autores: profissão, área de atuação, qualificação; relacionada às publicações: fonte, ano de publicação, periódico, tipo de publicação e delineamento; e à variável de estudo: analisar a qualidade de vida física e emocional de pacientes que foram submetidas à mastectomia. 4.6 Instrumento de coleta de dados Para a coleta de dados foi elaborado um instrumento com o objetivo de facilitar o processo de coleta e análise dos dados (Apêndice). Este instrumento contém questões relativas e todas as variáveis relacionadas ao estudo. 4.7 Análise dos dados Foi realizada a leitura crítica de literatura que fizeram parte daamostra. Foram preenchidos os instrumentos de coleta de dados e, posteriormente, construído os quadros sinópticos. A análise dos dados foi realizada por meio de uma síntese, buscando a concordância/discordância entre os autores sobre a pergunta deste estudo. 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES De acordo com o instrumento utilizado para coleta de dados, a seguir será exposto os quadros com os resultados e feito a discussão dos mesmos a seguir. No QUADRO 2 está caracterizado os autores das publicações que fizeram parte da revisão. QUADRO 2 Características dos autores das publicações que fizeram parte da revisão LITERATURA PROFISSÃO QUALIFICAÇÃO AREA DE ATUAÇÃO GALLAGHER et al. (2010) 5 Educadores 3 Doutores 2 Mestres Enfermagem DESHIELDS et al. (2007) 4 Médicos 1 não informado 5 Doutores 5 não informado ALICIKUST et al. (2009) 7 Médicos 7 Doutores 7 Oncologia CLAES et al. (2005) 5 Médicos 2 não informado 5 Doutores 2 Mestres 7 não informado TEMPLE et al. (2009) 7 Médicos 7 Doutores 7 não informado WARM et al. (2008) 7 Médicos 7 Doutores 4 Obstetrícia 3 não informado SACKEY et al. (2010) 5 Médicos 5 Doutores 1 Patologia 4 Medicina Molecular HAN et al. (2010) 5 Médicos 5 Doutores 2 Ginecologia 1 Psicologia 2 não informado WALJEE et al. (2008) 6 Médicos 6 Doutores 6 não informado ARNDT et al. (2008) Não informado Não informado Não informado QUADRO 2 Características dos autores das publicações que fizeram parte da revisão (continuação) LITERATURA PROFISSÃO QUALIFICAÇÃO ÁREA DE ATUAÇÃO NHO et al. (2008) 10 Médicos 10 Doutores Não informado ISERN et al. (2008) 5 Médicos 5 Doutores 2 Cirurgião Plástico 1 Cirurgião 2 Oncologista CHANG et al. (2007) 6 Médicos 6 Doutores 6 Oncologista DENEWER; FAROUK (2007) 2 Médicos 2 Doutores 2 Cirurgia Plástica LEE et al. (2007) 4 Médicos 4 Doutores Não informado ZERTUCHE; VIDAL (2007) 2 Médicos 2 Doutores 2 Cirurgia Plástica DIAN et al. (2007) Não informado Não informado Não informado BAXTER et al. (2006) 6 Médicos 6 Doutores Não informado NANO et al. (2005) 6 Médicos 6 Doutores Não informado Observa-se que a maioria das publicações foram produzidas por médicos e autores com a titulação de doutor. Nesse levantamento não foram detectadas publicações realizadas por enfermeiros, pratica que precisa ser incentivada. Em relação a variável de atuação, verifica-se uma diversidade de especialidades medicas como a cirurgia plástica oncológica, obstetrícia, patologia, medicina nuclear, ginecologia e apenas 2 autores atuam na área de psicologia e de enfermagem. A seguir no QUADRO 3 estão apresentadas as características das publicações que fizeram parte do estudo. QUADRO 3 Características das publicações que fizeram parte do estudo LITERATURA FONTE DELINEAMENTO NIVEL DE EVIDENCIA GALLAGHER et al. (2010) MedLine Revisão Sistemática Forte DESHIELDS et al. (2007) PubMed Estudo Primário/Qualitativo Fraco ALICIKUST et al. (2009) PubMed Estudo Primário/Qualitativo Fraco CLAES et al. (2005) PubMed Estudo Primário/Quantitativo Forte TEMPLE et al. (2009) PubMed Estudo Primário/Qualitativo Fraco WARM et