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Globalização e distribuição industrial Apresentação O fenômeno da globalização está presente na história mundial recente, desde o fim do século XX, e traz consigo uma série de conexões, como culturais e tecnológicas, tendo como consequências diversas representações e influências no dia a dia das sociedades. Esses processos são relativos tanto aos aspectos sociais quanto aos econômicos, impactando na indústria e no comércio e investimentos, tornando o mundo cada vez mais globalizado. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer as transformações econômicas decorrentes da globalização, os padrões de localização das indústrias e a sua relação com diferentes setores da economia, bem como as relações e os fluxos comerciais na economia global. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever as transformações econômicas decorrentes da globalização.• Explicar os padrões de localização industrial e sua relação com diferentes setores da economia. • Explanar as relações e fluxos comerciais na economia global.• Desafio Uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2014, apontou que mais de 74% dos brasileiros com mais de 15 anos de idade não se interessavam por cursos de qualificação profissional; já os que se interessavam, em sua maioria, não podiam conciliar o estudo com a rotina. Para explicar esse assunto e outros relacionados, a rádio universitária da cidade Esplendor convidou você, professor de Geografia, para falar sobre a importância da qualificação profissional para o desenvolvimento econômico e industrial da região. O apresentador do programa, sabendo que você tem amplos conhecimentos sobre geografia econômica, questionou-lhe sobre a qualificação profissional e se esse fator serve como critério para a decisão de localização de uma indústria. Neste Desafio, com base em seus conhecimentos sobre fatores de localização industrial, como você explicaria a relação entre a mão de obra qualificada e a localização de algumas indústrias? Infográfico No contexto mundial, os países se diferenciam economicamente por vários aspectos. Alguns desses aspectos são influenciados pelo processo de globalização e se referem à grande variação da integração comercial e econômica global, como países que dependem, principalmente, de investimentos financeiros externos e de produtos para importação e exportação. Essa variação pode ser mensurada a partir de alguns dados econômicos específicos, que trazem como resultados a interação de seu comércio e dependência externa e de sua economia em nível global de investimentos. Neste Infográfico, você vai conhecer algumas medidas que são utilizadas para mensurar o alcance da integração de um país na economia global. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/8a75a3f0-e680-4444-ba0a-f420df7fdea6/561ea7ee-9600-4f84-a534-fe8a594323b8.png Conteúdo do livro Diversos fenômenos sociais e econômicos, na contemporaneidade, estão associados à globalização, provocando, cada vez mais, inúmeras consequências para o mundo todo. Esses fenômenos provocam aproximação entre as mais diferentes sociedades e economias, que possuem diversas escalas de desenvolvimento e de perspectivas, por isso, atingindo a todos de maneiras diferentes. No capítulo Globalização e distribuição industrial, da obra Geografia Econômica, você vai estudar as transformações econômicas no âmbito mundial e local como consequência da globalização, os padrões de localização industrial e seu panorama com diferentes setores da economia, bem como as conexões e os fluxos comerciais na economia global. Boa leitura. GEOGRAFIA ECONÔMICA Cristina Marin Ribeiro Gonçalves Globalização e distribuição industrial Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever as transformações econômicas decorrentes da globalização. Explicar os padrões de localização industrial e sua relação com dife- rentes setores da economia. Explanar as relações e fluxos comerciais na economia global. Introdução A globalização é um fenômeno relativamente recente, presente em nosso dia a dia nas relações pessoais, que reduz as distâncias entre as pessoas em diferentes locais do mundo. Além disso, é um fenômeno socioeconômico, já que possibilita o consumo de produtos provenientes de outros países, conectando