al. (2008) PubMed Estudo Primário/Qualitativo Fraco SACKEY et al. (2010) PubMed Estudo Primário/Qualitativo Fraco HAN et al. (2010) PubMed Estudo Primário/Qualitativo Fraco WALJEE et al. (2008) PubMed Estudo Primário/Qualitativo Fraco QUADRO 3 Características das publicações que fizeram parte do estudo (continuação) LITERATURA FONTE DELINEAMENTO NIVEL DE EVIDENCIA ARNDT et al. (2008) PubMed Estudo Primário/Qualitativo Fraco NOH et al. (2008) PubMed Estudo Primário/Qualitativo Fraco ISERN et al. (2008) PubMed Estudo Primário/Qualitativo Fraco CHANG et al. (2007) PubMed Estudo Primário/Qualitativo Fraco DENEWER; FAROUK (2007) PubMed Estudo Primário/Qualitativo Fraco LEE et al. (2007) PubMed Estudo Primário/Qualitativo Fraco ZERTUCHE; VIDAL (2007) PubMed Estudo Primário/Qualitativo Fraco DIAN et al. (2007) PubMed Estudo Primário/Qualitativo Fraco BAXTER et al. (2006) PubMed Estudo Primário/Qualitativo Fraco NANO et al. (2005) PubMed Estudo Primário/Qualitativo Fraco Diante do exposto no QUADRO 3, podemos verificar que a maior parte dos delineamentos são estudos primários/qualitativos com nível de evidência fraco, onde o pesquisador busca a resposta do problema de estudo nos sujeitos da pesquisa, e possui também alguns estudos primários/quantitativos dentre as características das publicações que fizeram parte do estudo, a maior parte das publicações são da fonte PubMed. No QUADRO 4 a seguir estão apresentadas as interferências da mastectomia na qualidade de vida dos pacientes. QUADRO 4 Interferência da mastectomia na qualidade de vida dos pacientes LITERATURA INTERFERÊNCIA DA MASTECTOMIA NA QUALIDADE DE VIDA DOS PACIENTES (discordâncias) DESHIELDS et al. (2007) Angustia, estresse, aflição ALICIKUST et al. (2009) Deterioração da função sexual CLAES et al. (2005) Angustia, aflição WALJEE et al. (2008) Sintomas depressivos ARNDT et al. (2008) Seqüelas psicossociais NOH et al. (2008) Mudança emocional, cognitivo ISERN et al. (2008) Ansiedade, depressão CHANG et al. (2007) Sensação de piora da (ou) qualidade de vida ZERTUCHE, VIDAL (2007) Alteração psicossocial DIAN et al. (2007) Baixa auto estima Embora esperávamos a nossa qualidade de resultados estéticos que refletem uma revolução o objetivo a aparência física da mama, particularmente os resultados indicam que as avaliações de pacientes provavelmente incorporam fatores psicológicos que estão associados com a aflição e a qualidade de vida (DESHIELDS et al., 2007). Problemas significativos de imagem psicossexual ocorrem em pacientes tratados de câncer de mama com mastectomia, os problemas surgem precocemente no curso da detecção da doença, e portanto o tratamento destes problemas devem ser abordados durante a avaliação inicial dos pacientes, e no inicio do tratamento (ALICIKUST et al., 2009). Os resultados físicos e psicológicos dos tratamentos tem uma forte influencia na vida dos pacientes, em particular, as dificuldades de imagem corporal e função sexual (ALICIKUST et al., 2009). As mulheres podem ser confrontadas com a decisão de se submeter à cirurgia profilática em algum momento de sua vida, portanto, um longo período de acompanhamento é obrigatório para avaliar o impacto relacionado à saúde durante um longo período de tempo (CLAES et al., 2005). Embora as diferenças de qualidade de vida global podem não ser clinicamente significativos, observamos diferenças notáveis em relação a determinados aspectos da qualidade de vida, incluindo sintomas de depressão e medo da repetição da doença (WALJEE et al., 2008). Considerando em medidas mais amplas, como psicossociais, bem estar e qualidade de vida global aumenta gradualmente ao longo do tempo e se torna totalmente aparente apenas ao longo prazo (ARNDT et al., 2008). De acordo com NOH et al. (2008), as mulheres que tiveram problemas para conseguir a cirurgia após o diagnostico apresentaram escores qualidade de vida menores, incluindo estado de saúde emocional, cognitivo e social. A percepção do individuo quanto ao efeito de uma doençaou o seu tratamento em sua vida tem vindo a ser reconhecida como um importante sinal de saúde. Os resultados estéticos são satisfatórios, e nenhuma mulher lamentou o procedimento. Baixo nível de ansiedade e depressão foram encontrados (ISERN et al., 2008). A mastectomia teve um rendimento significamente quanto a qualidade de vida, que tinha um mensurável efeito positivo sobre a imagem corporal e satisfação com decisões de tratamento (CHANG et al., 2007). Para a avaliação psicológica em nossa serie, após a reconstrução cirúrgica das interações sociais e as mais intimas relações da maioria dos pacientes foram encontrados para ser em grande media inalterada (ZERTUCHE; VIDAL, 2007). Os mais importantes critérios comuns para avaliar a qualidade do tratamento cirúrgico em abordagens em cirurgias de mamas são o pós operatório, os resultados estéticos e o impacto dos procedimentos cirúrgicos sobre a qualidade de vida (DIAN et al., 2007). Analisando os dados do QUADRO 4 podemos observar uma discordância entre os autores, pois em cada uma das citações teve uma interferência na mastectomia na qualidade de vida dos pacientes diferente da outra. QUADRO 5 Interferência da mastectomia na qualidade de vida dos pacientes LITERATURA INTERFERÊNCIA DA MASTECTOMIA NA QUALIDADE DE VIDA DOS PACIENTES (concordância) GALLAGHER et al. (2010) Mudanças na forma do corpo, auto estima baixa TEMPLE et al. (2009) Deterioração da auto imagem WARM et al. (2008) Mudança gradual na imagem publica e social SACKEY et al. (2010) Imagem corporal afetada negativamente, ansiedade e depressão HAN et al. (2010) Imagem corporal afetada DENEWER; FAROUK (2007) Distúrbios na imagem, depressão LEE et al. (2007) Imagem corporal afetada e qualidade de vida BAXTER et al. (2006) Impacto na imagem corporal NANO et al. (2005) Imagem corporal afetada e qualidade de vida De acordo com Gallagher et al. (2010), as pesquisas na área de pós - mastectomia é escassa, que uma prótese de boa qualidade ajuda a mulher no seu bem estar, na imagem corporal, psicossocial e feminilidade. Segundo Temple et al. (2009), reconstrução da mama implica não só a criação de um monte de tecido mole que é esteticamente agradável, mas também à restauração da função. Recriação de uma mama da mulher tem ramificações importantes em sua auto-imagem e isso se relaciona com seu parceiro, família e sociedade. Mulheres tratadas por carcinoma ductal in situ tem uma qualidade de vida satisfatória a longo prazo, a adição de radioterapia conservadora da mama não parece ter qualquer impacto negativo sobre a qualidade de vida a longo prazo. No entanto, a imagem corporal pareceu ser afetada em pacientes mastectomizadas (SACKEY et al., 2010). No que diz respeito à qualidade de vida relacionada à saúde, não vimos nenhuma correlação significativa com o tipo de cirurgia. No entanto, o estádio do tumor foi reduzido significamente correlacionados com melhor físico, mas não com o bem estar psicológico (WARM et al., 2008). A imagem corporal é definida como a imagem mental do corpo, uma atitude sobre a aparência física e estado de saúde e sexualidade. As percepções negativas da imagem corporal entre os sobreviventes do câncer de mama incluem insatisfação com aparência é percebido como perda da feminilidade e da integridade corporal, menos atraente sexualmente, insatisfação com as cicatrizes cirúrgicas (HAN et al., 2010). Segundo DENEWER e FAROUK, (2007), pesquisadores