diferentes sociedades, culturas e economias. A globalização sugere a colocação do mundo todo em um foco eco- nômico novo e muito importante. Em parte, esse foco está no ingresso significativo de países como Índia, Brasil, China e da Ásia Oriental no mundo econômico. O aumento dessas economias está intimamente as- sociado à capacidade de exportar para o resto do mundo. No entanto, ao mesmo tempo em que a globalização tem destacado alguns países, tem também estagnado e destituído países subdesenvolvidos e sociedades pobres. Com a globalização, repensa-se as causas e as possíveis curas para as misérias da África, da Ásia, da América do Sul e da América Latina. Neste capítulo, você vai estudar as transformações econômicas de- correntes da globalização, a localização industrial e sua relação com diferentes setores da economia, além dos fluxos comerciais na economia global. Transformações econômicas decorrentes da globalização De acordo com Heilbroner e Milberg (2008), a globalização está associada, sem dúvida, à crescente interconexão econômica. Com o aumento da nossa inserção na economia mundial, vêm os riscos. A origem desses riscos está em aspectos diversos da globalização, desde perdas de emprego no país de origem, resultado do aumento de aquisições de bens e serviços no exterior, até perdas fi nanceiras, que podem advir de movimentos repentinos nos mercados estrangeiros de capital em que os norte-americanos investem cada vez mais. O termo globalização é muito utilizado para relatar diversos fenômenos, desde a difusão de músicas, filmes e moda pelo globo terrestre até a facilidade de transporte e comunicação. É relacionado também à rápida transmissão de problemas ambientais e de saúde, atravessando fronteiras nacionais, e à novas tecnologias. Todo esse processo repercute no crescimento do comér- cio internacional, dos investimentos e no surgimento de fluxos financeiros internacionais. O elemento comum em todos esses processos é a mobilidade internacional do capital muito ampla. Essa mobilidade do capital interfere na produção e nas finanças. Por exem- plo, a Ford Motors monta uma fábrica em Chihuahua, no México. Isso é denominado um investimento direto no estrangeiro, levando, normalmente, à ampliação do comércio internacional. Já quando a Ford embarca seus produtos para a montagem em Detroit, nos Estados Unidos, trata-se de uma exportação mexicana e de uma importação norte-americana, mesmo ocorrendo a troca dentro da mesma empresa. A república popular da China é um exemplo, pois continua como um país comunista, no sentido de que sua esfera política é dominada pelo Partido Comunista Chinês, mas sua economia é caracterizada como capitalista, pois empresas privadas e estrangeiras difundem-se e se estabelecem em massa em seu território e exportam para o mundo todo, em virtude do seu baixo preço de produção. De acordo com a Figura 1, após o ano de 1982, o comércio internacional cresceu com maior velocidade quando comparado à produção mundial, de acordo com o produto interno bruto (PIB). Globalização e distribuição industrial2 Figura 1. Comércio mundial, investimento direto no exterior e PIB. Fonte: Heilbroner e Milberg (2008, p. 194). O PIB representa a soma de todos os bens e serviços produzidos em uma determi- nada região durante determinado período. É um dos indicadores mais utilizados na macroeconomia para quantificar a atividade econômica de uma região ou de umpaís. Atualmente as exportações e mercadorias como parte da produção total estão quase três vezes o nível do ano de 1950, alcançando níveis nunca obti- dos. Os Estados Unidos têm uma economia bem mais aberta, pois é voltada ao comércio internacional, mais que grande parte do mundo, como mostra o Quadro 1. 3Globalização e distribuição industrial Fonte: Adaptado de Heilbroner e Milberg (2008). 1870 1913 1950 1973 1985 1993 2006 Mundo 5,1 11,9 7,1 11,7 14,5 17,1 22,3 Estados Unidos 5,4 6,4 3,8 5,2 5,2 7,0 7,0 Quadro 1. Exportação e mercadorias Independente do motivo, seja para a compra de um prédio no exterior seja para compra e venda de moeda estrangeira, por razões puramente especulativas, o movimento do capital internacional é impulsionado pela busca de lucro. Uma consequência muito importante da globalização é a expansão dos mercados. Nesse caso, os mercados estrangeiros são tão importantes quanto os domésticos. As empresas norte-americanas enfrentam uma concorrência muito acirrada com outros países, a exemplo do aço, dos automóveis e dos eletrônicos. Uma fonte de competição está em países com salários mais baixos. Alguns desses países que estão em desenvolvimento tornaram-se exportadores cada vez mais bem-sucedidos de bens de tecnologia, como o Brasil, com artigos de aço, e a Índia, com softwares. Em setores que não existe necessidade de tecnologia de alto nível, descobriu- -se que os países com mais baixos salários poderiam competir com as empresas norte-americanas com base nos preços. Como exemplo, temos o aumento da exportação de têxteis e vestuários da Ásia e calçados da América do Sul. As corporações norte-americanas muito se beneficiam com a imensa mão de obra barata e eficiente dos países em desenvolvimento, com investimentos no exterior ou subcontratação de empresas estrangeiras, exportação de baixo custo e qualidade razoavelmente alta. Segundo Heilbroner e Milberg (2008), trabalhadores que perdem o emprego para a concorrência internacional tendem a conseguir vagas de trabalho com salários menores, quando e se encontram trabalho. Com a terceirização atin- gindo o setor de serviços, como call centers, desenvolvimento de softwares e diagnósticos por raio X, testemunhamos sua influência sobre trabalhadores com todos os níveis de capacitação e não apenas sobre aqueles menos capaci- tados, que acabam perdendo o emprego para colegas que são pagos de forma miserável nos países em desenvolvimento. A perspectiva da escola globalista norte-americana sustenta a teoria de total internacionalização do capital, libertando-se definitivamente das amarras Globalização e distribuição industrial4 dos Estados, tendo um único regulador possível do sistema internacional, que é o mercado. Isso quer dizer que as relações econômicas teriam ligação discreta com a sua base territorial, não se apoiando na existência do Estado. As reações dos governos nacionais às pressões da globalização variam bastante. Há políticas que encorajam a globalização por meio da liberação comercial e de investimentos e desregulamentação dos mercados financeiros. Alguns países adotaram a estratégia de reduzir encargos da legislação e dos impostos para corporações multinacionais. A localização industrial e sua relação com diferentes setores da economia De acordo com Alves e Antunes (2019), para determinadas indústrias, a pro- ximidade em relação às matérias-primas é fator fundamental para o sucesso do empreendimento. Em atividades que envolvem a mineração e a siderurgia, por exemplo, não é recomendável que a fábrica se instale muito distante das fontes de matérias-primas. Nesse caso, os custos de transporte seriam muito elevados, tornando a atividade inviável. Já para outras atividades, a proximidade da fábrica com relação aos seus consumidores pode ser mais importante do que a das fontes que serão utilizadas. O desafio é encontrar uma localização mais adequada, que leva, muitas vezes, as fábricas ou empresas a buscarem fatores de localidade desejados, além de locais que ofereçam benefícios mais adequados ou vantagens econômicas ao empreendimento. Estes são os fatores clássicos de localização, segundo Alves e Antunes (2019): capital; energia; mão de obra; matérias-primas; mercado consumidor; rede de transportes e de comunicação. O arranjo ideal entre os interesses do capital e as competências e recursos existentes nos lugares é o que possibilita o aparecimento do acoplamento estratégico, uma união harmônica e ideal envolvendo empresas e territórios. A energia também é muito importante na escolha da localização da in- dústria. No início da Revolução Industrial, o carvão era uma das principais 5Globalização e distribuição industrial fontes de energia não renovável, altamente poluente. Já no Brasil, a matriz energética é principalmente fundamentada em hidrelétricas. Veja na Figura 2 a Hidrelétrica Itaipu Binacional, em Foz do Iguaçu, no Paraná. Figura 2. Hidrelétrica Itaipu Binacional. Igualmente importante, a mão de obra não significa apenas números de indivíduos trabalhando ou disponíveis em determinada região, pois para de- terminadas atividades são necessárias competências e habilidades específicas. Para inúmeras empresas, esse é um dos