também descobriram que algumas mulheres mastectomizadas apresentaram distúrbios na imagem corporal, e os pacientes mais jovens muitas vezes relatam períodos mais de depressão. A cirurgia de câncer de mama é um tema emotivo e não apenas simples questões de cosméticos, a aparência final da mama operada foi mostrado para ter um impacto significativo no bem estar psicológico e a qualidade de vida global (LEE et al., 2007). O diagnostico e o tratamento do câncer de mama pode ter um profundo impacto na imagem corporal, especialmente porque a mama é um símbolo da feminilidade e da sexualidade. Os médicos percebem que o tratamento de câncer de mama pode afetar negativamente a imagem corporal e o que levou a adoção de abordagens de preservação da mama a fim de manter a integridade do corpo e da satisfação com aparência (BAXTER et al., 2006). Entre as três modalidades de tratamento em termos de qualidade de vida, foi capaz de demonstrar a importância da conservação da mama e da reconstrução na melhoria da imagem corporal (NANO et al., 2005). Esse processo interfere na sexualidade, na autoimagem e na estética feminina, hoje em dia muito valorizada e ressaltada. Além dessa dimensão que simboliza a sexualidade, as mamas ainda são relacionadas à importante função da maternidade, pois essas ao produzirem leite representam o sustento dos primeiros meses de vida de qualquer ser humano (DA SILVA et al., 2010). Assim, a operação altera a imagem corporal da mulher e a autoimagem sexual, podendo repercutir no seu cotidiano, desencadeando sintomas como depressão e ansiedade, pois a cirurgia traz em si um caráter agressivo e traumatizante para a vida da mulher, levando a uma desfiguração e, conseqüentemente, a uma modificação da autoimagem (DA SILVA et al., 2010). Analisando os dados podemos observar uma concordância entre os autores das publicações, onde os autores concordam que a mastectomia leva à uma imagem corporal afetada na mulher. 6 CONCLUSÕES Diante do que foi visto e analisado, pode-se concluir que a mulher diante do câncer de mama esta susceptível a varias mudanças em sua vida tanto social quanto pessoal e através deste estudo podemos ver que os profissionais da área de saúde, principalmente os Enfermeiros que estão sempre acompanhando a paciente, devem estar preparados para atender essas pacientes em uma forma holística atendendo a todas as suas necessidades, afim de promover a esta paciente um atendimento humanizado. REFERÊNCIAS ALICIKUS, Z. A.; et al. Psychosexual and body image aspects of quality of life in Turkish breast cancer patients: a comparison of breast conserving treatment and mastectomy. Tumori, v. 95; p. 212-218, 2009. ARNDT. V.; et al. Quality of life over 5 years in women with breast cancer after breast-conserving therapy versus mastectomy: a population-based study. J Cancer Res Clin Oncol (2008). ASHIKARI, R. H.; et al. Subcutaneous mastectomy and immediate reconstruction for prevention of breast cancer for high-risk patients. Breast Cancer, USA (2008) v. 15; p. 185–191. BARROS, A. C. S. D.; BARBOSA, E. M.; GEBRIM, L. H. Diagnóstico e Tratamento do Câncer de Mama. Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina. 15 de Agosto de 2001. BAXTER, N. N.; et al. Reliability and Validity of the Body Image after Breast Cancer Questionnaire. The Breast Journal, v. 12, n. 3, Toronto 2006. p. 221– 232. BORK, A. M. T. Enfermagem baseada em evidências. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p. 4, 2005. BRASIL. Ministério da Saúde. Estimativa 2008: incidência de câncer no Brasil. 