fatores de localização que exercem maior influência na tomada de decisões para a escolha de uma localidade. Um fator que já teve mais importância na economia mundial é a matéria- -prima. Contudo, atualmente, com as inovações nos setores de transportes e de comunicações, sua importância ficou parcialmente minimizada. Os setores de transporte exercem, sobretudo, atividades relacionadas aos commodities agrícolas, incluindo minerais, matéria-prima influente na força de atração para instalação da indústria. O mercado consumidor é o fator que normalmente está associado à de- manda dos indivíduos em determinado lugar. Muitas vezes, a população de determinado local representa a demanda por determinados produtos. Assim, muitas indústrias se instalam onde existe um mercado consumidor para seus produtos. No entanto, dependendo do tipo de produto, a fabricação acontece em um lugar, e a aquisição pelo consumidor, em outro. Globalização e distribuição industrial6 Antes da Revolução Industrial, as redes de transporte e de comunicação já tinham grande significância na localização e realização das atividades eco- nômicas. Entretanto, como estamos em uma realidade de globalização, esses fatores tomaram proporções ainda maiores. Atualmente, a rapidez com que percorremos grandes distâncias depende da possibilidade de desenvolvimento de redes sofisticadas e eficientes nos setores de transportes e de comunicações. Para tanto, a rede de transportes deve ser criada, ampliada e mantida, como os modais rodoviários, aeroviários, ferroviários e hidroviários. Abordagens mais contemporâneas ressaltam a importância de outros fatores envolvidos na dinâmica de localização das atividades econômicas e, em parti- cular, da atividade industrial. Estão entre esses fatores ditos contemporâneos, segundo Alves e Antunes (2019): tecnologias avançadas nos setores de transporte e de comunicação; energias limpas; incentivos fiscais governamentais; cultura empreendedora do lugar; economias de aglomeração; presença de distritos industriais; instituições de ensino e pesquisa, tais como universidades, centros de formação de profissional e técnica, institutos de ciência e tecnologia. Os fatores que influenciam a localização das atividades industriais podem diversificar bastante, dependendo do tipo de indústria e dos empresários deste empreendimento. Ainda assim, a indústria não se vincula apenas à atividade manufatureira, mas também a contextos espaciais, temporais, socioeconômicos e tecnológicos. Relações e fluxos comerciais na economia global Grande parte do comércio mundial é intrarregional, embora isso signifi que que estas tendências sejam dominantes em todas as situações. A Figura3 mapeia a rede de comércio mundial de mercadorias, apresentando não apenas uma parte da complexidade dos fl uxos comerciais, mas também a grande tendência dos países de comercializarem o máximo com seus vizinhos. 7Globalização e distribuição industrial Figura 3. Rede de comércio mundial. Fonte: Dicken (2010, p. 82). Para Dicken (2010), as características a seguir devem ser consideradas. A Europa Ocidental é a região comercial mais importante do mundo. Contudo, dois terços desse comércio são intrarregionais, ou seja, entre os próprios países da Europa Ocidental. Aproximadamente 10% das suas exportações são direcionadas para a América do Norte, e em torno de 7% para a Ásia, incluindo o Japão. A Ásia é a segunda região comercial mais relevante, com um terço de seu comércio realizado internamente. Pouco mais de um quinto do comércio externo vai para a América do Norte, e outros 17% para a Europa Ocidental. Além disso, 47% do comércio do Japão acontece dentro da região. 54% do comércio da Austrália e da Nova Zelândia ocorre na região também. A América do Norte realiza aproximadamente 40% de seu comércio internamente, com um aumento expressivo do comércio envolvendo o México. As exportações estadunidenses para o México aumentaram cerca de 134% entre os anos de 1993 e 2003, enquanto as importações do México para os Estados Unidos cresceram aproximadamente 243%. Globalização e distribuição industrial8 O comércio externo da América do Norte é distribuído de modo re- lativamente uniforme entre a Ásia (20%), Europa Ocidental (18%) e América Latina (15%). Quando estabelecidas redes de comércio internacional, normalmente elas são relativamente estáveis. Entretanto, de tempos em tempos acontecem algu- mas mudanças importantes. Podemos citar como exemplo a mudança ocorrida nas décadas de 1960 e 1970, quando o Japão reconstruiu rapidamente sua economia devastada pela guerra, sendo baseada na exportação sustentada e agressiva. Esse fato deflagrou fluxos de comércio entre o Japão e os outros países do globo, com destaque para os Estados Unidos e o continente europeu, tornando-se marcante no mapa da economia global. Outro destaque para a mais recente mudança importante na rede de comércio internacional engloba a China, com o comércio para a própria Ásia, Estados Unidos e Europa, conforme o Quadro 2. Fonte: Adaptado de Dicken (2010). Região/país Exportações Importações América do Norte 22,4 9,3 Estados Unidos 22,1 8,2 América Latina 2,7 3,6 Europa Ocidental 17,5 13,9 União Europeia 15 16,5 12,8 Europa Central e Oriental, Estados Bálticos, CEI 3,6 3,6 África 2,3 2,0 Oriente Médio 3,0 3,5 Ásia 48,4 58,0 Japão 13,6 18,0 Hong Kong 17,4 2,7 Coreia 4,6 40,5 Taiwan 2,1 12,1 Quadro 2. Rede de comércio da China (% do total da China) 9Globalização e distribuição industrial Existe uma medida que é utilizada para indicar o alcance da integração de um país na economia global, que é a porcentagem negociada do PIB de seus produtos. De acordo com Dicken (2010), quanto mais alta for essa porcentagem, maior será a dependência em relação ao comércio externo. Existe uma grande variação entre os países nessa integração comercial. No entanto, os motivos não são simples, até porque, sendo as outras condições iguais, o comércio internacional deverá ser mais importante para os países geograficamente pequenos do que para os grandes. Mais importante é o fato de que o nível total da integração na economia global, por meio do comércio, aumentou muito entre os anos 1990 e 2003. Outra medida da integração global é a importância relativa de entrada e saída de investimento direto estrangeiro para a economia de um país, que é avaliada pelo seu PIB. Mais uma vez pode-se esperar determinada correlação com o tamanho do país, apesar de outros fatores terem grandes significados, incluindo as políticas nacionais adotadas, no caso de entrada do IDE. Investimento direto estrangeiro (IDE) é reconhecido na consolidação de uma política para a atração de investimentos e, em particular, pelo Estado, como um dos principais pilares do desenvolvimento econômico. Em relação ao comércio, a importância relativa do IDE para as economias nacionais cresceu em quase todos os níveis, sendo clara a indicação de aumento da interligação dentro da economia global. A esfera real do desenvolvimento do IDE oscila bastante, como mostra o Quadro 3, que traz uma mostra de países. Globalização e distribuição industrial10 País 1990 2004 Irlanda 88,9 126,3 Holanda 23,3 74,2 Bélgica – 73,5 Hungria 1,7 60,7 República Tcheca 3,9 52,7 Suíça 15,0 50,6 Suécia 5,3 47,0 Austrália 23,7 41,1 Dinamarca 6,9 40,5 Reino Unido 20,6 36,3 Espanha 12,8 34,9 França 7,1 26,5 Canadá 19,6 30,5 Polônia 0,2 25,4 Itália 5,4 13,1 Alemanha 6,6 12,9 Estados Unidos 6,9 12,6 Japão 0,3 2,1 Cingapura 83,1 150,2 Vietnã 25,5 66,3 Chile 33,2 58,2 Malásia 23,4 39,3 Argentina 6,2 35,3 Tailândia 9,7 29,7 México 8,5 27,0 Quadro 3. Entrada de investimentos diretos externos como fatia do PIB (% do PIB) (Continua) 11Globalização e distribuição industrial Neste momento, o foco está relacionado à importância relativa de entrada de IDE como uma porcentagem do PIB nacional. De acordo com Dicken (2010), as variações entre os países são surpreendentes, já que em alguns casos, como Irlanda ou Cingapura, existe uma imensa dependência em relação à entrada de IDE. Já em outros, notavelmente Japão, Índia, Indo- nésia e Coreia, a entrada de IDE representa uma porção minúscula do PIB. Apenas sete países do Leste Asiático (Hong Kong, China, Cingapura, Coreia, Tailândia, Malásia e Taiwan) contêm quase 50% de todo IDE alocado em países em desenvolvimento. De forma geral o crescimento econômico mundial se tornou cada vez mais volátil, ocorrendo pequenos acontecimentos de crescimento econômico, interrompidos por períodos de desaceleração ou até mesmo recessão. Apesar disso, acontece uma reconfiguração relevante no mapa da economia global. Mesmo com o domínio do