2010 [Acesso 11 maio. 2010]. Disponível em: <http://www.inca.gov.br >. CANTINELLI, F. S.; et al. A oncopsiquiatria no câncer de mama – considerações a respeito de questões do feminino. Rev. psiquiatr. clín. v.33 n.3 São Paulo, 2006. CASTRO, R. Câncer na mídia: uma questão de saúde pública. Revista Brasileira de Cancerologia 2009; v. 55(1): p. 41-48. São Paulo. CHANG, J. T. C.; et al. Health-related quality of life and patient satisfaction aftertreatment for breast cancer in northern Taiwan. Int. J. Radiation Oncology Biol. Phys., Vol. 69, No. 1, pp. 49–53, 2007. CLAES, E.; et al. Surveillance behavior and prophylactic surgery after predictive testing for hereditary breast/ovarian cancer. Vol 31, Fall 2005. CONDE, M. D. ; et al. Qualidade de vida de mulheres com câncer de mama. Rev Bras Ginecol Obstet. 2006. Goiânia – GO. COSTA, P.; LEITE, R. C. B. O. Estratégias de enfrentamento utilizadas pelos pacientes oncológicos submetidos a cirurgias mutiladoras. Revista Brasileira de Cancerologia 2009; 55(4): 355-364, São Paulo. COUTO, H. L. Expressão e Localização da Folistatina e FLRG (gene relacionado a folistatina) na mama humana normal e patológica. Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte – MG 2007. DA SILVA, D. A.; et al. Atuação do nutricionista na melhora da qualidade de vida de idosos com câncer em cuidados paliativos. O Mundo da Saúde, São Paulo: 2009;33(3):358-364. DA SILVA, G.; DOS SANTOS, M. A. "Será que não vai acabar nunca?": perscrutando o universo do pós-tratamento do cancêr de mama. Texto contexto - enferm. v.17 n.3 Florianópolis. jul./set. 2008. DA SILVA, S. E. D.; et al. Representações sociais de mulheres mastectomizadas e suas implicações para o autocuidado. Rev. bras. enferm. vol.63 no.5 Brasília set./out. 2010. DENEWER, A.; FAROUK, O. Can Nipple-sparing Mastectomy and Immediate Breast Reconstruction with Modified Extended Latissimus Dorsi Muscular Flap Improve the Cosmetic and Functional Outcome among Patients with Breast Carcinoma?. World J Surg (2007) v. 31: p. 1169–1177. DE OLIVEIRA, V. M.; ALDRIGHI, J. M.; RINALDI, J. F. Quimioprevenção do câncer de mama. Rev. Assoc. Med. Bras. v.52 n.6 São Paulo nov./dez. 2006. DESHIELDS, T. L.; et al. Psychological status at time of diagnosis and patient’s ratings of cosmesis following radiation therapy for brest cancer. Journal of psychosocial oncology, vol. 25 (2) 2007. DIAN, D.; et al. Quality of life among breast cancer patients undergoing autologous breast reconstruction versus breast conserving therapy. J Cancer Res Clin Oncol, Germany (2007), v. 133: p. 247–252. DOMENICO, E. B. L de; IDE, C. A. C. Enfermagem Baseada em Evidências: princípios e aplicabilidades. Revista Latino – Americana de Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 11, n.1, jan./fev.2003. ELSNER, V. R. ; TRENTIN, R. P. ; HORN, C. C. Efeito da hidroterapia na qualidade de vida de mulheres mastectomizadas. Arq. Ciênc. Saúde. 2009 abr/jun;16(2):67-71, RS. GALLAGHER, P.; et al. External breast prostheses in post mastectomy care: women’s qualitative accounts. (2010) European Journal of Cancer Care, v.19, p.61-71.ecc_942 61..71 HAN, J.; et al. Quality of life and satisfaction after breast cancer operation. Arch Gynecol Obstet (2010) v. 282: p.75–82. ISERN, A. E.; et al. Aesthetic outcome, patient satisfaction, and health-related quality of life in women at high risk undergoing prophylactic mastectomy and immediate breast reconstruction. Journal of Plastic, Reconstructive & Aesthetic Surgery (2008) v.61, p. 1177e1187. LEE, M.; et al. Body Image Score Following Anterior and Lateral Approaches to Wide Local Excision for Early Breast Cancer. The Breast Journal, v. 13 n. 3, 2007 p. 238–242. LORENCETTI, A.; SIMONETTI, J. P. Estratégias de enfrentamiento de pacientes durante el tratamiento de radioterapia. Rev. Latino-Am. Enfermagem v.13 