comércio internacional e dos fluxos de investimentos de algumas antigas economias centrais, as taxas de crescimento recentes de algumas regiões foram alcançadas, como as do Leste Asiático. Em uma economia global interligada, evidentemente acontecem reper- cussões que atingem outros países. Por isso, a Organização Mundial do Co- mércio (OMC) fiscaliza e regulamenta o comércio, assim como gerencia o crescimento e o desenvolvimento do mercado de exportações. Para Dicken (2010, apud ROCHA et al., 2012, p. 12), a economia global talvez possa ser descrita como “[…] um mosaico de desigualdades em um estado contínuo de Fonte: Adaptado de Dicken (2010). País 1990 2004 Brasil 8,0 25,2 China 5,8 14,9 Filipinas 7,4 14,9 Taiwan 6,1 12,8 Coreia 2,1 8,1 Índia 0,5 5,9 Indonésia 7,7 4,4 Quadro 3. Entrada de investimentos diretos externos como fatia do PIB (% do PIB) (Continuação) Globalização e distribuição industrial12 fluxo”, porém esse mosaico é formado por processos que operam em escalas espaciais diferentes, mas inter-relacionadas. ALVES, A. R.; ANTUNES, E. M. Geografia industrial. Curitiba: InterSaberes, 2019. DICKEN, P. Mudança global: mapeando as novas fronteiras da economia mundial. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2010. HEILBRONER, R. L.; MILBERG, W. A construção da sociedade econômica. 12. ed. Porto Alegre: Bookman, 2008. ROCHA, A. C. et al. Globalização e a reconstrução de um novo cenário mundial. In: CONGRESSO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIAS SOCIAL APLICADAS, 1., 2012, Francisco Beltrão. Anais [...]. Francisco Beltrão, PR: CONAPE, 2012. Disponível em: http:// cac-php.unioeste.br/eventos/conape/anais/i_conape/Arquivos/adm/23.pdf. Acesso em: 02 dez. 2019. Os links para sites da Web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo.Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. 13Globalização e distribuição industrial Dica do professor A formação de blocos econômicos normalmente acontece para estabelecer uma relação econômica e comercial visando vantagens, como isenção de impostos e redução de taxas comerciais. Esses acordos acontecem com o intuito de reduzir barreiras, fomentando as atividades comerciais entre os países participantes dos blocos econômicos. O Mercosul é um bloco econômico que tem como participantes alguns países da América do Sul. Entre seus objetivos está o desenvolvimento econômico e comercial de seus participantes. Além desse propósito, existem outros que impactam nos direitos e nos benefícios dos cidadãos desse bloco. Nesta Dica do Professor, você vai ver como é a formação do Mercosul, seus participantes, suas características e os principais direitos e benefícios dos seus cidadãos, pois o Mercosul está diretamente relacionado a benefícios econômicos e sociais que impactam, também, nos cidadãos brasileiros. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/5f00ed45140694b4f530204091c9bd7b Exercícios 1) A globalização é um fenômeno presente em aspectos tanto econômicos quanto sociais. Uma consequência muito importante da globalização é a expansão dos mercados, pois: A) os mercados estrangeiros são tão importantes quanto os domésticos. B) os mercados internos e domésticos são prioridade. C) não existe diferença entre mercado interno e doméstico. D) a prioridade está em mercados externos. E) não existe a preocupação em exportação. 2) Um fato que ocorre em diversas empresas no mundo é que, em setores nos quais não existe necessidade de tecnologia e alto nível, foi descoberto que os países com mais baixos salários poderiam competir com empresas norte-americanas com base: A) na produção. B) nos preços. C) nos investimentos. D) na modernização. E) nas novas tecnologias. A localização industrial é um fator muito importante para a implementação e o desenvolvimento de uma indústria. A seguir, observe as afirmativas referentes à localização industrial: I - O arranjo ideal entre os interesses do capital e as competências e os recursos existentes nos lugares não está relacionado à possibilidade e ao aparecimento do acoplamento estratégico, uma união harmônica e ideal envolvendo empresas e territórios. II - A mão de obra não significa apenas números de indivíduos trabalhando ou disponíveis em determinada região, pois para determinadas atividades são necessárias competências e habilidades específicas. 3) III - O mercado consumidor é o fator que, normalmente, está associado à demanda dos indivíduos em determinado lugar. Por muitas vezes, a população de determinado local é considerada um elemento representante da demanda por determinados produtos. É correto o que foi apresentado em: A) I e II, somente. B) I e III, somente. C) II e III, somente. D) I, II e III. E) III, somente. 4) A rede de comércio mundial de mercadorias apresenta não apenas uma parte da complexidade dos fluxos comerciais, como a grande tendência dos países de comercializarem o máximo com seus vizinhos. Para Dicken (2010), várias características devem ser consideradas. Em cada característica a seguir, assinale V (verdadeiro) ou F (falso). ( ) A Europa Ocidental é a região comercial mais importante do mundo. Contudo, dois terços desse comércio é intrarregional, ou seja, entre os próprios países da Europa Ocidental. ( ) A Ásia é a segunda região comercial mais relevante, com um terço de seu comércio realizado internamente. ( ) A América do Norte realiza aproximadamente 80% de seu comércio internamente, com um aumento expressivo do comércio envolvendo o México. A) F - F - F. B) F - V - F. C) V - F - V. D) V - V - V. E) V - V - F. 5) Há diferentes níveis de integração dos países com a economia globalizada. Para mensurar esse nível, existe uma medida que indica o alcance da integração de um país na economia global. Trata-se da: A) porcentagem de importação que realiza. B) porcentagem de exportação que efetua. C) porcentagem de dficit orçamentário. D) porcentagem de empréstimos ao FMI. E) porcentagem que é negociada dos produtos do PIB. Na prática Muitas vezes, as pessoas não percebem a presença da globalização econômica envolvida em suas ações e vivências diárias, como na utilização de aparelhos eletrônicos em geral, vestimentas e acessórios oriundos de diferentes localidades do mundo. É importante que esses processos sejam de conhecimento de todos, pois são inerentes ao processo de globalização econômica, que aproximam cada vez mais os países de diferentes partes do mundo. A seguir, você vai conhecer como uma professora de Geografia desenvolveu um projeto com o objetivo de mostrar aos seus alunos a presença da globalização econômica no cotidiano. Confira, Na Prática. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Globalização, meio inovador e sistemas territoriais de produção Neste artigo, você confere como a globalização colocou em evidência a importância dos territórios, mostrando a existência de vários tipos de sistemas territoriais de produção e que suas capacidades de adaptação não são idênticas. Boa leitura. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. A volatilidade cambial e seus efeitos sobre os fluxos comerciais: evidências do comportamento setorial utilizando dados mensais do comércio entre Brasil e União Europeia O Mercosul é uma aliança comercial regional com objetivo de dinamização das economias dos países signatários, a partir da derrubada de barreiras comerciais tarifárias e não tarifárias. Uma das regras de funcionamento estabelecidas foi a que os acordos de livre comércio com países ou blocos terceiros teriam de ser negociados em bloco. No artigo a seguir, você encontra um estudo que analisa o comércio Brasil-União Europeia no que diz respeito ao impacto da volatilidade da taxa de câmbio real bilateral sobre os fluxos de comércio em nível setorial. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Desenvolvimento do Mercosul: uma avaliação dos fluxos de comércio Este artigo analisa os efeitos da constituição do Mercosul nos fluxos de comércio dos países- membros no período de 1994 a 2009, utilizando um modelo gravitacional estendido, que inclui http://www.interacoes.ucdb.br/article/view/572/610 https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/49480/R%20-%20T%20-%20BERNARDO%20PICCOLI%20MEDEIROS%20BRAGA.pdf?sequence=1&isAllowed=y variáveis dummy para o Mercosul, para a União Europeia e para o North American Free Trade Agreement - NAFTA (por serem blocos econômicos importantes), para os setores da economia e para cada país-membro. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://online.unisc.br/seer/index.php/redes/article/view/3952/pdf
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