n.6 Ribeirão Preto nov./dez. 2005. MACHADO, S. M.; SAWADA, N. O. Avaliação da qualidade de vida de pacientes oncológicos em tratamento quimioterápico adjuvante. Texto contexto -enferm. v.17 n.4 Florianópolis out./dez. 2008. MARTINS, E.; et al. Evolução temporal dos estádios do câncer de mama ao diagnóstico em um registro de base populacional no Brasil central. Rev. Bras. Ginecol. Obstet. vol.31 no.5 Rio de Janeiro maio 2009. MEIRELLES, M. C. C. C.; MAMEDE, M. V.; SOUZA, L. e PANOBIANCO, M. S. Avaliação de técnicas fisioterapêuticas no tratamento do linfedema pós- cirurgia de mama em mulheres. Rev. bras. fisioter. [online]. 2006, vol.10, n.4, p. 393-399. MENDES, K. D. S.; SILVEIRA, R. C. de C. P.; GALVÃO, C. M. Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto contexto enferm. vol.17, no.4, Florianópolis: Out./Dez. 2008. NANO, M. T.; et al. Psychological impact and cosmetic outcome of surgical breast cancer strategies. ANZ J. Surg. Australia 2005; v.75: p.940–947. NOH, D. Y.; et al. Association of clinical experiences with patient-reported outcomes among breast cancer surgery patients: breast cancer quality care study. Qual Life Res (2008). PEDROLO, E.; et al. A Prática Baseada em Evidências como ferramenta para prática Profissional do Enfermeiro. Cogitare Enferm 2009 Out/Dez; 14(4):760 ROMAN, A. R.; FRIEDLANDER, M. R. Revisão integrativa de pesquisa aplicada à enfermagem. Cogitare Enferm. Curitiba: v. 3, nº 2, p. 109, jul./dez.; 1998. SACKEY, H.; et al. Ductal carcinoma in situ of the breast. Long-term follow-up of health-related quality of life, emotional reactions and body image. EJSO 36 (2010) p. 756e762. TEMPLE, C. L. F.; et al. Sensibility following innervated free TRAM flap for breast reconstruction: part II. Innervation improves patient-rated quality of life. Plastic and reconstructive surgery, November 2009. Vol 124, number 5. TRUFELLI, D. C.; et al. Análise do atraso no diagnóstico e tratamento do câncer de mama em um hospital público. Rev. Assoc. Med. Bras. v.54 n.1. São Paulo. jan./fev. 2008. WALJEE, F. J.; et al. Effect of Esthetic Outcome After Breast-Conserving Surgery on Psychosocial Functioning and Quality of Life. J Clin Oncol, v. 26, n. 20, JULY 10 2008. WALJEE, J. F.; ROGERS, M. A. M.; ALDERMAN, A. K. Decision Aids and Breast Cancer: Do They Influence Choice for Surgery and Knowledge of Treatment Options? J Clin Oncol v.25:p.1067-1073. © 2007 by American Society of Clinical Oncology. WARM, M.; et al. Postoperative sense of well-being and quality of life in breast cancer patients do not depend on type of primary surgery. Onkologie 2008; v.31: p.99-104. ZERTUCHE, M. D.; VIDAL, C. R. A 7 year experience with immediate breast reconstruction after skin sparing mastectomy for cancer. EJSO v.33 (2007) p.140e146. APÊNDICE ______________________________________________________ Instrumento de Coleta de Dados Referência: _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ Profissão do autor: ___________________________________________ Área de atuação: ____________________________________________ Qualificação:________________________________________________ Fonte: ( ) LILACS ( ) MEDLINE ( ) PUBMED ( ) BVUFMG Título do periódico: _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ Tipo de estudo: _______________________________________________________________ Ano de Publicação: _______________________________________________________________ Delineamento do estudo: _______________________________________________________________ Tipo de publicação: ( ) Artigo ( ) Tese ( ) Dissertação Qual a interferência da mastectomia na qualidade de vida do paciente? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________
Compartilhar